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  • Por que comer devagar muda sua relação com a comida e melhora a saúde 

    Por que comer devagar muda sua relação com a comida e melhora a saúde 

    Em um mundo cada vez mais acelerado, é comum que as refeições sejam feitas às pressas, entre compromissos, em frente ao computador ou ao celular, sem atenção ao que está no prato. Mas esse hábito tão comum pode trazer impactos para o peso, a digestão e até a saúde do coração.

    Comer devagar é mais do que uma questão de etiqueta, mas um gesto de autocuidado. Estudos mostram que mastigar bem e reduzir o ritmo das refeições ajudam a controlar o apetite, melhorar a digestão e evitar o excesso de peso, que é um dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares.

    A seguir, entenda por que desacelerar à mesa pode transformar sua relação com a comida e trazer benefícios reais para o corpo e para a mente.

    1. Comer devagar ajuda o cérebro a perceber a saciedade

    Quando comemos depressa, o corpo não tem tempo de reconhecer que já está satisfeito. O cérebro leva em média 15 a 20 minutos para receber o sinal de saciedade enviado pelo estômago. Nesse intervalo, é fácil ingerir mais do que o necessário.

    Comer devagar permite que o organismo regule melhor os hormônios do apetite, como a leptina e a grelina, evitando exageros que, de forma direta, ajudam no controle do peso.

    Reserve ao menos 20 minutos para cada refeição principal, mastigue bem e esteja presente, evitando distrações como televisão ou celular.

    2. Mastigar bem melhora a digestão e evita desconfortos

    A digestão começa na boca. Mastigar bem os alimentos facilita o trabalho do estômago e do intestino, prevenindo azia, refluxo, gases e sensação de estufamento. A mastigação adequada também aumenta a liberação de saliva, que contém enzimas digestivas importantes.

    3. Comer devagar ajuda a controlar o peso corporal

    Pessoas que comem devagar consomem menos calorias e sentem-se satisfeitas com porções menores. Esse hábito contribui para o equilíbrio do peso corporal, um fator muito importante na prevenção de pressão alta, diabetes e doenças cardiovasculares.

    Uma dica é colocar o talher na mesa entre uma garfada e outra, pois é uma forma de reduzir o ritmo das refeições e aumentar a atenção ao sabor e à textura dos alimentos.

    4. Alimentar-se com calma melhora a relação emocional com a comida

    Comer devagar também é uma forma de alimentação consciente (também chamada de mindful eating), que estimula o foco no presente e ajuda a reconhecer os sinais reais de fome e saciedade.

    Isso reduz episódios de comer por ansiedade, tédio ou estresse, situações comuns que levam ao ganho de peso e à piora da saúde metabólica. Por isso, procure transformar as refeições em pausas do dia. Comer com calma é uma maneira de relaxar e cuidar das emoções.

    5. Comer devagar faz bem para o coração

    O sobrepeso e a obesidade estão relacionados ao aumento da pressão arterial, colesterol e glicemia, todos fatores de risco cardiovascular. Ao comer com mais atenção e no ritmo certo, há maior controle sobre o quanto se consome e menor chance de sobrecarregar o organismo com excesso de sal, gordura e açúcar.

    A boa alimentação não depende apenas do que se come, mas também de como se come. Fazer das refeições um momento calmo e consciente é uma forma simples de prevenir doenças.

    Leia também: Fome emocional: o que é, sintomas e como controlar

    6. Comer com calma melhora o sono

    Refeições agitadas, rápidas e muito próximas do horário de dormir podem causar má digestão e dificultar o descanso. Já comer devagar e mais cedo, especialmente no jantar, ajuda na digestão e melhora a qualidade do sono.

    Perguntas frequentes sobre comer devagar

    1. Comer devagar realmente ajuda a emagrecer?

    Sim. O cérebro precisa de tempo para registrar a saciedade. Ao comer devagar, você tende a comer menos e sentir-se satisfeito com porções menores.

    2. Mastigar mais faz diferença na digestão?

    Sim. A mastigação é o primeiro passo da digestão e facilita o trabalho do estômago e do intestino.

    3. Comer rápido faz mal para o coração?

    Indiretamente, sim. O hábito pode levar ao ganho de peso e aumentar o risco de pressão alta, colesterol alto e diabetes, fatores que afetam o coração.

    4. Existe um número ideal de mastigações por garfada?

    Não há um número exato, mas recomenda-se mastigar até o alimento estar bem triturado, o que costuma levar de 15 a 20 mastigações.

    5. Por que comemos rápido mesmo sem fome?

    Geralmente por ansiedade, estresse ou distrações. Comer de forma consciente ajuda a identificar se é fome real ou emocional.

    6. É possível treinar o corpo para comer mais devagar?

    Sim. Fazer pausas entre as garfadas, evitar telas e prestar atenção ao sabor dos alimentos ajudam o cérebro a, pouco a pouco, se acostumar com o novo ritmo.

    Veja mais: Food noise: por que você não para de pensar em comida

  • Teste do Pezinho: tudo o que os pais precisam saber 

    Teste do Pezinho: tudo o que os pais precisam saber 

    Nos primeiros dias de vida, um simples exame é capaz de mudar completamente o futuro de uma criança. O Teste do Pezinho, conhecido oficialmente como triagem neonatal, identifica doenças graves antes que os sintomas apareçam, e permite iniciar o tratamento imediatamente. Esse cuidado precoce evita sequelas, reduz internações e pode salvar vidas.

    Criado há mais de duas décadas como política pública de saúde, o teste faz parte da rotina de todos os recém-nascidos no Brasil. Mesmo sendo um procedimento rápido e quase indolor, seu impacto é enorme: quanto mais cedo as doenças são detectadas, maiores as chances de desenvolvimento saudável.

    Como surgiu o Teste do Pezinho no Brasil

    A triagem neonatal começou a ganhar destaque mundial na década de 1960, após recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o primeiro passo foi dado em 1976, com um projeto pioneiro em São Paulo coordenado pelo professor Benjamin Schmidt, focado na detecção da fenilcetonúria (PKU).

    Em 2001, o Ministério da Saúde instituiu oficialmente o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), conhecido como Teste do Pezinho. Desde então, o exame tornou-se gratuito e obrigatório para todos os bebês nascidos no país.

    Como o exame é feito

    O procedimento é simples, rápido e seguro:

    • O profissional faz uma pequena picada no calcanhar do bebê;
    • Algumas gotas de sangue são coletadas em um papel especial;
    • A coleta deve ocorrer entre o 3º e o 5º dia de vida;
    • Não é necessário jejum.

    O exame pode ser feito em UBS, maternidades, casas de parto e outros serviços autorizados.

    Esse intervalo é importante porque aumenta a precisão dos resultados.

    Por que o Teste do Pezinho é tão importante

    O exame identifica doenças genéticas, metabólicas, endócrinas e infecciosas antes dos primeiros sintomas. Esse diagnóstico precoce:

    • Evita complicações graves;
    • Previne deficiência intelectual;
    • Reduz risco de sequelas permanentes;
    • Salva vidas;
    • Garante que o bebê receba tratamento adequado o quanto antes.

    O que o Teste do Pezinho detecta pelo SUS

    O SUS oferece a versão ampliada, que identifica sete doenças:

    • Fenilcetonúria (PKU): impede o metabolismo adequado da fenilalanina;
    • Hipotireoidismo congênito: pode afetar crescimento e desenvolvimento neurológico;
    • Doença falciforme e outras hemoglobinopatias: provocam anemia e complicações no sangue;
    • Fibrose cística: afeta pulmões e sistema digestivo;
    • Hiperplasia adrenal congênita: envolve alterações hormonais importantes;
    • Deficiência de biotinidase: prejudica o uso da biotina (vitamina B7);
    • Toxoplasmose congênita: infecção transmitida da mãe para o bebê durante a gestação.

    O teste é uma triagem: caso o resultado seja positivo, novos exames confirmatórios são realizados antes do encaminhamento para especialistas.

    Outras versões do teste

    Na rede privada, há versões mais completas, como:

    • Teste do Pezinho Plus;
    • Teste do Pezinho Master;

    Eles podem detectar dezenas de outras doenças, como:

    Essas versões são opcionais e variam conforme laboratório e plano de saúde.

    Como funciona o Programa Nacional de Triagem Neonatal

    O PNTN organiza todas as etapas do processo para garantir eficácia:

    • Coleta correta e dentro do prazo;
    • Envio rápido da amostra;
    • Análise laboratorial segura;
    • Comunicação eficiente dos resultados;
    • Encaminhamento para centros de referência.

    Acompanhamento contínuo das crianças diagnosticadas.

    O Ministério da Saúde mantém um banco de dados nacional para monitorar e garantir qualidade.

    Atenção dos pais e dos profissionais de saúde

    O pediatra e a equipe de saúde devem orientar sobre:

    • A importância do exame;
    • O prazo ideal de coleta;
    • Situações que exigem repetição (prematuridade, transfusão, internação em UTI neonatal).

    Mesmo fora do período ideal, fazer o teste ainda é importante. O diagnóstico tardio pode não ser perfeito, mas ainda ajuda a direcionar cuidados e tratamento.

    Um direito de todos os bebês

    O Teste do Pezinho é um direito da criança e um dever do Estado. Representa um avanço enorme na saúde pública brasileira, garantindo proteção logo nos primeiros dias de vida.

    Converse com a equipe de saúde durante o pré-natal, organize a coleta e não deixe de realizar o exame. Um gesto simples, rápido e acessível pode transformar o futuro do seu bebê.

    Veja mais: Teste da orelhinha: para que serve e como é feito

    Perguntas frequentes sobre o Teste do Pezinho

    1. Dói muito no bebê?

    A picada é rápida e causa apenas um leve incômodo.

    2. E se eu perder o prazo de 3 a 5 dias?

    Ainda é possível fazer o exame. Procure a unidade de saúde o quanto antes.

    3. O teste é obrigatório?

    Sim. É gratuito e faz parte da triagem neonatal em todo o Brasil.

    4. O Teste do Pezinho substitui outros exames?

    Não. Ele é uma triagem. Exames confirmatórios podem ser necessários.

    5. O teste detecta todas as doenças genéticas?

    Não. Ele identifica apenas as condições incluídas no painel oferecido pelo SUS ou plano privado.

