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  • Cateterismo cardíaco: o que é, para que serve e como é feito

    Cateterismo cardíaco: o que é, para que serve e como é feito

    Indicado para o diagnóstico de problemas nas artérias coronárias e no músculo cardíaco, o cateterismo é um exame minimamente invasivo que contribui para apontar se há entupimentos, estreitamentos ou alterações que podem comprometer a circulação do sangue no coração.

    Em alguns casos, ele também pode ajudar no tratamento imediato, já que muitas vezes é possível desobstruir a artéria no mesmo momento, devolvendo qualidade de vida e prevenindo complicações graves, como o infarto. Entenda mais para que serve, como é feito e quando o cateterismo é indicado.

    O que é cateterismo cardíaco?

    O cateterismo cardíaco é um exame em que um tubo fino e flexível, chamado cateter, é introduzido em uma artéria (normalmente pela virilha ou pelo pulso) e guiado até o coração. Ele é usado para diagnosticar e, em alguns casos, tratar problemas nas artérias coronárias e no músculo cardíaco.

    Durante o exame, um contraste é injetado para permitir a visualização em tempo real das artérias e estruturas cardíacas por meio de imagens de raio-X — processo conhecido como cinecoronariografia.

    Para que serve o cateterismo?

    O cateterismo tem diferentes finalidades, mas a principal função é diagnosticar e tratar problemas do coração e das artérias coronárias. Entre as aplicações mais comuns, a cardiologista Edilza Câmara Nóbrega aponta:

    • Identificar estreitamentos ou entupimentos nas artérias do coração;
    • Avaliar o funcionamento das válvulas cardíacas;
    • Medir a pressão dentro das câmaras cardíacas;
    • Preparar o paciente para procedimentos como cirurgia de revascularização (ponte de safena).

    Além do diagnóstico, o exame pode ser usado para intervenções terapêuticas, como implantar stents (pequenas molas metálicas que mantêm a artéria aberta) ou realizar angioplastia, procedimento que desobstrui a circulação sanguínea.

    Quando ele é indicado?

    O exame é indicado em situações específicas, normalmente quando outros métodos, como o eletrocardiograma, ecocardiograma ou teste ergométrico, não são suficientes para esclarecer o problema existente.

    Algumas das principais indicações incluem:

    • Dor no peito (angina) de causa não explicada;
    • Suspeita de infarto agudo do miocárdio;
    • Alterações em exames de imagem ou testes de esforço;
    • Avaliação antes de cirurgias cardíacas;
    • Suspeita de problemas nas válvulas cardíacas.

    Em casos de urgência, como no infarto, o cateterismo pode ser realizado imediatamente para abrir a artéria bloqueada e salvar o músculo cardíaco.

    Como é feito o cateterismo?

    O procedimento é relativamente simples, mas envolve alguns cuidados no preparo, conforme explica Edilza.

    Primeiro, o paciente recebe anestesia local no ponto de inserção do cateter, geralmente na virilha ou no braço. Dessa forma, ele permanece acordado durante todo o exame, o que é importante para que possa colaborar com pequenas instruções do médico, como prender a respiração por alguns segundos.

    Depois, o médico introduz o cateter pela artéria e o conduz até o coração com auxílio das imagens em tempo real. Em seguida, injeta um contraste iodado que permite visualizar o fluxo sanguíneo e possíveis obstruções.

    Em geral, o procedimento não causa dor significativa — o que a maioria das pessoas relata é apenas um leve desconforto no momento da punção ou movimentação do cateter.

    Quanto tempo dura?

    A duração média de um cateterismo é de 30 a 60 minutos, mas pode variar dependendo da complexidade do caso. Após o exame, o paciente é levado a uma sala de recuperação para monitoramento e repouso.

    “O tempo de internação costuma ser curto, e a maioria dos pacientes recebe alta no mesmo dia ou no dia seguinte”, explica Edilza.

    Qual a diferença entre cateterismo diagnóstico e terapêutico?

    Existem dois tipos principais de cateterismo, como explicado por Edilza:

    • Cateterismo diagnóstico: feito apenas para avaliar as condições do coração e das artérias. Ao final do exame, o cateter é retirado;
    • Cateterismo terapêutico (angioplastia): quando durante o exame é identificado um bloqueio, o médico pode decidir intervir imediatamente, inserindo um balão e/ou stent para desobstruir a artéria e restaurar a circulação.

    Cateterismo é perigoso?

    Em geral, não. O exame é considerado seguro e realizado de forma rotineira em hospitais. No entanto, como qualquer procedimento invasivo, pode haver riscos, como:

    • Sangramento no local da punção;
    • Infecção;
    • Reação alérgica ao contraste;
    • Arritmias cardíacas;
    • Em casos muito raros, complicações mais graves, como infarto ou acidente vascular cerebral.

    Vale ressaltar que os riscos são muito baixos e a maioria dos pacientes realiza o exame sem maiores problemas.

    Cuidados após o cateterismo

    Depois do procedimento, o paciente é levado a uma sala de recuperação, onde permanece em observação por algumas horas. Dependendo do caso, pode ter alta no mesmo dia ou no dia seguinte.

    Alguns cuidados importantes após o exame incluem:

    • Repouso relativo nas primeiras 24 a 48 horas;
    • Evitar esforços físicos intensos na primeira semana;
    • Beber bastante líquido para ajudar a eliminar o contraste;
    • Observar sinais como dor, sangramento ou inchaço no local da punção.

    A recuperação costuma ser rápida, e a maioria das pessoas consegue retomar suas atividades normais em poucos dias.

    Confira: Doença coronariana: o que é, como identificar os sintomas e quais os tratamentos indicados

    Perguntas frequentes sobre cateterismo cardíaco

    1. O cateterismo cardíaco dói?

    A maioria dos pacientes relata que o cateterismo cardíaco não causa dor significativa, uma vez que o exame é feito com anestesia local no local da punção, normalmente no braço ou na virilha.

    Durante a introdução do cateter, pode haver apenas uma sensação de pressão ou um leve desconforto.

    Além disso, a injeção do contraste pode causar uma sensação passageira de calor pelo corpo, mas que dura poucos segundos.

    O que costuma incomodar mais é o repouso após o exame, principalmente se a punção for feita na virilha, já que será necessário ficar deitado por algumas horas para evitar sangramentos.

    2. Preciso ficar internado para fazer o exame?

    Na maioria dos casos, o cateterismo é feito em regime de internação curta, muitas vezes de apenas um dia. O paciente chega ao hospital, faz os exames preparatórios, realiza o procedimento e, após algumas horas de observação, pode receber alta.

    Em situações de maior complexidade, como quando há necessidade de angioplastia, o tempo de internação pode ser maior, chegando a dois ou três dias, para garantir uma boa recuperação e monitoramento do paciente.

    3. Quem tem alergia a contraste pode fazer cateterismo?

    Sim, mas é preciso alguns cuidados especiais. O contraste usado no cateterismo é iodado, e algumas pessoas podem ter reações alérgicas. Nesses casos, o médico pode prescrever medicamentos antialérgicos e corticoides antes do exame para reduzir o risco.

    Em pacientes com histórico de reação grave, pode ser necessário avaliar alternativas ou adiar o procedimento.

    4. Cateterismo cardíaco pode ser feito em crianças?

    Sim, o cateterismo também pode ser indicado em crianças, especialmente naquelas com malformações cardíacas congênitas. Nesses casos, o procedimento pode ter tanto caráter diagnóstico quanto terapêutico, ajudando a corrigir problemas estruturais do coração desde cedo.

    5. Quem tem marca-passo pode fazer cateterismo?

    Sim, pacientes com marca-passo ou desfibrilador cardíaco implantado podem realizar o cateterismo normalmente. O procedimento não interfere no funcionamento dos dispositivos, mas é fundamental informar o médico e o cardiologista, para que ele possa ser avaliado e, se necessário, ajustado antes e depois do procedimento.

    6. Existe limite de idade para fazer cateterismo cardíaco?

    Não há um limite de idade para realizar o exame. O que define se uma pessoa pode ou não passar pelo exame é o estado geral de saúde. Inclusive, pacientes idosos frequentemente realizam cateterismo, inclusive com bons resultados, já que muitos desenvolvem obstruções coronárias ao longo da vida.

    O que muda é o cuidado com doenças associadas, como insuficiência renal, diabetes ou problemas de coagulação, que podem demandar mais atenção.

    7. O cateterismo pode ser feito sem contraste?

    Não, pois o uso do contraste iodado é fundamental para visualizar as artérias coronárias. Em situações específicas, como pacientes com alergia grave ao contraste ou insuficiência renal avançada, podem ser avaliados outros exames para diagnóstico.

    Leia também: 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta

  • Polifarmácia: por que o uso de muitos remédios merece atenção 

    Polifarmácia: por que o uso de muitos remédios merece atenção 

    Você já ouviu falar em polifarmácia? O termo pode parecer complicado, mas descreve uma situação comum: quando uma pessoa faz uso de cinco ou mais medicamentos ao mesmo tempo, seja por prescrição médica ou por automedicação.

