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  • Quando o fígado dá sinais: entenda a cirrose e seus riscos

    Quando o fígado dá sinais: entenda a cirrose e seus riscos

    A cirrose hepática é uma das doenças mais graves do fígado e representa o estágio final de diversas condições crônicas que afetam o órgão. Ela ocorre quando o tecido saudável é substituído por cicatrizes (fibrose), comprometendo a estrutura e reduzindo progressivamente a capacidade funcional do fígado.

    Como o fígado é essencial para o metabolismo, digestão e eliminação de toxinas, sua falha tem impacto em todo o organismo. Embora grave, a cirrose pode ter a evolução controlada e a qualidade de vida mantida com diagnóstico precoce e tratamento adequado.

    O que é a cirrose hepática

    A cirrose é caracterizada pela fibrose e formação de nódulos de regeneração no fígado, que desorganizam sua estrutura normal. Isso reduz gradualmente a capacidade do órgão de metabolizar substâncias, produzir proteínas e eliminar toxinas.

    Como a cirrose se desenvolve

    Inflamações repetidas ou lesões contínuas fazem o fígado tentar se regenerar. Esse processo constante leva à formação de cicatrizes e nódulos que alteram o fluxo de sangue dentro do órgão, provocando hipertensão portal — uma das complicações mais sérias, que causa sangramentos e acúmulo de líquido no abdômen.

    Fases da doença

    • Cirrose compensada: fase inicial, em que o fígado ainda realiza parte de suas funções. Pode não causar sintomas.
    • Cirrose descompensada: o órgão perde a capacidade de adaptação, e surgem complicações como ascite (líquido no abdômen), encefalopatia hepática (confusão mental), icterícia e hemorragias.

    A transição entre essas fases indica que a doença está comprometendo mais intensamente a saúde e o bem-estar do paciente.

    Causas mais comuns

    • Álcool: consumo excessivo é uma das principais causas. Mulheres são mais suscetíveis a menores quantidades.
    • Hepatites B e C: infecções crônicas que inflamam o fígado por anos.
    • Doença hepática gordurosa metabólica: relacionada à obesidade, diabetes e colesterol alto, pode evoluir para cirrose mesmo sem álcool.
    • Hepatite autoimune: o sistema imunológico ataca as células do fígado.
    • Doenças hereditárias: como hemocromatose (ferro), doença de Wilson (cobre) e deficiência de alfa-1-antitripsina.
    • Uso prolongado de medicamentos ou exposição a substâncias tóxicas.
    • Cirrose criptogênica: quando a causa é desconhecida.
    • Colangite biliar primária e colangite esclerosante primária: doenças dos ductos biliares que podem evoluir para cirrose.

    Sintomas e manifestações

    Nos estágios iniciais, a cirrose pode não causar sintomas. Com o avanço, podem surgir:

    • Cansaço e fraqueza;
    • Inchaço nas pernas e abdômen;
    • Pele e olhos amarelados (icterícia);
    • Perda de apetite e emagrecimento;
    • Alterações hormonais;
    • Tendência a hematomas e sangramentos;
    • Eritema palmar (palmas avermelhadas);
    • Confusão mental ou sonolência (encefalopatia hepática);
    • Aranhas vasculares (vasos dilatados visíveis na pele).

    Complicações

    Na fase descompensada, a cirrose pode causar:

    • Hipertensão portal;
    • Ascite: líquido no abdômen, com desconforto e distensão;
    • Sangramento digestivo (varizes no esôfago/estômago);
    • Encefalopatia hepática: confusão causada por toxinas no sangue;
    • Infecções bacterianas como peritonite (infecção do líquido ascítico);
    • Síndrome hepatorrenal: falência renal secundária;
    • Câncer de fígado (carcinoma hepatocelular).

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por exame clínico e testes laboratoriais e de imagem:

    • Exames de sangue: avaliam enzimas hepáticas, coagulação e plaquetas;
    • Ultrassonografia, tomografia, ressonância e elastografia: identificam fibrose e alterações estruturais;
    • Biópsia hepática: confirma o diagnóstico e identifica a causa.

    Após a confirmação, exames complementares ajudam a determinar a origem da doença e definir o tratamento adequado.

    Tratamento

    O tratamento busca controlar a progressão da doença e prevenir complicações, conforme a causa:

    • Alimentação equilibrada e suplementação de vitaminas;
    • Suspensão total do álcool e de substâncias tóxicas;
    • Controle de diabetes, colesterol e obesidade;
    • Diuréticos para ascite e antibióticos para infecções;
    • Antivirais e vacinação para hepatites B e C.

    Transplante de fígado

    Nos casos mais avançados, o transplante hepático é o único tratamento capaz de restaurar a função do órgão e oferecer chance real de cura.

    Prognóstico e cuidados

    O prognóstico depende da causa e do grau de comprometimento do fígado. Quando diagnosticada precocemente, a cirrose pode ser estabilizada e a qualidade de vida preservada. Para prevenir o avanço:

    • Evite o consumo de álcool;
    • Mantenha alimentação equilibrada;
    • Vacine-se contra as hepatites;
    • Faça acompanhamento médico regular.

    Leia também: 10 coisas para fazer hoje e ganhar mais anos de vida

    Perguntas frequentes sobre cirrose hepática

    1. A cirrose tem cura?

    Não há cura definitiva, mas é possível controlar a progressão. Em casos graves, o transplante pode oferecer cura funcional.

    2. O consumo moderado de álcool pode causar cirrose?

    Sim. O risco aumenta conforme o tempo e a frequência do consumo, mesmo em quantidades pequenas — especialmente em mulheres.

    3. A cirrose sempre causa sintomas?

    Não. Nas fases iniciais, pode ser silenciosa e descoberta apenas em exames de rotina.

    4. Quem tem gordura no fígado pode desenvolver cirrose?

    Sim. A esteatose hepática pode evoluir para inflamação, fibrose e, eventualmente, cirrose se não for tratada.

    5. O que é hipertensão portal?

    É o aumento da pressão nos vasos sanguíneos do fígado, comum na cirrose, e pode causar ascite e sangramentos.

    6. Existe dieta específica para quem tem cirrose?

    Sim. Deve-se priorizar proteínas magras, frutas, legumes e evitar álcool. A dieta deve ser orientada por médico e nutricionista.

    7. Quando o transplante de fígado é indicado?

    Quando o órgão não consegue mais exercer suas funções e há risco de falência hepática.

    Confira: Gordura no fígado: conheça os sintomas e como tratar essa doença

  • Rubéola: sintomas, prevenção e por que a vacina é tão importante 

    Rubéola: sintomas, prevenção e por que a vacina é tão importante 

    Embora hoje seja considerada rara graças à vacinação, a rubéola ainda merece atenção — sobretudo entre mulheres em idade fértil e gestantes. Causada por um vírus de fácil transmissão, costuma se manifestar com febre baixa e manchas vermelhas na pele, lembrando um resfriado leve. Na maioria das vezes, a recuperação é rápida e sem complicações.

    O alerta maior é para a infecção durante a gravidez: o vírus pode atravessar a placenta e causar malformações graves no feto (Síndrome da Rubéola Congênita — SRC). Por isso, a vacinação segue sendo a principal forma de prevenção, protegendo gestantes e bebês.

    O que é rubéola

    A rubéola (também chamada de “sarampo alemão”) é uma doença viral aguda e contagiosa, do grupo das doenças exantemáticas (com manchas avermelhadas na pele). Em crianças, tende a ser leve e autolimitada; já na gestação pode provocar complicações graves ao feto, como malformações, abortamento ou natimorto — motivo pelo qual a prevenção por vacina é essencial.

    Período de incubação e contágio

    • Incubação: geralmente 17 dias (variando de 12 a 23 dias).
    • Transmissibilidade: de 5 a 7 dias antes e depois do surgimento das manchas.

    Isso significa que a pessoa pode transmitir o vírus antes de ter sintomas, facilitando a disseminação.

    Como ocorre a transmissão

    Causada pelo Rubivirus, a rubéola é transmitida por secreções respiratórias (saliva, gotículas ao tossir, falar ou respirar). O contágio ocorre de cerca de 5 dias antes até 7 dias depois do aparecimento das manchas — com pico entre 2 dias antes e 2 dias depois do exantema.

    Principais sintomas da rubéola

    Os sintomas costumam ser leves e ocorrem em duas fases:

    1. Fase prodrômica (antes das manchas)

    • Febre baixa e mal-estar;
    • Linfonodos aumentados (atrás da orelha, nuca e pescoço);
    • Dor de cabeça, coriza e dor de garganta.

    2. Fase exantemática (com manchas)

    • Exantema maculopapular rubeoliforme: manchas avermelhadas que surgem na face e pescoço e se espalham para tronco e membros; duram 3 a 5 dias, desaparecendo sem descamação;
    • Manchas rosadas puntiformes no céu da boca.

    Diagnóstico da rubéola

    É clínico e laboratorial, para diferenciar de outras doenças exantemáticas:

    • Sorologia (IgM e IgG): indica infecção recente ou imunidade prévia;
    • PCR para rubéola: em secreções de orofaringe/nasal ou urina.

