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  • Esclerodermia: como essa doença autoimune afeta o organismo

    Esclerodermia: como essa doença autoimune afeta o organismo

    A esclerodermia, também chamada de esclerose sistêmica, é uma doença autoimune rara que chama atenção pela maneira como altera o corpo: tecidos que deveriam ser flexíveis tornam-se rígidos, como se desenvolvessem uma espécie de “cicatriz interna”.

    Apesar de incomum, quem tem a condição precisa ter um acompanhamento especializado, já que pode atingir desde a pele até pulmões, coração e rins.

    O que é esclerose sistêmica (esclerodermia)?

    A esclerose sistêmica é uma doença reumática rara que afeta o tecido conectivo, responsável por sustentar e ligar órgãos do corpo. O principal processo dessa doença autoimune é a fibrose, ou seja, o endurecimento progressivo dos tecidos, que pode atingir pele, vasos sanguíneos e órgãos internos.

    Principais formas da doença

    • Esclerodermia localizada: acomete pele e tecido subcutâneo.
    • Esclerose sistêmica limitada: espessamento cutâneo principalmente em extremidades.
    • Esclerose sistêmica difusa: comprometimento mais amplo da pele e maior risco de envolvimento de órgãos internos.

    A doença é mais comum em mulheres entre 40 e 50 anos e tem maior prevalência em pessoas descendentes de povos africanos.

    Como ocorre em outras doenças autoimunes, o sistema imunológico passa a atacar o tecido conectivo, gerando inflamação e levando à fibrose, um processo semelhante ao de cicatrização, o que deixa o tecido espesso e rígido.

    Principais sintomas

    A esclerose sistêmica pode se manifestar de formas muito diferentes entre os pacientes. Entre os sinais mais comuns estão:

    Fenômeno de Raynaud

    Presente em cerca de 95% dos casos, costuma ser o primeiro sintoma. A circulação das mãos e pés se altera com frio ou estresse, fazendo os dedos ficarem pálidos ou arroxeados.

    Também pode ocorrer em pessoas sem doenças reumatológicas (cerca de 15% da população geral).

    Sintomas cutâneos

    São os mais marcantes:

    • Inchaço e vermelhidão iniciais
    • Espessamento progressivo da pele
    • Rigidez e perda da elasticidade

    Essas alterações variam conforme o tipo de esclerodermia e podem dificultar movimentos.

    Sintomas musculoesqueléticos

    • Dores articulares
    • Dores musculares
    • Contraturas e tendinites
    • Limitação de movimentos devido ao endurecimento da pele

    Sintomas gastrointestinais

    Muito frequentes e variados:

    • Dificuldade de abrir a boca
    • Boca seca
    • Dificuldade para engolir
    • Refluxo gastroesofágico
    • Esvaziamento gástrico lento, com distensão e sensação de saciedade precoce
    • Constipação

    Sintomas pulmonares

    Representam a principal causa de mortalidade.

    Decorrem principalmente de:

    • Fibrose pulmonar
    • Pressão alta pulmonar

    Sintomas:

    • Falta de ar
    • Cansaço
    • Tosse
    • Dor no peito

    Casos avançados podem exigir oxigênio suplementar.

    Sintomas cardíacos

    Menos frequentes, mas graves:

    • Pericardite
    • Arritmias
    • Derrame pericárdico
    • Dilatação cardíaca secundária à pressão alta pulmonar

    Sintomas renais

    O quadro mais importante é a Crise Renal Esclerodérmica, marcada por:

    • Aumento súbito da pressão arterial
    • Piora rápida da função renal
    • Urina espumosa ou com sangue

    Causas

    A esclerose sistêmica não tem causa única, mas resulta da interação entre predisposição genética e fatores ambientais.

    Fatores genéticos

    • Histórico familiar de doenças autoimunes
    • Presença de certos marcadores genéticos

    Fatores ambientais

    Podem atuar como gatilhos:

    • Infecções virais (citomegalovírus, Epstein-Barr, parvovírus B19)
    • Exposição à sílica
    • Contato com solventes orgânicos

    A combinação desses fatores é considerada essencial para o início da doença.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é clínico, feito em consultório médico, baseado na avaliação detalhada dos sintomas, exame físico e exames complementares.

    Exames que auxiliam

    • Autoanticorpos específicos: ajudam a definir subtipo e entender o que esperar da doença.
    • Exames de sangue: anemia é comum; outras alterações dependem do órgão afetado.
    • Espirometria: identifica padrão restritivo em casos de fibrose pulmonar.
    • Endoscopia digestiva: avalia refluxo e alterações no esôfago ou estômago.

    Tratamento

    A esclerose sistêmica não tem cura, mas o tratamento adequado controla sintomas, reduz complicações e melhora a qualidade de vida.

    Imunossupressores

    São a base do tratamento, por reduzirem a atividade autoimune e retardarem a evolução da fibrose. A escolha depende do padrão de acometimento de cada paciente.

    Tratamentos direcionados por manifestação

    • Medicações para refluxo
    • Tratamento da hipertensão pulmonar
    • Cuidados com a pele
    • Fisioterapia para manter mobilidade
    • Tratamento específico do fenômeno de Raynaud

    O cuidado sempre deve ser individualizado e exige seguimento regular.

    Veja também: Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes

    Perguntas frequentes sobre esclerose sistêmica

    1. Esclerose sistêmica tem cura?

    Não. Mas o tratamento adequado controla a doença e pode evitar complicações.

    2. Esclerodermia e esclerose sistêmica são a mesma coisa?

    O termo “esclerodermia” é amplo; inclui formas localizadas e sistêmicas. A esclerose sistêmica é o tipo que pode afetar órgãos internos.

    3. O fenômeno de Raynaud sempre significa esclerodermia?

    Não. Ele ocorre em até 15% da população geral sem doenças autoimunes.

    4. A doença sempre afeta órgãos internos?

    Não. Depende da forma: a esclerose sistêmica difusa tem maior risco; a localizada geralmente não afeta órgãos.

    5. O que causa o endurecimento da pele?

    A produção excessiva de colágeno, resultado da inflamação autoimune.

    6. A doença é hereditária?

    Não é hereditária no sentido clássico, mas há predisposição genética.

    7. O tratamento sempre usa imunossupressores?

    Na maioria dos casos sim, mas a escolha depende do tipo e da gravidade da doença.

    Veja mais: Doenças autoimunes: 10 sinais para você ficar atento

  • Susto faz mal ao coração? Cardiologista explica

    Susto faz mal ao coração? Cardiologista explica

    Quantas vezes você já disse que quase morreu de susto? Em situações inesperadas, o coração acelera, as pernas ficam bambas e a respiração fica mais curta. A reação não é exagero do corpo, mas uma resposta fisiológica diante de uma possível ameaça.

    Em alguns casos, ela pode ser tão intensa que realmente achamos que vamos morrer. Mas afinal, será que isso é possível? Vamos entender a seguir!

    Mas o que é um susto e para que ele serve?

    Um susto é uma resposta imediata do organismo diante de algo que o cérebro interpreta como ameaça ou perigo repentino — o que pode ser um barulho, uma imagem inesperada, alguém que surge do nada ou até uma situação que ativa memórias de risco.

    Quando isso acontece, a cardiologista Juliana Soares explica que o corpo ativa uma reação automática, chamada de resposta de luta ou fuga, liberando hormônios como adrenalina e noradrenalina. Eles promovem um redirecionamento do sangue no corpo, direcionando-o para órgãos como os músculos, o coração e o cérebro, justamente para preparar o organismo para correr ou lutar.

    Por isso, em milésimos de segundo, o coração acelera, a pressão arterial pode subir e a respiração muda (daí a expressão “meu coração quase saiu pela boca”). Tudo isso acontece de maneira automática, sem que a pessoa tenha tempo para pensar ou racionalizar o que está acontecendo.

    Basicamente, é o organismo tentando garantir que você tenha energia e capacidade imediata para reagir ao que o cérebro entende como perigo.

    Por que o coração acelera durante o susto?

    O coração acelera durante o susto porque o corpo precisa reagir de forma muito rápida. Quando o cérebro identifica um risco, ele libera adrenalina e noradrenalina, que aumentam a frequência dos batimentos e a força de contração do coração para levar mais sangue, oxigênio e energia para órgãos como músculos, cérebro e pulmões.

    Com isso, o organismo fica preparado para correr, se defender, reagir ou tomar uma atitude imediata. O aumento dos batimentos é uma parte natural da resposta de luta ou fuga, que existe para proteger a vida em situações de perigo, mesmo quando o susto acontece em situações que não representam ameaça real.

    Isso é perigoso para a saúde?

    Para a maioria das pessoas, um susto não representa perigo para a saúde. Mas, para quem já tem problemas cardíacos ou predisposição, Juliana explica que a descarga de adrenalina pode provocar um pico de pressão arterial e desencadear arritmias, aumentando o risco de complicações como:

    • Aumento importante da frequência cardíaca;
    • Piora súbita da pressão arterial;
    • Ruptura de placa de gordura dentro de uma artéria;
    • Formação de coágulo e obstrução do fluxo sanguíneo;
    • Possibilidade real de infarto ou arritmia grave.

    Segundo Juliana, o infarto por estresse pode acontecer de duas maneiras. Em pessoas que já têm o comprometimento das artérias, durante o momento do susto, o aumento repentino da frequência cardíaca e da pressão arterial podem causar o rompimento de uma placa — o que leva a obstrução de uma artéria e, consequentemente, a um infarto.

    Ele também pode acontecer devido a uma condição chamada síndrome do coração partido, ou cardiomiopatia de Takotsubo. Ela é rara, mas pode ser grave porque provoca um enfraquecimento temporário do músculo do coração.

    Nessa situação, Juliana explica que ocorre uma descarga muito alta de adrenalina e noradrenalina, que altera o funcionamento do coração e reduz sua capacidade de bombear sangue. Os sintomas são praticamente iguais aos de um infarto comum, como dor no peito, falta de ar, palpitação, tontura e até desmaio. A diferença é que ela não provoca obstrução das artérias, sendo súbita, transitória e reversível após o tratamento correto.

    Pessoas com ansiedade ou pressão alta sentem o susto de forma mais intensa?

    De acordo com Juliana, quem tem pressão alta já convive com valores mais elevados no dia a dia, e a descarga de adrenalina no momento do susto pode fazer a pressão subir ainda mais, atingindo níveis perigosos. Isso aumenta o risco de sintomas mais fortes e, em alguns casos, até de complicações cardiovasculares.

    Já pessoas ansiosas costumam ter um sistema nervoso simpático mais sensível, então, quando o susto acontece, a resposta de alerta pode durar mais tempo, com coração acelerado, tremores e sensação de falta de ar que demoram a passar. Em algumas situações, a reação exagerada pode até evoluir para uma crise de pânico.

    Como o organismo volta ao estado de repouso

    O primeiro passo depois de um susto é se afastar do ambiente que desencadeou o mal-estar. Em seguida, você pode adotar respirações lentas e profundas para ajudar o corpo a desacelerar e recuperar o equilíbrio — além de manter uma boa hidratação, o que favorece o relaxamento do organismo.

