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  • Acalasia: o distúrbio que dificulta a passagem dos alimentos ao engolir

    Acalasia: o distúrbio que dificulta a passagem dos alimentos ao engolir

    Engolir um alimento parece simples, mas depende de um delicado mecanismo entre o esôfago e o estômago. Quando esse sistema falha, comer pode se tornar uma tarefa difícil. É o que acontece na acalasia, um distúrbio que impede o relaxamento adequado do esfíncter esofágico inferior, o “anel” que permite a passagem do alimento ao estômago.

    O resultado é a sensação de entalo, dor no peito, tosse e até regurgitação. Embora seja uma doença pouco conhecida, o diagnóstico e o tratamento corretos fazem toda a diferença para aliviar os sintomas e prevenir complicações.

    O que é acalasia?

    A acalasia é uma doença que afeta o esôfago, o tubo que transporta o alimento da boca até o estômago. Ela ocorre quando o músculo do esôfago e o esfíncter esofágico inferior (anel que liga o esôfago ao estômago) não funcionam corretamente, o que dificulta a passagem dos alimentos.

    Com isso, o alimento não consegue descer normalmente, e isso se reflete em uma dificuldade para engolir, sensação de entalo e até dor no peito.

    Como o esôfago funciona normalmente

    Em uma pessoa saudável, o esôfago faz movimentos de contração rítmicos (chamados de peristaltismo) que empurram o alimento até o estômago. Quando o alimento chega ao final do esôfago, o esfíncter se abre para permitir a passagem.

    Na acalasia, esses movimentos não ocorrem adequadamente, e o esfíncter não se abre completamente, o que impede a descida do alimento e causa acúmulo dentro do esôfago.

    Sintomas da acalasia

    Os sintomas aparecem gradualmente e tendem a piorar com o tempo. Os mais comuns são:

    Dificuldade para engolir alimentos e líquidos (sensação de que o alimento “para” no meio do peito);

    Regurgitação, especialmente à noite;

    Dor ou pressão no peito;

    Perda de peso sem explicação;

    Tosse e engasgos frequentes;

    Azia ou sensação de queimação (muitas vezes confundida com refluxo).

    Esses sintomas podem variar de intensidade e, em alguns casos, se parecer com os do refluxo gastroesofágico.

    Causas e fatores envolvidos

    A causa exata da acalasia ainda não é totalmente compreendida, mas sabe-se que ocorre degeneração dos nervos responsáveis pelos movimentos do esôfago. Isso faz com que o músculo perca a força de contração e o esfíncter deixe de relaxar corretamente.

    As possíveis origens da condição são:

    Alterações autoimunes, quando o corpo ataca suas próprias células nervosas;

    Causas infecciosas, como na doença de Chagas;

    Fatores genéticos, em casos mais raros.

    Diagnóstico de acalasia

    O diagnóstico é feito por um médico gastroenterologista, com base nos sintomas e em exames específicos:

    Esofagomanometria: mede a pressão e os movimentos do esôfago (é o exame mais importante para confirmar a acalasia);

    Endoscopia digestiva alta: permite visualizar o esôfago e descartar outras causas, como tumores;

    Esofagografia baritada: exame de raio X com contraste que mostra o formato do esôfago e se há retenção de alimentos.

    Esses exames ajudam a classificar a doença em três tipos de acalasia, o que orienta a escolha do tratamento ideal.

    Tratamento da acalasia

    O tratamento tem como objetivo melhorar a passagem dos alimentos e aliviar os sintomas. Embora não exista cura, há diversas opções que ajudam a tratar a doença.

    Medicamentos: podem ser usados em casos leves, ajudando o esfíncter a relaxar;

    Dilatação endoscópica: um balão é introduzido e inflado no esfíncter para alargá-lo e facilitar a passagem do alimento.

    Injeção de toxina botulínica (botox): relaxamento temporário do músculo, indicada para quem não pode realizar procedimentos mais invasivos;

    Cirurgia (miotomia de Heller): corte das fibras musculares do esfíncter para normalizar a passagem dos alimentos;

    Terapia endoscópica POEM (miotomia endoscópica peroral): técnica moderna feita por endoscopia, com recuperação mais rápida e resultados duradouros.

    A escolha do tratamento depende da gravidade do caso, da idade e das condições clínicas do paciente, sempre sob avaliação médica.

    Cuidados e acompanhamento

    Após o tratamento, é fundamental:

    Fazer acompanhamento regular com o gastroenterologista;

    Evitar deitar logo após comer;

    Mastigar bem e comer devagar;

    Manter o peso adequado e uma alimentação equilibrada.

    Mesmo com o tratamento, algumas pessoas podem ter sintomas residuais leves e devem fazer controle periódico para evitar complicações, como inflamações ou acúmulo de alimentos no esôfago.

    Quando procurar o médico

    Procure atendimento médico se houver:

    Dificuldade frequente para engolir;

    Perda de peso inexplicada;

    Regurgitação frequente;

    Dor ou pressão no peito.

    O diagnóstico precoce evita desconfortos e melhora muito a qualidade de vida.

    Leia também: Refluxo gastroesofágico: conheça as causas, sintomas e como tratar

    Perguntas frequentes sobre acalasia

    1. A acalasia tem cura?

    Não existe cura definitiva, mas há tratamentos eficazes que controlam os sintomas e devolvem conforto ao paciente.

    2. A acalasia é causada por refluxo?

    Não. Embora os sintomas sejam parecidos, a acalasia é causada por problemas nos nervos e músculos do esôfago, não pelo ácido do estômago.

    3. Como diferenciar acalasia de refluxo?

    Na acalasia, o problema está em empurrar o alimento para o estômago, enquanto no refluxo o problema é o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago.

    4. O que acontece se a acalasia não for tratada?

    Podem ocorrer dilatação do esôfago, perda de peso, infecções e, em casos raros, aumento do risco de câncer de esôfago.

    5. A cirurgia de acalasia é segura?

    Sim. Os procedimentos modernos, como a miotomia endoscópica (POEM), têm altas taxas de sucesso e recuperação rápida.

    Veja mais: Endoscopia: como é o exame que vê o estômago por dentro

  • Psoríase: entenda a doença de pele que vai muito além da aparência

    Psoríase: entenda a doença de pele que vai muito além da aparência

    A psoríase é uma das doenças de pele mais comuns e, ao mesmo tempo, uma das mais mal compreendidas. Apesar das manchas vermelhas e da descamação visível, o problema vai muito além da aparência, pois trata-se de uma condição inflamatória crônica ligada ao sistema imunológico, que pode afetar o corpo inteiro e causar impacto na qualidade de vida.

    Ainda hoje, muitas pessoas enfrentam preconceito e desinformação, e tudo isso atrasa o diagnóstico e dificulta o tratamento.

    Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença grave e não contagiosa, a psoríase pode ser controlada com acompanhamento médico, novos medicamentos e mudanças no estilo de vida.

    O que é a psoríase?

    A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele, causada por alterações no sistema imunológico, com influência genética. Ela pode variar de casos leves a graves e afetar não apenas a pele, mas também as articulações e outros órgãos. Embora não tenha cura, é uma condição que pode ser controlada com tratamento e hábitos saudáveis.

    É importante reforçar: a psoríase não é contagiosa. O contato direto com a pele de uma pessoa com psoríase não transmite a doença.

    Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a psoríase como uma doença crônica grave e não transmissível, chamando atenção para os impactos emocionais, diagnósticos incorretos e o preconceito que muitos pacientes enfrentam.

    Quem pode ter psoríase?

    A psoríase pode atingir homens e mulheres de qualquer idade, mas costuma aparecer mais cedo nas mulheres e em quem tem histórico familiar da doença. Os primeiros sinais costumam surgir em duas faixas etárias: entre 20 e 39 anos e novamente entre 50 e 69 anos.

    Por que a psoríase acontece?

    A psoríase surge por uma combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais.

    Fatores genéticos

    Pessoas com parentes de primeiro grau com psoríase têm maior risco de desenvolver a doença. A herança genética pode explicar até 90% da predisposição em alguns casos.