    Esse cenário é mais frequente entre os idosos, já que costumam conviver com múltiplas doenças crônicas que exigem tratamento contínuo. Mas não se engane: cada vez mais pessoas jovens também vivem essa realidade, principalmente diante de condições como obesidade, diabetes e pressão alta.

    Por que a polifarmácia acontece?

    O acúmulo de medicamentos pode ocorrer por vários motivos:

    • Presença de várias doenças ao mesmo tempo (multimorbidade);
    • Acompanhamento por diferentes médicos especialistas, que prescrevem novos remédios sem revisar os anteriores;
    • Automedicação;
    • Uso prolongado de medicações que já não são mais necessárias.

    Assim, é comum que o paciente se veja com uma lista extensa de medicamentos, nem sempre ajustada à sua real necessidade.

    Quais são os riscos da polifarmácia?

    Tomar muitos medicamentos ao mesmo tempo pode trazer consequências sérias, como:

    • Reações adversas: respostas indesejadas ou prejudiciais que ocorrem mesmo com doses corretas;
    • Interações medicamentosas: quando um remédio altera o efeito do outro — ou até é potencializado por alimentos, bebidas e substâncias químicas;
    • Intoxicação medicamentosa: em alguns casos, o excesso ou a combinação inadequada pode ser grave;
    • Não adesão ao tratamento: quanto mais complexa a rotina de medicamentos, maior a chance de esquecimento, confusão ou abandono;
    • Impacto emocional e funcional: pode gerar cansaço, perda de autonomia e até isolamento;
    • Impacto financeiro: gastos altos com medicamentos podem comprometer a renda familiar;
    • Maior risco de quedas, hospitalização e até morte.

    Envelhecimento e maior sensibilidade

    Nos idosos, a polifarmácia merece atenção redobrada. Além de usarem mais medicamentos, o corpo passa por mudanças com o envelhecimento, tornando-se mais sensível tanto aos efeitos benéficos quanto aos colaterais dos remédios. Isso aumenta o risco de reações adversas, quedas e complicações.

    Veja também: 10 alimentos ricos em fibras para regular o intestino

    Como prevenir os problemas da polifarmácia

    Alguns cuidados simples fazem toda a diferença:

    • Evitar a automedicação;
    • Informar sempre ao médico ou farmacêutico todos os medicamentos em uso, incluindo chás, suplementos e fitoterápicos;
    • Ter um médico de referência para revisar regularmente a lista de remédios;
    • Esclarecer dúvidas sobre a função de cada medicamento e como utilizá-lo corretamente;
    • Relatar qualquer sintoma novo ao profissional de saúde;
    • Investir em hábitos saudáveis, como boa alimentação e atividade física, que reduzem a necessidade de medicamentos.

    Perguntas frequentes sobre polifarmácia

    1. Polifarmácia significa que todos os medicamentos são desnecessários?

    Não. Em muitos casos, os remédios são essenciais. O problema está em quando eles não são revisados, acumulam efeitos ou deixam de ser necessários.

    2. Apenas idosos sofrem os efeitos da polifarmácia?

    Não. Embora mais comum nos idosos, jovens com doenças crônicas como diabetes, obesidade e hipertensão também podem precisar de vários medicamentos.

    3. Qual é o maior risco de tomar muitos medicamentos ao mesmo tempo?

    O principal risco é a interação medicamentosa, quando um remédio interfere no efeito do outro, podendo aumentar efeitos colaterais ou reduzir a eficácia.

    4. Como sei se estou em risco?

    Se você usa cinco ou mais medicamentos diferentes, já está dentro da definição de polifarmácia. Vale conversar com seu médico para revisar a lista.

    5. O que fazer se eu esquecer um dos remédios?

    Nunca dobre a dose no próximo horário. O ideal é seguir as orientações do médico ou farmacêutico sobre como proceder em cada caso.

    6. Como reduzir os riscos da polifarmácia?

    Revisando os medicamentos periodicamente com um médico de confiança, evitando automedicação e informando sobre todos os produtos usados — inclusive naturais e suplementos.

    Leia mais: 5 coisas para fazer hoje e proteger o coração contra o infarto

  • Por que desmaiamos? O que pode estar por trás da perda repentina de consciência 

    Por que desmaiamos? O que pode estar por trás da perda repentina de consciência 

    Você já deve ter visto em filmes alguém ficando pálido, cambaleando e caindo de repente. Na vida real, o desmaio, chamado de síncope pelos médicos, é um evento comum, que pode assustar quem está em volta e também quem passa por ele. Em muitos casos, dura apenas alguns segundos e a pessoa logo desperta sozinha.

    Mas nem sempre é algo inofensivo. O desmaio pode ser provocado por situações simples, como calor intenso ou levantar-se rápido demais, mas também pode estar ligado a doenças cardíacas ou neurológicas.

    Entender as causas, reconhecer os sinais de alerta e saber quando procurar ajuda médica é importante para garantir segurança e saúde.

    O que é desmaio?

    O desmaio, conhecido na medicina como síncope, acontece quando o cérebro deixa de receber oxigênio suficiente por alguns segundos. Isso leva à perda temporária de consciência: a pessoa fica mole, pode cair e, na maioria dos casos, acorda sozinha pouco depois.

    Embora muitas vezes seja um episódio passageiro e sem maiores consequências, em alguns casos pode indicar uma condição mais séria que merece atenção médica.

    O que pode causar um desmaio?

    As causas de desmaio são variadas, mas as mais comuns são as abaixo.

    Síncope reflexa (vasovagal)

    É o tipo mais frequente. Acontece quando algo específico desencadeia o desmaio, como dor intensa, calor excessivo, ficar em pé por muito tempo, ir ao banheiro ou até ver sangue.

    Pressão baixa ao levantar (hipotensão ortostática)

    Acontece quando a pressão arterial cai de forma repentina, geralmente ao se levantar rápido. Também pode ocorrer em casos de desidratação, uso de certos medicamentos ou perda de sangue.

    Problemas no coração (síncope cardíaca)

    Mais grave, acontece quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para o cérebro. Pode estar ligada a arritmias ou alterações estruturais do coração.

    Quais sinais podem aparecer antes do desmaio?

    Algumas pessoas sentem sintomas de alerta segundos antes de desmaiar, como:

    • Tontura;
    • Visão turva;
    • Suor frio;
    • Náusea;
    • Fraqueza.

    Mas em outros casos, o desmaio pode ocorrer de forma súbita, sem aviso.

    Confira: 5 coisas para fazer hoje e proteger o coração contra o infarto

    Como o médico descobre a causa do desmaio?

    O diagnóstico do desmaio começa com a avaliação clínica: uma conversa detalhada sobre o episódio e o exame físico. Dependendo da situação, o médico pode solicitar exames complementares, como:

    • Eletrocardiograma (ECG): avalia os batimentos do coração;
    • Exames de sangue: investigam alterações metabólicas;
    • Ecocardiograma: mostra a estrutura e o funcionamento cardíaco;
    • Monitoramento cardíaco por alguns dias: útil para flagrar arritmias intermitentes.

    Como tratar desmaio?

    O tratamento depende da causa identificada:

    • Síncope reflexa: evitar os gatilhos que provocam o desmaio, como calor excessivo ou jejum prolongado;
    • Hipotensão ortostática: levantar-se devagar, manter boa hidratação e, se preciso, ajustar medicamentos;
    • Síncope cardíaca: pode exigir uso de remédios, procedimentos específicos ou até implante de aparelhos que corrigem o ritmo cardíaco.

    Quando o desmaio é sinal de alerta?

    Na maioria dos casos, o desmaio é benigno. Mas procurar atendimento médico é fundamental se os episódios forem recorrentes ou se vierem acompanhados de:

    • Dor no peito;
    • Palpitações;
    • Falta de ar;
    • Histórico de doenças cardíacas;
    • Perda de consciência prolongada.

    Perguntas frequentes sobre desmaio

    1. O desmaio sempre significa um problema grave?

    Não. Muitas vezes ele é passageiro e sem consequências, mas pode sinalizar condições sérias, especialmente cardíacas.

    2. Quais são as causas mais comuns de desmaio?

    As mais comuns são a síncope vasovagal, a queda brusca da pressão ao se levantar (hipotensão ortostática) e problemas cardíacos.

    3. O que fazer quando alguém desmaia?

    Deite a pessoa de costas, levante as pernas, afrouxe as roupas apertadas e verifique se ela está respirando. Se não acordar em alguns minutos ou tiver sintomas graves, chame o SAMU (192).

    4. O que pode ser feito para prevenir desmaios?

    Evitar jejum prolongado, manter boa hidratação, levantar-se devagar e controlar doenças crônicas como pressão alta ou diabetes ajudam a reduzir os episódios.

    5. Qual exame é mais importante para investigar desmaio?

    O eletrocardiograma (ECG) é um dos primeiros exames solicitados, mas o médico pode indicar outros, como ecocardiograma ou monitoramento cardíaco.

    Leia também: Novas metas de colesterol em 2025: valores mais rígidos para proteger seu coração

  • Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde 

    Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde 

    É esperado passar o dia inteiro de mau humor depois de uma noite mal dormida. O sono ruim afeta a disposição e pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, metabólicas e até prejudicar a memória e a saúde mental.

    É por isso que especialistas destacam a higiene do sono como um dos pilares da saúde, junto com alimentação equilibrada e prática regular de atividade física. Pequenos ajustes na rotina e no ambiente podem fazer toda a diferença para conquistar noites de descanso reparador.

    Por que dormir bem é essencial para a saúde

    Durante o sono, o corpo não desliga, mas trabalha duro para recuperar músculos, reparar tecidos, produzir hormônios e fortalecer o sistema imunológico. Quando essa etapa é interrompida, surgem problemas que vão desde sonolência e irritabilidade até maior risco de acidentes, infartos e até AVC.

    Dormir mal também pode se associar a:

    • Pressão alta e arritmias;
    • Obesidade e resistência à insulina;
    • Ansiedade e depressão;
    • Dificuldades de memória e concentração.

    Quantas horas precisamos dormir?

    A quantidade ideal varia conforme a idade, mas para adultos a recomendação é de 7 a 9 horas por noite. Quem trabalha em turnos pode precisar adaptar o descanso para o dia, mas esse padrão muitas vezes favorece distúrbios de sono.

    Sintomas de noites mal dormidas

    Quando o sono não é de qualidade, alguns sinais começam a aparecer:

    • Dificuldade de iniciar ou manter o sono;
    • Sonolência excessiva durante o dia;
    • Cansaço e fadiga persistente;
    • Alterações de humor (irritabilidade, impulsividade, depressão);
    • Mudanças nos hábitos alimentares;
    • Prejuízos no trabalho, estudos ou vida social.

    Se esses sintomas se tornam frequentes, é hora de buscar avaliação profissional.

    O que é higiene do sono?

    A higiene do sono é um conjunto de hábitos e mudanças no ambiente que favorecem noites de descanso de qualidade. São medidas simples, mas com impacto direto na saúde.

    Hábitos e rotina

    • Estabeleça horários fixos para dormir e acordar (inclusive nos fins de semana);
    • Evite cafeína (café, chás, energéticos, refrigerantes), álcool e refeições pesadas 4 a 6 horas antes de deitar;
    • Pratique atividade física regularmente, mas não próximo da hora de dormir;
    • Se precisar cochilar, limite a até 45 minutos e nunca no final do dia;
    • Desconecte-se das telas pelo menos 1 hora antes de dormir: a luz inibe a melatonina, hormônio que regula o sono;
    • Reduza o tabagismo.

    Ambiente adequado

    • Mantenha o quarto escuro, silencioso e em temperatura agradável;
    • Use roupas confortáveis para dormir;
    • Reserve a cama apenas para dormir ou relaxar – não para trabalhar ou estudar.

    Técnicas de relaxamento

    Mindfulness, meditação, banho morno ou aromaterapia podem preparar corpo e mente para adormecer. O mindfulness, por exemplo, ajuda a focar no presente e reduzir a ansiedade, tornando o sono mais fácil e profundo.

    Confira: Como controlar o sono depois do almoço?

    Perguntas frequentes sobre higiene do sono

    1. O que é higiene do sono?

    É o conjunto de hábitos e ajustes no ambiente que favorecem um sono de melhor qualidade.

    2. Quantas horas de sono um adulto precisa por noite?

    De 7 a 9 horas, segundo recomendações médicas.

    3. Posso compensar noites mal dormidas com cochilos longos durante o dia?

    Não. Cochilos longos podem atrapalhar ainda mais o ciclo do sono. Prefira curtos, de até 45 minutos.

    4. É verdade que usar celular antes de dormir atrapalha o sono?

    Sim. A luz das telas inibe a melatonina, dificultando o adormecer.

    5. Beber álcool ajuda a dormir?

    Apesar de causar sonolência inicial, o álcool prejudica a qualidade do sono e pode gerar despertares noturnos.

    6. Quem trabalha à noite consegue ter sono de qualidade?

    Sim, mas exige mais cuidados: ambiente escuro e silencioso, rotina fixa e higiene do sono rigorosa.

    7. Quando procurar ajuda médica para problemas de sono?

    Se os sintomas forem frequentes, intensos ou afetarem a rotina, é importante procurar um especialista em sono.

    Leia mais: Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa

  • ‘Doença do beijo’: sintomas e tratamento da mononucleose infecciosa 

    ‘Doença do beijo’: sintomas e tratamento da mononucleose infecciosa 

    Se você já ouviu falar na famosa “doença do beijo”, saiba que ela tem nome científico: mononucleose infecciosa. Causada principalmente pelo vírus Epstein-Barr (EBV), é uma infecção viral comum entre adolescentes e jovens adultos, mas que pode atingir pessoas de qualquer idade.

    Embora o apelido seja curioso, a mononucleose merece atenção: pode provocar febre, cansaço intenso e até complicações mais graves em alguns casos. A boa notícia é que, na maioria das vezes, a recuperação é rápida e sem sequelas, desde que sejam seguidas as orientações médicas.

    Como a mononucleose é transmitida?

    O vírus Epstein-Barr (EBV) é transmitido principalmente pela saliva, o que explica o apelido de “doença do beijo”. Mas não é apenas o beijo que pode passar o vírus: o compartilhamento de copos, talheres e escovas de dente também pode transmitir a infecção.

    Quais são os sintomas da mononucleose?

    Os sintomas típicos incluem:

    • Dor de garganta;
    • Linfonodos (ínguas) aumentados no pescoço;
    • Febre;
    • Calafrios;
    • Dores de cabeça;
    • Cansaço intenso e fadiga;
    • Mal-estar geral;
    • Dor abdominal;
    • Perda de apetite;
    • Erupções na pele.

    Em alguns casos, pode haver aumento do fígado e do baço. A maioria dos pacientes melhora em cerca de duas semanas, mas a fadiga pode durar mais tempo em algumas pessoas.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da mononucleose é clínico, ou seja, baseado na avaliação médica dos sintomas e do exame físico. Em alguns casos, podem ser solicitados exames de apoio, como:

    • Teste de anticorpos heterófilos: confirma a infecção;
    • Exames de sangue gerais: mostram alterações sugestivas;
    • Exames específicos para anticorpos contra o vírus Epstein-Barr: geralmente usados quando o quadro não é típico.

    Confira: Arritmia cardíaca: quando os batimentos fora de ritmo merecem atenção

    Tratamento da mononucleose

    Não existe medicamento específico para eliminar o vírus. O tratamento é de suporte, com foco em aliviar os sintomas:

    • Uso de analgésicos e anti-inflamatórios;
    • Repouso;
    • Boa hidratação;
    • Evitar atividades físicas de impacto, especialmente na região abdominal (já que o baço pode estar aumentado e frágil).

    Na maioria dos casos, a recuperação é completa em algumas semanas.

    Complicações: quando se preocupar?

    A mononucleose costuma ser uma doença benigna e autolimitada, mas em situações raras pode evoluir com complicações, como:

    • Problemas no sangue (anemia hemolítica, plaquetopenia);
    • Infecções neurológicas (meningite, encefalite, síndrome de Guillain-Barré);
    • Inflamações no coração (miocardite);
    • Síndrome da fadiga crônica ou depressão;
    • Ruptura do baço: complicação rara, mas grave e potencialmente fatal. Nesse caso, a pessoa apresenta dor abdominal intensa e súbita, que deve ser avaliada imediatamente em um pronto-socorro.

    Perguntas frequentes sobre mononucleose

    1. Mononucleose é sempre transmitida pelo beijo?

    Não. Apesar do apelido “doença do beijo”, a transmissão também ocorre pelo compartilhamento de objetos como copos, talheres e escovas de dente.

    2. A mononucleose é contagiosa por quanto tempo?

    A pessoa pode transmitir o vírus por semanas ou até meses após a infecção. Por isso, é importante evitar compartilhar objetos pessoais.

    3. Existe vacina contra a mononucleose?

    Ainda não existe vacina aprovada contra o vírus Epstein-Barr.

    4. Quem teve mononucleose pode ter de novo?

    É raro. Após a infecção, o vírus permanece no corpo em estado “latente”, e a maioria das pessoas desenvolve imunidade duradoura.

    5. É possível saber se uma bebida está contaminada com o vírus Epstein-Barr?

    Não. O vírus não altera cor, cheiro ou sabor de bebidas. A prevenção é evitar compartilhar copos e utensílios.

    6. Quando procurar um médico?

    Se os sintomas forem intensos, prolongados ou acompanhados de dor abdominal forte, deve-se procurar atendimento médico imediato.

    Leia também: Tipos de sinusite: veja as diferenças entre viral, bacteriana e fúngica

  • Sinais de ovulação: descubra como o corpo mostra que você está no período fértil 

    Sinais de ovulação: descubra como o corpo mostra que você está no período fértil 

    A ovulação é um dos momentos-chave do ciclo menstrual e também um dos mais aguardados por mulheres que desejam engravidar ou evitar uma gestação. Saber reconhecer os sinais de que ela está acontecendo ajuda não apenas no planejamento reprodutivo, mas também no autoconhecimento sobre a saúde.

    Mas como identificar a ovulação? Quais sinais o corpo dá? E é verdade que algumas mulheres conseguem até sentir de que lado ovularam? Conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, que detalhou como funciona o ciclo, quais mudanças ocorrem no corpo e de que forma esses sintomas de ovulação podem ser percebidos.

    O que é a ovulação e como funciona o ciclo menstrual

    O ciclo menstrual é dividido em fases que podem ser descritas tanto do ponto de vista dos ovários quanto do endométrio (a camada interna do útero). A ovulação marca o meio desse ciclo, quando um óvulo é liberado do ovário e segue em direção às tubas uterinas, onde pode ser fecundado.

    Óvulo

    Quando se fala em fase folicular, a análise está voltada para o ovário. Nesse momento, os folículos ovarianos estão em desenvolvimento: são várias pequenas estruturas, semelhantes a cistos, cada uma contendo um óvulo.

    “Entre eles, um se torna dominante, enquanto os demais sofrem atrofia. Esse folículo dominante rompe e libera o óvulo para dentro da tuba uterina”, explica.

    Depois da liberação, inicia-se a chamada fase lútea, porque o folículo que rompeu se transforma no corpo lúteo, responsável por produzir progesterona. Esse hormônio prepara o endométrio para sustentar uma possível gravidez.

    Endométrio

    Do ponto de vista do endométrio, as fases são chamadas de proliferativa e secretória. Enquanto o folículo se desenvolve até o rompimento, o endométrio cresce para preparar o tecido e deixá-lo pronto para receber o embrião.

    “Após a liberação do óvulo, esse tecido começa a secretar glicogênio, que serve como fonte de alimento e energia para o embrião. Por esse motivo, essa etapa é denominada fase secretória”, explica Andreia.

    Em resumo, a ovulação é o ponto central do ciclo menstrual. Nos ovários, um folículo amadurece, rompe e libera o óvulo, enquanto no endométrio o tecido cresce e depois passa a produzir nutrientes para sustentar uma possível gestação.

    Assim, cada fase tem um papel complementar, garantindo que o corpo feminino esteja preparado tanto para a fecundação quanto para a implantação do embrião.

    Quando ocorre a ovulação: cada ciclo é único

    Embora se fale muito no ciclo “padrão” de 28 dias, na prática há grande variação entre as mulheres. Em ciclos regulares de 28 dias, a ovulação geralmente acontece por volta do 14º dia. Porém, em ciclos mais longos, como os de 35 dias, ela pode ocorrer apenas na terceira semana.

    A médica destaca que a fase lútea (após a ovulação) tende a ser fixa, durando cerca de 14 dias. O que varia é a fase folicular, ou seja, o período anterior à ovulação, que pode ter de 10 até 20 dias e ainda ser normal.

    “Os últimos 15 dias são mais fixos, marcados pela ovulação”, afirma.

    Por isso, calcular a ovulação apenas pelo calendário pode ser impreciso. Observar os sinais do corpo é uma estratégia complementar importante.

    Principais sinais da ovulação no corpo da mulher

    Nem todas as mulheres conseguem perceber claramente quando estão ovulando. Algumas são mais sensíveis às mudanças hormonais, enquanto outras passam por esse momento sem notar alterações. Entre os sinais da ovulação mais comuns estão:

    • Dor ou pontada no baixo ventre: conhecida como dor do meio, acontece quando o folículo se rompe e libera líquido na cavidade pélvica. Esse líquido pode causar uma irritação leve, gerando dor pontual, diferente da cólica, e até indicar de qual lado ocorreu a ovulação;
    • Pequeno sangramento no meio do ciclo: chamado de sangramento do meio, é resultado das oscilações hormonais naturais do período ovulatório;
    • Mudança no muco cervical: a secreção vaginal fica mais elástica, transparente e parecida com clara de ovo, facilitando a chegada dos espermatozoides ao óvulo;
    • Alterações de humor ou irritabilidade: geralmente menos intensas do que na TPM, mas podem aparecer em mulheres mais sensíveis às variações hormonais;
    • Aumento da libido: algumas mulheres relatam maior desejo sexual durante a fase ovulatória, influenciado pelas mudanças hormonais.

    De forma geral, os sinais da ovulação são reflexos das transformações hormonais que acontecem no corpo feminino para favorecer a fecundação. Embora variem de intensidade entre as mulheres, essas alterações funcionam como indicativos de que o organismo está no período fértil.

    Reconhecê-los pode ajudar tanto quem deseja engravidar quanto quem busca compreender melhor o próprio ciclo menstrual.

    Nem todas as mulheres sentem os sintomas da ovulação

    É importante lembrar que a ausência de sintomas não significa ausência de ovulação.

    “Algumas mulheres não sentem nada e isso não quer dizer que não ovularam. Apenas significa que são menos sensíveis a esses sinais”, reforça Andreia.

    Essa variação individual explica por que algumas mulheres conseguem identificar até de qual lado ovularam, enquanto outras só percebem a ovulação por meio de exames laboratoriais ou de imagem.

    Exames que ajudam a identificar a ovulação

    Para mulheres que desejam engravidar ou monitorar melhor a saúde reprodutiva, alguns exames podem confirmar a ovulação:

    • Hormônio antimülleriano (AMH): exame de sangue que mede a reserva ovariana, ou seja, quantos óvulos a mulher ainda tem disponíveis ao longo da vida fértil. Não mostra diretamente se a ovulação está acontecendo, mas valores muito baixos indicam menor chance de ovular nos próximos meses;
    • Ultrassonografia transvaginal seriada: feita em consultas de acompanhamento, permite observar o crescimento dos folículos no ovário e identificar com precisão o momento em que ocorre a ovulação;
    • Temperatura basal: consiste em medir diariamente a temperatura do corpo ao acordar. Um pequeno aumento pode indicar que a ovulação já aconteceu.

    Esses exames são úteis principalmente para quem enfrenta dificuldades para engravidar ou precisa de acompanhamento médico mais próximo.

    Leia mais: Exame preventivo ginecológico: o que é e quando fazer

    Quando os sinais confundem: ovulação ou TPM?

    Muitas mulheres sentem dificuldade em diferenciar os sintomas da ovulação dos da tensão pré-menstrual (TPM). Isso acontece porque ambos envolvem mudanças hormonais e podem gerar sinais parecidos, como alterações de humor, dor abdominal e sensibilidade nos seios.

    Ainda assim, existem diferenças importantes que ajudam a identificar em qual fase do ciclo a mulher está.

    • Ovulação: ocorre no meio do ciclo e pode causar dor leve no baixo ventre (a chamada dor do meio), aumento da libido, maior sensibilidade nos seios, alterações de humor e presença de muco cervical transparente e elástico;
    • TPM: surge na segunda metade do ciclo, após a ovulação, devido à queda da progesterona. Os sintomas incluem inchaço, retenção de líquidos, cólicas mais intensas, fadiga, irritabilidade e maior sensibilidade emocional;
    • Diferença prática: a dor do meio e o muco cervical característico são sinais específicos da ovulação, enquanto cólicas fortes, inchaço e oscilações emocionais marcantes estão mais relacionados à TPM.

    Saber reconhecer esses sinais da ovulação permite compreender melhor o próprio corpo, identificar o período fértil com mais clareza e lidar de forma mais consciente com os sintomas típicos de cada fase.

    Ovulação, fertilidade e saúde reprodutiva

    Conhecer os sinais da ovulação é fundamental para mulheres que desejam engravidar, mas também traz benefícios para aquelas que apenas querem entender melhor o próprio corpo. Observar os sinais pode indicar se o ciclo está funcionando normalmente e ajudar a identificar possíveis irregularidades que merecem avaliação médica.

    Andreia destaca que sinais como dor leve, sangramento discreto e mudanças no muco fazem parte do processo fisiológico. Mas reforça: se houver dor intensa, sangramento fora do esperado ou ciclos muito irregulares, o ideal é procurar acompanhamento.

    Confira: Seu ciclo está bagunçado? Saiba quando a menstruação irregular é sinal de alerta

    Perguntas e respostas sobre ovulação

    1. O que é a ovulação?

    A ovulação é o momento do ciclo menstrual em que um óvulo maduro é liberado do ovário em direção à tuba uterina. É o período em que a mulher está mais fértil e pode engravidar se houver relação sexual.

    2. Quando a ovulação acontece?

    Em ciclos regulares de 28 dias, ela costuma ocorrer por volta do 14º dia. Mas cada mulher tem um ritmo próprio: em ciclos mais longos, como os de 35 dias, a ovulação pode acontecer apenas na terceira semana.

    3. Quais são os principais sinais de ovulação?

    Entre os mais comuns estão: dor leve no baixo ventre (dor do meio), pequeno sangramento no meio do ciclo, muco cervical mais elástico e transparente, aumento da libido e alterações de humor leves.

    4. Toda mulher sente sintomas de ovulação?

    Não. Algumas mulheres percebem claramente as mudanças no corpo, enquanto outras não sentem nada. A ausência de sintomas não significa ausência de ovulação.

    5. Como diferenciar sintomas de ovulação da TPM?

    A ovulação acontece no meio do ciclo e tem sinais específicos, como dor do meio e muco cervical característico. Já a TPM surge na segunda metade do ciclo, após a ovulação, e está ligada à queda da progesterona, trazendo sintomas como inchaço, cólicas mais fortes e maior irritabilidade.

    6. Que exames podem confirmar a ovulação?

    Os principais são a ultrassonografia transvaginal seriada, que mostra o crescimento e rompimento do folículo, e exames de sangue que medem hormônios. A temperatura basal e o hormônio antimülleriano (AMH) também ajudam, mas têm funções específicas e limitações.

    7. Quando é importante monitorar a ovulação de perto?

    Em casos de dificuldade para engravidar após meses de tentativas, ciclos irregulares ou preparação para técnicas de reprodução assistida, como coito programado, inseminação artificial ou fertilização in vitro.

    Leia também: Fluxo menstrual intenso: o que é, sintomas e como tratar

  • Ela perdeu 25 kg: ‘Minha relação com o corpo e saúde antes do emagrecimento era das piores’

    Ela perdeu 25 kg: ‘Minha relação com o corpo e saúde antes do emagrecimento era das piores’

    Mudar de vida nunca é simples: exige coragem, persistência e dedicação. Foi exatamente assim com Suzane Nascimento, advogada de 35 anos, que durante anos conviveu com o sedentarismo, o tabagismo e hábitos alimentares desregrados até perceber que sua saúde estava em risco. Hoje, depois de um longo processo, ela celebra não apenas um corpo transformado, mas uma nova relação consigo mesma.

    “A minha relação com o meu corpo e a minha saúde antes do emagrecimento era das piores. Eu não era uma pessoa que me preocupava muito com isso, além de ser fumante. Eu fui fumante durante 15 anos e decidi parar de fumar logo quando comecei esse processo de perda de peso”, conta.

    O ponto de virada para a perda de peso

    Uma cena aparentemente banal foi o gatilho para Suzane repensar sua vida.

    “Eu fui ao parque com meu cachorro, com o meu noivo na época, e andei do estacionamento para dentro do parque. Era janeiro e fiquei muito cansada e suando muito. Até então eu honestamente nem lembro se tinha me pesado, mas lembro que aquilo me preocupou bastante. Aí resolvi, naquele mês de janeiro ou fevereiro, procurar um médico. Achei que aquilo não estava muito certo”.

    Mais do que o incômodo físico, o episódio trouxe uma sensação de alerta. Ela procurou um especialista, começou a prestar atenção ao corpo e, pela primeira vez, encarou a balança com seriedade. Decidiu então iniciar uma mudança radical: parou de fumar, contratou uma nutricionista, voltou para a academia e ajustou toda a rotina.

    “Eu mudei tudo ao mesmo tempo porque, para mim, não ia funcionar se eu fizesse as coisas aos poucos. Então foi superdifícil, obviamente. Mas se eu tivesse feito de outro jeito, não teria conseguido”.

    Essa decisão exigiu disciplina desde o início, mas também coincidiu com um desafio emocional inesperado. Durante o processo de emagrecimento, seu noivo foi diagnosticado com leucemia.

    “Pensei que eu poderia me afundar ou eu poderia pegar a tristeza que eu estava sentindo e focar em alguma coisa que fizesse bem para mim. Foi quando foquei ainda mais na academia”.

    Apoio da terapia e da psiquiatria para a mudança de hábitos

    O processo não foi apenas físico, focado apenas na perda de peso. Para dar conta da carga emocional e da mudança de hábitos, Suzane buscou ajuda psicológica e médica.

    “Fiz terapia para poder processar tudo isso da melhor forma e tive tratamento psiquiátrico”, lembra. No início do processo ela usou medicamentos para poder passar por essa fase.

    “Me ajudou muito. Eu era contra esse tipo de uso de medicamento, até mesmo os psiquiátricos de ansiedade e depressão, mas percebi que são mecanismos que ajudam a gente a chegar no objetivo e a melhorar”.

    Ela conta que, em primeiro lugar, começou a fazer terapia e depois buscou ajuda psiquiátrica. “Isso me fez entender que os medicamentos iam me ajudar ainda mais no processo e contribuíram muito para enfrentar a doença do meu noivo sem voltar para os velhos hábitos”, recorda.

    Reaprendendo a comer

    Uma das mudanças mais difíceis foi ter uma alimentação equilibrada. Suzane conta que cresceu com o chamado “paladar infantil”, muito ligado a frituras, doces e fast-food.

    “Eu sempre adorei fritura, fast-food e comidas de criança mesmo. Foi um processo difícil sair disso para escolher uma alimentação saudável”, conta.

    Para não se perder na rotina, adotou estratégias práticas:

    • Fazer marmitas e congelar refeições para não cair em desculpas após o trabalho;
    • Reservar parte do domingo para cozinhar toda a semana;
    • Comer em casa antes de ir a festas ou churrascos, evitando exageros.

    “No começo tive que cortar drasticamente as coisas que eu gostava para poder me acostumar com alimentação saudável. Hoje a minha relação com a comida é completamente diferente”, conta.

    “Mesmo fora de casa, sempre opto por refeições saudáveis. Coloco legumes e salada primeiro no prato, depois proteína, um pouco de arroz e feijão. Isso aprendi com o tempo, consultando nutricionista e mudando a alimentação”.

    Leia também: Como montar um prato saudável para todas as refeições?

    A disciplina nos treinos

    A rotina de exercícios se tornou a base da transformação de Suzane. “Às vezes acordo às 4h50 da manhã para treinar, porque a estratégia que funciona comigo é treinar cedo. Sei que o resto do dia pode dar errado, mas já garanti meu treino. A sensação do pós-treino é o que me motiva”.

    Suzane treina musculação seis vezes por semana, corre de quatro a cinco vezes e, às vezes, inclui pilates. “Descanso só no domingo. Quando estou animada vou ao parque correr, mas geralmente domingo é pra não fazer nada”, fala.

    Ela comenta que o desânimo às vezes faz parte do percurso. “Tem hora que você quer desistir de tudo, comer um McDonald’s e não acordar cedo para treinar. Mas vou falar: os resultados, quando aparecem, viram um vício. No começo é muito difícil, demora para ver, mas quando começam a aparecer, viram motivação”.

    Mais que estética: saúde física, mental e emocional

    Suzane conta que, para o processo de emagrecimento, teve que passar por mudanças em todas as esferas possíveis: físicas, mentais e emocionais.

    “Foi um conjunto. Do mesmo jeito que é um conjunto para chegar nos objetivos. Não dá para trabalhar só uma coisa. Se você não cuida da mente, não cuida do corpo. Eu não acho que funciona escolher só uma coisa. Para mim não funciona. Preciso fazer tudo de uma vez. Se fosse aos poucos, eu desistiria”.

    Essa visão integrada também foi o que a manteve longe do cigarro, mesmo em momentos de grande dor.

    “Quando meu noivo ficou doente, eu tinha uns quatro, cinco meses de processo, já tinha parado de fumar. Pensei: ‘se eu não voltar a fumar nesse momento, nunca mais volto’. E realmente não voltei”.

    Para isso, ela passou a focar ainda mais nas coisas que faziam bem sem se vitimizar.

    “Foi a melhor coisa que fiz. No final, não pude salvá-lo, mas fiquei bem comigo mesma. Poderia ter perdido tudo: autoestima, emprego, um monte de coisa. Ele não estaria aqui de qualquer forma, mas eu teria que recomeçar do zero. Então decidi minimizar esses impactos”.

    Conquistas e próximos objetivos

    O processo já dura mais de três anos e rendeu resultados expressivos: perda de cerca de 25 quilos de gordura e ganho de massa magra.

    “Não é uma coisa de meses. Ainda tenho gordura pra perder. Vou no meu tempo, respeitando meu corpo e meus limites, pois tenho muita coisa pra conquistar ainda. Não cheguei no meu objetivo. Sempre preciso ter uma meta pra não desistir. Quando melhoro uma coisa, coloco na cabeça que preciso melhorar outra”.

    Ela conta que, parte do processo, é sempre buscar algo para melhorar.

    “O corpo, a mente e o físico nunca vão estar num limite de dizer: ‘estou bem’. Às vezes até chega perto, mas é importante manter a melhor versão e não desistir. Os hábitos bons, quando a gente aprende, não quer largar. Quem entra nisso e vê os benefícios que traz para o dia a dia não desiste”.

    Conselho de quem viveu na pele

    Ao olhar para trás, Suzane faz questão de destacar a importância da paciência e da persistência. Vai ter desânimo, vontade de desistir, mas os resultados vêm!

    “Meu conselho para quem está começando é: não desistir. É um processo difícil, mudar hábitos não é fácil. Mas uma coisa eu garanto: uma vez que você começa e se dedica, só vai ter benefícios”.

    Ela lembra que orientação profissional é sempre importante no processo, principalmente com relação ao acompanhamento nutricional. Mas, para começar, basta força de vontade!

    “Há métodos como aplicativos de treino que já ajudam muito. Antes de ter personal trainer, comecei o processo usando treinos prontos ou com ajuda de professores de academias de rede. Já perdi uns 10 quilos assim”.

    “Para quem está começando, digo: continue, tenha paciência, porque os resultados vêm e, quando vêm, é a melhor sensação do mundo. Esse é meu conselho”.

    Benefícios do emagrecimento para a saúde

    A cardiologista Juliana Soares, que integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein, explica que buscar e manter um peso saudável vai muito além da estética: é um investimento na saúde. O excesso de peso está associado a maior risco de pressão alta, diabetes tipo 2, colesterol alto e doenças cardiovasculares.

    Ao emagrecer de forma equilibrada, com acompanhamento profissional, o corpo reduz a sobrecarga sobre o coração, melhora a circulação, controla melhor a glicose no sangue e diminui a inflamação crônica que prejudica o organismo.

    Do ponto de vista cardiovascular, a perda de peso pode ajudar a regular a pressão arterial, reduzir o risco de infarto e AVC e melhorar a função do coração.

    Além disso, estar em um peso saudável significa ter mais disposição para atividades físicas, melhor qualidade do sono e mais bem-estar. Em resumo: emagrecer com saúde significa ganhar qualidade e expectativa de vida.

    *Cada caso é único. Consulte sempre um médico.

    Leia também: ‘Acordava com a sensação de que não conseguia respirar’: o relato de quem convive com ansiedade

  • Espinhas na vida adulta: entenda as causas os principais tratamentos 

    Espinhas na vida adulta: entenda as causas os principais tratamentos 

    As espinhas costumam ser associadas à adolescência, mas muitas pessoas continuam lidando com elas na fase adulta. O incômodo não é apenas no espelho, pois as espinhas podem impactar a autoestima, as relações sociais e até a saúde emocional. Mas afinal, por que as espinhas aparecem mesmo depois dos 30 anos?

    Segundo a dermatologista Gabriela Capareli, o primeiro passo é entender que a acne é uma doença crônica da pele que pode acontecer em qualquer idade.

    “Ela é dividida em graus de intensidade, desde uma pele oleosa com pequenos comedões (cravos) até lesões nodulares inflamadas que podem deixar cicatrizes (espinhas)”.

    Vamos entender a seguir em que casos as espinhas podem surgir na vida adulta e como lidar com esse problema!

    Espinhas na vida adulta: uma manifestação da acne

    Na adolescência, a acne (entupimento dos poros que causa cravos e espinhas) aparece sobretudo pela ação dos hormônios sexuais, que estimulam a produção de sebo. Isso aumenta a oleosidade da pele e favorece a inflamação dos folículos.

    “A alimentação também influencia, principalmente quando há um excesso de produtos lácteos”, explica Gabriela.

    Já as espinhas na vida adulta têm como causa principal o desequilíbrio hormonal.

    “Nas mulheres, a síndrome dos ovários policísticos tem como um dos sintomas o aparecimento de acne. É muito comum também na fase adulta o aparecimento de acne devido ao uso de hormônios anabolizantes, tanto por mulheres quanto por homens”.

    Além da questão hormonal, doenças endocrinológicas, estresse e predisposição genética também estão entre os fatores desencadeantes das espinhas na vida adulta. O estresse, por exemplo, estimula a produção de cortisol, um hormônio que pode causar a inflamação da pele. O excesso de açúcares e comidas gordurosas também pode influenciar.

    O erro mais comum: espremer as espinhas

    A cena é frequente: ao notar uma espinha inflamada, muitas pessoas recorrem ao espelho e tentam eliminá-la. Apesar de parecer um gesto inofensivo, a prática é arriscada e pode agravar muito o quadro. Quando a pele é manipulada de forma incorreta, a inflamação aumenta, há risco de introdução de bactérias e, em vez de desaparecer, a lesão pode evoluir para uma infecção mais séria.

    A dermatologista reforça o alerta: “Em hipótese alguma deve-se manipular as lesões de acne. Isso deve ser feito em consultório, por profissional especializado, com todos os métodos de assepsia da pele. Caso contrário, há risco de infecção grave e de formação de cicatrizes difíceis de eliminar.”

    A diferença entre a extração caseira e a feita em consultório é grande. No ambiente médico ou estético adequado, o profissional utiliza instrumentos esterilizados, técnicas específicas para reduzir o trauma da pele e, principalmente, protocolos de assepsia que impedem a entrada de micro-organismos causadores de infecção.

    Leia também: Acne na adolescência: 10 mitos e verdades sobre a condição

    Como tratar as espinhas na vida adulta

    O tratamento para espinhas precisa ser individualizado, considerando a causa e o grau da acne. Quando há desequilíbrios hormonais, é fundamental investigá-los e corrigi-los em parceria com endocrinologistas ou ginecologistas. Paralelamente, a dermatologia dispõe de diversas estratégias para controlar as lesões e reduzir a inflamação:

    • Medicamentos tópicos com ácidos: retinoico, salicílico e outros, que ajudam a controlar a oleosidade e desobstruir os poros;
    • Antibióticos orais: indicados para casos mais inflamatórios, quando há risco de piora ou disseminação das lesões;
    • Isotretinoína oral (Roacutan): usada em quadros severos ou resistentes, sob acompanhamento médico rigoroso;
    • Procedimentos dermatológicos: como laser, peelings químicos e limpezas profissionais, que auxiliam na redução das lesões.

    “O tratamento para espinhas na vida adulta tem que ser direcionado para a causa. Se a origem da acne é hormonal, precisamos corrigir isso, além de usar todas as possibilidades dermatológicas disponíveis, desde limpezas até isotretinoína oral (Roacutan)”, reforça a médica.

    Cuidados diários que fazem diferença

    A rotina de cuidados com a pele é essencial para prevenir e controlar as espinhas. Gabriela recomenda lavar o rosto apenas duas vezes ao dia com sabonete adequado.

    “Lavar mais vezes pode fazer com que a pele interprete que precisa produzir mais óleo para compensar a retirada excessiva do óleo”.

    Outros hábitos importantes incluem remover completamente a maquiagem, usar protetor solar oil free e evitar cosméticos que possam obstruir os poros. Além disso, manter hábitos de vida saudáveis, como alimentação equilibrada, sono regular e manejo do estresse, ajuda a reduzir as crises.

    O essencial é buscar acompanhamento profissional para identificar a causa e adotar a melhor estratégia. Quanto antes o tratamento começa, maiores as chances de preservar a saúde e a beleza da pele.

    Perguntas e respostas sobre espinhas na vida adulta

    1. O que são espinhas?

    As espinhas são o resultado da inflamação da acne, uma doença crônica da pele causada pelo excesso de oleosidade e entupimento dos poros.

    2. Por que as espinhas aparecem na vida adulta?

    Na maioria dos casos, estão relacionadas a desequilíbrios hormonais, como a síndrome dos ovários policísticos ou o uso de anabolizantes. Estresse, doenças endocrinológicas, genética e dieta rica em açúcares e gorduras também favorecem seu surgimento.

    3. E na adolescência, qual é a principal causa?

    O fator predominante são as oscilações hormonais típicas dessa fase, que aumentam a oleosidade da pele. O consumo excessivo de laticínios também pode agravar o quadro.

    4. É seguro espremer espinhas em casa?

    Não. A dermatologista alerta que “em hipótese alguma deve-se manipular as lesões de acne”, já que isso pode causar infecções graves e cicatrizes permanentes.

    5. Quais são os principais tratamentos disponíveis para espinhas na vida adulta?

    O tratamento é individualizado, podendo incluir ácidos tópicos (retinoico, salicílico), antibióticos orais, isotretinoína (Roacutan) e procedimentos dermatológicos, como laser, peelings químicos e limpezas de pele.

    6. Que cuidados diários ajudam a controlar as espinhas na vida adulta?

    Lavar o rosto no máximo duas vezes ao dia com sabonete adequado, retirar bem a maquiagem, usar protetor solar oil free e manter hábitos saudáveis de sono, alimentação e controle do estresse.

    Leia também: Acne: o que é, sintomas, causas e tratamento

  • Compulsão alimentar ou exagero pontual? Entenda as diferenças e quando procurar ajuda profissional 

    Compulsão alimentar ou exagero pontual? Entenda as diferenças e quando procurar ajuda profissional 

    Comer mais do que o habitual em situações sociais é algo comum e faz parte da vida. Mas, quando a ingestão de grandes quantidades de comida acontece de forma repetida, rápida e acompanhada da sensação de perda de controle, o quadro pode ser bem diferente: trata-se da compulsão alimentar, um transtorno que vai além do exagero ocasional e que merece atenção profissional.

    De acordo com a nutricionista Fernanda Pacheco, é fundamental diferenciar os dois contextos. Segundo ela, a confusão é frequente, mas o impacto na vida de quem sofre com compulsão alimentar é muito maior, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. Vamos entender.

    O que é compulsão alimentar e como é diagnosticada

    A compulsão alimentar é caracterizada por episódios em que a pessoa consome grandes quantidades de comida em um curto espaço de tempo.

    “Essa ingestão é equivalente à que uma pessoa com características físicas semelhantes não comeria em contexto similar, acompanhada da sensação de perda de controle, ou seja, a pessoa sente que não consegue parar de comer”, adiciona Fernanda.

    Além da perda de controle, outro ponto marcante é o sofrimento emocional. Esses episódios de compulsão geralmente são seguidos de culpa, vergonha e sofrimento intenso, diferentemente de um exagero pontual em um evento social.

    Por ser um transtorno alimentar, a compulsão precisa de diagnóstico clínico, feito por um médico com base em critérios estabelecidos pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), que incluem:

    • Frequência: episódios ocorrem, em média, pelo menos uma vez por semana durante três meses;
    • Intensidade da ingestão: a quantidade de comida ingerida é significativamente maior do que o esperado para o contexto e vem acompanhada da sensação de perda de controle;
    • Impacto na vida pessoal, social e profissional: a compulsão não afeta apenas a relação com a comida, mas compromete rotinas, relacionamentos e até o desempenho no trabalho ou nos estudos.

    Esses três pontos mostram que a compulsão alimentar não é apenas um excesso pontual, mas um transtorno que causa sofrimento e exige acompanhamento especializado. Diferentemente de um exagero ocasional, a compulsão traz repercussões amplas e recorrentes, que vão além do ato de comer em si.

    Comer em excesso ocasionalmente é normal?

    É importante deixar claro que apenas “comer demais” não significa compulsão alimentar.

    “Comer em excesso em um evento social, como uma festa ou almoço de família, pode fazer parte da vida e não é considerado compulsão. A diferença central está no contexto: na compulsão, o ato de comer não está associado ao prazer social ou ao momento, mas a uma necessidade interna incontrolável.”

    Em situações sociais, exagerar pode acontecer, mas na maioria das vezes a rotina alimentar é retomada logo depois, sem impacto emocional relevante. Já no caso da compulsão, a pessoa carrega sentimentos de vergonha, tenta esconder o comportamento e, muitas vezes, se isola.

    Um bom critério é observar a proporção. Se todos à mesa estão comendo de forma semelhante, o exagero pode ser normal. Se a quantidade ingerida está muito além do padrão coletivo, é preciso atenção.

    Outro ponto central é a repetição. Enquanto comer em excesso em um jantar especial pode ser pontual, a compulsão se caracteriza por episódios que se repetem com frequência e que causam sofrimento significativo.

    “O comer em excesso ocasionalmente não tem essa frequência nem provoca o mesmo impacto”.

    Sintomas da compulsão alimentar: quando procurar ajuda profissional

    Nem sempre é fácil perceber que o que está acontecendo vai além de um simples exagero e passa a ser um transtorno alimentar. No entanto, alguns sintomas da compulsão alimentar são claros e devem acender o alerta:

    • Comer grandes quantidades mesmo sem sentir fome;
    • Vergonha do próprio comportamento e necessidade de comer escondido;
    • Sensação de perda de controle ao iniciar a refeição;
    • Esconder alimentos ou comer sozinho para que ninguém perceba;
    • Sofrimento emocional intenso após o episódio.

    “Esses sinais indicam que é hora de buscar ajuda profissional, pois a compulsão não é apenas falta de força de vontade, mas um transtorno de saúde”, explica Fernanda.

    Tratamento da compulsão alimentar: como é a abordagem do nutricionista?

    O tratamento da compulsão alimentar exige acolhimento e uma abordagem livre de julgamentos. O primeiro passo no atendimento é criar um espaço seguro para que o paciente consiga falar abertamente sobre suas dificuldades.

    “A partir daí, o profissional busca compreender os gatilhos que levam à compulsão, como situações emocionais ou padrões alimentares desorganizados”, acrescenta a especialista.

    Segundo ela, a estratégia não é impor restrições rígidas, mas ajudar a construir um padrão alimentar regular, com horários definidos e escolhas equilibradas, diminuindo os períodos de jejum que aumentam a vulnerabilidade a novos episódios.

    “Esse processo envolve também trabalhar a consciência alimentar e comer com atenção plena, estimulando o paciente a reconhecer sinais de fome e saciedade”.

    Entre as estratégias, estão:

    • Fracionamento das refeições ao longo do dia, evitando longos períodos em jejum;
    • Escolha de alimentos que promovem maior saciedade, como os ricos em fibras e proteínas;
    • Evitar dietas extremamente restritivas, que aumentam o risco de descontrole alimentar.

    “O objetivo é resgatar o prazer em comer, valorizando a experiência da refeição de forma consciente, o que ajuda a diminuir o comportamento automático de buscar comida como resposta imediata a tensões emocionais”, detalha a nutricionista.

    Para reduzir episódios de compulsão, é importante evitar dietas muito restritivas, que aumentam o risco de descontrole. Além disso, a base da alimentação deve incluir alimentos ricos em fibras, além de garantir boas fontes de proteína em cada refeição, o que contribui para maior saciedade e equilíbrio ao longo do dia.

    Fatores emocionais nem sempre são a causa da compulsão alimentar

    Embora os fatores emocionais sejam os mais evidentes, eles não são os únicos envolvidos. É fato que a compulsão alimentar está frequentemente associada a fatores emocionais, como ansiedade, tristeza, solidão ou estresse, que funcionam como gatilhos para os episódios.

    “No entanto, ela também pode estar relacionada a outros aspectos, como hábitos alimentares inadequados, longos períodos de jejum, desequilíbrios hormonais e até predisposição genética”, fala Fernanda

    Por isso, o tratamento desse transtorno alimentar é geralmente multidisciplinar, envolvendo nutricionistas, psicólogos e médicos. O objetivo é tratar tanto as consequências físicas quanto as origens emocionais do problema.

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    Perguntas e respostas sobre compulsão alimentar

    1. O que diferencia a compulsão alimentar de um simples exagero?

    A compulsão envolve episódios repetidos de ingestão de grandes quantidades de comida em pouco tempo, com perda de controle e sofrimento emocional. Já o comer em excesso ocasionalmente, como em festas, não tem essa frequência nem impacto.

    2. Quais critérios clínicos são usados para diagnosticar a compulsão alimentar?

    É considerado diagnóstico quando os episódios ocorrem ao menos uma vez por semana durante três meses, acompanhados de perda de controle e impacto na vida pessoal, social ou profissional.

    3. Quais sinais indicam que é hora de procurar ajuda profissional?

    Comer sem fome, sentir vergonha do comportamento, esconder alimentos, comer sozinho e sofrer emocionalmente após os episódios são sinais claros de alerta.

    4. Como o nutricionista atua no tratamento?

    O foco é acolher o paciente sem julgamentos, identificar gatilhos, organizar a rotina alimentar e trabalhar a consciência alimentar. O objetivo é reduzir o jejum prolongado, evitar restrições rígidas e resgatar uma relação saudável com a comida.

    5. Que ajustes alimentares ajudam a reduzir os episódios de compulsão?

    Manter refeições fracionadas ao longo do dia, incluir alimentos ricos em fibras, garantir boas fontes de proteína e evitar dietas muito restritivas, que aumentam o risco de descontrole.

    6. A compulsão alimentar sempre tem origem emocional?

    Não. Embora fatores como ansiedade, tristeza e estresse sejam comuns, o problema também pode estar ligado a hábitos alimentares inadequados, desequilíbrios hormonais ou predisposição genética.

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  • Odor vaginal: quando é normal, sinais de alerta e cuidados 

    Odor vaginal: quando é normal, sinais de alerta e cuidados 

    Todas as vaginas produzem odor naturalmente. Ele faz parte do funcionamento saudável do corpo e pode variar conforme o ciclo menstrual, a alimentação, a transpiração e até o nível de estresse. Por isso, nem sempre é fácil identificar quando o odor vaginal é apenas fisiológico ou quando indica que algo não está bem.

    Inclusive, diversas mulheres convivem com dúvidas, sem saber ao certo quando é preciso procurar ajuda, mas é fundamental saber diferenciar situações normais de desequilíbrios que precisam de tratamento. A seguir, esclarecemos quando o odor vaginal é normal, quais casos precisam de atenção e quando procurar um médico.

    Afinal, o que é odor vaginal normal?

    A vagina é um órgão autolimpante e, assim como a boca produz saliva, ela naturalmente libera secreções ao longo do ciclo menstrual. Elas podem variar em quantidade, textura e até no cheiro — mas isso não significa, necessariamente, que há algo errado com o organismo.

    Segundo a ginecologista e obstetra Andrea Sapienza, a presença de um odor vaginal leve e característico é completamente normal. Ele pode ser mais perceptível em determinados momentos, como durante o período fértil, após a prática de exercícios físicos ou em dias de calor intenso.

    E quando o odor vaginal é anormal?

    O odor vaginal passa a ser um sinal de alerta quando vem acompanhado de alterações como:

    • Corrimento com cor esverdeada, acinzentada ou amarelada;
    • Cheiro forte e persistente, semelhante a peixe estragado ou amônia;
    • Coceira, ardência ou dor durante a relação sexual;
    • Secreção com bolhas ou consistência alterada.

    Nesses casos, é fundamental procurar avaliação médica.

    O que pode causar o odor vaginal anormal?

    Diversos fatores podem desencadear alterações no odor vaginal — e eles podem estar relacionados à parte interna da vagina ou à região externa da vulva. Confira algumas das causas mais comuns:

    Vaginose bacteriana

    De acordo com Andrea Sapienza, a causa mais comum de odor vaginal é a vaginose bacteriana. Ela ocorre quando há desequilíbrio da flora vaginal, com aumento de bactérias anaeróbias. Normalmente, a condição apresenta os seguintes sintomas:

    • Corrimento acinzentado;
    • Odor forte de peixe estragado ou amônia;
    • Pode apresentar pequenas bolhas na secreção;
    • Não causa inflamação, mas traz bastante incômodo.

    A especialista aponta que o tratamento de vaginose bacteriana geralmente é feito com o uso de remédios antibióticos, como metronidazol, via oral ou vaginal. Mas apenas um especialista pode indicar o uso, não se automedique!

    Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

    É menos comum, mas algumas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a tricomoníase e a gonorreia, também podem provocar odor vaginal desagradável. Nesses casos, o cheiro costuma vir acompanhado de um corrimento de cor amarelada ou esverdeada — além de outros sintomas, como coceira intensa, dor durante as relações e ardência ao urinar.

    Por se tratarem de infecções de transmissão sexual, a recomendação médica é procurar atendimento imediato para diagnóstico e tratamento adequados. O uso de medicamentos específicos costuma ser necessário, e o parceiro também deve receber tratamento para evitar novas infecções.

    Bromidrose na região íntima

    A bromidrose é uma condição em que as glândulas sudoríparas da virilha, semelhantes às que temos nas axilas e nos pés, são colonizadas por bactérias. O resultado é um cheiro forte e desagradável, que aparece especialmente em situações de suor, calor intenso ou após a prática de atividades físicas, segundo Andrea.

    Diferente da vaginose, a bromidrose não está relacionada a infecções internas. O tratamento, que deve ser orientado por um profissional, costuma incluir o uso de pomadas antibióticas tópicas — além de produtos que ajudam a controlar o suor e a reduzir a proliferação bacteriana.

    Má higiene íntima

    O descuido com a higiene da região íntima também pode favorecer o surgimento de odores indesejados. O acúmulo de secreções, suor e restos de urina na vulva cria um ambiente propício para a proliferação de microrganismos, o que intensifica o cheiro.

    Porém, vale reforçar que a limpeza deve ser feita apenas na parte externa, de forma suave e equilibrada. O uso de duchas vaginais internas é extremamente prejudicial, pois pode desregular o pH natural e comprometer a flora vaginal, favorecendo infecções e irritações.

    Alimentação pode alterar o odor vaginal?

    A alimentação não é a principal causa de odor vaginal anormal, mas ela pode influenciar em algumas situações. Dietas ricas em alimentos como alho e cebola, ou mesmo o consumo excessivo de açúcar e carboidratos simples, podem alterar o cheiro natural da secreção.

    No caso da candidíase, por exemplo, embora ela não cause odor, o excesso de açúcar pode favorecer o crescimento do fungo responsável pela infecção. Por isso, é muito importante manter uma dieta equilibrada e rica em fibras, frutas e vegetais.

    Leia mais: Causas comuns de sangramento fora do período menstrual

    Como saber se a secreção é normal ou sinal de problema?

    A secreção vaginal é responsável por lubrificar, proteger e manter o equilíbrio da flora vaginal, sendo um mecanismo natural do corpo feminino. Entre as principais características dela, podemos apontar:

    • Cor transparente, leitosa ou esbranquiçada, podendo variar conforme o ciclo;
    • Textura que muda de acordo com a fase do mês: mais fluida no período fértil (semelhante à clara de ovo) e mais espessa no período pós-ovulatório;
    • Quantidade variável: algumas mulheres produzem mais secreção do que outras, o que também é normal;
    • Odor suave, quase imperceptível, que não causa incômodo;
    • Não vem acompanhada de dor, coceira, ardência ou desconforto.

    Porém, quando há um desequilíbrio da flora vaginal ou presença de infecção, a secreção pode apresentar algumas características específicas, como:

    • Cor diferente do habitual: acinzentada, amarelada, esverdeada ou até com presença de sangue fora do período menstrual;
    • Textura alterada: pode ser espumosa, com bolhas, grumosa ou muito espessa;
    • Odor forte, persistente e desagradável (semelhante a peixe estragado ou amônia);
    • Sintomas associados, como coceira, ardência ao urinar, vermelhidão na vulva ou dor durante a relação sexual;
    • Aumento repentino na quantidade de secreção, fugindo do habitual.

    Uma dica importante de observar é se a secreção está causando desconforto. A secreção fisiológica não incomoda, enquanto o corrimento anormal costuma vir acompanhado de sintomas que atrapalham a rotina, como odor forte ou prurido.

    Cuidados práticos para manter a saúde íntima em dia

    Incluir algumas medidas simples na rotina pode ajudar a manter o equilíbrio da flora vaginal e evitar odores desagradáveis. Entre eles, destacamos:

    • Higienização correta: lave apenas a parte externa da vulva com sabonete;
    • Escolha das roupas íntimas: prefira calcinhas de algodão e evite peças muito apertadas, que aumentam a umidade e favorecem a proliferação de microrganismos;
    • Hábitos saudáveis: beber bastante água, manter uma alimentação equilibrada e reduzir o consumo de açúcar e álcool auxilia no bom funcionamento do organismo e fortalece a imunidade;
    • Trocar absorventes e calcinhas ao longo do dia: isso ajuda a manter a região seca e limpa, o que reduz o risco de infecções;
    • Rotina de consultas: mesmo quando não há sintomas, realizar acompanhamento ginecológico regularmente permite identificar alterações de forma precoce. Um especialista também pode orientar sobre cuidados específicos de acordo com cada fase da vida.

    Confira: Higiene menstrual: conheça os principais cuidados durante o ciclo

    Perguntas frequentes sobre odor vaginal

    1. Toda vagina tem cheiro?

    Sim, toda vagina tem um odor natural, e isso é absolutamente normal. O cheiro faz parte do equilíbrio da flora vaginal e varia de acordo com fatores como ciclo menstrual, ovulação, atividade física, transpiração e até mesmo alimentação.

    É importante entender que ter odor não significa falta de higiene nem doença. Muitas pessoas acham que a vagina deveria ter cheiro neutro ou perfumado, mas isso é um mito. A vagina é um órgão vivo, com secreções naturais, e ter odor faz parte do funcionamento normal do corpo.

    2. Como tirar odor vaginal?

    Primeiro é importante lembrar que toda vagina tem um cheiro natural, e isso não significa falta de higiene.

    Para evitar odores fortes e desconfortáveis, mantenha a higiene da região íntima apenas na parte externa, troque calcinha e absorventes com frequência, use roupas leves e de algodão e beba bastante água.

    Agora, se o odor vier acompanhado de coceira, corrimento diferente ou ardência, pode ser sinal de infecção. Nesse caso, o correto é procurar um ginecologista.

    3. Como diferenciar odor normal de odor anormal?

    O odor normal costuma ser suave, não causa incômodo e pode variar levemente ao longo do ciclo. Já o odor anormal tende a ser forte, persistente e acompanhado de outros sinais, como secreção acinzentada, amarelada ou esverdeada, coceira, ardência ou dor durante as relações sexuais. Na presença desses sintomas, é fundamental procurar atendimento médico.

    4. O uso de sabonete íntimo é indicado?

    O uso de sabonetes íntimos pode ser feito com cautela, mas não é obrigatório. O mais importante é não realizar lavagens internas, pois isso altera o pH vaginal e pode favorecer infecções.

    A limpeza deve ser feita apenas na parte externa, com sabonete neutro ou próprio para a região. No caso de sabonetes íntimos, eles devem ser usados em quantidade moderada, sem exageros, para não irritar a mucosa.

    5. É normal a vagina ter um cheiro mais forte durante a menstruação?

    Durante a menstruação, o sangue em contato com o pH vaginal pode gerar um odor mais forte, mas isso é considerado normal. O uso de absorventes por longos períodos também intensifica o cheiro, já que o sangue se acumula e entra em contato com o ar.

    Nesses casos, basta trocar os absorventes com frequência, manter a higiene adequada e lembrar que a variação faz parte do ciclo e não indica problemas.

    6. O que é vaginose bacteriana e por que causa mau cheiro?

    A vaginose bacteriana é o desequilíbrio mais comum da flora vaginal, e ocorre quando há aumento de bactérias anaeróbias, que produzem compostos responsáveis por um odor característico de peixe estragado. Além do mau cheiro, pode surgir corrimento acinzentado, às vezes com bolhas. O tratamento é feito com antibióticos específicos, prescritos pelo médico.

    7. Gravidez pode alterar o odor vaginal?

    Durante a gestação, os hormônios provocam diversas mudanças no corpo da mulher, incluindo na vagina. O aumento da vascularização e da produção de secreção pode intensificar o odor, mas isso geralmente é normal.

    No entanto, se o cheiro vier acompanhado de secreção anormal, coceira ou ardência, é importante buscar avaliação médica para investigar possíveis infecções, que podem trazer riscos para a gestação.

    8. Quando devo procurar o ginecologista?

    A orientação é procurar ajuda sempre que o odor vaginal for forte, persistente e vier acompanhado de alterações no corrimento, dor, coceira, ardência ou sangramento fora do período menstrual.

    Também é importante buscar avaliação em caso de suspeita de infecção sexualmente transmissível (IST) ou quando as mudanças no odor afetam a qualidade de vida. Um exame físico pode identificar a causa e definir o tratamento adequado, evitando o uso incorreto de remédios.

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