    Tratamento da rubéola

    Não há antiviral específico. O manejo é sintomático:

    • Repouso e hidratação adequada;
    • Antitérmicos/analgésicos leves (ex.: paracetamol);
    • Anti-inflamatórios (apenas com prescrição) para dores articulares.

    Prevenção: a importância da vacina

    A tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) é segura e disponível no SUS.

    • 12 meses: 1ª dose;
    • 15 meses: 2ª dose;
    • Adolescentes e adultos até 29 anos: duas doses;
    • 30 a 59 anos: uma dose;
    • Profissionais de saúde: duas doses, independentemente da idade.

    Gestantes não devem ser vacinadas durante a gravidez; a imunização deve ocorrer antes da gestação ou logo após o parto.

    Cuidados e prevenção da transmissão

    • Lavar as mãos com frequência e evitar contato próximo com doentes;
    • Cobrir boca e nariz ao tossir/espirrar;
    • Manter ambientes ventilados;
    • Em suspeita de rubéola, evitar locais públicos até liberação médica.

    Por que a rubéola é perigosa na gravidez

    Na gestação — especialmente no 1º trimestre — o vírus pode atravessar a placenta e causar a Síndrome da Rubéola Congênita (SRC), com possíveis:

    • Surdez (mais comum);
    • Defeitos cardíacos (PCA, estenose pulmonar, defeitos do septo);
    • Lesões oculares (catarata, retinopatia, microftalmia, coriorretinite);
    • Alterações neurológicas (microcefalia, atraso do desenvolvimento, distúrbios de comportamento);
    • Problemas hematológicos (anemia, petéquias);
    • Baixo peso ao nascer, hepatoesplenomegalia;
    • Alterações endócrinas (diabetes tipo 1, doenças da tireoide).

    No pré-natal, a triagem sorológica é obrigatória e pode ser repetida. Se houver suspeita de infecção fetal, exames complementares (sangue/líquido amniótico) podem ser indicados. O acompanhamento é individualizado.

    Confira: Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer

    Cuidados depois do nascimento

    Recém-nascidos com rubéola congênita devem permanecer em isolamento e seguimento regular: podem eliminar o vírus por até 1 ano e são contagiosos nesse período.

    Perguntas frequentes sobre rubéola

    1. O que é a rubéola?

    É uma doença viral contagiosa com manchas avermelhadas na pele e evolução geralmente leve — exceto em gestantes.

    2. Como a rubéola é transmitida?

    Por gotículas respiratórias (saliva, espirros, tosse), principalmente nos dias próximos ao aparecimento das manchas.

    3. Quais são os primeiros sintomas?

    Febre baixa, mal-estar, ínguas atrás da orelha/nuca/pescoço e, depois, manchas vermelhas no corpo.

    4. A rubéola tem tratamento?

    Não há antiviral específico. O tratamento é de suporte (repouso, hidratação e medicamentos leves para febre/dor).

    5. Como prevenir?

    Com a vacina tríplice viral, disponível gratuitamente no SUS.

    6. Por que é perigosa na gravidez?

    Pelo risco de Síndrome da Rubéola Congênita, com malformações, surdez, defeitos cardíacos e outras complicações graves.

    7. Gestantes podem tomar a vacina?

    Não durante a gestação. A imunização deve ocorrer antes de engravidar ou após o parto, conforme orientação médica.

    Leia mais: 7 cuidados que você deve ter antes de engravidar

  • Ozempic e similares podem reduzir risco de câncer ligado à obesidade?

    Ozempic e similares podem reduzir risco de câncer ligado à obesidade?

    Considerada um importante problema de saúde pública, a obesidade é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de câncer. O acúmulo de gordura corporal provoca inflamação crônica e altera níveis hormonais, favorecendo a multiplicação de células cancerígenas.

    Manter um peso saudável é essencial tanto para prevenir tumores malignos quanto para melhorar a resposta ao tratamento em quem já possui o diagnóstico. Nos últimos anos, alternativas como os agonistas do GLP-1 (como Ozempic e Wegovy), inicialmente desenvolvidos para tratar diabetes tipo 2, têm ganhado destaque no controle da obesidade.

    Esses medicamentos aumentam a saciedade, retardam o esvaziamento gástrico e ajudam no controle da glicose, reduzindo o apetite e o peso corporal. Mas será que eles podem realmente mudar o cenário da prevenção do câncer? Veja o que dizem as pesquisas.

    Qual a relação entre o excesso de peso e o câncer?

    O câncer surge de alterações no DNA que levam ao crescimento desordenado de células. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), grande parte dos casos está ligada a hábitos como má alimentação, sedentarismo e excesso de peso.

    O oncologista Thiago Chadid destaca que, a cada 5 pontos que o IMC sobe, o risco de câncer aumenta cerca de 15% em mulheres e 13% em homens. Isso significa que uma pessoa que passa de IMC 22 para 27 já tem aumento de cerca de 25% no risco de desenvolver câncer.

    O risco está relacionado à gordura corporal, não apenas ao peso total. O excesso de gordura aumenta a probabilidade de câncer por três mecanismos principais:

    • Inflamação crônica: a gordura em excesso promove inflamação contínua, que facilita mutações genéticas e o crescimento de células anormais;
    • Desequilíbrio hormonal: há aumento de insulina e fatores de crescimento celular, que estimulam a proliferação tumoral;
    • Produção de estrogênio: em mulheres na pós-menopausa, a gordura abdominal torna-se a principal fonte de estrogênio, elevando o risco de câncer de mama.

    O excesso de peso está associado a pelo menos 13 tipos de câncer, como os de pâncreas, fígado, rins, intestino, estômago, mama e vesícula biliar, além de possíveis vínculos com câncer de próstata avançado e linfomas.

    O que são agonistas do GLP-1?

    Os agonistas do GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1) são medicamentos criados para tratar diabetes tipo 2. Eles imitam a ação de um hormônio intestinal que estimula a liberação de insulina, reduz o apetite e retarda o esvaziamento gástrico, promovendo saciedade.

    A semaglutida (Ozempic) é o exemplo mais conhecido. Além de controlar o metabolismo, age no sistema nervoso central, reduzindo a fome e facilitando dietas hipocalóricas, o que levou à sua adoção também no tratamento da obesidade.

    Ao reduzir o excesso de gordura, esses fármacos diminuem inflamação e desequilíbrios hormonais, podendo teoricamente reduzir o risco de câncer. Mas as evidências ainda estão sendo estudadas.

    Agonistas de GLP-1 e câncer: o que dizem as pesquisas científicas?

    Os agonistas de GLP-1 são medicamentos recentes, e as evidências sobre seu impacto no risco de câncer ainda são iniciais, embora promissoras.

    Um estudo publicado na JAMA Oncology com mais de 86 mil adultos com obesidade mostrou que o uso desses medicamentos reduziu o risco geral de câncer em cerca de 17%. Já uma análise nacional de 1,1 milhão de pacientes (revista Cancers, 2025) reforçou o potencial protetor — especialmente contra tumores de mama, próstata e trato gastrointestinal. A semaglutida mostrou forte proteção para cânceres digestivos.

    Aumento discreto de risco

    Apesar dos resultados positivos, alguns estudos observaram pequeno aumento de risco em casos específicos. A liraglutida foi associada a maior incidência de câncer de tireoide e pulmão em algumas populações, e a JAMA Oncology apontou aumento discreto (não significativo) de câncer renal.

    Segundo os pesquisadores liderados por Hao Dai, os GLP-1 parecem ter efeito protetor em vários tipos de câncer, mas ainda é preciso acompanhar a longo prazo para entender melhor os mecanismos e possíveis riscos em órgãos específicos.

    Thiago Chadid lembra que muitos estudos foram feitos com pessoas com diabetes tipo 2 — grupo que já tem risco maior de câncer — e que o grau de perda de peso influencia diretamente os resultados. Por isso, embora os dados sejam animadores, ainda não é possível afirmar com certeza que esses medicamentos previnem o câncer.

    E para quem já teve câncer?

    Não há evidências suficientes de que os agonistas de GLP-1 reduzam recidivas ou aumentem a sobrevida em quem já teve câncer. Também não se sabe se são totalmente seguros em pacientes com histórico de determinados tumores, como os de tireoide. O uso deve ser individualizado e decidido junto ao médico responsável.

    Quais são os melhores hábitos para prevenir a obesidade?

    O estilo de vida continua sendo o fator mais importante para prevenir obesidade e doenças associadas:

    • Alimentação equilibrada: prefira alimentos in natura e reduza ultraprocessados, fast food e bebidas açucaradas;
    • Atividade física regular: pratique pelo menos 150 minutos semanais de exercícios aeróbicos moderados e inclua treinos de força;
    • Sono de qualidade: dormir bem regula os hormônios da fome e da saciedade, como grelina e leptina;
    • Controle do estresse: o estresse crônico favorece ganho de peso; técnicas como meditação e respiração ajudam no equilíbrio emocional;
    • Hidratação adequada: beba água ao longo do dia e evite confundir sede com fome;
    • Evite álcool em excesso: é calórico e favorece o acúmulo de gordura e o risco de câncer.