    Alterações imunológicas

    O sistema de defesa do corpo ataca, por engano, as próprias células da pele. Isso libera substâncias inflamatórias que aceleram a renovação celular, e isso faz com que a pele descame e forme placas avermelhadas.

    Gatilhos da psoríase

    Estresse;

    Infecções;

    Tabagismo e consumo de álcool;

    Alguns medicamentos (como betabloqueadores, lítio e antimaláricos);

    Obesidade;

    Clima frio e seco (que resseca a pele).

    Sintomas mais comuns

    Os sintomas da psoríase variam conforme o tipo e a gravidade. Os mais comuns são:

    Manchas vermelhas com descamação branca ou prateada;

    Pele ressecada e rachada (às vezes com sangramento);

    Coceira, dor ou sensação de queimação;

    Unhas grossas, deformadas ou descoladas;

    Dor, rigidez ou inchaço nas articulações.

    Tipos de psoríase e como se manifestam

    Psoríase em placas (vulgar)

    É a forma mais comum (90% dos casos). Aparecem placas vermelhas com escamas esbranquiçadas ou prateadas, principalmente nos joelhos, cotovelos, couro cabeludo e região lombar.

    Psoríase do couro cabeludo

    Provoca descamação intensa e coceira, semelhante à caspa, mas mais espessa e inflamada.

    Psoríase ungueal

    Afeta as unhas, deixando-as grossas, amareladas e deformadas, podendo até se soltar.

    Psoríase gutata

    Mais comum em crianças e jovens, geralmente após infecções bacterianas, com pequenas manchas em forma de gota espalhadas pelo corpo.

    Psoríase invertida (ou flexural)

    Surge em áreas de dobras (axilas, virilhas, sob as mamas), com lesões mais vermelhas e úmidas, sem escamas grossas.

    Psoríase pustulosa

    Forma grave, com lesões vermelhas cobertas por pequenas bolhas de pus. Pode ser localizada (mãos e pés) ou generalizada, com febre e mal-estar.

    Psoríase eritrodérmica

    A mais rara e grave, afeta quase todo o corpo com manchas vermelhas e quentes, coceira e febre. Pode exigir internação hospitalar.

    Psoríase artropática

    Envolve inflamação nas articulações, com dor, rigidez, inchaço e até deformidades.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico é geralmente clínico, com base na aparência e na distribuição das lesões. Em alguns casos, o dermatologista pode solicitar uma biópsia de pele para confirmar o diagnóstico.

    Para avaliar a gravidade, utiliza-se o índice PASI, que mede a vermelhidão, a espessura das placas e a área afetada.

    Até 10 pontos: psoríase leve

    Acima de 10: psoríase moderada a grave

    Tratamentos disponíveis

    O tratamento é individualizado e definido pelo dermatologista conforme o tipo e a gravidade da doença.

    Casos leves

    Cremes e pomadas com corticoides ou derivados da vitamina D;

    Hidratação da pele;

    Exposição solar moderada e orientada.

    Casos moderados

    Fototerapia (luz ultravioleta controlada);

    Casos graves ou resistentes

    Medicamentos orais ou injetáveis;

    Terapias biológicas (injeções sob supervisão médica);

    Novas terapias orais que modulam a inflamação.

    Além do tratamento médico, hábitos saudáveis são bem importantes, como:

    Alimentação equilibrada;

    Controle do peso;

    Atividade física regular;

    Manejo do estresse;

    Apoio psicológico, quando necessário.

    Convivendo com a psoríase

    O diagnóstico precoce e o tratamento adequado ajudam a reduzir os sintomas e prevenir complicações. Com os avanços da medicina, é possível que muitas pessoas vivam com a pele praticamente sem lesões, mesmo nos casos graves.

    É fundamental não interromper o tratamento por conta própria, pois isso pode agravar a doença. Além disso, o cuidado com o estilo de vida, como dormir bem, praticar exercícios e controlar o estresse ajuda no controle da doença.

    Confira: Alergia a níquel de bijuterias: por que acontece, como tratar e se tem cura

    Perguntas frequentes sobre psoríase

    1. Psoríase é contagiosa?

    Não. O contato com a pele de uma pessoa com psoríase não transmite a doença.

    2. A psoríase tem cura?

    Não existe cura definitiva, mas a doença pode ser controlada com tratamento médico e hábitos saudáveis.

    3. O que piora a psoríase?

    Estresse, frio, consumo de álcool, tabagismo, obesidade e certos medicamentos podem agravar as crises.

    4. Qual médico trata a psoríase?

    O dermatologista é o profissional indicado para diagnóstico e tratamento. Em casos com comprometimento das articulações, o reumatologista também pode acompanhar.

    5. Psoríase pode causar dor nas articulações?

    Sim. A psoríase artropática (artrite psoriásica) pode afetar as articulações e causar dor e rigidez.

    6. A exposição ao sol ajuda?

    Sim, em quantidades moderadas e com orientação médica, o sol pode ajudar a controlar a inflamação.

    7. Alimentação influencia na psoríase?

    Sim. Uma dieta equilibrada, rica em frutas, legumes e grãos integrais, e o controle do peso podem ajudar a reduzir as crises.

    Veja também: Dermatite atópica: o que é, sintomas e cuidados

  • Suplemento alimentar: o que é, para que serve e quando tomar

    Suplemento alimentar: o que é, para que serve e quando tomar

    Indicados para complementar a alimentação e equilibrar o consumo de nutrientes, os suplementos alimentares fornecem vitaminas, minerais, proteínas e outras substâncias que nem sempre são ingeridas em quantidade suficiente na rotina.

    Com o uso correto e indicado por um profissional da saúde, eles podem melhorar a disposição, fortalecer a imunidade, apoiar o desempenho físico e até corrigir deficiências nutricionais.

    No entanto, são necessários alguns cuidados antes de começar qualquer suplementação — o que inclui entender quando ela realmente é necessária e como utilizá-la da forma mais segura.

    Afinal, o que é um suplemento alimentar?

    Um suplemento alimentar é um produto formulado para complementar a dieta e fornecer nutrientes que, por algum motivo, não estão sendo ingeridos em quantidade suficiente. Ele pode conter vitaminas, minerais, proteínas, fibras, aminoácidos, enzimas ou outras substâncias com valor nutricional.

    Os suplementos podem ser encontrados em várias formas, como cápsulas, comprimidos, pó, líquidos ou gomas — e são utilizados tanto por pessoas com carências nutricionais quanto por quem busca melhorar o desempenho físico, fortalecer a imunidade ou manter o equilíbrio do organismo.

    Apesar de úteis, os suplementos não substituem uma alimentação equilibrada, eles apenas complementam a dieta quando há uma necessidade comprovada. Somente um especialista pode indicar o uso, o tipo adequado e a dose segura.

    Para que serve?

    A principal função do suplemento alimentar é complementar a nutrição e ajudar o corpo a atingir suas necessidades diárias de nutrientes. Assim, ele pode ser utilizado para:

    Corrigir deficiências de vitaminas e minerais;

    Melhorar a recuperação muscular após exercícios;

    Apoiar o sistema imunológico;

    Aumentar a disposição e o foco;

    Ajudar na manutenção do peso corporal, quando associado a uma dieta balanceada.

    Em casos específicos, como gestação, lactação, envelhecimento ou dietas restritivas (como vegetarianismo ou veganismo), o uso de suplementos pode ser necessário para evitar carências nutricionais.

    Tipos de suplemento alimentar

    Os suplementos alimentares são divididos em categorias com base em sua composição e finalidade, sendo os principais:

    Suplementos vitamínicos e minerais: fornecem micronutrientes essenciais, como ferro, cálcio, magnésio, zinco e vitaminas do complexo B, C, D e E. São indicados para quem tem deficiências comprovadas ou dificuldade em manter uma dieta variada;

    Suplementos proteicos: são os mais conhecidos entre quem pratica atividades físicas. O whey protein, por exemplo, é uma fonte concentrada de proteína que ajuda na reconstrução e no crescimento muscular. Há também versões vegetais, como proteína de ervilha e arroz;

    Suplementos energéticos e de performance: contêm substâncias que aumentam a energia e melhoram o rendimento físico, como creatina, cafeína, BCAA e maltodextrina. Devem ser usados com cautela, já que o excesso pode causar efeitos indesejados, como taquicardia e insônia;

    Suplementos naturais e fitoterápicos: feitos com ingredientes de origem vegetal, como cúrcuma, gengibre, ginseng e maca peruana. Podem ajudar na imunidade, na disposição e no controle hormonal. Mesmo sendo naturais, também exigem acompanhamento profissional;

    Suplementos de fibras e probióticos: ajudam na digestão, no controle do colesterol e na saúde intestinal. Fibras solúveis, como a aveia e o psyllium, e probióticos com lactobacilos são exemplos bastante usados.