    6. Bebês que ficaram na UTI precisam repetir o exame?

    Em alguns casos, sim. Prematuridade, transfusão e outras situações podem exigir nova coleta.

    7. O que acontece se o resultado vier alterado?

    O bebê é encaminhado para exames confirmatórios e para especialistas, se necessário.

    Veja mais: 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

  • Câncer de próstata: veja por que você precisa ficar de olho

    Câncer de próstata: veja por que você precisa ficar de olho

    Sendo o segundo tumor mais comum em homens no Brasil, atrás somente do câncer de pele não melanoma, o câncer de próstata costuma surgir de forma silenciosa, sem causar sintomas nas fases iniciais. Por crescer mais lentamente, ele tende a passar despercebido ao longos dos anos — e, em muitos casos, o diagnóstico só é feito durante exames de rotina

    Quando é identificado ainda no início, o tratamento tende a ser menos agressivo e apresenta altas taxas de sucesso, evitando complicações e preservando a qualidade de vida. Entenda mais, a seguir.

    O que é câncer de próstata e como se desenvolve?

    O câncer de próstata é um tumor maligno que se origina nas células da glândula prostática, situada logo abaixo da bexiga e responsável por produzir parte do fluido seminal. A doença costuma surgir a partir de alterações genéticas que fazem as células prostáticas perderem o controle sobre o próprio ciclo de vida: deixam de morrer no ritmo esperado, passam a se multiplicar sem limite e formam um tumor.

    Na maior parte dos casos, o crescimento acontece de forma lenta e silenciosa, e muitos homens sequer apresentam sintomas ao longo dos anos.

    O processo normalmente começa com lesões microscópicas, chamadas de neoplasias intraepiteliais, que podem evoluir ao longo de anos até virar um tumor detectável. Durante a progressão, alterações no DNA das células vão se acumulando, favorecendo a expansão do tecido doente.

    O que causa câncer na próstata?

    As causas do câncer de próstata não são únicas ou conhecidas, mas a doença apresenta alguns fatores de risco importantes, como:

    • Idade: com o passar do tempo, o organismo acumula mutações naturais, e a capacidade de reparar danos no DNA diminui, favorecendo o surgimento de células malignas. Por isso, o risco de câncer de próstata cresce de maneira expressiva após os 50 anos;
    • Histórico familiar: homens com parentes de primeiro grau que tiveram a doença, como pai ou irmão, apresentam risco maior de desenvolver câncer de próstata
    • Sobrepeso e obesidade: o excesso de gordura corporal favorece inflamação crônica e alterações metabólicas que podem aumentar a probabilidade de tumores mais agressivos, além de dificultar a detecção em fases iniciais;
    • Tabagismo: substâncias tóxicas presentes no cigarro estão associadas a maior risco de neoplasias em geral, incluindo tumores prostáticos mais avançados;
    • Alimentação rica em gorduras saturadas: consumo frequente de carnes gordurosas, frituras e ultraprocessados pode contribuir para inflamação sistêmica e acúmulo de danos celulares;
    • Exposição ocupacional a substâncias químicas: contato prolongado com derivados do petróleo, pesticidas e compostos industriais pode elevar o risco em alguns grupos profissionais.

    Segundo o oncologista Thiago Chadid, com o passar dos anos, com a queda progressiva da testosterona e o envelhecimento natural do organismo, a próstata costuma aumentar de tamanho, o que é algo normal.

    As células podem apenas aumentar e se multiplicar sem mutações (quadro de hiperplasia benigna) ou podem sofrer mutações durante o envelhecimento, originando o adenocarcinoma (câncer de próstata).

    Sintomas de câncer de próstata

    Na fase inicial, o câncer de próstata tem uma evolução silenciosa e, na maioria dos casos, não apresenta sintomas. Quando isso acontece, o Ministério da Saúde aponta que podem surgir sinais semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (hiperplasia benigna prostática), como:

    • Dificuldade de urinar;
    • Demora em começar e terminar de urinar;
    • Sangue na urina;
    • Diminuição do jato de urina;
    • Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.

    Na fase avançada, o tumor pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.

    Como é feito o diagnóstico de câncer de próstata?

    O diagnóstico é feito por um médico urologista a partir de uma avaliação clínica e exames clínicos, laboratoriais e de imagem. O médico inicia pela análise de sintomas, histórico familiar, idade e fatores de risco. A partir daí, ele solicita exames capazes de identificar alterações na glândula mesmo antes do aparecimento de sinais clínicos, como:

    • PSA: exame de sangue que mede o antígeno prostático específico, proteína produzida pela próstata que pode subir diante de inflamação, hiperplasia benigna ou tumor;
    • Ultrassom de próstata: exame utilizado para avaliar tamanho, textura e possíveis áreas suspeitas, além de servir como guia para procedimentos complementares;
    • Toque retal: exame clínico que permite avaliar consistência, presença de nódulos ou regiões endurecidas incompatíveis com padrão normal.

    Para confirmar o câncer de próstata é preciso fazer uma biópsia prostática, em que pequenos fragmentos de tecido são retirados da glândula com auxílio de agulhas finas guiadas por ultrassom ou ressonância magnética, para serem analisados em laboratório. A biópsia é indicada caso seja encontrada alguma alteração no exame de PSA ou no toque retal.

    A partir de que idade os exames de rastreamento são indicados?

    O acompanhamento preventivo normalmente começa entre 50 e 55 anos, período em que o risco de alterações prostáticas aumenta de forma significativa. Contudo, homens com maior vulnerabilidade, como aqueles com histórico familiar de câncer de próstata ou homens negros, devem iniciar a avaliação mais cedo, por volta dos 45 anos, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Urologia.

    Em situações específicas, quando o histórico familiar é muito forte ou há suspeita de predisposição genética, o urologista pode sugerir início ainda mais precoce, próximo dos 40 anos, sempre após avaliação individualizada.

    O rastreamento costuma envolver PSA e, quando indicado, ultrassonografia de próstata ou toque retal, mas a decisão final sobre quais exames realizar e com que frequência deve ser tomada em conjunto com o médico, considerando riscos, benefícios e perfil clínico de cada paciente.

    Importante: o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomendam o rastreamento do câncer de próstata em homens sem sinais ou sintomas. A decisão sobre investigar ou não deve ser tomada após compreender riscos e benefícios, sempre em diálogo com um profissional de saúde de confiança.

    O rastreamento é anual?

    De acordo com Thiago, o intervalo anual costuma ser suficiente para identificar alterações, porque mais de 90% dos tumores crescem de forma lenta. Existem exceções, pois tumores muito agressivos podem evoluir mais rápido, mas são raros.

    Mesmo assim, o homem deve ficar atento a sinais como sangue na urina, jato fraco, esforço para iniciar a micção, sensação de bexiga cheia após urinar e dor ao urinar ou evacuar. Quando os sintomas aparecem, é importante procurar o médico logo.

    Grau de agressividade: como funciona a escala de Gleason?

    A escala de Gleason é um sistema usado para medir a agressividade do câncer de próstata. O patologista analisa o tumor no microscópio, identifica dois padrões de crescimento celular e atribui notas de 1 a 5 para cada padrão. A soma gera o escore final, que varia de 2 a 10: quanto maior o valor, mais agressivo costuma ser o tumor.

    De acordo com Thiago Chadid, o câncer de próstata tem diferentes graus de agressividade — e a escala de Gleason é fundamental para distinguir esses padrões. Quando o tumor é bem diferenciado, as células ainda se parecem com o tecido normal, então ele recebe notas mais baixas na escala de Gleason, geralmente até 6 ou 7, e tende a crescer mais devagar.

    Quando é pouco diferenciado ou indiferenciado, as células perdem quase totalmente o padrão normal, crescem mais rápido e costumam ter Gleason 9 ou 10. Notas 7 e 8 representam uma faixa intermediária.

    A classificação importa porque se relaciona ao comportamento do PSA. A hiperplasia prostática benigna, por exemplo, costuma elevar bastante o PSA, que normalmente fica entre 2 e 4 ng/mL. Assim, quando um homem de 60 ou 70 anos apresenta PSA de 6, 8 ou 10, é preciso investigar se o motivo é benigno ou maligno. Tumores bem diferenciados (que costumam ser menos agressivos) podem produzir bastante PSA, o que ajuda a diferenciar alterações benignas de malignas.

    Já os tumores mais agressivos, os indiferenciados, muitas vezes não produzem PSA e podem aparecer com valores muito baixos, até próximos de zero. Nesses casos, o exame de toque retal é fundamental e permite detectar tumores agressivos que não elevam PSA e crescem de forma silenciosa.

    Como é feito o tratamento de câncer de próstata?

    O tratamento do câncer de próstata é definido de acordo com o tipo de tumor, o estágio da doença, o grau de agressividade pela escala de Gleason e o estado geral de saúde do paciente. A idade também pesa na escolha, segundo Thiago, porque o câncer se comporta de formas diferentes ao longo da vida, assim como a expectativa de vida e a capacidade de lidar com efeitos colaterais.

    Entre as abordagens utilizadas, orientadas pelo médico, é possível destacar:

    • Cirurgia (prostatectomia radical): é indicada principalmente para pacientes jovens ou para tumores de alto risco. É um procedimento eficaz, mas pode deixar sequelas como disfunção erétil e incontinência urinária, ainda mais quando o tumor já ocupa área extensa da glândula;
    • Radioterapia: funciona como alternativa menos invasiva, mas pode causar inflamações crônicas da bexiga e do reto. Após radioterapia, não é possível operar a região, pois os tecidos ficam endurecidos e perdem elasticidade, dificultando intervenções no futuro;
    • Bloqueio hormonal (castração química): é o tratamento inicial padrão para tumores avançados, e reduz drasticamente a testosterona, o que desacelera o tumor. A queda hormonal provoca sintomas semelhantes aos da menopausa: calor (fogachos), pele seca, instabilidade de humor, alterações intestinais e boca seca. Há também a opção de orquiectomia, retirada cirúrgica dos testículos, mais comum no SUS;
    • Quimioterapia: é usada apenas nas linhas mais avançadas, quando a doença já ultrapassou limites locais ou não responde ao bloqueio hormonal. É uma etapa mais intensa, reservada para situações de progressão;
    • Imunoterapia: utilizada em casos selecionados, principalmente quando há alterações genéticas específicas ou quando o tumor não responde às terapias convencionais. Ela estimula o sistema imunológico a reconhecer e atacar células malignas, podendo ser combinada a outros tratamentos conforme avaliação médica.