    Aliado aos hábitos, o acompanhamento médico e nutricional é fundamental para prevenir e tratar a obesidade de forma personalizada e segura.

    Confira: Câncer de mama: o que é, sintomas, causa e como identificar

    Perguntas frequentes

    1. Quais tipos de câncer estão mais relacionados à obesidade?

    Segundo o INCA, a obesidade está ligada a tumores de esôfago (adenocarcinoma), estômago (cárdia), pâncreas, fígado, vesícula biliar, intestino, rins, mama (pós-menopausa), ovário, endométrio, tireoide, meningioma e mieloma múltiplo. Também há indícios de relação com câncer de próstata avançado, linfomas e câncer de mama em homens.

    2. Como a gordura corporal influencia no desenvolvimento do câncer?

    A gordura corporal libera substâncias inflamatórias, altera hormônios e favorece a resistência à insulina, criando um ambiente propício para mutações celulares. Além disso, a gordura abdominal produz estrogênio em excesso, aumentando o risco de câncer de mama e endométrio.

    3. Quem já teve câncer pode usar Ozempic?

    Em teoria, reduzir o peso e a inflamação pode trazer benefícios, mas ainda não há estudos robustos que confirmem a segurança e eficácia do Ozempic em pessoas com histórico de câncer. O uso deve ser avaliado individualmente e nunca feito sem prescrição médica.

    4. É possível prevenir a obesidade apenas com remédios?

    Não. Os medicamentos não substituem hábitos saudáveis. A prevenção envolve alimentação equilibrada, atividade física, suporte psicológico e, quando necessário, tratamento médico.

    5. Quanto de atividade física devo fazer para prevenir a obesidade?

    O Ministério da Saúde recomenda 150 a 300 minutos semanais de exercícios moderados (como caminhada ou dança) ou 75 a 150 minutos de atividades vigorosas (como corrida ou natação), distribuídos em três a cinco dias por semana. Mesmo pequenas mudanças, como usar escadas ou caminhar mais, ajudam a manter o corpo ativo e o peso sob controle.

    Leia também: Recidiva do câncer: por que ele pode voltar após o tratamento?

  • Conjuntivite: o que é, sintomas, tipos e tratamentos

    Conjuntivite: o que é, sintomas, tipos e tratamentos

    Vermelhidão nos olhos, coceira e lacrimejamento excessivo são alguns dos principais sintomas de conjuntivite, uma inflamação que atinge a conjuntiva, a fina membrana transparente que recobre a parte branca dos olhos e o interior das pálpebras.

    Por ter várias causas, o tratamento da conjuntivite pode variar bastante, então é importante procurar um oftalmologista logo nos primeiros sintomas para ter o diagnóstico correto. Na maioria dos casos, o quadro melhora em poucos dias — mas exige cuidados para evitar complicações e reduzir o risco de contágio.

    O que é conjuntivite?

    A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, uma membrana fina e transparente que recobre a parte branca dos olhos (esclera) e a face interna das pálpebras. Quando inflamada, a conjuntiva fica mais espessa, avermelhada e sensível — levando a sintomas como ardor, coceira, lacrimejamento e sensação de areia.

    O processo inflamatório pode ser causado por vírus, bactérias, substâncias químicas ou reações alérgicas. No geral, o quadro é autolimitado, mas requer atenção para evitar complicações e reduzir o risco de contágio. Quando provocada por agentes infecciosos, ela pode se espalhar facilmente por contato direto com secreções oculares ou objetos contaminados.

    Quais os tipos de conjuntivite?

    De acordo com a oftalmologista Maria Flávia Ribeiro, existem três principais tipos de conjuntivite:

    Conjuntivite viral

    É o tipo mais comum, normalmente provocada por adenovírus, os mesmos que causam gripes e resfriados. Por ser uma infecção viral, costuma começar em um olho e depois passar para o outro, causando vermelhidão, coceira, lacrimejamento e secreção mais líquida e transparente.

    Em alguns casos, a pessoa também pode sentir fotofobia e apresentar sintomas de gripe junto com a irritação nos olhos. A transmissão ocorre por contato com secreções oculares, mãos contaminadas ou objetos usados por alguém infectado (toalhas, travesseiros, maquiagem). Espalha-se com facilidade em locais fechados, escolas e ambientes de trabalho.

    Conjuntivite bacteriana

    Provocada por bactérias, é mais comum em crianças, mas pode afetar qualquer idade. Tende a causar secreção espessa, amarelada ou esverdeada, que muitas vezes gruda os cílios ao acordar. Os agentes mais comuns são Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. O contágio é por contato com secreções, mãos contaminadas ou itens pessoais.

    Conjuntivite alérgica

    Acontece quando o organismo reage a alérgenos como poeira, pólen, pelos de animais ou cosméticos. Não é contagiosa e é mais comum em quem já tem alergias respiratórias (rinite, asma). Os sintomas surgem logo após o contato com o agente: coceira intensa, olhos vermelhos, lacrimejamento, inchaço das pálpebras e ardor. Frequentemente vem acompanhada de espirros e nariz entupido. A secreção, quando presente, é clara e leve.

    Sintomas de conjuntivite

    • Vermelhidão intensa;
    • Coceira e sensação de areia nos olhos;
    • Lacrimejamento constante;
    • Secreção (aquosa, mucosa ou purulenta);
    • Inchaço das pálpebras;
    • Sensibilidade à luz (fotofobia);
    • Visão levemente borrada;
    • Desconforto ao piscar.

    Se houver secreção amarelada, dor intensa ou piora rápida, procure um oftalmologista para descartar complicações como úlcera de córnea.

    Conjuntivite é contagiosa?

    As conjuntivites viral e bacteriana são contagiosas e podem se espalhar por:

    • Toque direto nos olhos contaminados e depois em outras pessoas;
    • Compartilhamento de toalhas, fronhas ou maquiagem;
    • Gotículas expelidas pela tosse ou espirro;
    • Contato com superfícies contaminadas.

    Já a conjuntivite alérgica não é transmissível.

    Como é feito o diagnóstico de conjuntivite?

    O diagnóstico é clínico, com base nos sintomas e no exame ocular. O oftalmologista avalia a conjuntiva, o tipo de secreção e o inchaço. Em casos atípicos, graves ou recorrentes, podem ser solicitados:

    • Cultura de secreção ocular (identificar o agente causador);
    • Teste de fluoresceína (avalia lesões na córnea);
    • Exames alérgicos (em suspeita de alergia crônica).

    O diagnóstico adequado é essencial para definir o tratamento certo — uso inadequado de colírios pode piorar o quadro (por exemplo, antibióticos em conjuntivite viral ou alérgica).

    Tratamentos para conjuntivite

    O tratamento varia conforme o tipo; o objetivo é aliviar os sintomas e acelerar a recuperação.

    Conjuntivite viral

    Costuma melhorar sozinha com higiene ocular e compressas frias. Em alguns casos, podem se formar membranas ou pseudomembranas na conjuntiva tarsal, exigindo debridamento e colírios anti-inflamatórios sob orientação médica. Evite compartilhar itens pessoais e não use colírios por conta própria.

    Conjuntivite bacteriana

    Requer colírios ou pomadas antibióticas prescritos pelo oftalmologista. Siga o tempo indicado para evitar recorrência. Mantenha a higiene das mãos, não coce os olhos e não compartilhe objetos.

    Conjuntivite alérgica

    Tratada com colírios antialérgicos/anti-histamínicos. Em casos mais graves, podem ser necessários corticosteroides ou imunomoduladores (sempre com acompanhamento). Evite o alérgeno (poeira, pelos, perfumes, pólen) e use compressas frias e lavagem suave.

    Autocuidados para conjuntivite

    • Lave as mãos várias vezes ao dia;
    • Evite coçar os olhos;
    • Use lenços de papel descartáveis;
    • Lave fronhas, toalhas e panos com frequência;
    • Evite maquiagem e lentes de contato até o fim da inflamação;
    • Durma bem e mantenha-se hidratado;
    • Não use colírios sem prescrição.

    Quanto tempo dura uma crise de conjuntivite?

    Nas formas viral ou bacteriana, em média 7 a 10 dias. A alérgica pode durar mais, especialmente se houver contato contínuo com o agente e coceira. Se persistir por mais de duas semanas ou piorar, retorne ao oftalmologista.

    Conjuntivite pode deixar sequelas na visão?

    Na maioria das vezes, não. Tratada corretamente, não deixa sequelas permanentes. A visão pode ficar turva temporariamente. “Quando não é feito o tratamento adequado, pode haver sequelas visuais como membranas, infiltrados adenovirais, entre outros, que exigem tratamento mais prolongado”, explica Maria Flávia. Crianças, idosos e imunossuprimidos merecem atenção especial.