    Qual a diferença entre suplemento e medicamento?

    A diferença entre o suplemento e o medicamento está na forma como cada um age no organismo.

    O suplemento alimentar é usado para complementar a dieta e prevenir deficiências nutricionais. Ele atua de forma mais leve, sem objetivo de curar doenças;

    O medicamento, por outro lado, tem função terapêutica, sendo indicado para tratar, curar ou controlar doenças e condições de saúde, com composição e dosagem controladas.

    Outra diferença é que os medicamentos passam por testes clínicos rigorosos antes da comercialização, enquanto os suplementos seguem normas específicas da Anvisa, mas sem exigência de comprovação de eficácia terapêutica.

    Quando o suplemento alimentar é indicado?

    De acordo com a nutricionista Serena Del Favero, o uso de suplementos é indicado quando a alimentação sozinha não consegue suprir todas as necessidades nutricionais do corpo. Isso pode acontecer em várias situações, como:

    Deficiências nutricionais comprovadas por exames, como falta de vitamina B12, vitamina D ou ferro;

    Dietas restritivas, como vegetarianas ou veganas, que podem levar à carência de ferro e B12;

    Condições de saúde que comprometem a absorção de nutrientes, como a doença de Crohn e outros distúrbios intestinais;

    Gestação e amamentação, períodos em que o corpo exige mais nutrientes, como ácido fólico, ferro e cálcio;

    Atividade física intensa, quando há necessidade de repor proteínas, carboidratos e eletrólitos perdidos no treino;

    Idade avançada, fase em que o organismo absorve menos cálcio e vitamina D, aumentando o risco de osteoporose.

    “Nesses contextos, a suplementação ajuda a prevenir ou corrigir carências, sempre como complemento a uma alimentação equilibrada e sob orientação profissional”, explica a especialista.

    ⁠Como o nutricionista avalia a real necessidade de um suplemento?

    Na prática clínica, Serena explica que o nutricionista avalia a necessidade de suplementação de forma criteriosa, considerando sinais e sintomas clínicos, resultados de exames laboratoriais, hábitos alimentares e o contexto individual de cada paciente.

    “A prioridade é sempre ajustar a dieta para suprir as necessidades nutricionais, utilizando suplementos apenas como recurso complementar quando a alimentação, sozinha, não é suficiente”, esclarece.

    Crianças e idosos podem usar suplementos?

    Crianças e idosos podem usar suplementos, mas somente com indicação médica ou nutricional. Em crianças, a suplementação é indicada apenas quando há deficiências comprovadas por exames ou condições específicas que dificultam a absorção de nutrientes.

    Em muitos casos, uma alimentação variada e colorida já é suficiente para suprir o que o organismo precisa durante o crescimento.

    Nos idosos, o uso de suplementos é mais frequente, pois com o passar do tempo o corpo absorve menos nutrientes, especialmente cálcio, vitamina D, B12 e ferro. O apetite também tende a diminuir e certas doenças crônicas podem interferir na digestão e no aproveitamento dos alimentos.

    Mas, lembre-se: tanto em crianças quanto em idosos, o uso deve ser individualizado e sempre acompanhado por um profissional de saúde!

    Existe risco em usar suplemento sem orientação?

    O uso de suplementos sem orientação de um profissional de saúde, como médico ou nutricionista, pode ser arriscado. O uso excessivo de vitaminas e minerais, por exemplo, pode sobrecarregar o fígado e os rins, causar intoxicação e provocar desequilíbrios no organismo.

    “A ideia de que ‘quanto mais, melhor’ não se aplica à nutrição, pois o corpo precisa de um equilíbrio. Um consumo exagerado pode levar a quadros de toxicidade, que são tão prejudiciais quanto às deficiências”, diz a nutricionista.

    Além disso, certos suplementos podem interagir com medicamentos, reduzir o efeito de tratamentos em andamento ou até mascarar sintomas de doenças, dificultando o diagnóstico correto.

    Para completar, Serena aponta que muitos produtos no mercado não são regulamentados, o que aumenta o risco de contaminação com substâncias não declaradas. Por isso, a supervisão de um especialista é crucial para garantir a segurança e a eficácia da suplementação.

    Suplementos alimentares funcionam para emagrecer?

    Nenhum suplemento é responsável, por si só, pela perda de peso. Contudo, alguns podem ajudar como apoio dentro de um plano alimentar equilibrado, como termogênicos (como cafeína e chá-verde), fibras solúveis e proteínas em pó — normalmente indicados para essa finalidade.

    Os termogênicos aumentam levemente o gasto calórico, as fibras ajudam a prolongar a saciedade e as proteínas mantêm a massa magra durante o emagrecimento. No entanto, o efeito só aparece quando há déficit calórico, ou seja, quando a pessoa consome menos calorias do que gasta.

    Usar suplementos sem reeducação alimentar e acompanhamento profissional não traz resultados duradouros e pode ser perigoso para a saúde. Um emagrecimento saudável depende de alimentação equilibrada, atividade física regular e sono de qualidade.

    Suplementos não substituem uma alimentação saudável

    O mais importante é entender que o suplemento alimentar deve ser utilizado como um complemento, não um substituto. A alimentação continua sendo a principal fonte de energia, vitaminas e minerais que o corpo precisa para funcionar bem. Nenhum produto industrializado consegue reproduzir a complexidade e a combinação natural de nutrientes presentes em frutas, verduras, legumes, grãos e proteínas.

    O suplemento apenas é considerado quando a dieta não dá conta sozinha — por exemplo, em pessoas com deficiências nutricionais, restrições alimentares ou necessidades específicas, como atletas e gestantes. Mesmo nesses casos, ele deve ser usado com orientação profissional e sempre aliado a uma rotina alimentar equilibrada.

    Por isso, antes do uso de qualquer suplemento, marque uma consulta com um nutricionista ou médico para avaliar o real estado nutricional e identificar se há necessidade de suplementação.

    Veja também: O que acontece no corpo quando falta vitamina A

    Perguntas frequentes sobre suplemento alimentar

    1. Todo mundo precisa tomar suplemento alimentar?

    Não! A maioria das pessoas consegue suprir suas necessidades nutricionais apenas com uma alimentação equilibrada. O uso de suplemento é indicado apenas quando há carência de vitaminas, minerais ou proteínas comprovada por exames, ou quando a rotina alimentar e o estilo de vida dificultam o consumo adequado de nutrientes.

    2. Como saber se estou precisando de suplemento alimentar?

    O primeiro passo é realizar exames de sangue e passar por avaliação profissional. Só assim é possível identificar o que realmente está em falta no organismo e evitar o uso desnecessário de produtos.

    3. Quem faz academia precisa tomar whey protein obrigatoriamente?

    Não! O whey protein é uma forma prática de ingerir proteína, mas não é obrigatório para quem treina. Se a alimentação já oferece proteína suficiente (por exemplo, através de carnes, ovos, leguminosas e laticínios), o suplemento pode ser dispensável.

    Ele se torna útil apenas quando a rotina não permite refeições completas ou quando a necessidade proteica é alta, como em atletas ou pessoas em fase de ganho de massa muscular.

    4. Suplementos naturais são mais seguros?

    O fato de um suplemento ser natural não significa que ele esteja livre de riscos. Na verdade, os produtos fitoterápicos, como maca peruana, ginseng e cúrcuma, também podem causar reações adversas, principalmente se forem usados em excesso ou sem controle de qualidade.