    Vale lembrar que a decisão é individualizada e leva em conta vários fatores que o urologista analisa para escolher o tratamento mais seguro e adequado para cada pessoa, sempre buscando controlar a doença sem prejudicar a qualidade de vida.

    Câncer de próstata tem cura?

    Quando diagnosticado ainda no início, o câncer de próstata pode chegar a 90% de chance de cura, segundo estudos. Thiago explica que é considerado cura quando, após o tratamento, o paciente passa 5 anos sem qualquer evidência da doença. O conceito vale principalmente para tumores mais agressivos e de evolução rápida.

    Já tumores indolentes, como alguns de mama e próstata, podem voltar após 10, 15 ou até 20 anos. Por isso, nesses casos, é mais usado o termo remissão: ausência de doença ativa, mas sem tempo suficiente para afirmar cura definitiva.

    Quando procurar ajuda médica?

    Alguns sintomas exigem avaliação urgente, pois podem indicar complicações graves:

    • Febre ou sinais de infecção;
    • Tosse com secreção espessa;
    • Diarreia com sangue;
    • Vômitos com sangue;
    • Sangramento nasal ou retal em volume significativo (mais que uma colher de sopa);
    • Inchaço repentino em pernas, braços, rosto ou peito, que pode indicar trombose;
    • Dor intensa em membro inchado;
    • Palidez extrema, tontura, desmaios;
    • Boca seca e sinais de desidratação;
    • Diarreia intensa (mais de cinco episódios ao dia).

    É possível prevenir o câncer de próstata?

    A melhor forma de reduzir o risco de câncer de próstata é adotar hábitos mais saudáveis ao longo da vida, como:

    • Alimentação equilibrada: uma dieta rica em verduras, legumes, frutas, grãos integrais e peixes ajuda a reduzir inflamações e proteger as células da próstata. O consumo de carnes vermelhas gordurosas, frituras e ultraprocessados deve ser limitado, pois favorecem ganho de peso e piora metabólica;
    • Manutenção do peso adequado: o sobrepeso e obesidade aumentam o risco de tumores mais agressivos. Controlar peso por meio de alimentação balanceada e atividade física regular, além de reduzir o risco, também contribui para melhorar a saúde em geral;
    • Atividade física regular: praticar exercícios ao menos 150 minutos por semana melhora a imunidade, reduz inflamação, ajuda no controle hormonal e contribui para o equilíbrio metabólico, fatores que influenciam diretamente o risco de câncer;
    • Evitar tabagismo: o cigarro está associado a tumores mais agressivos e maior mortalidade. Parar de fumar reduz risco de várias doenças e melhora o prognóstico mesmo em quem já recebeu diagnóstico de câncer;
    • Redução de álcool em excesso: consumo exagerado pode aumentar inflamação e favorecer alterações celulares;
    • Atenção ao histórico familiar: homens com familiares de primeiro grau diagnosticados devem iniciar acompanhamento mais cedo, por volta dos 45 anos, ou ainda antes em situações específicas;
    • Controle de comorbidades: hipertensão, diabetes e colesterol elevado contribuem para inflamação crônica, que pode influenciar a saúde da próstata. Tratar essas condições ajuda a reduzir riscos.

    Acompanhamento médico individualizado: a avaliação com o médico de confiança é importante para decidir quando e como investigar, considerando idade, histórico familiar e fatores de risco. Em alguns casos, PSA e toque retal são indicados após decisão compartilhada;

    Evitar sedentarismo e rotina estressante sem controle: o estresse crônico pode impactar hormônios e sistema imunológico. Técnicas de relaxamento, sono adequado e equilíbrio entre trabalho e descanso contribuem para saúde global.

    Leia também: Câncer: quais os principais fatores de risco?

    Perguntas frequentes

    1. Homens com câncer de próstata podem ter relações sexuais?

    Homens com câncer de próstata podem ter relações sexuais, pois a próstata não é responsável pela ereção. Contudo, durante o tratamento, dependendo da resposta de cada pessoa, ele pode apresentar alguns problemas, como na ereção ou na libido.

    Por isso, é importante que o paciente converse abortamento com o médico para encontrar maneiras de lidar com a situação e adaptar a vida sexual — o que inclui focar em mais intimidade e comunicação, e explorar tratamentos auxiliares para a disfunção erétil. Em alguns casos, o homem recupera a função sexual ao longo do tempo.

    2. A atividade física reduz a chance de desenvolver câncer de próstata?

    A prática regular de exercícios fortalece o sistema imune, melhora a circulação, reduz a inflamação e ajuda no equilíbrio hormonal, aspectos importantes para manter a próstata saudável.

    Além disso, ela previne obesidade e melhora a composição corporal, fatores ligados a tumores mais agressivos. Atividades como caminhadas, musculação, natação, ciclismo e pilates já trazem benefícios quando realizados ao menos 150 minutos por semana.

    3. Beber álcool em excesso prejudica a próstata?

    O consumo excessivo de álcool está ligado a inflamação crônica e pior funcionamento do sistema imune. As bebidas alcoólicas também favorecem ganho de peso, piora metabólica e aumento de gordura abdominal, fatores que agravam risco de alterações prostáticas.

    4. O que é próstata?

    A próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga e à frente do reto. Ela tem tamanho semelhante ao de uma noz e produz parte do líquido que compõe o sêmen, ajudando na proteção e no transporte dos espermatozoides. Com o avanço da idade, tende a aumentar de volume, o que pode causar sintomas urinários.

    5. O câncer de próstata é comum?

    O câncer de próstata é um dos tumores mais frequentes em homens, sobretudo após os 50 anos, sendo o segundo mais comum em homens no Brasil. O risco aumenta com o envelhecimento, histórico familiar e algumas condições metabólicas. A maioria cresce de forma lenta, mas há tumores agressivos que exigem diagnóstico precoce.

    6. Além do câncer de próstata, quais outros problemas podem acometer a próstata?

    A próstata pode apresentar diversos problemas ao longo da vida. A hiperplasia prostática benigna, por exemplo, causa aumento da glândula e sintomas como jato fraco, dificuldade para urinar e sensação de esvaziamento incompleto.

    Também podem ocorrer inflamações, como prostatites bacterianas ou não bacterianas, que provocam dor pélvica, desconforto ao urinar e febre em alguns casos.

    7. Quando a avaliação com urologista deve começar?

    Para homens sem fatores de risco, a discussão sobre exames costuma começar entre 50 e 55 anos. Para quem tem histórico familiar de primeiro grau ou pertence a grupos com maior risco, o acompanhamento inicia por volta de 45 anos. A decisão de realizar PSA ou toque retal é tomada após conversa sobre riscos e benefícios, sempre de forma individualizada.

    Veja mais: Vacinas contra o câncer: o que está sendo testado (e o que esperar)

  • Pré-eclâmpsia: o que toda gestante precisa saber 

    Pré-eclâmpsia: o que toda gestante precisa saber 

    A pré-eclâmpsia é uma das complicações mais temidas da gestação, e não sem motivo. Embora muitas vezes silenciosa, ela pode evoluir rápido e trazer riscos para a gestante e para o bebê.

    A condição costuma surgir a partir da 20ª semana de gestação e envolve aumento da pressão arterial associado à presença de proteína na urina. O acompanhamento rigoroso permite intervir no momento certo, reduzindo riscos graves como eclâmpsia, síndrome HELLP e problemas no desenvolvimento fetal. Entenda mais.

    O que acontece no corpo da gestante

    A pré-eclâmpsia provoca um estreitamento dos vasos sanguíneos, dificultando a circulação do sangue. Isso pode gerar:

    • Inchaço nas mãos, rosto e pernas;
    • Perda de proteínas na urina (proteinúria), indicando sofrimento renal;
    • Alterações no fígado, como dor na parte superior do abdômen e aumento de enzimas;
    • Distúrbios de coagulação;
    • Redução do fluxo sanguíneo para a placenta, prejudicando o crescimento do bebê.

    Nos quadros graves, o cérebro também pode ser afetado, o que causa convulsões. Quando isso acontece, chamamos de eclâmpsia, o estágio mais perigoso da doença.

    Sintomas que merecem atenção imediata

    Mesmo que a gestante se sinta bem, a pré-eclâmpsia pode evoluir sem sinais evidentes. Ainda assim, alguns sintomas devem ser considerados alertas importantes:

    • Ddor de cabeça forte e persistente;
    • Visão turva, manchas na visão ou sensibilidade à luz;
    • Inchaço repentino no rosto, mãos ou pés;
    • Dor na parte superior do abdômen;
    • Náuseas e vômitos persistentes;
    • Falta de ar;
    • Diminuição da quantidade de urina.

    Como a pressão alta pode ser silenciosa, o pré-natal regular, com aferição de pressão, exames de urina e sangue, é muito importante.

    Como é feito o diagnóstico?

    A pré-eclâmpsia é diagnosticada quando a gestante apresenta:

    • Pressão arterial ≥ 140 x 90 mmHg em duas medições separadas
    • Proteinúria, ou seja, presença de proteína na urina

    Além disso, podem ser solicitados:

    • Outros exames laboratoriais;
    • Ultrassonografias para avaliar o bem-estar e crescimento fetal.

    Fatores de risco

    Algumas mulheres têm maior chance de desenvolver pré-eclâmpsia. Os principais fatores de risco são:

    • Primeira gestação;
    • Histórico pessoal ou familiar de pré-eclâmpsia;
    • Pressão alta crônica;
    • Diabetes;
    • Obesidade;
    • Gravidez múltipla;
    • Idade materna acima de 35 anos;
    • Doenças autoimunes ou problemas de coagulação.

    Possíveis complicações

    Quando não tratada, a pré-eclâmpsia pode evoluir para quadros graves, como:

    • Eclâmpsia (convulsões);
    • Síndrome HELLP;
    • Lesões em órgãos como rins, fígado e cérebro;
    • Descolamento prematuro de placenta.