    Confira: 5 causas de alergia dentro de casa e o que fazer para evitar

    Perguntas frequentes

    1. Quanto tempo depois de pegar conjuntivite eu deixo de transmitir para outras pessoas?

    Nas formas viral e bacteriana, o risco de contágio dura enquanto houver secreção — geralmente entre 7 e 14 dias. Mesmo com melhora dos sintomas, mantenha a higiene e evite compartilhar objetos até desaparecerem a secreção e a vermelhidão.

    2. Posso trabalhar ou estudar com conjuntivite?

    Não é recomendável durante a fase ativa da conjuntivite infecciosa. O ideal é ficar em casa de 5 a 7 dias (ou até a secreção desaparecer significativamente) para reduzir o contágio e favorecer a recuperação.

    3. A conjuntivite pode voltar depois de curada?

    Pode. É mais comum nas formas alérgicas (reexposição ao alérgeno). Na viral pode haver reinfecção por outro vírus; na bacteriana, recorrência pode ocorrer por higiene inadequada ou interrupção precoce do antibiótico.

    4. É normal sentir a visão embaçada durante a conjuntivite?

    Sim, de modo leve e temporário. Se o embaçamento for intenso, persistente ou acompanhado de dor forte e fotofobia, procure avaliação urgente para descartar comprometimento da córnea.

    5. Chá de camomila ajuda a tratar conjuntivite?

    Não há comprovação de eficácia. Compressas caseiras podem contaminar os olhos. Prefira gaze estéril e soro fisiológico conforme orientação médica.

    Leia também: Alergia à poeira doméstica: por que acontece e como aliviar os sintomas?

  • Exames urológicos após os 40 anos: quais o homem deve fazer?

    Exames urológicos após os 40 anos: quais o homem deve fazer?

    Com o passar dos anos, o corpo do homem passa por transformações que impactam diretamente a saúde urológica e sexual. A produção de testosterona diminui, o metabolismo desacelera e o risco de doenças, como câncer de próstata e distúrbios urinários, aumenta consideravelmente.

    Por isso, a partir dos 40 anos, o acompanhamento anual com o urologista torna-se essencial. Essa rotina ajuda a identificar precocemente alterações na próstata, desequilíbrios hormonais e até doenças silenciosas que evoluem sem sintomas. Quanto antes forem detectadas, maiores são as chances de tratamento simples e eficaz.

    Mas afinal, quais exames são indicados? Conversamos com o urologista Willy Baccaglini para esclarecer as principais dúvidas.

    Quais exames urológicos são indispensáveis após os 40 anos?

    Entre os 40 e 50 anos, o corpo passa por mudanças hormonais e metabólicas importantes. Por isso, o check-up urológico é fundamental para detectar alterações precocemente. Segundo Willy Baccaglini, os principais exames incluem:

    PSA total (Antígeno Prostático Específico)

    O PSA é um exame de sangue que mede a quantidade dessa proteína produzida pela próstata. Ele ajuda a avaliar a função da glândula e detectar precocemente alterações, como inflamações, hiperplasia benigna ou até câncer de próstata.

    Apesar de ser o exame mais conhecido, Willy destaca que ele não precisa ser feito anualmente em todos os casos. A frequência deve ser definida pelo urologista com base no histórico familiar e perfil de risco do paciente.

    Exame de urina simples

    O exame de urina detecta infecções, inflamações e presença de sangue, proteínas ou cristais — alterações que podem indicar doenças nos rins, bexiga ou próstata. Ele é fundamental para avaliar o trato urinário e identificar problemas silenciosos.

    Ultrassonografia de próstata

    A ultrassonografia permite visualizar a próstata e identificar aumento, cistos ou calcificações. Pode ser feita de duas formas:

    • Abdominal: com o transdutor sobre o abdômen;
    • Transretal: oferece imagens mais detalhadas e é indicada quando há suspeitas específicas.

    O exame é indicado especialmente quando há alterações no PSA ou sintomas urinários, como jato fraco, urgência para urinar ou sensação de bexiga cheia.

    Quando o exame de toque retal é necessário?

    O toque retal é solicitado quando há suspeita de alterações na próstata, como inflamação ou aumento. Costuma ser indicado se o paciente apresenta sintomas urinários ou dor na região pélvica.

    Para rastreamento do câncer de próstata, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) recomenda que a decisão sobre o exame seja tomada em conjunto entre médico e paciente, após discutir riscos e benefícios. Normalmente, é realizado junto com o PSA.

    A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) reforça que homens negros ou com histórico familiar da doença devem começar o acompanhamento aos 45 anos, com frequência ajustada conforme orientação médica.

    Com que frequência os exames urológicos devem ser repetidos?

    A recomendação geral é que o homem faça uma avaliação anual com o urologista. No entanto, Willy explica que a periodicidade pode variar: em casos sem fatores de risco e exames normais, o intervalo pode ser um pouco maior, conforme avaliação médica.

    Como o histórico familiar influencia o check-up urológico?

    O histórico familiar pode antecipar o início dos exames, especialmente para câncer de próstata. Em alguns casos, o médico pode recomendar exames genéticos. Essas decisões devem ser discutidas com o urologista e, se necessário, com um geneticista.

    O que muda na prevenção de doenças urológicas depois dos 40?

    A partir dos 40 ou 50 anos, funções como urinar, manter ereções e equilibrar os hormônios exigem mais atenção. O check-up urológico nessa fase permite detectar precocemente:

    • Câncer de próstata;
    • Hiperplasia prostática benigna;
    • Infecções urinárias;
    • Distúrbios sexuais e hormonais.

    Além disso, a consulta é uma oportunidade para conversar sobre libido, desempenho sexual e impacto do estresse na vida do homem.

    Qual é a relação entre saúde sexual e saúde urológica?

    A saúde sexual masculina reflete a saúde urológica e cardiovascular. A partir dos 40 anos, alterações no desempenho sexual podem ser sinais precoces de doenças como hipertensão, diabetes ou baixos níveis de testosterona.

    “Questões situacionais também interferem na função sexual masculina, como estresse físico ou emocional e distúrbios do sono, que elevam os hormônios de estresse e impactam a testosterona”, explica Willy.

    Doenças crônicas e uso prolongado de medicamentos (antidepressivos, anti-hipertensivos, entre outros) também afetam a libido. O urologista pode indicar tratamento hormonal, medicamentos ou apoio psicológico, conforme a causa.

    Quais hábitos ajudam a manter a saúde urológica após os 40?

    Além das consultas anuais, adotar bons hábitos é essencial para prevenir doenças e garantir envelhecimento saudável:

    • Alimentação equilibrada: consuma frutas, verduras, legumes e grãos integrais; evite excesso de sal, álcool e ultraprocessados;
    • Hidratação constante: beba água ao longo do dia para proteger os rins e reduzir o risco de infecções e cálculos;
    • Atividade física regular: fortalece o coração, melhora a circulação e reduz o risco de disfunção erétil;
    • Evite cigarro e modere no álcool: ambos prejudicam a oxigenação do sangue e afetam a função sexual;
    • Durma bem: o sono regula hormônios e mantém bons níveis de testosterona;
    • Controle o estresse: técnicas de relaxamento e lazer ajudam a equilibrar o corpo e a mente.

    Confira: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

    Perguntas frequentes sobre exames urológicos

    1. Com que idade o homem deve começar o check-up urológico?

    Homens devem procurar o urologista a partir dos 50 anos, mesmo sem sintomas. No entanto, quem tem histórico familiar de câncer de próstata ou é negro deve iniciar o acompanhamento aos 45 anos.

    2. O exame de PSA substitui o toque retal?

    Não. PSA e toque retal são exames complementares. O PSA mede níveis da proteína no sangue, enquanto o toque avalia alterações físicas na próstata. Alguns tumores não alteram o PSA, o que torna o toque essencial.

    3. Como o exame de toque é feito?

    O médico introduz o dedo indicador, com luva e lubrificante, no reto do paciente para palpar a próstata. O procedimento dura menos de 10 segundos, é seguro e indolor, feito de forma técnica e ética.

    4. É possível detectar doenças de rins e bexiga no check-up urológico?

    Sim, indiretamente. Embora não existam exames de rotina específicos para rins e bexiga, testes como urina e ultrassonografia podem revelar alterações que indiquem doenças nessas estruturas.

    5. Quais sintomas indicam problemas na próstata?

    • Dificuldade para urinar;
    • Jato urinário fraco;
    • Vontade frequente de urinar, principalmente à noite;
    • Ardência ou dor ao urinar;
    • Sangue na urina ou no sêmen;
    • Dor na parte baixa do abdômen ou nas costas.

    Esses sintomas não indicam necessariamente câncer, mas merecem avaliação médica.

    6. O que fazer se o PSA estiver alto?

    Um PSA elevado não indica automaticamente câncer. O médico pode repetir o exame e solicitar outros testes para investigar a causa. Infecções, inflamações e o próprio envelhecimento podem alterar o resultado.

    7. É verdade que o câncer de próstata não apresenta sintomas no início?

    Sim. A doença costuma ser silenciosa nas fases iniciais. O rastreamento preventivo permite diagnóstico precoce, quando as chances de cura superam 90%.