    Além disso, suplementos vendidos pela internet podem conter substâncias não declaradas no rótulo. Por isso, sempre procure marcas confiáveis e consulte um profissional antes de iniciar o uso.

    5. Como saber se um suplemento é seguro e autorizado pela Anvisa?

    Todo suplemento regularizado no Brasil precisa ter o número de registro ou notificação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no rótulo. Ele também deve conter informações claras sobre composição, fabricante e dosagem recomendada.

    Produtos vendidos sem procedência, com promessas milagrosas de emagrecimento ou ganho de massa rápida, são grandes sinais de alerta. Por isso, sempre compre de marcas conhecidas e lojas confiáveis.

    6. Como ter uma alimentação saudável para obter todas as vitaminas e minerais sem precisar de suplemento?

    Na rotina alimentar, é importante variar os alimentos e priorizar o que vem da natureza. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, a base da alimentação deve ser composta por comidas de verdade, ou seja, alimentos in natura ou minimamente processados — como frutas, verduras, legumes, cereais integrais, grãos, ovos, carnes, leite e feijões.

    Também é recomendado evitar ultraprocessados, refrigerantes e fast food, que possuem alto teor de sódio e gordura e quase nenhum valor nutricional. Comer bem todos os dias, beber água e ter horários regulares para as refeições é o meio mais eficaz para obter todos os nutrientes sem depender de suplementação.

    Se você possui dificuldade em manter uma alimentação equilibrada no dia a dia, vale buscar a ajuda de um nutricionista. O profissional pode montar um plano alimentar personalizado, levando em conta a sua rotina, preferências e necessidades individuais.

    Leia mais: Vitamina B12: o que é, para que serve e como identificar carência ou excesso

  • Cálcio: saiba o que esse mineral faz no seu corpo 

    Cálcio: saiba o que esse mineral faz no seu corpo 

    Quando se fala em cálcio, a maioria das pessoas pensa logo nos ossos, e com razão. Esse mineral é o principal componente estrutural do esqueleto humano. Mas o papel do cálcio vai além disso, pois ele é importante para contração muscular, transmissão de impulsos nervosos e coagulação do sangue.

    Dada a importância dele e o fato de não ser produzido naturalmente pelo organismo, o cálcio precisa ser obtido todos os dias pela alimentação, mas o equilíbrio é muito importante. Faltas ou excessos podem trazer consequências importantes para a saúde dos ossos e saúde metabólica.

    Por que o cálcio é essencial para o corpo

    O cálcio é responsável por fortalecer ossos e dentes, mas também está envolvido em diversas funções vitais. Veja abaixo algumas delas:

    Contração muscular: o cálcio permite que músculos, incluindo o coração, contraiam e relaxem de forma coordenada;

    Transmissão nervosa: atua como mensageiro nas sinapses entre os neurônios;

    Coagulação do sangue: ajuda a estancar sangramentos por ter ação na ativação das plaquetas;

    Equilíbrio hormonal: importante para a liberação de hormônios e enzimas envolvidos em várias reações metabólicas;

    Saúde cardiovascular: ajuda a manter a pressão arterial dentro dos níveis normais.

    Fontes de cálcio na alimentação

    O cálcio pode ser encontrado em diversos alimentos, tanto de origem animal quanto vegetal. As principais fontes são:

    Laticínios: leite, queijos e iogurtes são os mais conhecidos;

    Vegetais verde-escuros: brócolis, couve e espinafre;

    Peixes: sardinha e salmão enlatado;

    Leguminosas: feijão, grão-de-bico e soja;

    Oleaginosas e sementes: amêndoas, chia e gergelim;

    A absorção do cálcio pode ser influenciada por outros nutrientes. A vitamina D, por exemplo, é essencial para que o corpo consiga absorver o mineral de forma eficiente.

    Fatores que afetam os níveis de cálcio

    Alguns hábitos e condições podem interferir na absorção ou aumentar a perda de cálcio pelo corpo. Veja alguns:

    Consumo muito alto de de cafeína e álcool;

    Dietas muito ricas em sal;

    Baixa ingestão de vitamina D;

    Sedentarismo;

    Alterações hormonais, especialmente em mulheres após a menopausa.

    O equilíbrio entre cálcio, fósforo e magnésio também é importante. Um excesso de um desses minerais pode atrapalhar a absorção dos outros.

    Deficiência de cálcio: o que pode acontecer

    A carência de cálcio, chamada de hipocalcemia, pode causar sintomas leves no início, mas, a longo prazo, traz sérias consequências.

    Sinais e sintomas possíveis:

    Câimbras e fraqueza muscular;

    Dormência ou formigamento nas mãos e pés;

    Irritabilidade e insônia;

    Enfraquecimento dos ossos, que pode causar osteopenia ou osteoporose.

    A deficiência é mais comum em idosos, mulheres na pós-menopausa, pessoas com intolerância à lactose ou que fazem dietas restritivas.

    Cálcio, hormônios e metabolismo ósseo

    O cálcio no sangue é regulado por três hormônios principais:

    Paratormônio (PTH): aumenta os níveis de cálcio no sangue ao retirá-lo dos ossos quando há deficiência;

    Calcitonina: faz o oposto, ajudando a armazenar cálcio nos ossos;

    Vitamina D: melhora a absorção intestinal do cálcio.

    Esse equilíbrio faz com que o organismo sempre tenha cálcio disponível para funções importantes sem comprometer a densidade óssea.

    Veja mais: Vitamina K: importante para coagulação do sangue e ossos fortes

    Perguntas frequentes sobre cálcio

    1. Quanto cálcio devo consumir por dia?

    Adultos precisam de cerca de 1.000 mg por dia, enquanto mulheres acima de 50 anos e idosos devem ingerir até 1.200 mg diários.

    2. Posso ter cálcio alto no sangue?

    Sim. O excesso, chamado de hipercalcemia, pode acontecer por doenças hormonais ou uso de suplementos em excesso, e deve ser avaliado por um médico.

    3. É verdade que só leite tem cálcio?

    Não. Vegetais verde-escuros, determinados peixes e sementes também são excelentes fontes.

    4. Cálcio e vitamina D têm relação?

    Sim. A vitamina D é importante para que o intestino consiga absorver o cálcio da alimentação.

    5. O que acontece se eu não consumir cálcio suficiente?

    A falta de cálcio por períodos longos pode causar perda de massa óssea e aumentar o risco de osteoporose e fraturas.

    6. Crianças e adolescentes precisam de mais cálcio?

    Sim, é uma fase de crescimento ósseo intenso, e a ingestão adequada ajuda a garantir ossos fortes na vida adulta.

    7. Como manter o cálcio equilibrado naturalmente?

    Com alimentação variada, exposição moderada ao sol (para ativar a vitamina D), exercícios com impacto e consumo adequado de proteínas e minerais.

    Leia também: Café da manhã sem lactose: saiba o que comer numa dieta saudável

  • Zinco: conheça a importância desse mineral para a saúde 

    Zinco: conheça a importância desse mineral para a saúde 

    Em meio a outras vitaminas e minerais tão conhecidos, como vitamina C, D e ferro, o zinco nem sempre está no centro das atenções, mas a importância dele não é menor por isso. Presente em cada célula do corpo humano, o zinco age como co-fator de centenas de enzimas e ajuda em funções como imunidade, crescimento, cicatrização e saúde reprodutiva.

    Com a alimentação moderna, às vezes pobre em alimentos de origem animal ou rica em processados, garantir zinco suficiente muitas vezes é difícil, e a deficiência, embora menos visível do que a de ferro ou vitamina D, pode ter impactos silenciosos e graves.

    O que é o zinco e por que ele é essencial

    O zinco é um micronutriente do tipo mineral que o corpo não produz, ou seja, é preciso obtê-lo por meio da alimentação. Ele está envolvido em mais de 300 reações enzimáticas, segundo estudos.

    As principais funções são:

    Síntese de proteínas e DNA, importante para crescimento, divisão e reparo celular;

    Função imunológica: o zinco é vital para a maturação de linfócitos, defesa contra infecções e funcionamento geral do sistema imunológico;

    Saúde da pele, cicatrização e integridade dos tecidos;

    Crescimento, desenvolvimento durante infância, adolescência e gestação;

    Sentidos do paladar e olfato. A deficiência de zinco pode reduzir essa capacidade sensorial.

