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  • Tempo seco pode piorar as alergias? Saiba o que fazer para se proteger

    Tempo seco pode piorar as alergias? Saiba o que fazer para se proteger

    Em determinadas épocas do ano, o tempo seco e a baixa umidade do ar podem ser um grande problema para a saúde respiratória — ainda mais para pessoas com quadros de alergia, asma ou rinite.

    Isso acontece porque o ar seco resseca as vias respiratórias, reduz a produção de muco e facilita a entrada de vírus, bactérias e partículas de poeira. Como consequência, aumenta o risco de crises alérgicas, tosses persistentes e infecções respiratórias.

    Para diminuir os efeitos do clima seco, existem algumas recomendações que podem contribuir no dia a dia, desde medidas de limpeza até hábitos simples de autocuidado que ajudam a manter o corpo hidratado e as vias respiratórias protegidas. Confira!

    Afinal, por que o tempo seco costuma piorar as alergias?

    O ar seco reduz a umidade das mucosas nasais, oculares e orais, comprometendo a barreira natural de proteção do organismo. Quando as mucosas ficam ressecadas, perdem parte da capacidade de filtrar partículas, vírus e bactérias presentes no ambiente.

    Como consequência, ocorre irritação local, coceira, sensação de ardor e aumento dos espirros. A mucosa nasal inflamada tende a inchar, dificultando a passagem do ar e provocando congestão. Nos olhos, o ressecamento pode causar vermelhidão, sensação de areia e lacrimejamento excessivo; já na boca, favorece o mau hálito e o desconforto ao engolir.

    Na pele, a alergologista Brianna Nicoletti explica que o ressecamento quebra a barreira lipídica, favorecendo a penetração de alérgenos e o surgimento de dermatite. “Essa combinação torna o organismo mais suscetível a crises de rinite, asma e dermatite atópica”, complementa.

    Quais as alergias mais afetadas pelo tempo seco?

    As alergias mais afetadas pelo tempo seco são aquelas que atingem as vias respiratórias e as mucosas, pois dependem de umidade adequada para manter a defesa natural do organismo. Entre as principais, é possível destacar:

    • Rinite alérgica: o ressecamento das mucosas facilita a entrada de poeira, ácaros e poluentes, provocando espirros, coceira e congestão nasal;
    • Asma: o ar seco irrita os brônquios e pode desencadear crises, especialmente quando há exposição a poeira e poluição;
    • Sinusite alérgica: a falta de umidade dificulta a drenagem do muco, levando ao acúmulo de secreção e inflamação nos seios da face;
    • Conjuntivite alérgica: o ressecamento ocular aumenta a sensibilidade a poeira, fumaça e poluentes, causando vermelhidão, coceira e lacrimejamento nos olhos.

    Segundo Brianna, o ar seco tem relação especialmente com a poeira e a poluição acumulada em casa, pois durante períodos de baixa umidade, a poluição atmosférica se concentra e as partículas permanecem suspensas por mais tempo.

    “Em ambientes internos, o acúmulo de poeira doméstica e resíduos de ácaros e fungos aumenta a exposição a alérgenos, agravando sintomas respiratórios. Por isso, é essencial manter janelas abertas, realizar limpeza úmida e evitar o uso de espanadores”, explica a alergologista.

    Como evitar alergias em tempo seco?

    Algumas mudanças de hábito ajudam a proteger as vias respiratórias e manter a pele saudável, como:

    Uso correto de umidificadores de ar

    Os umidificadores de ar podem ajudar quando a umidade relativa do ar está abaixo de 40%, de acordo com Brianna. No entanto, o uso inadequado pode causar efeitos contrários. “O aparelho deve ser higienizado diariamente, utilizando água filtrada e evitando o funcionamento contínuo por muitas horas”, complementa.

    O excesso de umidade favorece o crescimento de fungos e ácaros, que agravam as alergias. A faixa ideal para o conforto respiratório e da pele situa-se entre 45% e 60% de umidade.

    Hidratação adequada

    A ingestão adequada de água contribui para manter a viscosidade das secreções respiratórias, facilitando a eliminação de impurezas e protegendo as mucosas.

    Na pele, a hidratação deve ser feita logo após o banho, enquanto ela ainda estiver levemente úmida, com cremes e loções que ajudam a restaurar a barreira lipídica, reduzindo a coceira e o ressecamento.

    Pessoas com dermatite devem priorizar produtos hipoalergênicos e com ativos como ceramidas, glicerina e ureia em baixa concentração, que promovem hidratação profunda sem irritar a pele.

    Cuidados com o ambiente doméstico

    O ambiente de casa tem um papel importante na prevenção de alergias em períodos de clima seco. Quando o ar está com pouca umidade, a poeira, os ácaros e os poluentes se acumulam com mais facilidade, piorando sintomas respiratórios e irritações na pele.

    • Permitir circulação de ar: ajuda a reduzir acúmulo de poeira e poluentes. Mantenha janelas abertas sempre que possível;
    • Trocar roupas de cama semanalmente: lave com água quente e seque bem;
    • Evitar cortinas e tapetes: prefira superfícies fáceis de limpar;
    • Usar aspirador com filtro HEPA: reduz partículas finas no ambiente;
    • Trocar vassouras por panos úmidos: evita dispersão de poeira;
    • Evitar fragrâncias e fumaça: prefira produtos neutros e mantenha ventilação adequada;
    • Fazer lavagem nasal: duas vezes ao dia para manter as mucosas hidratadas.

    Quando procurar atendimento médico?

    Alguns sinais indicam que a alergia requer avaliação médica, como:

    • Falta de ar ou dificuldade para respirar;
    • Chiado no peito;
    • Tosse persistente;
    • Febre inexplicada;
    • Sangramento nasal;
    • Lesões de pele com secreção;
    • Vermelhidão intensa ou coceira persistente.

    Se um ou mais desses sintomas estiverem presentes, é importante procurar atendimento médico. O profissional poderá ajustar o tratamento e indicar o uso de medicamentos específicos.

    Leia também: Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

    Perguntas frequentes

    Qual é o índice ideal de umidade do ar para a saúde?

    A faixa ideal fica entre 40% e 60%. Abaixo de 40%, o ar é considerado seco.

    Quais são as alergias mais afetadas pelo tempo seco?

    Rinite, asma, sinusite alérgica e conjuntivite alérgica.

    Qual é o tempo ideal de uso do umidificador de ar?

    De 2 a 3 horas seguidas, apenas nos períodos mais secos do dia.

    Como o ar-condicionado afeta as alergias?

    Ele reduz ainda mais a umidade e pode acumular fungos nos filtros.

    O tempo seco pode causar dor de cabeça?

    Sim, pela desidratação e irritação das vias respiratórias.

    Como o tempo seco afeta pessoas com doenças cardíacas ou crônicas?

    A desidratação pode alterar pressão arterial e sobrecarregar o coração.

    O que fazer em dias de alerta de baixa umidade do ar?

    Evitar exercícios intensos ao ar livre, hidratar-se bem e manter o ambiente ventilado.

    Confira: Asma alérgica: o que é, sintomas, tratamentos e remédios

  • Úlcera no estômago: quando é grave e como é tratada 

    Úlcera no estômago: quando é grave e como é tratada 

    As úlceras pépticas (no estômago ou no duodeno) são mais comuns do que muita gente imagina e, apesar de parecerem algo distante do dia a dia, podem surgir silenciosamente e só dar sinais quando já estão causando desconforto.

    A úlcera péptica ocorre quando o ácido do estômago agride a parede interna do órgão ou do duodeno, formando pequenas feridas que nem sempre doem, e é justamente isso que torna importante entender como elas acontecem e quais sinais devem chamar atenção.

    Com o avanço dos estudos sobre a bactéria Helicobacter pylori e o impacto dos anti-inflamatórios no sistema digestivo, ficou mais fácil identificar as causas das úlceras e tratá-las de forma eficaz.

    Hoje, a maior parte dos casos tem bom prognóstico quando o tratamento é iniciado rapidamente, mas reconhecer sintomas, fatores de risco e possíveis complicações ainda é essencial para evitar problemas mais sérios.

    O que são úlceras pépticas?

    As úlceras pépticas são feridas que se formam na parede do estômago ou do duodeno devido à ação do ácido gástrico sobre uma mucosa fragilizada. Elas podem cicatrizar sozinhas, mas quando não tratadas, aumentam o risco de complicações como sangramentos e perfuração intestinal.

    Principais sintomas

    Cerca de 70% dos casos não apresentam sintomas. Quando os sintomas surgem, o mais comum é a dor abdominal na região do epigástrio (boca do estômago).

    O padrão da dor ajuda a diferenciar os tipos de úlcera:

    • Úlcera gástrica: piora com a alimentação e melhora em jejum.
    • Úlcera duodenal: dor costuma surgir 2 a 5 horas após comer.

    Outros sintomas são:

    • Inchaço abdominal
    • Empachamento
    • Enjoos
    • Sensação de saciedade precoce

    Complicações possíveis

    Sangramento (mais comum)

    Pode aparecer como:

    • Enjoo
    • Vômito com sangue (hematêmese)
    • Fezes escuras com odor forte (melena)

    Obstrução da saída gástrica

    Úlceras próximas ao piloro podem bloquear a passagem dos alimentos. Os sintomas são saciedade precoce, náuseas, vômitos, dor após comer e perda de peso.

    Penetração ou fistulização

    A úlcera pode atingir outros órgãos, formando fístulas ou abscessos. O sinal mais marcante é mudança brusca no padrão de sintomas.

    Perfuração

    Complicação grave marcada por:

    • Dor abdominal súbita e intensa
    • Aumento da frequência cardíaca
    • Abdome rígido (“abdome em tábua”)

    Requer atendimento emergencial.

    Causas

    As principais causas são:

    Infecção por H. pylori

    A bactéria Helicobacter pylori altera a produção de ácido e diminui a defesa natural da mucosa, favorecendo o aparecimento da úlcera.

    Uso de anti-inflamatórios (AINEs)

    Medicamentos como aspirina e ibuprofeno aumentam em até quatro vezes o risco de úlceras e complicações.

    Outros fatores de risco

    • Tabagismo
    • Consumo de álcool
    • Estresse crônico
    • Dieta inadequada
    • Fatores genéticos
    • Apneia do sono

    Diagnóstico

    O diagnóstico é suspeitado em pacientes com indigestão e dor abdominal superior, especialmente quando há histórico de:

    • H. pylori
    • Uso de AINEs

    Endoscopia digestiva alta

    É o exame mais eficaz, pois permite:

    • Visualizar a úlcera
    • Realizar biópsia

    O diagnóstico também pode ser confirmado quando os sintomas desaparecem após tratamento empírico (início do tratamento sem endoscopia prévia).

    Tratamento

    O tratamento depende da causa e da gravidade.

    Mudanças de hábitos

    • Parar de fumar
    • Reduzir ou evitar álcool
    • Ajustar dieta

    Tratamento para H. pylori

    Quando a infecção é confirmada, utiliza-se combinação de antibióticos, geralmente:

    • Amoxicilina
    • Claritromicina

    A erradicação cura mais de 90% das úlceras relacionadas à bactéria.