    Leia mais: Sintomas de próstata aumentada que não devem ser ignorados e quando procurar um urologista

  • Trombose do viajante: o que é, sintomas, causas e como evitar

    Trombose do viajante: o que é, sintomas, causas e como evitar

    Você já ouviu falar em trombose do viajante? Antigamente conhecida como síndrome da classe econômica, ela acontece pela formação de coágulos sanguíneos nas pernas ou coxas durante viagens de longa duração — em especial em aviões.

    A condição, conhecida como trombose venosa profunda (TVP), costuma estar relacionada a fatores individuais, como obesidade, idade avançada, gravidez, uso de anticoncepcionais hormonais ou terapia de reposição hormonal. Normalmente, você só vai sentir os sintomas depois da viagem, como inchaço súbito, dor e rigidez nas pernas.

    O maior risco associado à trombose do viajante é que, em alguns casos, o trombo pode se desprender da veia e viajar até os pulmões, causando uma complicação grave e potencialmente fatal, conhecida como embolia pulmonar.

    Conversamos com o cirurgião vascular Marcelo Dalio para esclarecer as principais dúvidas sobre a condição, incluindo como ela se manifesta, quando procurar atendimento e medidas de prevenção. Confira!

    Afinal, o que é trombose venosa profunda?

    A trombose venosa profunda (TVP) é uma condição causada pela formação de coágulos sanguíneos (trombos) no interior das veias profundas, normalmente nas pernas, que podem obstruir o fluxo normal do sangue e causar dor, inchaço e sensação de peso no membro afetado.

    Durante uma viagem longa, o corpo passa muito tempo parado, de modo que a falta de movimento faz com que o sangue tenha mais dificuldade para retornar das pernas ao coração. Como resultado, ele pode se acumular nas veias — e, com o tempo, formar um coágulo.

    O problema ganhou o apelido de “trombose do viajante” justamente por ser comum em pessoas que passam muitas horas sentadas, especialmente em aviões. As poltronas apertadas, o ar seco e o baixo nível de oxigênio na cabine agravam a situação, aumentando a viscosidade do sangue e favorecendo a formação de trombos.

    Vale lembrar que a trombose não é exclusiva dos voos — longos trajetos de carro ou ônibus também podem favorecer o problema. Segundo Marcelo, em viagens terrestres é possível fazer pausas e se movimentar, o que reduz o risco; já em viagens aéreas longas, isso é mais difícil.

    Por que as viagens longas aumentam o risco de trombose?

    As viagens longas aumentam o risco porque o corpo fica parado por muito tempo, com as pernas dobradas e pouca movimentação. A imobilidade prolongada dificulta a circulação do sangue, favorecendo o acúmulo nas veias e a formação de trombos.

    No avião, há agravantes como:

    • Baixa umidade da cabine (favorece desidratação);
    • Pressão atmosférica reduzida (altera a fisiologia);
    • Pouco espaço, dificultando mexer panturrilhas e tornozelos.

    Quem está mais vulnerável à trombose do viajante?

    Condições que aumentam significativamente o risco:

    • História prévia de trombose ou embolia pulmonar;
    • Cirurgias recentes (especialmente ortopédicas e abdominais);
    • Câncer e tratamentos oncológicos;
    • Uso de anticoncepcionais hormonais ou terapia de reposição hormonal;
    • Gravidez e pós-parto;
    • Obesidade e sedentarismo;
    • Tabagismo;
    • Idade acima de 60 anos.

    Ainda assim, qualquer pessoa pode desenvolver o problema se permanecer tempo demais sem se movimentar.

    Quais os sintomas de trombose venosa?

    De acordo com Marcelo, os sintomas geralmente aparecem após o desembarque e podem piorar nas horas seguintes:

    • Inchaço súbito em uma perna (panturrilha ou coxa);
    • Dor ou sensibilidade na perna, pior ao caminhar ou ficar em pé;
    • Calor local e vermelhidão;
    • Rigidez ou sensação de peso nas pernas.

    Os sinais surgem porque o coágulo impede a passagem do sangue, causando inflamação e acúmulo de líquido.

    Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), o perigo aumenta quando o trombo se desprende e migra para os pulmões, provocando embolia pulmonar. Nesses casos, pode haver falta de ar, dor no peito, tosse com sangue, tontura e desmaios. Qualquer sinal diferente após uma longa viagem merece avaliação médica.

    Quando saber que é hora de procurar atendimento médico?

    Procure um profissional de saúde se, nas horas ou dias após a viagem, você apresentar:

    • Inchaço em apenas uma perna;
    • Dor persistente na panturrilha;
    • Sensação de calor, vermelhidão ou endurecimento local;
    • Dificuldade para andar por dor ou peso na perna.

    O médico poderá solicitar ultrassonografia com doppler venoso para detectar coágulos e avaliar o fluxo sanguíneo. Quanto mais cedo o diagnóstico, menores as chances de complicações (embolia pulmonar, progressão do trombo ou síndrome pós-trombótica).

    Após viagens longas, os sintomas podem surgir entre 24 e 72 horas (ou mais). Sinais sutis que evoluem merecem atenção, especialmente em quem tem fatores de risco.

    Qual a relação entre trombose e embolia pulmonar?

    A TVP ocorre quando se forma um coágulo nas veias (geralmente das pernas). Se o coágulo se desprende e viaja até os pulmões, pode bloquear uma artéria pulmonar, causando uma embolia pulmonar — condição potencialmente grave, com falta de ar, dor torácica e taquicardia. Tratar a trombose precocemente reduz o risco de embolia.

    Como é feito o tratamento de trombose venosa profunda?

    O objetivo é impedir o aumento do coágulo e evitar que ele se desprenda:

    • Anticoagulantes (orais ou injetáveis): reduzem a coagulação, previnem novos trombos e permitem que o organismo dissolva o existente. A duração depende da gravidade e do risco de recorrência;
    • Internação e procedimentos (em casos graves): trombólise, trombectomia ou filtro de veia cava;
    • Meias de compressão graduada: aliviam dor e inchaço e ajudam a prevenir síndrome pós-trombótica (sempre com orientação médica).

    É seguro usar anticoagulantes antes de viajar?

    Não. O uso preventivo de anticoagulantes sem prescrição não é indicado, pois aumenta o risco de sangramentos. A prevenção deve focar movimentação e hidratação, nunca automedicação.

    Como evitar a trombose venosa durante uma viagem longa?

    Dicas da SBACV e do cirurgião vascular Marcelo Dalio:

    • Movimente-se a cada ~2 horas: levante, ande, estique as pernas; sentado, gire os tornozelos e flexione os pés;
    • Use roupas confortáveis e evite peças apertadas;
    • Meias de compressão (média compressão) se prescritas, especialmente para quem tem varizes, histórico familiar ou TVP prévia;
    • Hidrate-se: beba água antes, durante e após a viagem; evite álcool e excesso de cafeína;
    • Evite álcool e sedativos (podem aumentar imobilidade e desidratação);
    • Prefira assentos no corredor para facilitar levantar e se movimentar.

    Pessoas com histórico de trombose, doenças cardíacas, câncer, varizes ou gravidez devem conversar com o médico antes de viagens longas para medidas personalizadas.

    Confira: Sente pernas pesadas no fim do dia? Confira dicas para aliviar

    Perguntas frequentes sobre trombose do viajante

    1. Qual a diferença entre trombose venosa e trombose arterial?

    A trombose venosa ocorre nas veias (retorno do sangue ao coração), gerando inchaço, dor e calor local. A trombose arterial ocorre nas artérias (envio de sangue oxigenado aos tecidos) e é mais rara, porém grave, podendo causar infarto, AVC ou isquemia de membros.

    2. A trombose tem cura?

    Sim, com diagnóstico precoce e anticoagulação adequada. O tratamento costuma durar de 3 a 6 meses (ou mais, conforme o caso). Acompanhamento médico e prevenção reduzem recidivas.

    3. A trombose pode voltar depois do tratamento?

    Sim. Quem já teve TVP tem risco maior de novos episódios. Meias elásticas, controle de peso, hidratação e atividade física ajudam a reduzir a recorrência.

    4. Como é feito o diagnóstico da trombose?

    É clínico e confirmado por imagem. O principal exame é a ultrassonografia com doppler venoso. Em casos complexos, podem ser solicitados exames laboratoriais e tomografia.

    5. A trombose pode acontecer em qualquer parte do corpo?

    É mais comum nas veias profundas das pernas, mas pode ocorrer em braços, abdômen, cérebro e coração. Sintomas persistentes e atípicos devem ser investigados.

    6. Existe relação entre trombose e obesidade?

    Sim. A obesidade aumenta a pressão nas veias das pernas, dificulta o retorno venoso e altera fatores de coagulação. Manter peso saudável, praticar exercícios e ajustar a alimentação reduz o risco e melhora a saúde cardiovascular.

    Leia também: Qual a relação entre varizes e dor nas pernas?

  • Exames de rotina para homens: como cuidar da saúde urológica?

    Exames de rotina para homens: como cuidar da saúde urológica?

