Blog

  • Médico de família e clínico geral: conheça as diferenças

    Médico de família e clínico geral: conheça as diferenças

    Você sabe a diferença entre médico de família e clínico geral? No momento de buscar atendimento médico, principalmente para os exames de rotina, o clínico geral costuma ser o primeiro profissional que vem à mente. Ele atua em consultórios, ambulatórios e plantões hospitalares — e tem papel importante no cuidado integral do adulto, acompanhando desde problemas simples até condições mais complexas.

    Nos últimos anos, porém, outro profissional tem ganhado cada vez destaque na atenção à saúde: o médico de família e comunidade. Com formação voltada para a prevenção, o acompanhamento de doenças crônicas e a coordenação do cuidado ao longo da vida, ele oferece um cuidado mais próximo, contínuo e voltado para as necessidades de cada pessoa.

    “Uma das principais características da Medicina de Família e Comunidade é o acompanhamento contínuo, ao longo dos anos, criando vínculo de confiança e garantindo maior efetividade nos cuidados. O médico de família acompanha desde crianças até idosos, passando por todas as fases da vida”, explica a médica de família e comunidade Lilian Ramaldes.

    A seguir, vamos entender a diferença entre médico de família e clínico geral.

    O que é um médico de família e comunidade?

    O médico de família e comunidade é um especialista formado após residência médica de dois anos, voltada especificamente para o cuidado integral e contínuo de indivíduos e famílias em todas as fases da vida. É um campo de atuação reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Médica Brasileira, com foco na Atenção Primária à Saúde.

    A formação é bastante ampla, incluindo pediatria, clínica médica, ginecologia, geriatria, psiquiatria e medicina preventiva. Segundo Lilian, “o foco está na prevenção, no tratamento e no acompanhamento contínuo da saúde, levando em conta não apenas a doença, mas também o contexto familiar, social e comunitário do paciente”.

    Dessa forma, o médico de família está preparado para atender desde casos simples, como resfriados, até situações crônicas mais complexas, como diabetes, hipertensão e depressão, acompanhando o paciente de forma longitudinal e coordenando o cuidado com outros especialistas, quando necessário.

    Para complementar, o médico de família atua de forma proativa para promover qualidade de vida: ele orienta sobre alimentação equilibrada, prática de atividades físicas, cessação do tabagismo e redução do consumo de álcool — além de acompanhar o calendário vacinal e oferecer suporte em planejamento familiar.

    Qual a função do profissional?

    O médico de família atua com base na atenção primária, responsável por resolver cerca de 80% dos problemas de saúde da população. A principal função dele é avaliar, orientar e acompanhar o indivíduo em todas as suas demandas, sejam físicas ou emocionais. Entre as responsabilidades do médico de família, podemos citar:

    • Acompanhar pacientes ao longo da vida, com foco na prevenção e no cuidado contínuo;
    • Diagnosticar e tratar doenças agudas e crônicas;
    • Realizar rastreamento de câncer, como o de colo do útero, mama e próstata;
    • Monitorar fatores de risco como obesidade, colesterol alto, tabagismo e hipertensão;
    • Orientar sobre alimentação, atividade física, sono e saúde mental;
    • Atualizar vacinas e promover ações de prevenção de doenças infecciosas;
    • Coordenar o cuidado, encaminhando ao especialista apenas quando necessário.

    “Dentro do SUS, o médico de família é peça-chave da Atenção Primária à Saúde. Ele acompanha famílias inteiras, coordena o cuidado, realiza visitas domiciliares quando necessário e atua em programas de prevenção e promoção da saúde. É o primeiro ponto de contato da população com o sistema de saúde”, complementa Lilian.

    O que é o clínico geral?

    O clínico geral é o médico formado em medicina e que fez residência médica para clínica médica. Ele atua de forma mais abrangente, com foco no diagnóstico inicial e no encaminhamento do paciente para o especialista adequado. É importante lembrar que o médico que se formou após os seis anos de faculdade e ainda não fez residência médica é chamado de generalista.

    O clínico geral tem uma função importante no atendimento de rotina, no pronto atendimento e na triagem de sintomas. É comum procurar o clínico geral, por exemplo, quando se precisa de uma avaliação inicial ou quando os sintomas não são claros o suficiente para direcionar o paciente a um especialista específico.

    Mas então, o que diferencia o clínico do médico de família? A resposta é a continuidade do cuidado. O clínico geral tende a oferecer um atendimento pontual, voltado à queixa momentânea, sem necessariamente acompanhar o paciente ao longo do tempo.

    Qual a função do profissional?

    Durante a graduação, o futuro clínico geral aprende fundamentos de diversas áreas médicas, incluindo clínica médica, pediatria, ginecologia, cirurgia e saúde pública. Ao concluir o curso, está apto a exercer a medicina de forma ampla, diagnosticando e tratando doenças, além de realizar encaminhamentos e procedimentos básicos.

    No entanto, por não ter formação especializada, a abordagem tende a ser mais generalista e menos aprofundada em determinados aspectos.

    O clínico geral pode trabalhar em consultórios particulares, hospitais, pronto-socorros ou unidades básicas de saúde, atuando como profissional de linha de frente no atendimento inicial, com as seguintes funções:

    • Realizar consultas médicas e avaliações clínicas iniciais;
    • Investigar sintomas e solicitar exames diagnósticos;
    • Tratar doenças agudas e condições de menor complexidade;
    • Acompanhar pacientes com doenças crônicas estáveis;
    • Prescrever medicamentos e orientar o uso correto;
    • Encaminhar para especialistas quando necessário;
    • Acompanhar resultados de exames e ajustar tratamentos.

    Em muitos casos, o clínico geral é o primeiro médico que o paciente procura no sistema de saúde privado. Ele faz a avaliação inicial e orienta sobre qual especialista procurar, mas normalmente não acompanha o tratamento por muito tempo.

    Como diferenciar o médico de família e o clínico geral?

    As diferenças entre o médico de família e o clínico geral envolvem especialmente formação, abordagem de cuidado, foco na prevenção, vínculo com o paciente e papel dentro do sistema de saúde.

    Aspecto Médico de família e comunidade Clínico geral
    Formação Residência médica de 2 anos ou título de especialista Graduação em medicina e residência médica em clínica médica
    Abordagem Cuidado integral e contínuo, considerando o contexto familiar e social Atendimento pontual, voltado à queixa momentânea
    Foco principal Prevenção, promoção e acompanhamento de longo prazo Diagnóstico inicial e encaminhamento
    Atuação no sistema de saúde Papel central na atenção primária Atua em pronto atendimentos e clínicas gerais

    Quando procurar o médico de família e comunidade?

    O acompanhamento com o médico de família é indicado em diversas situações, como:

    • Quando há necessidade de um cuidado global, incluindo saúde física e mental;
    • Em caso de dúvidas sobre qual especialista procurar;
    • Diante de sintomas inespecíficos, como fadiga, dores vagas ou alterações de humor;
    • Para acompanhamento de doenças crônicas, como diabetes, pressão alta, asma e depressão;
    • Para orientações sobre vacinação, exames preventivos e planejamento familiar;
    • Em momentos de transição de fases da vida, como adolescência, gestação, menopausa e envelhecimento.

    “O médico de família avalia de forma abrangente e, se necessário, encaminha ao especialista adequado, garantindo que o paciente não faça exames ou consultas desnecessárias”, complementa a especialista.

    Quando procurar o clínico geral?

    O clínico geral pode ser procurado nas seguintes situações:

    • Para avaliações médicas iniciais e queixas inespecíficas, como febre, dor, cansaço ou mal-estar;
    • Em consultas de rotina e realização de check-ups preventivos;
    • Para diagnóstico e tratamento de doenças leves, como gripes, infecções e dores musculares;
    • Quando houver necessidade de solicitar exames básicos ou renovar receitas;
    • Para receber orientações sobre qual especialista procurar em casos que exigem acompanhamento específico.

    Confira: Novas metas de colesterol em 2025: valores mais rígidos para proteger seu coração

    Perguntas frequentes sobre médico de família e clínico geral

    1. O médico de família também trata doenças?

    Sim, o médico de família pode participar do tratamento de diversas condições, como infecções respiratórias, pressão alta, diabetes, ansiedade, depressão e outras condições frequentes. Além disso, o médico de família atua na prevenção, identificando precocemente fatores de risco e orientando sobre hábitos de vida saudáveis.

    2. Como é feita a formação do médico de família e comunidade?

    Após os seis anos da graduação em medicina, o profissional realiza uma residência médica de dois anos em Medicina de Família e Comunidade. Durante o período, ele recebe treinamento em áreas como pediatria, clínica médica, ginecologia, geriatria, psiquiatria e medicina preventiva — além de desenvolver habilidades de comunicação, empatia e gestão de cuidados.

    3. O médico de família atende em hospitais ou apenas em postos de saúde?

    Apesar de mais presente na Atenção Primária à Saúde do SUS, o médico de família também atua em clínicas, hospitais e planos de saúde privados. Muitos sistemas de saúde privados têm incorporado esse modelo de cuidado, devido à sua eficácia e ao impacto positivo na satisfação dos pacientes.

    4. Quais são as principais vantagens de ter um médico de família?

    Entre as principais vantagens de ter um profissional médico de família estão o acompanhamento contínuo, o foco na prevenção, o vínculo de confiança, a redução de internações e o cuidado integrado com outros profissionais de saúde.