    Depois que o susto passa, o sistema nervoso parassimpático entra em ação para desfazer a resposta de luta ou fuga e trazer o corpo de volta ao equilíbrio. Os batimentos cardíacos começam a desacelerar em poucos minutos, normalmente entre 5 e 10 minutos após o estímulo que causou o susto.

    Já a sensação de nervosismo, tremor ou corpo “ainda em alerta” pode levar um pouco mais de tempo para desaparecer completamente. Em média, entre 20 e 30 minutos o organismo costuma voltar ao estado normal.

    Quando procurar ajuda médica?

    Procure atendimento médico imediato nas seguintes situações:

    • Coração acelerado por mais de 30 minutos;
    • Dor ou aperto no peito;
    • Falta de ar ou dificuldade para respirar;
    • Sudorese intensa sem motivo aparente;
    • Tontura, desmaio ou sensação de desmaio iminente.

    Os sinais podem indicar alguma complicação desencadeada pelo pico de adrenalina, como arritmia, piora da pressão arterial ou até início de um quadro cardíaco agudo.

    A avaliação médica é importante para descartar problemas maiores e garantir que o coração volte ao funcionamento normal de maneira segura.

    Veja mais: Arritmia cardíaca: quando os batimentos fora de ritmo merecem atenção

    Perguntas frequentes

    Como diferenciar um susto de um infarto de verdade?

    O susto tende ao melhorar espontaneamente em minutos, de modo que os batimentos desaceleram e o desconforto diminui.

    Em casos de infarto, a dor no peito costuma ser forte, como um aperto, não passa com o tempo, pode irradiar para braço, costas ou mandíbula. A pessoa também pode sentir falta de ar, suor frio, náusea e tontura.

    Assim, se você apresentar sintomas persistentes ou intensos, trate como uma urgência e procure atendimento médico!

    O que fazer para acalmar o coração mais rápido?

    Algumas medidas podem ajudar a aliviar o coração acelerado, como:

    • Afastar-se do estímulo que causou o susto;
    • Sentar ou deitar com conforto;
    • Respirar lenta e profundamente (por exemplo, inspirar 4 segundos e expirar 6 segundos por alguns minutos);
    • Beber água;
    • Ficar em ambientes tranquilos, com pouca luz;
    • Focar no relaxamento muscular.

    Um susto isolado faz mal para o coração a longo prazo?

    Para pessoas sem doença cardíaca, um susto isolado não costuma deixar sequelas, pois o organismo foi feito para lidar com picos de estresse e retornar ao equilíbrio. O problema acontece quando os picos são muito frequentes e existem fatores de risco, como estresse crônico, sono ruim, sedentarismo e tabagismo.

    O coração pode “pular batidas” depois do susto?

    O coração pode apresentar batimentos irregulares logo após um susto porque a adrenalina age diretamente no nó sinusal, que é o marcapasso natural do coração. Ele torna o ritmo mais excitável e pode provocar batimentos extras ou a sensação de que o coração está falhando por alguns segundos.

    O susto pode causar desmaio?

    O susto pode causar desmaio porque o cérebro pode receber menos sangue por alguns segundos no pico do estresse. A circulação muda muito rápido e o corpo pode desligar por um instante como forma de proteção. Depois, a pressão tende a normalizar, o sangue volta a circular bem no cérebro e a pessoa acorda sozinha.

    No entanto, se o desmaio vier acompanhado de dor torácica intensa, falta de ar intensa ou demora para recuperar a consciência, é fundamental buscar atendimento médico imediato.

    Veja também: Dormir mal prejudica a saúde do coração? Conheça os riscos

  • 6 alimentos que são saudáveis, mas quando em excesso, podem acrescentar muitas calorias à dieta 

    6 alimentos que são saudáveis, mas quando em excesso, podem acrescentar muitas calorias à dieta 

    Falar de alimentação saudável sem falar de quantidade é deixar de lado metade da história. Muitos alimentos nutritivos têm alta densidade calórica: ou seja, concentram muita energia em pouco volume. Isso significa que, mesmo sendo ricos em fibras, proteínas e gorduras boas, podem elevar o consumo total de calorias do dia quando exageramos na porção.

    A seguir, veja seis exemplos de alimentos saudáveis que pedem atenção especial na hora de servir!

    1. Oleaginosas e amendoim

    Castanhas, nozes, amêndoas, pistache e amendoim oferecem gorduras boas, fibras e minerais importantes para o coração. Em 30 g, a média é de 170 kcal, com 15 g de gorduras, 5 a 6 g de proteínas e cerca de 5 g de carboidratos. A armadilha está no tamanho da porção: um punhado generoso pode facilmente triplicar as calorias. O ideal é separar a quantidade antes de comer e evitar consumir direto do pacote.

    2. Ovos inteiros

    O ovo é completo e versátil e integra a lista de alimentos saudáveis. Cada unidade grande fornece cerca de 70 a 80 kcal, com 6 g de proteína e 5 g de gordura. Duas unidades somam em torno de 150 kcal, valor que aumenta rapidamente quando entram queijo e manteiga. Uma dica é optar por preparos feitos com mais claras do que gemas, já que as claras não contêm gordura e têm apenas 17 calorias cada uma.

    3. Azeite de oliva

    O azeite extravirgem é uma das principais fontes de gorduras monoinsaturadas, associadas à boa saúde cardiovascular. Mas cada colher de sopa (14 ml) tem 120 kcal e 14 g de gordura. Como o líquido se espalha fácil, o “fio” generoso pode se transformar em três colheres sem perceber. Use medidores ou borrifadores e combine o azeite com limão ou vinagre para temperar sem excessos.

    4. Abacate

    O abacate é fonte de gorduras boas, potássio e fibras e é normalmente considerado parte dos alimentos saudáveis. Em 100 g, a média é de 160 kcal, com 15 g de gordura, 2 g de proteína e 9 g de carboidratos. Apesar de promover saciedade, ele é calórico e pode pesar no cardápio se usado em grandes quantidades. Prefira fatias pequenas ou meio abacate por vez e complete com saladas e vegetais crus, que dão volume com menos calorias.

    5. Granola

    A granola mistura cereais, oleaginosas e mel, combinação nutritiva, mas calórica. Em meia xícara (45 g), são encontradas facilmente 200 kcal, 30 g de carboidratos, 6 g de gordura e 5 g de proteína. O problema está no “olhômetro”: tigelas caseiras costumam dobrar a porção e ainda receber frutas secas, mel e iogurte integral. Meça a quantidade e substitua parte por aveia e frutas frescas para reduzir o impacto calórico.

    6. Chocolate amargo

    O chocolate amargo contém mais cacau e antioxidantes, mas também é concentrado em calorias. Em 30 g (dois quadradinhos), há em média 170 kcal, 12 g de gordura e 13 g de carboidratos. Um pequeno pedaço é suficiente para matar a vontade de doce sem comprometer a dieta. O segredo é definir a porção antes de abrir a embalagem e reservar o momento para saborear com calma.

    Equilíbrio é a chave para uma alimentação saudável

    Alimentos saudáveis e densos em nutrientes podem ser aliados, desde que consumidos nas quantidades certas. Controlar porções, ajustar o preparo e prestar atenção ao que acompanha cada refeição faz diferença na soma final de calorias do dia.

    Mais importante do que eliminar esses itens é integrá-los de forma equilibrada a um plano alimentar ajustado ao seu peso, idade e nível de atividade física. Reavaliar porções com o apoio de um profissional ajuda a manter a nutrição adequada, o controle do peso e o prazer à mesa, tudo no mesmo prato.

    Leia mais: Canetas emagrecedoras: como evitar deficiências nutricionais?

    Perguntas e respostas

    1. Alimentos saudáveis também podem engordar?

    Sim. Mesmo alimentos ricos em nutrientes, como castanhas, azeite ou abacate, têm alta densidade calórica, ou seja, concentram muita energia em pouco volume. Quando o consumo ultrapassa o tamanho da porção ideal, as calorias se acumulam rapidamente, o que pode dificultar o controle do peso mesmo em uma dieta equilibrada.

    2. Qual é o erro mais comum ao consumir alimentos como oleaginosas, azeite e granola?

    O principal erro é não medir a quantidade. Comer direto do pacote, usar o “fio de azeite” sem dosar ou encher a tigela de granola são hábitos que dobram ou triplicam a ingestão calórica sem perceber. Separar a porção antes de consumir e usar colheres medidoras ajuda a manter o controle.

    3. O ovo e o abacate são realmente calóricos?

    Sim, mas isso não significa que devem ser evitados. O ovo tem em média 70 a 80 kcal por unidade e o abacate, cerca de 160 kcal a cada 100 g. Ambos fornecem nutrientes importantes, como proteínas, gorduras boas e potássio. O segredo é ajustar a quantidade!

    4. A granola e o chocolate amargo são boas opções, mas quanto é demais?

    São alimentos nutritivos, porém densos em energia. Meia xícara de granola tradicional pode ter 200 kcal, e dois quadradinhos de chocolate amargo, cerca de 170 kcal. Comer além disso, especialmente somando outros ingredientes calóricos (mel, frutas secas, iogurte integral), pode ultrapassar facilmente o necessário para uma refeição leve.

    Veja também: Projeto verão: dá para emagrecer rápido até o final do ano?

  • Pneumonia por pneumococo: o que é e quando suspeitar dessa bactéria 

    Pneumonia por pneumococo: o que é e quando suspeitar dessa bactéria 

    A pneumonia por pneumococo continua sendo uma das infecções respiratórias mais relevantes. Mesmo com o avanço da vacinação, que reduziu muitos dos casos graves, a bactéria Streptococcus pneumoniae permanece como a principal agente causadora de pneumonias adquiridas na comunidade que necessitam de internação.

    A doença pode surgir de forma repentina, evoluindo com febre alta, tosse e dificuldade para respirar. Em pacientes mais vulneráveis, como crianças pequenas, idosos e pessoas com imunidade reduzida, o quadro pode se tornar grave rapidamente, e exige início imediato do tratamento.

    O que é a pneumonia por pneumococo?

    A pneumonia por pneumococo é uma infecção pulmonar causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae. Ela é historicamente a causa mais comum de pneumonia grave, muitas vezes exigindo internação hospitalar.

    Apesar da queda na incidência graças à vacinação, o pneumococo ainda é o agente mais frequente desse tipo de pneumonia.

    Os fatores de risco são:

    • Crianças e idosos;
    • Infecções virais prévias;
    • Tabagismo;
    • Etilismo;
    • Doenças pulmonares crônicas;
    • Imunossupressão;
    • Esplenectomia (remoção do baço).

    Como ela surge?

    O pneumococo é uma bactéria exclusiva do ser humano, transmitida principalmente por partículas respiratórias.

    A pneumonia se desenvolve quando secreções contaminadas da nasofaringe (nariz e garganta) são aspiradas para os pulmões, especialmente durante o sono ou em pessoas com reflexo de tosse comprometido.

    Quando a bactéria atinge os alvéolos, provoca uma reação inflamatória intensa, o que leva a um acúmulo de líquido inflamatório e forma as “manchas” vistas na radiografia.