    Infecções de urina, pedras nos rins, infertilidade e até mesmo câncer são apenas alguns dos problemas de saúde que podem surgir ao longo da vida do homem. E, apesar da resistência em procurar atendimento médico no dia a dia, manter exames de rotina ajuda a identificar alterações antes que se tornem graves e afetem a qualidade de vida.

    O acompanhamento preventivo envolve consultas periódicas com o urologista e exames que avaliam o funcionamento dos rins, bexiga, próstata e hormônios — identificando precocemente possíveis alterações. Além disso, cuidar da saúde urológica traz benefícios que vão muito além da prevenção de doenças, influenciando também na energia, vida sexual e bem-estar geral.

    Afinal, quando o homem deve começar a ir ao urologista?

    A saúde urológica deve ser acompanhada ao longo de toda a vida, e não apenas na maturidade.

    Nos primeiros meses de vida, se houver suspeita médica, o pediatra pode encaminhar o bebê para avaliação com o urologista. Nessa fase, podem ser identificadas condições como fimose, hidrocele e criptorquidia (quando os testículos não descem para o escroto).

    Durante a puberdade, o corpo passa por intensas mudanças hormonais — momento ideal para orientar o adolescente sobre sexualidade, prevenção de ISTs e infertilidade. Também podem surgir infecções urinárias e alterações hormonais.

    Já na vida adulta, especialmente a partir dos 40 anos, os cuidados precisam ser mais frequentes. Nessa fase, aumentam os riscos de doenças como câncer de próstata, e o foco passa a ser a prevenção e o diagnóstico precoce de disfunções urinárias e sexuais.

    De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU):

    • Homens sem histórico familiar de câncer de próstata devem iniciar os exames anuais aos 50 anos;
    • Homens com histórico familiar da doença devem começar aos 45 anos.

    Quais são os exames urológicos que o homem deve fazer?

    Segundo o urologista Willy Baccaglini, a saúde urológica é ampla e pode envolver aspectos da vida sexual, urinária e geral do homem. Alguns exames, porém, são mais comuns a partir dos 40 anos:

    Ultrassonografia de próstata

    A ultrassonografia prostática utiliza ondas sonoras para visualizar a glândula prostática e estruturas próximas, como a bexiga e as vesículas seminais. O exame avalia o tamanho e volume da próstata e ajuda a diagnosticar condições como hiperplasia benigna (aumento da próstata) e prostatite (inflamação).

    PSA total

    O PSA total (Antígeno Prostático Específico) é um exame de sangue que mede a quantidade dessa proteína produzida pela próstata. Níveis elevados podem indicar inflamação, infecção ou câncer de próstata, mas nem sempre significam algo grave.

    Willy explica que a frequência do exame deve ser definida pelo urologista conforme o perfil e o histórico de cada paciente, não sendo obrigatoriamente anual.

    Exame de urina simples

    O exame de urina avalia o trato urinário e detecta sinais de infecção, sangue, proteínas ou cristais. Nos homens, ajuda a identificar infecção urinária, cálculos renais, prostatite e até doenças renais crônicas.

    “Não há recomendação formal de exames de rotina para bexiga e rins em todos os homens, mas testes de acompanhamento podem identificar doenças precocemente”, observa Willy.

    Creatinina e ureia

    Esses exames avaliam a função renal, medindo a eficiência dos rins na filtragem do sangue. Alterações podem indicar insuficiência renal, desidratação ou sobrecarga por uso excessivo de medicamentos ou proteínas. São importantes especialmente para quem usa remédios contínuos ou tem histórico de doenças renais.

    Testosterona total e livre

    A testosterona é o principal hormônio masculino, regulando funções como libido, massa muscular, força e humor. A redução dos níveis pode causar fadiga, queda de desejo sexual e disfunção erétil. O exame ajuda a identificar a andropausa e outros distúrbios hormonais precocemente.

    Exames complementares

    O urologista pode solicitar outros exames, como hemograma completo, glicemia, colesterol e função hepática, além de exames de imagem (ultrassom ou ressonância) quando há suspeita de inflamação, tumores ou alterações mais graves.

    Quando o exame de toque retal é necessário?

    O toque retal é um procedimento rápido e indolor que permite avaliar o tamanho e a consistência da próstata. É essencial para detectar alterações como aumento benigno ou câncer.

    “O exame de toque ainda é necessário, principalmente em programas de detecção precoce do câncer de próstata”, explica Willy. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) orienta que a decisão sobre o exame seja compartilhada entre médico e paciente.

    Homens negros ou com histórico familiar devem iniciar o acompanhamento urológico aos 45 anos, conforme recomendação da SBU.

    Com que frequência os exames urológicos devem ser feitos?

    A recomendação geral é realizar os exames anualmente a partir dos 40 anos, mas a frequência pode variar conforme histórico familiar e fatores de risco. Na ausência de alterações, o intervalo entre as consultas pode ser maior, segundo orientação do especialista.

    Sinais de alerta para procurar atendimento médico

    Mesmo com exames regulares, é importante observar sinais que exigem avaliação imediata:

    • Sangue na urina ou no esperma;
    • Dor ou ardência ao urinar;
    • Jato urinário fraco ou interrompido;
    • Vontade frequente de urinar à noite;
    • Dores na lombar ou na pelve;
    • Disfunção erétil persistente.

    Outros cuidados para manter a saúde urológica em dia

    • Beba bastante água: hidratar-se ajuda a eliminar toxinas, melhora a função dos rins e reduz o risco de infecções urinárias e cálculos renais;
    • Alimente-se bem: prefira frutas, verduras e grãos integrais; evite excesso de sal, álcool e alimentos processados;
    • Pratique atividade física: melhora a circulação, ajuda no controle de peso e protege a saúde cardiovascular e renal;
    • Não segure a urina: isso favorece o crescimento de bactérias e sobrecarrega a bexiga;
    • Tenha uma vida sexual segura: use preservativos e previna ISTs;
    • Durma bem e reduza o estresse: o equilíbrio emocional e o descanso são fundamentais para a saúde hormonal.

    “A saúde deve ser acompanhada de forma proativa, buscando cultivar saúde e não apenas tratar doenças. Alimentação, atividade física, sono e saúde mental são os quatro pilares principais”, reforça Willy.

    Confira: Infecção urinária: sintomas, causas e tratamento

    Perguntas frequentes sobre exames de rotina para homens

    1. Por que homens não vão ao médico?

    O medo de descobrir doenças, o constrangimento e a falta de informação fazem com que muitos homens evitem consultas. Segundo a SBU, 46% dos homens só procuram atendimento quando têm sintomas — o que aumenta o risco de diagnósticos tardios, como o câncer de próstata.

    2. O câncer de próstata tem sintomas visíveis?

    Nos estágios iniciais, não. Quando os sintomas aparecem, o tumor já pode estar avançado. Os principais sinais são dificuldade para urinar, jato fraco, sangue na urina ou no sêmen e dor na pelve.

    3. O uso frequente de medicamentos para ereção é perigoso?

    Sim, se feito sem orientação médica. O uso excessivo pode mascarar doenças cardíacas e causar dependência psicológica. Em pessoas com problemas cardiovasculares, pode provocar queda de pressão e arritmias.

    4. Como é feita a biópsia da próstata e quando ela é indicada?

    A biópsia é indicada quando exames como PSA ou toque retal apontam alterações. O procedimento é feito com agulha fina guiada por ultrassom transretal, sob anestesia local. Fragmentos da próstata são analisados em laboratório para verificar a presença de células cancerígenas.

    5. O que significa PSA alto e o que fazer?

    Um PSA elevado não indica automaticamente câncer. Pode ser causado por inflamações, infecções ou aumento benigno. O médico avaliará o histórico, poderá repetir o exame ou solicitar outros testes, como ultrassom ou ressonância.

    6. Existe algum preparo antes do exame de urina?

    Sim. O ideal é coletar a primeira urina da manhã (ou após 2 horas sem urinar), higienizar a região íntima e descartar o primeiro jato. Evite relações sexuais 24 a 48 horas antes e também exercícios físicos intensos.

    Leia também: Sintomas de próstata aumentada que não devem ser ignorados e quando procurar um urologista

  • Por que o bebê fica amarelinho? Entenda tudo sobre a icterícia neonatal 

    Por que o bebê fica amarelinho? Entenda tudo sobre a icterícia neonatal 

    Nos primeiros dias de vida, é comum que o bebê apresente uma coloração amarelada na pele e nos olhos. Na maioria das vezes, trata-se de um quadro passageiro e inofensivo de icterícia neonatal, causado pela imaturidade natural do fígado. Com o tempo e o acompanhamento adequado, a coloração costuma voltar ao normal sem deixar sequelas.

    Em alguns casos, porém, esse amarelado pode indicar problemas de saúde que exigem atenção médica — como doenças metabólicas, incompatibilidade sanguínea ou dificuldade na eliminação da bilirrubina. Por isso, é importante que os pais saibam identificar os sinais e mantenham o acompanhamento pediátrico após o nascimento.

