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  • Artrite psoriásica: quando a psoríase atinge as articulações

    Artrite psoriásica: quando a psoríase atinge as articulações

    A artrite psoriásica tem chamado cada vez mais atenção de especialistas e pacientes, especialmente porque muitas pessoas convivem com a psoríase por anos sem imaginar que a inflamação da pele também pode atingir articulações e tendões.

    A doença surge em pessoas que já têm psoríase ou que apresentam predisposição genética para desenvolvê-la. Nem todos com psoríase terão artrite psoriásica, mas entre 20% e 30% podem apresentar inflamação nas articulações, tendões e outras estruturas. A boa notícia é que hoje existem diversas terapias eficazes para controlar a progressão e aliviar os sintomas.

    O que é artrite psoriásica?

    A artrite psoriásica é uma inflamação autoimune que afeta articulações, tendões e outros tecidos, aparecendo em pessoas que têm psoríase, uma doença que causa manchas vermelhas e descamação na pele. É mais comum em adultos e tem forte influência genética.

    Quando o processo inflamatório ultrapassa a pele e chega às articulações, aparecem dor, inchaço e rigidez, sintomas que podem variar de leves a mais intensos.

    Principais sintomas

    Artrite

    Inchaço, dor e rigidez articular, geralmente envolvendo poucas articulações no início. Pode afetar dedos, joelhos, tornozelos, entre outras regiões.

    Tendinite

    Inflamação nos tendões, especialmente os envolvidos em movimentos repetitivos.

    Dactilite

    Inchaço importante dos dedos das mãos ou dos pés, o que gera um aspecto de “dedo em salsicha”.

    Lesões nas unhas

    Unhas irregulares, quebradiças, com manchas ou descolamento.

    Alterações oculares

    Pode causar uveíte, que provoca dor, vermelhidão, sensibilidade à luz e visão borrada.

    Causas

    A doença resulta da combinação entre predisposição genética e fatores ambientais.

    Predisposição genética

    Histórico familiar de psoríase ou artrite psoriásica aumenta o risco.

    Gatilhos ambientais

    Infecções, estresse físico ou emocional podem desencadear o processo inflamatório. Após o gatilho, o sistema imune passa a agir de forma exagerada e promove inflamação contínua na pele, nos tendões e nas articulações.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas e no histórico de psoríase.

    Exames úteis

    • Exames de sangue: mostram inflamação e ausência de anticorpos de outras doenças reumatológicas (a artrite psoriásica é soronegativa).
    • Exames de imagem: raio-X, ressonância ou tomografia revelam desgaste articular e inflamação.
    • Análise do líquido articular: ajuda a descartar infecções ou outras artrites.

    Tratamento

    Medidas não medicamentosas

    • Fisioterapia
    • Exercícios físicos
    • Parar de fumar
    • Compressas mornas

    Casos leves

    Anti-inflamatórios podem controlar dor e inchaço.

    Casos moderados a graves

    Podem exigir:

    • Imunossupressores
    • Terapias biológicas

    Cirurgia

    Indicada quando há lesão articular grave ou ruptura de tendões.

    Seguimento

    O acompanhamento contínuo com reumatologista é essencial para:

    • Ajustar o tratamento
    • Monitorar efeitos colaterais
    • Evitar danos permanentes nas articulações
    • Prevenir complicações sistêmicas

    Com tratamento adequado, a maioria das pessoas consegue manter autonomia e qualidade de vida.

    Veja mais: Psoríase: entenda a doença de pele que vai muito além da aparência

    Perguntas frequentes sobre artrite psoriásica

    1. A artrite psoriásica tem cura?

    Não. Mas pode ser controlada com tratamento contínuo.

    2. Toda pessoa com psoríase desenvolve artrite psoriásica?

    Não. Apenas 20% a 30% dos pacientes evoluem para artrite.

    3. A doença é igual à artrite reumatoide?

    Não. São doenças diferentes, com mecanismos e tratamentos distintos.

    4. Exercícios fazem mal?

    Não. Atividade física orientada ajuda a reduzir dor e rigidez, desde que bem indicada pelo médico.

    5. O estresse piora a doença?

    Sim. Pode aumentar a inflamação e desencadear crises.

    6. Como saber se a dor na articulação é causada pela psoríase?

    O reumatologista avalia sintomas, exames e histórico clínico para fazer o diagnóstico.

    7. A doença pode afetar os olhos?

    Sim. A uveíte é uma complicação possível e precisa de tratamento rápido.

    Confira: Artrite ou artrose? Conheça as diferenças entre as doenças

  • Cristais nas articulações: entenda o que é a pseudogota 

    Cristais nas articulações: entenda o que é a pseudogota 

    Embora o nome soe incomum, a pseudogota é uma causa frequente de dor e inflamação nas articulações, principalmente em pessoas mais velhas. Muitas vezes, ela é confundida com gota ou artrite reumatoide, já que os sintomas podem ser parecidos, como inchaço, calor no local e dificuldade para movimentar a articulação afetada.

    Mas a pseudogota tem suas próprias características e exige atenção específica. Quando diagnosticada corretamente, o tratamento costuma ser eficaz, seja para aliviar crises agudas, seja para controlar a doença em sua forma crônica. Entender como ela se manifesta e quais são as opções de cuidado ajuda pacientes e familiares a lidar melhor com os episódios de dor e com o impacto no dia a dia.

    O que é a pseudogota?

    A pseudogota é uma doença causada pela deposição de cristais de pirofosfato de cálcio nas articulações, provocando inflamação e artrite. O nome popular vem da semelhança dos sintomas com os da gota, embora as duas condições sejam diferentes.

    Ela ocorre com mais frequência em idosos e afeta homens e mulheres de maneira semelhante.

    Principais sintomas

    Os sintomas variam desde quadros assintomáticos até formas mais crônicas e incapacitantes.

    Doença assintomática

    A pessoa não apresenta dor ou inflamação, mas exames — como radiografia — mostram condrocalcinose, depósito visível dos cristais na cartilagem.

    Artrite aguda

    • Inchaço da articulação
    • Vermelhidão
    • Calor local
    • Dor intensa
    • Limitação de movimento

    A articulação mais acometida é o joelho, mas punhos, tornozelos, ombros, pés e cotovelos também podem ser afetados.

    Artrite crônica

    Semelhante à artrite reumatoide:

    • Rigidez matinal
    • Fadiga
    • Inchaço persistente
    • Redução da mobilidade

    Pode atingir várias articulações ao mesmo tempo. Mesmo na forma crônica, podem ocorrer crises agudas.

    Osteoartrite

    A inflamação constante e a deposição de cristais desgastam progressivamente a articulação, contribuindo para quadros de osteoartrite.

    Causas

    A pseudogota surge quando há excesso de produção ou falha na metabolização do pirofosfato, levando ao depósito dos cristais dentro das articulações.

    Ela pode aparecer isoladamente, mas também está associada a algumas doenças:

    • Hemocromatose
    • Hiperparatireoidismo
    • Gota
    • Distúrbios metabólicos

    Também pode ter origem genética, aumentando o risco em pessoas com familiares diagnosticados.

    Diagnóstico

    O diagnóstico deve ser considerado principalmente em idosos com quadro súbito de artrite.

    Os principais métodos são os abaixo.

    Análise do líquido sinovial

    É o exame mais importante. A presença de cristais com birrefringência positiva confirma a pseudogota e diferencia da gota.

    Exames de imagem

    • Radiografia: mostra condrocalcinose e desgaste articular.
    • Ultrassonografia: identifica depósitos de cristais em cartilagens e tendões.

    Avaliação clínica

    Inclui histórico dos sintomas e exclusão de outras causas de artrite.

    Tratamento

    O tratamento depende da fase da doença: crise aguda ou forma crônica.

    Durante crises agudas

    • Corticoides (como prednisona)
    • Anti-inflamatórios não esteroidais
    • Corticoide intra-articular (quando infecção for excluída)
    • Repouso e compressas frias

    Prevenção de crises

    Para pessoas que têm episódios frequentes, há um anti-inflamatório específico que ajuda a evitar as crises, mas somente o médico poderá indicar.

    Nos casos crônicos

    • Anti-inflamatórios contínuos
    • Imunossupressores, como hidroxicloroquina e metotrexato, quando necessário

    O tratamento é individualizado e depende da gravidade do quadro.

    Prognóstico

    A maioria das crises tem melhora rápida após o início do tratamento. Nos casos crônicos, pode haver impacto na mobilidade e nas atividades diárias, mas a doença costuma ser controlável com acompanhamento adequado.

    Leia também: Artrite reumatoide: o que é, sintomas, diagnóstico e tratamento

    Perguntas frequentes sobre pseudogota

    1. A pseudogota é a mesma coisa que gota?

    Não. Apesar de sintomas semelhantes, a gota envolve cristais de ácido úrico; a pseudogota, cristais de pirofosfato de cálcio.

    2. A pseudogota tem cura?

    Não, mas as crises podem ser bem controladas com tratamento.

    3. É uma doença comum em jovens?

    Não. Ela é mais frequente em idosos.

    4. A pseudogota pode virar artrite reumatoide?

    Não. São doenças diferentes, embora a forma crônica possa se parecer com ela.

    5. Radiografia sempre mostra pseudogota?

    Não sempre, mas os depósitos de cálcio nas cartilagens das articulações é um achado frequente.

    6. A pseudogota é hereditária?

    Pode ser. Algumas famílias têm predisposição genética.

    Confira: Gota: quando o ácido úrico causa inflamação nas articulações

  • Quem tem problemas cardíacos pode fazer musculação? Cardiologista responde

    Quem tem problemas cardíacos pode fazer musculação? Cardiologista responde

    A musculação é uma prática que usa movimentos repetidos para trabalhar vários grupos musculares, aumentando a carga e a intensidade aos poucos. Ela ajuda a fortalecer o corpo, melhorar a circulação, controlar a pressão arterial e reduzir o esforço que o coração precisa fazer nas tarefas diárias.

    Mas, por ser uma atividade que exige aumento gradual de força e esforço físico, é comum ter dúvida se quem tem problemas cardíacos pode fazer musculação. Afinal, ela segura para pessoas com problemas cardíacos, como pressão alta, arritmias, insuficiência cardíaca, histórico de infarto ou doença arterial coronariana?

    Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender as principais orientações. Confira!

    Pessoas com problemas cardíacos podem fazer musculação?

    Pessoas com problemas cardíacos podem fazer musculação, e em muitos casos o treino é até recomendado como parte do tratamento.

    A musculatura enfraquecida aumenta o esforço que o coração precisa fazer nas atividades do dia a dia, porque o corpo passa a depender mais do sistema cardiovascular para compensar a falta de força.

    Isso acontece devido à perda de massa muscular, chamada de sarcopenia, que funciona como um fator de risco extra para quem já tem alguma doença cardíaca.

    Quando o corpo ganha força e os músculos ficam mais eficientes, o retorno do sangue para o coração melhora e as tarefas diárias se tornam menos exigentes do ponto de vista cardiovascular. Por isso, o fortalecimento muscular traz benefícios diretos para quem convive com cardiopatias.

    Segundo Juliana, se a pessoa está estável, sem sintomas descompensados e sem sinais que exijam intervenções imediatas, a musculação geralmente é indicada.

    O treino precisa ser adaptado, respeitando limites individuais e com liberação médica, mas pode se tornar uma ferramenta importante para melhorar a capacidade física, a qualidade de vida e a saúde do coração.

    Quem tem marca-passo pode treinar?