    Para o bebê, há risco de:

    • Restrição de crescimento;
    • Baixo peso ao nascer;
    • Parto prematuro.

    Em situações extremas, há risco de óbito materno e fetal.

    Tratamento e cuidados

    Toda gestante com pré-eclâmpsia precisa de acompanhamento rigoroso em ambiente hospitalar ou unidade de alto risco. A doença é imprevisível e pode se agravar rapidamente.

    O tratamento depende da gravidade e da idade gestacional:

    • Casos leves: controle da pressão com medicamentos, repouso orientado, exames frequentes e vigilância médica constante;
    • Casos graves: pode ser necessário antecipar o parto para proteger mãe e bebê.

    A importância do pré-natal

    A melhor forma de evitar complicações é um pré-natal bem feito. É nele que a equipe consegue identificar alterações na pressão arterial, proteinúria e sinais precoces da doença.

    Com diagnóstico precoce e manejo adequado, a maioria das mulheres com pré-eclâmpsia pode ter uma gestação segura e um bebê saudável.

    Prevenção: o que pode ajudar

    Embora não exista forma garantida de evitar a pré-eclâmpsia, algumas medidas reduzem o risco, especialmente em gestantes de alto risco:

    • Suplementação de cálcio (se indicada pelo médico);
    • Uso de medicamentos preventivos sob orientação;
    • Pré-natal regular;
    • Controle de peso;
    • Manejo adequado de diabetes e pressão alta;
    • Hábitos de vida saudáveis e manejo do estresse.

    Veja mais: 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta

    Perguntas frequentes sobre pré-eclâmpsia

    1. A pré-eclâmpsia sempre causa sintomas?

    Não. Muitas vezes é silenciosa, por isso o pré-natal é tão importante.

    2. Toda pressão alta na gravidez é pré-eclâmpsia?

    Não. A pré-eclâmpsia exige também proteinúria ou outros sinais de comprometimento.

    3. Quem teve pré-eclâmpsia em uma gestação terá novamente?

    O risco é maior, mas não é regra. O acompanhamento precoce ajuda a prevenir complicações.

    4. Como a doença afeta o bebê?

    Pode prejudicar o crescimento, causar parto prematuro e reduzir o fluxo sanguíneo para a placenta.

    5. A única cura definitiva é o parto?

    Sim. A placenta é parte central da doença. Após o parto, os sintomas costumam regredir.

    6. Pré-eclâmpsia pode acontecer no pós-parto?

    Sim. Pode surgir até 6 semanas após o parto.

    7. Exercícios ajudam a prevenir?

    Eles ajudam no controle do peso e da saúde geral, mas não garantem prevenção.

    Veja também: Tratamento de diabetes gestacional: como é feito?

  • Barriguinha que não vai embora? Pode ser diástase abdominal 

    Barriguinha que não vai embora? Pode ser diástase abdominal 

    A diástase abdominal é uma condição muito comum, especialmente no período pós-parto, mas ainda pouco compreendida por grande parte das pessoas. Ela ocorre quando os músculos da parte da frente do abdômen se afastam além do normal, criando um espaço entre eles. Esse afastamento pode gerar alterações estéticas, desconforto e até impactar a postura e o equilíbrio corporal.

    Apesar de ser frequentemente associada à maternidade, a diástase também pode aparecer em homens e mulheres que nunca engravidaram. Saber identificar os sinais, entender por que ela acontece e buscar ajuda profissional são passos importantes para evitar complicações e recuperar a força do core de forma segura.

    O que é a diástase abdominal?

    A diástase dos músculos retos abdominais é o afastamento anormal das duas bandas musculares que formam a parede frontal do abdômen. Esse afastamento acontece quando a linha alba, uma faixa de tecido conjuntivo que une esses músculos, fica enfraquecida e alongada.

    Por que isso acontece?

    A causa mais comum é a gravidez. Conforme o útero cresce, a parede abdominal precisa se alongar para acomodar o bebê, o que pode afinar e fragilizar a linha alba. Depois do parto, esses músculos nem sempre voltam totalmente à posição original.

    Outros fatores também contribuem:

    • Obesidade;
    • Perda rápida de peso;
    • Fraqueza natural dos tecidos;
    • Postura inadequada ou esforço excessivo;
    • Pode ocorrer em homens, embora seja mais comum em mulheres.

    Como identificar

    O sinal mais comum é um abaulamento no centro da barriga, especialmente quando ocorre aumento da pressão abdominal, como ao tossir, levantar da cama ou durante alguns exercícios.

    A aparência pode ser de uma “barriguinha” persistente, mesmo em pessoas magras ou fisicamente ativas. A diástase em si não costuma gerar dor, mas pode contribuir para:

    • Desconforto abdominal;
    • Dores lombares;
    • Sensação de instabilidade no tronco.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito com exame físico, avaliando a distância entre os músculos retos. Considera-se diástase quando:

    • A separação é maior que 2 cm, ou
    • Há abaulamento evidente à contração abdominal.

    Para confirmar o quadro e avaliar melhor a parede abdominal, o médico pode solicitar:

    • Ultrassom de parede abdominal;
    • Tomografia (quando necessário)

    Esses exames também ajudam a identificar a presença de hérnias associadas.

    Tratamento

    A boa notícia: a maior parte dos casos melhora sem cirurgia.

    Tratamento conservador (primeira escolha)

    • Fisioterapia especializada;
    • Exercícios específicos para fortalecimento profundo do core;
    • Reeducação postural;
    • Movimentos que não aumentem a pressão abdominal (evitar abdominais tradicionais).

    Nos casos leves, a melhora pode acontecer com o tempo, o fortalecimento adequado ou até de forma espontânea.

    Quando a cirurgia é indicada

    • Há separação muito grande;
    • Existe dor importante ou limitação funcional;
    • Há hérnia associada;
    • Não há melhora após tratamento conservador.

    O procedimento reconstrói a parede abdominal e aproxima novamente os músculos.

    Pode voltar ao normal?

    Sim. A recuperação depende:

    • Do tamanho da separação;
    • Do tempo desde o início da diástase;
    • Da adesão ao tratamento.

    Mas é importante lembrar que a diástase pode retornar com futuras gestações ou esforço excessivo que aumente a pressão abdominal.

    Como prevenir

    Algumas medidas ajudam a reduzir o risco:

    • Controlar o ganho de peso na gravidez;
    • Manter postura adequada;
    • Fortalecer o core antes e depois da gestação;
    • Evitar levantar peso de forma incorreta;
    • Praticar exercícios orientados por profissionais capacitados

    Quando procurar um profissional

    Consulte um médico ou fisioterapeuta se você notar:

    • Abaulamento persistente na barriga;
    • Sensação de fraqueza no core;
    • Dificuldade de estabilizar o tronco;
    • Dor lombar associada;
    • Suspeita de hérnia.

    O diagnóstico precoce facilita o tratamento e melhora a função abdominal.

    Veja mais: Exercícios para fortalecer a coluna: o guia completo para proteger sua postura e prevenir dores

    Perguntas frequentes sobre diástase abdominal

    1. Toda gestante terá diástase?

    Não. É comum, mas não acontece com todas as mulheres.

    2. A diástase causa dor?

    Ela não causa dor diretamente, mas pode contribuir para desconforto, dor lombar e instabilidade.

    3. Posso treinar normalmente com diástase?

    Pode, mas com adaptações. Alguns exercícios pioram o quadro, e a orientação de um profissional é essencial.

    4. Só cirurgia resolve a diástase?

    Na maioria dos casos, não. A fisioterapia é eficaz para muitos pacientes.

    5. Homens podem ter diástase?

    Sim. Embora mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver o problema.

    6. Diástase e hérnia são a mesma coisa?

    Não. Mas podem ocorrer juntas.

    7. Quanto tempo leva para melhorar?

    Depende do caso. Com tratamento adequado, muitas pessoas veem melhora em semanas a meses.

    Leia mais: Quando a dor nas costas pode ser preocupante? Entenda os sinais de alerta

  • Sono leve ou agitado? Veja 7 hábitos noturnos que podem ser os culpados

    Sono leve ou agitado? Veja 7 hábitos noturnos que podem ser os culpados

    Dormir bem é muito importante para o corpo se recuperar e o coração descansar. No entanto, muitos hábitos que parecem inofensivos antes de deitar, como olhar o celular, fazer uma refeição muito tarde ou fazer exercícios vigorosos à noite, podem afetar a qualidade do sono sem que você perceba.

    A seguir, conheça 7 hábitos noturnos comuns que atrapalham o descanso e veja como ajustar sua rotina para dormir melhor.

    1. Usar o celular antes de dormir

    Checar redes sociais, assistir vídeos ou responder mensagens na cama pode parecer relaxante, mas a luz azul emitida pelas telas reduz a produção de melatonina, o hormônio que induz o sono. O estímulo mental e emocional também atrasa o adormecer, o que te faz perder um tempo precioso de descanso.

    Estudos mostram que o uso prolongado de telas à noite está associado a menor duração e qualidade do sono. Por isso, desligue o celular ou deixe-o fora do quarto ao menos 30 minutos a 1 hora antes de dormir. Prefira uma leitura leve ou meditação nesse período.

    2. Comer muito tarde

    Quando comemos muito próximo da hora de dormir, o corpo precisa trabalhar na digestão justo quando deveria descansar. Isso atrasa o sono, aumenta a chance de refluxo gastroesofágico e reduz o tempo de sono profundo. Refeições tardias podem causar despertares noturnos e sonolência diurna.

    Sempre que puder, programe-se para encerrar o jantar pelo menos 2 a 3 horas antes de dormir. Se tiver fome, prefira um lanche leve.

    3. Comer alimentos gordurosos ou pesados

    Refeições ricas em gordura, como frituras e carnes gordas, têm digestão lenta e podem dificultar o sono ou causar desconforto abdominal. À noite, mesmo algumas horas antes de se deitar, prefira refeições mais leves, como legumes, sopas, saladas e proteínas magras.

    4. Fazer exercícios intensos muito tarde

    A prática regular de atividade física é ótima para o sono, mas não no horário errado. Exercícios muito intensos perto da hora de dormir aumentam a frequência cardíaca, a temperatura corporal e a liberação de adrenalina, o que dificulta o relaxamento.

    Sempre que possível, finalize o treino pesado pelo menos quatro horas antes da hora de dormir. Caso queira se movimentar à noite, escolha exercícios mais leves, alongamentos ou yoga.

    5. Manter o ambiente muito iluminado

    A luz forte à noite, especialmente de lâmpadas frias e eletrônicos, confunde o relógio biológico e atrapalha a produção de melatonina. Dormir em local muito claro ou com televisão ligada reduz a profundidade do sono e aumenta o risco de despertares noturnos.

    Se puder, reduza a iluminação uma hora antes de se deitar, use luzes amareladas e mantenha o quarto escuro e silencioso.

    Confira: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde

    6. Tomar café, energéticos ou álcool à noite

    Cafeína e álcool são inimigos do sono. Enquanto a cafeína estimula o sistema nervoso e retarda o sono profundo, o álcool até pode dar sono no início, mas fragmenta o descanso, provocando despertares e roncos.

    Por isso, evite café, chás estimulantes, refrigerantes e bebidas alcoólicas após o fim da tarde.

    7. Levar preocupações para a cama

    Problemas todos temos, mas ir se deitar pensando neles — no trabalho ou em listas de tarefas — ativa o sistema nervoso simpático, que nos mantém em alerta. Isso faz o coração bater mais rápido, eleva a pressão arterial e dificulta o adormecer, além de aumentar o risco de insônia e ansiedade.

    Para controlar a ansiedade e não pensar em problemas na hora errada, procure criar um ritual relaxante noturno: desligue telas, faça respiração profunda ou anote as tarefas para o dia seguinte, deixando a mente livre para descansar.

    Leia mais: Insônia na menopausa: 4 medidas para melhorar o sono

    Perguntas frequentes sobre hábitos noturnos e sono

    1. Quantas horas de sono um adulto precisa?

    A maioria dos adultos precisa de 7 a 9 horas por noite, segundo a American Academy of Sleep Medicine.

    2. Dormir tarde faz mal mesmo dormindo a mesma quantidade de horas?

    Sim. O corpo segue um ritmo biológico natural. Dormir e acordar tarde pode alterar hormônios e prejudicar a regulação metabólica e cardiovascular.

    3. Posso usar o celular com filtro de luz azul antes de dormir?

    Ajuda um pouco, mas o estímulo cognitivo continua. O ideal é evitar o celular e criar um ambiente de relaxamento.

    4. Exercício à noite sempre atrapalha o sono?

    Nem sempre. Atividades leves, como alongamento, yoga ou caminhada, podem até ajudar. O problema são os treinos intensos próximos da hora de dormir.

    5. Comer à noite engorda?

    Depende do total de calorias diárias, mas comer tarde pode interferir no sono. E dormir mal com frequência pode estar ligado ao aumento do peso.

    6. Qual é o pior hábito para o sono?

    O uso de telas antes de dormir é um dos principais problemas, por combinar luz azul, estímulo mental e atraso no descanso.

    7. Existe um horário ideal para dormir?

    O ideal é respeitar o ritmo natural do corpo e manter uma rotina regular, indo para a cama e acordando nos mesmos horários, inclusive nos fins de semana.

    Leia também: Apneia do sono: quando o ronco é sinal de algo mais sério

  • A importância da luz natural para regular o sono e o humor 

    A importância da luz natural para regular o sono e o humor 

    Em uma rotina cada vez mais marcada por telas, ambientes fechados e luz artificial, muitas pessoas passam boa parte do dia sem contato direto com a luz natural. Esse hábito tem efeitos profundos sobre o corpo, especialmente no sono, no humor e na saúde mental.

    A ciência mostra que a luz natural é um dos principais reguladores do ritmo circadiano, nosso relógio biológico interno. Quando nos expomos ao sol nos horários adequados, o cérebro entende quando deve estar alerta, quando deve relaxar e quando é hora de dormir.

    A falta dessa exposição, por outro lado, desorganiza o ciclo do sono, prejudica o humor e aumenta o risco de ansiedade, depressão e fadiga constante.

    Como a luz natural regula o ritmo circadiano

    O ritmo circadiano é o conjunto de processos biológicos que funciona como um relógio interno e sincroniza o organismo com o ciclo de 24 horas do dia. A luz natural é o sinal mais importante para manter esse sistema ajustado.

    Quando a luz entra pelos olhos, células especiais da retina enviam mensagens ao cérebro informando que é dia. Isso desencadeia uma série de reações:

    • Redução da melatonina, o hormônio do sono;
    • Aumento da serotonina e dopamina, ligadas ao humor e à disposição;
    • Regulação da temperatura corporal;
    • Sincronização do metabolismo e da liberação hormonal.

    Por isso, pessoas que passam muito tempo em ambientes fechados ou iluminados apenas artificialmente tendem a ter mais:

    • Sono irregular;
    • Dificuldade para despertar;
    • Maior sonolência diurna;
    • Alterações de humor.

    Luz natural e produção de hormônios que regulam o humor

    A exposição à luz natural pela manhã estimula a produção de serotonina, neurotransmissor relacionado a bem-estar, energia e motivação. É por isso que caminhar ao ar livre logo cedo ajuda a:

    • Manter o humor melhor;
    • Reduzir a ansiedade,
    • Aliviar sintomas depressivos,
    • Aumentar a clareza mental.

    Como a luz natural melhora o sono

    Durante o dia, a luz solar suprime a melatonina, o que mantém o corpo desperto. À noite, com a queda natural da luminosidade, o cérebro entende que é hora de descansar e volta a produzir melatonina para induzir o sono.

    Quando a exposição à luz natural é insuficiente, especialmente pela manhã, esse processo fica desajustado. O resultado pode ser:

    • insônia;
    • dificuldade de pegar no sono;
    • despertar durante a madrugada;
    • sensação de “acordar cansado”;
    • sonolência ao longo do dia.

    Pessoas que trabalham em locais fechados ou fazem home office com pouca luz natural são especialmente vulneráveis a esse desajuste.

    Benefícios da luz natural para o corpo e a saúde

    Mais energia e disposição

    A luz natural aumenta os níveis de serotonina e dopamina, e isso deixa o corpo mais desperto e preparado para enfrentar o dia.

    Humor melhor e redução do estresse

    Exposição adequada à luz ajuda a proteger contra sintomas depressivos e melhora a resposta do organismo ao estresse.

    Sono mais profundo e restaurador

    Quando o ritmo circadiano está alinhado, o ciclo sono-vigília funciona melhor, e isso resulta em noites mais tranquilas.

    Imunidade mais forte

    A produção de vitamina D, estimulada pela luz solar, tem impacto na saúde imunológica e metabólica.

    Quanto tempo de luz natural é suficiente?

    Não é preciso muito. Cerca de 20 a 30 minutos de luz natural pela manhã, de preferência ao ar livre, já são suficientes para regular o relógio biológico. Quanto mais cedo, melhor: entre 7h e 10h da manhã, o corpo responde mais intensamente ao estímulo.

    Para quem não pode sair de casa, abrir janelas, trabalhar perto da luz natural e fazer as pausas do dia ao ar livre já ajudam bastante.

    Por que a luz artificial não substitui a luz natural

    A luz das telas e de lâmpadas LED tem composição diferente, com excesso de luz azul, que:

    • Engana o cérebro;
    • Inibe a produção de melatonina;
    • Dificulta o sono;
    • Aumenta o estado de alerta à noite, justamente quando o corpo precisa se recolher.

    É por isso que dormir com o celular ou assistir séries até tarde atrapalha tanto a qualidade do sono.

    Como incluir mais luz natural na rotina

    • Abra janelas logo ao acordar;
    • Tome seu café da manhã próximo à luz natural;
    • Faça pequenas caminhadas ao ar livre;
    • Use a varanda ou um local iluminado para trabalhar;
    • Reduza o uso de telas à noite;
    • Diminua o brilho de dispositivos eletrônicos após o pôr do sol.

    Esses pequenos hábitos são importantes para regular o relógio biológico e melhoram tanto o humor quanto o sono.

    Leia também: Como controlar o sono depois do almoço?

    Perguntas frequentes sobre luz natural e sono

    1. É verdade que a luz natural ajuda a acordar mais disposto?

    Sim. A luz natural suprime a melatonina e aumenta hormônios ligados ao bem-estar e à energia.

    2. Qual é o melhor horário para se expor ao sol?

    De manhã, entre 7h e 10h, quando o efeito sobre o ritmo circadiano é maior.

    3. Luz natural através da janela funciona?

    Ajuda, sim, mas estar ao ar livre é ainda melhor.

    4. Ficar no celular à noite atrapalha o sono?

    Muito. A luz azul das telas reduz a produção de melatonina, o hormônio do sono.

    5. Luz artificial branca durante o dia substitui a luz solar?

    Não. Ela não reproduz a intensidade nem o espectro completo da luz natural.

    6. A falta de luz natural pode causar tristeza ou ansiedade?

    Sim. Baixa exposição está associada a humor deprimido, estresse e fadiga.

    Leia mais: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde

  • O que acontece com seu corpo enquanto você dorme 

    O que acontece com seu corpo enquanto você dorme 

    Dormir é muito mais do que desligar o corpo por algumas horas. Durante o sono, o organismo trabalha intensamente para se recuperar, equilibrar funções vitais e preparar o cérebro e o coração para o dia seguinte.

    Mesmo sem perceber, cada fase do sono é responsável por uma série de processos biológicos, seja liberação de hormônios, reparação dos tecidos, consolidação da memória ou regulação da pressão arterial.

    Nos últimos anos, pesquisas médicas têm mostrado que dormir pouco ou mal afeta profundamente a saúde do corpo e da mente. A privação de sono está associada a maior risco de pressão alta, diabetes, obesidade, depressão e doenças cardiovasculares.

    O que acontece com o corpo enquanto dormimos

    Durante o sono, o corpo passa por fases cíclicas, que se repetem várias vezes ao longo da noite. Cada uma delas tem uma função específica para o equilíbrio do organismo.

    As duas grandes etapas são o sono NREM (não REM) e o sono REM (movimentos rápidos dos olhos):

    • Sono leve (NREM 1 e 2): o corpo começa a relaxar, a respiração e os batimentos cardíacos diminuem. É o momento de transição entre o estado de vigília e o sono profundo;
    • Sono profundo (NREM 3): ocorre a regeneração dos tecidos, liberação de hormônios do crescimento e fortalecimento do sistema imunológico. É a fase mais restauradora;
    • Sono REM: o cérebro fica mais ativo, os sonhos acontecem e ocorre a consolidação da memória e das emoções.

    Um adulto saudável costuma passar por 4 a 6 ciclos completos de sono por noite, cada um com duração média de 90 minutos.

    O que o corpo faz em cada sistema enquanto dormimos

    Cérebro: consolida memórias e limpa toxinas

    Enquanto dormimos, o cérebro organiza as informações do dia e decide o que deve ser armazenado na memória de longo prazo. Durante o sono profundo, entra em ação o sistema glinfático, responsável por remover toxinas e resíduos neuronais, como a proteína beta-amiloide, associada ao Alzheimer.

    Portanto, dormir bem melhora a memória, a concentração e a saúde mental.

    Coração e circulação: entram em ritmo de recuperação

    O sono reduz a frequência cardíaca e a pressão arterial, e isso permite que o sistema cardiovascular descanse e se regenere. Durante a fase de sono profundo, o corpo diminui o esforço do coração e equilibra os níveis hormonais que controlam a pressão.

    Dormir mal ou dormir pouco, por outro lado, aumenta a produção de adrenalina e cortisol, hormônios do estresse, que sobrecarregam o coração e elevam o risco de pressão alta e arritmias.

    Músculos e tecidos: se recuperam e crescem

    Durante o sono, especialmente na fase profunda, o corpo produz o hormônio do crescimento (GH), essencial para a regeneração dos tecidos, cicatrização e manutenção da massa muscular. É por isso que pessoas que dormem mal costumam ter mais dores musculares, menor desempenho físico e recuperação lenta após exercícios.

    Sistema imunológico: se fortalece

    Dormir bem é uma das maneiras mais simples e eficazes de manter a imunidade forte. Durante o sono, o corpo produz substâncias que ajudam a combater vírus, bactérias e inflamações.

    Quem dorme menos de 6 horas por noite tem maior propensão a infecções, gripes e recuperação mais lenta de doenças.

    Metabolismo e hormônios: se equilibram

    O sono regula os hormônios que controlam fome, saciedade e metabolismo energético, como leptina, grelina e insulina. Quem nunca reparou que a fome aumentou depois de uma noite mal dormida?

    Quando dormimos pouco, a leptina (hormônio da saciedade) cai, e a grelina (que estimula o apetite) aumenta. Quando tudo isso acontece com frequência, a tendência é ganhar peso e desenvolver resistência à insulina.

    Dormir bem, portanto, ajuda a controlar o peso, reduzir o risco de diabetes tipo 2 e manter o metabolismo em ordem.

    O que acontece quando dormimos mal

    A falta de sono regular impacta o corpo de forma ampla. Entre as principais consequências estão:

    • Aumento da pressão arterial e risco de doenças cardíacas;
    • Queda na imunidade;
    • Alterações de humor, irritabilidade e ansiedade;
    • Dificuldade de concentração e lapsos de memória;
    • Desejo por alimentos mais calóricos e ganho de peso;
    • Envelhecimento precoce da pele e do sistema nervoso.

    Dicas para dormir melhor

    • Mantenha horários regulares: deitar e acordar no mesmo horário ajuda a regular o relógio biológico;
    • Evite telas antes de dormir: a luz azul de celulares e computadores inibe a melatonina, hormônio do sono;
    • Cuide da alimentação: evite café, álcool e refeições pesadas à noite;
    • Pratique atividade física leve: exercícios ajudam a regular o sono, mas devem ser feitos até 3 horas antes de dormir;
    • Crie um ambiente relaxante: mantenha o quarto escuro, silencioso e fresco.

    Leia mais: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde

    Perguntas frequentes sobre o sono

    1. Quantas horas de sono são ideais por noite?

    Adultos precisam de 7 a 9 horas por noite; menos do que isso compromete funções vitais do organismo.

    2. O que acontece se eu dormir pouco por vários dias?

    A privação crônica de sono pode causar irritabilidade, perda de memória, desequilíbrio hormonal e aumento do risco de doenças do coração.

    3. Dormir demais faz mal?

    Sim, o excesso de sono (mais de 10 horas diárias) também pode indicar problemas, como depressão, apneia do sono ou distúrbios metabólicos.

    4. Dormir mal engorda?

    Sim. Dormir mal altera hormônios ligados à fome e à saciedade, e isso facilita o ganho de peso.

    5. Por que o sono é tão importante para o coração?

    Durante o sono profundo, o coração reduz o ritmo e o corpo controla melhor a pressão e a circulação, e isso previne doenças cardíacas.

    6. O que é sono REM e por que ele importa?

    É a fase em que o cérebro processa memórias e emoções, essencial para o equilíbrio da mente e da cognição.

    7. Quando devo procurar um médico?

    Se o cansaço, a sonolência diurna ou a dificuldade para dormir persistirem, é importante procurar um clínico geral ou especialista em sono.

    Leia mais: Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa

  • Obesidade infantil: o que é, causas e como prevenir

    Obesidade infantil: o que é, causas e como prevenir

    Você sabia que a obesidade infantil é um fator de risco importante para doenças crônicas na vida adulta, como diabetes tipo 2 e hipertensão? No Brasil, uma em cada três crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos está acima do peso, segundo levantamento nacional com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS). A taxa de sobrepeso nessa faixa etária cresceu quase 9% em dez anos.

    A exposição prolongada ao excesso de gordura corporal na infância pode desencadear uma série de problemas de saúde mais cedo, além de causar outras complicações a curto e longo prazo — afetando o desenvolvimento físico e psicológico da criança. Vamos entender mais, a seguir!

    O que é obesidade infantil?

    A obesidade infantil é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, acima do recomendado para a idade e altura, em crianças de até 12 anos de idade.

    A condição acontece quando o corpo recebe mais calorias do que gasta, o que pode ocorrer em uma alimentação rica em ultraprocessados e aliada ao pouco movimento no dia a dia, o grande tempo sentado e o uso excessivo de telas — que fazem o corpo armazenar gordura com facilidade.

    Quais os tipos de obesidade infantil?

    A obesidade infantil pode ser classificada de duas formas principais pela causa:

    Exógena: é causada pela soma de ambiente alimentar desregulado, consumo alto de ultraprocessados, bebidas açucaradas e rotina com pouco movimento. A criança vive em um ambiente que facilita comer muito e gastar pouco;

    Endógena: é provocada por alterações internas do organismo. A criança pode ter distúrbios hormonais (como problemas de tireoide ou síndrome de Cushing) ou usar remédios que favorecem ganho de peso, como corticoides.

    A obesidade infantil também pode ser dividida pela gravidade, medida pelo IMC para idade e sexo:

    • Sobrepeso, aparece quando o IMC está acima do percentil 85 e abaixo do percentil 95;
    • Obesidade, aparece quando o IMC está acima do percentil 95;
    • Obesidade grave (ou obesidade mórbida) costuma ser usada quando o IMC está em 40 kg/m² ou mais, refletindo acúmulo muito elevado de gordura corporal.

    O que causa a obesidade em crianças?

    A obesidade é uma doença multifatorial, o que significa que ela é influenciada por uma série de fatores biológicos, comportamentais e sociais, como:

    Alimentação inadequada

    O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados é uma das principais causas do acúmulo excessivo de gordura corporal em crianças.

    Refrigerantes, biscoitos, salgadinhos e fast food, por exemplo, são ricos em calorias, gorduras saturadas, açúcar e sódio — mas pobres em nutrientes, como fibras, vitaminas e minerais. Com o tempo, o desequilíbrio favorece o ganho de peso e prejudica o desenvolvimento adequado do organismo.

    Além disso, o consumo frequente desses produtos altera o paladar infantil, fazendo com que a criança prefira alimentos muito doces, salgados ou gordurosos, e rejeite opções mais naturais, como frutas, verduras e legumes.

    Sedentarismo

    O sedentarismo em crianças é caracterizado por longos períodos de inatividade, como assistir televisão, jogar videogame ou usar o celular. O comportamento ficou cada vez mais comum nos últimos anos, com o avanço da tecnologia e a redução das brincadeiras ao ar livre, o que faz com que as crianças gastem menos energia do que consomem.

    Quando a baixa movimentação é somada com uma alimentação rica em ultraprocessados e pobre em nutrientes, o resultado é o acúmulo de gordura corporal e o aumento do peso. O sedentarismo também interfere no desenvolvimento muscular, na coordenação motora e na saúde emocional, podendo causar irritabilidade, ansiedade e dificuldade de concentração.

    A Organização Mundial da Saúde recomenda que crianças e adolescentes realizem pelo menos 60 minutos de atividade física por dia, incluindo brincadeiras, esportes e jogos.

    Fatores genéticos e hormonais

    As crianças filhas de pais com obesidade têm maior predisposição genética a desenvolver o mesmo quadro, já que herdam genes que influenciam o metabolismo, o apetite e a forma como o corpo armazena gordura.

    Além da herança genética, o ambiente familiar também tem grande impacto: hábitos alimentares inadequados, pouca prática de atividade física e rotina sedentária tendem a ser reproduzidos pelas crianças.

    Para complementar, distúrbios hormonais, como hipotireoidismo, síndrome de Cushing e resistência à insulina podem interferir no metabolismo, diminuindo o gasto energético e favorecendo o ganho de peso.

    Fatores emocionais

    Não é incomum que algumas crianças utilizem a comida como uma forma de compensar sentimentos de tristeza, ansiedade, solidão ou até tédio. O comportamento, conhecido como “fome emocional”, faz com que o alimento se torne uma válvula de escape para lidar com emoções difíceis.

    Com o tempo, isso pode gerar um ciclo de dependência: a criança come para se sentir melhor, mas logo sente culpa ou desconforto, o que leva a novos episódios de compulsão alimentar.