    O que é a icterícia

    A icterícia acontece quando há acúmulo de bilirrubina no sangue. A bilirrubina é uma substância produzida naturalmente durante a renovação dos glóbulos vermelhos. O fígado transforma e elimina essa substância pelas fezes e pela urina.

    Nos primeiros dias de vida, o fígado do bebê ainda está amadurecendo, o que pode causar um leve aumento da bilirrubina e resultar na coloração amarelada da pele e dos olhos.

    Quando a icterícia pode ser preocupante

    Na maioria dos casos, a icterícia é fisiológica, ou seja, normal e temporária. No entanto, há situações em que ela pode indicar um problema de saúde, como:

    • Alterações metabólicas, como o hipotireoidismo;
    • Aumento da destruição dos glóbulos vermelhos, comum em casos de incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê ou deficiência de G6PD;
    • Dificuldade na eliminação da bilirrubina, causada por obstrução das vias biliares ou doenças hepáticas.

    Em qualquer uma dessas situações, a avaliação médica é indispensável para identificar a causa e iniciar o tratamento adequado.

    Risco para o cérebro

    Em casos raros, a bilirrubina pode atravessar a barreira natural do cérebro e causar neurotoxicidade. Nos estágios iniciais, o bebê pode apresentar:

    • Sonolência excessiva;
    • Moleza ou, ao contrário, rigidez muscular;
    • Irritação e choro agudo.

    Sem tratamento, o quadro pode evoluir para kernicterus — uma forma grave e crônica de icterícia que pode causar dificuldades motoras, perda auditiva e atraso no desenvolvimento. Embora seja raro, o kernicterus é uma complicação grave e irreversível, por isso a observação cuidadosa é fundamental.

    Fatores de risco para icterícia grave

    Alguns bebês exigem vigilância maior, como:

    • Prematuros;
    • Bebês com doença hemolítica do recém-nascido, que ocorre quando os anticorpos da mãe atacam os glóbulos vermelhos do bebê;
    • Histórico familiar de icterícia grave em irmãos;
    • Baixa ingestão de leite materno, que dificulta a eliminação da bilirrubina.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico começa com o exame visual, observando a pele, os olhos e as mucosas. Em bebês de pele mais escura, o amarelado costuma ser mais evidente na parte branca dos olhos e embaixo da língua.

    Mas apenas observar não é suficiente. Sempre que houver suspeita, o médico deve solicitar a dosagem da bilirrubina, que pode ser feita por:

    • Exame de sangue;
    • Teste transcutâneo, realizado com um aparelho que mede os níveis de bilirrubina pela pele.

    Em alguns casos, podem ser necessários exames complementares de sangue ou imagem para investigar a causa do aumento da bilirrubina.

    Prevenção e triagem

    • Todos os recém-nascidos devem ser avaliados entre 24 e 48 horas após o parto;
    • Durante a gestação, exames de sangue da mãe ajudam a identificar riscos, como incompatibilidade do fator Rh;
    • O início precoce da amamentação — ainda na sala de parto — auxilia o bebê a eliminar a bilirrubina pelas fezes;
    • O acompanhamento pediátrico deve continuar após a alta hospitalar, pois a icterícia pode piorar quando o bebê já está em casa.

    Leia mais: Teste da orelhinha: para que serve e como é feito

    Tratamento da icterícia em recém-nascidos

    Fototerapia

    É o tratamento mais comum e eficaz. O bebê fica exposto a uma luz especial (diferente da solar), que transforma a bilirrubina em uma forma mais fácil de eliminar. O tempo de tratamento varia conforme os níveis de bilirrubina e a resposta do bebê.

    Casos graves

    Em situações raras, pode ser necessária a exsanguineotransfusão — procedimento em que parte do sangue do bebê é trocada para remover rapidamente o excesso de bilirrubina.

    Perguntas frequentes sobre icterícia em recém-nascidos

    1. É normal o bebê ficar amarelinho depois que nasce?

    Sim. A maioria dos bebês tem icterícia leve nos primeiros dias de vida, que desaparece sozinha conforme o fígado amadurece.

    2. Quando a icterícia precisa de tratamento?

    Quando os níveis de bilirrubina estão altos ou o bebê apresenta sinais como sonolência excessiva, dificuldade para mamar ou fraqueza.

    3. A icterícia pode causar sequelas?

    Somente nos casos graves e sem tratamento. Quando acompanhada adequadamente, a icterícia não deixa sequelas.

    4. Posso colocar o bebê no sol para tratar a icterícia?

    Não. A fototerapia médica é feita com luz específica e segura. A exposição solar não substitui o tratamento.

    5. A amamentação influencia a icterícia?

    Sim. Amamentar com frequência ajuda o bebê a eliminar a bilirrubina mais rapidamente.

    6. Quando devo procurar o médico com urgência?

    Se o bebê estiver muito sonolento, com choro agudo, dificuldade para mamar ou se a cor amarelada piorar após a alta hospitalar, procure atendimento médico imediatamente.

    Leia também: 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

  • Forame Oval Patente: a pequena abertura no coração que pode causar AVC

    Forame Oval Patente: a pequena abertura no coração que pode causar AVC

    Durante a gestação, o bebê recebe oxigênio através do sangue da mãe, via placenta — e não pelos pulmões. Para que essa circulação funcione bem, existe uma pequena abertura natural no coração fetal chamada forame oval, que liga as duas câmaras superiores do coração (os átrios).

    Depois do nascimento, essa abertura normalmente se fecha sozinha. No entanto, em até 25% das pessoas, ela permanece aberta ao longo da vida — condição conhecida como forame oval patente. Na maioria dos casos, isso não traz problemas e a pessoa vive sem sintomas.

    Em algumas situações específicas, no entanto, o forame oval patente pode estar relacionado a um tipo de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico.

    O que é o forame oval patente

    O forame oval patente é uma pequena comunicação entre os átrios direito e esquerdo do coração que, em algumas pessoas, não se fecha completamente após o nascimento. Geralmente, quem tem essa condição não apresenta sintomas e não precisa de tratamento.

    Em casos específicos — especialmente quando há histórico de AVC sem causa aparente — o forame oval patente pode ter papel importante e precisa ser investigado.

    Qual é a relação entre o forame oval patente e o AVC?

    Em algumas pessoas, o forame oval patente pode funcionar como uma “porta” para a passagem de pequenos coágulos no sangue.

    Normalmente, esses coágulos seriam filtrados pelos pulmões antes de chegar ao cérebro. Porém, quando o forame oval permanece aberto, o coágulo pode passar diretamente do lado direito para o esquerdo do coração e seguir até o cérebro, provocando um AVC isquêmico.

    Quando ocorre um AVC sem causa aparente, mesmo após exames detalhados, ele é chamado de AVC criptogênico — e o forame oval patente pode estar entre os fatores envolvidos.

    Quem tem mais risco

    O forame oval patente costuma ser identificado com mais frequência em pessoas jovens (entre 25 e 45 anos) que tiveram um AVC sem causa definida. O risco aumenta quando:

    • O forame oval patente é grande ou tem alta condutância (a passagem de sangue entre os átrios é significativa);
    • Há alterações no septo, a parede que separa os átrios;
    • Existem outros fatores de coagulação associados.

    Mesmo assim, é importante lembrar que nem todo AVC em quem tem forame oval patente é causado por ele. Muitas vezes, o achado é apenas uma coincidência.

    Como o forame oval patente é diagnosticado

    O principal exame é o ecocardiograma com microbolhas — um tipo de ultrassom do coração em que se injetam microbolhas na veia para observar se elas passam de um lado para o outro do órgão.

    O exame pode ser feito de duas formas:

    • Ecocardiograma transtorácico: realizado pelo tórax;
    • Ecocardiograma transesofágico: feito com uma sonda pelo esôfago, oferecendo imagens mais detalhadas.

    Outro exame útil é o ultrassom transcraniano com microbolhas, que permite observar o fluxo sanguíneo no cérebro e confirmar a passagem anormal das microbolhas — sinal de forame oval patente.

    Outros exames complementares podem ser necessários, como:

    • Ressonância magnética ou tomografia do cérebro;
    • Monitoramento cardíaco para descartar arritmias;
    • Exames de sangue para avaliar coagulação e identificar possíveis trombofilias (condições que favorecem a formação de coágulos).

    Tratamento do forame oval patente

    As opções variam conforme o caso e a avaliação médica. Veja as principais abordagens:

    1. Tratamento com remédios

    • Antiplaquetários: ajudam a reduzir a chance de novos coágulos;
    • Anticoagulantes: indicados em casos específicos, sempre sob acompanhamento médico.

    2. Fechamento do forame oval patente com dispositivo

    É um procedimento feito por cateterismo cardíaco, sem necessidade de cirurgia aberta. Um pequeno dispositivo semelhante a um tampão é colocado no forame para fechá-lo e impedir a passagem de coágulos.

    Esse tipo de tratamento é geralmente indicado para:

    • Pessoas com menos de 60 anos;
    • Casos de AVC criptogênico;
    • Forame oval patente considerado de alto risco;
    • Pacientes em bom estado de saúde geral.