    Pessoas com marca-passo podem treinar, desde que sigam cuidados específicos. Primeiro, Juliana explica que é necessário evitar qualquer impacto direto na região onde o gerador está implantado. Logo, atividades com risco de golpes no tórax, como esportes de luta, não são recomendadas.

    A musculação também pode ser feita, mas deve-se evitar cargas muito elevadas, porque esforços intensos podem causar picos de pressão durante o movimento.

    A longo prazo, quando o treino segue as orientações médicas e é ajustado conforme a condição de cada pessoa, a musculação ajuda a reduzir e controlar a pressão arterial, além de melhorar a força muscular e capacidade funcional.

    Quais os benefícios da musculação para o coração?

    Existe uma série de alterações fisiológicas proporcionadas pela musculação que trazem benefícios ao coração, segundo Juliana, como:

    • Melhora da sensibilidade das células à insulina, reduzindo o açúcar no sangue e diminuindo o risco de diabetes;
    • Melhora do retorno do sangue para o coração, já que músculos mais fortes ajudam na circulação e facilitam o trabalho cardíaco;
    • Aumento da eficiência geral do corpo, já que o coração não precisa trabalhar tanto para tarefas simples;
    • Maior flexibilidade dos vasos sanguíneos ao longo do tempo, o que melhora a saúde das artérias;
    • Redução gradual dos níveis de pressão arterial com a prática regular de treino muscular.

    A cardiologista explica que o treino aeróbico e o de força são igualmente importantes para a saúde cardiovascular.

    O treino aeróbico melhora o fluxo de sangue pelo coração, aumenta a eficiência do consumo de oxigênio e, a longo prazo, ajuda muito no controle da pressão arterial. Também melhora o condicionamento geral, tornando a frequência cardíaca mais estável.

    Já o treino de musculação ajuda no fortalecimento muscular, que reduz a sobrecarga do coração, além de trazer melhorias metabólicas importantes que favorecem todo o sistema cardiovascular.

    Cuidados antes de começar na musculação

    Pacientes com condições cardiovasculares precisam de atenção especial durante a musculação. Juliana explica que o primeiro passo é realizar uma avaliação médica antes de iniciar qualquer tipo de treino, para identificar limites, restrições e metas seguras. Ela também é necessária para ajustar alguma medicação antes do início da atividade física.

    Outros cuidados importantes incluem:

    • Manter respiração adequada, soltando o ar no momento da força, para evitar picos de pressão;
    • Evitar chegar à fadiga muscular extrema; o ideal é parar antes de atingir o limite máximo de força;
    • Ter cuidado com mudanças bruscas de posição, que podem causar quedas transitórias da pressão arterial, especialmente em quem usa medicamentos para pressão;
    • Monitorizar a frequência cardíaca durante o treino e respeitar os limites definidos pelo médico;
    • Ajustar cargas, repetições e intervalos de acordo com a orientação profissional.

    Com as adaptações, o treino se torna mais seguro e eficaz para quem convive com doenças cardíacas.

    Sinais de alerta durante a musculação

    Se qualquer um desses sintomas aparece, o ideal é interromper o treino e procurar orientação médica:

    • Dor no peito, aperto, queimação ou desconforto que se espalha para braço, pescoço ou mandíbula;
    • Falta de ar intensa, desproporcional ao esforço realizado;
    • Tontura, fraqueza súbita ou sensação de desmaio;
    • Palpitações fortes, sensação de batimentos irregulares ou muito acelerados;
    • Náuseas, sudorese fria ou mal-estar repentino;
    • Dor de cabeça súbita durante o esforço;
    • Aumento exagerado da pressão arterial percebido por sintomas como visão turva ou zumbido;
    • Dor muscular intensa que impede a continuidade do movimento, diferente da fadiga comum do exercício.

    Confira: Exercícios para fortalecer a coluna: o guia completo para proteger sua postura e prevenir dores

    Perguntas frequentes

    Quem tem hipertensão pode fazer musculação?

    Sim, a musculação é permitida para pessoas com pressão alta, desde que o treino seja ajustado com cargas moderadas e progressão lenta. As cargas muito elevadas podem causar aumentos rápidos da pressão durante o movimento, mas cargas leves ajudam no controle da pressão arterial a médio e longo prazo.

    O treino adequado fortalece grupos musculares importantes para circulação e melhora a saúde das artérias. A prática regular também reduz a necessidade de esforço cardíaco e favorece a estabilização da pressão.

    É obrigatório fazer avaliação médica antes de começar a academia?

    Sim, pois a avaliação médica identifica limitações cardiovasculares, determina frequência cardíaca segura, verifica se há risco de arritmias, avalia a pressão arterial, ajusta os rfemédios e estabelece quais movimentos devem ser evitados.

    Pessoas com histórico de infarto, insuficiência cardíaca, arritmias ou pressão alta precisam conversar com um especialista antes de iniciar qualquer rotina de treino. A avaliação também orienta a intensidade, duração e progressão do programa de exercícios.

    O que uma pessoa com problemas cardíacos deve evitar na musculação?

    A pessoa precisa evitar cargas muito altas, movimentos muito rápidos ou explosivos, treinos que obrigam a prender o ar e séries longas sem intervalo, porque tudo isso aumenta de forma brusca o esforço do coração.

    Também é necessário evitar exercícios que causam muita pressão no tórax ou no abdômen, já que podem elevar a pressão arterial durante o movimento. Treinos até a falha muscular, assim como qualquer exercício que provoque dor, tontura, náusea ou mal-estar, devem ser interrompidos imediatamente.

    A musculação substitui os remédios para o coração?

    O treino fortalece o corpo, melhora a circulação e favorece controle da pressão, mas não substitui remédios prescritos para controlar condições cardíacas.

    A musculação funciona como complemento ao tratamento médico, aumentando a eficiência do organismo e reduzindo riscos, porém a medicação continua sendo parte indispensável do acompanhamento.

    Pessoas idosas com cardiopatia também podem fazer musculação?

    Sim, os idosos se beneficiam muito do fortalecimento muscular, porque a sarcopenia é mais frequente nessa fase da vida e aumenta risco de quedas, fadiga e perda de autonomia. A musculação, quando é suave, melhora equilíbrio, força, mobilidade e controle da pressão arterial.

    Leia também: Pressão alta: 10 atividades físicas para incluir na rotina

  • Anemia e doenças cardíacas: por que requer cuidado redobrado?

    Anemia e doenças cardíacas: por que requer cuidado redobrado?

    Presente em cerca de um terço das mulheres adultas no Brasil, a anemia é uma condição em que há uma redução na quantidade de hemoglobina no sangue, proteína responsável por transportar oxigênio dos pulmões para o corpo. Quando ela está baixa, o organismo recebe menos oxigênio, o que causa sintomas como cansaço, fraqueza e palidez na pele.

    Mas o que isso tem haver com problemas cardíacos? De acordo com o cardiologista Giovanni Henrique Pinto, todo o corpo é afetado quando o sangue transporta menos oxigênio, especialmente o coração — que precisa trabalhar mais para compensar essa deficiência.

    No caso de pessoas com doenças cardíacas, como insuficiência ou arritmia, o esforço adicional pode causar uma descompensação cardíaca e aumento do risco de infarto. Isso torna a condição um fator de atenção para quem apresenta qualquer condição que reduza a capacidade do coração de bombear sangue.

    Como a anemia interfere na função do coração?

    O coração precisa de oxigênio para manter o músculo cardíaco em funcionamento. Em quadros de anemia, a quantidade de oxigênio transportada pelo sangue diminui — e o organismo tenta equilibrar a situação aumentando a frequência dos batimentos cardíacos e a força de contração. O esforço extra faz o coração bombear mais rápido para levar oxigênio suficiente às células.

    Com o passar do tempo, a sobrecarga provoca dilatação das câmaras cardíacas, especialmente do ventrículo esquerdo, responsável por impulsionar o sangue para o corpo. A adaptação temporária acaba se tornando prejudicial para o coração, pois enfraquece o músculo cardíaco e reduz a eficiência da circulação.

    “Na insuficiência cardíaca, o coração já tem dificuldade para bombear sangue. Se o sangue está ‘pobre’ em oxigênio, o organismo tenta compensar com aumento da frequência cardíaca e dilatação dos vasos — o que piora a sobrecarga e pode levar à falta de ar e inchaço”, aponta Giovanni.

    O especialista acrescenta que, em casos de angina ou doença coronariana, a anemia reduz o fornecimento de oxigênio ao músculo cardíaco, favorecendo crises de dor no peito. Já nas arritmias, a hipóxia (redução do oxigênio) pode interferir na condução elétrica do coração, provocando batimentos irregulares.

    Como a anemia se manifesta e quais são os sintomas

    A anemia costuma causar sintomas que muitas vezes passam despercebidos ou são confundidos com o cansaço do dia a dia, como:

    • Fraqueza;
    • Sonolência;
    • Falta de ar;
    • Tontura;
    • Dor de cabeça;
    • Palidez na pele e nas mucosas.

    Uma pessoa com problemas no coração pode apresentar piora dos sintomas já conhecidos: o fôlego pode ficar mais curto, o cansaço aparecer com atividades leves e a palpitação se tornar mais frequente.

    “Tanto na anemia quanto nas doenças cardíacas pode aparecer cansaço, fraqueza, tontura, palpitação e falta de ar, o que pode levar o paciente a pensar que o problema é apenas ‘do coração’ ou apenas ‘do sangue’. Por isso, exames de sangue simples, como hemograma e dosagem de ferro, são importantes na investigação de piora dos sintomas cardíacos”, explica Giovanni.

    O uso de remédios pode influenciar o quadro?

    Segundo Giovanni, alguns medicamentos usados no tratamento de problemas cardiológicos podem interferir na produção ou na perda de sangue, como:

    • Anticoagulantes e antiagregantes plaquetários, como aspirina, clopidogrel, varfarina, podem causar sangramentos ocultos no trato digestivo, levando à anemia por perda de sangue;
    • Inibidores da ECA e bloqueadores do receptor de angiotensina II, usados em insuficiência cardíaca, podem reduzir discretamente a produção de hemoglobina.

    Pessoas com doenças renais crônicas ou que usam medicamentos diuréticos também apresentam maior risco de desenvolver anemia, pois os rins produzem menos eritropoetina, um hormônio que estimula a fabricação de glóbulos vermelhos.

    Como é feito o diagnóstico de anemia?

    O diagnóstico de anemia é feito com base em uma avaliação clínica e exames laboratoriais. O hemograma completo mostra os níveis de hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio e concentração de hemoglobina corpuscular média — dados que ajudam a identificar o tipo de anemia.

    O especialista ainda pode solicitar a dosagem de ferritina, ferro sérico e vitamina B12 para complementar a avaliação. Um eletrocardiograma e um ecocardiograma também podem ser feitos para verificar como o coração está respondendo à redução do oxigênio.

    Como é feito o tratamento da anemia em pacientes cardíacos?

    O tratamento da anemia em pacientes cardíacos deve ser feito com cautela e sob acompanhamento médico. Primeiro, é importante identificar a causa da condição, que pode surgir devido a deficiência de ferro, sangramentos ocultos, falta de vitaminas B12 e ácido fólico ou doenças crônicas, como insuficiência renal.

    Quando a anemia é por falta de ferro, o médico pode indicar reposição oral ou intravenosa. Em pacientes com problemas cardíacos, como insuficiência, a via intravenosa costuma ser indicada, pois tem melhor absorção e não causa desconforto gastrointestinal. Já a transfusão de sangue é indicada apenas em casos graves, quando os níveis de hemoglobina estão muito baixos e há risco de descompensação do coração.

    A alimentação também faz parte do tratamento de anemia, de modo que o cardápio deve incluir fontes de ferro, como carne vermelha, frango, peixe, feijão e vegetais verde-escuros — além de frutas ricas em vitamina C, que aumentam a absorção do mineral. O café e o chá preto devem ser evitados nas principais refeições.

    É possível prevenir a anemia?

    Pessoas com problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca e doença arterial coronariana, apresentam um risco aumentado de desenvolver anemia. Por isso, é necessário manter alguns cuidados para prevenir a condição, como:

    • Acompanhamento médico regular: consultas e exames de sangues feitos periódicamente monitoram os níveis de hemoglobina, ferro e outras vitaminas, permitindo que a anemia seja detectada no início;
    • Alimentação balanceada: a dieta deve priorizar alimentos in natura e minimamente processados, ricos em ferro, vitamina C e vitaminas do complexo B, como vegetais de folhas verde-escuras, feijão, frutas (laranja, morango, acerola), peixes, ovos, laticínios, carnes e vegetais de folhas;
    • Controle dos medicamentos: o uso de anticoagulantes, anti-inflamatórios e outros remédios deve ser monitorado pelo médico, já que pode causar sangramentos e contribuir para a perda de ferro;
    • Reposição supervisionada de ferro e vitaminas: suplementos só devem ser usados com orientação médica, para evitar sobrecarga no organismo e interações com outros medicamentos;
    • Hidratação adequada: a ingestão regular de água é fundamental para manter a viscosidade ideal do sangue e facilitar o transporte de oxigênio, reduzindo o esforço do coração;
    • Prática regular de atividade física leve: caminhadas, alongamentos e exercícios orientados por um profissional fortalecem o sistema cardiovascular, aumentam a resistência e melhoram a oxigenação corporal;
    • Redução do consumo de álcool e tabaco: as substâncias prejudicam a absorção de nutrientes, alteram a produção de hemoglobina e aumentam o risco de doenças cardíacas e anêmicas.

    Confira: Infarto x angina: entenda a diferença entre os dois problemas no coração

    Perguntas frequentes

    A anemia pode causar infarto?

    A anemia grave reduz o fornecimento de oxigênio para o músculo cardíaco, podendo provocar uma isquemia (falta de oxigênio local) mesmo sem entupimento das artérias.

    Em pessoas com artérias já comprometidas, a situação é ainda mais séria, pois a baixa oxigenação pode precipitar um infarto, causar dor torácica e levar a arritmias. Nesse sentido, tratar a anemia é também uma forma de prevenir complicações cardíacas sérias.

    Quais sintomas indicam que uma pessoa com doença cardíaca pode estar com anemia?

    Os sintomas de anemia costumam ser sutis no início, mas ficam mais evidentes com o passar do tempo. Os principais incluem cansaço fácil, fraqueza, sonolência, falta de ar ao realizar tarefas simples, palpitação, tontura e pele pálida.

    Em pessoas com insuficiência cardíaca, os sintomas se confundem com a própria doença, de modo que o fôlego diminui, os inchaços aumentam e o esforço físico se torna mais difícil. Uma piora repentina dos sinais pode indicar que a anemia está agravando a condição cardíaca.

    Por que a anemia piora a insuficiência cardíaca?

    Na insuficiência cardíaca, o coração já tem dificuldade de bombear sangue com eficiência. Quando tem um quadro de anemia, o sangue transporta menos oxigênio, o que obriga o coração a aumentar a frequência e a força das batidas. O esforço constante leva à dilatação e enfraquecimento do músculo cardíaco.

    Com o tempo, o quadro se agrava e o paciente passa a apresentar falta de ar mesmo em repouso, além de inchaços e fadiga intensa. Vale lembrar que a combinação de anemia e insuficiência cardíaca é considerada de alto risco e exige tratamento rápido.

    A anemia pode voltar mesmo depois do tratamento?

    Sim! Se a causa da anemia não for tratada, ela tende a reaparecer depois, o que torna importante o acompanhamento médico contínuo. O paciente deve realizar exames periódicos para monitorar os níveis de hemoglobina, ferro e vitaminas. Mudanças no estilo de vida, alimentação equilibrada e controle rigoroso dos medicamentos também ajudam a prevenir recidivas.

    Tenho anemia, o que devo comer?

    A dieta de pessoas com anemia deve incluir alimentos ricos em ferro, vitamina C e vitaminas do complexo B, como:

    • Carnes vermelhas magras;
    • Fígado;
    • Frango e peixe;
    • Ovos;
    • Feijão, lentilha e grão-de-bico;
    • Vegetais de folhas verde-escuras, como espinafre, couve e agrião;
    • Frutas cítricas, como laranja, acerola, kiwi e limão, que aumentam a absorção do ferro vegetal;
    • Cereais integrais, aveia, nozes e sementes.

    No dia a dia, o ideal é combinar os alimentos certos e evitar exageros de ultraprocessados, que prejudicam a absorção de nutrientes.

    A anemia pode causar queda de cabelo e unhas fracas?

    Sim, a falta de ferro e de oxigênio afeta a regeneração celular, prejudicando o crescimento dos fios e das unhas. O cabelo pode ficar mais fino, quebradiço e cair com facilidade, enquanto as unhas podem se tornar frágeis, esbranquiçadas e deformadas. Os sinais são alertas de que o corpo está com carência de nutrientes.

    Leia também: Acordar com o coração acelerado é normal? Veja o que pode ser

  • Projeto verão: dá para emagrecer rápido até o final do ano?

    Projeto verão: dá para emagrecer rápido até o final do ano?

    O fim de ano está se aproximando e, com a expectativa para as férias de verão, não é incomum que muitas pessoas procurem meios de perder alguns quilos rapidamente. Mas será que é possível fazer isso de forma saudável? Conversamos com a nutricionista Bárbara Yared para entender os cuidados para emagrecer sem comprometer a saúde e as medidas que ajudam no projeto verão.

    Dá para emagrecer rápido até o fim do ano?

    Se você está procurando emagrecer antes do Réveillon, é importante entender, antes de tudo, que o processo não deve ser uma corrida contra o tempo, nem um processo movido por pressão e ansiedade. Não é possível emagrecer de forma saudável num período muito curto de tempo, de acordo com Bárbara, e a perda rápida de peso costuma vir da redução de água e de massa muscular, sobretudo do tecido muscular.

    Quando o organismo perde musculatura, o metabolismo desacelera, aumentando o risco de recuperar o peso após o processo — muitas vezes em quantidade maior do que a inicial. Com um metabolismo mais lento, qualquer ingestão calórica acima do necessário tende a ser armazenada com maior facilidade, favorecendo o acúmulo de gordura corporal.

    Por isso, o caminho mais seguro envolve alguns ajustes graduais na rotina, em especial na alimentação e prática de atividades físicas, permitindo um emagrecimento mais saudável e sustentável a médio e longo prazo.

    O que deve ser evitado durante o projeto verão?

    Durante o projeto verão, apesar da pressa ser um fator comum nessa época do ano, é importante evitar alguns comportamentos que prejudicam o organismo, como:

    • Dietas extremamente restritivas, que reduzem de forma brusca a ingestão de nutrientes, provocam perda de massa muscular, derrubam o metabolismo e aumentam o risco de recuperação acelerada do peso após o período de restrição;
    • Jejuns prolongados sem orientação médica, que podem causar hipoglicemia, tontura, irritabilidade, mal-estar, redução da capacidade de concentração e episódios de exagero alimentar ao longo do dia;
    • Uso de suplementos ou medicações sem prescrição, prática que expõe o organismo a riscos desnecessários e pode provocar efeitos adversos importantes.

    De acordo com Bárbara, as abordagens estimulam a perda de peso às custas de massa muscular, aumentam a chance de compulsão alimentar por falta de orientação individual e ainda podem prejudicar a saúde de maneira importante quando adotadas sem acompanhamento profissional.

    Como perder peso de forma saudável?

    Não é preciso adotar medidas radicais para perder peso, e algumas mudanças no dia a dia já contribuem para melhorar a alimentação e aumentar o gasto calórico, como:

    Priorizar ingestão adequada de proteína

    A proteína é uma molécula formada por aminoácidos, que são como blocos de construção usados pelo organismo para estruturar, reparar e manter diversos tecidos. Ela contribui para a preservação da musculatura, aumenta a saciedade e evita que o corpo utilize músculos como fonte de energia quando há redução calórica.

    A recomendação diária de proteína depende de fatores como idade, nível de atividade e condições de saúde, mas a base geral é:

    • Adultos que não fazem exercícios: cerca de 0,8 g de proteína por quilo de peso;
    • Pessoas mais velhas ou ativas, que treinam com frequência: entre 1 g e 1,6 g por quilo ao dia.

    A proteína está presente em alimentos de origem animal, como carnes, ovos, peixes e laticínios, e também em fontes vegetais, como feijões, lentilhas, grão-de-bico e tofu.

    Manter refeições distribuídas ao longo do dia

    A distribuição de refeições ao longo do dia ajuda a controlar a fome, estabilizar a glicemia e evitar episódios de exagero alimentar no fim do dia. Por outro lado, longos períodos sem comer podem levar a hipoglicemia, queda de energia e maior dificuldade de manter escolhas equilibradas.

    A organização alimentar também protege a massa muscular, pois fornece energia contínua para o organismo, diminuindo a necessidade de quebrar tecido magro como fonte de combustível.

    Dar preferência a alimentos in natura

    Os alimentos in natura e minimamente processados oferecem vitaminas, minerais, fibras e compostos bioativos que contribuem para o funcionamento adequado do organismo. Por apresentarem menor quantidade de gordura saturada, sódio, açúcares adicionados e aditivos químicos, aumentam a saciedade e ajudam a estabilizar níveis de glicose e energia.

    Beber bastante água

    A água participa de praticamente todas as reações químicas do organismo, auxilia na digestão, no transporte de nutrientes e na regulação da temperatura corporal. A hidratação também ajuda a diferenciar fome de sede — algo que muitas pessoas confundem.

    A recomendação geral é entre 2 e 3 litros por dia, podendo aumentar em dias quentes ou durante treinos.

    Dormir bem e controlar o estresse

    O sono regula hormônios ligados à fome e saciedade. Quando dormimos pouco, buscamos alimentos calóricos para compensar a falta de energia.

    O estresse crônico aumenta o cortisol, favorecendo acúmulo de gordura e maior fome emocional.

    Alcançar as quantidades recomendadas de atividade física

    A atividade física é essencial para perder peso e manter saúde a longo prazo.

    A OMS recomenda:

    • 150 minutos semanais de atividade moderada ou 75 minutos de atividade intensa;
    • Exercícios de força pelo menos duas vezes por semana.

    Existem chás para emagrecer rápido?

    Não há comprovação científica de que chás causem emagrecimento rápido. Alguns podem aumentar discretamente o gasto energético, mas não substituem hábitos saudáveis.

    Como calcular o déficit calórico?

    O déficit calórico corresponde à diferença entre o que o corpo gasta e o que é ingerido ao longo do dia. O emagrecimento ocorre quando o gasto supera a ingestão.

    O cálculo considera:

    • Metabolismo basal;
    • Atividade física;
    • Movimentos cotidianos.

    O déficit deve ser moderado, evitando restrições severas que prejudicam metabolismo e massa muscular.

    Confira: Gorduras boas: como incluir na dieta de quem treina?

    Perguntas frequentes

    Como saber se o déficit calórico está adequado para o meu corpo?

    O déficit ideal permite perda gradual de gordura sem fome excessiva, fraqueza ou perda de desempenho. Deve ser individualizado.

    É verdade que pular refeições ajuda a emagrecer?

    Não. Pular refeições causa hipoglicemia, aumenta a fome e prejudica o metabolismo.

    O que é efeito sanfona e por que ele acontece?

    Acontece quando se perde peso muito rápido e depois recupera — muitas vezes mais do que antes — devido à perda de massa muscular e metabolismo lento.

    Água com limão emagrece?

    Não há evidência de que emagrece. Pode ser uma bebida saudável, mas não substitui hábitos equilibrados.

    Como saber se estou perdendo gordura ou apenas água?

    A perda de água é rápida e enganosa; a de gordura é lenta e consistente. Avaliações periódicas ajudam a diferenciar.

    É possível emagrecer sem cortar carboidratos?

    Sim. Carboidratos complexos são fonte importante de energia e ajudam na saciedade.

    Por que algumas pessoas emagrecem mais rápido que outras?

    Genética, idade, histórico de dietas, composição corporal e rotina influenciam bastante.

    Leia também: Treino full body: o que é, para quem é indicado e como montar

  • Doenças autoimunes: 10 sinais para você ficar atento

    Doenças autoimunes: 10 sinais para você ficar atento

    No Brasil, cerca de 15 milhões de pessoas convivem com doenças autoimunes, sendo a maioria mulheres. A condição pode afetar articulações, pele, glândulas, intestino, rins, pulmões, nervos e praticamente qualquer órgão, e costuma causar sintomas que variam conforme o sistema atingido.

    Eles tendem a aparecer aos poucos, com fases de melhora e piora, e muitas pessoas passam muito tempo acreditando que sinais como cansaço extremo, dores no corpo e queda de cabelo são apenas situações passageiras. Na verdade, tudo isso pode indicar que o sistema imunológico está desregulado e atacando estruturas do próprio corpo.

    Conversamos com o cardiologista Giovanni Henrique Pinto para entender como as doenças autoimunes se manifestam, quais as mais comuns e como é feito o diagnóstico.

    O que são doenças autoimunes?

    As doenças autoimunes são condições em que o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo de vírus, bactérias e outros agentes agressivos, começa a agir de forma confusa e passa a atacar células, tecidos e órgãos saudáveis. A reação provoca uma inflamação contínua, que pode atingir articulações, pele, intestino, glândulas, rins, pulmões, nervos e praticamente qualquer parte do organismo.

    A causa ainda não é totalmente conhecida, mas estudos mostram que fatores genéticos, hormonais, infecções, estresse e ambiente podem influenciar no desenvolvimento das doenças autoimunes.

    “O clínico geral costuma ser o primeiro a levantar essa suspeita porque a consulta inicial geralmente acontece com ele. E como essas doenças costumam começar com sintomas vagos e variados, é o clínico quem faz a triagem dos sinais e decide se é necessário encaminhar ao reumatologista ou outro especialista”, explica Giovanni.

    Quais as doenças autoimunes mais comuns?

    Existem mais de 80 doenças autoimunes conhecidas, e cada uma afeta o corpo de um jeito diferente. As mais comuns incluem:

    • Artrite reumatoide, que provoca inflamação contínua nas articulações, causando dor, rigidez ao acordar e, com o tempo, limitação de movimento;
    • Lúpus, que pode atingir pele, rins, articulações, sangue e outros órgãos, causando manchas, dores, inchaços e períodos de forte inflamação;
    • Doença celíaca, que causa reação ao glúten e altera o funcionamento do intestino, levando a diarreia, dor abdominal, anemia e perda de nutrientes;
    • Tireoidite de Hashimoto, que reduz a função da tireoide e pode causar cansaço, ganho de peso, queda de cabelo e sensação de frio;
    • Psoríase, que produz placas vermelhas e descamação na pele, podendo estar associada a dor nas articulações;
    • Vitiligo, que provoca perda de pigmento em áreas da pele, formando manchas claras que podem surgir em diferentes partes do corpo;
    • Doença de Graves, que acelera o funcionamento da tireoide, causando perda de peso, ansiedade, palpitações e intolerância ao calor;
    • Esclerose múltipla, que interfere na comunicação entre cérebro e corpo, gerando sintomas como formigamentos, fraqueza e dificuldade para manter equilíbrio;
    • Síndrome de Sjögren, que reduz a produção de lágrimas e saliva, levando a olhos secos, boca seca e maior risco de cáries;
    • Doença de Crohn, que inflama o trato digestivo e pode causar dor abdominal, diarreia crônica, perda de peso e anemia;
    • Retocolite ulcerativa, que afeta o intestino grosso e provoca diarreia com sangue, urgência para evacuar e cólicas abdominais.

    ‘Cada uma tem manifestações específicas, mas todas compartilham a ideia de ‘auto ataque’ do sistema imune”, aponta Giovanni.

    Quais os principais sinais que podem indicar uma doença autoimune?

    Apesar de cada doença ter características próprias, alguns sinais chamam a atenção pela combinação, persistência e padrão de aparecimento, segundo Giovanni. Alguns deles incluem:

    • Dores articulares persistentes, principalmente em mãos, punhos, joelhos ou pés;
    • Manchas ou alterações na pele, especialmente se pioram com sol;
    • Fadiga intensa, desproporcional ao esforço;
    • Sensação de fraqueza ou febre baixa recorrente;
    • Queda de cabelo acentuada, fora do padrão habitual;
    • Inchaço articular ou rigidez matinal prolongada;
    • Boca e olhos muito secos;
    • Formigamentos e dormências sem causa aparente;
    • Alterações no intestino, como diarreia crônica;
    • Aftas ou feridas que não cicatrizam facilmente.

    O cardiologista ressalta que sintomas como fadiga, queda de cabelo, alterações no humor e dores articulares podem acontecer em diversas situações — desde estresse e deficiência de vitaminas até problemas hormonais.

    “Por isso o diagnóstico nunca é feito apenas pelo sintoma. O médico avalia o contexto, o tempo de evolução, o padrão das queixas, fatores familiares e exames laboratoriais”, complementa.

    Como as doenças autoimunes evoluem ao longo do tempo

    A maioria das doenças autoimunes apresenta ciclos, porque o sistema imunológico não se mantém estável o tempo todo e reage de maneiras diferentes conforme estímulos internos e externos:

    • Fase de atividade, chamada de crise ou surto, quando os sintomas aumentam;
    • Fase de remissão, quando há melhora parcial ou total.

    A variação ocorre porque o organismo alterna períodos de maior inflamação com períodos de descanso, criando um padrão que pode durar semanas ou meses. Por causa disso, muitas pessoas relatam dias muito difíceis, seguidos de fases mais tranquilas, o que às vezes dificulta o reconhecimento do problema no início.

    “As oscilações podem ser influenciadas por infecções, estresse, exposição solar, alterações hormonais e até fatores emocionais. Por isso, o acompanhamento regular é fundamental”, explica Giovanni.

    Como é feito o diagnóstico das doenças autoimunes?

    O diagnóstico das doenças autoimunes começa com uma avaliação clínica detalhada, porque não existe um único exame capaz de confirmar todas as condições. A investigação se baseia na combinação de sintomas, histórico do paciente e sinais encontrados no exame físico.

    Segundo Giovanni, o clínico costuma iniciar a suspeita quando os sintomas persistem por semanas ou meses e mostram padrão inflamatório, como rigidez matinal prolongada. A presença de vários sintomas ao mesmo tempo também é sinal de alerta, como dor articular com aftas, queda de cabelo e fadiga intensa, assim como um histórico familiar de doenças autoimunes.

    Durante o exame físico, o médico observa sinais como articulações quentes, manchas na pele, mudanças nas unhas ou inchaços, que ajudam a direcionar a avaliação. Nessa fase, podem ser solicitados exames como hemograma, VHS, PCR, FAN e fatores reumatológicos, que mostram se há inflamação ativa ou alterações no sistema imunológico.

    Quando necessário, o clínico encaminha para o reumatologia, endocrinologia, dermatologia ou gastroenterologia, conforme o órgão mais afetado, permitindo um diagnóstico mais preciso e um tratamento adequado.

    Quando ir ao médico?

    A busca por atendimento é importante quando os sintomas duram semanas ou meses e mostram padrão de inflamação contínua. Os principais sinais de alerta incluem:

    • Dor que piora ao acordar;
    • Fadiga intensa;
    • Queda de cabelo;
    • Aftas frequentes;
    • Dor nas articulações;
    • Alterações no intestino;
    • Articulações quentes ou inchadas;
    • Manchas na pele;
    • Febre baixa persistente;
    • Sensação constante de adoecimento.

    A presença de vários sintomas ao mesmo tempo indica que o organismo pode estar reagindo de maneira incomum. A avaliação também é importante quando há histórico familiar de doenças autoimunes, pois o risco pode ser maior.

    Doenças autoimunes têm cura?

    A maioria das doenças autoimunes não tem cura definitiva, mas pode ser controlada com tratamento médico, que contribui para reduzir a inflamação, aliviar sintomas e impedir danos aos órgãos ao longo do tempo. A evolução varia muito entre pacientes, e algumas condições apresentam longos períodos de remissão, nos quais os sintomas diminuem bastante.

    A combinação de acompanhamento médico, uso correto das medicações, ajustes no estilo de vida e vigilância para evitar gatilhos ajuda a manter qualidade de vida da pessoa.

    Confira: Boca seca, olho seco: entenda mais sobre a síndrome de Sjögren

    Perguntas frequentes

    Por que as doenças autoimunes aparecem?

    A origem das doenças autoimunes envolve vários fatores que se somam ao longo da vida, como genética, hormônios, infecções, estresse e ambiente. Tudo isso pode modificar a forma como o sistema imunológico reconhece as células do próprio corpo.

    Ter familiares com a condição aumenta o risco, e algumas infecções virais podem funcionar como gatilho para os primeiros sintomas.

    Os hormônios também têm um papel importante, porque momentos como gravidez, pós-parto e menopausa podem mudar o equilíbrio do sistema imunológico e facilitar o aparecimento da doença.

    Como os sintomas começam?

    Os primeiros sintomas costumam aparecer de forma discreta e gradual, o que faz muitas pessoas demorarem para perceber que algo está errado. A pessoa pode sentir cansaço profundo que não melhora com descanso, dor nas articulações que vai e volta, mudanças no intestino sem motivo claro, queda de cabelo, sensibilidade maior ao frio ou febre baixa repetida.

    Em vários casos, também surgem aftas frequentes, dores musculares leves ou uma sensação constante de mal-estar difícil de explicar.

    O padrão pode causar a impressão de que a situação está normalizando quando, na verdade, existe um processo inflamatório se instalando aos poucos. A irregularidade dos sintomas acaba confundindo a pessoa e atrasando a busca por atendimento, permitindo que a inflamação avance de maneira silenciosa.

    Como saber se os sintomas são sinais de doença autoimune?

    A persistência é o principal sinal de alerta: quando o corpo apresenta dor prolongada, fadiga intensa, mudanças digestivas, perda de peso involuntária, inchaço persistente ou manchas na pele que não desaparecem, é importante procurar um médico.

    A presença de vários sintomas ao mesmo tempo indica que o sistema imunológico pode estar reagindo de maneira inadequada.

    Como funciona o tratamento de doenças autoimunes?

    O tratamento das doenças autoimunes varia de acordo com o órgão afetado, mas normalmente inclui medicamentos que reduzem inflamação, protegem tecidos e equilibram o sistema imunológico.

    A rotina também envolve ajustes de sono, alimentação, atividade física e controle do estresse, já que pequenos hábitos do dia a dia influenciam diretamente a intensidade dos sintomas.

    Vale apontar que é importante ter a orientação de um médico, que permite adaptar doses, escolher terapias mais seguras e acompanhar a resposta do organismo ao longo do tempo, evitando que a inflamação cause danos permanentes e garantindo uma vida mais estável.

    Pessoas com doença autoimune podem fazer exercícios físicos?

    A atividade física orientada melhora a função muscular, controla a inflamação, aumenta a disposição e reduz dores. O tipo de exercício deve ser escolhido conforme a condição individual, respeitando limites e o grau de inflamação. A regularidade é importante, mas o corpo precisa de descanso nos dias em que a crise está ativa.

    A doença autoimune aumenta o risco de outras condições?

    A inflamação contínua deixa o organismo mais vulnerável a alterações hormonais, problemas cardiovasculares, anemia, alterações na tireoide e distúrbios intestinais, já que o corpo passa longos períodos tentando lidar com um sistema imunológico desregulado.

    A presença de inflamação prolongada também pode afetar humor, energia, qualidade do sono e capacidade de manter uma rotina estável.

    Com o acompanhamento médico regular, é possível detectar mudanças rapidamente e iniciar tratamento adequado, evitando complicações e preservando a saúde dos órgãos ao longo do tempo.

    Leia também: Artrite reumatoide: o que é, sintomas, diagnóstico e tratamento

  • Gravidez depois dos 35 anos é perigoso? Conheça os riscos e os cuidados necessários

    Gravidez depois dos 35 anos é perigoso? Conheça os riscos e os cuidados necessários

    Por uma série de motivos, desde a busca por estabilidade profissional até mudanças nas expectativas culturais, muitas mulheres estão postergando a maternidade para uma faixa etária mais avançada. Desde 2006, o Brasil apresenta índices abaixo da reposição populacional — e a tendência de ter filhos mais tarde acompanha esse movimento.

    Mas afinal, o que define a idade materna avançada? Segundo a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, o marco usado atualmente é a partir dos 35 anos. Depois dessa idade, o óvulo passa por um processo natural de envelhecimento celular, o que aumenta a chance de erros durante a divisão cromossômica e, consequentemente, o risco de alterações genéticas no bebê.

    Além disso, os riscos de complicações maternas também aumentam, como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional. Por isso, a gravidez tardia é considerada pelo Ministério da Saúde como uma gestação de risco, e demanda de alguns cuidados para preservar a saúde e o bem-estar da mãe e do bebê.

    O que acontece com o corpo após os 35 anos de idade?

    A partir dos 35 anos, o corpo feminino passa por mudanças naturais que afetam a fertilidade e o modo como a gravidez se desenvolve. A qualidade dos óvulos diminui de forma progressiva, porque cada célula ovariana envelhece ao longo da vida, acumulando pequenos danos que podem interferir na divisão cromossômica.

    A chance de ocorrer uma alteração genética aumenta justamente porque o óvulo precisa realizar um processo complexo de divisão para gerar um embrião saudável.

    A redução do número de óvulos também se torna mais acelerada após os 35, o que faz com que o ciclo menstrual possa variar e, em alguns momentos, ocorrer um mês sem ovulação. A fertilidade não desaparece, mas exige mais do organismo para manter o mesmo padrão de antes.

    O corpo, por outro lado, também apresenta maior probabilidade de conviver com condições crônicas, como hipertensão, diabetes ou alterações da tireoide, que tendem a surgir conforme o envelhecimento natural avança.

    O impacto das condições na gestação é relevante porque elas podem alterar o fluxo sanguíneo para a placenta, modificar a pressão arterial ou aumentar a chance de complicações obstétricas.

    A musculatura do útero e a elasticidade dos tecidos pélvicos passam por mudanças discretas ao longo do tempo, o que pode influenciar a evolução do trabalho de parto. O metabolismo também se torna um pouco mais lento, e o risco de ganho de peso involuntário aumenta, algo que interfere diretamente na saúde reprodutiva.

    Vale ressaltar que isso não significa que a gestação será problemática, mas que o cuidado precisa ser mais intenso. Diversas mulheres engravidam de forma saudável depois dos 35, desde que exista acompanhamento médico adequado, controle das condições clínicas e hábitos que favoreçam o bem-estar físico e emocional.

    Quais os riscos da gravidez tardia?

    A gravidez depois dos 35 anos pode ser totalmente saudável, mas o corpo passa por mudanças naturais que aumentam algumas chances de complicações, como apontam estudos:

    • A qualidade do óvulo diminui ao longo do tempo, o que aumenta a probabilidade de alterações cromossômicas no bebê. A trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down) é um exemplo que se torna mais frequente conforme a idade materna avança;
    • Risco de aborto espontâneo aumenta, porque um óvulo mais envelhecido tem maior chance de apresentar falhas na divisão celular, impedindo o desenvolvimento adequado do embrião;
    • Pressão alta tende a surgir com mais frequência, já que a probabilidade de hipertensão crônica cresce com o passar dos anos. A pré-eclâmpsia, que é uma forma grave de hipertensão na gestação, também se torna mais comum;
    • Diabetes gestacional aparece com mais facilidade, porque o metabolismo muda e o corpo pode ter mais dificuldade para controlar os níveis de glicose durante a gravidez;
    • Placenta pode apresentar alterações, como menor eficiência na passagem de oxigênio e nutrientes, o que favorece crescimento fetal abaixo do esperado;
    • Presença de doenças prévias, como problemas da tireoide, cardiopatias ou doenças autoimunes, é mais comum com o avançar da idade, o que exige acompanhamento mais próximo.

    É importante lembrar que o envelhecimento reprodutivo não é exclusivo das mulheres. À medida que os homens ficam mais velhos, os testículos também passam por mudanças estruturais e funcionais, o que pode afetar a qualidade do esperma.

    A produção de espermatozoides ocorre continuamente ao longo da vida, mas o processo também fica mais sujeito a falhas com o passar do tempo.

    Como deve ser o pré-natal da gravidez tardia?

    O pré-natal deve começar assim que a mulher descobrir a gravidez. Não é preciso esperar completar semanas específicas ou ter o primeiro ultrassom para iniciar o acompanhamento.

    Quanto mais cedo o pré-natal começar, maiores são as chances de identificar fatores de risco, corrigir deficiências nutricionais, ajustar medicamentos e orientar mudanças de estilo de vida que fazem diferença no desenvolvimento do bebê.

    Ele segue a mesma estrutura aplicada a qualquer gestação, mas com um olhar mais cuidadoso. Os exames não mudam, mas a avaliação clínica precisa ser ainda mais detalhada, já que aumenta a chance de a mulher apresentar alguma condição associada, segundo Andreia.

    Por isso, a anamnese é feita com mais atenção para identificar sinais de hipertensão, diabetes, alterações da tireoide ou outras comorbidades que podem surgir com mais frequência após os 35 anos.

    Gestantes com mais de 35 anos podem ter parto normal?

    A via de parto (normal ou cesárea) depende da avaliação individual de riscos e condições de saúde da mãe e do bebê. A idade materna avançada, por si só, não impede um parto vaginal. Contudo, Andreia explica que a probabilidade de cesariana tende a aumentar com a idade por dois motivos principais:

    • O bebê pode apresentar uma malformação que exige parto cirúrgico. Isso acontece quando alguma alteração estrutural impede a passagem segura pelo canal de parto ou quando há risco de sofrimento fetal durante o trabalho de parto;
    • A anatomia materna já está mais madura, o que pode dificultar o trabalho de parto. Observamos, por exemplo, maior incidência de desproporção cefalopélvica (quando a cabeça do bebê não se ajusta bem à bacia materna) e menor flexibilidade das articulações da pelve, algo que ocorre naturalmente com o passar dos anos.

    Durante o pré-natal, a gestante precisa receber informações claras sobre os riscos e benefícios de cada tipo de parto. O médico vai orientar e ajudar na decisão, sempre levando em conta o que é mais seguro para a mãe e para o bebê naquele momento da gestação.

    Vale ressaltar que a cesárea a pedido da paciente é permitida no Brasil, mas, por resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), só pode ser realizada a partir de 39 semanas completas de gestação, para evitar complicações respiratórias no recém-nascido.

    Cuidados para ter uma gravidez saudável

    Uma gravidez saudável depende de uma série de cuidados simples, que ajudam o corpo a passar por todas as mudanças da gestação com mais segurança:

    • Manter alimentação variada, fresca e equilibrada, priorizando preparações simples, porções regulares e alimentos ricos em vitaminas e minerais para apoiar o desenvolvimento do bebê e manter energia materna ao longo do dia;
    • Praticar atividade física regular liberada pelo obstetra, escolhendo exercícios seguros, como caminhada, hidroginástica ou yoga, que ajudam na circulação, no controle do peso e na redução de dores;
    • Manter a suplementação de ácido fólico conforme orientação profissional, garantindo níveis adequados do nutriente para a formação do tubo neural e para a prevenção de malformações;
    • Controlar doenças pré-existentes, como hipertensão, diabetes e alterações da tireoide, mantendo consultas frequentes e ajustes de medicação sempre que necessário;
    • Evitar cigarro e álcool, protegendo a placenta e reduzindo riscos como parto prematuro, baixo peso ao nascer e complicações respiratórias;
    • Usar medicamentos somente com orientação médica, respeitando as categorias de segurança e evitando substâncias que possam atravessar a placenta;
    • Manter sono adequado e rotina de descanso, permitindo que o corpo se recupere das alterações hormonais e físicas próprias da gestação;
    • Reduzir estresse com técnicas de relaxamento, apoio psicológico, atividades prazerosas e organização da rotina, já que o bem-estar emocional influencia diretamente o conforto materno;
    • Manter peso adequado antes e durante a gestação, acompanhando o ganho de peso ideal em cada trimestre para diminuir riscos metabólicos e obstétricos;
    • Hidratar o corpo ao longo do dia, consumindo água em quantidades suficientes para favorecer o volume sanguíneo aumentado da gestação e prevenir constipação, inchaço e tonturas.

    A gestante deve manter todas as consultas com o médico ao longo do pré-natal, porque é durante essas visitas que o profissional acompanha o crescimento do bebê, avalia a pressão arterial, monitora exames de sangue e urina e identifica precocemente qualquer alteração que possa exigir cuidados adicionais.

    Confira: ‘Bebês Ozempic’: como os análogos do GLP-1 impactam a fertilidade?

    Perguntas frequentes

    Grávida pode fazer atividade física?

    A prática de exercícios é recomendada para a maioria das gestantes, desde que liberada pelo obstetra. A atividade regular melhora a circulação, reduz dores lombares, auxilia no controle do peso, diminui riscos de diabetes gestacional e contribui para o bem-estar emocional.

    A orientação é dar preferência a caminhadas, hidroginástica, alongamentos e yoga, sempre com intensidade moderada. A única condição é respeitar limites do corpo e interromper a prática caso apareçam sinais como tontura, falta de ar importante ou dor abdominal.

    Quando a suplementação de ácido fólico deve começar?

    A suplementação deve ser iniciada assim que a mulher apresenta desejo de engravidar, porque o nutriente atua nos primeiros dias da gestação, antes mesmo do atraso menstrual. A formação do tubo neural ocorre muito cedo e depende de níveis adequados de ácido fólico para reduzir riscos de malformações.

    O ideal é manter o suplemento por pelo menos três meses antes da concepção e continuar durante o início da gravidez, sempre com supervisão médica.

    Gravidez tardia é sempre de alto risco?

    A idade acima de 35 anos é considerada fator que aumenta riscos obstétricos, mas não significa automaticamente que a gestação será complicada.

    A maior parte das mulheres tem uma gravidez saudável desde que mantenha acompanhamento adequado, bons hábitos de vida e controle de condições pré-existentes. A diferença é a necessidade de um cuidado maior, já que cresce a probabilidade de hipertensão e diabetes gestacional.

    Gestantes com doenças pré-existentes podem continuar usando medicamentos?

    A decisão depende do tipo de doença e da segurança de cada medicação, e o ideal é priorizar substâncias com estudos que comprovam segurança durante a gestação.

    A troca de classes de medicamentos é comum, como ocorre no tratamento da hipertensão, quando substâncias tradicionais são substituídas por opções compatíveis com a gestação. O controle adequado da doença costuma trazer mais benefícios do que o risco de manter a condição descontrolada.

    O que é aneuploidia e por que ocorre com mais frequência com a idade?

    A aneuploidia é uma alteração no número de cromossomos, resultado de falhas na divisão celular que formam óvulo ou espermatozoide. O fenômeno se torna mais comum conforme os gametas envelhecem, já que estruturas responsáveis por separar cromossomos podem não funcionar de maneira uniforme. A consequência pode ser síndrome de Down, síndrome de Turner e outras alterações cromossômicas.

    O pai mais velho também influencia em riscos genéticos?

    A idade masculina também pode influenciar na gravidez, embora o impacto seja menor que a idade feminina. A produção contínua de espermatozoides ao longo dos anos permite maior margem para erros durante a replicação genética. A consequência pode ser aumento de mutações espontâneas e riscos ligeiramente maiores de alterações no desenvolvimento.

    Quando procurar atendimento médico com urgência?

    Quadros como sangramento vaginal, dor abdominal intensa, febre, dor de cabeça persistente, visão turva, inchaço súbito e redução dos movimentos fetais exigem avaliação médica imediata.

    A recomendação é nunca esperar que sintomas intensos desapareçam sozinhos, já que intervenções rápidas evitam complicações tanto para mãe quanto para o bebê.

    É normal sentir mais cansaço na gravidez após os 35 anos?

    A sensação de cansaço pode ser mais intensa devido à combinação entre fatores hormonais e desgaste natural da idade. O corpo precisa se adaptar à gestação ao mesmo tempo em que lida com demandas profissionais, familiares e metabólicas.

    Uma dica é manter o cuidado com o sono, a alimentação e o descanso ao longo do dia, o que faz diferença no bem-estar geral.

    Leia também: Exames no pré-natal: entenda quais são e quando fazer

  • Remédios na gravidez: o que pode e o que não pode tomar?

    Remédios na gravidez: o que pode e o que não pode tomar?

    A expectativa pela chegada do bebê convive, nas primeiras semanas de gravidez, com sintomas que podem afetar (e muito) o bem-estar materno, como náuseas, vômitos e dor de cabeça persistente. Eles variam de intensidade ao longo do dia e, muitas vezes, levantam dúvidas sobre quais remédios são realmente seguros durante a gestação e podem ser usados sem problemas.

    Antes de tudo, vale ressaltar que a orientação médica é indispensável, porque cada gestante possui necessidades específicas. Isso se aplica tanto aos medicamentos usados de forma ocasional quanto aos tratamentos contínuos de condições pré-existentes, como hipertensão, diabetes, epilepsia, transtornos de ansiedade ou depressão.

    Por que é preciso tanto cuidado ao tomar remédios na gravidez?

    Durante a gravidez, qualquer remédio ou substância usada pela gestante pode chegar ao bebê, porque compartilha o mesmo caminho que leva oxigênio e nutrientes pela placenta. Mesmo produtos que não atravessam diretamente a barreira podem causar efeito indesejado ao interferir no funcionamento do útero ou da própria placenta, podendo causar:

    • Malformações, atraso no desenvolvimento ou perda gestacional;
    • Alterar o funcionamento da placenta, reduzindo o fluxo de oxigênio e nutrientes e favorecendo baixo peso ao nascer;
    • Estimular contrações fortes do útero, diminuindo o suprimento de sangue para o bebê ou desencadeando parto prematuro;
    • Afetar o bebê de forma indireta, como quando a queda da pressão arterial materna reduz o fluxo de sangue para a placenta.

    Por tudo isso, cada medicamento precisa ser avaliado com cuidado, sempre levando em conta a saúde da mãe e a segurança do bebê.

    Como saber se o remédio é seguro na gravidez?

    Em termos de medicamentos, existe uma classificação de risco usada em todas as bulas, definida pela Anvisa, como explica a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza. O objetivo é orientar médicos e gestantes sobre o que pode ou não ser usado durante a gestação, já que cada substância pode agir de maneira diferente no organismo da mãe e do bebê.

    A classificação funciona assim:

    • Categoria A: medicamentos com estudos em gestantes que não mostraram risco para o bebê. São considerados seguros durante a gravidez;
    • Categoria B: remédios testados em animais sem risco identificado, mas sem estudos completos em humanos; ou medicamentos que causaram algum efeito em animais, mas isso não se confirmou em estudos com gestantes;
    • Categoria C: medicamentos sem estudos suficientes em humanos e animais, ou com efeitos negativos observados em animais. Só devem ser usados quando o benefício para a mãe for maior que o risco potencial para o bebê;
    • Categoria D: medicamentos com risco fetal comprovado em humanos, mas que podem ser necessários em situações específicas, quando não existe alternativa mais segura e o tratamento é fundamental;
    • Categoria X: medicamentos que causam danos graves ao feto em estudos com animais ou humanos. São proibidos na gestação e também para mulheres que planejam engravidar.

    A classificação ajuda a orientar, mas não substitui a avaliação médica. De acordo com Andreia, se houver uma opção mais segura ou a possibilidade de aliviar os sintomas com métodos não medicamentosos, deve ser a prioridade durante a gravidez.

    Por exemplo, no caso de dor lombar, é possível utilizar um analgésico para aliviar o sintoma, mas antes vale considerar alternativas como fisioterapia, bolsa de água quente e outras medidas que não envolvem medicamentos.

    E as gestantes com condições preexistentes de saúde?

    No caso das gestantes que convivem com alguma condição de saúde, como hipertensão, diabetes ou transtornos de ansiedade e depressão, o uso de medicamentos muitas vezes é necessário para manter tudo sob controle. Parar o tratamento pode ser mais arriscado do que continuar com um remédio seguro, o que torna fundamental o acompanhamento médico.

    No caso de hipertensão, por exemplo, Andreia explica que já existem medicamentos considerados seguros na gravidez, como alfametildopa, propranolol e nifedipino. Se a gestante estiver usando outro tipo de remédio quando engravida, o médico faz a troca para uma opção mais adequada.

    O mesmo acontece em quadros de diabetes. A maioria dos remédios orais não é recomendada na gestação, com exceção da metformina. Quando a dieta não é suficiente para controlar a glicose, a insulina é usada porque não atravessa a placenta e não afeta o bebê.

    O ideal é sempre escolher medicamentos que já tenham estudos mostrando segurança na gravidez. Porém, em algumas situações, controlar a doença da mãe é tão importante que o médico pode precisar usar um remédio com menos dados disponíveis. Isso acontece porque deixar a condição sem tratamento pode trazer riscos ainda maiores.

    Nesses casos, a gestação é classificada como de alto risco e exige um acompanhamento mais próximo.

    Pode tomar remédios na amamentação?

    Mesmo que o remédio seja seguro na gravidez, ele pode se comportar de outra forma depois do parto, porque muitos medicamentos passam para o leite materno em maior ou menor quantidade.

    Como o bebê ainda tem um fígado e rins imaturos, ele pode ter dificuldade para eliminar certas substâncias. Por isso, cada situação precisa ser avaliada individualmente.

    Grávidas podem usar plantas medicinais?

    Mesmo produtos naturais podem apresentar riscos durante a gestação, e plantas medicinais, chás, óleos essenciais e suplementos de origem vegetal têm substâncias ativas que podem atravessar a placenta, estimular o útero, alterar a pressão arterial ou interferir no funcionamento da placenta. O fato de serem “naturais” não significa que são seguros.

    Algumas plantas podem causar náuseas, queda de pressão, aumento das contrações ou até risco de sangramento. Outras podem interagir com medicamentos que a gestante já usa. Como muitos desses produtos não têm estudos suficientes em gestantes, é difícil prever seus efeitos no bebê. A orientação é nunca usar qualquer produto sem orientação de um médico.

    Andreia ainda complementa que o mesmo vale para cosméticos, como tinturas de cabelo e outros produtos químicos. Como o couro cabeludo é muito vascularizado, a pele funciona como uma via de absorção e pode permitir a entrada desses compostos no organismo.

    Como aliviar os sintomas de gravidez?

    A gravidez pode trazer sintomas desconfortáveis, como náuseas, enjoos, dores de cabeça e azia. Quando eles se tornam mais intensos, o primeiro passo é avisar o médico, que vai avaliar a situação e orientar as melhores formas de alívio.

    Antes mesmo de considerar o uso de medicamentos, há medidas simples que podem ajudar, como:

    • Fazer refeições menores ao longo do dia;
    • Evitar longos períodos em jejum;
    • Priorizar alimentos leves, de fácil digestão;
    • Beber água em pequenas quantidades várias vezes ao dia;
    • Evitar cheiros fortes que pioram o enjoo;
    • Descansar em ambientes ventilados;
    • Elevar a cabeceira da cama para reduzir a azia;
    • Fisioterapia para aliviar as dores nas costas;
    • Bolsa de água quente para cólicas leves.

    As orientações costumam ajudar bastante, mas o médico pode indicar medicamentos seguros caso os sintomas persistam ou prejudiquem a rotina da gestante.

    Leia também: Exames no pré-natal: entenda quais são e quando fazer

    Perguntas frequentes

    Grávidas podem usar Ozempic ou outros análogos de GLP-1?

    A orientação é evitar totalmente o uso de Ozempic, Wegovy, Mounjaro e outros medicamentos da família dos análogos de GLP-1 durante a gravidez. Ainda não existem dados suficientes sobre segurança em gestantes, e estudos feitos apenas em animais mostram alterações no desenvolvimento fetal, o que levanta dúvidas importantes.

    A gestante também não deve usar os medicamentos para controle de peso, já que a perda ponderal não é recomendada durante a gestação. Quando a mulher engravida usando GLP-1 sem saber, o medicamento deve ser suspenso e o obstetra informado para acompanhamento.

    Grávida pode tomar anti-inflamatório?

    O uso de anti-inflamatórios deve ser evitado, especialmente no fim da gestação, porque pode prejudicar a circulação fetal ao fechar precocemente o ducto arterioso, estrutura vital para o bebê antes do nascimento. Além disso, pode aumentar o risco de sangramento e afetar os rins do feto.

    Os analgésicos mais seguros, como paracetamol ou dipirona, são preferidos quando bem indicados pelo médico.

    Grávida pode usar ansiolítico ou antidepressivo?

    O tratamento de transtornos emocionais continua importante durante a gravidez, e interromper remédios abruptamente pode causar recaídas e prejuízo significativo à mãe e ao bebê. Existem medicações hoje consideradas seguras, como sertralina e fluoxetina, mas a escolha depende da avaliação psiquiátrica e obstétrica, sempre considerando risco e benefício.

    Grávida pode usar pomadas e cremes dermatológicos?