    Lesões e destruição de alvéolos são raras.

    Principais sintomas

    Os sintomas seguem o padrão clássico de uma pneumonia bacteriana e podem variar de leve a muito grave.

    Sintomas comuns:

    • Febre súbita;
    • Calafrios;
    • Tosse;
    • Dor no peito ao respirar;
    • Catarro purulento.

    Em quadros moderados a graves:

    • Taquicardia;
    • Pressão baixa;
    • Alteração do nível de consciência;
    • Falta de ar importante.

    Em casos extremos, o paciente pode precisar de ventilação mecânica e internação em UTI.

    Possíveis complicações:

    • Empiema (pus na pleura);
    • Bacteremia (bactéria no sangue);
    • Meningite.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é baseado em alguns critérios.

    Avaliação clínica

    História dos sintomas e exame físico.

    Exames de imagem

    Radiografia de tórax é o exame inicial e costuma mostrar áreas de consolidação. A tomografia pode ser usada em casos específicos.

    Confirmação laboratorial

    • Cultura de escarro;
    • Cultura de sangue.

    Exames de sangue podem mostrar:

    • Leucocitose;
    • Anemia.

    Na prática, a combinação dos sintomas e da radiografia geralmente confirma o diagnóstico.

    Tratamento

    O tratamento baseia-se no início imediato de antibióticos eficazes contra o pneumococo.

    Não se deve esperar os resultados dos exames para começar o tratamento.

    Após a identificação do germe e do padrão de resistência, os antibióticos podem ser ajustados pelo médico.

    Esse início rápido é essencial para evitar complicações, especialmente em pacientes mais vulneráveis.

    Prevenção

    A principal forma de prevenção é a vacinação pneumocócica, disponível:

    • No SUS, dentro do calendário nacional;
    • Em clínicas privadas de vacinação.

    A vacina reduz casos graves, internações e complicações associadas ao pneumococo.

    Confira: Quando o alimento vai pelo caminho errado: entenda a pneumonia aspirativa

    Perguntas frequentes sobre pneumonia por pneumococo

    1. A pneumonia por pneumococo é contagiosa?

    A transmissão ocorre por gotículas respiratórias, mas desenvolver pneumonia depende de fatores individuais e de imunidade.

    2. A pneumonia pneumocócica sempre é grave?

    Não. Muitos casos são leves, mas pode evoluir rapidamente em grupos de risco.

    3. Como saber se é uma pneumonia por pneumococo ou viral?

    Somente o médico pode diferenciar, com base nos sintomas, exames de imagem e, quando necessário, exames laboratoriais.

    4. A vacina impede totalmente a doença?

    Não impede todos os casos, mas reduz muito o risco de formas graves e complicações.

    5. Quem deve tomar a vacina pneumocócica?

    Crianças, idosos, imunossuprimidos e pessoas com doenças crônicas, conforme calendário do SUS ou recomendação médica.

    6. Precisa repetir raio-X após o tratamento?

    Geralmente não. As imagens podem demorar semanas a normalizar, mesmo após a cura clínica.

    Leia mais: Pneumonia em crianças: o que causa, sintomas e como tratar

  • Cafeína faz mal para o coração? Veja os efeitos (e quanto tomar)

    Cafeína faz mal para o coração? Veja os efeitos (e quanto tomar)

    Você sabia que quase todos os brasileiros consomem café diariamente? Seja ao acordar ou durante a tarde, a bebida é uma paixão nacional e ajuda a manter o corpo alerta, melhorar o foco e trazer sensação de aconchego em meio à rotina agitada.

    Mas, apesar de fazer parte do dia a dia de tantas pessoas, existem alguns pontos sobre o café (e a cafeína) que precisam de atenção para não prejudicar o organismo — sobretudo em pessoas que convivem com problemas cardiovasculares, como hipertensão e arritmia. Entenda mais, a seguir.

    Como a cafeína afeta o coração?

    De acordo com a cardiologista Juliana Soares, a cafeína é responsável por bloquear os receptores cerebrais de adenosina, uma substância que normalmente induz o relaxamento dos vasos e contribui para reduzir a atividade cardíaca. Quando isso acontece, ocorre um estímulo direto ao sistema nervoso central, o que aumenta a liberação de noradrenalina.

    A liberação de substâncias estimulantes aumenta a frequência dos batimentos cardíacos, deixando o coração mais acelerado por um período curto de tempo. Isso aumenta a sensação de alerta, melhora o foco e deixa o corpo em estado de maior atenção, algo comum quando o sistema nervoso simpático é ativado.

    Ao mesmo tempo, logo depois de tomar café, pode ocorrer um aumento temporário da pressão arterial — principalmente em quem não tem hábito de beber café ou quando a quantidade é muito alta, segundo Juliana. Isso acontece porque a cafeína prepara o corpo para uma reação de luta ou fuga.

    Nesta resposta, há liberação de adrenalina e constrição dos vasos sanguíneos, o que provoca elevação temporária da pressão e pode intensificar a sensação de batimentos mais rápidos. Ela costuma ser temporária, mas em pessoas sensíveis ou com problemas cardiovasculares, o corpo pode reagir de forma mais intensa, causando desconforto e palpitações.

    E os riscos do café?

    Os riscos do café existem quando o consumo é exagerado ou quando há alguma condição de saúde que torna o organismo mais sensível aos efeitos da cafeína. Por isso, é importante considerar alguns pontos, como:

    • Aumento transitório da pressão arterial, especialmente em pessoas que não bebem café regularmente ou que têm hipertensão não controlada. A cafeína ativa o sistema nervoso simpático e pode elevar a pressão por alguns minutos;
    • Palpitações, taquicardia e desconforto cardíaco em indivíduos sensíveis ou com arritmias pré-existentes. Nessas situações, mesmo quantidades pequenas podem gerar sensação de coração acelerado;
    • Ansiedade, irritabilidade e tremores, já que a cafeína estimula o sistema nervoso central. Em quem tem ansiedade generalizada, o café pode piorar sintomas;
    • Insônia e piora da qualidade do sono, sobretudo quando consumido no fim da tarde ou à noite. A cafeína permanece no organismo por horas e interfere no ciclo natural de repouso;
    • Refluxo e desconforto gastrointestinal em pessoas predispostas, porque o café aumenta a acidez e estimula a produção de ácido gástrico;
    • Aumento do risco de sintomas desagradáveis quando o consumo é muito alto (acima de 400 mg de cafeína por dia), incluindo dor de cabeça, sudorese, náusea e sensação de agitação.

    Pessoas com arritmia ou hipertensão devem evitar o café?

    O consumo de café deve ser moderado e levar em conta as condições individuais de cada pessoa, como explica Juliana. Pessoas com hipertensão podem beber café, desde que o consumo seja leve a moderado, sem exageros ao longo do dia.

    No caso de pessoas com arritmia, a recomendação é de atenção redobrada. Juliana aponta que doses altas de cafeína podem favorecer o aparecimento de arritmias pelo mesmo mecanismo de estímulo ao sistema nervoso simpático e aumento da frequência cardíaca. Em pessoas com arritmia prévia, essa elevação pode causar episódios mais intensos.

    Vale apontar que a sensibilidade à cafeína não é igual para todos: quem sente taquicardia, palpitações ou batimentos irregulares após consumir café deve reduzir ao máximo ou evitar a bebida.

    Qual a diferença entre a cafeína do café e de outras bebidas energéticas?

    O principal fator responsável pelo efeito estimulante do café, dos chás e dos energéticos é a presença de cafeína. O que muda entre as bebidas é a quantidade da substância em cada uma, segundo Juliana.

    Os energéticos costumam ter doses muito mais altas de cafeína e podem incluir outros estimulantes, como a taurina, além de grandes quantidades de açúcar — o que intensifica ainda mais o efeito no organismo. Os chás, por outro lado, normalmente apresentam concentrações menores de cafeína quando comparados ao café.

    Por isso, a resposta do organismo pode variar bastante. Com os energéticos, o pico de estimulação tende a ser mais rápido e mais intenso, elevando o risco de taquicardia, aumento transitório da pressão e sensação de agitação..

    No caso dos chás, o impacto costuma ser mais suave. Além da menor quantidade de cafeína, muitos contêm compostos que modulam a absorção e deixam o efeito mais gradual. Ainda assim, em pessoas sensíveis ou que já apresentam arritmias, qualquer fonte de cafeína pode desencadear desconforto.

    Quanto beber de café por dia?

    Para um adulto saudável, o recomendado é não ultrapassar 400 mg de cafeína por dia, o que equivale a aproximadamente três ou quatro xícaras de café filtrado.

    Em algumas situações, Juliana aponta que o limite deve ser mais baixo, como no caso de gestantes ou de pessoas com doenças cardíacas, para quem a orientação costuma variar entre 100 e 200 mg diários. O consumo acima do recomendado pode aumentar o risco de efeitos indesejados, incluindo alterações cardiovasculares.

    Como saber se estou exagerando no café?

    O excesso de café costuma provocar sinais ligados à superestimulação do sistema nervoso, como:

    • Ansiedade;
    • Agitação;
    • Palpitações;
    • Dificuldade para dormir;
    • Refluxo ou dor de estômago;
    • Alteração do funcionamento intestinal;
    • Irritabilidade;
    • Mau humor;
    • Dor de cabeça.

    Quando a quantidade ingerida ultrapassa o que o corpo consegue tolerar, começam a surgir sintomas incômodos que servem como alerta. Nesses casos, a dose deve ser reduzida e o corpo observado ao longo dos dias.

    Leia mais: Café: amigo do foco ou vilão da ansiedade? Descubra os efeitos no cérebro

    Perguntas frequentes

    Café prejudica o sono mesmo quando tomado à tarde?

    A cafeína permanece no organismo por horas, e em algumas pessoas a eliminação é mais lenta devido a diferenças genéticas e metabólicas. Tomar café no fim da tarde pode interferir no início do sono, reduzir a qualidade das fases profundas e causar despertares noturnos.

    A recomendação é evitar o café seis horas antes de dormir, especialmente para quem já possui dificuldade para adormecer ou distúrbios do sono.

    Quanto de cafeína tem no café?

    Uma xícara de café de cerca de 200 ml contém em média de 80 a 100 mg de cafeína, mas a quantidade pode variar bastante conforme o tipo de grão, o método de preparo e a intensidade da torra. Cafés mais concentrados, como expresso ou cold brew, por exemplo, podem apresentar valores maiores, enquanto versões mais suaves tendem a oferecer doses menores.

    Café causa dependência?

    O café pode gerar dependência leve, tanto pelo hábito quanto pelos efeitos estimulantes da cafeína. Quando o consumo é interrompido de repente, algumas pessoas apresentam dor de cabeça, irritabilidade, cansaço e dificuldade de concentração.

    Os sintomas costumam desaparecer em poucos dias. A dependência não é comparável à de outras substâncias, mas o consumo exagerado facilita esse ciclo de necessidade e abstinência.

    Café descafeinado faz mal ao coração?

    O descafeinado possui uma quantidade muito reduzida de cafeína, o que diminui efeitos como taquicardia, palpitações e insônia. Porém, ele mantém os polifenóis e parte dos antioxidantes naturais do café, o que preserva alguns benefícios cardiovasculares.

    Para quem tem arritmia, hipertensão descontrolada ou sensibilidade à cafeína, o descafeinado pode ser uma alternativa mais segura — desde que liberado pelo nutricionista.

    Café pode interferir em exames ou medicamentos?

    O café pode interferir em alguns medicamentos que afetam o sistema nervoso central, como ansiolíticos e estimulantes — e também pode alterar a absorção de certos remédios quando ingerido logo após o uso.

    Além disso, a cafeína pode distorcer resultados de exames que avaliam pressão, frequência cardíaca e estresse metabólico. Por isso, sempre é recomendável seguir as orientações médicas antes de exames ou durante tratamentos específicos.

    O organismo se acostuma com a cafeína ao longo do tempo?

    O organismo desenvolve tolerância quando o consumo de cafeína é constante. Então, com o passar dos dias ou semanas, quem bebe café regularmente passa a sentir menos os efeitos estimulantes iniciais, como aceleração dos batimentos, aumento transitório da pressão e sensação de energia imediata.

    Basicamente, isso acontece porque receptores cerebrais ligados à adenosina se adaptam ao estímulo contínuo, reduzindo a resposta fisiológica. Por outro lado, a adaptação pode levar a um aumento gradual da dose para obter o mesmo nível de alerta, o que eleva o risco de algumas pessoas exagerarem na dose.

    Café interfere no humor?

    Para muitas pessoas, o café ajuda a melhorar humor, motivação e disposição, graças ao aumento da atividade cerebral associada à liberação de dopamina e noradrenalina.

    Mas, em indivíduos mais sensíveis, a cafeína pode causar irritabilidade, impaciência e aumento da ansiedade, principalmente quando ingerida em grandes quantidades. A resposta emocional varia conforme genética, rotina, qualidade do sono e estado emocional — e observar mudanças de humor após o consumo ajuda a identificar o limite ideal para cada um.

    Veja também: Por que o café acelera o coração? Veja quantas xícaras você pode tomar

  • Primeiro trimestre de gravidez: sintomas, exames e cuidados

    Primeiro trimestre de gravidez: sintomas, exames e cuidados

    O primeiro trimestre da gravidez é o período mais delicado do desenvolvimento do bebê e, logo depois do resultado positivo, existem vários cuidados que precisam integrar na rotina da futura mamãe.

    O organismo passa por mudanças rápidas que exigem atenção constante, alimentação equilibrada, exames em dia, hidratação adequada e acompanhamento médico regular para garantir que tudo ocorra de forma segura. Mas, com as alterações hormonais intensas, os sintomas físicos variados e as dúvidas que surgem, algumas mães de primeira viagem podem se sentir um pouco perdidas.

    Pensando nisso, conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza e reunimos as principais informações sobre o que esperar do primeiro trimestre e os cuidados no início da gestação. Confira!

    Quando começa o primeiro trimestre de gravidez?

    O primeiro trimestre de gravidez começa no primeiro dia da última menstruação, data usada como referência para calcular a idade gestacional, porque a concepção nem sempre ocorre em um dia conhecido. A partir desse dia, contam-se as semanas até completar doze semanas de gestação, período que corresponde ao primeiro trimestre.

    O que acontece no primeiro trimestre de gravidez?

    Nas primeiras semanas, o corpo inicia uma adaptação acelerada para sustentar o desenvolvimento do embrião. A placenta começa a se desenvolver, o volume de sangue aumenta e hormônios como progesterona e hCG se elevam rapidamente, o que ajuda a explicar as náuseas mais frequentes, maior sensibilidade nas mamas, cansaço que parece não passar e uma vontade constante de urinar.

    À medida que as semanas avançam, o útero cresce de forma progressiva, ligamentos se tornam mais flexíveis e o metabolismo passa a trabalhar em ritmo intensificado para garantir energia suficiente para a formação dos órgãos do bebê, processo que exige grande demanda do organismo materno.

    Por isso, a gestante deve realizar as consultas regulares, manter a suplementação indicada pelo médico, alimentação equilibrada e ter atenção aos sinais do corpo — pois são medidas que ajudam a atravessar o início da gravidez com mais segurança.

    Ganho de peso no primeiro trimestre

    A recomendação de ganho de peso na gravidez depende do peso inicial da gestante, calculado a partir do IMC no começo do pré-natal, como explica Andreia. Cada faixa exige metas diferentes:

    • Baixo peso (IMC abaixo de 18,5): recomendação de ganho maior, entre 12 e 15 kg, para recuperar o déficit prévio e sustentar o crescimento fetal;
    • Peso adequado (IMC entre 18,5 e 24,9): ganho médio em torno de 9 kg, podendo variar entre 7 e 11 kg;
    • Sobrepeso (IMC acima de 25 até cerca de 30): a orientação é não ultrapassar 7 kg;
    • Obesidade (grau 1, 2 ou 3): objetivo de ganhar o mínimo de peso possível; algumas gestantes podem até perder um pouco, pois parte do excesso acumulado antes da gestação é mobilizado durante a gravidez.

    Vale apontar que a gestante deve sempre seguir a orientação do médico ou nutricionista, pois o acompanhamento é individualizado.

    Sintomas do primeiro trimestre de gravidez

    Os primeiros sintomas de gravidez, que costumam aparecer entre a 4ª e a 8ª semana, podem variar bastante entre as mulheres. Enquanto algumas apresentam sinais marcantes logo no início, outras percebem transformações mais discretas.

    Mas, de forma geral, Andreia Sapienza e o Ministério da Saúde apontam os principais sintomas:

    • Sensibilidade mamária, aumento do volume das mamas e dor local;
    • Vulva mais sensível e inchada devido ao aumento da vascularização;
    • Surgimento de varizes pélvicas e piora de hemorroidas em mulheres predispostas;
    • Estômago mais lento, com sensação de estufamento e digestão pesada;
    • Redução do ácido gástrico, com preferência por alimentos e bebidas cítricas;
    • Náuseas frequentes, sobretudo pela manhã;
    • Vômitos ocasionais (geralmente leves);
    • Constipação intestinal;
    • Aumento do corrimento vaginal;
    • Vontade de comer substâncias não alimentares (síndrome de pica), mas é raro;
    • Vontade de urinar com maior frequência, mesmo sem infecção urinária.

    Alterações emocionais são muito comuns durante o primeiro trimestre. A retenção de líquido no organismo, inclusive em estruturas neurológicas e articulares, deixa o humor mais sensível. Muitas gestantes relatam choro fácil, irritabilidade e impulsividade, sem que isso indique qualquer problema mais grave, segundo Andreia.

    Mas, quando existe um histórico de depressão ou ansiedade, os sintomas podem ser mais intensos. Nesses casos, não é recomendado suspender tratamentos de forma abrupta. O ideal é ajustar doses ou realizar substituições por opções consideradas seguras durante a gestação, sempre com orientação médica.

    Cansaço e sonolência no primeiro trimestre é normal?

    Com a gravidez, o organismo passa a trabalhar em ritmo acelerado e exige mais pausas para recuperação, o que torna a sonolência um sintoma totalmente esperado nessa fase.

    Segundo Andreia, muitas mulheres relatam um cansaço intenso no fim da tarde, por volta de 18h ou 19h, a ponto de precisarem de um cochilo para conseguir seguir o dia. Depois disso, costumam voltar a dormir mais tarde, mantendo dois períodos de descanso.

    Sangramento no início da gravidez

    Quando o embrião se fixa na parede do útero, processo que costuma acontecer entre o sexto e o décimo dia após a fecundação, pode acontecer um pequeno sangramento, com coloração rosada, avermelhada bem clara ou amarronzada. É um processo normal, conhecido como sangramento de nidação, e costuma durar poucas horas ou até dois dias, sem provocar dor significativa.

    Diferentemente de um sangramento menstrual, o fluxo é leve, intermitente e não vem acompanhado de cólicas intensas. Muitas mulheres só percebem ao limpar o papel higiênico ou notar uma pequena mancha na calcinha, acontecendo antes da data prevista para a menstruação.

    Por outro lado, sangramentos mais fortes, persistentes, acompanhados de dor abdominal ou aumento gradual do fluxo requerem avaliação médica, porque podem indicar problemas que precisam ser investigados durante o primeiro trimestre.

    Como está o bebê no primeiro trimestre?

    O primeiro trimestre é a fase mais sensível da formação do bebê, em que o corpo e os sistemas internos estão começando a tomar forma:

    • Batimentos cardíacos detectáveis por volta da 7-8ª semana;
    • Fechamento inicial do tubo neural, que dará origem ao cérebro e à medula espinhal;
    • Surgimento dos brotos dos braços e das pernas;
    • Formação inicial dos olhos, nariz e boca;
    • Transformação de embrião para feto ao final da 8ª semana;
    • Desenvolvimento dos órgãos internos, como fígado, rins e intestino;
    • Separação dos dedos das mãos e dos pés;
    • Início de movimentos espontâneos, ainda imperceptíveis para a mãe;
    • Crescimento acelerado do cérebro e amadurecimento das primeiras funções vitais.

    Ao longo do primeiro trimestre, o bebê passa de milímetros nas primeiras semanas, menor que um grão de arroz, para cerca de dez centímetros ao completar doze semanas, alcançando aproximadamente vinte e oito gramas de peso.

    Exames recomendados no primeiro trimestre de gravidez

    O pré-natal deve começar assim que a gravidez for confirmada, pois os primeiros meses são decisivos para acompanhar a saúde da gestante e assegurar o desenvolvimento inicial do bebê.

    No início da gestação, alguns exames são necessários para identificar condições que precisam de acompanhamento mais próximo, orientar cuidados e estabelecer a idade gestacional com precisão. Entre os principais, destacamos:

    • Hemograma completo;
    • Tipagem sanguínea e fator Rh;
    • Glicemia de jejum;
    • Testes para HIV, sífilis, hepatites B e C;
    • Exame de urina (EAS);
    • Toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus (conforme orientação médica);
    • Ultrassom transvaginal inicial;
    • Triagem do primeiro trimestre (translucência nucal).

    Os exames ajudam a mapear fatores de risco logo no começo da gestação, contribuindo para um acompanhamento mais seguro ao longo dos meses seguintes.

    Cuidados do primeiro trimestre de gravidez

    Alguns cuidados ajudam a melhorar o conforto da gestante, reduzir desconfortos físicos e promover uma rotina mais tranquila enquanto o corpo se prepara para o parto, como:

    • Manter hidratação adequada, ingerindo entre 2 e 3 litros de água por dia, o que ajuda a melhorar a circulação, reduzir inchaço, evitar quedas de pressão e favorecer o funcionamento intestinal;
    • Fazer refeições leves, variadas e fracionadas, distribuindo alimentos ao longo do dia para diminuir azia, refluxo, estufamento e digestão lenta, muito comuns nessa fase;
    • Praticar atividade física segura, como caminhadas regulares, yoga prenatal, hidroginástica ou alongamentos orientados, que aliviam dores lombares, melhoram a mobilidade e reduzem sensação de peso nos quadris;
    • Dormir preferencialmente do lado esquerdo, posição que facilita o fluxo sanguíneo para o útero e melhora o retorno venoso, ajudando a diminuir inchaço e desconforto respiratório;
    • Usar roupas confortáveis e sapatos estáveis, evitando peças apertadas que aumentam a sensação de calor ou pressão e prevenindo quedas, que se tornam mais comuns com a alteração do centro de gravidade;
    • Alongar durante o dia, especialmente região lombar, quadris e pernas, para aliviar tensão muscular e rigidez decorrente do aumento do peso abdominal;
    • Elevar as pernas ao final do dia, usando travesseiros ou apoio para reduzir o inchaço e melhorar a circulação, principalmente em dias mais quentes ou de longos períodos em pé;
    • Não consumir nenhuma quantidade de álcool e não fumar;
    • Acompanhar o pré-natal rigorosamente, mantendo controle de pressão arterial, glicemia, crescimento fetal e posição do bebê, além de esclarecer dúvidas sobre sinais de trabalho de parto;
    • Praticar respiração profunda e técnicas de relaxamento, que ajudam a controlar a ansiedade, melhorar o sono e preparar o corpo para o processo do parto;
    • Organizar pausas ao longo do dia, respeitando limites do corpo e evitando longos períodos em pé ou esforços excessivos, que aumentam cansaço e pioram dores nas costas.

    Se a gestante perceber sintomas muito intensos, persistentes ou que atrapalham as atividades diárias, é importante comunicar ao médico imediatamente, porque sinais mais fortes podem indicar necessidade de acompanhamento mais próximo ou ajustes no plano de cuidados.

    Gestante pode fazer atividade física?

    A prática de atividades físicas está liberada durante a gravidez, desde que não seja exaustiva, segundo Andreia. Fazer exercícios moderados, como caminhadas, alongamentos e hidroginástica, ajuda na circulação, reduz desconfortos musculares, melhora o humor e favorece a qualidade do sono.

    O mais importante é respeitar os limites do corpo, evitar treinos de alta intensidade e suspender qualquer prática que provoque dor, falta de ar exagerada, tontura ou sangramento. O acompanhamento de um profissional também é recomendado para adaptar cargas e posturas conforme a gestação avança.

    Suplementação na gravidez

    Com a gravidez, a demanda por vitaminas e minerais aumenta para sustentar o desenvolvimento do bebê e manter o equilíbrio metabólico materno. Mesmo com alimentação adequada, nem sempre é possível atingir a quantidade ideal de micronutrientes apenas por meio da dieta, o que exige o uso de suplementos, indicados por um médico.

    Segundo Andreia, o ácido fólico deve ser iniciado idealmente três meses antes da gravidez, mas, se não ela não foi planejada, é iniciado no começo da gestação e mantido até o final do primeiro trimestre. Ele é importante para reduzir o risco de malformações do tubo neural, estrutura que dará origem ao cérebro e à coluna vertebral do feto.

    Apesar da alimentação ser fundamental, o aumento das demandas metabólicas na gestação faz com que, em alguns casos, seja difícil atingir todas as necessidades apenas pela dieta. Por isso, polivitamínicos podem ser utilizados como suporte adicional, sempre em doses baixas. Outras vitaminas, como vitamina D e vitamina B12, só são suplementadas quando exames apontam alguma deficiência.

    Sinais que exigem atenção médica no primeiro trimestre

    Nem toda gestante experimenta a gravidez da mesma forma, mas é importante procurar atendimento médico se notar:

    • Sangramento vaginal em qualquer quantidade;
    • Vômitos intensos, contínuos e incapacitantes, com dificuldade para se alimentar ou perda de peso;
    • Febre acima de 38ºC;
    • Dor ou queimação ao urinar, que pode indicar infecção urinária;
    • Corrimento com odor forte, coloração incomum ou coceira intensa;
    • Diminuição súbita dos sintomas típicos da gravidez acompanhada de mal-estar importante;
    • Palpitações, falta de ar que não melhora ou sensação de aperto no peito.

    Em gestantes que já apresentam condições de saúde pré-existentes, o aumento natural do volume sanguíneo durante a gravidez pode representar sobrecarga para órgãos que não estão funcionando plenamente. Por isso, o acompanhamento precisa ser mais frequente, garantindo segurança tanto para a mãe quanto para o feto.

    Veja mais: Toxoplasmose: entenda a importância de evitar a doença na gestação

    Perguntas frequentes sobre o primeiro trimestre de gravidez

    É normal sentir cólicas ou desconforto abdominal no começo da gravidez?

    As cólicas leves são muito comuns no primeiro trimestre de gravidez, pois o útero começa a se expandir, a musculatura se adapta e os ligamentos pélvicos se tornam mais elásticos.

    O incômodo costuma aparecer como uma pressão baixa no ventre, semelhante ao período menstrual. O que merece atenção é uma dor intensa, que impede os movimentos ou vem acompanhada de sangramento. Nesses casos, a orientação é procurar avaliação médica para descartar complicações.

    Por que o cansaço é tão intenso nas primeiras semanas?

    A fadiga das primeiras semanas acontece porque o metabolismo acelera para alimentar o embrião em formação, o volume sanguíneo começa a aumentar e a produção de hormônios atinge níveis muito altos.

    Tudo isso exige energia e faz com que atividades simples se tornem cansativas, então é comum muitas gestantes gostarem de um cochilo à tarde. O corpo redireciona prioridades biológicas e coloca o desenvolvimento fetal em primeiro lugar, o que explica a sensação constante de exaustão.

    Qual é o momento certo para iniciar o pré-natal?

    O pré-natal deve começar logo após o teste positivo, pois quanto mais cedo a primeira consulta ocorrer, melhor será o acompanhamento de exames, suplementação, investigação de doenças prévias e orientação sobre hábitos saudáveis. A fase inicial é decisiva, pois define parâmetros importantes como pressão, peso, exames laboratoriais e histórico de saúde.

    É normal não sentir sintomas nas primeiras semanas?

    Muitas mulheres passam o início da gestação sem sintomas marcantes, e a ausência de enjoo, dor mamária ou cansaço não indica problemas. Cada organismo reage de maneira diferente as mudanças hormonais — o que realmente importa é manter o acompanhamento pré-natal e realizar os exames solicitados.

    A partir de quando a barriga começa a aparecer?

    O crescimento abdominal varia bastante, mas no início da gestação o útero ainda está pequeno e protegido dentro da pelve. A maioria das mulheres nota apenas um inchaço discreto no baixo ventre, relacionado a retenção de líquidos e alterações intestinais.

    O aumento visível costuma surgir apenas no segundo trimestre, quando o útero ultrapassa a altura do osso púbico e começa a projetar o abdômen de forma mais evidente.

    Posso manter relações sexuais no início da gravidez?

    Se a gestação estiver evoluindo normalmente e o obstetra não tiver indicado restrições, a atividade sexual está liberada, desde que não haja dor, sangramento ou desconforto significativo.

    Em alguns casos, a oscilação hormonal pode aumentar a libido, mas em outros ela pode reduzi-la. Tudo depende da resposta individual e do bem-estar da gestante.

    O que fazer quando as náuseas atrapalham a alimentação?

    Quando as náuseas impedem a ingestão adequada de alimentos, a orientação é fracionar as refeições, preferir opções leves, evitar odores fortes e manter hidratação constante. Caso os vômitos sejam frequentes e causem perda de peso, o obstetra pode prescrever medicações seguras, ajustadas para cada quadro.

    Leia mais: Exames no pré-natal: entenda quais são e quando fazer

  • Palatinose (isomaltulose): o que é, para que serve e vale a pena utilizá-la?

    Palatinose (isomaltulose): o que é, para que serve e vale a pena utilizá-la?

    Cada vez mais presente em suplementos esportivos, a palatinose é vendida como uma alternativa a outros tipos de suplementos de carboidratos por oferecer energia de forma mais lenta e constante, evitando picos de glicemia e queda brusca de energia depois do consumo. Isso deve-se ao fato de a palatinose ser classificada como um carboidrato de baixo índice glicêmico,

    Mas será que faz sentido utilizá-la de fato? Conversamos com uma nutricionista e reunimos informações sobre o que é a palatinose, como ela age no organismo e se realmente há indicação para o seu uso. Confira!

    O que é palatinose (isomaltulose)?

    A palatinose, também chamada de isomaltulose, é um carboidrato do tipo dissacarídeo, formado pelas moléculas de glicose e frutose ligadas de maneira diferente da sacarose comum.

    Ela é encontrada naturalmente em pequenas quantidades no mel e em extratos da cana-de-açúcar, mas também pode ser produzida industrialmente a partir da sacarose extraída do açúcar de cana ou de beterraba, de acordo com a nutricionista Serena del Favero.

    Por causa da estrutura molecular, a palatinose é digerida de forma mais lenta pelo organismo, liberando energia de maneira gradual e estável, sem causar picos rápidos de glicose no sangue. Isso fez com que ela se popularizasse como uma alternativa em suplementos, bebidas esportivas e produtos para performance, embora, na prática, seus benefícios nem sempre sejam tão superiores quanto a teoria sugere.

    Como a palatinose age no organismo?

    A palatinose é um dissacarídeo formado por glicose e frutose, sendo mais resistente à digestão do que a da sacarose comum, o que retarda sua quebra e absorção. A digestão acontece no intestino delgado, de forma lenta e contínua, resultando em liberação gradual de glicose na corrente sanguínea.

    A digestão mais lenta evita os picos de glicose e de insulina que acontecem depois do consumo de carboidratos simples, como açúcar refinado, maltodextrina e dextrose.

    Apesar dos seus benefícios, o seu uso pode causar desconforto intestinal em algumas pessoas, como cólicas, gases e sensação de inchaço — principalmente quando consumida em grandes quantidades antes de treinos ou competições.

    E durante o exercício físico?

    De acordo com Serena, Apesar da palatinose ser um carboidrato de liberação lenta, que fornece energia de forma mais gradual, essa característica não se traduz em vantagens práticas durante o exercício

    “É verdade que a palatinose não causa picos rápidos de glicose nem de insulina em repouso. No entanto, durante o exercício (especialmente de alta intensidade), essa diferença não é relevante, pois a própria adrenalina liberada na atividade já causa uma queda na insulina, mesmo com a ingestão de carboidratos rápidos”, explica a especialista.

    Além disso, por ficar mais tempo no intestino antes de virar energia, a isomaltulose pode causar desconfortos como cólicas e distensão abdominal. Por isso, apesar das promessas, as pesquisas mostram que ela não traz vantagens reais de desempenho em comparação com carboidratos que são absorvidos mais rapidamente.

    Para que serve a palatinose?

    “A palatinose serve apenas como uma opção de carboidrato para a manutenção de energia, não sendo a mais indicada para o objetivo de recuperação muscular (após o exercício) e também não oferece um benefício comprovado de melhoria de performance”, aponta Serena.

    No caso de pessoas que praticam exercícios leves, a nutricionista explica que usar isomaltulose não faz sentido, já que a demanda de energia é baixa e pode ser facilmente atendida com uma alimentação equilibrada, sem a necessidade de suplementação — seja de palatinose ou de outros carboidratos rápidos.

    Diferenças entre palatinose e outros carboidratos

    A principal diferença entre a palatinose e outros carboidratos, como glicose, maltodextrina e dextrose, está na velocidade de digestão, estrutura química e no impacto sobre a glicemia. De acordo com Serena, é possível observar as seguintes características:

    • Glicose (dextrose): é o açúcar na forma mais simples, que o corpo absorve muito rápido, quase sem precisar digerir, o que faz o açúcar no sangue subir imediatamente;
    • Maltodextrina: é um carboidrato formado por pequenas cadeias de glicose. Apesar de parecer mais complexa, também é absorvida rapidamente e aumenta rápido a glicemia, quase como a glicose. A principal vantagem é que pode ser consumida em bebidas sem causar desconforto no estômago, mesmo em grandes quantidades;
    • Palatinose (isomaltulose): é um açúcar formado por duas moléculas (glicose e frutose) ligadas de forma mais resistente. Por isso, o corpo leva mais tempo para quebrá-la e absorvê-la. O resultado é uma liberação lenta e constante de energia, com baixo impacto na glicemia.

    Palatinose ajuda a emagrecer?

    A palatinose não é um produto para emagrecer. Ela não queima gordura, não acelera o metabolismo e não reduz calorias (tem as mesmas 4 kcal/g de qualquer carboidrato).

    E para pessoas que usam canetas emagrecedoras (Ozempic, Mounjaro)?

    A palatinose pode ser uma estratégia nutricional indicada para pessoas em uso de canetas emagrecedoras (agonistas de GLP-1, como Mounjaro ou Wegovy) antes dos treinos. Segundo Serena, ela pode estabilizar o fornecimento de energia em um contexto de ingestão calórica e de carboidratos reduzida, como ocorre frequentemente nessas pessoas.

    “Considerando que o uso de agonistas de GLP-1 pode causar fadiga aumentada, redução da capacidade de exercício e baixa ingestão alimentar, a palatinose surge como uma opção interessante por fornecer energia de liberação lenta e sustentada”, esclarece a nutricionista.

    No entanto, é importante destacar que não existem estudos específicos avaliando o uso da palatinose em combinação com agonistas de GLP-1. “Essa recomendação se baseia em extrapolação de mecanismos fisiológicos conhecidos, e não em evidências clínicas diretas”, complementa.

    Como consumir a palatinose?

    A palatinose pode ser encontrada em pó, seu sabor é suave e levemente adocicado, semelhante ao da sacarose, mas um pouco menos intenso.

    O seu consumo raramente é necessário em dietas equilibradas. “A recomendação de carboidratos pode ser facilmente alcançada por meio da alimentação tanto no pré quanto no pós-treino. Apenas atletas de alto rendimento, com treinos longos e de alta intensidade, costumam necessitar de suplementação. Nesse contexto, a suplementação deve ser avaliada individualmente”, finaliza Serena.

    Quais os possíveis efeitos colaterais?

    Como a palatinose é um carboidrato de digestão lenta, o tempo de permanência no intestino é maior, o que pode causar cólica abdominal e distensão abdominal.

    A tolerância varia conforme o indivíduo e a dose. A isomaltulose não costuma causar hipoglicemia nem picos glicêmicos abruptos, mas o uso em quantidades exageradas não traz benefícios adicionais.

    Existem contraindicações?

    A palatinose é segura para a maioria das pessoas, porém existem situações em que o uso deve ser evitado ou orientado por um profissional de saúde, como:

    • Pessoas com síndrome do intestino irritável ou distúrbios gastrointestinais;
    • Indivíduos com intolerância à frutose ou má absorção de carboidratos;
    • Uso sem necessidade metabólica;
    • Pacientes com diabetes sem acompanhamento nutricional ou médico;
    • Crianças, gestantes e lactantes;
    • Atletas com histórico de desconforto digestivo durante treinos;
    • Pessoas que fazem uso excessivo de suplementos energéticos.

    Vale lembrar que a palatinose não substitui uma alimentação equilibrada nem deve ser utilizada sem orientação adequada. A resposta do organismo varia conforme o metabolismo, o tipo de treino, o uso de medicamentos e a saúde intestinal de cada pessoa. Consulte um médico ou nutricionista antes de incluí-lo na rotina para avaliar se você realmente precisa dele.

    Veja também: Gorduras boas: como incluir na dieta de quem treina?

    Perguntas frequentes

    1. Palatinose engorda ou pode ser usada em dietas de emagrecimento?

    A palatinose não engorda por si só, mas também não é um produto para emagrecer. Ela tem as mesmas calorias de qualquer carboidrato (4 kcal por grama), então o que determina ganho ou perda de peso é o contexto da dieta como um todo.

    2. Palatinose é indicada para treinos em jejum?

    Para pessoas que treinam em jejum, principalmente aquelas que usam medicamentos emagrecedores ou têm baixa ingestão calórica, a palatinose pode ser uma alternativa, mas sem ganhos adicionais se comparado a outros carboidratos, para prevenir quedas bruscas de glicemia.

    No entanto, nem todos os organismos respondem da mesma forma, e algumas pessoas podem sentir desconforto intestinal ou indisposição. A prática de treino em jejum deve ser acompanhada de orientação nutricional.

    3. Quanto tempo a palatinose demora para fazer efeito no corpo?

    Após o consumo, a palatinose começa a ser digerida lentamente no intestino e libera glicose de forma gradual. A absorção pode começar entre 30 e 45 minutos após o consumo, e o efeito energético prolongado pode durar entre duas e quatro horas, dependendo da quantidade ingerida e do metabolismo individual.

    Diferente de carboidratos rápidos, como a glicose, que causam pico de energia imediato e queda logo em seguida, a palatinose proporciona uma curva glicêmica plana, mantendo energia estável por mais tempo.

    4. Palatinose pode substituir o café da manhã?

    Não! A palatinose sozinha não atende às necessidades nutricionais de uma refeição completa. O café da manhã deve fornecer proteínas, fibras, vitaminas e minerais para preparar o corpo e o cérebro para o dia.

    A palatinose pode ser utilizada como complemento energético, misturada em iogurtes, smoothies ou junto a frutas e proteínas. Em pessoas com baixa ingestão matinal, como aqueles que usam agonistas de GLP-1, ela pode ajudar a fornecer energia com baixo impacto glicêmico. No entanto, a substituição total do café da manhã por palatinose não é recomendada, pois gera déficit de nutrientes.

    5. Palatinose é segura para gestantes?

    Não existem estudos suficientes que confirmem se a palatinose é totalmente segura ou não durante a gestação, por isso o uso só deve acontecer com orientação médica. Durante a gravidez, o mais importante é manter uma alimentação variada, com alimentos in natura e nutritivos, como frutas, legumes e verduras, que ajudam no desenvolvimento do bebê e na saúde da mãe.

    Leia também: Projeto verão: dá para emagrecer rápido até o final do ano?

  • Trombose e embolia pulmonar são a mesma coisa? Conheça as diferenças

    Trombose e embolia pulmonar são a mesma coisa? Conheça as diferenças

    Ao contrário do que muitos pensam, a coagulação do sangue é um processo natural do organismo, responsável por conter sangramentos e permitir a cicatrização de ferimentos. Quando você corta o dedo, por exemplo, o corpo reage formando um coágulo que interrompe o sangramento. O problema é quando esse mecanismo ocorre sem motivo, dentro de uma veia saudável.

    De acordo com o cirurgião vascular Marcelo Dalio, quando o sangue coagula sem necessidade e bloqueia o vaso, ocorre um quadro de trombose, que pode provocar dor, inchaço e vermelhidão, principalmente nas pernas. E, em alguns casos, esse coágulo pode se soltar e seguir pela corrente sanguínea até o pulmão, onde bloqueia a passagem do sangue — é o que chamamos de embolia pulmonar.

    Apesar de estarem diretamente relacionadas, trombose e embolia pulmonar não são a mesma coisa e saber identificar as diferenças é importante para reconhecer os sinais de alerta e procurar ajuda a tempo. Entenda mais, a seguir!

    O que é trombose?

    A trombose ocorre quando um coágulo sanguíneo se forma em uma ou mais veias, impedindo o fluxo normal do sangue. O tipo mais comum é a Trombose Venosa Profunda (TVP), que costuma afetar as pernas, coxas e panturrilhas.

    Em alguns casos, o coágulo é pequeno e o próprio corpo consegue dissolvê-lo naturalmente. Mas, em situações mais sérias, o trombo pode crescer, causar inchaço, dor e até se desprender, viajando até órgãos vitais — o que resulta em uma embolia.

    A trombose costuma surgir após cirurgias, longos períodos de imobilização, gravidez, uso de anticoncepcionais hormonais ou presença de doenças crônicas. Ainda assim, qualquer pessoa pode desenvolver o problema quando existe predisposição genética ou a combinação de fatores de risco.

    Quais são os tipos de trombose?

    A trombose pode ser aguda ou crônica, dependendo da evolução do coágulo e da resposta do organismo:

    • Trombose aguda: ocorre de forma repentina e pode se resolver naturalmente, já que o corpo possui mecanismos para dissolver o trombo. Quando isso acontece sem sequelas, o paciente recupera a circulação normal;
    • Trombose crônica: acontece quando, durante a dissolução do coágulo, a estrutura das válvulas das veias é danificada. Isso compromete o retorno do sangue, gerando inchaço persistente, escurecimento da pele, varizes e, em casos mais avançados, feridas.

    Sintomas de trombose

    Em alguns casos, a trombose se desenvolve de forma silenciosa, sem sintomas, principalmente nas fases inicias. Mas quando os sintomas aparecem, é importante agir rápido. Os mais comuns incluem:

    • Dor ou sensação de peso na perna (geralmente em apenas um lado);
    • Calor e vermelhidão local;
    • Inchaço que piora com o passar do dia;
    • Endurecimento da musculatura da panturrilha.

    A condição também é conhecida como “trombose do viajante”, porque pode surgir após longos períodos sentado, como em viagens de avião, ônibus ou carro. Nessas situações, a falta de movimentação faz com que o sangue circule mais devagar nas pernas, favorecendo a formação de coágulos.

    Por isso, o problema é relativamente comum em pessoas que passam muitas horas em voos internacionais ou trabalham em posições fixas.

    O que é embolia pulmonar?

    A embolia pulmonar é uma condição potencialmente fatal que ocorre quando um coágulo bloqueia uma ou mais artérias do pulmão, dificultando a passagem do sangue e a oxigenação do corpo. Isso aumenta a pressão sobre o coração e pode levar à insuficiência cardíaca ou parada cardiorrespiratória.

    Na maioria dos casos, a embolia pulmonar ocorre como consequência direta da trombose venosa profunda — quando um coágulo se forma nas veias das pernas e, posteriormente, se desprende, migrando até os pulmões.

    O tromboembolismo venoso é a terceira principal causa de morte cardiovascular, ficando atrás apenas do infarto e do AVC. A gravidade da embolia depende do tamanho e da quantidade de artérias pulmonares obstruídas. Quando a obstrução é grande, a primeira manifestação pode ser parada cardíaca e morte súbita, o que reforça a importância do diagnóstico precoce.

    Sintomas de embolia pulmonar

    Os sintomas da embolia pulmonar variam conforme a extensão do bloqueio, mas alguns sinais merecem atenção imediata, como:

    • Falta de ar súbita (mesmo em repouso);
    • Dor no peito, que piora ao tossir, espirrar ou inspirar fundo;
    • Tosse com sangue;
    • Tontura, palpitação e desmaio;
    • Batimentos acelerados;
    • Febre e suor excessivo;
    • Dor ou inchaço nas pernas (indicando trombose associada).

    Em 25% dos casos graves, a embolia pulmonar se manifesta diretamente como uma parada cardíaca — e, nesses casos, é muito importante que o atendimento médico seja imediato.

    O que aumenta os riscos de trombose e embolia pulmonar?

    Qualquer pessoa pode desenvolver coágulos, mas alguns fatores aumentam muito as chances. Entre os principais:

    • Ficar muito tempo parado (viagens longas, repouso hospitalar ou pós-cirurgia);
    • Cirurgias grandes, principalmente ortopédicas, ginecológicas ou oncológicas;
    • Uso de anticoncepcionais hormonais ou terapia de reposição hormonal;
    • Gravidez e pós-parto;
    • Varizes e insuficiência venosa;
    • Tabagismo;
    • Obesidade e sedentarismo;
    • Idade avançada;
    • Histórico familiar de trombose;
    • Câncer ou quimioterapia;
    • Doenças cardíacas e distúrbios de coagulação.

    Durante a gestação, por exemplo, o peso do bebê e as mudanças hormonais dificultam o retorno do sangue das pernas, favorecendo a formação de trombos. Já os anticoncepcionais aumentam o risco por alterarem a viscosidade do sangue.

    Trombose e embolia pulmonar: quais as diferenças?

    Trombose Embolia pulmonar
    Definição Formação de um coágulo sanguíneo (trombo) dentro de uma veia, normalmente nas pernas Bloqueio de uma ou mais artérias do pulmão causado por um coágulo que se desprendeu da trombose
    Causa principal Cirurgias, imobilização prolongada, uso de anticoncepcionais, gestação tabagismo e obesidade Deslocamento de um coágulo formado na trombose venosa profunda até o pulmão
    Local mais comum Veias profundas das pernas e coxas Artérias pulmonares
    Sintomas principais Dor, inchaço, calor e vermelhidão na perna (geralmente em apenas um lado) Falta de ar súbita, dor no peito, tosse com sangue, palpitação e tontura
    Risco imediato Pode evoluir para uma embolia se o coágulo se desprender Pode causar insuficiência respiratória e morte súbita

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico de trombose e embolia pulmonar começa com a avaliação dos sintomas e do histórico do paciente. No caso da trombose venosa profunda, o médico observa sinais como dor, inchaço, calor e vermelhidão na perna. Depois, costuma pedir um exame de ultrassom com doppler, de acordo com Marcelo, que mostra se há algum coágulo bloqueando a circulação nas veias.

    Já a embolia pulmonar é mais grave e costuma causar falta de ar repentina, dor no peito e sensação de desmaio. O diagnóstico envolve exames de imagem, como tomografia do tórax, que mostra se há um coágulo obstruindo as artérias do pulmão. De acordo com o cirurgião vascular, o ultrassom não é capaz de alcançar o pulmão.

    Tratamentos para trombose e embolia pulmonar

    O tratamento precisa começar imediatamente após o diagnóstico, pois quanto antes for iniciado, menores os riscos de complicações.

    Trombose

    No caso da trombose, o principal objetivo é impedir o crescimento do coágulo e evitar que ele se desprenda, o que poderia causar uma embolia pulmonar. Segundo Marcelo, é feito o uso de anticoagulantes, que impedem a formação de novos coágulos.

    Alguns pacientes podem precisar de filtros na veia cava, a principal veia do abdômen, que funcionam como uma barreira para evitar que coágulos das pernas cheguem aos pulmões. O uso de meias de compressão também é uma medida importante, pois melhora a circulação nas pernas, reduz o inchaço e ajuda no retorno venoso.

    Embolia pulmonar

    Quando o quadro evolui para uma embolia pulmonar, o tratamento se torna uma emergência. O uso de anticoagulantes continua sendo a principal abordagem, mas em doses mais altas, para impedir a formação de novos coágulos e facilitar a dissolução dos existentes.

    Em casos críticos, são usados trombolíticos, medicamentos capazes de dissolver o coágulo rapidamente, restabelecendo o fluxo de sangue para o pulmão. Em situações extremas, quando o trombo é volumoso e o paciente corre risco de vida, pode ser necessário realizar cateterismo ou cirurgia para remover o bloqueio.

    Em pacientes de alto risco, especialmente internados por longos períodos, os anticoagulantes podem ser administrados de forma profilática (ou seja, preventiva) para evitar a formação de trombos. No entanto, ele alerta que o uso desses medicamentos deve sempre ocorrer sob supervisão médica rigorosa, já que o uso inadequado pode causar sangramentos importantes.

    É possível prevenir?

    A melhor forma de evitar tanto a trombose quanto a embolia pulmonar é manter o corpo em movimento e cultivar hábitos saudáveis, como:

    • Levantar-se e andar a cada 1 hora se ficar muito tempo sentado;
    • Fazer alongamentos nas pernas, especialmente em viagens longas;
    • Usar meias elásticas, com orientação médica, para melhorar o retorno venoso;
    • Beber bastante água e evitar álcool em excesso;
    • Controlar o peso e parar de fumar;
    • Praticar atividades físicas regularmente.

    Por fim, é fundamental aprender a reconhecer sinais como dor repentina na perna, inchaço, calor local ou falta de ar súbita. Procurar ajuda médica imediata diante desses sintomas é a melhor forma de evitar que um quadro de trombose evolua para uma embolia pulmonar.

    Confira: Sente pernas pesadas no fim do dia? Confira dicas para aliviar

    Perguntas frequentes

    A trombose pode acontecer em pessoas jovens e saudáveis?

    Sim! Apesar de ser mais comum em idosos, gestantes ou pessoas com doenças crônicas, a trombose também pode atingir jovens aparentemente saudáveis. O risco aumenta quando há longos períodos de imobilidade — como passar horas estudando ou jogando sentado, viagens longas, ou mesmo durante o uso de anticoncepcionais hormonais.

    Além disso, fatores genéticos, como a predisposição à hipercoagulabilidade (tendência do sangue a coagular mais facilmente), podem causar trombose em pessoas sem outros problemas de saúde.

    Uma trombose superficial pode virar uma embolia pulmonar?

    É bem raro, mas pode acontecer. A trombose superficial se forma em veias logo abaixo da pele, geralmente associada a varizes. Por estar mais próxima da superfície, ela costuma ter menor risco de gerar êmbolos (fragmentos de coágulo que se deslocam).

    No entanto, se a inflamação alcançar veias mais profundas e houver comunicação entre elas, o trombo pode migrar para o sistema venoso profundo e, dali, para o pulmão. Por isso, até tromboses aparentemente leves merecem avaliação médica.

    Viagens longas realmente causam trombose?

    Sim, podem causar trombose pois ficar sentado por muitas horas, especialmente com os joelhos dobrados e pouca movimentação, dificulta o retorno do sangue das pernas para o coração. A falta de mobilidade facilita a formação de coágulos — daí o nome “trombose do viajante”.

    O risco aumenta em voos internacionais, motoristas de longa distância e passageiros de ônibus ou carros que passam horas sem se levantar. O ideal é se movimentar a cada 1 ou 2 horas, fazer rotações nos tornozelos e manter boa hidratação durante o trajeto.

    O que é síndrome pós-trombótica?

    É uma complicação que pode surgir meses após uma trombose venosa profunda. Mesmo com o coágulo dissolvido, as válvulas das veias podem ficar danificadas, dificultando o retorno do sangue. O resultado é inchaço persistente, dor, sensação de peso nas pernas e escurecimento da pele.

    Em casos avançados, surgem feridas difíceis de cicatrizar. O uso de meias elásticas e o acompanhamento com angiologista ajudam a controlar o problema.

    Por que o anticoncepcional aumenta o risco de trombose?

    O anticoncepcional aumenta o risco de trombose principalmente por causa do estrogênio, um dos hormônios presentes na maioria das pílulas combinadas. Ele altera o equilíbrio natural do sangue, aumentando a produção de proteínas que favorecem a coagulação e reduzindo outras que ajudam a dissolver coágulos. O resultado é um sangue mais “espesso”, com maior tendência a formar trombos dentro das veias — especialmente nas pernas.

    Além disso, o estrogênio pode afetar as paredes dos vasos sanguíneos, deixando-as mais suscetíveis à inflamação e ao acúmulo de coágulos. Por isso, o uso de anticoncepcionais hormonais deve sempre ser avaliado de forma individual, levando em conta o histórico familiar, a idade e o estilo de vida da pessoa.

    Leia mais: Trombose do viajante: o que é, sintomas, causas e como evitar

  • Como pensamentos automáticos influenciam suas escolhas de saúde 

    Como pensamentos automáticos influenciam suas escolhas de saúde 

    Nos bastidores das nossas decisões diárias, como o que comer, a hora de dormir, se vale ou não tomar um remédio, existe um mecanismo discreto que influencia muito mais do que parece: os pensamentos automáticos distorcidos da realidade, chamados de erros cognitivos. Eles surgem de forma instantânea, quase invisível, e moldam comportamentos, emoções e até nossa relação com a própria saúde.

    Criados para nos proteger de perigos reais, como acontecia com o homem das cavernas diante de um predador, esses pensamentos hoje são ativados em situações corriqueiras, como entrevistas de emprego ou consultas médicas, e podem gerar ansiedade, medo e procrastinação.

    O médico especializado em medicina comportamental e fundador do Instituto CALM, Marcelo Dratcu, conta que, quando não são reconhecidos, esses padrões mentais podem comprometer desde o sono e a alimentação até a adesão a tratamentos importantes.

    Porém, dá para identificar, compreender e treinar a mente para que esses pensamentos deixem de sabotar o corpo e se tornem aliados da saúde.

    O que são erros cognitivos e pensamentos automáticos

    Os chamados erros cognitivos são aquelas ideias espontâneas distorcidas da realidade que aparecem de repente, sem aviso. Segundo o médico Marcelo Dratcu, eles nascem do nosso “modo de sobrevivência” — o sistema córtico-talâmico-adrenal, que compreende um conjunto de estruturas cerebrais, como o sistema límbico, as amígdalas e o hipocampo, e é programado para reagir rapidamente diante de ameaças.

    No passado, ver um predador exigia fugir ou lutar, e o corpo reagia com aceleração do coração, tensionamento muscular, suor, dilatação das pupilas e um estado de alerta total. Hoje, o mesmo mecanismo aparece em situações sem risco real, como uma entrevista de emprego.

    “A pessoa está sentada, mas o cérebro age como se houvesse um leão por perto”, diz o médico. O elo entre o que acontece e a reação é o pensamento que se forma: “se eu não passar, não pago as contas e vou fracassar”.

    Essas reações são úteis quando há perigo, mas em geral viram atalhos mentais negativos — os chamados erros cognitivos. Segundo o especialista, eles moldam nossas escolhas, influenciam a forma de cuidar da saúde e podem até sabotar o tratamento de doenças.

    Exemplos de pensamentos automáticos

    O médico cita três distorções muito comuns:

    • Pressuposição: “Meu colega não me cumprimentou, deve estar com raiva de mim”;
    • Adivinhação: “Esse exame vai dar ruim, tenho certeza”;
    • Personalização: “Toda vez que eu vou à praia, chove”.

    Esses pensamentos surgem com aparência de verdade, mas raramente refletem a realidade. Eles são uma tentativa mal-adaptada do cérebro de proteger o indivíduo e acabam gerando ansiedade, estresse e decisões inadequadas.

    Como eles interferem no corpo e nos hábitos

    Os pensamentos automáticos podem afetar áreas básicas da rotina:

    • Sono: ideias como “dormir é perda de tempo” e preocupações constantes mantêm o cérebro em alerta, dificultando o descanso;
    • Alimentação: o estresse e a ansiedade aumentam a busca por comidas que trazem conforto, como doces e ultraprocessados, além de reforçar mitos que impedem escolhas equilibradas;
    • Atividade física: crenças negativas como “não vou dar conta” e “não é pra mim” criam barreiras antes mesmo de começar.

    Quando eles atrapalham a adesão a tratamentos

    Pensamentos automáticos também interferem na adesão aos cuidados com a saúde e condutas médicas. Alguns exemplos reais citados pelo médico:

    • “Se eu começar esse remédio, nunca mais vou parar”;
    • “Ouvi dizer que tem muito efeito colateral”;
    • “Esse remédio vai baixar minha pressão, então não vou tomar”.

    Muitos pacientes também são influenciados por boatos e desinformação, como ocorreu no período da vacinação contra a covid-19. O medo se estende a exames e procedimentos: há quem evite cirurgias por imaginar o pior, quem rejeite o CPAP por achar que não vai dormir e quem tema a ressonância magnética por medo de ficar sem ar.

    Tudo isso leva à interrupção de tratamentos e à piora de doenças crônicas, como diabetes e pressão alta.

    Como identificar e corrigir esses padrões

    Do ponto de vista clínico, o médico é direto: só um profissional experiente na área comportamental consegue avaliar corretamente e nomear o tipo de pensamento distorcido. Familiares e colegas, porém, podem ficar atentos a alguns sinais de alerta:

    • A pessoa evita algo que claramente a ajudaria, como exame, consulta ou uso de CPAP;
    • Muda rotinas ou cria desculpas para adiar;
    • Demonstra medo desproporcional e irritação ao falar do assunto.

    Esses comportamentos são sinais de que o pensamento automático distorcido pode estar ditando o comportamento.

    Técnicas que ajudam a driblar o pensamento automático

    O médico lista as abordagens que utiliza em consultório:

    • Reestruturação cognitiva: reconhecer o pensamento distorcido e substituí-lo por uma interpretação mais realista;
    • Aceitação e Compromisso (ACT) e atenção plena: ajudam a lidar com emoções difíceis e agir de acordo com valores pessoais;
    • Estratégias somáticas, como biofeedback de variabilidade da frequência cardíaca (HRV): sensores medem a resposta do corpo ao estresse e permitem treinar o controle fisiológico com jogos interativos.

    Segundo ele, o biofeedback não serve apenas para avaliar, mas também como uma forma de treinar o corpo e a mente ao identificar a estratégia que realmente funciona para cada pessoa.

    Por onde começar

    Reconhecer um pensamento automático já é um primeiro passo. O médico sugere nomear o que vem à mente, checar evidências e buscar uma interpretação mais realista. Se o corpo reagir, faça uma pausa, respire, beba água e caminhe, pois pequenas ações quebram o ciclo do estresse.

    Quando o padrão é frequente ou causa prejuízo, ele recomenda buscar acompanhamento especializado, especialmente com profissionais da ciência comportamental na saúde, com expertise em terapias cognitivo-comportamentais, racional-emotiva, ACT ou biofeedback.

    Leia mais: 7 dicas de um médico para ser mais produtivo e ter menos estresse

    Perguntas frequentes sobre pensamentos automáticos

    1. Pensamentos automáticos são sempre negativos?

    Não, mas os que atrapalham costumam ser. O médico cita adivinhação, personalização e pressuposição como os principais.

    2. Eles podem tirar meu sono?

    Sim. Distorções mantêm o cérebro em alerta, dificultando dormir, e isso piora tudo no dia seguinte.

    3. Como saber se estou evitando alguma coisa por medo?

    Observe esquivas sem explicação (adiar exame, fugir de consulta), medos excessivos incomuns e padrões repetidos. Familiares e colegas podem notar.

    Confira: Dopamina: como ela pode ser responsável pelas suas decisões

  • A dor nas costas te acompanha? Entenda mais sobre lombalgia e veja o que fazer 

    A dor nas costas te acompanha? Entenda mais sobre lombalgia e veja o que fazer 

    A lombalgia, popularmente conhecida como dor na parte baixa das costas, está entre as queixas de saúde mais frequentes no Brasil e no mundo. Ela pode surgir de forma repentina, após um esforço maior, ou aparecer aos poucos, comprometendo atividades simples do dia a dia, como amarrar o sapato, levantar da cama ou ficar sentado por muito tempo.

    Embora seja comum, a lombalgia nem sempre tem uma causa única e, na maioria das vezes, não é grave. Ainda assim, entender seus sinais, saber identificar quando a dor representa um alerta e conhecer as opções de tratamento ajuda a evitar limitações e manter uma vida mais ativa e funcional.

    O que é lombalgia?

    A lombalgia é o nome dado à dor na região lombar, a parte baixa das costas. A intensidade varia de leve a incapacitante, e ela pode afetar adultos de qualquer idade.

    Por que a lombalgia acontece?

    A coluna lombar reúne estruturas importantes, como ossos, músculos, articulações, discos, ligamentos e nervos, e sustenta grande parte do peso do corpo. Por isso, diferentes fatores podem causar dor na região.

    Principais causas:

    • Esforço físico excessivo
    • Postura ruim
    • Sedentarismo
    • Movimentos repetitivos
    • Carregar peso de forma incorreta
    • Tensão muscular

    Na maioria dos casos, trata-se de distensão muscular ou sobrecarga articular, condições que costumam melhorar com cuidados simples.

    Como é a dor?

    A lombalgia pode se manifestar como:

    • Dor localizada na parte baixa das costas
    • Sensação de peso, queimação ou rigidez
    • Piora ao ficar sentado muito tempo ou ao carregar peso
    • Melhora com descanso ou mudança de posição

    Quando a dor irradia para a perna, descendo pela coxa até o pé, pode indicar irritação de nervo, como ocorre na dor no nervo ciático.

    Sinais de alerta

    Procure atendimento médico rápido se houver:

    • Febre
    • Perda de força nas pernas
    • Formigamento ou perda de sensibilidade na região genital
    • Incontinência urinária ou fecal
    • Trauma importante
    • História de câncer
    • Perda de peso inexplicada
    • Dor muito intensa e incapacitante

    Diagnósticos diferenciais

    A lombalgia pode ter diversas causas. Entre as principais:

    1. Causas músculo-esqueléticas (mais comuns)

    • Distensão muscular
    • Entorse ligamentar
    • Espasmo muscular
    • Artrose da coluna
    • Hérnia de disco
    • Degeneração dos discos intervertebrais

    2. Compressão ou irritação de nervos

    • Ciatalgia
    • Estenose do canal vertebral
    • Hérnia de disco com compressão nervosa

    3. Problemas articulares da coluna

    • Sacroileíte
    • Facetopatia

    4. Causas não relacionadas à coluna

    • Cálculo renal
    • Infecção urinária
    • Endometriose
    • Aneurisma de aorta abdominal
    • Pancreatite

    Diagnóstico

    O diagnóstico é principalmente clínico, baseado na história e no exame físico. Exames de imagem (raio-X, tomografia, ressonância) são usados apenas quando há sinais de alerta, dor que não passa e suspeita de causas específicas.

    Tratamento

    O cuidado com a lombalgia inclui abordagens com uso de remédios e sem uso deles.

    Medidas gerais

    • Descanso relativo
    • Correções posturais
    • Ajustes na movimentação
    • Compressas mornas

    Fisioterapia

    • Alongamentos
    • Fortalecimento
    • Orientações posturais

    Atividade física

    • Caminhadas
    • Pilates
    • Musculação ou exercícios de fortalecimento com supervisão

    Medicamentos

    Com indicação médica:

    • Analgésicos
    • Anti-inflamatórios
    • Relaxantes musculares (em casos selecionados)

    Tratamentos específicos

    • Hérnia de disco: fisioterapia, analgesia; cirurgia em casos selecionados
    • Ciatalgia: medidas para descompressão nervosa
    • Causas não lombares: tratamento específico conforme a doença que causou a dor

    Prevenção

    • Fazer atividade física regular
    • Manter boa postura no trabalho
    • Fazer pausas durante longos períodos sentado
    • Evitar carregar peso de forma errada
    • Fortalecer abdômen e musculatura lombar

    Quando buscar atendimento médico?

    • Dor por mais de 4 semanas
    • Dor que piora mesmo com cuidados
    • Presença de sinais de alerta
    • Dor irradiada com dormência ou fraqueza
    • Febre, alteração urinária ou dor súbita intensa

    Leia mais: Quando a dor nas costas pode ser preocupante? Entenda os sinais de alerta

    Perguntas frequentes sobre lombalgia

    1. A lombalgia sempre significa problema na coluna?

    Não. Em muitos casos, a dor é muscular. Outras doenças, como cálculos renais ou endometriose, também podem causar dor lombar.

    2. Preciso fazer ressonância sempre que tenho dor nas costas?

    Não. A maioria dos casos melhora sem exames. Eles só são necessários quando há sinais de alerta ou dor persistente.

    3. Trabalhar sentado piora a lombalgia?

    Pode piorar, principalmente se houver má postura ou longos períodos sem pausas.

    4. Exercício faz bem para quem tem lombalgia?

    Sim. Atividade física regular fortalece a musculatura e reduz o risco de novas crises.

    5. A dor no nervo ciático é a mesma coisa que lombalgia?

    Não. A lombalgia é dor na região lombar; a dor no nervo ciático é dor irradiada pela perna devido à irritação do nervo ciático.

    6. Compressa quente ou fria?

    Geralmente quente para relaxar a musculatura. Mas o médico ou fisioterapeuta pode orientar conforme a causa.

    7. Lombalgia pode virar algo grave?

    Na maioria das vezes, não. Mas sinais de alerta exigem avaliação médica imediata.

    Leia também: O que é e como aliviar a dor no nervo ciático