    Sono inadequado

    O sono inadequado na infância altera o equilíbrio hormonal e o funcionamento do metabolismo, aumentando o risco de obesidade. Durante o sono, o corpo regula hormônios importantes relacionados ao apetite, como a leptina (que sinaliza saciedade) e a grelina (que estimula a fome).

    Quando a criança dorme pouco, há uma redução da leptina e um aumento da grelina, o que faz com que ela sinta mais fome e tenha maior tendência a consumir alimentos calóricos e ultraprocessados.

    Crianças que dormem mal também tendem a ficar mais irritadas, dispersas e cansadas durante o dia, o que reduz a disposição para se movimentar, praticar esportes ou brincar, aumentando o comportamento sedentário e, consequentemente, o risco de obesidade.

    Por que a obesidade infantil tem crescido tanto nos últimos anos?

    A obesidade infantil no Brasil é um problema de saúde pública crescente, com cerca de um em cada três crianças entre 5 e 9 anos estando acima do peso. Para se ter uma ideia, pela primeira vez na história, o excesso de peso grave superou a desnutrição como a maior forma de má nutrição infantil, de acordo com dados do Fundo das Nações Unidas.

    Mas afinal, por que isso está acontecendo? De acordo com a nutricionista Mariana Del Bosco, o país vive uma realidade com ambientes cada vez mais obesogênicos. As crianças estão mais sedentárias, a questão da segurança tende a impedir atividade física e há uma enorme oferta de alimentos de alta densidade energética.

    O consumo de ultraprocessados cresceu, e os produtos têm alto teor de açúcar e gordura que aumentam a ingestão calórica e o risco de a obesidade aparecer.

    “Todas as esferas da sociedade têm o seu papel. O governo, por exemplo, com políticas que poderiam proteger as crianças, com regulamentação de rotulagem e de publicidade para produtos de criança; a escola, promovendo uma cantina mais saudável, podendo ser um ambiente de educação alimentar e nutricional; as indústrias fazendo uma comunicação clara, melhorando a qualidade de produtos, e a família com uma parcela dessa responsabilização”, explica a nutricionista.

    Sintomas de obesidade infantil

    A obesidade infantil pode se desenvolver de forma gradual, e nem sempre o quadro é percebido de imediato pelos pais. O principal sintoma é o acúmulo excessivo de gordura corporal, além de sinais como:

    • Aumento rápido de peso desproporcional ao crescimento da altura;
    • Acúmulo de gordura em regiões como abdômen, braços, coxas e rosto;
    • Roupas apertando com frequência ou necessidade de trocar de tamanho fora do padrão esperado para a idade;
    • Falta de fôlego ou cansaço durante atividades simples, como subir escadas ou correr;
    • Dores nas articulações, especialmente joelhos e tornozelos, devido à sobrecarga do peso.

    A criança também pode apresentar sinais comportamentais e emocionais, como:

    • Preferência por alimentos ultraprocessados e rejeição a frutas, verduras e refeições caseiras;
    • Sedentarismo e desinteresse por atividades físicas;
    • Uso excessivo de telas (celular, TV, videogame);
    • Baixa autoestima e isolamento social, muitas vezes por causa de bullying;
    • Alterações de humor, ansiedade e compulsão alimentar.

    Riscos da obesidade infantil

    O excesso de gordura corporal na infância pode causar diversos problemas de saúde ainda nessa fase e aumentar o risco de doenças graves na vida adulta. Entre os principais riscos, é possível destacar:

    • Diabetes tipo 2;
    • Colesterol e triglicerídeos elevados;
    • Hipertensão arterial;
    • Doenças cardiovasculares precoces;
    • Problemas respiratórios, como apneia do sono;
    • Alterações hormonais e puberdade precoce;
    • Dores nas articulações e deformidades ósseas;
    • Esteatose hepática (gordura no fígado);
    • Dificuldades de locomoção e baixa resistência física;
    • Transtornos alimentares e ansiedade;
    • Baixa autoestima e isolamento social;
    • Maior probabilidade de obesidade na vida adulta.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da obesidade infantil é feito pelos pediatras através da avaliação do peso, da altura e outros fatores ligados ao crescimento e à composição corporal da criança. O principal parâmetro utilizado é o Índice de Massa Corporal (IMC), cujo valor é comparado com curvas de crescimento específicas para idade e sexo, de acordo com Mariana.

    Além do IMC, a avaliação pode incluir também composição corporal, percentual de gordura, circunferências e análise do padrão alimentar. Em muitos casos, são solicitados exames complementares, como:

    • Glicemia e insulina;
    • Colesterol total e frações (HDL, LDL);
    • Triglicerídeos;
    • Função hepática (TGO, TGP);
    • Função tireoidiana.

    Vale ressaltar que o diagnóstico não se baseia apenas em números e é fundamental compreender o contexto alimentar, o nível de atividade física e fatores emocionais e sociais que podem estar contribuindo para o ganho de peso.

    Nesse contexto, Mariana explica que o pediatra está na linha de frente dessa triagem, porque acompanha peso e estatura pelo menos uma vez por ano. A observação da curva de crescimento é um dos sinais mais precoces: mesmo antes de cruzar as linhas de sobrepeso ou obesidade, a tendência de subida já é alerta de risco e já justifica avaliação mais detalhada.

    Tratamento de obesidade infantil

    O tratamento da obesidade infantil deve ser sempre individualizado e supervisionado por profissionais de saúde, envolvendo médico, nutricionista, educador físico e, quando necessário, psicólogo. O objetivo principal não é apenas a perda de peso, mas a mudança de hábitos e a promoção de um estilo de vida saudável que possa ser mantido a longo prazo.

    Ele envolve uma série de medidas, como:

    Alimentação equilibrada: basear as refeições em alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, grãos integrais e proteínas magras. Deve-se reduzir o consumo de ultraprocessados, refrigerantes, doces e fast-food;

    Rotina alimentar estruturada: manter horários regulares para as refeições e evitar “beliscar” o tempo todo. Fazer as refeições à mesa, sem distrações como TV ou celular, ajuda a reconhecer quando está satisfeito;

    Atividade física diária: incentivar pelo menos 60 minutos de movimento por dia, incluindo brincadeiras, esportes e atividades ao ar livre. O objetivo é aumentar o gasto energético e fortalecer músculos e ossos;

    Uso de medicamentos (em casos específicos): indicado apenas sob orientação médica, quando há doenças associadas ou obesidade grave que não responde a outras medidas;

    Sono adequado: a privação de sono desequilibra os hormônios da fome (grelina e leptina) e favorece o ganho de peso;

    Redução do tempo de tela: limitar o uso de televisão, celular e videogame a no máximo duas horas por dia, conforme recomendação da OMS;

    Apoio psicológico: ajudar a criança a lidar com sentimentos de ansiedade, frustração e baixa autoestima que podem levar à compulsão alimentar.

    Segundo Mariana, se a criança entra na puberdade com peso adequado, o risco de manter obesidade na vida adulta diminui de forma significativa. Por isso, o cuidado precisa começar assim que o risco aparece, e não apenas quando o problema já está instalado.

    Dieta restritiva é necessária no tratamento de obesidade infantil?

    A dieta restritiva não é indicada no tratamento da obesidade infantil. A criança precisa comer bem para crescer, se desenvolver e construir relação saudável com o alimento. De acordo com Mariana, o foco não é cortar alimentos de forma rígida, mas melhorar a qualidade do que está na rotina da família.

    A orientação nutricional busca organizar o entorno: o que entra no carrinho de supermercado, o que está disponível em casa, como a família faz as refeições e como o alimento aparece no dia a dia.

    Assim, a rotina será mais equilibrada, com mais alimentos nutritivos e menos ultraprocessados, sem comprometer o desenvolvimento do pequeno. A inclusão de indulgências eventuais, como um sorvete no fim de semana ou uma festinha, faz parte do plano. O resultado vem da mudança sustentada de comportamento, e não de restrição radical.

    Quanto de atividade física para crianças é recomendado?

    De acordo com o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, as recomendações variam conforme a idade e o estágio de desenvolvimento da criança:

    • Crianças de até 1 ano: pelo menos 30 minutos por dia em posição de bruços (“de barriga para baixo”), distribuídos ao longo do dia, em diferentes momentos;
    • Crianças de 1 a 2 anos: pelo menos 3 horas por dia de atividades físicas de qualquer intensidade, divididas ao longo do dia;
    • Crianças de 3 a 5 anos: pelo menos 3 horas por dia de atividades físicas de qualquer intensidade, sendo no mínimo 1 hora de intensidade moderada a vigorosa.

    A atividade física para crianças pode acontecer principalmente por meio de jogos, brincadeiras e movimentos espontâneos, mas também pode envolver atividades mais estruturadas, como aulas de educação física, escolinhas de esportes e natação — sempre supervisionadas por pais, responsáveis ou professores.

    Alguns exemplos de atividades por faixa etária:

    • Até 1 ano: brincadeiras que estimulem movimentos como rolar, engatinhar, sentar, puxar, empurrar, equilibrar-se e alcançar objetos;
    • De 1 a 2 anos: atividades que envolvam andar, correr, pular, escalar, lançar e segurar bolas, girar e equilibrar-se;
    • De 3 a 5 anos: jogos e brincadeiras como caminhar, correr, chutar, saltar, arremessar e atravessar obstáculos. Nessa fase, a criança também pode participar de esportes, danças, ginástica, lutas e deslocamentos ativos (a pé ou de bicicleta, sempre acompanhada por um adulto).

    Confira: Como montar um prato saudável em buffets? Veja algumas dicas

    É possível prevenir a obesidade infantil?

    A obesidade infantil pode ser prevenida, principalmente com hábitos saudáveis adotados desde os primeiros anos de vida. A prevenção começa em casa, com o exemplo dos pais, e deve envolver alimentação equilibrada, prática de atividade física e um ambiente emocional saudável. Veja alguns cuidados:

    • Oferecer frutas, verduras, legumes, grãos integrais e alimentos naturais no dia a dia, evitando ultraprocessados, refrigerantes, doces e fast-food;
    • Manter horários regulares, comer à mesa e evitar distrações como TV e celular durante as refeições.
    • Manter a amamentação exclusiva e em livre demanda até os 6 meses, o que ajuda a regular o apetite e reduzir o risco de obesidade futura;
    • Crianças maiores de 6 meses devem beber água antes, durante e após a atividade física.
    • Estimular brincadeiras ativas, esportes e atividades ao ar livre diariamente, como caminhadas, corridas, danças e ginásticas;
    • Reduzir o tempo em frente à televisão, computador e celular a no máximo duas horas por dia.

    Quanto mais cedo os hábitos forem incorporados à rotina familiar, maiores serão as chances de a criança crescer saudável e manter um peso adequado na vida adulta.

    Leia também: Delivery saudável: nutricionista dá dicas para escolher bem

    Perguntas frequentes

    Como saber se meu filho está acima do peso?

    O peso isolado não é suficiente para avaliar a obesidade infantil. O pediatra utiliza o IMC (peso dividido pela altura ao quadrado) e compara com curvas de crescimento específicas para cada faixa etária. Quando o valor ultrapassa o percentil 97, a criança é considerada obesa.

    O acúmulo de gordura no abdômen, os hábitos alimentares, o nível de atividade física e o histórico familiar também entram na avaliação. Por isso, manter acompanhamento regular com o especialista é importante para identificar fatores de risco de forma precoce.

    A obesidade infantil tem cura?

    Sim, é possível reverter o quadro de obesidade infantil com mudanças de estilo de vida. Na infância, o organismo ainda está em formação, o que facilita o controle do peso quando há intervenção precoce.

    O tratamento envolve alimentação equilibrada, estímulo à atividade física e acompanhamento médico e nutricional. O foco não é apenas emagrecer, mas adotar hábitos que possam ser mantidos por toda a vida.

    Quando procurar ajuda profissional?

    Os pais devem procurar um pediatra ou nutricionista quando perceberem ganho de peso acelerado, cansaço, falta de disposição para brincar ou sinais de baixa autoestima.

    Mesmo em casos leves, o acompanhamento profissional é importante para evitar que o quadro se agrave. Quanto mais cedo o diagnóstico e a orientação, maiores as chances de sucesso.

    A obesidade infantil pode continuar na vida adulta?

    Sim! Pesquisas mostram que cerca de 70% das crianças com obesidade se tornam adultos obesos, principalmente quando o problema não é tratado precocemente. Isso aumenta o risco de desenvolver doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Assim, a infância é a fase mais importante para agir e tratar a condição.

    A amamentação ajuda a prevenir a obesidade infantil?

    Sim, pois o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade ajuda a regular o apetite da criança e favorece o desenvolvimento de um metabolismo saudável. O leite materno contém todos os nutrientes necessários e estimula o bebê a reconhecer os sinais de fome e saciedade, o que reduz o risco de obesidade no futuro.

    Crianças obesas podem praticar qualquer tipo de esporte?

    Sim, desde que respeitadas suas condições físicas e sob orientação de um profissional. Esportes como natação, caminhada, ciclismo e dança são boas opções, pois reduzem o impacto nas articulações e estimulam o prazer pelo movimento.

    O mais importante é que a criança se divirta e mantenha a regularidade, sem sentir que o exercício é uma punição.

    Veja mais: Fome emocional: o que é, sintomas e como controlar

  • Capacete para criança: por que ele é importante nos esportes?

    Capacete para criança: por que ele é importante nos esportes?

    O uso de capacetes é necessário em uma série de esportes, mesmo naqueles considerados de baixa velocidade ou que envolvem mais contato físico do que velocidade. Seja em uma volta de bicicleta no quarteirão, uma tarde de skate no parque ou uma aula de equitação, o risco de quedas e colisões existe e pode resultar em traumas sérios na cabeça, especialmente em crianças.

    De acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, a importância do capacete para criança na infância é ainda maior porque a proporção da cabeça em relação ao corpo é significativamente maior nas crianças. Isso faz com que a chance de elas baterem a cabeça em uma queda seja muito superior à dos adultos.

    Para complementar, o cérebro infantil ainda está em desenvolvimento, o que o torna mais vulnerável a impactos e possíveis lesões. Mas afinal, em quais esportes o capacete é necessário e como escolher o melhor? Vamos entender, a seguir.

    Por que o capacete para crianças é tão importante?

    A cabeça da criança é proporcionalmente maior e mais pesada do que o corpo, o que aumenta o risco de bater primeiro com ela ao cair, de acordo com Ana Gandolfi. Além disso, o cérebro infantil ainda está em desenvolvimento, de modo que qualquer impacto pode ter consequências sérias.

    De acordo com estudos da American Academy of Pediatrics (AAP), o uso de capacete reduz de 63% a 88% o risco de lesões cerebrais potencialmente fatais em atividades como ciclismo e esportes na neve. Mesmo em quedas de baixa velocidade, como de um patinete ou skate, a energia do impacto pode ser suficiente para causar lesões cerebrais irreversíveis.

    Nessa situação, o capacete funciona como um amortecedor de impacto. A camada externa rígida impede que objetos duros penetrem. Já o interior, de espuma densa, absorve a energia do choque, reduzindo a aceleração do cérebro dentro do crânio — o que evita danos como concussões ou traumas mais graves.

    Vale apontar que o capacete não evita o impacto, mas diminui a força transferida ao crânio e ao cérebro, reduzindo drasticamente a gravidade da lesão.

    É possível ter uma concussão mesmo usando capacete?

    A resposta é sim, o trauma pode acontecer do mesmo modo, porque o cérebro, ao sofrer uma pancada, se movimenta dentro do crânio e bate nas paredes internas. A diferença é que, com capacete, a força é muito menor e por isso diminui muito a chance de um trauma moderado ou grave, de acordo com Ana Gandolfi.

    A especialista também lembra que a concussão pode ocorrer mesmo sem uma pancada direta na cabeça, basta um impacto forte no tórax ou em outra parte do corpo que provoque o movimento brusco do cérebro dentro do crânio.

    Quais esportes exigem capacete para criança?

    O capacete é necessário em praticamente todos os esportes com risco de queda, colisão ou impacto na cabeça — e não só nas atividades mais radicais. Veja alguns exemplos:

    • Bicicleta: é o esporte com a maior quantidade de acidentes com trauma de crânio infantil. Todos devem usar capacete, inclusive em trajetos curtos;
    • Patins, skate e patinete: quedas são comuns e costumam atingir a cabeça, cotovelos e joelhos;
    • Esportes na neve (ski e snowboard): responsáveis por até 20% das lesões graves de cabeça em crianças;
    • Equitação: o trauma mais comum é o craniano, e usar capacete reduz em até 96% o risco de hemorragia intracraniana;
    • Esportes de rodas: qualquer atividade com velocidade ou desníveis deve incluir proteção;
    • Hóquei, beisebol e futebol americano: todos exigem capacetes específicos, que reduzem drasticamente o risco de concussões e fraturas faciais.

    Orientações para crianças pequenas

    Segundo Ana Gandolfi, crianças menores possuem equilíbrio mais instável, já que o sistema locomotor está em formação. Por isso, elas estão mais propensas a cair, principalmente em esportes com rodas, como patinete, patins e skate.

    A recomendação é que essas atividades comecem apenas a partir dos 4 ou 5 anos de idade — quando a criança já tem um controle corporal mais maduro e consegue se equilibrar melhor.

    Como escolher o melhor capacete para criança?

    Na hora de escolher o melhor capacete esportivo para crianças, o primeiro passo é verificar se ele segue padrões de segurança reconhecidos. O ideal é optar por modelos fabricados por marcas confiáveis, com materiais resistentes, boa ventilação, ajuste firme na cabeça e sistema de fixação seguro.

    Na hora de comprar o capacete, vale observar alguns pontos importantes, como:

    • Tamanho correto: deve encaixar bem, sem folgas ou aperto excessivo;
    • Ajuste regulável: alças e presilhas ajustáveis garantem melhor fixação;
    • Forração interna: espuma macia, removível e que absorve impacto;
    • Ventilação: aberturas que mantêm a cabeça fresca;
    • Peso leve: facilita o uso contínuo;
    • Cores vivas: aumentam a visibilidade e segurança.

    Substitua o capacete após qualquer impacto forte, mesmo que pareça intacto. O material interno perde eficiência após uma pancada.

    Quais as outras formas de proteção?

    Além do capacete, Ana Gandolfi aponta outros acessórios essenciais:

    • Cotoveleiras e joelheiras: protegem contra cortes e fraturas;
    • Luvas: evitam escoriações nas mãos;
    • Roupas adequadas: leves, elásticas e respiráveis para facilitar movimentos.

    Meu filho bateu a cabeça. O que devo fazer?

    Depois de uma queda, mesmo com capacete, observe se aparecem:

    • Dor de cabeça forte;
    • Sonolência ou confusão;
    • Dificuldade para andar ou falar;
    • Náuseas ou vômitos;
    • Alterações de força ou sensibilidade.

    Se houver qualquer um desses sinais, procure o pronto-socorro imediatamente.

    Saiba mais: Esportes de contato: pancadas repetitivas na cabeça fazem mal?

    Perguntas frequentes sobre capacete para criança

    1. A partir de que idade a criança pode praticar esportes com rodas?

    De acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, a partir dos 4 ou 5 anos, quando o equilíbrio corporal está mais desenvolvido.

    2. Preciso trocar o capacete depois de uma queda?

    Sim. Mesmo que pareça intacto, o capacete perde capacidade de absorção após um impacto forte.

    3. O que fazer se a criança cair mesmo usando capacete?

    Observe por horas seguintes. Se houver dor de cabeça intensa, sonolência, confusão, dificuldade para andar, náuseas ou fala alterada, vá ao pronto-socorro.

    4. O que acontece no cérebro durante uma pancada na cabeça?

    O cérebro se move dentro do crânio, podendo bater nas paredes internas. Isso causa lesão por aceleração e desaceleração.

    5. Como identificar se uma batida na cabeça foi grave?

    Procure ajuda urgente se houver perda de consciência, vômitos repetidos, desequilíbrio, sangramento por nariz ou ouvido, sonolência excessiva ou confusão mental.

    6. É normal a criança dormir após uma batida?

    Não é ideal deixá-la dormir imediatamente, pois isso pode mascarar sinais de gravidade. Mantenha acordada e observe.

    Veja mais: Capacete protege mesmo contra lesões cerebrais?