    As pomadas com corticoides leves normalmente são seguras quando usadas por períodos curtos. Já substâncias como retinoides são contraindicadas, inclusive na forma tópica. A pele pode absorver medicamentos, e a passagem para o bebê varia conforme o produto. O dermatologista e o obstetra costumam orientar cada caso.

    Grávida pode usar remédios para prisão de ventre?

    A constipação é muito comum na gestação, mas laxantes estimulantes devem ser evitados, porque podem aumentar o movimento do intestino de forma intensa e, teoricamente, estimular o útero. As opções mais seguras são os laxantes formadores de bolo fecal ou osmóticos, e tudo deve ser orientado pelo obstetra.

    A base do tratamento é aumentar o consumo de água e fibras, além de manter a prática de atividade física regular.

    Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar 

  • Gastrite: o que é, tipos, sintomas e como aliviar o desconforto

    Gastrite: o que é, tipos, sintomas e como aliviar o desconforto

    Mais comum em adultos, a gastrite é uma condição que afeta cerca de 70% da população, segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Ela está associada especialmente à circulação da bactéria Helicobacter pylori no país, ao uso frequente de anti-inflamatórios, ao consumo de álcool e ao ritmo de vida acelerado — que favorece o estresse e hábitos alimentares irregulares.

    Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e, em muitos casos, a inflamação pode permanecer silenciosa por longos períodos, sendo identificada apenas durante uma endoscopia. Quando aparecem, os sinais costumam envolver desconforto abdominal, queimação, náuseas e sensação de estufamento após as refeições, mas nem sempre surgem de forma intensa ou contínua.

    Para entender quais sinais merecem atenção e quando buscar avaliação médica, conversamos com a gastroenterologista Eleonora Gomes. Confira!

    O que é gastrite?

    A gastrite é uma inflamação da camada interna do estômago, chamada mucosa. Quando a região fica irritada, pode aparecer vermelhidão, inchaço e até pequenas feridas, que muitas vezes só são vistas na endoscopia.

    De acordo com Eleonora, quando são feitas biópsias do estômago, é possível observar células inflamatórias, como neutrófilos e linfócitos, que confirmam a presença de inflamação na mucosa e ajudam a definir o diagnóstico de gastrite.

    Quais os tipos de gastrite?

    Os tipos de gastrite são variados, porque qualquer fator capaz de causar inflamação no estômago pode gerar um quadro agudo ou crônico, segundo Eleonora.

    É importante notar que os termos usados para classificar a gastrite são frequentemente sobrepostos e não excludentes, pois eles descrevem diferentes aspectos da doença. A classificação pode ser feita pela duração, pela causa ou pelo aspecto visual da lesão.

    Gastrite aguda

    A gastrite aguda costuma aparecer de repente e vem acompanhada de sintomas mais intensos, que costumam surgir logo após o fator agressor, como:

    • Excesso de álcool;
    • Uso de anti-inflamatórios, como ibuprofeno e diclofenaco;
    • Intoxicação alimentar;
    • Infecções virais e bacterianas.

    A dor pode ser forte, muitas vezes localizada na parte superior do abdômen, e pode vir junto de enjoo, vômitos, queimação e sensação de estufamento logo após as refeições. A inflamação aparece porque a mucosa fica irritada de forma rápida, perdendo parte da proteção natural contra o ácido do estômago. Quando a causa é tratada, o quadro costuma melhorar em poucos dias.

    Gastrite crônica

    A gastrite crônica é aquela inflamação que permanece por bastante tempo no estômago e, em alguns casos, a pessoa sequer apresenta sintomas, segundo Eleonora.

    A causa mais frequente é a infecção pela bactéria Helicobacter pylori, mas também pode estar associada ao cigarro, ao consumo regular de álcool, ao uso prolongado de medicamentos ou a doenças autoimunes.

    Gastrite por Helicobacter pylori

    A gastrite causada pela H. pylori é uma das formas mais comuns da doença e acontece quando a bactéria se instala na mucosa do estômago, provocando uma inflamação contínua. A infecção costuma ocorrer ainda na infância e pode permanecer silenciosa por muitos anos, sem causar sintomas aparentes.

    Com o tempo, porém, a presença constante da bactéria enfraquece a proteção natural da mucosa e facilita o surgimento de irritações e feridas.

    Quando não tratada, a inflamação persistente pode evoluir para quadros mais sérios, como úlcera gástrica ou duodenal, já que a mucosa fica mais vulnerável ao ácido produzido pelo próprio estômago. Em uma parcela menor de pessoas, especialmente aquelas com histórico familiar de câncer gástrico ou com inflamação prolongada, a infecção pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de estômago.

    Gastrite autoimune

    A gastrite autoimune acontece quando o sistema imunológico passa a atacar as células da mucosa gástrica, causando inflamação contínua, afinamento progressivo da camada interna e dificuldade de absorção de nutrientes, especialmente vitamina B12. Com o tempo, a deficiência pode levar à anemia, cansaço intenso e outros sintomas relacionados à baixa produção de glóbulos vermelhos.

    O processo inflamatório prolongado também altera o ambiente do estômago, reduzindo a produção de ácido e deixando a mucosa mais vulnerável a mudanças estruturais. Quando não tratada, a gastrite autoimune aumenta o risco de alterações mais graves, como atrofia gástrica e até lesões pré-malignas, o que torna importante o acompanhamento médico.

    Gastrite erosiva

    A gastrite erosiva caracteriza-se pela presença de pequenas feridas ou erosões na mucosa do estômago, que deixam a superfície mais sensível e vulnerável. Pode ser causada por álcool, uso frequente de anti-inflamatórios, estresse físico intenso (como grandes cirurgias, queimaduras e traumas) ou por doenças graves que comprometem o fluxo sanguíneo para o estômago.

    Os sintomas costumam incluir dor, sensação de queimação e, em alguns casos, sangramento digestivo, que pode se manifestar como vômitos escuros ou fezes muito escuras. A evolução pode ser aguda, quando ocorre de forma súbita, ou crônica, quando as erosões persistem por mais tempo e surgem de maneira repetida.

    Gastrite enantematosa

    A gastrite enantematosa é uma inflamação da mucosa do estômago que aparece como uma vermelhidão e um leve inchaço, visíveis durante a endoscopia. O termo “enantematosa” descreve justamente essa cor mais avermelhada da mucosa. A inflamação pode estar em apenas uma região do estômago ou se espalhar por toda a superfície interna.

    Ela pode ter várias causas, como uso de medicamentos que irritam o estômago, consumo de álcool, refluxo biliar, infecção pela H. pylori ou até quadros de estresse prolongado, que deixam o estômago mais sensível. Em muitos casos, provoca sintomas como desconforto na parte superior do abdômen, queimação e sensação de estufamento após as refeições.

    Quais os sintomas da gastrite?

    Os sintomas de gastrite podem variar bastante de pessoa para pessoa, indo de desconforto leve até dor intensa:

    • Dor na parte superior do abdômen;
    • Enjoo após as refeições ou ao acordar;
    • Sensação de estufamento;
    • Queimação no estômago;
    • Arroto frequente;
    • Perda de apetite;
    • Vômito em casos mais intensos;
    • Mal-estar após refeições maiores.

    Se a dor na região do estômago irradiar para outras partes do abdômen, é bom investigar outras causas, pois o padrão da gastrite normalmente é mais localizado, segundo Eleonora.

    Em alguns tipos de gastrite, como a erosiva, pode ocorrer sangramento, que aparece como fezes muito escuras ou vômito com coloração semelhante a borra de café.

    Por fim, Eleonora lembra que algumas pessoas, especialmente em quadros crônicos, podem não apresentar sintomas — o que torna importante uma avaliação individualizada.

    Como é feito o diagnóstico de gastrite?

    O diagnóstico de gastrite é feito a partir dos sintomas relatados pela pessoa, como dor ou desconforto na parte superior do abdômen, náusea, sensação de estufamento e queimação. Na maioria dos casos, o médico consegue suspeitar do quadro apenas pela conversa e pelo exame físico, sem necessidade de exames adicionais.

    Segundo Eleonora, em pacientes jovens, quando já se suspeita fortemente de uma causa para os sintomas, como consumo elevado de álcool ou uso de anti-inflamatório, muitas vezes basta suspender o agente agressor e usar uma medicação para reduzir a acidez.

    Mas, quando há dúvida, o paciente é mais velho, os sintomas não melhoram com o tratamento inicial ou quando existe algum sinal de alerta, o médico pode solicitar uma endoscopia digestiva alta.

    O exame permite observar diretamente a mucosa do estômago, identificar inflamações, erosões, úlceras e, se necessário, coletar biópsias para confirmar a causa da gastrite, como infecção por Helicobacter pylori ou alterações autoimunes.

    Tratamento de gastrite

    O tratamento de gastrite pode variar de acordo com a causa da inflamação, mas, em todos os cenários, é fundamental interromper o fator agressor, como consumo excessivo de bebidas alcoólicas ou anti-inflamatórios. Também é necessário controlar o tabagismo, uma vez que o cigarro irrita a mucosa do estômago, dificulta a cicatrização e aumenta o desconforto após as refeições.

    Mudanças no estilo de vida também fazem parte do tratamento, o que inclui uma alimentação leve, controle do estresse, intervalos regulares entre as refeições e escolha de porções menores ajudam a diminuir a irritação e prevenir crises de dor.

    Remédios para gastrite

    Quando há infecção por H. pylori, o médico costuma indicar uma combinação de antibióticos junto de um medicamento que reduz a acidez, permitindo que a mucosa se recupere, segundo Eleonora.

    Em muitos casos, remédios como omeprazol e pantoprazol são usados por algumas semanas para diminuir a produção de ácido e acelerar a cicatrização. Após o período indicado, o remédio é suspenso para que o estômago volte a funcionar normalmente. O uso prolongado sem orientação médica não é indicado.

    Quais alimentos devem ser evitados na gastrite?

    Enquanto o paciente está com sintomas, é importante evitar alimentos e bebidas que irritam o estômago e aumentam o desconforto. Os principais são:

    • Frituras e preparações ricas em gordura;
    • Bebidas alcoólicas;
    • Bebidas com gás, como refrigerantes e água com gás;
    • Alimentos muito temperados, com pimenta ou temperos fortes;
    • Alimentos ácidos, como alguns frutos cítricos e molhos mais ácidos.

    Eleonora ressalta que é importante mastigar bem os alimentos para facilitar a digestão, ingerir porções menores e fazer refeições mais frequentes, evitando encher demais o estômago.

    Gastrite tem cura?

    Depende da causa. Quando o fator desencadeante é identificado e tratado, como a infecção por H. pylori, o uso de anti-inflamatórios ou o consumo de álcool, a inflamação costuma regredir.

    Nos casos em que não é possível definir exatamente o motivo, a orientação é adotar um estilo de vida mais saudável, com alimentação equilibrada, redução do consumo de álcool, abandono do tabagismo e controle adequado do estresse.

    Leia também: Gastrite nervosa: o que é, sintomas e como aliviar

    Perguntas frequentes

    Quem tem gastrite pode comer cuscuz?

    A maioria das pessoas com gastrite pode comer cuscuz sem problemas, porque o alimento é leve, tem boa digestibilidade e não costuma irritar a mucosa do estômago. O cuscuz de milho, em especial, é uma opção interessante para quem está com sensibilidade gástrica, já que não contém gordura e pode ser preparado apenas no vapor.

    Os cuidados devem ser com os acompanhamentos, como manteiga em excesso, queijo muito gorduroso ou carne pesada podem causar desconforto. Preparar o cuscuz com pouco óleo, evitar temperos fortes e consumir em pequenas porções ajuda a tornar a refeição mais segura.

    Em fases de dor intensa, vale observar a reação individual e ajustar a dieta conforme orientação médica ou nutricional.

    Quem tem gastrite pode tomar leite?

    O leite pode aliviar temporariamente a queimação porque neutraliza parte da acidez do estômago, mas o efeito é passageiro. Logo depois, ele estimula nova produção de ácido, o que pode piorar os sintomas em algumas pessoas.

    Por isso, quem tem gastrite deve ter cautela: pequenas quantidades podem ser toleradas, mas há casos em que o leite provoca dor, estufamento ou enjoo. Os derivados gordurosos, como queijos amarelos e creme de leite, são mais irritantes para o estômago.

    O ideal é observar a resposta individual e, quando necessário, optar por versões com menor teor de gordura. Em gastrites mais graves ou durante crises, muitos médicos recomendam limitar o consumo de leite até que os sintomas melhorem.

    Como aliviar a gastrite imediatamente?

    O alívio imediato pode ocorrer com medidas simples, como:

    • Comer uma pequena porção de alimento leve, como arroz, batata ou uma fruta menos ácida, reduz o contato do ácido com a mucosa irritada;
    • Sentar com o tronco mais ereto e evitar deitar logo após comer também diminui a queimação;
    • Tomar água em goles suaves ajuda a diluir a acidez;
    • Algumas pessoas sentem conforto com chás mornos de camomila ou erva-doce.

    Já os antiácidos são úteis para crises pontuais, mas não resolvem a causa da gastrite. Caso a dor seja muito forte, persista por horas ou venha acompanhada de vômito com sangue, fezes escuras ou perda de peso, é fundamental buscar atendimento médico rapidamente.

    Quem tem gastrite pode beber café?

    O café é um dos itens mais relacionados ao aumento de desconforto gástrico. A bebida estimula a produção de ácido e pode piorar a queimação, especialmente quando consumida em jejum ou em grande quantidade.

    Os cafés muito fortes, coados lentamente ou feitos com grãos mais escuros têm maior potencial de irritação. Algumas pessoas conseguem tolerar pequenas quantidades após as refeições, enquanto outras sentem dor mesmo com poucos goles. Em períodos de crise, o ideal é reduzir ou suspender temporariamente, substituindo por chás suaves.

    Água com gás piora a gastrite?

    Sim, porque o gás distende o estômago, aumentando a pressão interna e agravando a sensação de dor e queimação. Em muitos casos, a bebida também provoca arrotos repetidos, o que reforça a irritação. Durante crises, o ideal é evitar qualquer bebida gaseificada e optar por água natural.

    A gastrite pode causar dor no peito?

    Sim, embora não seja o sintoma mais típico. A dor no estômago pode subir para a região torácica e gerar sensação de aperto ou queimação, confundindo-se com problemas cardíacos. Sempre que houver dor no peito intensa, persistente ou associada a falta de ar, sudorese ou mal-estar, é fundamental descartar problemas cardiovasculares antes de atribuir o sintoma à gastrite.

    Veja também: Dor de cabeça: quando é normal e quando é sinal de alerta 

  • Circunferência abdominal: por que é tão importante medir?

    Circunferência abdominal: por que é tão importante medir?

    Você já deve saber que o grau de obesidade é medido pelo índice de massa corporal (IMC), que compara peso e altura para indicar se a pessoa está dentro da faixa considerada saudável. Mas então, por que é tão importante medir a circunferência abdominal?

    O acúmulo de gordura na região abdominal não envolve apenas questões estéticas, estando diretamente relacionado a maior risco cardiovascular e a alterações metabólicas importantes.

    A circunferência da cintura permite identificar quando há excesso de gordura visceral, localizada entre órgãos como fígado e pâncreas, que é considerada uma das formas mais perigosas de acúmulo de gordura no corpo.

    Por que a gordura visceral é tão perigosa?

    A gordura visceral é aquela que se acumula dentro do abdômen, ao redor de órgãos como fígado, pâncreas e intestinos. De acordo com a cardiologista Juliana Soares, ela é responsável por produzir substâncias inflamatórias e hormônios que alteram diretamente o funcionamento do organismo, mantendo o corpo em um estado de inflamação persistente.

    A liberação contínua das substâncias mantém o organismo em um estado de inflamação crônica, favorecendo aumento da pressão arterial, piora do colesterol e elevação da glicose circulante.

    Como a gordura visceral está localizada entre órgãos vitais, os ácidos graxos liberados chegam rapidamente ao fígado, estimulando maior produção de glicose e de lipoproteínas de muito baixa densidade, que contribuem para a formação de placas nas artérias.

    A cardiologista ainda explica que o conjunto de alterações aumenta a resistência à insulina, favorece o acúmulo de gordura no fígado e cria um ambiente favorável ao desenvolvimento de diabetes tipo 2, aterosclerose, infarto e AVC.

    Importância da circunferência abdominal

    A medida da cintura abdominal é um indicador da quantidade de gordura visceral presente no organismo, segundo Juliana. Quanto maior a circunferência da cintura, maior tende a ser o acúmulo de gordura visceral e, por consequência, maior o risco de doenças cardiovasculares e alterações metabólicas.

    Mesmo pessoas com o peso aparentemente normal podem apresentar acúmulo significativo de gordura interna na região abdominal, o que aumenta a probabilidade de desenvolver hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol alto e um estado de inflamação crônica.

    “Existem indivíduos que estão com IMC dentro da faixa da normalidade, porém eles têm uma quantidade de gordura desproporcionalmente distribuída, tendo mais gordura visceral. Então, se a circunferência abdominal estiver acima dos limites, mesmo com peso normal e IMC dentro do adequado, há risco cardiovascular aumentado”, explica Juliana.

    Vale apontar que essas alterações surgem de maneira gradual e muitas vezes sem sintomas, à medida que o organismo permanece exposto a inflamação persistente, circulação comprometida e desequilíbrios metabólicos prolongados.

    Qual é a medida ideal para homens e mulheres?

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os valores de referência são:

    Circunferência abdominal em mulheres

    • Ideal: menor que 80 cm;
    • Risco aumentado: entre 80 cm e 88 cm;
    • Alto risco: maior que 88 cm.

    Circunferência abdominal em homens

    • Ideal: menor que 94 cm;
    • Risco aumentado: entre 94 cm e 102 cm;
    • Alto risco: maior que 102 cm.

    O aumento da gordura visceral é influenciado por fatores que alteram o metabolismo e favorecem o acúmulo na região da cintura, como alimentação rica em ultraprocessados, sedentarismo, consumo frequente de bebidas alcoólicas e sono de má qualidade.

    A genética e o envelhecimento também interferem na distribuição da gordura corporal, facilitando o acúmulo com o passar dos anos.

    Como medir a circunferência abdominal em casa?

    A medição da circunferência abdominal em casa é simples e pode ser feita com uma fita métrica comum. Veja o passo a passo:

    1. Tire os sapatos e deixe a região da cintura livre de roupas, para que a fita encoste diretamente na pele;
    2. Fique em pé, com postura ereta, pés paralelos e afastados na largura do quadril, braços relaxados ao lado do corpo e abdômen solto, respirando normalmente;
    3. Passe a mão abaixo das costelas até encontrar a última costela fixa (10ª costela). Faça uma marca leve com caneta;
    4. Toque a parte mais alta do osso do quadril (crista ilíaca) e faça outra marca;
    5. Encontre o ponto médio entre as duas marcações; é ali que a circunferência deve ser medida;
    6. Passe a fita métrica ao redor do corpo na altura do ponto médio, certificando-se de que ela esteja paralela ao chão e não aperte a pele;
    7. Inspire e solte totalmente o ar, mantendo o abdômen relaxado, e então faça a leitura olhando a fita na altura dos olhos;
    8. Retire a fita e anote o valor encontrado em centímetros para acompanhar a evolução ao longo do tempo.

    Como reduzir a circunferência abdominal?

    A gordura visceral responde diretamente a fatores metabólicos e hormonais do dia a dia, então a redução da circunferência abdominal depende de mudanças na alimentação, na rotina de exercícios e no controle do estresse. Juliana recomenda as estratégias mais adequados:

    • Educação alimentar com menor ingestão de carboidratos refinados e açúcares;
    • Reduzir o consumo de doces, bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados;
    • Aumento do consumo de fibras e proteínas, que prolongam a saciedade e ajudam no controle da glicose;
    • Prática regular de exercícios aeróbicos de intensidade moderada a alta, como caminhada rápida, corrida ou natação, favorecendo a queima de gordura visceral;
    • Inclusão de exercícios de força, como musculação e treinos de resistência, que aumentam a massa muscular e melhoram a sensibilidade à insulina;
    • Gerenciamento do estresse e manutenção de sono adequado, medidas que ajudam a regular o cortisol e evitam o acúmulo de gordura na região abdominal.

    Leia também: Gordura visceral: como ela se relaciona ao risco cardíaco?

    Perguntas frequentes

    A circunferência abdominal substitui o IMC?

    A circunferência abdominal não substitui completamente o IMC, mas é importante para complementar a avaliação. O IMC aponta a relação entre peso e altura, porém não indica onde a gordura está distribuída. Por exemplo, duas pessoas com IMC igual podem ter riscos diferentes, dependendo da presença de gordura visceral.

    Por isso, a circunferência da cintura é útil para identificar quem tem maior exposição ao risco, mesmo com peso aparentemente adequado.

    Por que o estresse aumenta a gordura abdominal?

    O estresse é responsável por elevar os níveis de cortisol, hormônio que favorece o acúmulo de gordura na cintura e aumenta o apetite, especialmente por alimentos calóricos. Quando o cortisol permanece alto por longos períodos, o organismo passa a armazenar mais gordura visceral, alterando a regulação da glicose, do colesterol e da pressão arterial.

    Beber álcool contribui para o aumento da barriga?

    O álcool interfere diretamente no metabolismo das gorduras, sobrecarrega o fígado e estimula o armazenamento de gordura na região abdominal.

    As bebidas alcoólicas também acrescentam calorias adicionais e favorecem o consumo exagerado de alimentos, criando um ambiente ideal para o aumento da circunferência abdominal.

    Reduzir a circunferência abdominal melhora o risco cardiovascular?

    Sim! Mesmo pequenas reduções já podem diminuir a pressão arterial, melhorar a sensibilidade à insulina, reduzir triglicerídeos e diminuir a inflamação sistêmica.

    Como a gordura visceral é metabolicamente ativa, qualquer queda na sua quantidade reflete rapidamente em benefícios para o coração e para o metabolismo.

    Por que algumas pessoas têm tendência maior a acumular gordura na barriga?

    A predisposição ao acúmulo de gordura abdominal depende de fatores genéticos, hormonais e comportamentais. Algumas pessoas têm metabolismo que direciona mais gordura para a região da cintura, enquanto outras acumulam mais no quadril ou nas coxas. O envelhecimento e alterações hormonais, como a queda do estrogênio nas mulheres, também favorecem o aumento da gordura visceral.

    Quanto tempo leva para reduzir a circunferência abdominal?

    O tempo pode variar conforme alimentação, rotina de exercícios, sono e genética de cada pessoa. Alguns observam mudanças em poucas semanas, enquanto outras precisam de meses para notar redução significativa.

    O mais importante é manter consistência nas escolhas diárias, porque a gordura visceral responde de forma previsível ao conjunto de hábitos saudáveis, trazendo benefícios progressivos para o metabolismo e para o coração.

    Confira: 6 dicas para quem está começando a usar canetas emagrecedoras