    Principais benefícios do zinco para a saúde

    1. Fortalecer o sistema imunológico

    Pessoas com níveis adequados de zinco apresentam maior resistência a infecções e melhor recuperação de doenças.

    2. Cicatrização de feridas e saúde da pele

    O zinco ajuda na regeneração dos tecidos, por isso é importante em casos de feridas que demoram a fechar, úlceras ou problemas de pele.

    3. Crescimento e desenvolvimento

    Durante a infância, adolescência e gestação, o zinco faz parte de processos de multiplicação e maturação celular, importantes para ossos, tecidos, órgãos e sistemas.

    4. Função sensorial e metabólica

    Ele ajuda no funcionamento do paladar e do olfato, e também age na regulação de hormônios, crescimento ósseo e metabolismo de carboidratos.

    Fontes alimentares de zinco e absorção

    Para garantir zinco suficiente, inclua em sua alimentação:

    Carnes vermelhas, aves e peixes, pois têm boa biodisponibilidade;

    Mariscos e frutos do mar (ostras são especialmente ricas em zinco);

    Leguminosas, nozes, sementes e grãos integrais, fontes vegetais de zinco porém com absorção menor devido a fitatos que bloqueiam o mineral.

    Uma dica é combinar alimentos vegetais fonte de zinco com fontes de proteína animal ou técnicas de preparo que reduzam fitatos, como deixar grãos de molho por algumas horas antes de cozinhar.

    Sinais e riscos de deficiência de zinco

    Quando a ingestão ou absorção de zinco não é suficiente, podem aparecer sinais como:

    Sistema imunológico enfraquecido, o que reflete em infecções frequentes;

    Cicatrização lenta, lesões de pele persistentes;

    Perda de paladar ou olfato;

    Retardo de crescimento ou maturação em crianças ou adolescentes;

    Em gestantes, maior risco de complicações fetais.

    Se você tiver uma dieta restrita, consumo muito baixo de alimentos de origem animal, ou condições que dificultem absorção intestinal, o risco de deficiência é maior.

    Quanto zinco precisamos?

    As recomendações variam conforme idade, sexo, gestação ou período de amamentação. De forma geral:

    Adultos homens: cerca de 11 mg por dia;

    Adultos mulheres: cerca de 8 mg por dia, podendo variar de acordo com a orientação médica ou nutricional.

    Vale lembrar que o excesso de zinco também pode trazer problemas, como interferência na absorção de cobre.

    Confira: Potássio ajuda a reduzir a pressão alta? Cardiologista explica

    Perguntas frequentes sobre zinco

    1. O zinco ajuda no resfriado ou gripe?

    Sim. Ter níveis adequados de zinco no corpo ajuda o organismo a lutar melhor contra infecções. Por isso, pode reduzir a duração e a gravidade de infecções respiratórias, embora não seja cura.

    2. Posso suplementar zinco por conta própria?

    Não. É melhor consultar médico ou nutricionista, já que doses elevadas podem interferir em outros minerais e órgãos.

    3. Vegetarianos precisam de atenção extra para zinco?

    Sim, porque as fontes vegetais têm absorção menor. Uma boa estratégia pode ser definida por um nutricionista, como a ingestão de leguminosas, sementes, grãos germinados e, se necessário, suplementação.

    4. Posso ter zinco demais no corpo?

    Sim, a ingestão excessiva pode causar deficiências de cobre, náuseas, imunossupressão e outros efeitos nada agradáveis.

    5. Durante a gravidez, o zinco é importante?

    Muito. Gestantes têm maior demanda, e o zinco é importante no crescimento fetal, formação de tecidos e sistema imunológico.

    6. Uma dieta equilibrada cobre o zinco necessário?

    Na maioria dos casos, sim, se incluir boas fontes animais ou combinação de vegetais bem preparados. Suplemento só se houver necessidade comprovada e prescrito por um médico ou nutricionista.

    Veja mais: Ferro: saiba mais sobre o papel do ferro no organismo

  • Vitamina B9 (ácido fólico): importância na gestação e produção de células sanguíneas 

    Vitamina B9 (ácido fólico): importância na gestação e produção de células sanguíneas 

    Quando se fala de nutrição na gravidez, um nome aparece com frequência: ácido fólico. Esse nutriente, também chamado de vitamina B9, entrou em destaque pela sua capacidade de prevenir defeitos graves no feto e melhorar a saúde da mãe.

    Mesmo assim, muitas mulheres desconhecem que a função do ácido fólico vai muito além da gestação, pois ela também é essencial para a formação das células sanguíneas.

    Em meio à rotina corrida, às dietas restritivas ou aos alimentos ultraprocessados, garantir a ingestão adequada de vitamina B9 é um cuidado simples, mas com impacto muito grande para a saúde. Com conhecimento e atenção, é possível usar essa vitamina para fortalecer o organismo, proteger o bebê em desenvolvimento e evitar quadros como anemia megaloblástica.

    O que é a vitamina B9 (ácido fólico)?

    A vitamina B9, chamada folato em sua forma natural nos alimentos e ácido fólico na forma sintética de suplemento, é uma vitamina hidrossolúvel, ou seja, aquele tipo de vitamina que se dissolve em água e não é armazenada em grandes quantidades no corpo, por isso precisa de ingestão regular.

    Sua principal tarefa no organismo é participar de reações de multiplicação celular, produção de DNA e síntese de glóbulos vermelhos, o que a torna essencial tanto em fases de crescimento (como gravidez) quanto no funcionamento do sangue.

    Funções principais da vitamina B9

    1. Produção de células sanguíneas

    O ácido fólico age com outras vitaminas do complexo B para formar glóbulos vermelhos saudáveis. A falta de folato pode levar à anemia megaloblástica, em que as células ficam grandes, imaturas e não funcionam bem.

    2. Formação e divisão celular

    Como participa da síntese de DNA e RNA, o folato é muito importante em situações de renovação celular intensa, como o crescimento fetal, o revestimento intestinal, a medula óssea e outros tecidos.

    3. Saúde na gestação

    Na gravidez, o ácido fólico é um dos micronutrientes mais estudados e recomendados. Suplementações pré-concepcionais e no início da gestação reduzem de forma significativa o risco de defeitos do tubo neural no bebê, como espinha bífida e anencefalia.

    Além disso, pode ajudar a formação da placenta, melhorar a divisão celular fetal e reduzir risco de parto prematuro ou má formação.

    Deficiência de vitamina B9: o que causa?

    Quando a ingestão ou absorção do folato é insuficiente, os efeitos podem ser:

    Cansaço, fraqueza e palidez (devido à anemia);

    Alterações no crescimento ou no desenvolvimento fetal se a deficiência ocorrer na gravidez;

    Potencial aumento dos níveis de homocisteína, que é um marcador associado ao risco cardiovascular.

    Fatores de risco para deficiência são dietas pobres em folato (por exemplo, falta de verduras folhosas), alcoolismo, doenças que comprometem absorção intestinal, uso de medicamentos que interferem no folato e gravidez com alta demanda.

    Quanto e como tomar (gestantes e adultos saudáveis)

    Mulheres em idade fértil são geralmente orientadas a tomar 0,4 mg (400 µg) de ácido fólico por dia antes da concepção e nos primeiros meses de gravidez para prevenir defeitos do tubo neural.

    Durante a gravidez, as necessidades de ácido fólico aumentam, e as recomendações variam conforme o país. Em adultos saudáveis, assegurar ingestão suficiente por meio de alimentos ricos em folato é forma básica de manutenção.

    As fontes alimentares são folhas verdes escuras (espinafre, couve), leguminosas (feijão, lentilha), frutas cítricas, fígado e alimentos fortificados.

    Importância prática na gestação

    Suplementar antes da gravidez: o tubo neural do feto se fecha geralmente nas primeiras semanas de gestação, momento em que muitas mulheres ainda nem sabem que estão grávidas. Por isso a recomendação de usar ácido fólico antes de engravidar;

    Acompanhamento nutricional: a gestação com bom aporte de folato ajuda a mãe e o bebê a terem melhor resultado, menos complicações e bom desenvolvimento;

    Complemento ao ferro: enquanto o ácido fólico previne anemia por falha de divisão celular, o ferro trata deficiência na hemoglobina. Os dois podem atuar em conjunto na gestação.

    Saiba mais: 7 cuidados que você deve ter antes de engravidar

    Perguntas frequentes sobre ácido fólico

    1. Por que tomar ácido fólico antes de engravidar?

    Porque muitos defeitos fetais (como no tubo neural) acontecem nos primeiros dias de gestação, antes mesmo de a gravidez ser descoberta, e o folato reduz esse risco.

    2. Adultos não grávidos também precisam de vitamina B9?

    Sim. A vitamina B9 está envolvida em divisão celular e produção de sangue, por isso manter níveis adequados previne anemia e ajuda na saúde como um todo.

    3. A suplementação substitui uma alimentação saudável?

    Não. Suplementos ajudam, mas uma dieta rica em folatos naturais é essencial para cobrir necessidades e favorecer outros nutrientes.

    4. É possível ter folato em excesso?

    Níveis muito altos podem mascarar deficiência de vitamina B12 e outros problemas, por isso a suplementação deve seguir orientação médica ou nutricional.

    5. Quem tem uma dieta com pouca verdura está em risco de deficiência?

    Sim. Verduras folhosas e leguminosas são as fontes mais comuns de folato. Sem uma ingestão adequada, o risco de deficiência aumenta.

    6. O ácido fólico previne anemia sempre?

    Ele previne o tipo de anemia causado por falha de divisão celular (anemia megaloblástica). Mas anemia por ferro ou outros minerais têm causas diferentes e exigem tratamento específico.

    7. Qual a dose recomendada durante a gravidez no Brasil?

    Depende do sistema de saúde e das diretrizes locais, mas costuma ser de 400 µg/dia no período pré-concepção e nos primeiros meses, com variações conforme acompanhamento médico.

    Veja mais: Gravidez ectópica: saiba o que é e os sinais da gestação fora do útero

  • Por que não pode tomar AAS com dengue? 

    Por que não pode tomar AAS com dengue? 

    Com a chegada das épocas de maior transmissão da dengue, uma das dúvidas mais comuns nos consultórios e farmácias se pode tomar AAS com dengue. A resposta é não, e o motivo é mais sério do que parece.

    Embora o AAS (ácido acetilsalicílico) seja usado para dor, febre e até para proteger o coração, ele aumenta o risco de sangramentos, o que pode ser extremamente perigoso durante a infecção pelo vírus da dengue.

    A dengue é uma doença que afeta diretamente os vasos sanguíneos e as plaquetas, células que ajudam a estancar sangramentos. Por isso, qualquer substância que interfira na coagulação do sangue pode transformar um quadro leve em uma situação de risco.

    O que o AAS faz no organismo

    O AAS é antitérmico, analgésico e anti-inflamatório, mas também age como antiplaquetário. Com isso, ele inibe a agregação das plaquetas, ou seja, faz com que o sangue demore mais para coagular.

    Essa ação é muito boa para quem precisa prevenir infarto ou AVC, mas é perigosa quando há uma infecção como a dengue, pois provoca fragilidade nos vasos sanguíneos e redução das plaquetas.

    O que acontece se tomar AAS com dengue

    Durante a dengue, o vírus pode causar queda no número de plaquetas e aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, o que já predispõe a sangramentos. Quando a pessoa toma AAS, o risco aumenta ainda mais, porque:

    • As plaquetas perdem a capacidade de “grudar” umas nas outras;
    • Pequenos vasos podem se romper com facilidade;
    • Há maior chance de hemorragias internas, como no trato gastrointestinal ou em órgãos vitais, e isso é muito perigoso.

    Esses sangramentos podem se manifestar como manchas roxas pelo corpo, sangramento nasal, gengival ou nas fezes, que são sinais de alerta que precisam de atendimento médico imediato.

    Outros remédios que também devem ser evitados

    Além do AAS, outros remédios com efeito semelhante sobre as plaquetas ou a coagulação também são contraindicados, como:

    • Anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco);
    • Medicamentos combinados que contenham AAS;
    • Anticoagulantes (como varfarina ou rivaroxabana).

    Esses medicamentos podem agravar a dengue e dificultar o controle de sangramentos.

    Veja mais: Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    O que é seguro usar na dengue

    Para aliviar os sintomas, a recomendação médica é simples:

    • Paracetamol ou dipirona são considerados seguros para controlar febre e dor;
    • Muita hidratação é essencial, tanto por via oral, como água, soro e sucos, como, em alguns casos, com soro na veia;
    • Repouso, pois ele ajuda o corpo a se recuperar.

    Qualquer outro medicamento deve ser prescrito e acompanhado por um profissional de saúde, especialmente se o paciente já usa remédios contínuos.

    Quando o AAS pode voltar a ser usado

    Quem toma AAS diariamente por prescrição (por exemplo, após infarto ou AVC) deve consultar o médico assim que houver suspeita de dengue. O profissional avaliará o risco de interromper o uso temporariamente e o melhor momento para retomar o tratamento, sempre com segurança e acompanhamento.

    Confira: Dentro de casa e no quintal: os 7 esconderijos mais comuns do mosquito da dengue

    Perguntas frequentes sobre tomar AAS com dengue

    1. Por que tomar AAS com dengue é perigoso?

    Porque ele inibe a ação das plaquetas e aumenta o risco de sangramentos, que já é alto na doença.

    2. Posso tomar AAS se ainda não tiver certeza de que é dengue?

    Não. Em caso de febre alta e suspeita de dengue, evite AAS e anti-inflamatórios até que o médico confirme ou descarte o diagnóstico.

    3. Quais remédios posso tomar para aliviar a febre?

    Paracetamol ou dipirona são as opções mais seguras, desde que usados nas doses recomendadas.

    4. E se eu já uso AAS por causa do coração?

    Procure o médico imediatamente. Em alguns casos, o uso pode ser suspenso temporariamente durante a infecção.

    5. Como saber se estou tendo sangramento pela dengue?

    Manchas roxas, sangramento nasal, gengival, vômitos com sangue ou fezes escuras são sinais de alerta para procurar atendimento médico imediatamente.

    Veja também: Veja por que você pode pegar dengue até quatro vezes

  • Cobre: para que serve e qual a importância para a saúde 

    Cobre: para que serve e qual a importância para a saúde 

    Você talvez nunca tenha parado para pensar no cobre, mas ele está presente em quase tudo o que mantém o corpo funcionando bem. Esse mineral essencial participa da formação do sangue, da estrutura dos ossos, da produção de energia e até do bom funcionamento do cérebro.

    Com a alimentação moderna cada vez mais baseada em alimentos processados e pobre em minerais traço, garantir cobre suficiente é um cuidado importante no dia a dia. A seguir, entenda por que o cobre é fundamental, como o corpo o utiliza, quais sinais indicam deficiência e onde encontrá-lo nos alimentos.

    O que é o cobre e por que é essencial

    O cobre é um mineral que o corpo não produz — portanto, precisa ser obtido pela alimentação. Embora seja necessário em pequenas quantidades, é vital para diversas funções do organismo:

    • Atua como cofator de enzimas envolvidas na produção de energia, no metabolismo do ferro e na síntese de neurotransmissores;
    • Ajuda na absorção de ferro, na formação da hemoglobina (células vermelhas do sangue) e no transporte de oxigênio;
    • É importante para a formação de tecidos conjuntivos (ossos e cartilagens), na proteção antioxidante e no funcionamento do sistema nervoso.

    Principais benefícios do cobre para a saúde

    1. Formação de sangue e metabolismo do ferro

    O cobre é essencial para o metabolismo do ferro. Quando há deficiência, a absorção de ferro é prejudicada e a produção de células vermelhas do sangue diminui, podendo causar anemia e fadiga.