    A relação, inclusive, permite diagnósticos mais precisos e um tratamento mais humanizado. A confiança mútua que é construída ao longo do tempo favorece a comunicação, melhora a adesão ao tratamento e cria um ambiente seguro para que o paciente compartilhe dúvidas, medos e preocupações.

    5. O médico de família faz visitas domiciliares?

    Sim, quando necessário. Dentro do SUS e em alguns sistemas privados, o médico de família pode realizar visitas domiciliares para acompanhar pacientes com dificuldade de locomoção, idosos ou pessoas com doenças crônicas. Isso fortalece o vínculo entre eles e melhora o cuidado.

    Leia mais: Envelhecimento saudável: 6 hábitos para manter a autonomia

  • Câncer ocupacional: o que é e quais as profissões de risco? 

    Câncer ocupacional: o que é e quais as profissões de risco? 

    Todos os dias, ambientes com poeira, fumaça, radiação, solventes e agrotóxicos expõem milhões de pessoas a agentes cancerígenos — muitas vezes sem que elas saibam. E o risco não está apenas em fábricas ou hospitais, mas em locais comuns como oficinas, salões de beleza, fazendas e até escritórios.

    O câncer ocupacional é aquele causado direta ou indiretamente pela exposição a substâncias, partículas ou radiações presentes no ambiente de trabalho. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), pelo menos 19 tipos de tumor estão associados ao trabalho — entre eles os de pulmão, pele, fígado, bexiga, mama e leucemias.

    Mas afinal, como reduzir o risco? Conversamos com o oncologista Thiago Chadid e apontamos as profissões de maior risco para câncer e as medidas de proteção.

    O que é o câncer ocupacional?

    O câncer ocupacional ocorre quando o corpo é exposto repetidamente a agentes cancerígenos (químicos, físicos ou biológicos) presentes no ambiente de trabalho. As substâncias podem entrar no organismo pela inalação, ingestão ou contato com a pele, e ao longo do tempo provocam mutações nas células, levando ao desenvolvimento de tumores.

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe nível seguro de exposição a agentes cancerígenos. Mesmo pequenas doses, acumuladas durante anos, podem ser suficientes para causar danos. O problema é que o efeito costuma ser silencioso: muitas vezes, o câncer só aparece 10 a 20 anos depois da exposição.

    Quais agentes podem causar câncer no trabalho?

    Segundo a OMS e o INCA, os principais grupos de agentes relacionados ao câncer ocupacional incluem:

    • Metais pesados: chumbo, cádmio, arsênico, níquel, mercúrio;
    • Amianto (asbesto): usado em telhas, caixas d’água e isolantes térmicos, associado ao mesotelioma e ao câncer de pulmão;
    • Agrotóxicos e pesticidas: amplamente utilizados na agricultura;
    • Solventes e derivados do petróleo: como benzeno, tolueno e formaldeído;
    • Radiações: ionizante (raios X, gama) e não ionizante (UV solar);
    • Poeiras minerais: sílica e carvão;
    • Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos: presentes na fumaça de combustão e no asfalto.

    Câncer ocupacional: quais profissões apresentam maior risco?

    Construção civil

    Pedreiros, carpinteiros, soldadores e pintores enfrentam grande vulnerabilidade devido ao contato com sílica, cimento, poeira de amianto (asbesto) e solventes químicos. Inclusive, antigamente, o amianto era amplamente utilizado em construções, mas foi proibido no Brasil desde 2017 por ser altamente tóxico.

    De acordo com o oncologista Thiago Chadid, quando inalado, o amianto se deposita nos pulmões e pode causar mesotelioma, um câncer agressivo da pleura, além de tumores pulmonares.

    Na construção civil, além do amianto, há poeiras com sílica e outros componentes presentes no cimento. É um ambiente muito carregado de partículas, e por isso essa é uma das principais áreas de risco, complementa Thiago.

    Indústria química e petroquímica

    Os profissionais de refinarias e indústrias de tinta, borracha e plásticos estão frequentemente expostos a benzeno, tolueno e formaldeído. Os compostos elevam o risco de leucemia, linfoma não Hodgkin e câncer de bexiga. O benzeno, em especial, é um dos carcinogênicos mais conhecidos, capaz de afetar a medula óssea e provocar cânceres hematológicos.

    Agricultura e pecuária

    O uso de agrotóxicos e pesticidas representa uma das maiores ameaças à saúde no ambiente rural. Muitos dos produtos contêm compostos orgânicos persistentes, como o DDT, que permanecem por longos períodos no organismo e se acumulam nos tecidos.

    A exposição contínua pode causar alterações genéticas e favorecer o desenvolvimento de câncer de pulmão, fígado, intestino e do sistema linfático.

    Ah, e a contaminação não ocorre apenas por contato direto! Ela pode acontecer pela inalação de partículas suspensas no ar, pela absorção através da pele durante a manipulação dos produtos, ou ainda pela ingestão de água e alimentos contaminados.

    Trabalhadores rurais, aplicadores de pesticidas e até populações vizinhas a áreas agrícolas estão entre os grupos mais vulneráveis, especialmente quando há falhas no uso de equipamentos de proteção e na fiscalização ambiental.

    Profissionais da saúde e de laboratório

    Profissionais como enfermeiros, farmacêuticos, patologistas e técnicos de laboratório lidam com formol e medicamentos quimioterápicos (antineoplásicos), substâncias reconhecidas como carcinogênicas. A exposição constante pode levar ao surgimento de câncer de bexiga, leucemia e linfoma — especialmente em locais sem ventilação adequada ou sem uso de equipamentos de proteção individual (EPIs).

    Setor de transporte

    A fumaça do diesel, que contém hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, partículas metálicas e óxidos tóxicos, coloca os motoristas de caminhão, ônibus e ambulâncias como um dos grupos de risco para o desenvolvimento de tumores malignos.

    De acordo com o INCA, a inalação crônica dos gases emitidos pelos motores a diesel aumenta o risco de câncer de pulmão, leucemia e doenças cardiovasculares

    Aviação

    Na aviação, pilotos e comissários de bordo enfrentam maior risco de câncer devido à exposição contínua à radiação cósmica, que é mais intensa em grandes altitudes por causa da menor filtragem solar, conforme explica Thiago Chadid. A radiação penetra a cabine das aeronaves e, com o tempo, pode provocar danos celulares.

    Estudos científicos apontam maior incidência de câncer de pele, tanto melanoma quanto não melanoma, e de câncer de mama entre tripulantes, além de possíveis impactos no sistema imunológico e reprodutivo. Outros cânceres, como o gastrointestinal, também são associados a essa profissão.

    Beleza e estética

    De acordo com o INCA, cabeleireiros, manicures e profissionais de estética lidam diariamente com tintas, alisantes, solventes, formol e aminas aromáticas, produtos ricos em compostos químicos potencialmente cancerígenos. A manipulação frequente dessas substâncias, muitas vezes em ambientes pouco ventilados, eleva o risco de câncer de bexiga, linfoma e tumores mamários.

    Além da exposição respiratória, o contato direto com a pele e o couro cabeludo pode facilitar a absorção de agentes tóxicos. Por isso, durante os procedimentos, é fundamental o uso de luvas, máscaras e ventilação adequada, para evitar o impacto acumulativo ao longo dos anos.

    Profissionais expostos ao sol

    A exposição prolongada à radiação ultravioleta (UV), principalmente sem o uso de protetor solar, chapéus ou roupas de mangas compridas, aumenta significativamente a probabilidade de alterações celulares na pele.

    Assim, trabalhadores rurais, carteiros, pescadores, guardas de trânsito e salva-vidas compõem um grupo de risco elevado para câncer de pele, o tipo de tumor mais comum no Brasil e no mundo.

    Operadores de pavimentadora

    Os trabalhadores que lidam com asfalto também estão expostos a produtos petroquímicos tóxicos, o que eleva o risco de câncer de bexiga e outros tumores, explica Thiago. Durante o aquecimento e manuseio do material, o asfalto libera compostos voláteis como benzeno e formaldeído, substâncias reconhecidamente cancerígenas.

    Os vapores são absorvidos principalmente por inalação, mas também podem entrar no organismo por meio da deglutição de partículas contaminadas. No corpo, sofrem metabolização e geram subprodutos irritantes que são eliminados pela urina, o que explica a associação direta com tumores do trato urinário.

    Quais tipos de câncer estão ligados ao trabalho?

    De acordo com a Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho e ao Ambiente, do INCA, pelo menos 19 tipos de câncer possuem ligação comprovada com a ocupação profissional:

    Tipo de câncer Agentes relacionados Profissões de risco
    Pulmão Amianto, sílica, benzeno, diesel Pedreiros, soldadores, motoristas
    Pele Radiação solar, óleos minerais, arsênico Trabalhadores rurais, carteiros, salva-vidas
    Fígado Cloreto de vinila, agrotóxicos Mecânicos, trabalhadores rurais
    Bexiga Aminas aromáticas, solventes, formaldeído Cabeleireiros, pintores, tecelões
    Mama Trabalho noturno, agrotóxicos, radiação cósmica Enfermeiros, comissários de bordo
    Leucemia Benzeno, solventes, radiação Profissionais da indústria química, laboratoristas
    Linfoma Agrotóxicos, solventes orgânicos Agricultores, motoristas
    Laringe Poeira de madeira, formaldeído Carpinteiros, mecânicos
    Mesotelioma Amianto Trabalhadores de construção e indústria nadal

    Como identificar o câncer ocupacional?