    Suspensão de AINEs

    Se possível, o paciente deve interromper o uso desses medicamentos.

    Redução da acidez

    Todos os pacientes precisam de terapia com inibidores da bomba de prótons (IBP), como omeprazol. A duração varia conforme a causa e a presença de complicações.

    Antiácidos

    Podem aliviar sintomas, mas não tratam a úlcera.

    Tratamento cirúrgico

    Reservado para complicações graves, como perfuração e obstrução.

    Prevenção

    Para prevenir úlceras pépticas:

    • Evite uso abusivo de anti-inflamatórios
    • Trate H. pylori quando detectado
    • Siga corretamente o uso de medicamentos inibidores da bomba de prótons (como omeprazol) quando indicados pelo médico
    • Mantenha hábitos saudáveis de alimentação e rotina

    O que esperar

    O prognóstico é geralmente positivo:

    • Cerca de 60% das úlceras cicatrizam espontaneamente
    • Com tratamento para H. pylori, a taxa de cura ultrapassa 90%

    Entre 5% e 10% das úlceras não respondem ao tratamento, geralmente associadas a:

    • Uso contínuo de anti-inflamatórios
    • Falha no tratamento para H. pylori
    • Outras causas mais raras

    Confira: Azia constante: o que pode ser e como melhorar

    Perguntas frequentes sobre úlcera péptica

    1. Úlcera e gastrite são a mesma coisa?

    Não. Gastrite é inflamação da mucosa; úlcera é uma ferida mais profunda.

    2. Estresse causa úlcera?

    O estresse crônico pode contribuir, mas geralmente há outros fatores associados, como H. pylori ou uso de AINEs.

    3. Posso continuar tomando anti-inflamatório se tiver úlcera?

    Não é recomendado. Eles aumentam o risco de sangramento e piora da lesão.

    4. H. pylori sempre causa úlcera?

    Não. Muitas pessoas têm a bactéria sem desenvolver lesões.

    5. Alimentação influencia nas úlceras?

    Sim. Dietas irritativas e consumo excessivo de álcool podem agravar os sintomas.

    6. Antiácidos resolvem a úlcera?

    Não. Eles aliviam desconforto, mas não tratam a causa.

    7. Preciso de cirurgia se tiver úlcera?

    Raramente. A cirurgia é indicada apenas para complicações graves.

    Leia também: Endoscopia: como é o exame que vê o estômago por dentro

  • Vomitou sangue? Pode ser hemorragia digestiva alta 

    Vomitou sangue? Pode ser hemorragia digestiva alta 

    A hemorragia digestiva alta é uma das principais emergências gastrointestinais e pode se manifestar de maneiras muito diferentes, desde um sangramento discreto até quadros mais intensos, que exigem atendimento médico imediato. Ela acontece quando há sangramento na parte superior do sistema digestivo, região que inclui o esôfago, o estômago e o duodeno.

    Embora assuste, especialmente quando o sangue aparece no vômito ou nas fezes, a hemorragia digestiva alta tem causas bem estabelecidas e formas eficazes de diagnóstico e tratamento. Reconhecer os sintomas e procurar ajuda rápida é essencial para evitar complicações.

    O que é hemorragia digestiva alta?

    A hemorragia digestiva alta é qualquer sangramento que ocorre acima do ângulo de Treitz, que abrange:

    • Esôfago
    • Estômago
    • Primeira parte do intestino delgado (duodeno)

    É considerada uma condição potencialmente grave, pois pode evoluir rapidamente dependendo da causa e da intensidade do sangramento, e exige avaliação médica imediata.

    Principais sintomas

    Hematêmese

    Vômito com sangue, que pode ser vermelho vivo ou ter aparência de borra de café. O sangue irrita o estômago, provocando náuseas e vômitos.

    Melena

    Fezes escuras, quase pretas e com odor mais forte, resultado da digestão do sangue ao longo do trato gastrointestinal.

    Hematoquezia

    Saída de sangue vermelho vivo nas fezes. Embora mais comum em sangramentos do intestino grosso, pode ocorrer na hemorragia digestiva alta quando o sangramento é muito intenso e rápido.

    Sinais de anemia

    • Fraqueza
    • Tonturas
    • Palidez
    • Cansaço extremo

    Em sangramentos pequenos, porém contínuos, a anemia se instala de forma lenta e silenciosa.

    Principais causas

    Úlcera péptica

    Lesão no estômago ou duodeno, geralmente associada ao H. pylori ou ao uso de anti-inflamatórios. Quando atinge vasos mais profundos, pode causar sangramento.

    Esofagite

    Inflamação do esôfago, que deixa a mucosa mais frágil e suscetível a sangramentos. É uma das causas mais comuns de hematêmese.

    Gastrite e duodenite

    Inflamações do estômago e do duodeno. Costumam causar sangramento discreto, mas podem ser graves em pessoas com distúrbios de coagulação ou uso de anticoagulantes.

    Varizes esofágicas ou gástricas

    Dilatações dos vasos do esôfago ou estômago, geralmente associadas à cirrose. Têm alto risco de ruptura e sangramento volumoso.

    Tumores

    Lesões benignas ou malignas podem causar sangramentos pequenos e repetitivos.

    Como é feito o diagnóstico

    A avaliação inicial inclui:

    • Histórico de sintomas
    • Características do sangramento
    • Uso de medicamentos
    • Presença de doenças associadas

    Exames laboratoriais

    Geralmente mostram anemia e alterações compatíveis com inflamação ou perda sanguínea.

    Endoscopia digestiva alta

    É o exame mais importante. Permite:

    • Identificar a fonte do sangramento
    • Classificar a gravidade
    • Realizar tratamento durante o mesmo procedimento

    A endoscopia costuma ser feita nas primeiras 24 horas, após estabilização clínica.

    Colonoscopia

    Indicada quando a endoscopia não encontra a origem do sangramento.

    Tratamento

    Inibidores de bomba de prótons (IBPs)

    Como omeprazol, utilizados em doses altas para reduzir a acidez e proteger áreas com sangramento.

    Estabilização hemodinâmica

    Em casos de pressão baixa ou alta frequência cardíaca, é necessária hidratação intravenosa.

    Transfusão de sangue

    Indicada quando há anemia severa ou queda importante da hemoglobina.

    Tratamento endoscópico

    Realizado durante a endoscopia, com técnicas que podem:

    • Coagular o vaso sangrante
    • Aplicar medicamentos locais
    • Colocar dispositivos para controle do sangramento

    Colonoscopia

    Usada quando a endoscopia não identifica a causa.

    Confira: Pedra nos rins: descubra como é feito o tratamento

    Perguntas frequentes sobre hemorragia digestiva alta

    1. Vomitar sangue significa sempre hemorragia digestiva alta?

    Não sempre, mas é um dos sinais mais típicos e requer avaliação imediata.

    2. Fezes escuras sempre indicam sangramento?

    Nem sempre. Alguns alimentos e remédios escurecem as fezes, mas a melena deve ser investigada.

    3. Hemorragia digestiva alta pode ser fatal?

    Sim, especialmente quando há sangramento volumoso ou quando o tratamento é tardio.

    4. Anti-inflamatórios aumentam o risco?

    Sim. Eles podem causar gastrite, úlceras e sangramentos.

    5. A endoscopia dói?

    Não. O exame é feito com sedação.

    6. O sangramento pode voltar?

    Pode, especialmente se a causa não for tratada adequadamente.

    7. Hematoquezia sempre indica sangramento do intestino grosso?

    Não. Sangramentos muito intensos no trato superior também podem se manifestar assim.

    Veja mais: Dor abdominal: quais podem ser as causas desse sintoma tão frequente?

  • Alergia ocupacional tem cura? Conheça os sintomas e quando procurar um médico

    Alergia ocupacional tem cura? Conheça os sintomas e quando procurar um médico

    Você já ouviu falar em alergia ocupacional? Representando cerca de 15% das condições desencadeadas pelo trabalho, ela surge quando o organismo reage de forma exagerada a partículas, substâncias ou agentes presentes no ambiente profissional, provocando sintomas respiratórios, na pele ou oculares que podem comprometer o bem-estar e a qualidade de vida.

    Os sintomas podem surgir de forma imediata ou tardia, dependendo da intensidade da exposição, da sensibilidade de cada pessoa e do tipo de agente envolvido — o que pode dificultar o reconhecimento do quadro no início.

    Pensando nisso, conversamos com uma especialista e apontamos, a seguir, as principais profissões de risco e quando você deve procurar um médico. Confira!

    Quais trabalhos mais associados a alergia ocupacional?

    A relação entre o ambiente profissional e alergias é bastante comum porque vários setores expõem trabalhadores a substâncias que irritam pele, olhos e vias respiratórias. De acordo com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti, a divisão dos agentes considera duas categorias:

    • Alto peso molecular, formada por proteínas como alérgenos de animais, farinha, látex e enzimas;
    • Baixo peso molecular, formada por produtos químicos como isocianatos, anidridos ácidos, persulfatos, acrilatos e resinas epóxi.

    Entre os principais ramos ocupacionais com maior risco e tipos de alergias envolvidos, a alergista destaca:

    • Área da saúde costuma apresentar rinite e asma relacionadas ao látex natural, dermatite de contato por luvas e irritação causada por desinfetantes, principalmente compostos quaternários de amônio. A odontologia também apresenta casos de sensibilização a acrilatos;
    • Manipulação de animais de laboratório, em biotérios e clínicas veterinárias, pode causar rinite e asma por alérgenos de roedores, gatos e outros animais, principalmente substâncias presentes em urina, saliva e caspa;
    • Panificação e indústrias de alimentos apresentam rinite e asma causadas por farinhas, enzimas como alfa-amilase e ácaros de armazenamento, além de urticária de contato durante o manuseio de frutos do mar;
    • Atividade de cabeleireiros envolve risco de asma e rinite provocadas por persulfatos presentes em descolorantes, fragrâncias e outros produtos, além de dermatite de contato por tinturas contendo parafenilenodiamina;
    • Pintura automotiva e industrial, assim como a aplicação de espumas, costuma desencadear asma por isocianatos como MDI e TDI;
    • Marcenaria e a construção civil podem causar rinite, asma e rinossinusite devido a poeiras de madeira como cedro vermelho, resinas epóxi e formaldeído;
    • Soldagem e a eletrônica expõem trabalhadores a fumaça metálica e vapores irritantes, além de partículas de colofônia usadas em fluxos de solda, capazes de provocar sensibilização respiratória;
    • Agricultura e o trabalho em silos estão associados a poeiras orgânicas de grãos, fungos e endotoxinas, que levam a rinite, asma e pneumonite por hipersensibilidade, também chamada de alveolite alérgica extrínseca.

    Quais os sintomas da alergia ocupacional?

    Os sintomas da alergia ocupacional variam conforme a exposição e podem atingir nariz, olhos, pele e pulmões. Os mais comuns incluem:

    • Congestão nasal, espirros e coriza;
    • Coceira nos olhos, vermelhidão e lacrimejamento;
    • Tosse persistente, sensação de aperto no peito e dificuldade para respirar;
    • Chiado no peito, típico de asma ocupacional;
    • Irritação na pele, com vermelhidão, coceira ou descamação;
    • Urticária de contato após tocar na substância que provoca a reação;
    • Piora dos sintomas durante o expediente, com melhora parcial nos dias de descanso.

    Quanto os sintomas surgem?

    Os sintomas podem surgir logo depois da exposição ao alérgeno, mas Brianna explica que, na maioria dos casos, existe um intervalo de semanas a anos até que o organismo fique sensibilizado e comece a demonstrar sinais claros da alergia.

    • Alergia mediada por IgE, ligada a proteínas de alto peso molecular, costuma aparecer depois de um período longo de exposição, que pode durar meses ou anos. Os sintomas mais comuns incluem rinite, coceira nos olhos, urticária de contato e asma, normalmente piorando nos dias de trabalho e melhorando quando o trabalhador se afasta do ambiente;
    • Sensibilização por produtos de baixo peso molecular, como isocianatos, também costuma surgir após um período de latência. A manifestação mais frequente é uma asma de início lento, marcada por irritação constante das vias aéreas e dificuldade respiratória que persiste mesmo fora do trabalho;
    • Asma induzida por irritantes (RADS) aparece de forma súbita, sem período de latência, após um único episódio de exposição intensa a uma substância irritante. Depois da crise inicial, alguns sintomas podem permanecer por muito tempo.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da alergia ocupacional é feito a partir das informações clínicas, detalhes do ambiente de trabalho e exames que ajudam a mostrar se os sintomas realmente estão ligados à rotina profissional.

    O especialista precisa entender sobre as tarefas diárias, substâncias usadas no dia a dia, tempo de exposição, uso de proteção individual e comparação entre sintomas nos dias de expediente e nos períodos de folga. Além disso, ele avalia condições pré-existentes, como rinite, dermatite ou refluxo, porque elas podem interferir no quadro.

    De acordo com Brianna, podem ser feitos os seguintes exames:

    • Exame físico e testes de função respiratória, como espirometria com broncodilatador. Quando o resultado é normal, podem ser feitos testes de hiper-responsividade, como metacolina ou manitol;
    • Monitorização do pico de fluxo expiratório (PEF) por duas a três semanas, registrando valores em dias de trabalho e em dias de descanso. Esse método é considerado o melhor exame de triagem para suspeita de asma ocupacional no dia a dia;
    • Avaliação de inflamação respiratória com medidas como FeNO (óxido nítrico exalado) e indução de escarro, quando disponível;
    • Testes alérgicos, incluindo testes cutâneos ou IgE específica para alérgenos do ambiente profissional, como farinha, látex, enzimas ou epitélios de animais;
    • Avaliação de rinite ocupacional com rinoscopia e, quando necessário, citologia nasal ou prova de provocação nasal específica em centros especializados;
    • Prova de inalação específica, considerada o padrão ouro em centros de referência, indicada quando a suspeita de asma ocupacional permanece mesmo após outros testes.

    “O afastamento temporário do agente suspeito (dias a poucas semanas) pode auxiliar no diagnóstico: melhora dos sintomas e da função respiratória fora do ambiente de trabalho é um forte indício de relação causal”, explica a alergista.

    Tratamento de alergia ocupacional

    Depois de identificar o que está causando a alergia, algumas medidas podem ser adotadas para controlar os sintomas do dia a dia. Em casos de rinite, podem ser usados corticoides nasais e anti-histamínicos para aliviar nariz entupido, coceira e espirros, sempre com orientação médica.

    A situação muda um pouco quando há asma, porque o tratamento costuma incluir corticoide inalatório para manter o pulmão controlado e evitar crises durante o expediente. A avaliação para imunoterapia pode ser considerada em alguns casos, principalmente quando é claro o alérgeno responsável pelo quadro.

    Também podem ser feitas adaptações no local de trabalho para diminuir as crises alérgicas, como aponta Brianna:

    Eliminação ou substituição do agente

    • Retirar o agente que causa alergia sempre que possível, é a principal medida de tratamento e prevenção de crises;
    • Substituir luvas de látex com pó por modelos sem pó e com baixo teor de proteínas;
    • Trocar substâncias sensibilizantes, como isocianatos e persulfatos, por alternativas menos irritantes.

    Controles de engenharia no ambiente de trabalho

    • Usar processos fechados ou com barreiras físicas;
    • Instalar exaustores no ponto onde a substância é liberada (exaustão local);
    • Garantir ventilação adequada;
    • Reduzir a formação de aerossóis;
    • Evitar picos de exposição;
    • Realizar limpeza úmida ou com filtro HEPA para diminuir partículas no ar.

    Controles administrativos e organização das atividades

    • Treinar equipes sobre riscos e prevenção;
    • Utilizar sinalização clara em áreas de risco;
    • Revezar tarefas para diminuir tempo direto de exposição;
    • Limitar permanência em áreas de maior risco;
    • Criar protocolos de emergência;
    • Incentivar a notificação rápida de sintomas pelos trabalhadores.

    Equipamentos de proteção individual (EPI)

    • Usar respiradores adequados, como PFF2/N95 ou modelos superiores;
    • Utilizar luvas apropriadas, avental e barreiras de proteção;
    • Proteger os olhos quando houver risco de respingos ou partículas;
    • Lembrar que o EPI é complementar e não substitui melhorias no ambiente de trabalho.

    Quando ir ao médico?

    A busca por atendimento médico deve acontecer quando surgem sinais de alerta que indicam que o problema respiratório pode estar relacionado ao ambiente de trabalho, como:

    • Os sintomas de rinite ou asma pioram durante o expediente ou melhoram nos fins de semana e férias;
    • Há falta de ar, chiado no peito, tosse persistente ou sensação de aperto no tórax;
    • O uso de broncodilatador de alívio se torna frequente;
    • Quando acorda de noite por dificuldade respiratória;
    • Queda na função pulmonar, medida por exames como espirometria ou PEF seriado;
    • O quadro não melhora mesmo após evitar gatilhos conhecidos e seguir o tratamento indicado;
    • Quando há suspeita de exposição a substâncias como farinha, látex, pelos de animais, poeiras químicas, isocianatos ou produtos de limpeza.

    A avaliação precoce com alergologista ou pneumologista do trabalho diminui o risco de que o quadro se agrave, ajudando a melhorar a qualidade de vida do trabalhador.

    Afinal, quando devo considerar mudar de profissão?

    Mudar a profissão ou função pode ser uma decisão difícil de considerar, já que envolve a rotina, estabilidade e anos de dedicação a uma área específica. Ainda assim, existem momentos em que o corpo sinaliza que o ambiente de trabalho realmente deixou de ser seguro, como:

    • Confirmação de asma causada por um sensibilizante específico, como farinha, látex, isocianatos, pelos de animais ou produtos químicos, mesmo após tentativas de reduzir ou evitar a exposição;
    • Impossibilidade de controle adequado do ambiente, seja por falhas de ventilação, falta de barreiras físicas, ausência de exaustão ou inviabilidade de realocação para outra função menos arriscada;
    • Permanência de sintomas intensos, apesar do tratamento correto e da redução de contatos, mostrando que o organismo continua reagindo ao ambiente;
    • Afastamentos frequentes e o impacto na capacidade funcional, deixando claro que trabalhar naquele local já está prejudicando a saúde de forma repetida;
    • Presença de RADS (síndrome de disfunção reativa das vias aéreas) com tosse, chiado e falta de ar persistentes mesmo após diminuição da exposição.

    Em situações como essas, conversar com um pneumologista ou alergologista do trabalho ajuda a avaliar os riscos e a planejar uma mudança que preserve a saúde no longo prazo.

    Confira: Alergia a níquel de bijuterias: por que acontece, como tratar e se tem cura

    Perguntas frequentes

    O que diferencia a rinite ocupacional de rinite alérgica comum?

    A rinite ocupacional surge quando o gatilho alérgico está presente no ambiente de trabalho, enquanto a rinite alérgica comum costuma ser provocada por fatores domésticos, sazonais ou ambientais gerais. A principal diferença está no padrão temporal: a pessoa melhora nos fins de semana e piora durante o expediente.

    O diagnóstico é feito por meio da análise da rotina, testes alérgicos e, muitas vezes, pela comparação direta entre dias de trabalho e períodos de folga. A persistência da exposição aos alérgenos pode intensificar crises e aumentar o risco de progressão para bronquite ou asma.

    Como a asma ocupacional se desenvolve?

    A asma ocupacional se instala depois de repetidas exposições a substâncias inaladas no local de trabalho, que ativam o sistema imunológico e provocam inflamação dos brônquios. A pessoa pode não ter histórico respiratório prévio e, mesmo assim, desenvolver chiado, tosse e falta de ar ao longo de meses ou anos de contato profissional.

    A evolução costuma ocorrer em duas etapas: primeiro vem a fase de sensibilização, quando quase não há sintomas; depois surge a fase de desencadeamento, quando o organismo começa a reagir até a pequenas quantidades do agente. Quanto mais tempo a exposição continua, mais grave e difícil de controlar o quadro se torna.

    O que é RADS e como se diferencia da asma ocupacional comum?

    A síndrome de disfunção reativa das vias aéreas (RADS) surge após uma única exposição intensa a irritantes, como fumaça química, vapores tóxicos ou derramamentos acidentais. A pessoa desenvolve sintomas imediatos e persistentes, mesmo sem histórico alérgico prévio.

    A asma ocupacional comum, por outro lado, ocorre após meses ou anos de exposição repetida. Casos de RADS costumam causar sintomas intensos e precisam de acompanhamento rigoroso.

    Tenho alergia ocupacional, preciso me afastar do trabalho?

    A alergia ocupacional não exige afastamento imediato em todos os casos. A maioria das situações melhora com ajustes ambientais, uso correto de EPIs, trocas de produtos, ventilação adequada e reorganização de tarefas.

    A decisão de afastar depende da gravidade dos sintomas, da identificação do agente e da capacidade da empresa em reduzir a exposição. Uma avaliação médica orienta quando o afastamento é necessário, especialmente em situações de asma causada por sensibilizantes potentes ou quando não existem alternativas seguras de realocação.

    Como aliviar a congestão nasal causada pela alergia ocupacional?

    A congestão nasal pode ser aliviada com lavagem nasal diária usando solução salina, porque a limpeza remove partículas irritantes que ficam presas na mucosa após a exposição ao ambiente de trabalho. A prática reduz a inflamação, melhora a passagem de ar e diminui a necessidade de medicamentos.

    Em alguns casos, o médico pode prescrever o uso de um corticoide nasal para ajudar a controlar o inchaço interno da mucosa.

    Para acelerar a recuperação, a ventilação adequada nos ambientes, aliada ao afastamento temporário do gatilho, também ajuda e aumenta o conforto ao longo do dia.

    Veja mais: Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

  • Quem tem mais chance de desenvolver varizes? Descubra 

    Quem tem mais chance de desenvolver varizes? Descubra 

    As varizes fazem parte do dia a dia de milhões de pessoas e, embora sejam comuns, ainda geram muitas dúvidas, especialmente sobre por que aparecem e quando realmente precisam de tratamento. Em geral, surgem como veias dilatadas e tortuosas, visíveis sob a pele das pernas, e podem causar desde desconforto leve até alterações importantes na circulação.

    Com o tempo, a ciência avançou na compreensão do que provoca as varizes: uma combinação de fatores genéticos, hábitos de vida e alterações no funcionamento das veias. Hoje, sabe-se que elas são uma manifestação de insuficiência venosa crônica, uma condição em que o sangue tem dificuldade de retornar ao coração. Identificar os sintomas e buscar avaliação especializada faz toda a diferença para aliviar incômodos e evitar complicações.

    O que são varizes e por que aparecem

    As varizes são veias dilatadas, tortuosas e mais visíveis, geralmente de coloração azulada ou arroxeada. Elas aparecem principalmente nas pernas e pés, regiões em que o sangue precisa vencer a gravidade para retornar ao coração.

    As veias varicosas fazem parte do quadro de insuficiência venosa crônica. Normalmente, o sangue circula em um único sentido graças às válvulas dentro das veias. Quando essas válvulas enfraquecem ou são danificadas, ocorre refluxo e acúmulo de sangue. Isso faz com que as veias fiquem maiores e aparentes — o que conhecemos como varizes.

    Quem tem mais chance de desenvolver varizes

    As varizes são mais frequentes em pessoas que apresentam:

    • Histórico familiar de varizes
    • Mulheres, devido a fatores hormonais
    • Longos períodos em pé ou sentado
    • Excesso de peso
    • Tabagismo
    • Idade avançada, pois as veias perdem elasticidade com o tempo

    Sintomas mais comuns

    Nem todas as varizes causam dor, mas podem gerar:

    • Sensação de peso, dor ou cansaço nas pernas
    • Inchaço nos tornozelos
    • Coceira ou queimação
    • Manchas escuras na pele
    • Feridas (úlceras venosas) em casos avançados

    Os sintomas tendem a piorar ao final do dia ou após longos períodos em pé.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por um cirurgião vascular após avaliação clínica das pernas e pés, principalmente com o paciente em pé.

    O médico pode utilizar:

    • Venoscópio, aparelho com luz que facilita visualizar as veias
    • Ultrassom Doppler, exame que complementa o diagnóstico e ajuda a definir o tratamento

    Tratamentos disponíveis

    O tratamento varia conforme o grau das varizes e os sintomas. As opções incluem:

    Medidas conservadoras

    • Mudanças de hábitos
    • Meias elásticas para melhorar o retorno venoso

    Medicamentos

    Fármacos que ajudam a reduzir sintomas e melhorar a circulação.

    Procedimentos

    • Escleroterapia ou aplicação de espuma, que fecha as veias afetadas
    • Cirurgias ou laser, indicados para varizes maiores ou mais profundas

    A avaliação por um angiologista ou cirurgião vascular é essencial para definir a melhor abordagem.

    Quando procurar ajuda médica

    É importante buscar atendimento quando:

    • As varizes estiverem doloridas ou inchadas
    • Houver mudança na cor da pele
    • Forem notadas feridas nas pernas
    • Houver sinais de trombose (dor súbita, vermelhidão e endurecimento da veia)

    Como prevenir e aliviar os sintomas

    Embora não seja possível evitar completamente as varizes, alguns hábitos ajudam a reduzir o risco:

    • Evitar ficar muito tempo em pé ou sentado
    • Alternar movimentos ao longo do dia
    • Elevar as pernas sempre que possível
    • Praticar atividades físicas
    • Manter o peso adequado
    • Não fumar
    • Usar meias de compressão, quando indicado por um profissional

    Veja também: Qual a relação entre varizes e dor nas pernas?

    Perguntas frequentes sobre varizes

    1. Varizes sempre precisam de tratamento?

    Não. Casos leves podem ser controlados com hábitos saudáveis e meias de compressão.

    2. Varizes podem desaparecer sozinhas?

    Não. Sem tratamento, elas tendem a se manter ou piorar ao longo do tempo.

    3. Homens também têm varizes?

    Sim, embora sejam mais comuns em mulheres.

    4. Varizes indicam problemas graves no coração?

    Não. Elas são um problema circulatório local das veias das pernas, não do coração.

    5. Usar salto alto causa varizes?

    Não diretamente, mas pode dificultar o retorno venoso e piorar sintomas.

    6. É possível prevenir completamente?

    Não totalmente, mas medidas de estilo de vida reduzem bastante o risco.

    7. A cirurgia elimina as varizes para sempre?

    Ela remove aquelas veias específicas, mas não impede que novas varizes apareçam em pessoas predispostas.

    Veja mais: Trombose Venosa Profunda (TVP): entenda mais sobre a condição

  • Cortisol: o que é, como diminuir e sinais de que está alto

    Cortisol: o que é, como diminuir e sinais de que está alto

    Presente na maioria dos processos fisiológicos do corpo humano, o cortisol funciona como um dos principais hormônios de adaptação do organismo, porque ajuda o corpo a reagir a estímulos externos, equilibrar a produção de energia ao longo do dia e modular a forma como cada pessoa responde a situações de estresse físico ou emocional.

    Mas você sabe por que ele é conhecido como hormônio do estresse? Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender o impacto do cortisol alto na saúde, como identificar alterações nos níveis do hormônio e medidas que podem ajudar a diminuir seus efeitos.

    Afinal, o que é cortisol?

    O cortisol é um hormônio da classe dos glicocorticóides, produzido pelas glândulas adrenais (ou suprarrenais), que ficam localizadas acima dos rins. Ele participa de vários processos do organismo, contribuindo para regular a produção de energia, controlar a resposta inflamatória, manter a pressão arterial estável e ajustar a forma como o corpo reage a situações de alerta.

    De acordo com Juliana, ele é chamado de hormônio do estresse porque sua liberação aumenta principalmente diante de situações de estresse físico ou emocional. Ele ajuda o corpo a produzir mais energia, estimulando o fígado a liberar glicose e ajustando a pressão arterial para que a pessoa consiga enfrentar momentos de tensão com mais preparo.

    A cardiologista também explica que o cortisol favorece a vasoconstrição das artérias, ajudando a manter a pressão arterial — além de seguir um ritmo natural conhecido como ciclo circadiano: níveis mais altos pela manhã para estimular o despertar e níveis mais baixos à noite para facilitar o descanso.

    Cortisol alto faz mal?

    Apesar do efeito rápido do cortisol ser adequado ao organismo, ele pode trazer problemas para a saúde quando se mantém alto de forma crônica e prolongada, segundo Juliana.

    A produção aumentada mantém o corpo em estado constante de alerta, algo que deveria acontecer apenas em situações pontuais, e não diariamente.

    Entre os efeitos no coração e no sistema cardiovascular, a especialista destaca:

    • Aumento da pressão arterial, por causa da constrição dos vasos sanguíneos;
    • Maior retenção de sódio e água, o que contribui para elevar ainda mais a pressão;
    • Desequilíbrio no perfil de colesterol, com aumento do colesterol ruim e dos triglicerídeos;
    • Elevação da glicose no sangue, já que o fígado libera mais açúcar, favorecendo a resistência à insulina;
    • Maior risco de diabetes, devido ao excesso prolongado de glicose circulante;
    • Acúmulo de gordura abdominal (obesidade central), associado a maior risco cardiovascular;
    • Aumento do risco de infarto e AVC, pela soma de alterações na pressão, glicemia e colesterol;
    • Perda de massa muscular, causada pelo aumento do catabolismo e maior quebra de proteínas.

    O que pode causar o cortisol alto?

    O cortisol alto pode surgir quando o organismo permanece em estado de alerta por mais tempo do que deveria, devido a fatores do dia a dia que mantêm a liberação acelerada e desregulam o equilíbrio natural. Alguns dos principais fatores incluem:

    • Estresse crônico, ligado ao acúmulo de responsabilidades, pressão no trabalho, conflitos emocionais ou rotina sem pausas;
    • Privação de sono, já que noites curtas ou mal dormidas desorganizam o ciclo circadiano, que controla a liberação do hormônio;
    • Ansiedade persistente, que mantém o sistema nervoso em alerta e estimula a produção contínua de cortisol;
    • Treinos físicos muito intensos sem descanso adequado, que funcionam como estresse para o organismo;
    • Alimentação desregulada, com excesso de açúcar, cafeína e ultraprocessados, que favorecem maior liberação do hormônio;
    • Doenças como depressão, síndrome de Cushing ou resistência à insulina, que podem alterar o funcionamento das glândulas adrenais;
    • Uso prolongado de corticoides, já que medicamentos dessa classe interferem diretamente no eixo que regula o cortisol.

    Quais os sintomas do cortisol alto?

    A identificação dos sintomas de cortisol alto pode ser difícil no começo, porque muitos sinais aparecem de forma discreta e se confundem com cansaço comum. Entre os mais frequentes, é possível destacar:

    • Ganho de peso, especialmente na região abdominal e no rosto, conhecido como “face de lua cheia”;
    • Aumento da pressão arterial, causado pela constrição dos vasos sanguíneos;
    • Elevação da glicose no sangue (hiperglicemia), devido ao estímulo constante do fígado para liberar mais açúcar;
    • Perda de massa muscular, mesmo com aumento de peso, por causa da maior quebra de proteínas;
    • Alterações emocionais, como ansiedade, irritabilidade e dificuldade de concentração;
    • Mudanças no humor, com maior risco de depressão;
    • Distúrbios de sono, incluindo insônia e noites de sono de má qualidade.

    Ter cortisol baixo também pode ser um problema?

    Quando a produção do cortisol diminui além do esperado, o corpo perde a capacidade de responder bem ao estresse e de manter o equilíbrio de energia ao longo do dia.

    Segundo Juliana, isso pode estar relacionado a uma condição conhecida como insuficiência adrenal (ou doença de Addison), na qual as glândulas suprarrenais não conseguem produzir cortisol em quantidade suficiente.

    Os principais sinais de cortisol baixo incluem:

    • Cansaço extremo que não melhora com descanso;
    • Fraqueza muscular;
    • Perda de peso sem explicação;
    • Tontura e queda de pressão;
    • Episódios de hipoglicemia;
    • Náuseas e mal-estar;
    • Irritabilidade e dificuldade de manter o foco.

    A condição exige avaliação médica, porque o organismo depende do cortisol para manter a pressão arterial, regular a glicose e responder a situações de estresse.

    Como é feita a avaliação dos níveis de cortisol?

    A avaliação dos níveis de cortisol é feita por meio de exames que medem a quantidade do hormônio no organismo ao longo do dia, já que a produção varia naturalmente entre manhã e noite. Juliana aponta os principais exames:

    • Cortisol sérico (sangue): coletado normalmente pela manhã, quando o hormônio está no pico natural. Ele ajuda a identificar aumentos ou quedas importantes na produção;
    • Cortisol urinário de 24 horas: a urina é coletada durante um dia inteiro para medir a quantidade total de cortisol livre produzida no período. É útil para investigar aumento persistente do hormônio;
    • Cortisol salivar noturno: avalia a concentração do hormônio à noite, horário em que o nível deveria estar baixo. Valores elevados ajudam no diagnóstico de produção excessiva de cortisol.

    Vale destacar que o resultado sempre deve ser interpretado junto com a avaliação do ritmo diário do hormônio, do histórico da pessoa e de outros exames complementares.

    Como diminuir o cortisol alto e mantê-lo em equilíbrio?

    Como o cortisol é o hormônio do estresse, a melhor maneira de diminuir os níveis é ajustar hábitos diários para ajudar o organismo a sair do estado constante de alerta. Algumas mudanças na rotina já fazem diferença, como:

    • Prática regular de atividade física, que ajuda no metabolismo e na regulação hormonal;
    • Alimentação balanceada, evitando estimulantes em excesso, como cafeína e açúcar;
    • Higiene do sono, mantendo sono adequado e regular, evitando telas à noite e buscando um ambiente escuro e confortável;
    • Técnicas de relaxamento, como respiração profunda;
    • Manter vida social e momentos de lazer, que reduzem o estresse e ajudam a equilibrar os níveis de cortisol.

    Se mesmo com ajustes na rotina, técnicas de relaxamento, alimentação equilibrada e melhora do sono, os sintomas de desequilíbrio persistirem, é fundamental procurar ajuda de um médico.

    A longo prazo, o cortisol alto pode favorecer o ganho de peso, prejudicar o metabolismo, aumentar o risco cardiovascular e alterar o funcionamento de vários sistemas do organismo.

    Leia também: Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa

    Perguntas frequentes

    Dormir mal aumenta o cortisol?

    O ato de dormir pouco ou dormir com interrupções altera o ciclo circadiano, que controla a liberação natural do hormônio. O corpo interpreta a privação de sono como um estressor e mantém a liberação alta mesmo quando deveria reduzir.

    Além disso, uma noite mal dormida faz o organismo despertar cansado, menos focado e ainda mais vulnerável ao estresse do dia seguinte, criando um ciclo prejudicial. Com o tempo, o padrão interfere no humor, na memória, na regulação da glicose e na disposição física.

    O uso de café e energéticos aumenta o cortisol?

    O consumo frequente de cafeína estimula o sistema nervoso central e aumenta a liberação do hormônio, especialmente quando ingerido em grande quantidade ou próximo da hora de dormir.

    A substância prolonga o estado de alerta e prejudica o descanso, favorecendo um padrão de liberação irregular do hormônio. O uso de energéticos também interfere no ritmo natural do organismo, aumentando a sensação de tensão e contribuindo para noites mal dormidas.

    Qual vitamina regula o cortisol?

    A vitamina mais associada ao controle natural do cortisol é a vitamina C, que atua diretamente no funcionamento das glândulas adrenais, responsáveis pela produção do hormônio.

    Quando o organismo enfrenta períodos longos de estresse, a demanda por vitamina C aumenta, e o corpo passa a utilizá-la mais rapidamente. Por isso, o consumo regular de alimentos ricos no nutriente ajuda a evitar uma liberação exagerada de cortisol e favorece uma recuperação mais rápida após momentos de tensão.

    Algumas boas fontes de vitamina C incluem laranja, kiwi, acerola, morango, pimentão e brócolis são boas fontes. Além da vitamina C, a vitamina D e algumas vitaminas do complexo B também contribuem para o equilíbrio emocional e para o bom funcionamento do sistema nervoso.

    Qual o melhor remédio para baixar o cortisol?

    A escolha do remédio para baixar o cortisol depende totalmente da causa do desequilíbrio, então existe um medicamento único indicado para todas as pessoas.

    O tratamento pode incluir reposição hormonal, ajuste de doses de corticoides já usados ou medicamentos específicos para condições como síndrome de Cushing.

    Quando o aumento está relacionado ao estresse, ansiedade ou depressão, o médico pode recomendar outras abordagens, como terapia, mudanças de estilo de vida ou, em alguns casos, medicamentos para estabilizar o humor e diminuir a resposta ao estresse. É fundamental não se automedicar!

    O cortisol alto afeta a imunidade?

    Quando o hormônio fica elevado por muito tempo, a resposta imunológica fica prejudicada, fazendo com que o organismo tenha mais dificuldade para combater vírus e bactérias. Como consequência, infecções simples podem surgir com mais frequência e em intervalos menores.

    A inflamação também aumenta, deixando o corpo em constante desgaste. A pessoa começa a sentir mais cansaço, demora mais para se recuperar de doenças e nota maior sensibilidade a alergias e irritações na pele.

    O cortisol muda ao longo do ciclo menstrual?

    O hormônio pode sofrer alterações durante o ciclo menstrual, especialmente em períodos de maior sensibilidade emocional ou dor. A fase pré-menstrual costuma deixar o organismo mais reativo, o que facilita o aumento temporário da resposta ao estresse.

    No entanto, quando a oscilação se torna intensa e interfere na rotina, vale conversar com um ginecologista para investigar possíveis desequilíbrios hormonais associados.

    Veja mais: Colesterol HDL: o que é, valores e como aumentar

  • Bateu a cabeça? Veja 7 sinais de alerta e quando ir ao médico

    Bateu a cabeça? Veja 7 sinais de alerta e quando ir ao médico

    Mesmo em situações simples do cotidiano, qualquer pessoa está sujeita a sofrer acidentes que provocam batidas na cabeça — seja no banheiro, em um tropeço no degrau ou em uma pancada involuntária durante uma atividade física.

    O momento pode causar um susto, especialmente quando surge a dor imediata, tontura ou um breve período de desorientação, sendo importante observar sinais de alerta que indiquem a possibilidade de um quadro mais grave. O cérebro é uma estrutura sensível, e qualquer mudança após o impacto requer atenção cuidadosa. Vamos entender melhor, a seguir.

    Bati a cabeça, o que fazer?

    De acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, a primeira atitude depois de alguém bater a cabeça é avaliar o nível de consciência, conversando para verificar se ela está acordada, orientada e respondendo de maneira adequada.

    Uma dica é fazer perguntas simples, como nome completo e a data, que ajudam a confirmar se o cérebro está funcionando como esperado depois do impacto.

    Mas, se a pessoa desmaiar após a batida, a primeira medida deve ser colocá-la de lado, na posição lateral de segurança, para evitar que ela engasgue com saliva ou vômito. Você também deve observar se o peito se movimenta, se o ar sai pelo nariz ou pela boca e se o ritmo da respiração está regular.

    A recomendação é não sacudir a pessoa, não tentar levantá-la e não oferecer água ou alimentos, pois isso pode piorar o quadro ou causar engasgos. A ajuda médica deve ser chamada imediatamente, já que o desmaio após um trauma indica maior risco de sangramento interno ou lesão mais profunda.

    Quando procurar um médico depois de bater a cabeça?

    Primeiro, é importante observar por cerca de 15 a 20 minutos, e buscar atendimento médico se a pessoa não melhorar e/ou apresentar os seguintes sinais de alerta:

    • Sonolência fora do habitual, que surge de forma inesperada logo após o impacto;
    • Fala enrolada ou confusa, mostrando dificuldade para organizar palavras;
    • Dificuldade para manter os olhos abertos, indicando possível alteração neurológica;
    • Confusão mental, percebida quando a pessoa não entende perguntas simples ou responde de forma incoerente;
    • Vômitos repetidos, que podem surgir minutos após a batida;
    • Dor de cabeça que piora com o passar do tempo;
    • Sangramento pelo nariz ou pelo ouvido, que pode indicar lesão mais profunda.

    Quais sinais indicam perigo após bater a cabeça?

    A perda de consciência, mesmo que por alguns minutos, é um dos principais sinais de que a pancada pode ser grave, pois indica que o impacto afetou o funcionamento do cérebro.

    Outros sintomas também devem servir de alerta, como confusão após o trauma, com fala enrolada ou dificuldade para entender perguntas, sonolência extrema e sangramento no local da pancada, pelo nariz ou pelo ouvido.

    De acordo com Ana, um sangramento dentro do crânio pode demorar algumas horas para causar sintomas importantes, mas normalmente os sinais de alerta citados indicam maior chance de sangramento intracraniano.

    Cuidados com crianças e idosos

    A atenção com crianças e idosos deve ser redobrada após uma batida na cabeça, porque ambos podem apresentar sintomas que evoluem de maneira diferente.

    Os idosos têm tendência maior de ficar confusos após um trauma, mesmo quando o impacto não foi tão forte, e por isso precisam de observação por algumas semanas. A possibilidade de sangramento tardio existe, já que pequenas lesões internas podem não aparecer no exame de imagem feito na hora e só provocar sinais três ou quatro semanas depois.

    Se, após alguns dias ou semanas, o idoso apresentar perda de força, confusão ou alteração de fala, é fundamental informar ao médico que houve um trauma prévio.

    No caso das crianças, o quadro pode piorar mais rápido, pois elas nem sempre conseguem descrever os sintomas. A observação dos sinais neurológicos deve ser rigorosa, sobretudo quando há sonolência incomum, vômitos repetidos, irritabilidade intensa ou dificuldade para manter a atenção.

    Como a batida é avaliada no pronto-socorro?

    Quando uma pessoa é levada ao pronto-socorro depois de bater a cabeça, são avaliados o nível de consciência, a força muscular, a sensibilidade e a história do trauma, para entender a intensidade do impacto e verificar se houve perda de consciência.

    Além do exame neurológico e da avaliação das pupilas, pode ser indicada uma tomografia de crânio, que ajuda a identificar se existe sangramento interno, fratura ou qualquer alteração que exija intervenção imediata.

    Em crianças, porém, é importante evitar tomografias desnecessárias, porque a radiação é alta e o exame só deve ser feito quando realmente precisa. Mesmo não sendo invasiva, a tomografia não é totalmente livre de riscos quando feita muitas vezes.

    Se a pessoa estiver bem, Ana explica que ainda assim ela pode precisar de observação, dependendo da energia do trauma e dos sintomas iniciais. Se houver confusão, perda de consciência ou escurecimento visual no momento da pancada, a observação por algumas horas é indicada.

    O que você não deve fazer depois de bater a cabeça

    A orientação após uma batida na cabeça envolve cuidados simples que ajudam a evitar riscos nas horas seguintes ao trauma.

    • Não dirigir, mesmo que o sintoma tenha sido leve;
    • Não operar máquinas, pois qualquer alteração neurológica pode piorar;
    • Evitar o uso de bebidas alcoólicas, já que o álcool pode esconder sinais importantes de piora;
    • Evitar drogas ilícitas, que podem alterar a percepção dos sintomas e dificultar a avaliação.

    A ideia é reduzir estímulos, evitar riscos e permitir que o cérebro se recupere, já que alterações neurológicas podem surgir de maneira lenta ou discreta.

    Leia também: Esportes de contato: pancadas repetitivas na cabeça fazem mal?

    Perguntas frequentes

    Como agir quando alguém desmaia após uma pancada?

    A pessoa que desmaia após uma pancada deve ser colocada de lado, em posição lateral de segurança, para evitar aspiração de saliva ou vômito. A respiração precisa ser verificada, mantendo atenção ao ritmo e amplitude.

    É indicado chamar o serviço de emergência, já que o desmaio é sinal forte de que o impacto foi significativo. Continue observando até a chegada de ajuda, verificando se a pessoa acorda e se está respondendo adequadamente.

    Sentir tontura depois de bater a cabeça é normal?

    A tontura pode aparecer logo após o trauma porque o corpo tenta se ajustar ao impacto, mas o sintoma não deve durar muito tempo. A tontura que é leve e passa rapidamente costuma indicar apenas desequilíbrio momentâneo, enquanto a tontura persistente, acompanhada de náuseas, dificuldade para andar ou sensação de desorientação levanta suspeita de lesão mais séria e deve ser avaliada por um médico.

    Por que a pessoa deve ser mantida acordada após bater a cabeça?

    A pessoa não precisa ser mantida acordada à força, mas precisa ser despertada de tempos em tempos nas primeiras horas, para confirmar que está consciente e responde normalmente. O sono por si só não é perigoso, mas pode mascarar sinais de alerta nas primeiras horas.

    A dificuldade para acordar, a fala enrolada ou a confusão ao despertar indicam que a evolução não está adequada e que a avaliação médica deve ser feita imediatamente.

    O uso de analgésicos é permitido após o trauma?

    O uso de analgésicos precisa ser orientado por um profissional de saúde, porque alguns medicamentos podem mascarar sintomas importantes.

    O uso de medicamentos que contenham substâncias anticoagulantes deve ser evitado, pois aumentam o risco de sangramento interno. A dor que não melhora com analgésicos simples ou que piora ao longo do dia é sinal de alerta.

    Como evitar a queda de idosos?

    Com o envelhecimento, é comum a perda de equilíbrio, diminuição de força muscular e alterações de visão que aumentam muito o risco de acidentes. Algumas medidas práticas podem reduzir de forma significativa a probabilidade de um trauma na cabeça, como:

    • Manutenção de ambientes bem iluminados, com lâmpadas potentes e pontos de luz acessíveis durante a noite;
    • Retirada de tapetes soltos, objetos espalhados e móveis que dificultam a circulação;
    • Instalação de barras de apoio, principalmente em banheiros, corredores e ao lado da cama;
    • Utilização de calçados fechados e antiderrapantes, garantindo maior estabilidade ao caminhar;
    • Revisão periódica da visão, ajustando óculos e tratando doenças que afetem o campo visual;
    • Prática regular de exercícios supervisionados, com foco em força, equilíbrio e coordenação;
    • Supervisão do uso de medicamentos, porque muitos causam tontura, sonolência ou queda de pressão;
    • Adoção de pisos antiderrapantes, principalmente em áreas molhadas, como cozinha e banheiro;
    • Organização de objetos de uso diário ao alcance das mãos, evitando subir em bancos ou cadeiras.

    O que é concussão?

    A concussão é uma lesão cerebral funcional causada por uma pancada na cabeça ou por um movimento brusco que faz o cérebro balançar dentro do crânio, provocando alterações temporárias no seu funcionamento.

    Ela não depende da força extrema do impacto, e pode acontecer depois de batidas moderadas, principalmente em quedas, esportes e acidentes domésticos.

    Os sintomas podem incluir dor de cabeça, tontura, náuseas, dificuldade de concentração, sensibilidade à luz, irritabilidade e sensação de confusão, surgindo minutos ou horas após o trauma.

    No caso das concussões, não é possível detectar danos cerebrais em exames de diagnóstico por imagem, como tomografia, o que torna importante observar sinais clínicos.

    7. Como tratar uma concussão?

    O tratamento de uma concussão começa com repouso físico e mental, permitindo que o cérebro se recupere. A recomendação é evitar atividades que exigem esforço, como exercícios intensos, leitura prolongada, jogos eletrônicos, telas brilhantes e situações que demandem muita concentração.

    No caso de pessoas que praticam atividades físicas, o retorno deve ser gradual, sempre observando se os sintomas pioram. Se eles forem mais intensos ou persistem por dias, é indicado procurar a avaliação de um neurologista.

    Confira: Capacete para criança: por que ele é importante nos esportes?

  • Dor abdominal do lado esquerdo? Veja se pode ser diverticulite 

    Dor abdominal do lado esquerdo? Veja se pode ser diverticulite 

    A diverticulite aguda é uma condição relativamente comum e que costuma gerar muita preocupação quando aparece. Ela envolve a inflamação de pequenos “sacos” que se formam nas paredes do intestino grosso, os divertículos.

    Embora muitas vezes seja leve, pode se tornar séria quando surgem complicações. Por isso, reconhecer os sintomas e procurar atendimento médico rápido é essencial.

    Nos últimos anos, estudos mostraram que alimentação pobre em fibras, constipação crônica e hábitos de vida pouco saudáveis aumentam o risco da doença. A boa notícia é que muitas dessas causas podem ser prevenidas com mudanças simples no dia a dia, especialmente na dieta e nos hábitos de vida.

    O que é a diverticulite aguda?

    A diverticulite aguda é a inflamação de um ou mais divertículos, estruturas em forma de pequenos sacos que se formam em áreas mais frágeis da parede do intestino grosso.

    É importante diferenciar:

    • Diverticulose: presença dos divertículos, sem inflamação.
    • Diverticulite: quando esses divertículos inflamam.

    Os divertículos surgem principalmente pelo aumento da pressão dentro do intestino, muito associado a dietas pobres em fibras e à constipação crônica.

    Principais sintomas

    • Dor abdominal aguda, mais frequente no lado inferior esquerdo
    • Febre
    • Massa palpável no abdômen, percebida no exame físico
    • Constipação ou diarreia, que podem variar conforme a área inflamada

    Complicações possíveis

    A diverticulite pode evoluir para complicações, principalmente quando não tratada.

    Obstrução intestinal

    Acontece pela inflamação ou compressão causada por um abscesso, dificultando a passagem das fezes. Sintomas: dor intensa, náuseas, vômitos, distensão abdominal e constipação.

    Abscesso

    É uma coleção de pus ao redor do divertículo inflamado. A suspeita aumenta quando não há melhora da dor após 3 dias de antibióticos.

    Perfuração

    Acontece quando o divertículo se rompe, permitindo vazamento de conteúdo intestinal para o abdômen. É uma complicação grave, com risco de morte. Sinais importantes: abdômen rígido, distendido e sem ruídos intestinais.

    Fístula

    Comunicação anormal entre o intestino e outros órgãos — mais comum com a bexiga. Pode causar saída de ar ou fezes pela urina e dor ao urinar.

    Causas e fatores de risco

    A diverticulite não tem uma causa única, mas vários fatores contribuem:

    • Dieta rica em carne vermelha e pobre em fibras
    • Sedentarismo
    • Obesidade
    • Tabagismo
    • Consumo excessivo de álcool
    • Uso de medicamentos como corticoides, anti-inflamatórios e opioides
    • Histórico familiar de diverticulite
    • Doenças associadas, como diabetes e doenças cardiovasculares

    Esses fatores favorecem um ambiente inflamatório crônico e mudanças na microbiota intestinal, que aumentam o risco de inflamação dos divertículos.

    Diagnóstico

    O diagnóstico envolve:

    • Avaliação clínica dos sintomas e exame físico
    • Exames laboratoriais, que podem mostrar infecção ou inflamação
    • Exames de imagem, como ultrassom, tomografia ou ressonância, que confirmam a inflamação e identificam complicações

    Outros exames podem ser realizados para descartar outras causas de dor abdominal.

    Tratamento

    O tratamento depende da gravidade:

    Casos leves

    Podem ser tratados em casa com:

    • Dieta líquida ou pastosa temporariamente
    • Analgésicos
    • Antibióticos (decisão individualizada pelo médico)

    Casos moderados a graves

    Requerem internação com:

    • Antibióticos endovenosos
    • Hidratação venosa
    • Jejum inicial, com retorno gradual da dieta
    • Reavaliação por exames caso não haja melhora após 2 a 3 dias

    Complicações

    Na maioria dos casos complicados, o tratamento cirúrgico é indicado.

    Prevenção

    A prevenção passa principalmente por mudanças no estilo de vida:

    • Dieta rica em fibras (frutas, verduras, legumes, grãos)
    • Beber água regularmente
    • Praticar atividade física
    • Perder peso, se necessário
    • Cessar tabagismo
    • Evitar uso frequente de anti-inflamatórios

    Essas medidas ajudam a reduzir a pressão no intestino e a manter o trânsito intestinal regular.

    Confira: Dor abdominal: quais podem ser as causas desse sintoma tão frequente?

    Perguntas frequentes sobre diverticulite aguda

    1. Diverticulite sempre precisa de antibiótico?

    Não. O uso é individualizado e depende da avaliação médica.

    2. É preciso fazer cirurgia sempre que tenho diverticulite?

    Não. A maioria dos casos melhora com tratamento clínico. A cirurgia é reservada para complicações.

    3. A dor da diverticulite é sempre no lado esquerdo?

    Geralmente sim, mas pode variar conforme a área do intestino afetada.

    4. Quem já teve diverticulite pode ter de novo?

    Sim, especialmente se não fizer mudanças no estilo de vida.

    5. A diverticulose vira diverticulite?

    Pode virar, mas nem sempre. Muitas pessoas têm divertículos sem inflamação ao longo da vida.

    6. Como saber se meu caso é grave?

    Febre alta, dor intensa e piora progressiva são sinais de alerta — procure atendimento imediatamente.

    Veja mais: Apendicite aguda: como reconhecer os sintomas e quando correr para o hospital

  • Alergia a ovo: sintomas, como descobrir e o que não pode comer

    Alergia a ovo: sintomas, como descobrir e o que não pode comer

    Sendo a segunda causa mais comum de alergia alimentar em crianças e bebês, a alergia a ovo costuma surgir ainda nos primeiros anos de vida, quando o sistema imunológico reage de forma exagerada às proteínas presentes na clara ou na gema do alimento.

    Os sintomas podem variar de acordo com o nível de sensibilidade do organismo, o que torna importante a atenção cuidadosa da família e acompanhamento médico regular

    Para te ajudar a entender como a alergia se manifesta, o que o pequeno deve evitar comer e como descobrir o quadro, conversamos com a alergologista e imunologista Brianna Nicoletti. Confira!

    Afinal, por que a alergia a ovo acontece?

    A alergia do ovo ocorre devido a uma reação do sistema imunológico diante das proteínas presentes na clara ou na gema, como ovalbumina e ovomucoide, produzindo uma resposta desproporcional que leva ao surgimento de sintomas gastrointestinais, na pele ou respiratórios.

    De forma geral, o organismo interpreta componentes inofensivos do alimento como ameaças e desencadeia liberação de substâncias inflamatórias, como histamina, provocando reações que podem surgir poucos minutos após o contato com o ovo.

    “Alergia ao ovo é uma das alergias alimentares mais comuns em bebês e crianças pequenas. Isso ocorre porque o sistema imunológico infantil ainda está em maturação”, explica Brianna.

    A introdução alimentar muito tardia, especialmente quando o ovo só é oferecido depois dos 12 meses, aumenta o risco de alergia. Crianças com dermatite atópica grave têm chance ainda maior de desenvolver o problema, porque a pele inflamada facilita o contato do organismo com proteínas do alimento.

    Vale destacar que alergia não é o mesmo que intolerância. Quadros de intolerância não envolvem o sistema imunológico, de acordo com Brianna, e ocorrem devido a dificuldade do organismo que processar algum componente do alimento — o que causa alguns desconfortos digestivos, como gases, dor de barriga ou inchaço.

    Quais os sintomas de alergia a ovo?

    Os sintomas de alergia a ovo podem envolver vários sistemas ao mesmo tempo, e variam de leves a potencialmente graves. Normalmente, eles surgem entre 5 a 30 minutos após o contato com o alimento, de acordo com Brianna. Em casos mais raros, podem aparecer em até duas horas.

    A alergista aponta alguns dos principais sintomas:

    Pele

    • Urticária (placas vermelhas que coçam);
    • Angioedema (inchaço de olhos, lábios, rosto);
    • Dermatite ou piora do eczema.

    Respiratórios

    • Coriza, espirros;
    • Tosse, chiado no peito;
    • Fechamento de glote (sinal de gravidade).

    Gastrointestinais

    • Vômitos imediatos (muito característico de alergia alimentar);
    • Dor abdominal;
    • Diarreia.

    A intensidade varia muito, porque algumas crianças apresentam sintomas leves na pele, enquanto outras podem ter desconfortos no estômago ou sinais respiratórios que precisam de avaliação médica rápida.

    Assim, os pais devem ficar atentos a sintomas de anafilaxia, como queda da pressão, dificuldade para respirar, sonolência excessiva e palidez intensa.

    Como saber se a criança tem alergia a ovo?

    O diagnóstico de alergia a ovo é feito por um alergologista, que avalia a história clínica da criança, observa como e quando os sintomas aparecem e decide quais testes serão necessários para identificar a reação do organismo ao alimento. De acordo com Brianna, os principais testes envolvem:

    • Teste cutâneo (prick test), no qual uma pequena gota contendo proteína do ovo é colocada na pele e levemente pressionada para verificar se ocorre vermelhidão ou inchaço;
    • Exame de sangue para IgE específica, que mede anticorpos que aumentam quando há alergia;
    • Teste de provocação oral, realizado em ambiente controlado, onde pequenas quantidades de ovo são oferecidas para confirmar a sensibilidade com segurança.

    Importante: os testes para confirmar alergia a ovo nunca devem ser feitos em casa, porque a exposição ao alimento pode provocar reações rápidas e intensas na criança.

    Alergia a ovo pode desaparecer sozinha?

    A alergia a ovo pode desaparecer sozinha ao longo da infância, porque o sistema imunológico amadurece e passa a tolerar as proteínas presentes na clara e na gema com mais facilidade. De acordo com estudos, metade das crianças deixam de apresentar sintomas até os 5 anos de idade, enquanto 70 a 80% dos casos se resolvem até a adolescência.

    “O tipo de proteína sensibilizada também importa: a alergia à ovalbumina tende a desaparecer mais cedo. A sensibilização à ovomucoide pode demorar mais, porque é uma proteína mais estável ao calor. A introdução progressiva de ovo assado/cozido, quando liberada pelo alergista, acelera a tolerância”, complementa Brianna.

    Quais alimentos devem ser evitados?

    Além do ovo, existem alguns alimentos, em especial os industrializados, que costumam usar proteínas do alimento como parte da receita, o que exige atenção constante na leitura de rótulos e na escolha das preparações.

    A legislação brasileira obriga que derivados do ovo estejam destacados, mas alguns termos podem confundir. Brianna chama atenção para alguns nomes:

    • Albumina;
    • Lecitina E322 (geralmente derivada de soja, mas pode vir do ovo; é importante confirmar);
    • Globulina;
    • Lisozima (comum em alguns queijos);
    • Emulsificante de origem animal;
    • Clara, gema, ovo desidratado, proteína de ovo.

    Entre alguns dos produtos que frequentemente contêm ovo, estão:

    • Bolos, cookies e massas de padaria;
    • Pães de forma;
    • Massas frescas, como macarrão e nhoque;
    • Empanados prontos;
    • Maionese;
    • Alguns chocolates e sorvetes;
    • Hambúrgueres, almôndegas e embutidos.

    Orientação prática para pais: a leitura do rótulo deve ser cuidadosa e sempre até o final, incluindo a linha “ALÉRGICOS: CONTÉM OVO”.

    Quem tem alergia a ovo pode tomar vacina?

    A maior parte das pessoas com alergia ao ovo pode tomar todas as vacinas, de acordo com Brianna.

    A vacina de febre amarela contém pequenas quantidades de proteína do ovo, mas a orientação atual diz que até crianças com alergia podem tomar a dose, desde que passem antes por avaliação do alergologista. A maioria recebe a vacina sem ter reação importante, e a decisão só é mais cuidadosa para quem já teve um quadro grave.

    No caso da vacina da gripe (influenza), ela pode ser usada com segurança em todas as pessoas alérgicas ao ovo, até mesmo em casos graves. Não é mais necessário teste prévio, dose fracionada ou preparo especial, porque as vacinas atuais têm quantidade mínima de proteína residual.

    A única situação que exige mais cuidado envolve pessoas que já tiveram anafilaxia por ovo. Elas continuam podendo tomar a vacina, mas precisam ser imunizadas em um serviço preparado e com orientação individualizada.

    A orientação final deve ser feita pelo alergologista ou pelo pediatra, que avalia a história clínica e indica o cuidado mais seguro, garantindo proteção completa sem risco desnecessário.

    Confira: Quando a alergia vira emergência: entenda a anafilaxia

    Perguntas frequentes

    A alergia a ovo é comum em bebês?

    A alergia a ovo aparece com frequência na infância porque o sistema imunológico ainda está amadurecendo e tende a reagir de forma exagerada às proteínas presentes na clara e na gema.

    Muitas vezes, ela aparece nos primeiros meses após a introdução alimentar, quando o organismo entra em contato pela primeira vez com proteínas que ainda não reconhece como seguras, causando uma reação que pode afetar a pele, intestino ou respiração do bebê — o que precisa de orientação médica contínua.

    A alergia a ovo tem cura?

    A alergia tende a desaparecer ao longo da infância porque o sistema imunológico fica mais maduro e aprende a tolerar proteínas que antes eram identificadas como perigosas, permitindo que grande parte das crianças supere a sensibilidade entre os 3 e 6 anos.

    Contudo, algumas podem precisar de mais tempo e de acompanhamento médico para avaliar a evolução e decidir quando o alimento poderá ser reintroduzido com segurança.

    A alergia a ovo aparece mais com a clara ou com a gema?

    A alergia costuma estar ligada principalmente à clara, porque ela concentra proteínas mais alergênicas, como ovalbumina e ovomucoide, responsáveis por grande parte das reações.

    Porém, a gema também pode causar sensibilidade em alguns casos, razão pela qual o alimento deve ser totalmente evitado durante o período de exclusão orientado pelo alergologista.

    A alergia a ovo pode afetar o ganho de peso da criança?

    A alergia pode afetar o ganho de peso quando não existe substituição adequada, pois o ovo é fonte de proteínas e nutrientes importantes, tornando fundamental o acompanhamento com nutricionista para planejar alternativas nutritivas e manter o crescimento adequado do pequeno.

    A introdução precoce do ovo ajuda a prevenir alergia?

    A introdução alimentar precoce, realizada por volta dos 6 meses conforme orientação pediátrica, pode ajudar a reduzir o risco de alergia porque o contato regular e controlado com pequenas quantidades de alimento favorece o desenvolvimento da tolerância.

    Isso permite que o sistema imunológico aprenda a reconhecer proteínas da clara e da gema como seguras, motivo pelo qual é recomendado evitar atrasos, principalmente em crianças com pele muito sensível ou dermatite atópica.

    A alergia a ovo interfere na amamentação?

    A alergia não interfere diretamente na amamentação, pois a criança não reage ao leite materno, porém pequenas quantidades de proteína do ovo podem passar para o leite quando a mãe consome o alimento, criando uma situação rara mas possível de irritação na pele ou desconforto digestivo.

    Nesses casos, o pediatra pode orientar ajustes na alimentação materna quando existe suspeita de reação relacionada.

    Veja mais: Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

  • Uso nocivo de álcool: 10 sinais de alerta e como a família pode ajudar

    Uso nocivo de álcool: 10 sinais de alerta e como a família pode ajudar

    Quando o consumo de bebidas alcoólicas se torna frequente e excessivo no dia a dia, o organismo passa a conviver com alterações que, normalmente, passam despercebidas no início.

    Em casos de uso nocivo de álcool, também chamado de binge drinking, o contato constante com a substância pode desencadear desgaste físico, piora do sono, irritação gástrica e queda de energia — além de mudanças no humor e concentração que afetam as tarefas simples, relações pessoais e até o rendimento no trabalho.

    Com o tempo, quando o uso de álcool continua por muito tempo, o cérebro se adapta à presença constante da bebida e cria uma tolerância, fazendo a pessoa precisar de doses maiores para sentir o mesmo efeito. Isso pode evoluir para uma dependência alcóolica, uma doença crônica e multifatorial, e um dos transtornos mentais mais comuns relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas.

    Uso nocivo de álcool e dependência de álcool são a mesma coisa?

    O uso nocivo de álcool e a dependência alcoólica não são a mesma coisa, mas fazem parte do mesmo conjunto de problemas relacionados ao consumo.

    Quando uma pessoa apresenta uso nocivo, ela já bebe de um jeito que causa prejuízos na saúde, na rotina, no humor e nos relacionamentos, mas ainda mantém algum grau de controle sobre quando e quanto consome.

    O binge drinking, também chamado de Beber Pesado Episódico (BPE), é definido pela Organização Mundial da Saúde como ingestão de 60 g ou mais de álcool puro, o equivalente a cerca de 4 doses, em pelo menos uma ocasião no último mês.

    Já a dependência alcoólica é um quadro mais grave, em que o consumo passa a ser guiado por necessidade, não apenas por vontade. A pessoa sente forte desejo de beber, precisa de doses maiores para ter o mesmo efeito e pode apresentar tremores, suor frio, irritabilidade e ansiedade quando tenta parar. O álcool vira prioridade no dia a dia e interfere em diversas áreas da vida.

    A OMS define dependência como um conjunto de mudanças comportamentais, cognitivas e físicas que surgem após uso repetido de álcool e tornam o consumo cada vez mais difícil de controlar. No Brasil, estima-se que 1,4% da população conviva com algum grau de dependência alcoólica, segundo dados de 2018.

    Quando saber que o uso de álcool não é mais social?

    O consumo de álcool deixa de ser social e passa a ser um padrão de risco quando a bebida começa a ocupar espaço maior do que deveria na rotina. De acordo com a médica de família e comunidade, Gabriela Barreto, isso pode ser observado nas seguintes situações:

    • Quando a pessoa usa a bebida como forma de escape ou para lidar com emoções;
    • Quando precisa beber para relaxar ou “desligar” após o dia;
    • Quando há dificuldade de parar ou controlar a quantidade ingerida;
    • Quando o álcool começa a interferir nas relações pessoais, no trabalho ou na saúde.

    Também é possível notar mudanças no comportamento, como ressacas intensas, apagões, faltas no trabalho, conflitos familiares ou piora da saúde física e mental. A partir do momento em que a bebida deixa de ser eventual e passa a interferir no bem-estar, no desempenho diário e nas relações, o consumo já não é considerado social e merece atenção profissional.

    “Não existe um nível totalmente seguro de álcool para o organismo, pois mesmo pequenas quantidades diárias podem ser prejudiciais se o consumo for constante”, explica a especialista.

    Quais são os principais sinais de alerta do uso nocivo de álcool?

    Os sinais do uso nocivo de álcool podem ser discretos no início, mas costumam se tornar evidentes com o passar do tempo. Gabriela aponta os principais sinais comportamentais:

    • Afastamento social ou troca de círculos de amizade;
    • Mudanças de humor (irritabilidade, impulsividade, ansiedade ou depressão);
    • Beber sozinho ou em horários inadequados;
    • Negligência com responsabilidades no trabalho, nos estudos ou em casa;
    • Mentiras ou tentativas de esconder o consumo.

    Já os sinais físicos incluem:

    • Alterações no sono e no apetite;
    • Alterações de memória e lapsos após beber;
    • Cansaço frequente e queda no desempenho diário;
    • Tremores nas mãos, sudorese excessiva ou palpitações;
    • Em casos mais avançados, sinais de lesão hepática, como pele e olhos amarelados.

    Quando o uso de álcool continua por muito tempo e vai ficando mais intenso, o cérebro começa a se adaptar à presença constante da bebida. Com isso, surge a tolerância, que é a necessidade de beber quantidades maiores para sentir o mesmo efeito de antes.

    Depois, pode aparecer a dependência fisiológica, que faz o corpo reagir mal quando a pessoa tenta parar, causando sintomas de abstinência. A partir daí, beber deixa de ser uma escolha e vira uma compulsão, com perda de controle, marcando a passagem do uso nocivo para a dependência alcoólica.

    Como o consumo frequente afeta a saúde do corpo?

    Mesmo quando a pessoa ainda acredita ter controle, o consumo frequente do álcool afeta o corpo e a saúde mental de diversas formas. A curto prazo, Gabriela explica que a bebida afeta a coordenação, o raciocínio e o autocontrole — aumentando o risco de acidentes, episódios de violência e intoxicações.

    No organismo, o álcool sobrecarrega o fígado, altera o funcionamento do estômago e do intestino, prejudica o sono, enfraquece o sistema imunológico e aumenta o risco de problemas como:

    • Doenças hepáticas (como hepatite alcoólica e cirrose);
    • Alterações neurológicas e cognitivas, com perda de memória e atenção;
    • Maior risco de depressão e ansiedade;
    • Hipertensão arterial e problemas cardíacos;
    • Maior propensão a cânceres, especialmente de fígado, boca, esôfago e mama.

    Com o tempo, o corpo passa a tolerar doses maiores, o que facilita o aumento do consumo e amplia ainda mais os danos físicos.

    Impacto do álcool na saúde mental

    Além dos problemas que o álcool pode causar ao organismo, a saúde mental também é afetada gradualmente — e os efeitos podem aparecer mesmo quando o consumo parece controlado, o que torna o processo ainda mais difícil de reconhecer no dia a dia.

    O uso frequente de bebidas alcoólicas altera os neurotransmissores ligados ao humor, reduzindo a estabilidade emocional e deixando o corpo mais sensível à sintomas como irritabilidade, ansiedade e mudanças bruscas de humor. A rotina passa a oscilar mais, e situações simples podem causar reações intensas, como choro fácil, perda de paciência e sensação constante de sobrecarga.

    Ao mesmo tempo, o álcool também dificulta a capacidade de lidar com emoções de forma natural, de modo que a pessoa começa a usar a bebida como válvula de escape para relaxar, dormir ou aliviar a tensão depois de situações estressantes. Isso cria um ciclo de consumo ainda mais difícil de quebrar e, com o tempo, qualquer mudança ou emoção mais forte pode se tornar um gatilho para beber.

    Também vale destacar que o álcool prejudica os processos cognitivos, tornando a memória mais falha, diminuindo a concentração e deixando a tomada de decisões mais impulsivas. Como consequência, isso pode comprometer o desempenho no trabalho, interferir em relações afetivas e mexer diretamente com a autoestima da pessoa.

    Como a família pode ajudar uma pessoa com dependência alcoólica?

    Quando uma pessoa querida está passando por uma situação difícil com o álcool, a postura da família precisa ser acolhedora, aberta ao diálogo e livre de julgamentos, para que ela não se sinta criticada ou envergonhada. A ideia é mostrar preocupação genuína, deixando claro que a intenção não é apontar erros, e sim entender o que está acontecendo e oferecer apoio.

    Gabriela dá algumas sugestões para abordar alguém com empatia e cuidado:

    • Evitar discutir ou ameaçar, o objetivo é abrir espaço para o diálogo;
    • Escolher um momento calmo, quando a pessoa não estiver sob efeito do álcool;
    • Oferecer ajuda concreta, como marcar uma consulta ou acompanhar em um serviço de saúde;
    • Falar com empatia, usando frases como “estou preocupado com você” em vez de acusações;
    • E não tentar resolver sozinho, o suporte profissional é essencial.

    A partir daí, a família pode sugerir ajuda profissional e se oferecer para acompanhar consultas, sempre reforçando que ninguém precisa enfrentar esse processo sozinho. “Na verdade, o apoio da família pode ser o fator decisivo para que a pessoa aceite buscar tratamento”, complementa a médica.

    Quais tratamentos estão disponíveis para quem deseja parar o álcool?

    No Brasil, existem diversas formas de tratamento para o uso nocivo e dependência de álcool e a maioria pode ser feita de forma ambulatorial, sem a necessidade de internação. São cuidados estruturados e contínuos, pensados para ajudar a pessoa a recuperar estabilidade, entender seus gatilhos e construir uma relação mais saudável com o próprio corpo e com as emoções.

    Entre algumas das abordagens, é possível destacar:

    • Acompanhamento médico e psicológico, para avaliar a saúde, orientar cada etapa e oferecer apoio emocional;
    • Terapia individual ou em grupo, que ajuda a entender o que alimenta o consumo, a lidar com sentimentos difíceis e a criar novas estratégias para o dia a dia;
    • Medicamentos quando necessário, indicados por um médico, para diminuir sintomas de abstinência e reduzir a fissura por álcool;
    • Grupos de apoio, que oferecem acolhimento, troca de experiências e sensação de pertencimento, o que faz muita diferença no processo;
    • Participação da família, que fortalece o tratamento e ajuda a construir um ambiente mais seguro e compreensivo para a pessoa.

    De acordo com Gabriela, a internação é indicada apenas em situações mais delicadas, como abstinência grave, risco de complicações clínicas ou falta de suporte social. Nesses casos, o ambiente hospitalar oferece proteção, cuidados intensivos e acompanhamento constante até que a pessoa esteja estável para continuar o tratamento fora do hospital.

    Leia também: Trabalho noturno: conheça os riscos para a saúde do coração

    Perguntas frequentes

    Quando procurar ajuda profissional para parar de beber?

    É importante buscar ajuda profissional quando a bebida começa a causar problemas na rotina e você não consegue parar ou diminuir por conta própria. Isso inclui se o álcool afeta o trabalho, os relacionamentos, a saúde física ou mental, ou se você sente uma necessidade forte (compulsão) de beber e apresenta sintomas de abstinência ao tentar parar.

    Não espere a situação se agravar! Procurar ajuda cedo é um sinal de força e o primeiro passo para o tratamento.

    O álcool pode piorar ansiedade e depressão?

    Sim, o álcool pode piorar a ansiedade e a depressão a longo prazo, mesmo que inicialmente pareça aliviar os sintomas.

    O álcool é um depressor do sistema nervoso central, então quando o efeito passa, ele pode levar a uma piora do humor e da ansiedade (o chamado “efeito rebote”), pois interfere no equilíbrio químico do cérebro. O uso regular e excessivo pode, inclusive, desencadear ou agravar quadros de ansiedade e depressão já existentes.

    O que são apagões alcoólicos?

    Os apagões alcoólicos, ou blackouts, são períodos de tempo em que uma pessoa estava acordada e ativa, mas não consegue se lembrar do que aconteceu, mesmo que outras pessoas digam que ela interagiu normalmente.

    Eles são causados pelo rápido aumento da concentração de álcool no sangue, o que impede o cérebro de transferir memórias do curto prazo para o longo prazo (ou seja, de formar novas lembranças). Isso é um sinal de intoxicação grave e de que o álcool está afetando perigosamente o cérebro.

    Bebidas “mais fracas”, como vinho ou cerveja, também podem causar problemas?

    Sim, elas podem causar os mesmos problemas de saúde e dependência que bebidas com maior teor alcoólico (como destilados). O que importa é a quantidade total de álcool puro consumida ao longo do tempo.

    Uma taça grande de vinho ou uma lata de cerveja podem conter a mesma quantidade de álcool que uma dose de destilado. O consumo excessivo e regular de qualquer tipo de bebida alcoólica sobrecarrega o corpo e o cérebro, levando a doenças e dependência.

    Existe um limite seguro para beber?

    Não existe um limite de consumo de álcool totalmente seguro, já que qualquer quantidade pode aumentar riscos à saúde, incluindo doenças crônicas e alguns tipos de câncer. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que não há nível de consumo considerado livre de risco.

    A recomendação mais saudável é manter ingestão mínima ou nenhuma ingestão de álcool, principalmente para pessoas com condições crônicas. Além disso, nunca é seguro dirigir após beber, mesmo em pequenas quantidades.

    O que é considerado consumo excessivo de álcool?

    O consumo excessivo de álcool é, em geral, definido como beber muitas doses em pouco tempo ou manter uma quantidade alta de bebida ao longo da semana. A OMS define o binge drinking como ingestão de 60 g ou mais de álcool puro, cerca de 4 doses, em pelo menos uma ocasião no último mês.

    No Brasil, o Ministério da Saúde aponta limites diferentes para cada sexo: para mulheres, o consumo de 4 ou mais doses em uma ocasião já é considerado abusivo; para homens, o limite é a partir de 5 doses.

    Leia mais: Metanol em bebidas: saiba o que fazer na suspeita de intoxicação