    2. Sistema imunológico e defesa antioxidante

    O cobre participa da maturação dos glóbulos brancos e da formação de enzimas antioxidantes, que protegem as células contra os radicais livres e fortalecem o sistema imunológico.

    3. Ossos, articulações e tecido conjuntivo

    Esse mineral é necessário para a integridade dos ossos e das articulações. Bons níveis de cobre contribuem para um sistema esquelético mais resistente e saudável.

    4. Saúde cerebral e nervosa

    O cobre auxilia no desenvolvimento e manutenção do sistema nervoso e participa da síntese de neurotransmissores ligados à memória, ao aprendizado e ao equilíbrio emocional.

    Fontes alimentares de cobre e absorção

    Uma alimentação equilibrada é suficiente para suprir as necessidades de cobre. As principais fontes são:

    • Fígado, ostras e outros frutos do mar;
    • Nozes e castanhas;
    • Sementes (girassol, abóbora);
    • Leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico);
    • Grãos integrais;
    • Chocolate amargo.

    A absorção do cobre pode ser reduzida quando há excesso de outros minerais, como o zinco, ou em dietas muito restritivas.

    Deficiência de cobre: sinais e fatores de risco

    Quando o consumo ou a absorção de cobre é insuficiente, podem surgir sintomas como:

    • Palidez, fadiga e anemia;
    • Neutropenia (redução de glóbulos brancos);
    • Problemas ósseos e articulares;
    • Crescimento comprometido em crianças;
    • Alterações neurológicas e imunológicas em casos graves.

    Os fatores de risco incluem dietas muito restritivas, absorção intestinal prejudicada, excesso de zinco e doenças que afetam a nutrição.

    Quanto cobre precisamos e quando suplementar

    Em adultos saudáveis, a ingestão diária recomendada é de aproximadamente 0,9 mg (900 µg). Gestantes e lactantes têm necessidades maiores.

    A suplementação deve ser feita somente com indicação médica. O excesso de cobre pode causar intoxicação, náuseas, danos hepáticos e até desequilíbrios neurológicos. Se houver suspeita de deficiência, é importante buscar orientação de um médico ou nutricionista antes de usar suplementos.

    Veja mais: Anemia carencial: o que acontece quando faltam nutrientes no sangue

    Perguntas frequentes sobre cobre

    1. O que acontece se eu tiver deficiência de cobre?

    A falta de cobre pode causar anemia, baixa imunidade, problemas ósseos e, em casos graves, alterações neurológicas.

    2. Posso tomar suplemento de cobre “só para garantir”?

    Não. A maioria das pessoas obtém o cobre necessário pela alimentação. A suplementação só é indicada em casos de deficiência comprovada ou risco específico, pois o excesso pode ser tóxico.

    3. Vegetarianos ou veganos têm mais risco de deficiência?

    Sim, pois as fontes vegetais de cobre podem ter absorção menor. A solução é garantir variedade na dieta e, se necessário, buscar acompanhamento nutricional.

    4. Como o cobre ajuda no cérebro?

    Ele participa da formação de neurotransmissores, protege as células cerebrais contra a oxidação e mantém o bom funcionamento do sistema nervoso.

    5. O que interfere na absorção de cobre?

    O excesso de zinco, dietas muito restritivas, distúrbios intestinais e algumas doenças podem reduzir a absorção do mineral.

    6. Cobre ajuda na cicatrização?

    Sim. O cobre faz parte de enzimas que participam da formação de colágeno e da regeneração dos tecidos, favorecendo a cicatrização.

    7. Quando devo me preocupar com excesso de cobre?

    O excesso ocorre principalmente por suplementação inadequada ou por doenças genéticas, como a doença de Wilson, que impede o corpo de eliminar o cobre. Nesses casos, há risco de danos hepáticos e neurológicos. Sempre consulte um profissional de saúde.

    Veja mais: Ferro: saiba mais sobre o papel do ferro no organismo

  • Drogas Z: o que são, como funcionam e quando são seguras

    Drogas Z: o que são, como funcionam e quando são seguras

    Nos últimos anos, o nome zolpidem se tornou comum nas conversas sobre insônia. Esses medicamentos, conhecidos como “drogas Z”, foram apresentados como uma solução moderna e menos arriscada do que os calmantes tradicionais usados por gerações anteriores — os famosos benzodiazepínicos, como clonazepam, alprazolam e bromazepam.

    Mas será que as drogas Z cumprem essa promessa? Segundo o psiquiatra Luiz Dieckmann e a neurologista Paula Dieckmann, o segredo não está em demonizar ou glorificar os medicamentos, e sim em entender quando, como e por quanto tempo eles devem ser usados.

    O que são as drogas Z e para que servem

    As chamadas “drogas Z” são uma classe de medicamentos hipnóticos, usados para tratar a insônia e ajudar o corpo a adormecer. Os principais representantes são:

    • Zolpidem (de liberação imediata ou prolongada);
    • Zopiclona;
    • Eszopiclona.

    Elas foram desenvolvidas para promover o sono com menos efeitos colaterais do que os benzodiazepínicos. Atuam em áreas do cérebro ligadas ao relaxamento e ao sono, estimulando principalmente os receptores do adormecimento — e não aqueles ligados ao relaxamento muscular ou efeito anticonvulsivante.

    Assim, tendem a causar menos sonolência diurna, fraqueza muscular e menor risco de dependência em comparação com alguns benzodiazepínicos. Ainda assim, são medicamentos controlados, indicados apenas por tempo limitado e sob acompanhamento médico, pois também podem causar tolerância e dependência se usados de forma prolongada.

    Por que elas surgiram e o que mudou em relação aos benzodiazepínicos

    Durante décadas, fármacos como alprazolam (Frontal), bromazepam (Lexotan) e clonazepam (Rivotril) foram amplamente usados para ansiedade e insônia.

    “Essas drogas causam tolerância e dependência, o que significa que o corpo vai se acostumando e exigindo doses cada vez maiores”, explica a neurologista Paula Dieckmann.

    Foi nesse contexto que surgiram as drogas Z, com a promessa de menor risco de dependência e ação mais direcionada ao sono. No entanto, o psiquiatra Luiz Dieckmann faz um alerta:

    “Não existe remédio ruim, existe medicamento mal utilizado. Assim como os benzodiazepínicos não são vilões, as drogas Z também não são. Quando bem indicadas, na dose certa e pelo tempo adequado, podem ser aliadas valiosas no tratamento desses pacientes”.

    Riscos e cuidados no uso das drogas Z

    Apesar dos benefícios, o uso prolongado ou inadequado pode trazer riscos. Entre os efeitos colaterais descritos em estudos estão:

    • Sonolência excessiva no dia seguinte;
    • Tontura e confusão mental;
    • Alterações de memória;
    • Comportamentos automáticos (andar ou comer dormindo);
    • Dependência e tolerância com o uso prolongado.

    Esses medicamentos devem ser prescritos com cautela, especialmente em idosos, devido ao risco aumentado de quedas e prejuízos cognitivos. Jamais use sem orientação médica.

    Tratamentos alternativos e complementares

    Além dos medicamentos, há estratégias que melhoram o sono de forma natural e duradoura:

    • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para insônia — considerada o tratamento mais eficaz a longo prazo;
    • Atividade física regular;
    • Redução de cafeína, nicotina e álcool;
    • Rotina de sono consistente, com horários regulares para dormir e acordar.

    Essas medidas reduzem a necessidade de medicamentos e promovem um sono mais natural e restaurador.

    Leia mais: Tem insônia? Veja o que fazer para voltar a dormir bem

    Veja mais aqui:

     

    Perguntas frequentes sobre drogas Z

    1. O que são as drogas Z?

    São medicamentos hipnóticos usados para tratar insônia. Os principais são zolpidem, zopiclona e eszopiclona.

    2. Elas causam dependência?

    Sim. Embora o risco seja menor que o dos benzodiazepínicos, podem causar dependência se usadas por períodos longos ou sem supervisão médica.

    3. Posso tomar zolpidem todos os dias?

    Não sem orientação médica. O uso contínuo aumenta o risco de tolerância (necessidade de doses maiores) e dependência.

    4. Drogas Z são mais seguras que calmantes como Rivotril?

    Depende do caso. Elas têm menor potencial de dependência, mas podem causar sonolência diurna e outros efeitos. Ambas requerem acompanhamento profissional.

    5. O que é melhor para tratar insônia: remédio ou terapia?

    A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é o tratamento de primeira escolha para insônia crônica. Os medicamentos devem ser usados por tempo limitado e apenas quando indicados.

    6. Por que algumas pessoas fazem coisas dormindo ao usar zolpidem?

    Esse é um efeito colateral chamado automatismo do sono, quando a pessoa realiza ações (como andar ou comer) sem consciência. O uso precisa ser reavaliado imediatamente.

    7. É perigoso misturar drogas Z com álcool ou outros remédios?

    Sim. A combinação aumenta a sedação e pode causar confusão mental, quedas ou até parada respiratória.

    Veja também: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde

  • ‘Bebês Ozempic’: como os análogos do GLP-1 impactam a fertilidade?

    ‘Bebês Ozempic’: como os análogos do GLP-1 impactam a fertilidade?

    Inicialmente criados para o tratamento de diabetes tipo 2, os remédios análogos do GLP-1, como o Ozempic, também se tornaram populares para a perda de peso. Eles funcionam imitando a ação de um hormônio produzido no intestino, responsável por controlar a glicose no sangue e aumentar a sensação de saciedade.

    Mas, nos últimos anos, com o crescimento acelerado do uso dos medicamentos, começaram a surgir relatos curiosos sobre outros possíveis efeitos: mulheres que antes enfrentavam dificuldades para engravidar acabaram gestando após o início do tratamento. Nas redes sociais, o fenômeno ganhou um apelido que rapidamente viralizou — os chamados “bebês Ozempic”.

    Mas, afinal, existe relação entre os agonistas de GLP-1 e a fertilidade? Para esclarecer as principais dúvidas (e trazer orientações), conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza.

    O que são os agonistas do GLP-1 e como eles funcionam?

    O GLP-1 (glucagon-like peptide-1) é um hormônio produzido pelo intestino logo após as refeições. Ele ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue ao estimular a liberação de insulina, reduzir a secreção de glucagon e retardar o esvaziamento gástrico. Também aumenta a sensação de saciedade, favorecendo a redução natural da ingestão de calorias.

    Como o GLP-1 é rapidamente degradado pelo organismo, surgiram os agonistas do GLP-1 (GLP-1 RAs), medicamentos que imitam sua ação, mas permanecem ativos por mais tempo, trazendo efeitos prolongados no controle metabólico e no auxílio ao emagrecimento.

    Um dos mais conhecidos é a semaglutida (Ozempic). Além do efeito metabólico, ela atravessa a barreira hematoencefálica e age em áreas do cérebro relacionadas ao craving (compulsão por comida), reduzindo o apetite e o comportamento compulsivo.

    Como resultado, a pessoa tende a comer menos, perder peso e melhorar condições associadas, como resistência à insulina e síndrome metabólica — fatores que impactam diretamente a saúde reprodutiva e a fertilidade feminina.

    Como a obesidade e o metabolismo influenciam a fertilidade feminina?

    A obesidade é um dos principais fatores que afetam a fertilidade. O excesso de gordura corporal contribui para o desequilíbrio hormonal, pois o tecido adiposo também produz hormônios. Isso pode levar a ciclos irregulares, ausência de ovulação e dificuldade para engravidar.

    Outro ponto é a resistência à insulina, comum em mulheres com sobrepeso/obesidade. Quando o corpo não responde bem à insulina, ele produz mais hormônio, o que aumenta a produção de androgênios (hormônios masculinos). Esse desequilíbrio atrapalha o amadurecimento e a liberação do óvulo.

    Exemplo frequente é a síndrome dos ovários policísticos (SOP), que afeta cerca de 6% a 10% das mulheres em idade reprodutiva: ciclos irregulares, anovulação e impacto na fertilidade.

    Nesse cenário, os análogos de GLP-1 podem auxiliar ao:

    • Reduzir o peso corporal;
    • Melhorar a sensibilidade à insulina;
    • Reequilibrar os hormônios sexuais;
    • Favorecer o retorno da ovulação.

    Segundo Andreia, mulheres com SOP que emagrecem (especialmente com obesidade) muitas vezes restabelecem o equilíbrio hormonal apenas com a perda de peso, voltando a menstruar regularmente após meses de amenorreia. Por isso, a perda de peso é parte fundamental do tratamento, e o uso de GLP-1 pode ser uma abordagem útil — sempre com orientação profissional.

    Os agonistas do GLP-1 podem interferir no anticoncepcional?

    Até o momento, não há evidências robustas de redução da eficácia da pílula anticoncepcional em usuárias de agonistas do GLP-1.

    No entanto, esses fármacos alteram a motilidade gastrointestinal e podem retardar a absorção de medicamentos orais, inclusive contraceptivos. Na prática, as pílulas costumam ter dose suficiente para manter a eficácia, mesmo com absorção mais lenta.

    Ainda assim, recomenda-se considerar métodos que não dependam da via oral (DIU, implantes, adesivos, anéis, injetáveis) durante o uso de GLP-1, sobretudo em quem não deseja engravidar.

    Existe risco para o bebê ao engravidar durante o uso de GLP-1?

    Faltam dados de segurança na gestação; portanto, não se recomenda o uso de agonistas do GLP-1 durante a gravidez.

    Se a mulher descobrir que está grávida enquanto usa Ozempic ou similares, deve interromper imediatamente e procurar orientação médica. O mesmo cuidado vale para a lactação, pois não se sabe se o medicamento é excretado no leite materno.

    Em gestação planejada, recomenda-se suspender com antecedência:

    • Versões diárias: alguns dias podem bastar;
    • Versões semanais (ex.: semaglutida): cerca de duas semanas para eliminação;
    • Ainda assim, prefere-se suspender 1 a 2 meses antes de tentar engravidar.

    Engravidei tomando Ozempic. E agora?

    Interrompa o uso imediatamente e procure seu médico. Não há estudos controlados em gestantes, e os efeitos sobre o desenvolvimento fetal são incertos.

    Para gestantes com diabetes tipo 2, uma alternativa é a metformina, medicamento amplamente estudado e considerado seguro na gestação. Ela não promove perda de peso, mas auxilia no controle da resistência insulínica.

    Veja também: Wegovy e Ozempic: como funcionam para perda de peso

    Perguntas frequentes

    Tomar Ozempic pode atrapalhar quem já está tentando engravidar?

    De forma direta, não. Porém, o medicamento não deve ser usado na gravidez pela falta de dados de segurança. Se estiver em fase ativa de tentativas, suspenda o uso 1–2 meses antes de buscar a concepção.

    Os agonistas do GLP-1 são indicados como tratamento para infertilidade?

    Não. Eles não são indutores de fertilidade. Foram desenvolvidos para diabetes tipo 2 e aprovados para obesidade. O benefício na fertilidade é indireto: melhora metabólica, menor resistência insulínica e perda de peso tendem a favorecer a ovulação.

    Existe diferença entre o efeito do Ozempic e de outros agonistas do GLP-1 na fertilidade?

    Os efeitos de classe são semelhantes (controle glicêmico, menor apetite, perda de peso). A semaglutida (Ozempic/Wegovy) costuma ser mais potente para emagrecimento do que a liraglutida, o que pode trazer impacto indireto maior na ovulação devido à maior redução ponderal.

    Quero engravidar, mas tenho diabetes tipo 2. O que fazer?

    Converse com seu ginecologista/endócrino. Em geral, substitui-se GLP-1 por fármacos com segurança estabelecida na gestação, como metformina ou, em alguns casos, insulina, antes de tentar engravidar.

    Resistência à insulina sem SOP também afeta a fertilidade?

    Sim. Mesmo sem SOP, a hiperinsulinemia pode elevar andrógenos ovarianos e prejudicar a ovulação. O manejo do peso, da resistência insulínica e do estilo de vida ajuda a restabelecer ciclos ovulatórios.

    Leia também: Ozempic na gravidez: por que não é seguro usar