    A identificação do câncer ocupacional exige uma avaliação médica completa, que inclui histórico clínico e ocupacional detalhado, análise das possíveis exposições a agentes cancerígenos, exame físico e testes complementares, como exames de imagem e laboratoriais.

    O médico deve investigar a trajetória profissional do paciente (como função exercida, tempo de exposição e produtos manuseados) para estabelecer a relação entre o trabalho e o tipo de tumor. Em alguns casos, o processo também envolve estudo das condições do local de trabalho para confirmar a origem do contato com substâncias nocivas.

    O médico também pode realizar exames físicos e solicitar testes, como exames de sangue para verificar alterações em células de defesa e exames de imagem (radiografia, tomografia, ressonância magnética) para identificar tumores.

    Leia mais: Recidiva do câncer: por que ele pode voltar após o tratamento?

    Como prevenir o câncer ocupacional?

    Quanto às medidas de prevenção, deve-se avaliar o risco ocupacional de cada ambiente de trabalho e adotar equipamentos de proteção compatíveis com a exposição, de acordo com Thiago. O ideal seria eliminar substâncias perigosas dos processos produtivos, substituindo-as por alternativas menos tóxicas.

    Como isso nem sempre é viável, é fundamental adotar alguns cuidados no dia a dia, como:

    • Usar sempre os equipamentos de proteção individual (EPIs) indicados para cada função, como máscaras, luvas, óculos e vestimentas adequadas;
    • Garantir ventilação adequada nos ambientes de trabalho fechados, especialmente onde há manipulação de produtos químicos;
    • Aplicar protetor solar e reforçar a hidratação em atividades ao ar livre;
    • Evitar a exposição prolongada: quando a substituição não é viável, é necessário limitar o tempo de contato, melhorar a ventilação dos ambientes, monitorar a qualidade do ar e utilizar EPIs adequados, como máscaras, luvas e aventais;
    • Participar de treinamentos de segurança e campanhas de conscientização oferecidas pelas empresas;
    • Realizar exames médicos periódicos para detectar precocemente alterações respiratórias, dermatológicas ou neurológicas.

    Sobre o tabagismo passivo, Thiago explica que as leis antifumo reduziram de forma significativa a exposição em locais fechados, o que diminuiu o número de casos de câncer relacionados à fumaça de cigarro.

    Antes, era comum fumar em restaurantes, escritórios e até aviões. Hoje, o hábito é restrito a áreas específicas, representando um grande avanço na prevenção de doenças ocupacionais e na proteção coletiva da saúde.

    Confira: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

    Perguntas frequentes sobre câncer ocupacional

    1. O câncer ocupacional tem sintomas diferentes dos outros tipos?

    Os sintomas são semelhantes aos de qualquer outro câncer, mas podem aparecer de forma mais lenta. O que muda é o fator de origem, ligado à atividade profissional.

    Sintomas como tosse crônica, falta de ar, manchas ou feridas na pele, perda de peso, fadiga e sangramentos anormais exigem atenção médica, especialmente em quem atua em ambientes com exposição química ou física constante.

    2. Por que é tão difícil reconhecer o câncer como ocupacional?

    Porque os sintomas podem aparecer muitos anos depois da exposição. Além disso, a maioria dos pacientes não informa sua ocupação durante o atendimento, e muitos médicos não fazem essa pergunta. Sem o histórico profissional, o câncer acaba sendo classificado apenas como “espontâneo” e não relacionado ao trabalho.

    3. O câncer ocupacional é reconhecido pela Previdência Social?

    Sim, o câncer pode ser classificado como doença ocupacional quando comprovada a relação entre o tumor e a exposição a agentes carcinogênicos no trabalho. Nesses casos, o trabalhador tem direito a benefícios previdenciários, como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.

    4. O câncer ocupacional é contagioso?

    Não, o câncer ocupacional, assim como os demais tipos, não é transmissível. Ele ocorre por alterações genéticas nas células causadas por substâncias químicas, físicas ou biológicas às quais o indivíduo foi exposto no ambiente de trabalho.

    5. É possível se curar do câncer ocupacional?

    Sim, especialmente quando o diagnóstico é precoce. As opções de tratamento são as mesmas utilizadas para outros tipos de câncer — cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. A diferença está na necessidade de afastamento do ambiente contaminado e na vigilância contínua para evitar nova exposição.

    6. Existe risco de câncer ocupacional em quem trabalha em escritório?

    Mesmo quem trabalha em escritório pode estar exposto a fatores de risco indiretos, como radiação de equipamentos eletrônicos antigos, limpeza com produtos tóxicos, ventilação inadequada e tabagismo passivo em locais sem fiscalização. Apesar do risco ser menor, ambientes fechados e mal ventilados favorecem o acúmulo de substâncias químicas no ar.

    Leia também: 7 sintomas iniciais de câncer que não devem ser ignorados

  • Pancreatite aguda: quando o pâncreas inflama e exige atenção imediata

    Pancreatite aguda: quando o pâncreas inflama e exige atenção imediata

    A dor começa de repente, geralmente forte, na parte superior do abdome. Muitas vezes, irradia para as costas e vem acompanhada de enjoo e vômitos. Esses podem ser os primeiros sinais de uma pancreatite aguda, uma inflamação no pâncreas que exige atendimento médico imediato.

    Apesar de parecer um problema raro, a doença é mais comum do que se imagina e pode ter causas simples, como o consumo de álcool em excesso ou pedras na vesícula. Quando identificada logo no início, costuma ter boa recuperação. Mas se o diagnóstico demora, pode evoluir para quadros graves e até colocar a vida em risco.

    O que é pancreatite aguda

    A pancreatite aguda é uma inflamação repentina do pâncreas, uma glândula que fica atrás do estômago e tem duas funções essenciais: produzir enzimas que ajudam na digestão e hormônios como a insulina, que controlam o açúcar no sangue.

    Quando o pâncreas inflama, ele pode afetar outros órgãos e causar sintomas intensos. A doença pode surgir de forma leve e se resolver em poucos dias com repouso e tratamento, mas pode evoluir para quadros graves, que exigem internação em UTI e, em alguns casos, cirurgia.

    Causas mais comuns da pancreatite aguda

    A inflamação pode ter várias origens, mas as causas mais frequentes são:

    • Pedras na vesícula: quando pequenos cálculos saem da vesícula e bloqueiam o canal por onde passam as enzimas do pâncreas;
    • Consumo excessivo de álcool: muito comum em homens jovens, o álcool pode agredir as células pancreáticas;
    • Triglicérides muito altos: quando os níveis passam de 1.000 mg/dL, aumentam o risco de inflamação;
    • Certos medicamentos: alguns remédios podem causar irritação no pâncreas como efeito colateral;
    • Cálcio elevado no sangue: em casos raros, o excesso de cálcio pode causar depósitos no pâncreas;
    • Infecções virais ou bacterianas;
    • Exames endoscópicos (como a CPRE): usados para examinar a bile e o pâncreas, podem causar pancreatite em até 7% dos casos;
    • Tumores, especialmente em pessoas com mais de 40 anos;
    • Doenças autoimunes: quando o sistema de defesa do corpo ataca as células do pâncreas.

    Como acontece a inflamação

    Em condições normais, o pâncreas produz enzimas digestivas que só são ativadas quando chegam ao intestino. Na pancreatite, essas enzimas se ativam dentro do próprio pâncreas, o que faz com que o órgão comece a se “auto-digerir”.

    Essa agressão provoca dor e inflamação local e, em casos mais graves, as substâncias inflamatórias podem se espalhar pelo corpo e atingir outros órgãos como pulmões, rins e coração, o que torna o quadro mais perigoso.

    Sintomas da pancreatite aguda

    Os sintomas costumam aparecer de forma repentina e podem variar em intensidade:

    • Dor forte na parte superior do abdome, que pode irradiar para as costas;
    • Náuseas e vômitos;
    • Abdome inchado e sensível;
    • Febre e fraqueza;
    • Em casos graves: queda de pressão, falta de ar, confusão mental e pele amarelada (icterícia).

    A dor costuma melhorar um pouco quando a pessoa se inclina para frente. Mesmo assim, é um sinal de alerta que precisa de avaliação médica imediata.

    Como é feito o diagnóstico

    O médico faz uma avaliação completa que inclui:

    • Histórico clínico e exame físico, em que o especialista observa o abdome e outros sinais no corpo;
    • Exames de sangue, como amilase e lipase, que ficam muito elevadas na pancreatite;
    • Exames de imagem, como ultrassonografia ou tomografia, que ajudam a confirmar a inflamação e identificar a causa;
    • Outros exames específicos, quando é necessário descobrir o que provocou a doença.

    Pancreatite leve ou grave: qual a diferença?

    • Forma leve: representa cerca de 85% dos casos. Melhora com repouso, hidratação e analgésicos em até 7 dias. O risco de morte é baixo (em torno de 3%).
    • Forma grave: é mais rara, mas pode causar complicações como insuficiência pulmonar, falência dos rins, necrose do pâncreas ou infecções graves. Esses casos precisam de internação e acompanhamento intensivo.

    Tratamento da pancreatite aguda

    O tratamento depende da gravidade do quadro e deve ser feito sempre em ambiente hospitalar.

    As medidas mais comuns incluem:

    • Repouso e observação médica, com internação em enfermaria ou UTI, conforme a necessidade;
    • Hidratação intensa na veia, principalmente nas primeiras horas;
    • Controle da dor, com analgésicos potentes;
    • Jejum temporário, para “descansar” o pâncreas até a melhora;
    • Antibióticos, apenas se houver infecção confirmada.

    Além disso, o tratamento precisa corrigir a causa do problema, que pode incluir:

    • Retirada da vesícula, quando há pedras;
    • Parar o consumo de álcool;
    • Controlar triglicérides e colesterol;
    • Ajustar medicamentos que possam estar relacionados.

    Em alguns casos, podem ser necessários procedimentos endoscópicos ou cirúrgicos para retirar cálculos, drenar líquidos ou tratar complicações.

    Quando procurar ajuda médica

    Qualquer dor abdominal forte e persistente deve ser avaliada o quanto antes. Procurar atendimento rápido aumenta muito as chances de recuperação completa e evita complicações graves.

    Leia também: Dor abdominal: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum?

    Perguntas frequentes sobre pancreatite aguda

    1. A pancreatite aguda tem cura?

    Sim. Na maioria dos casos, com diagnóstico rápido e tratamento adequado, a recuperação é total.

    2. Beber álcool uma vez ou outra pode causar pancreatite?

    O risco é maior em quem consome bebidas alcoólicas com frequência e em grande quantidade, mas até pequenas doses podem causar crises em pessoas predispostas.

    3. Pedras na vesícula sempre causam pancreatite?

    Não. Mas quando uma pedra bloqueia o canal do pâncreas, pode sim desencadear a inflamação. Por isso, muitas vezes é recomendada a retirada da vesícula.

    4. A pancreatite pode voltar?

    Sim. Quando a causa (como o álcool ou as pedras) não é tratada, a doença pode recidivar, ou seja, reaparecer.

    5. O que comer depois de uma crise de pancreatite?

    Depois da melhora, a alimentação deve ser leve e com pouca gordura. Evite bebidas alcoólicas e frituras, e siga sempre a orientação do médico ou nutricionista.

    6. Quem tem pancreatite aguda pode morrer?

    Nos casos leves, o risco é muito baixo. Mas nas formas graves, especialmente com infecções ou falência de órgãos, a doença pode ser fatal — daí a importância do tratamento imediato.

    7. Pancreatite e câncer de pâncreas são a mesma coisa?

    Não. A pancreatite é uma inflamação, enquanto o câncer é um tumor. Porém, em pessoas acima de 40 anos, a pancreatite sem causa aparente pode ser um sinal precoce de tumor e deve ser investigada.

    Leia mais: Doenças da vesícula biliar: quando os cálculos viram problema

  • Catapora: tudo o que você precisa saber sobre sintomas e prevenção

    Catapora: tudo o que você precisa saber sobre sintomas e prevenção

    A catapora é uma daquelas doenças que quase todo mundo já ouviu falar e muitos já tiveram na infância. Causada por um vírus altamente contagioso, ela provoca febre, cansaço e pequenas bolhas que se espalham pelo corpo, causando coceira e desconforto. Apesar de parecer simples, a infecção pode trazer complicações em alguns casos.

    Embora a maioria das crianças se recupere sem grandes problemas, a catapora pode ser perigosa para adultos, gestantes e pessoas com imunidade baixa. Por isso, saber como identificar os primeiros sinais e entender a importância da vacinação é fundamental para evitar complicações e interromper a transmissão do vírus.

    O que é catapora

    A catapora, também conhecida como varicela, é uma infecção causada por um vírus chamado Varicela-Zóster, do grupo dos herpesvírus. Ela faz parte das chamadas doenças exantemáticas, que são aquelas que causam manchas e bolhas na pele, como o sarampo e a rubéola.

    Embora a catapora seja mais comum em crianças, ela pode afetar pessoas de qualquer idade. Na maioria dos casos, é uma doença leve e passageira, mas em adultos, gestantes ou pessoas com baixa imunidade, pode ser mais grave e exigir acompanhamento médico.

    Como se pega catapora

    A catapora é muito contagiosa e pode ser transmitida de várias formas:

    • Pelo ar, ao falar, tossir ou espirrar;
    • Pelo contato direto com as bolhas da pele;
    • Por objetos contaminados, como roupas, toalhas ou lençóis;
    • Durante a gravidez, da mãe para o bebê, no útero ou no parto.

    O vírus pode demorar de 10 a 21 dias para causar os primeiros sintomas. A pessoa transmite a doença um ou dois dias antes das manchas aparecerem e continua transmitindo até que todas as bolhas sequem e formem crostas, o que leva de 7 a 10 dias.

    Sintomas da catapora

    Os sintomas geralmente começam leves, com febre, mal-estar, dor de cabeça e falta de apetite. Em seguida, aparecem as lesões na pele, que passam por várias fases:

    • Manchas vermelhas, pequenas e espalhadas;
    • Bolhas com líquido, que causam coceira intensa;
    • Feridinhas com pus;
    • Crostas, que se formam quando as bolhas secam.

    As manchas surgem primeiro no rosto, no tronco e no couro cabeludo, e depois se espalham. Elas aparecem em diferentes estágios, o que dá à catapora o aspecto “misto”, com manchas, bolhas e crostas ao mesmo tempo.

    Após cerca de uma semana, as crostas caem e deixam manchas claras temporárias, que não costumam deixar cicatriz, a não ser se houver infecção ao coçar.

    Quem deve ter cuidado especial

    A catapora costuma ser leve em crianças saudáveis, mas pode ser mais perigosa para:

    • Gestantes, pois o vírus pode causar complicações para a mãe e o bebê;
    • Recém-nascidos, se a mãe tiver catapora próximo ao parto;
    • Prematuros;
    • Pessoas com imunidade baixa, como quem faz quimioterapia, transplantados ou portadores de HIV;
    • Adultos, que tendem a ter sintomas mais intensos e risco de pneumonia.

    Complicações possíveis

    Mesmo sendo uma doença geralmente benigna, a catapora pode causar complicações, como:

    • Infecções de pele, quando as feridas infeccionam ao coçar;
    • Pneumonia, especialmente em adultos e pessoas imunodeprimidas;
    • Meningite ou encefalite, inflamações raras, mas graves no cérebro;
    • Manifestações hemorrágicas, em casos muito graves;
    • Síndrome de Reye, que pode afetar o fígado e o cérebro — principalmente se a pessoa usar ácido acetilsalicílico durante a doença;
    • Problemas na gravidez, como malformações, aborto ou varicela congênita no bebê.

    Como é feito o diagnóstico

    Na maioria dos casos, o diagnóstico é clínico, ou seja, o médico identifica a doença pelo aspecto das lesões e pela história do paciente sem precisar de exames. Em situações graves ou duvidosas, podem ser feitos exames de sangue ou testes específicos para confirmar o vírus.

    Tratamento da catapora

    Não existe um remédio que elimine o vírus, então o tratamento é feito para aliviar os sintomas:

    • Repouso e boa hidratação;
    • Antitérmicos e analgésicos, exceto o ácido acetilsalicílico, que é proibido;
    • Antialérgicos para diminuir a coceira;
    • Banhos mornos e roupas leves;
    • Manter as unhas curtas e evitar coçar, para não infectar as feridas.

    Na maioria dos casos, a recuperação é completa em poucos dias. Em situações mais graves, como em gestantes, adultos ou pessoas com imunidade baixa, o médico pode indicar o uso de antivirais (como o aciclovir).

    Isolamento e prevenção

    Quem está com catapora deve ficar em casa até que todas as feridas estejam secas, pois ainda pode transmitir o vírus. Roupas, toalhas e lençóis devem ser lavados separadamente e não compartilhados.

    Em hospitais, recomenda-se isolamento respiratório e de contato para evitar a transmissão.

    Vacinação: a melhor forma de prevenção

    A vacina contra catapora é a forma mais eficaz de se proteger.

    • Está disponível na rede pública, com a vacina tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela);
    • Também pode ser feita em clínicas particulares;
    • Em situações de exposição (como surtos em escolas ou hospitais), pode ser indicada a vacinação de emergência.

    Pessoas com risco elevado, como gestantes suscetíveis, recém-nascidos e imunodeprimidos, podem receber a imunoglobulina específica (VZIG) até 96 horas após o contato com o vírus, para tentar evitar a infecção.

    Catapora e imunidade futura

    Quem teve catapora normalmente fica imune pelo resto da vida. O vírus, porém, permanece “adormecido” no corpo e pode se reativar anos depois, causando o herpes-zóster, conhecido popularmente como “cobreiro”.

    Leia mais: Pneumonia em crianças: o que causa, sintomas e como tratar

    Perguntas frequentes sobre catapora

    1. Catapora e varicela são a mesma coisa?

    Sim. “Catapora” é o nome popular da varicela, causada pelo mesmo vírus.

    2. Quanto tempo dura a catapora?

    Geralmente, entre 7 e 10 dias, até que todas as bolhas sequem e formem crostas.

    3. Quem já teve catapora pode pegar de novo?

    Não. A pessoa normalmente fica imune para o resto da vida.

    4. A catapora pode deixar cicatrizes?

    Só se a pessoa coçar as feridas e causar infecção na pele.

    5. A catapora pode ser perigosa em adultos?

    Sim. Nos adultos, os sintomas costumam ser mais fortes e há maior risco de pneumonia e complicações graves.

    6. É preciso tomar vacina mesmo já tendo tido catapora?

    Não. Quem já teve a doença não precisa se vacinar, pois já tem imunidade natural.

    7. Posso tomar vacina se tiver tido contato com alguém doente?

    Sim. A vacina pode proteger mesmo após o contato, se aplicada em até 3 a 5 dias depois da exposição.

    Leia também: 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

  • O que acontece no corpo quando falta vitamina A 

    O que acontece no corpo quando falta vitamina A 

    A vitamina A é muito importante para enxergarmos bem no escuro e para que nossa pele funcione bem. Quando falta vitamina A no corpo, surgem sinais discretos primeiro, como dificuldade em enxergar à noite e, se não for corrigida, a deficiência pode evoluir para danos permanentes nos olhos e aumento do risco de infecções.

    Em várias regiões do mundo, especialmente em locais com insegurança alimentar, a deficiência de vitamina A ainda é um problema de saúde pública. Entender o que seu corpo sinaliza é o primeiro passo para corrigir o problema antes que ele se torne grave.

    Para que serve a vitamina A no organismo

    A vitamina A tem vários papéis importantes:

    • Ajuda a formar pigmentos na retina que permitem enxergar com pouca luz;
    • Protege as mucosas e a pele;
    • É importante para o sistema imunológico;
    • Colabora para o crescimento e no desenvolvimento do corpo;
    • É importante para funções reprodutivas.

    O que causa a deficiência

    A falta de vitamina A pode aparecer por alguns motivos, como:

    • Dieta pobre em alimentos que contêm vitamina A, como alimentos de origem animal ou aqueles ricos em carotenóides — como a cenoura;
    • Problemas que dificultam a absorção de gorduras no intestino, já que o nutriente é lipossolúvel;
    • Doenças hepáticas, porque o fígado armazena boa parte da vitamina A do corpo;
    • Condições crônicas intestinais, uso de álcool em excesso ou cirurgias digestivas que interferem na absorção.

    Quais sintomas surgem quando há falta de vitamina A

    Os primeiros sinais geralmente envolvem os olhos:

    • Cegueira noturna: dificuldade para enxergar no escuro ou em ambientes com pouca luz;
    • Xeroftalmia: ressecamento da superfície ocular e das mucosas dos olhos, que pode levar a danos na córnea se não tratada;
    • Manchas de Bitot: pequenas opacidades espumosas na parte branca dos olhos;

    Nos casos mais graves, pode haver úlceras ou até perfuração da córnea e cegueira permanente.

    Além dos olhos, outros efeitos são:

    • Pele seca, áspera, escamosa, com tendência a rachaduras;
    • Infecções frequentes, como infecções respiratórias e intestinais, por conta da queda da imunidade;
    • Dificuldade de cicatrização de feridas;
    • Atraso no crescimento em crianças;
    • Alterações na função reprodutiva.

    Diagnóstico e tratamento

    O diagnóstico é feito com base nos sintomas, no exame físico (especialmente oftalmológico) e por exames laboratoriais que medem os níveis de retinol no sangue. No entanto, como o corpo armazena vitamina A, esses níveis só caem quando a deficiência é grave.

    Tratamento

    O tratamento é relativamente direto, quando feito com orientação médica. Pode incluir:

    • Suplementação do nutriente em doses controladas;
    • Correção da causa da deficiência, como melhorar absorção ou tratar doenças associadas;
    • Ajustes na dieta para incluir alimentos ricos em vitamina A.

    Se o tratamento começar logo, muitos dos sintomas iniciais podem regredir, especialmente os oculares, embora danos avançados possam ser irreversíveis.

    Veja mais: Vitamina B1 (tiamina): energia para o corpo e alerta para a memória

    Perguntas frequentes sobre deficiência de vitamina A

    1. A deficiência de vitamina A é comum no Brasil?

    Depende da região e do acesso a alimentos nutritivos. Em áreas com insegurança alimentar, é mais prevalente.

    2. Qual o primeiro sinal de alerta?

    Cegueira noturna, ou dificuldade para enxergar no escuro, costuma ser um dos primeiros sinais.

    3. Comer cenoura resolve o problema?

    Cenoura contém carotenóides (provitamina A), que o corpo pode converter em vitamina A. Mas se a deficiência for grave ou houver problemas de absorção, pode não ser suficiente.

    4. Tomar suplemento por conta própria ajuda?

    Não. O excesso de vitamina A é tóxico e pode causar problemas graves, como lesão no fígado. A suplementação só pode ser feita com orientação médica.

    5. A deficiência pode causar cegueira permanente?

    Sim. Se a deficiência for grave e não tratada, pode levar a danos irreversíveis nos olhos.

    6. Crianças são mais vulneráveis?

    Sim. Elas têm maior necessidade de vitamina A para crescer, e a deficiência pode comprometer o desenvolvimento e a imunidade.

    Veja também: Vitamina B12: o que é, para que serve e como identificar carência ou excesso

  • Vitamina E: importante para proteger células e muito mais 

    Vitamina E: importante para proteger células e muito mais 

    Parte do que mantém a pele firme, a visão estável e o corpo resistindo ao desgaste do tempo é atribuído à vitamina E, um nutriente que age como um protetor das células. Em tempos de poluição, estresse e radicais livres, ela é ainda mais importante no dia a dia.

    Porém, embora os benefícios da vitamina E sejam amplamente elogiados, o excesso pode trazer riscos, e a deficiência, embora rara, também merece atenção. Venha entender como essa vitamina funciona, onde encontrá-la e quando se preocupar.

    O que é a vitamina E?

    A vitamina E é uma vitamina lipossolúvel, ou seja, se dissolve em gordura e pode ser armazenada em partes em que há gordura no corpo. Ela não é produzida pelo organismo, por isso é necessário obtê-la pela alimentação.

    Dentro do grupo da vitamina E, há várias formas químicas e, dentre elas, o α-tocoferol é a mais ativa no corpo humano. Essa forma é especialmente valorizada, porque é a que melhor cumpre os papéis biológicos da vitamina.

    Para que serve a vitamina E?

    A principal função da vitamina E é atuar como antioxidante e proteger as células contra os efeitos ruins dos radicais livres, aquelas moléculas instáveis que surgem em reações no corpo, especialmente na presença de estresse, poluição, radiação, cigarro, entre outras coisas.

    Além disso, ela é importante para:

    • Integridade das membranas celulares;
    • Fortalecimento do sistema imunológico;
    • Participação na saúde neurológica e na função nervosa.

    Quais os valores recomendados de vitamina E?

    A recomendação usual para adultos saudáveis é cerca de 15 miligramas por dia de vitamina E.

    Para crianças e outras faixas etárias, os valores variam:

    • Crianças 1 a 3 anos: 6 mg/dia;
    • 4 a 8 anos: 7 mg/dia;
    • 9 a 13 anos: 11 mg/dia;
    • Adolescentes a adultos: 15 mg/dia.

    É importante lembrar que a vitamina E é obtida principalmente na alimentação, ou seja, a suplementação só é necessária quando um médico ou nutricionista indica.

    Níveis muito altos sem orientação profissional podem ser perigosos, pois doses excessivas podem interferir na coagulação sanguínea.

    Fontes alimentares de vitamina E

    Você pode encontrar vitamina E em diversos alimentos, principalmente de origem vegetal e com teor de gordura saudável:

    • Óleos vegetais: girassol, oliva, gérmen de trigo;
    • Nozes, castanhas e sementes: amêndoas, avelãs, sementes de girassol;
    • Verduras de folhas verde-escura: espinafre, couve;
    • Abacate;
    • Grãos integrais;
    • Gema de ovo.

    Vale lembrar que o processamento, calor e luz podem degradar a vitamina E nos alimentos, por isso o ideal é comer alimentos sempre frescos.

    Deficiência de vitamina E: quando ocorre e o que causa

    A deficiência de vitamina E é rara em pessoas saudáveis, porque uma pequena quantidade de alimentos já costuma suprir a necessidade. Mas ela pode acontecer em casos de má absorção de gorduras, como doenças intestinais, distúrbios genéticos raros ou complicações nutricionais graves.

    Os sintomas associados são:

    • Problemas neurológicos, como fraqueza, coordenação comprometida, visão prejudicada;
    • Danos aos nervos (neuropatia);
    • Problemas na retina e visão.

    Excesso de vitamina E: riscos

    Doses muito altas de vitamina E, especialmente em forma de suplementação, podem trazer efeitos ruins e até perigosos, como interferência na coagulação sanguínea e risco aumentado de hemorragias.

    Por isso, suplementar vitamina E sem necessidade e sem orientação profissional não é recomendado. Vale lembrar que uma alimentação equilibrada geralmente supre a necessidade diária de vitamina E e não leva ao excesso.

    Suplementação de vitamina E: quando e como

    A suplementação pode ser indicada por um médico ou nutricionista apenas em casos de deficiência diagnosticada por exame de sangue ou em condições especiais de saúde, como má absorção e doenças gastrointestinais mais graves.

    Mesmo nesses casos, o uso deve ser orientado por médico ou nutricionista, para ajustar dose, acompanhar efeitos e evitar excessos.

    Saiba mais: Vitamina B12: o que é, para que serve e como identificar carência ou excesso

    Perguntas frequentes sobre vitamina E

    1. Posso consumir mais vitamina E do que o necessário para retardar o envelhecimento?

    Não. Consumir vitamina E em excesso não traz benefícios e pode até causar riscos, como interferir na coagulação.

    2. A vitamina E pode melhorar a pele e os cabelos?

    Na forma tópica, é comum em cosméticos por conta de ser antioxidante e potencial efeito hidratante. Já o uso oral com fins estéticos ainda não tem evidências consistentes.

    3. É fácil ter deficiência de vitamina E?

    Não em pessoas com alimentação equilibrada. A deficiência é rara e geralmente associada a condições médicas que comprometem a absorção de gorduras.

    4. Tomar suplemento de vitamina E todo dia faz mal?

    Se for indicado por um médico ou nutricionista e em doses seguras, pode ser usado. Mas o uso indiscriminado pode trazer riscos, por isso não faça isso sozinho.

    5. Qual forma da vitamina E o corpo mais aproveita?

    O α-tocoferol é a forma mais ativa e significativa no corpo humano.

    6. Qual a dose máxima segura?

    Embora o valor exato dependa do contexto, doses acima de 400–800 UI/dia por longos períodos não são recomendadas sem indicação clínica, e o limite máximo estabelecido é 1.000 mg/dia (cerca de 1.500 UI).

    Confira: Vitamina B1 (tiamina): energia para o corpo e alerta para a memória

  • Escarlatina: uma infecção antiga que ainda exige atenção hoje

    Escarlatina: uma infecção antiga que ainda exige atenção hoje

    Doença muito conhecida no passado, a escarlatina volta à atenção da medicina moderna como uma infecção que, apesar de antiga, ainda exige vigilância. Quando não tratada corretamente, pode evoluir para problemas que afetam o coração, os rins e até causar infecções graves secundárias.

    Nos últimos anos, a conscientização sobre seu diagnóstico rápido e tratamento adequado ganhou espaço, especialmente em ambientes pediátricos. Entender como reconhecer os sinais, como ela se espalha e quais medidas adotar pode fazer toda a diferença para proteger crianças e adultos.

    O que é a escarlatina

    A escarlatina é uma doença infecciosa causada pela bactéria Streptococcus pyogenes — a mesma que provoca amigdalite. Embora seja mais comum em crianças, ela também pode afetar adultos. O nome “escarlatina” deve-se ao exantema vermelho característico que surge na pele: uma erupção cutânea avermelhada e com textura típica, que confere à doença seu apelido visual.

    Transmissão e período de incubação

    A transmissão ocorre por contato direto com saliva ou secreções de pessoas infectadas. O período de incubação — ou seja, entre a exposição ao bacilo e o surgimento dos primeiros sintomas — varia de 2 a 5 dias.

    Sinais e sintomas

    A escarlatina frequentemente começa como uma gripe forte ou amigdalite, evoluindo com manifestações na pele mais específicas após 2 dias. Depois de 3 a 4 dias, pode ocorrer descamação da pele.

    Principais sintomas:

    • Febre alta súbita;
    • Dor de garganta intensa (às vezes com pus nas amígdalas);
    • Mal-estar geral: cansaço, dor de cabeça, falta de apetite;

    Exantema cutâneo (erupção vermelha):

    • Surge entre 12 e 48 horas após o início da febre;
    • Começa no pescoço e tronco e se alastra para braços, pernas e rosto;
    • Geralmente poupa palmas, plantas dos pés e região ao redor da boca;
    • A pele fica avermelhada e áspera, como “lixa”;
    • Algumas áreas próximas à boca ficam mais pálidas.

    Língua característica: inicialmente esbranquiçada com pontinhos vermelhos, depois torna-se vermelha intensa (“língua de morango”).

    Descamação: após alguns dias, ocorre principalmente em mãos e pés.

    Diagnóstico

    O diagnóstico da escarlatina costuma ser feito no consultório, baseado nos sintomas e no exame físico. Em casos duvidosos, pode-se pedir cultura de garganta para detectar a presença de Streptococcus pyogenes.

    Exames de sangue geralmente não são necessários, mas podem ser úteis para avaliar complicações.

    Tratamento e cuidados

    Quando bem tratado, o prognóstico da escarlatina é geralmente bom e a recuperação costuma ser rápida.

    • Antibióticos: devem ser usados exatamente pelo tempo indicado, mesmo que os sintomas melhorem antes do fim. Parar prematuramente pode aumentar o risco de complicações;
    • Repouso e hidratação: beber bastante líquido e repousar auxiliam na recuperação;
    • Medicamentos para alívio dos sintomas: antitérmicos (para febre) e analgésicos (para dor) podem ser usados conforme orientação médica.

    Possíveis complicações

    Se não tratada corretamente, a escarlatina pode levar a:

    • Febre reumática: inflamação que pode afetar coração e articulações;
    • Glomerulonefrite: inflamação dos rins;
    • Infecções secundárias: como em ouvido, pulmões ou pele.

    Com tratamento adequado e precoce, essas complicações são menos frequentes.

    Como prevenir

    Algumas medidas simples ajudam a reduzir o risco de escarlatina:

    • Tratar rapidamente infecções de garganta causadas por estreptococo;
    • Evitar contato próximo com pessoas infectadas enquanto não estiverem em antibiótico por pelo menos 24 horas;
    • Lavar as mãos com frequência e não compartilhar copos, talheres ou toalhas;
    • Manter a vacinação em dia. Embora não exista vacina específica para escarlatina, proteger-se contra outras infecções reforça a saúde como um todo.

    Confira: Anemia carencial: o que acontece quando faltam nutrientes no sangue

    Perguntas frequentes sobre escarlatina

    1. A escarlatina só afeta crianças?

    Não. Embora seja mais comum em crianças, adultos também podem contrair a doença.

    2. Escarlatina é uma forma grave de gripe?

    Não exatamente. Apesar de começar parecido com gripe ou amigdalite, trata-se de uma infecção bacteriana que exige tratamento com antibiótico.

    3. Quanto tempo dura a escarlatina?

    Com tratamento, muitos casos melhoram dentro de poucos dias, mas o antibiótico deve ser mantido por todo o período prescrito.

    4. Posso voltar à escola ou trabalho logo após iniciar o antibiótico?

    Após 24 horas de uso contínuo do antibiótico, a pessoa costuma deixar de ser contagiosa, mas a retomada das atividades depende de avaliação médica.

    5. Há vacina contra escarlatina?

    Não existe vacina específica para escarlatina. A prevenção se baseia no tratamento de infecções por estreptococo e em medidas de higiene.

    6. Qual a diferença entre escarlatina e sarampo?

    Ambas têm exantema (erupção), mas causas diferentes: escarlatina é bacteriana (Streptococcus); sarampo é viral. Sintomas iniciais e história clínica ajudam a diferenciar.

    7. Posso ter escarlatina várias vezes?

    Sim, é possível. A imunidade não é necessariamente permanente, e reinfecções podem ocorrer, embora sejam menos frequentes.

    Leia também: Dor abdominal: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum?

  • Rabdomiólise: saiba mais sobre a doença que deixa o xixi preto

    Rabdomiólise: saiba mais sobre a doença que deixa o xixi preto

    A rabdomiólise é uma condição médica que pode surgir de forma inesperada e causar sérios danos ao organismo. Ela ocorre quando há destruição das fibras musculares, liberando substâncias como mioglobina e enzimas na corrente sanguínea. Esse processo sobrecarrega principalmente os rins e pode levá-los à falência se o tratamento não for iniciado rapidamente.

    Embora possa ter várias causas — de acidentes e esforço físico intenso a reações a medicamentos ou infecções — a rabdomiólise também aparece em situações raras, como na doença de Haff, relacionada ao consumo de certos tipos de peixe. Reconhecer os sintomas precocemente é essencial para evitar complicações graves.

    O que é a rabdomiólise

    É uma condição caracterizada pela destruição das fibras musculares esqueléticas, responsáveis pelos movimentos. Quando isso ocorre, o conteúdo celular (mioglobina, enzimas e eletrólitos) é liberado no sangue, podendo causar:

    • Sobrecarga dos rins;
    • Alterações cardíacas;
    • Complicações potencialmente fatais, se não tratada rapidamente.

    Causas mais comuns

    A rabdomiólise pode ter causas traumáticas (físicas) ou não traumáticas.

    Traumáticas ou físicas

    • Lesões graves (acidentes, quedas);
    • Imobilização prolongada (coma, uso de drogas ou álcool);
    • Queimaduras extensas, choques elétricos ou raio;
    • Exercícios físicos intensos, principalmente em pessoas não acostumadas.

    Não traumáticas ou não físicas

    • Uso de certos medicamentos;
    • Infecções virais ou bacterianas;
    • Distúrbios metabólicos e hormonais (diabetes descompensado, alterações de cálcio e potássio);
    • Toxinas (picadas de cobras, insetos, cogumelos ou álcool em excesso);
    • Doenças musculares genéticas, como distrofias.

    Sinais e sintomas da rabdomiólise

    • Fraqueza muscular;
    • Dor nos músculos;
    • Inchaço localizado na região afetada;
    • Urina escura, semelhante à cor de “coca-cola” (pela presença de mioglobina).

    Em casos graves, podem surgir:

    • Insuficiência renal aguda;
    • Arritmias cardíacas;
    • Distúrbios de coagulação.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por avaliação clínica e exames laboratoriais.

    Exames laboratoriais

    • CPK (creatinofosfoquinase): principal marcador de destruição muscular. Níveis acima de 5x o normal indicam suspeita;
    • Mioglobina na urina: confirma liberação da proteína muscular;
    • Função renal: creatinina e ureia avaliam o comprometimento dos rins;
    • Eletrocardiograma: detecta arritmias causadas por desequilíbrios de eletrólitos.

    Possíveis complicações

    • Lesão renal aguda: mioglobina danifica os túbulos renais;
    • Alterações de cálcio e potássio: causam arritmias e risco de parada cardíaca;
    • Síndrome compartimental: aumento da pressão dentro do músculo, reduzindo a circulação;
    • Distúrbios de coagulação: em casos graves, o sangue pode perder a capacidade de coagular.

    Tratamento da rabdomiólise

    O tratamento deve começar o mais rápido possível, preferencialmente em ambiente hospitalar.

    Medidas principais

    • Hidratação venosa intensa (soro fisiológico) para ajudar os rins a eliminar a mioglobina;
    • Monitoramento constante de urina e exames de sangue;
    • Correção de alterações eletrolíticas (como excesso de potássio);
    • Suspensão de medicamentos causadores, se houver.

    Em casos graves

    • Hemodiálise: quando há insuficiência renal aguda;
    • Fasciotomia: cirurgia emergencial usada na síndrome compartimental para aliviar a pressão muscular.

    Doença de Haff — quando o peixe pode causar rabdomiólise

    A doença de Haff é uma forma rara de rabdomiólise que aparece até 24h após o consumo de peixe ou crustáceos, mesmo que estejam bem cozidos e aparentemente frescos.

    Acredita-se que esteja ligada a toxinas naturais presentes em certos pescados, ainda não totalmente identificadas.

    Sintomas da doença de Haff

    • Dor e fraqueza muscular intensa;
    • Urina escura;
    • Mal-estar geral.

    Diagnóstico e tratamento da doença de Haff

    O diagnóstico baseia-se no consumo recente de pescado (até 24h antes) e no aumento da CPK. O tratamento segue o mesmo protocolo da rabdomiólise: hidratação venosa vigorosa, monitoramento renal e controle das complicações.

    Leia também: Intoxicação por metanol: saiba mais sobre os antídotos

    Perguntas frequentes sobre rabdomiólise

    1. A rabdomiólise pode acontecer após exercício físico?

    Sim. Esforços intensos, especialmente em pessoas sem preparo, estão entre as causas mais frequentes.

    2. Urina escura sempre indica rabdomiólise?

    Nem sempre, mas é um sinal de alerta importante. A presença de mioglobina na urina deve ser investigada imediatamente.

    3. A rabdomiólise tem cura?

    Sim. Com diagnóstico e tratamento precoces, a recuperação costuma ser completa.

    4. Todo caso precisa de internação?

    Não necessariamente. Casos leves podem ser acompanhados com hidratação e monitoramento médico, mas os graves exigem internação.

    5. O que acontece se a rabdomiólise não for tratada?

    Pode causar falência renal, arritmias cardíacas e até morte.

    6. O peixe causa rabdomiólise sempre que está estragado?

    Não. Na doença de Haff, o peixe pode parecer normal. O problema está em toxinas naturais ainda não totalmente identificadas.

    7. Como evitar a doença de Haff?

    Compre peixes e crustáceos de origem confiável e mantenha-os sempre sob refrigeração adequada antes do consumo.

    Confira: Intoxicação alimentar por alimentos crus: como se proteger

  • Apneia do sono: quando o ronco é sinal de algo mais sério

    Apneia do sono: quando o ronco é sinal de algo mais sério

    Roncar alto pode parecer apenas um incômodo para quem dorme ao lado, mas, em muitos casos, é sinal de um problema que vai muito além do barulho. A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio que interrompe a respiração diversas vezes durante a noite, fragmentando o descanso e sobrecarregando o coração e o cérebro.

    Embora comum, a apneia ainda é pouco diagnosticada. Identificar os sintomas, buscar avaliação médica e iniciar o tratamento correto podem reduzir o risco de doenças graves e melhorar radicalmente a qualidade de vida.

    O que é a apneia obstrutiva do sono

    A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por pausas repetidas na respiração durante o sono, causadas pelo estreitamento ou colapso das vias aéreas superiores.

    • Apneias (completas): o fluxo de ar cessa totalmente;
    • Hipopneias (parciais): o fluxo de ar reduz significativamente.

    Com a queda do oxigênio, o cérebro provoca microdespertares para retomar a respiração, resultando em sono fragmentado e não reparador.

    Principais sintomas

    • Ronco alto e frequente (geralmente notado pelo parceiro);
    • Pausas respiratórias observadas durante o sono;
    • Sonolência excessiva diurna, mesmo após “dormir muitas horas”;
    • Fadiga, cefaleia matinal, irritabilidade e dificuldade de concentração;
    • Engasgos noturnos, despertar com falta de ar, boca seca e/ou nictúria (urinar à noite).

    Por que a apneia é preocupante

    A apneia não causa apenas cansaço: ela está associada a desfechos clínicos relevantes, como:

    • Doenças cardiovasculares: hipertensão, arritmias, insuficiência cardíaca, infarto;
    • Acidente vascular cerebral (AVC);
    • Diabetes e síndrome metabólica;
    • Alterações de humor, memória e atenção;
    • Maior risco de acidentes (especialmente ao volante) por sonolência.

    Fatores de risco

    Fatores anatômicos (estruturais)

    • Retrognatia/micrognatia (queixo pequeno ou recuado);
    • Hipertrofia de amígdalas ou adenóides;
    • Língua volumosa, palato mole alongado;
    • Pescoço grosso/excesso de tecidos na orofaringe.

    Outros fatores

    • Obesidade (principal causa modificável);
    • Idade > 50 anos, sobretudo em homens;
    • Dormir em decúbito dorsal (barriga para cima);
    • Uso de álcool, cigarro e sedativos;
    • Gravidez.

    Doenças associadas

    • Hipotireoidismo, acromegalia;
    • Diabetes;
    • Síndrome de Down, síndrome de Prader–Willi;
    • Insuficiência cardíaca, fibrilação atrial;
    • História de AVC.

    Frequência na população

    Estima-se que cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo tenham algum grau de apneia obstrutiva do sono. A prevalência é maior em homens e aumenta com a idade e com o ganho de peso.

    Diagnóstico

    Etapas da avaliação

    • Histórico e sintomas: ronco, pausas respiratórias, sonolência, fadiga;
    • Exame físico: IMC, circunferência do pescoço, anatomia de face/garganta;
    • STOP-BANG: questionário de triagem que estima risco de AOS.

    Exames confirmatórios

    • Polissonografia em laboratório: padrão-ouro (respiração, oxigenação, batimentos, movimentos);
    • Teste domiciliar do sono: opção com equipamento portátil em casos selecionados.

    A gravidade é definida pelo Índice de Apneia-Hipopneia (IAH) (eventos/hora): leve 5–15; moderada 15–30; grave > 30.

    Tratamento da apneia obstrutiva do sono

    Objetiva melhorar a qualidade do sono e reduzir riscos cardiovasculares e metabólicos.

    Mudanças no estilo de vida

    • Perda de peso (quando indicado);
    • Dormir de lado (terapia posicional);
    • Evitar álcool, tabaco e sedativos;
    • Higiene do sono: horários regulares, ambiente escuro e silencioso.

    Terapias principais

    • CPAP: pressão positiva contínua por máscara; tratamento mais eficaz para casos moderados/graves;
    • Aparelhos orais de avanço mandibular: úteis em casos leves a moderados e em intolerância ao CPAP;
    • Fonoterapia/terapia miofuncional orofacial: exercícios para musculatura da via aérea;
    • Cirurgias (casos selecionados): correção de alterações anatômicas (ex.: amigdalectomia, avanço maxilomandibular) ou neuroestimulador do nervo hipoglosso.

    Por que tratar é importante

    • Reduz risco de infarto e AVC;
    • Diminui acidentes por sonolência e melhora desempenho;
    • Atenua déficits cognitivos, depressão e irritabilidade;
    • Auxilia no controle da pressão arterial e da resistência à insulina;
    • Melhora a qualidade de vida, energia e disposição.

    Leia também: Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa

    Perguntas frequentes sobre apneia obstrutiva do sono

    1. Roncar sempre significa ter apneia?

    Não. O ronco pode ser apenas ruído respiratório. Porém, se houver pausas na respiração ou sonolência excessiva, é essencial investigar.

    2. A apneia é perigosa?

    Sim. Está associada a doenças cardiovasculares, AVC e a maior risco de acidentes.

    3. Existe cura para a apneia?

    Casos leves podem melhorar com perda de peso e medidas comportamentais. Nos moderados/graves, CPAP e outras terapias controlam a doença de forma eficaz.

    4. CPAP é desconfortável?

    Há estranhamento inicial, mas com ajuste de máscara e acomodação gradual, a maioria se adapta bem.

    5. Crianças também podem ter apneia?

    Sim. Em pediatria, a causa mais comum é a hipertrofia de amígdalas/adenóides; o tratamento precoce previne impactos no crescimento e aprendizado.

    6. Quando devo procurar um especialista?

    Se você ronca alto, tem sono diurno excessivo ou alguém notou pausas respiratórias durante seu sono, procure um otorrinolaringologista ou médico de medicina do sono.

    Confira: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde

  • Será que é urticária? Conheça as características dessa doença

    Será que é urticária? Conheça as características dessa doença

    Você sabia que, ao longo da vida, uma em cada quatro pessoas apresenta pelo menos um episódio de urticária? A condição é relativamente comum e pode surgir em qualquer idade, provocando manchas vermelhas, elevadas e com coceira intensa.

    Em muitos casos, ela dura poucas horas e desaparece sem deixar marcas, mas também pode se tornar crônica, persistindo por semanas ou até anos. Para entender como ela é causada e as medidas de tratamento, conversamos com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti. Confira!

    O que é urticária?

    A urticária é uma condição de pele caracterizada pelo surgimento súbito de lesões chamadas pápulas urticariformes. Elas aparecem como vergões avermelhados, elevados e que coçam bastante. De acordo com Brianna, podem surgir em minutos, mudar de lugar no corpo e desaparecer em até 24 horas, sem deixar marcas ou cicatrizes.

    Em alguns casos, a urticária vem acompanhada de angioedema, que é o inchaço mais profundo da pele e das mucosas — como nos lábios, pálpebras e língua. Ela pode ser mais desconfortável e até assustar, embora nem sempre represente risco grave.

    Quais os tipos de urticária?

    • Urticária aguda: quando os sintomas duram menos de seis semanas. Normalmente, está ligada a alergias alimentares, medicamentos, infecções virais ou picadas de insetos;
    • Urticária crônica: quando persiste por mais de seis semanas, com crises recorrentes. Em boa parte dos casos, não há um gatilho específico identificado.

    O que causa urticária?

    As causas variam conforme o tipo. Segundo Brianna, casos de urticária aguda podem ser desencadeados por:

    • Infecções virais (principal motivo em crianças);
    • Medicamentos, como antibióticos e anti-inflamatórios;
    • Alimentos, incluindo oleaginosas, frutos do mar, leite e ovos;
    • Picadas de insetos;
    • Agentes físicos, como frio, calor ou pressão na pele.

    Já a urticária crônica pode surgir devido a:

    • Mecanismos autoimunes;
    • Doenças da tireoide;
    • Infecções crônicas;
    • Alterações hormonais;
    • Estresse e fatores emocionais;
    • Estímulos físicos, como calor, frio, sol, pressão e exercício.

    Vale apontar que, na maioria dos casos crônicos, não é encontrado um gatilho definido. Ou seja, o organismo reage de forma descontrolada, liberando histamina e causando os sintomas, sem uma causa aparente.

    A urticária é contagiosa?

    Não, a urticária não é uma doença contagiosa. Ela não passa de pessoa para pessoa por contato físico, beijo, abraço ou compartilhamento de objetos.

    Em alguns casos, ela pode estar relacionada a infecções virais — mas nesse caso, o que pode ser transmitido é o vírus (como o de uma gripe), não a urticária em si.

    Sintomas da urticária

    • Manchas vermelhas e elevadas (pápulas) que surgem e desaparecem rapidamente;
    • Coceira intensa, que pode piorar à noite ou em situações de calor;
    • Sensação de ardor ou queimação nas áreas afetadas;
    • Lesões que aparecem em uma região e depois somem, surgindo em outros locais;
    • Inchaço localizado (angioedema), especialmente em pálpebras, lábios, mãos, pés ou genitais.

    Em crises mais graves, a urticária pode vir acompanhada de dificuldade para respirar, dor abdominal ou tontura — sinais que exigem atendimento médico imediato.

    Estresse pode causar urticária?

    Sim, em algumas situações, a tensão emocional pode desencadear ou agravar as crises. “O estresse psicológico aumenta a liberação de neuropeptídeos e histamina pelos mastócitos, podendo precipitar ou intensificar as crises — principalmente na urticária crônica”, explica Brianna.

    Fatores como privação de sono e ansiedade também podem contribuir para o aparecimento ou agravamento do quadro. Mudanças no estilo de vida, incluindo técnicas de controle do estresse, exercícios físicos e boa higiene do sono, ajudam a controlar os sintomas.

    Como é feito o diagnóstico de urticária?

    O diagnóstico é clínico, baseado na observação das lesões e na história do paciente. O médico avalia como e quando as lesões aparecem, se há associação com alimentos, medicamentos ou fatores ambientais e a duração dos sintomas.

    Não é necessário fazer exames laboratoriais, segundo Brianna, a menos que exista suspeita de uma condição de base, como doenças da tireoide ou infecções crônicas.

    Testes alérgicos só costumam ser solicitados se houver forte suspeita de alergia alimentar ou medicamentosa — principalmente nos casos de urticária aguda. Já na crônica, os testes raramente trazem respostas úteis.

    Como tratar a urticária?

    O tratamento é feito, inicialmente, com o uso diário de anti-histamínicos de segunda geração, que ajudam a controlar a coceira e as manchas na pele sem causar sono. Se a melhora não for suficiente, o médico pode aumentar até quatro vezes a dose padrão, de acordo com Brianna.

    Nos casos em que a urticária não responde ao tratamento, existem opções mais avançadas, como o omalizumabe e outros medicamentos que agem diretamente no sistema imunológico. A ciclosporina também pode ser usada, sempre com acompanhamento médico.

    Além dos remédios, é muito importante identificar e evitar os gatilhos que causam as crises, além de cuidar do estresse e do sono, que influenciam no controle da doença.

    É possível prevenir a urticária?

    Nem sempre é possível prevenir, mas há medidas que ajudam a reduzir o risco de crises ou minimizar sua frequência. O primeiro passo é identificar e evitar os gatilhos. Outras recomendações:

    • Evitar calor excessivo, banhos muito quentes e exposição prolongada ao sol;
    • Reduzir ou suspender o consumo de bebidas alcoólicas;
    • Controlar o estresse com técnicas de relaxamento, atividade física regular e boa higiene do sono;
    • Manter alimentação equilibrada, priorizando alimentos naturais. Considerar reduzir itens que frequentemente pioram as crises, como embutidos, enlatados, corantes artificiais, refrigerantes, sucos artificiais, frutos do mar, ovos e chocolate.

    Urticária é grave?

    Na maioria dos casos, a urticária não é grave e não causa complicações. No entanto, em alguns pacientes — especialmente com urticária crônica — a condição pode estar relacionada a doenças mais sérias, como:

    • Doenças autoimunes (tireoidite de Hashimoto, lúpus, síndrome de Sjögren);
    • Infecções crônicas (Helicobacter pylori, hepatites virais, HIV);
    • Neoplasias hematológicas (linfomas, leucemias, mastocitose sistêmica);
    • Distúrbios da tireoide e mastocitose.

    Além disso, casos em que a urticária vem acompanhada de angioedema na garganta ou dificuldade respiratória são considerados emergências médicas, exigindo atendimento imediato.

    Confira: Entenda como funciona a alergia alimentar e o que fazer

    Perguntas frequentes

    1. A urticária em bebês é comum?

    Sim. A urticária pode afetar pessoas de todas as idades, inclusive bebês e crianças pequenas. Nos primeiros anos de vida, a causa mais comum é a reação a infecções virais, mas também pode estar relacionada a alimentos (como leite e ovo), picadas de insetos e, em casos mais raros, a remédios.

    As lesões são semelhantes às dos adultos: vergões vermelhos, elevados e pruriginosos. Em bebês, a coceira pode causar irritabilidade e choro. Procure atendimento se houver inchaço de boca, língua ou dificuldade respiratória.

    2. A urticária pode aparecer durante a gravidez?

    Sim. A gestação envolve alterações hormonais e imunológicas que podem favorecer o surgimento ou a piora da urticária. Apesar de normalmente benigna, a gestante deve ser acompanhada por médico para ajustar o tratamento com segurança. Anti-histamínicos de segunda geração podem ser usados, sempre com prescrição.

    3. Estou com urticária, quando devo ir ao médico?

    Busque urgência se apresentar:

    • Dificuldade para respirar;
    • Inchaço em boca, língua ou garganta;
    • Dor abdominal intensa, vômitos ou tontura;
    • Lesões que duram mais de 24 horas no mesmo local e deixam manchas residuais (pode indicar vasculite).

    4. A urticária pode deixar cicatrizes?

    Não. Uma característica da urticária é o desaparecimento das lesões em até 24 horas, sem marcas. Persistência no mesmo local por mais de um dia, com manchas roxas ou marrons, sugere outro problema e deve ser investigada.

    5. Existe relação entre urticária e alimentação?

    Sim, mas não em todos os casos. Na urticária aguda, alimentos como frutos do mar, leite, ovos, amendoim, nozes e chocolate podem desencadear crises. Na crônica, a relação é menos clara. Algumas pessoas melhoram ao reduzir corantes, conservantes e ultraprocessados. Observe relações diretas e converse com o médico.

    6. Quem tem urticária pode beber álcool?

    O álcool pode agravar os sintomas por aumentar a vasodilatação e potencializar a liberação de histamina, além de interagir com medicamentos. Prefira moderação ou evite.

    7. Existe risco de urticária virar câncer?

    Não. A urticária não evolui para câncer. Raramente, pode ser manifestação secundária de doenças hematológicas, mas isso é incomum e corresponde a uma minoria dos casos de urticária crônica.

    Veja também: Alergia à poeira doméstica: por que acontece e como aliviar os sintomas?