    3. Acompanhamento médico

    Nem todo forame oval patente precisa ser fechado. Em muitos casos, o médico opta apenas por tratamento medicamentoso e acompanhamento periódico. Mesmo após o fechamento, é importante manter o seguimento com cardiologista e neurologista, especialmente nos primeiros meses.

    Pontos importantes

    • O fechamento pode reduzir o risco de novos AVCs em pessoas selecionadas, mas também traz riscos, como arritmias e complicações do cateterismo;
    • A decisão sobre o tratamento deve ser individualizada e tomada por uma equipe multidisciplinar (cardiologista, neurologista e hematologista);
    • O acompanhamento médico regular é essencial para avaliar riscos e benefícios de cada abordagem.

    Confira: Suspeita de infarto: conheça os erros que colocam vidas em risco e saiba como agir

    Perguntas frequentes sobre forame oval patente

    1. O que é o forame oval patente?

    É uma pequena abertura entre os átrios do coração que, em algumas pessoas, não se fecha completamente após o nascimento.

    2. Ter forame oval patente é perigoso?

    Na maioria das pessoas, não. A condição costuma ser benigna e não requer tratamento.

    3. Qual a relação entre forame oval patente e AVC?

    Em casos raros, o forame oval patente pode permitir que pequenos coágulos passem do coração para o cérebro, provocando um AVC isquêmico.

    4. Todo mundo com forame oval patente precisa fechar essa abertura?

    Não. O fechamento é indicado apenas em casos específicos, após avaliação de uma equipe médica.

    5. Como saber se eu tenho forame oval patente?

    O diagnóstico é feito por meio do ecocardiograma com microbolhas, um exame simples e seguro.

    6. O fechamento do forame oval patente elimina totalmente o risco de AVC?

    Não, mas reduz o risco em pessoas selecionadas. O acompanhamento médico continua sendo indispensável.

    7. O forame oval patente tem cura?

    Sim. Quando o fechamento é indicado e realizado, o forame é corrigido permanentemente, impedindo a passagem anormal de coágulos.

    Leia mais: Potássio ajuda a reduzir a pressão alta? Cardiologista explica

  • 7 dicas de um médico para ser mais produtivo e ter menos estresse 

    7 dicas de um médico para ser mais produtivo e ter menos estresse 

    Produtividade não significa fazer mais tarefas em menos tempo. Do ponto de vista da medicina comportamental, o segredo é fazer o que importa com equilíbrio físico e mental — e isso já leva a um desempenho muito maior, sem pagar o preço do burnout.

    A seguir, o médico especializado na área, Marcelo Dratcu, explica o que a ciência já sabe sobre foco, energia e desempenho, e como pequenas mudanças na rotina podem render muito mais do que café e força de vontade.

    O que é a medicina comportamental e como ela ajuda na produtividade

    A medicina comportamental é uma área que aplica os princípios da ciência do comportamento à saúde. Diferente da medicina tradicional, que apenas orienta o que fazer, essa abordagem ensina estratégias práticas para colocar em ação hábitos que melhoram o bem-estar físico e mental — como sono, alimentação, movimento, controle do estresse e adesão aos tratamentos médicos.

    Segundo o médico Marcelo Dratcu, especialista em medicina comportamental e fundador do Instituto CALM, o foco está nas decisões compartilhadas entre médico e paciente. Assim, a mudança de hábito não depende apenas de força de vontade, mas de técnicas que tornam o processo prazeroso e constante.

    Confira as principais dicas do especialista:

    1. Priorize o sono: ele é o maior “hack” de produtividade

    Durante o sono, corpo e mente se reorganizam. Os hormônios se equilibram, os músculos relaxam e a memória se consolida. Dormir pouco para “ganhar tempo” compromete a atenção, o raciocínio e o controle emocional.

    Como dormir melhor:

    • Mantenha horários regulares de sono;
    • Evite cafeína após o meio da tarde;
    • Diminua a luminosidade e o brilho das telas;
    • Desligue dispositivos eletrônicos antes de dormir;
    • Prefira um quarto escuro, ventilado e silencioso.

    “O sono é super subestimado, mas é ele que prepara o corpo e o cérebro para funcionar bem durante o dia”, explica Dratcu.

    2. Mexa o corpo — mesmo que não vá à academia

    Antes de pensar em treinar, pense em se movimentar. O corpo humano foi feito para se mexer, e longos períodos sentado favorecem o cansaço e a perda de energia.

    Exemplos simples de movimento:

    • Levantar-se a cada hora;
    • Subir escadas em vez de usar o elevador;
    • Caminhar após o almoço;
    • Dançar, tocar instrumentos ou brincar com as crianças.

    De acordo com o médico, 150 a 300 minutos semanais de atividade leve já transformam a saúde e a disposição, quando distribuídos ao longo da semana.

    3. Faça pausas curtas ao longo do dia

    Pausas estratégicas aumentam o foco e reduzem o cansaço mental. “É como reiniciar um computador que travou”, compara Dratcu.

    Alguns minutos longe da tela ajudam a:

    • Evitar dores de cabeça e problemas de postura;
    • Reduzir tensão muscular e fadiga ocular;
    • Recuperar energia e concentração.

    Vale levantar, respirar fundo, olhar pela janela ou se alongar. O importante é interromper o modo automático e dar um reset na mente.

    4. Tenha momentos de prazer todos os dias

    Produtividade não combina com esgotamento. Reservar alguns minutos diários para o prazer é essencial. Ouvir música, conversar com alguém querido, sentar ao ar livre ou assistir a uma série ajudam a reduzir o estresse e a recuperar o equilíbrio emocional.

    Segundo o especialista, “um dos hábitos mais importantes é o de sentir satisfação no dia a dia, mesmo que o tempo seja curto”.

    5. Cuide da saúde emocional e dos relacionamentos

    Relacionamentos saudáveis e boa comunicação têm impacto direto na produtividade. Técnicas usadas nas terapias cognitivo-comportamental, dialética e racional-emotiva ajudam a lidar melhor com conflitos e emoções difíceis.

    Menos estresse significa mais clareza, foco e produtividade — tanto na vida pessoal quanto no trabalho.

    6. Combata a procrastinação com recompensas pequenas

    Procrastinar é comum, mas tem solução. O segredo está em entender o próprio perfil e usar a neurociência a favor.

    Dicas para vencer a procrastinação:

    • Divida grandes tarefas em partes menores;
    • Intercale atividades difíceis com pequenas recompensas (como uma pausa ou um café);
    • Crie um plano de ação simples e visualize seu progresso;
    • Comece pelo mínimo viável: poucos minutos já mudam o ritmo mental.

    Se o padrão de adiamento for constante, procure ajuda profissional. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem bons resultados nesse tipo de caso.

    7. Planeje antes de agir e evite o impulso de “fazer logo”

    Um erro comum é agir no impulso, sem planejar. Fazer pausas curtas para definir o que, como e por que fazer algo ajuda a evitar retrabalho e melhora a qualidade do resultado.

    Outros erros apontados pelo médico:

    • Confundir rapidez com produtividade — mais horas não significam melhores resultados;
    • Ignorar corpo e mente — saúde física e mental caminham juntas;
    • Automedicar-se com estimulantes para TDAH sem diagnóstico — pode causar irritabilidade, insônia e queda de desempenho.

    Equilíbrio é o novo conceito de ser produtivo

    A verdadeira produtividade vem de consistência e autocuidado, não de exaustão. Com sono adequado, movimento diário, pausas regulares e atenção à saúde emocional, é possível render mais e viver melhor — sem depender de cafeína ou remédios milagrosos.

    Leia também: Deficiências nutricionais em adultos: aprenda a identificar sinais no dia a dia e prevenir riscos

    Perguntas frequentes sobre produtividade

    1. O que é medicina comportamental?

    É uma área que aplica a ciência do comportamento à saúde e ajuda a transformar orientações médicas em hábitos reais e sustentáveis.

    2. Dormir bem realmente aumenta a produtividade?

    Sim. O sono regula hormônios, melhora a memória, o humor e a capacidade de foco durante o dia.

    3. Preciso ir à academia para me movimentar?

    Não. Atividades simples como caminhar, subir escadas ou dançar já trazem benefícios à disposição e à saúde.

    4. Pausas atrapalham o trabalho?

    Pelo contrário. Pausas curtas melhoram a concentração, previnem dores físicas e mantêm o desempenho constante.

    5. Como vencer a procrastinação?

    Divida as tarefas, celebre pequenas conquistas e, se o padrão persistir, procure ajuda profissional para aprender técnicas eficazes de mudança de comportamento.

    6. Estresse pode diminuir o rendimento?

    Sim. O estresse prejudica foco, memória, atenção e humor. Aprender a gerenciá-lo é essencial para manter o desempenho e o equilíbrio.

    7. Tomar remédios para TDAH sem diagnóstico ajuda na produtividade?

    Não. Pode piorar o desempenho, causar insônia e aumentar a ansiedade. A produtividade saudável depende de equilíbrio, descanso e hábitos sustentáveis.

    Leia mais: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde