Autor: Dra. Juliana Soares

  • Síndrome dos Ovários Policísticos: o que é e sintomas que você não deve ignorar

    Síndrome dos Ovários Policísticos: o que é e sintomas que você não deve ignorar

    A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das condições hormonais mais frequentes no consultório ginecológico e uma das principais causas de irregularidade menstrual e dificuldade para engravidar. Embora seja comum, ainda é cercada por dúvidas, afinal, muitas mulheres convivem com sintomas por anos até obter o diagnóstico correto.

    A Síndrome dos Ovários Policísticos envolve um desequilíbrio hormonal que altera o funcionamento dos ovários. Isso favorece a produção aumentada de hormônios masculinos (andrógenos), interferindo na ovulação. Por isso, pode afetar o ciclo menstrual, a pele, o peso e até a saúde metabólica da mulher.

    Principais causas e fatores de risco

    A Síndrome dos Ovários Policísticos é uma condição complexa e multifatorial. Não existe uma única causa, mas sim uma interação entre genética, hormônios e fatores ambientais.

    Herança genética

    É comum encontrar várias mulheres na mesma família com Síndrome dos Ovários Policísticos. A síndrome resulta da ação de múltiplos genes, que se expressam de maneiras diferentes em cada pessoa.

    Desequilíbrio hormonal

    Na Síndrome dos Ovários Policísticos, há aumento de LH e redução de FSH, alteração que estimula os ovários a produzirem mais andrógenos, como a testosterona. Isso explica sintomas como acne, aumento de pelos e dificuldade para ovular.

    Resistência à insulina

    Bastante frequente na SOP, a resistência à insulina faz o corpo produzir níveis maiores desse hormônio — que, por sua vez, também estimulam a produção de andrógenos.

    Fatores ambientais e estilo de vida

    Sedentarismo, obesidade e exposição a substâncias químicas podem aumentar o risco ou agravar os sintomas.

    Sintomas mais comuns

    A SOP pode se manifestar de formas bastante diferentes entre as mulheres. Entre os sintomas mais frequentes estão:

    • Irregularidade menstrual (ciclos longos ou ausência de menstruação);
    • Dificuldade para engravidar, devido à falta de ovulação regular;
    • Hirsutismo (pelos aumentados no rosto, seios e abdômen);
    • Acne persistente e pele oleosa;
    • Queda de cabelo e afinamento dos fios;
    • Ganho de peso, especialmente na região abdominal.

    Não é necessário ter todos os sintomas para ser diagnosticada, e muitas mulheres com peso normal também podem ter Síndrome dos Ovários Policísticos.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito pelo ginecologista ou endocrinologista, combinando dados clínicos, exames laboratoriais e ultrassom.

    Segundo os critérios de Roterdã, o diagnóstico é confirmado quando a mulher apresenta dois dos três:

    • Irregularidade menstrual ou ausência de ovulação;
    • Excesso de andrógenos (clínico ou laboratorial);
    • Ovário com aspecto policístico no ultrassom.

    Antes disso, é essencial descartar outras doenças que podem causar sintomas parecidos, como:

    • Alterações da tireoide;
    • Hiperprolactinemia;
    • Hiperplasia adrenal congênita.

    Complicações e comorbidades associadas

    A Síndrome dos Ovários Policísticos vai muito além de alterações menstruais. É uma condição crônica e metabólica, associada a:

    • Síndrome metabólica;
    • Obesidade;
    • Diabetes tipo 2;
    • Resistência à insulina;
    • Alterações do colesterol;
    • Risco cardiovascular aumentado;
    • Ansiedade e depressão.

    Isso reforça a importância do acompanhamento regular.

    Tratamento e controle

    O tratamento é individualizado, levando em conta os sintomas e objetivos da paciente (regular ciclo, tratar acne, perder peso ou engravidar).

    Mudanças no estilo de vida

    São fundamentais. A perda de apenas 5% do peso corporal já melhora ciclos, ovulação e sintomas metabólicos.

    Tratamento medicamentoso (quando indicado)

    • Metformina: ajuda na resistência à insulina e pode auxiliar na ovulação;
    • Anticoncepcionais hormonais combinados: regulam o ciclo e reduzem o excesso de andrógenos;
    • Indutores de ovulação: indicados para quem deseja engravidar;
    • Tratamentos dermatológicos: para acne, hirsutismo e queda de cabelo.

    Abordagem multidisciplinar

    Pode incluir ginecologista, endocrinologista, nutricionista e dermatologista, dependendo dos sintomas.

    Importância do acompanhamento

    A Síndrome dos Ovários Policísticos não tem cura, mas tem controle. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível recuperar a regularidade menstrual, melhorar a fertilidade e reduzir riscos metabólicos a longo prazo.

    O cuidado contínuo faz diferença significativa para a saúde e a qualidade de vida da mulher.

    Veja mais: Dor pélvica forte? Pode ser endometriose

    Perguntas frequentes sobre Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)

    1. É possível ter SOP mesmo com peso normal?

    Sim. O peso influencia, mas não determina o diagnóstico.

    2. A SOP causa infertilidade?

    Ela pode dificultar a ovulação, mas muitas mulheres conseguem engravidar com tratamento.

    3. Toda mulher com ovário policístico tem Síndrome dos Ovários Policísticos?

    Não. O aspecto policístico pode aparecer mesmo sem a síndrome.

    4. Síndrome dos Ovários Policísticos engorda?

    O ganho de peso é comum, especialmente na região abdominal, mas não ocorre em todas as mulheres.

    5. Quem tem SOP deve evitar anticoncepcionais?

    Pelo contrário: em muitos casos, eles fazem parte do tratamento.

    6. A SOP aumenta o risco de diabetes?

    Sim. A resistência à insulina é uma das características da síndrome.

    7. A Síndrome dos Ovários Policísticos tem cura?

    Não, mas pode ser controlada com acompanhamento e mudanças no estilo de vida.

    Leia mais: Insuficiência istmocervical: o que é e por que merece atenção na gravidez

  • Corrimento com cheiro forte? Pode ser vaginose bacteriana 

    Corrimento com cheiro forte? Pode ser vaginose bacteriana 

    O corrimento vaginal com odor forte é uma das queixas mais frequentes nos consultórios ginecológicos. Embora muitas mulheres associem imediatamente esse sintoma a infecção sexualmente transmissível, na maioria dos casos, trata-se de vaginose bacteriana, uma condição comum causada por um desequilíbrio da flora vaginal.

    Mesmo sendo um problema simples de tratar, a vaginose pode causar desconforto, afetar a vida sexual e, quando não tratada, trazer complicações importantes, especialmente durante a gravidez. Por isso, entender o que é, como surge e como se prevenir é essencial para manter a saúde íntima em dia.

    O que é a vaginose bacteriana?

    A vaginose bacteriana ocorre quando há um desequilíbrio na flora vaginal.

    Em condições normais, a vagina é protegida por Lactobacillus, bactérias que:

    • Mantêm o pH vaginal ácido;
    • Produzem substâncias que impedem o crescimento de micro-organismos nocivos.

    Quando esses lactobacilos diminuem, bactérias como Gardnerella vaginalis e outras anaeróbias passam a se multiplicar. O resultado é um corrimento alterado com odor característico.

    É importante dizer que a vaginose não é uma IST, embora a atividade sexual possa favorecer o desequilíbrio do pH vaginal.

    Causas e fatores de risco

    A vaginose acontece quando o pH vaginal aumenta e os lactobacilos diminuem.

    Os principais fatores de risco são:

    • Duchas vaginais;
    • Fumo;
    • Uso recente de antibióticos;
    • Uso de produtos de higiene íntima sem orientação;
    • Alterações hormonais;
    • Contato com sêmen (que aumenta o pH).

    Essas situações tornam a flora vaginal mais vulnerável ao crescimento das bactérias que causam a vaginose.

    Sintomas

    O sintoma mais característico é o corrimento com odor forte, descrito como “cheiro de peixe”.

    Outros sinais são:

    • Corrimento branco, acinzentado ou amarelado;
    • Odor mais intenso após a relação sexual;
    • Aumento da secreção vaginal.

    A vaginose não costuma causar coceira, ardor ou dor, o que ajuda a diferenciá-la de candidíase e tricomoníase.

    Cerca de 50% das mulheres são assintomáticas, o que reforça a importância da avaliação ginecológica.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico é clínico, baseado nos critérios de Amsel, que são:

    • Corrimento branco-acinzentado e homogêneo;
    • pH vaginal > 4,5;
    • Odor de peixe ao misturar o corrimento com substâncias alcalinas (teste das aminas);
    • Presença de “células-guia” ao microscópio.

    Quando necessário, o ginecologista pode solicitar o teste de Nugent, exame laboratorial que analisa a flora vaginal pela coloração de Gram.

    Possíveis complicações

    Quando não tratada, a vaginose pode aumentar o risco de outras infecções, incluindo:

    • HIV e HPV;
    • Clamídia e gonorreia;
    • Doença inflamatória pélvica;
    • Infertilidade tubária.

    Complicações na gravidez

    Em gestantes, a vaginose pode estar associada a:

    • Parto prematuro;
    • Ruptura precoce da bolsa;
    • Infecção uterina após o parto;
    • Baixo peso ao nascer.

    Tratamento

    O objetivo é restaurar o equilíbrio da flora vaginal.

    Medicamentos

    Os antibióticos mais usados são:

    • Metronidazol (oral ou gel vaginal);
    • Clindamicina (oral ou creme vaginal).

    Durante o tratamento:

    • Evite álcool (especialmente com Metronidazol, pelo risco de reação adversa);
    • Evite relações sexuais desprotegidas;
    • Siga a orientação médica até o fim.

    Efeitos colaterais comuns

    • Náuseas;
    • Gosto metálico;
    • Dor de cabeça;
    • Tontura.

    O tratamento é seguro na gestação, desde que prescrito pelo ginecologista.

    E quando a vaginose volta?

    A recorrência é comum: até 80% das mulheres podem ter novos episódios em um ano.

    Nesses casos, pode ser necessário:

    • Tratamento prolongado com gel vaginal;
    • Restauração gradual da flora vaginal;
    • Acompanhamento mais regular com o ginecologista.

    Veja também: Candidíase vaginal: o que é, causas, sintomas e como tratar

    Como prevenir a vaginose bacteriana

    Alguns hábitos reduzem o risco de novos episódios:

    • Evite duchas vaginais;
    • Não use produtos íntimos perfumados;
    • Use camisinha;
    • Evite fumar;
    • Prefira roupas íntimas de algodão;
    • Faça higiene íntima suave, sem exageros;
    • Visite o ginecologista regularmente.

    Perguntas frequentes sobre vaginose bacteriana

    1. Vaginose é a mesma coisa que candidíase?

    Não. A vaginose tem odor forte e pH elevado; a candidíase causa coceira, vermelhidão e corrimento esbranquiçado.

    2. Vaginose pega do parceiro?

    Não é considerada uma IST, mas a atividade sexual pode modificar o pH vaginal.

    3. Homens precisam tratar?

    Não. O parceiro não precisa de tratamento, pois não há transmissão direta.

    4. Posso ter vaginose mesmo sem ter vida sexual ativa?

    Sim. Duchas vaginais, antibióticos e alterações hormonais também podem causar desequilíbrio.

    5. Probióticos ajudam?

    Podem ser úteis em alguns casos, mas devem ser usados sob orientação do ginecologista.

    6. A vaginose interfere na fertilidade?

    Pode interferir, pois aumenta o risco de doença inflamatória pélvica.

    7. Posso prevenir apenas com higiene?

    Higiene excessiva pode piorar. O ideal é limpar sem agredir a flora natural.

    Veja mais: Odor vaginal: quando é normal, sinais de alerta e cuidados

  • Síndrome metabólica: o que é, sintomas e como controlar 

    Síndrome metabólica: o que é, sintomas e como controlar 

    A síndrome metabólica é cada vez mais comum e silenciosa. Muitas pessoas só descobrem a condição após anos convivendo com pressão alta, açúcar elevado no sangue ou aumento da circunferência abdominal. O problema é que, quando esses fatores se somam, o impacto sobre o coração, vasos sanguíneos e metabolismo é muito maior do que cada um isoladamente.

    Hoje sabe-se que o estilo de vida é determinante para o surgimento e a evolução da síndrome metabólica, mas, mesmo sendo uma condição séria, ela é totalmente controlável e, em alguns casos, reversível, desde que feito um acompanhamento adequado.

    O que é a síndrome metabólica?

    A síndrome metabólica é a combinação de pelo menos três dos seguintes fatores:

    • Aumento da circunferência abdominal;
    • Pressão arterial elevada;
    • Glicose alta no sangue;
    • HDL baixo (colesterol “bom”);
    • Triglicerídeos elevados.

    Esses sinais mostram que o corpo está com dificuldade de controlar açúcar, gorduras e pressão arterial, e isso aumenta de forma significativa o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC.

    Por que ela é perigosa?

    A síndrome metabólica atua de forma silenciosa. Na maior parte do tempo, a pessoa não sente nada, mas o corpo já está sofrendo:

    • Excesso de açúcar circulando;
    • Inflamação crônica;
    • Sobrecarga dos vasos sanguíneos;
    • Aumento do estresse oxidativo.

    Com o tempo, essas alterações podem levar a:

    • Doenças cardíacas;
    • AVC;
    • Doença renal;
    • Esteatose hepática;
    • Diabetes tipo 2.

    O que causa a síndrome metabólica?

    O principal fator é o estilo de vida, mas a genética também tem peso.

    Entre as causas mais comuns estão:

    • Alimentação rica em gorduras ruins, açúcar e ultraprocessados;
    • Sedentarismo;
    • Sobrepeso e obesidade (especialmente gordura abdominal);
    • Histórico familiar;
    • Idade avançada.

    Como é feito o diagnóstico

    Avaliação clínica

    • História detalhada;
    • Exame físico;
    • Medida da pressão arterial;
    • Circunferência abdominal (alerta acima de 88 cm em mulheres e 102 cm em homens).

    Exames laboratoriais

    • Glicemia;
    • Colesterol;
    • Triglicerídeos.

    O médico reúne os resultados e confirma o diagnóstico quando há três ou mais fatores alterados.

    Tem cura? Como é o tratamento

    Sim, a síndrome metabólica pode ser revertida com mudanças consistentes no estilo de vida.

    As principais medidas incluem:

    • Alimentação equilibrada, rica em fibras e pobre em ultraprocessados;
    • Prática regular de exercícios físicos;
    • Perda de peso saudável;
    • Redução do consumo de álcool;
    • Abandono do tabagismo;
    • Acompanhamento médico periódico.

    Em alguns casos, o médico pode prescrever medicamentos para controlar:

    • Pressão arterial;
    • Colesterol;
    • Triglicerídeos;
    • Glicemia.

    Manifestações associadas

    Por estar relacionada à resistência à insulina e à hiperinsulinemia, outras condições podem aparecer junto com a síndrome metabólica:

    Acantose nigricans

    Manchas escurecidas, aveludadas e endurecidas, especialmente em axilas, virilhas e pescoço.

    Esteatose hepática

    Acúmulo de gordura nas células do fígado, que pode evoluir para inflamação e fibrose hepática.

    Hiperandrogenismo

    Em algumas pessoas, especialmente mulheres, pode causar hirsutismo (excesso de pelos), acne e irregularidade menstrual.

    Veja mais: 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta

    Perguntas frequentes sobre síndrome metabólica

    1. A síndrome metabólica é o mesmo que diabetes?

    Não. Mas ela aumenta muito o risco de desenvolver diabetes tipo 2.

    2. É possível reverter totalmente a síndrome metabólica?

    Sim, especialmente quando o diagnóstico é precoce e o estilo de vida é corrigido.

    3. Só pessoas acima do peso têm síndrome metabólica?

    Não. Pessoas magras com acúmulo de gordura abdominal também podem desenvolver.

    4. Quais exercícios ajudam mais?

    O ideal é combinar aeróbico (como caminhada) com musculação para aumentar a sensibilidade à insulina.

    5. Preciso tomar remédios?

    Nem sempre. Mas quando os valores estão muito altos, o uso de medicamentos pode ser necessário.

    6. A circunferência abdominal é mesmo tão importante?

    Sim. A gordura abdominal é metabolicamente ativa e libera substâncias inflamatórias.

    7. A síndrome metabólica dá sintomas?

    Quase nunca no início, por isso é tão perigosa.

    Veja também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos

  • 7 sinais de que seu cansaço não é apenas falta de sono 

    7 sinais de que seu cansaço não é apenas falta de sono 

    É normal se sentir cansado após uma semana intensa, mas quando o corpo parece exausto o tempo todo, mesmo dormindo uma quantidade boa de horas, o cansaço pode ter outras origens além da falta de sono.

    Muitas pessoas chegam ao consultório médico achando que precisam apenas descansar mais, quando na verdade há uma condição médica por trás da fadiga persistente, como carência de vitaminas, distúrbios hormonais, anemia ou até doenças cardíacas e metabólicas.

    Por isso, identificar quando o cansaço é diferente do habitual é muito importante para buscar ajuda médica e evitar complicações.

    Quando o cansaço deixa de ser normal

    O cansaço físico comum melhora com o repouso, alimentação adequada e boas noites de sono. Mas se ele persiste por mais de duas semanas, vem acompanhado de falta de energia, dificuldade de concentração ou palpitações, é importante investigar.

    Alguns sinais de que algo pode estar errado:

    • Sonolência constante, mesmo após dormir 7 a 9 horas;
    • Queda de desempenho físico e mental;
    • Falta de ar ao realizar pequenas atividades;
    • Tonturas e fraqueza;
    • Alterações de humor ou desânimo;
    • Dores musculares sem motivo aparente.

    Esses sintomas indicam que o corpo pode estar pedindo ajuda, e não apenas descanso.

    Causas médicas mais comuns de cansaço excessivo

    1. Deficiência de ferro (anemia)

    A anemia ferropriva é uma das causas mais frequentes de cansaço constante. Quando há falta de ferro, o corpo produz menos hemoglobina, proteína responsável por transportar oxigênio no sangue. Com menos oxigênio chegando aos tecidos, o corpo entra em ritmo mais lento, com fadiga, palidez e falta de ar.

    Os principais sintomas são fraqueza, tontura, unhas quebradiças e dor de cabeça frequente.

    2. Falta de vitaminas do complexo B e vitamina D

    Vitaminas como B12, B6 e D são importantes para o funcionamento do sistema nervoso, muscular e imunológico. Quando estão em baixa, o corpo tem dificuldade em gerar energia e manter o equilíbrio do metabolismo.

    A carência de vitamina B12, por exemplo, pode causar formigamento, lapsos de memória e fadiga mental. Já a vitamina D muito baixa está ligada à fraqueza, dor muscular e ao humor deprimido.

    Os principais sintomas de carência de vitaminas são cansaço persistente, desânimo e dores musculares.

    3. Distúrbios da tireoide

    A tireoide é a glândula que regula o metabolismo. Quando ela funciona de forma lenta (hipotireoidismo), o corpo queima menos energia e tudo desacelera.

    Os principais sintomas são sonolência, ganho de peso, queda de cabelo, pele seca e intolerância ao frio.

    4. Apneia do sono

    A apneia do sono é um distúrbio em que a pessoa para de respirar várias vezes durante a noite, mesmo sem perceber. Isso fragmenta o sono e impede o descanso profundo, causando cansaço diurno, falta de concentração e irritabilidade.

    Os principais sintomas são ronco alto, pausas na respiração e dor de cabeça matinal.

    5. Doenças cardíacas e pressão alta

    O cansaço fácil ao subir escadas ou caminhar pequenas distâncias pode ser sinal de sobrecarga no coração. Doenças cardíacas e pressão alta podem reduzir a eficiência da circulação e limitar o transporte de oxigênio aos músculos.

    Os principais sinais são falta de ar, palpitações e inchaço nas pernas.

    6. Distúrbios hormonais e metabólicos

    Doenças como diabetes e síndrome metabólica também estão entre as causas de cansaço persistente. O excesso de açúcar no sangue, associado à resistência à insulina, provoca desequilíbrios que afetam o metabolismo.

    Alguns dos sinais são sede e fome exageradas, perda de peso involuntária e sonolência depois das refeições.

    7. Estresse e saúde mental

    O cansaço emocional é tão real quanto o físico. O estresse constante, a ansiedade e o esgotamento mental drenam a energia do corpo e prejudicam o sono, a imunidade e o humor.

    Preste atenção em sintomas como irritabilidade, insônia, dores de cabeça e sensação de estar sempre no limite.

    Quando procurar um médico

    Procure ajuda médica se o cansaço:

    • Dura mais de 15 dias mesmo com descanso;
    • Vem acompanhado de tontura, falta de ar, palpitação ou perda de peso;
    • Interfere nas atividades diárias e no trabalho;
    • Surge junto de sintomas como febre, alterações de humor ou dor persistente.

    Um clínico geral, um cardiologista ou um endocrinologista pode solicitar exames de sangue e avaliação metabólica para investigar causas como deficiência de ferro, alterações hormonais, inflamação ou doenças crônicas.

    Quanto mais cedo a causa for identificada, mais chances de sucesso tem o tratamento.

    Como recuperar a energia no dia a dia

    Além do tratamento médico, algumas medidas ajudam a manter a energia em ordem:

    • Alimentação equilibrada, com frutas, verduras e fontes de ferro e vitaminas;
    • Dormir de 7 a 9 horas por noite, com horários regulares;
    • Praticar atividade física leve ou moderada, como caminhada ou alongamento;
    • Evitar álcool e cigarro, que sobrecarregam o organismo;
    • Reservar momentos de descanso mental, longe de telas e estímulos.

    Pequenas mudanças no estilo de vida fazem diferença, mas quando o cansaço não passa, é sinal de que o corpo precisa ser ouvido.

    Confira: Como começar a correr? Veja 8 dicas práticas para iniciantes

    Perguntas frequentes sobre cansaço excessivo

    1. Cansaço constante é sempre sinal de doença?

    Nem sempre. Pode ser consequência de sono ruim, má alimentação ou estresse. Mas se persistir por mais de duas semanas, deve ser investigado.

    2. Quais vitaminas causam cansaço quando estão baixas?

    As principais são vitamina B12, B6 e D, além do ferro, que quando em falta provoca anemia.

    3. O que a falta de vitamina D causa?

    Fraqueza muscular, dores no corpo, desânimo e maior risco de infecções.

    4. Como saber se o cansaço é por causa da tireoide?

    Se vier acompanhado de ganho de peso, sonolência, pele seca e queda de cabelo, o médico pode solicitar exames hormonais para confirmar.

    5. A ansiedade pode causar cansaço físico?

    Sim. O corpo em estado constante de alerta provoca exaustão.

    6. O que é bom para recuperar energia?

    Alimentação equilibrada, sono adequado, hidratação, atividade física regular e avaliação médica para corrigir eventuais deficiências ou condições.

    7. Qual médico procurar para investigar cansaço?

    Um clínico geral ou cardiologista é o ponto de partida. Ele pode encaminhar para outros especialistas conforme a causa identificada.

    Veja mais: 5 dicas simples para se movimentar mais no dia a dia — e os benefícios disso

  • Diferença entre dengue, zika e chikungunya 

    Diferença entre dengue, zika e chikungunya 

    Febre, dor no corpo e manchas vermelhas na pele são sintomas que podem confundir até os médicos nos primeiros dias. Dengue, zika e chikungunya são doenças virais transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e têm muitas semelhanças, o que faz com que muitas pessoas só descubram qual delas tiveram depois de exames específicos.

    Apesar das semelhanças, cada vírus provoca um tipo de reação no corpo e exige cuidados diferentes. Algumas formas são mais perigosas, outras podem deixar sequelas ou complicações a longo prazo.

    O que elas têm em comum

    As três doenças são causadas por vírus e transmitidas pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Esse mosquito se desenvolve em água parada e limpa, por isso, eliminar criadouros é a principal forma de prevenção.

    Além da transmissão vetorial, o vírus da zika também pode ser transmitido por via sexual, de mãe para filho durante a gestação e, mais raramente, por transfusão de sangue.

    De modo geral, todas podem causar:

    • Febre;
    • Dor de cabeça e no corpo;
    • Cansaço;
    • Manchas avermelhadas na pele;
    • Dores nas articulações.

    Mas é a intensidade e a duração desses sintomas que ajudam a diferenciar cada doença.

    Dengue: febre alta e dor intensa no corpo

    A dengue costuma começar de forma repentina, com febre alta (acima de 38,5 °C), forte dor muscular e nas articulações, dor atrás dos olhos, cansaço extremo e, em alguns casos, manchas vermelhas que lembram uma alergia.

    Outros sintomas incluem náusea, dor abdominal, falta de apetite e tontura. A febre dura entre 2 e 7 dias e pode ser seguida por uma fase crítica, em que a febre desaparece, mas aumenta o risco de complicações, como sangramentos.

    Os sinais de alerta para dengue grave, também chamada de dengue hemorrágica, são dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos nas gengivas ou nariz e tontura.

    Zika: sintomas leves, mas risco maior para gestantes

    A zika geralmente tem sintomas mais leves que a dengue e a chikungunya. A febre costuma ser baixa ou até ausente, e o que mais se destaca são as manchas avermelhadas pelo corpo, coceira intensa e vermelhidão nos olhos.

    Outros sintomas possíveis são dor de cabeça leve, dor nas articulações e cansaço. A doença costuma durar poucos dias e raramente causa complicações graves.

    O maior risco está em gestantes, pois o vírus pode atravessar a placenta e afetar o desenvolvimento do feto, provocar microcefalia e outras alterações neurológicas.

    Gestantes com suspeita de zika devem procurar atendimento médico imediatamente para acompanhamento especializado.

    Chikungunya: dor articular intensa e prolongada

    A chikungunya costuma causar febre alta e dor articular muito intensa, que pode afetar mãos, punhos, tornozelos e joelhos. Essa dor é tão forte que muitas pessoas têm dificuldade para andar ou realizar atividades simples.

    As dores podem durar semanas ou até meses e, em alguns casos, evoluir para uma forma crônica, semelhante à artrite. Também podem surgir inchaço nas articulações, manchas na pele, náusea e mal-estar.

    A febre costuma durar de 2 a 3 dias, mas a rigidez nas articulações é o sintoma mais marcante da doença.

    Dores persistentes por mais de 2 semanas ou sinais de inflamação articular devem ser avaliados pelo médico.

    Tabela de sintomas

    Sintoma principal Dengue Zika Chikungunya
    Febre Alta e súbita Leve ou ausente Alta e repentina
    Dor no corpo Intensa Leve a moderada Muito forte, sobretudo nas articulações
    Manchas na pele Comuns, surgem após a febre Muito comuns e coçam bastante Podem aparecer junto da febre
    Coceira Rara Intensa Leve
    Dor nos olhos Comum Rara Possível
    Inchaço nas articulações Raro Raro Muito comum
    Duração média 7 a 10 dias 3 a 7 dias Pode durar semanas a meses
    Complicações Hemorragia, choque Microcefalia (gestantes) Dor articular crônica

    Diagnóstico

    Os sintomas ajudam a suspeitar da doença, mas a confirmação é feita com exames laboratoriais específicos, como:

    • Sorologia (IgM/IgG);
    • PCR, que detecta o material genético do vírus.

    Em regiões onde os três vírus circulam ao mesmo tempo, o exame é muito importante para diferenciar as doenças corretamente.

    Tratamento

    Não existe tratamento específico para dengue, zika ou chikungunya. O foco é aliviar os sintomas e evitar complicações. As orientações gerais são:

    • Repouso e boa hidratação;
    • Uso de paracetamol ou dipirona para controlar dor e febre;
    • Evitar AAS e anti-inflamatórios, que aumentam o risco de sangramentos;
    • Acompanhamento médico, especialmente em gestantes e idosos.

    Prevenção

    Como todas são transmitidas pelo Aedes aegypti, a prevenção é a mesma:

    • Eliminar água parada (vasos, caixas d’água, pneus, garrafas);
    • Manter lixeiras tampadas;
    • Usar repelentes e roupas que cubram braços e pernas;
    • Instalar telas em janelas e portas.

    No caso da dengue, atualmente há vacina contra os quatro sorotipos do vírus.

    Confira: Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    Perguntas frequentes sobre dengue, zika e chikungunya

    1. As três doenças são transmitidas pelo mesmo mosquito?

    Sim. O Aedes aegypti é o principal transmissor da dengue, zika e chikungunya.

    2. Posso ter mais de uma dessas doenças ao mesmo tempo?

    Sim. É possível ser infectado por mais de um vírus simultaneamente, o que pode tornar o quadro mais grave.

    3. Qual é a mais perigosa?

    Depende. A dengue pode causar hemorragia, a zika é mais preocupante na gravidez e a chikungunya pode deixar dores crônicas.

    4. Existe vacina para todas?

    Atualmente, há vacinas apenas contra a dengue. Para zika e chikungunya, ainda estão em fase de pesquisa.

    5. O que devo fazer se tiver febre e dor nas articulações?

    Evite tomar AAS ou anti-inflamatórios e procure atendimento médico para diagnóstico correto.

    6. Quanto tempo leva para se recuperar completamente?

    Na dengue e na zika, em torno de uma semana. Na chikungunya, a dor articular pode persistir por semanas ou meses.

    7. É possível se proteger com repelente?

    Sim. O uso regular de repelentes é uma das formas mais eficazes de evitar a picada do mosquito.

    Veja mais: Como diferenciar dengue de gripe e covid-19?

  • Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo: a doença autoimune que aumenta o risco de trombose

    Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo: a doença autoimune que aumenta o risco de trombose

    A formação de coágulos dentro das veias ou artérias geralmente é vista como um evento agudo e imprevisível, mas, para algumas pessoas, esse risco está ligado a uma condição autoimune chamada Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo (SAF).

    Também conhecida como Síndrome de Hughes, ela faz com que o próprio sistema imunológico produza anticorpos que atrapalham a coagulação sanguínea, facilitando o surgimento de tromboses.

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo pode afetar homens e mulheres de qualquer idade, é uma das causas mais importantes de trombofilia adquirida e está associada a perdas gestacionais e complicações na gravidez.

    O que é a síndrome do anticorpo antifosfolipídeo?

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo é uma doença autoimune crônica em que o corpo produz anticorpos antifosfolipídeos, capazes de interferir no sistema de coagulação. Isso aumenta o risco de formação de trombos que podem:

    • Dificultar a passagem do sangue;
    • Bloquear veias ou artérias;
    • Causar complicações graves, como AVC, embolia pulmonar ou trombose venosa profunda.

    A doença é uma das causas mais comuns de trombofilia adquirida e também está associada a abortos repetidos e complicações obstétricas.

    Por que isso acontece?

    A causa exata ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que alguns fatores desencadeantes podem funcionar como gatilho em pessoas que já têm anticorpos circulantes.

    Entre os principais gatilhos estão:

    • Cirurgias ou procedimentos invasivos;
    • Infecções graves;
    • Gravidez;
    • Interrupção de anticoagulantes em quem já faz tratamento.

    Nem todos que têm os anticorpos desenvolvem tromboses; é a combinação entre predisposição e gatilho que costuma precipitar as manifestações.

    Sintomas da síndrome do anticorpo antifosfolipídeo

    Os sintomas dependem da região em que o trombo se forma. Algumas pessoas têm sinais leves; outras apresentam manifestações graves.

    Quando a trombose ocorre em veias (Trombose Venosa Profunda)

    • Dor;
    • Inchaço;
    • Vermelhidão;
    • Calor no local.

    Quando ocorre em artérias

    • AVC (pode surgir em pessoas jovens sem fatores de risco);
    • Dor súbita e intensa em membros.

    Outras manifestações

    • Manchas arroxeadas na pele que pioram com frio (livedo);
    • Trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas);
    • Problemas cardíacos;
    • Microtromboses difusas.

    Relação com gravidez

    • Abortos repetidos;
    • Pré-eclâmpsia;
    • Restrição de crescimento fetal.

    Forma rara e grave

    A Síndrome Antifosfolipídica Catastrófica afeta vários órgãos ao mesmo tempo e é uma emergência médica.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico depende de critérios clínicos e laboratoriais.

    É necessário ter:

    1. Critérios clínicos

    • Histórico de trombose ou
    • Complicações obstétricas, como:
      • três ou mais abortos consecutivos;
      • parto prematuro por pré-eclâmpsia grave ou restrição de crescimento;
      • outras complicações típicas da doença.

    2. Critérios laboratoriais

    Exames positivos para anticorpos antifosfolipídeos, confirmados em duas coletas com intervalo mínimo de 12 semanas:

    • Anticardiolipina (IgG ou IgM);
    • Anti-beta-2 glicoproteína I (IgG ou IgM);
    • Anticoagulante lúpico.

    Ter esses anticorpos não significa lúpus, mas algumas pessoas têm síndrome do anticorpo antifosfolipídeo associada ao lúpus eritematoso sistêmico.

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo pode ser evitada?

    Não é possível evitar a doença em si, mas é possível prevenir complicações, especialmente tromboses.

    Principais recomendações:

    • Não fumar;
    • Manter peso saudável;
    • Praticar atividade física regularmente;
    • Controlar colesterol e triglicerídeos;
    • Evitar uso de estrogênio (pílulas combinadas), salvo orientação médica;
    • Evitar medicamentos que alteram a coagulação por conta própria.

    Esses cuidados são ainda mais importantes em quem já tem anticorpos circulantes.

    Tratamento

    A SAF não tem cura, mas é totalmente controlável com tratamento adequado. O objetivo é evitar a formação de novos trombos.

    Tratamento principal: anticoagulantes

    Medicamentos anticoagulantes reduzem a tendência de formação de coágulos. Geralmente, o uso é contínuo e monitorado com exames como o INR, que verifica se o sangue está na faixa terapêutica ideal.

    Durante a gravidez

    O tratamento é diferenciado, para garantir segurança para mãe e bebê. Com acompanhamento adequado, o risco de aborto e complicações é significativamente reduzido.

    Cuidados com medicamentos

    Vários remédios interferem nos anticoagulantes, entre eles anti-inflamatórios e analgésicos comuns.

    Por isso, é essencial:

    • Avisar o médico sobre qualquer novo medicamento;
    • Evitar automedicação;
    • Monitorar regularmente o exame de INR.

    Alimentação: atenção à vitamina K

    A vitamina K (presente em folhas verdes escuras como couve, brócolis e espinafre) interfere na ação dos anticoagulantes.

    Não é necessário cortar esses alimentos. O ideal é manter um consumo regular e estável, sem grandes variações.

    Por que o tratamento é tão importante?

    Sem controle, a síndrome do anticorpo antifosfolipídeo pode levar a complicações graves, como:

    • Trombose venosa profunda;
    • AVC;
    • Embolia pulmonar;
    • Perda gestacional recorrente.

    Com acompanhamento regular, a maioria das pessoas leva uma vida saudável e normal.

    Veja também: 7 cuidados que você deve ter antes de engravidar

    Perguntas frequentes sobre síndrome do anticorpo antifosfolipídeo

    1. A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo é a mesma coisa que trombofilia?

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo é um tipo de trombofilia adquirida, ou seja, provoca maior risco de trombose ao longo da vida.

    2. SAF está ligada ao lúpus?

    Pode estar, mas não necessariamente. Muitas pessoas têm síndrome do anticorpo antifosfolipídeo isolada.

    3. A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo tem cura?

    Não, mas é totalmente controlável com acompanhamento médico.

    4. Vou precisar tomar anticoagulante para sempre?

    Na maioria dos casos, sim. A decisão depende da história de trombose e do risco individual.

    5. Posso engravidar com síndrome do anticorpo antifosfolipídeo?

    Sim. Com tratamento adequado durante a gestação, muitas mulheres têm gravidez saudável.

    6. A alimentação interfere no tratamento?

    Sim. Alimentos ricos em vitamina K devem ser consumidos de forma estável.

    7. A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo aumenta risco de AVC?

    Sim, especialmente quando há trombose arterial. O tratamento reduz muito esse risco.

    Veja também: Trombose do viajante: o que é, sintomas, causas e como evitar

  • Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes 

    Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes 

    O diabetes é uma das doenças crônicas mais conhecidas do mundo, mas existe uma forma menos falada que costuma surpreender até quem já convive com o diagnóstico: o LADA, o diabetes autoimune latente do adulto. Ele é chamado informalmente de “diabetes tipo 1,5” porque reúne características do tipo 1 e do tipo 2, e muitas vezes passa despercebido nos primeiros anos.

    Por causa dessa evolução lenta, muitas pessoas recebem tratamento inadequado por meses ou anos. Identificar o LADA precocemente faz toda a diferença para escolher o tratamento correto, preservar a função do pâncreas por mais tempo e evitar complicações a longo prazo.

    O que é o diabetes LADA?

    O diabetes LADA é uma forma de diabetes causada por uma reação autoimune: o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis por produzir insulina. A destruição é lenta, e por isso os sintomas começam como no diabetes tipo 2, mas depois evoluem para a necessidade de insulina, como acontece no diabetes tipo 1.

    Por isso ele é considerado uma condição intermediária entre os dois tipos clássicos.

    Como é feito o diagnóstico

    A Sociedade de Imunologia para Diabetes estabelece três critérios para identificar o diabetes LADA:

    • Diagnóstico após os 30 anos;
    • Presença de anticorpos contra o pâncreas;
    • Não precisar de insulina nos primeiros 6 meses.

    No início, o LADA costuma ser confundido com diabetes tipo 2 porque:

    • A glicose sobe de forma mais leve;
    • Os medicamentos orais funcionam no começo;
    • Os sintomas podem ser discretos.

    Com o tempo, porém, o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina, e o controle da glicose começa a falhar, mesmo com tratamento adequado, um sinal de alerta importante.

    Por que o diabetes LADA acontece?

    O diabetes LADA tem origem genética e autoimune. Alguns genes aumentam o risco da doença, mas ainda não se sabe ao certo o que desencadeia a reação imunológica.

    Os fatores associados são:

    • Excesso de peso;
    • Tabagismo;
    • Sedentarismo;
    • Consumo excessivo de bebidas açucaradas;
    • Baixo peso ao nascer.

    Por outro lado, hábitos como atividade física regular, alimentação equilibrada e consumo de peixes ricos em ômega 3 parecem ter efeito protetor.

    Quão comum é o diabetes LADA?

    Mais do que se imagina: 5% a 15% dos adultos diagnosticados inicialmente com diabetes tipo 2 na verdade têm diabetes LADA.

    Em países como Reino Unido e outros da Europa, cerca de 10% dos adultos com diabetes apresentam essa forma autoimune.

    Como o corpo reage no diabetes LADA

    No LADA, o organismo produz anticorpos que atacam gradualmente as células produtoras de insulina (sem destruí-las tão rapidamente quanto no diabetes tipo 1).

    A doença mistura características dos dois tipos clássicos:

    • Autoimunidade semelhante ao tipo 1;
    • Evolução lenta inicial, semelhante ao tipo 2;
    • Ocorre em adultos, geralmente com peso normal ou levemente acima do ideal.

    Sintomas

    Os sintomas do diabetes LADA são semelhantes aos dos outros tipos de diabetes:

    • Sede excessiva;
    • Urinar com frequência;
    • Cansaço persistente;
    • Perda de peso sem motivo;
    • Visão embaçada;
    • Formigamento nos pés.

    Algumas pessoas podem permanecer sem sintomas por um tempo, descobrindo a doença apenas em exames de rotina.

    Exames para diagnosticar o diabetes LADA

    Além dos exames comuns para diabetes (glicemia, hemoglobina glicada, urina), o médico pode solicitar:

    • Anticorpos específicos, como o GADA (o mais comum);
    • Dosagem de peptídeo C, que mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.

    Pessoas com diabetes LADA costumam ter:

    • Peptídeo C em níveis intermediários;
    • Anticorpos positivos;
    • Pouca ou nenhuma resistência à insulina.

    Esses achados ajudam a diferenciar o diabetes LADA de diabetes tipo 1 e tipo 2.

    Tratamento

    O tratamento é personalizado e depende do estágio da doença.

    Inclui:

    • Alimentação equilibrada;
    • Atividade física regular;
    • Acompanhamento médico frequente.

    Medicamentos

    • Insulina: pode ser necessária logo no início ou apenas após alguns anos;
    • Agonistas de GLP-1 e inibidores de DPP-4: ajudam a preservar a função do pâncreas.

    Importante:

    Sulfonilureias devem ser evitadas, pois aceleram a perda das células produtoras de insulina.

    Por que reconhecer o diabetes LADA é tão importante?

    Um diagnóstico impreciso pode atrasar o tratamento adequado, aumentando o risco de complicações.

    Identificar o diabetes LADA permite:

    • Preservar a função do pâncreas por mais tempo;
    • Melhorar o controle da glicose;
    • Reduzir o risco de danos nos rins, olhos, coração e vasos;
    • Oferecer uma abordagem individualizada.

    Leia também: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Perguntas frequentes sobre LADA

    1. LADA é a mesma coisa que diabetes tipo 1?

    Não. Ambos são autoimunes, mas o LADA se desenvolve lentamente e aparece apenas em adultos.

    2. Quem tem LADA sempre vai precisar de insulina?

    A tendência é que sim, mas o momento varia de pessoa para pessoa.

    3. LADA pode ser confundido com diabetes tipo 2?

    Sim, e isso é muito comum. Por isso o diagnóstico correto é tão importante.

    4. LADA tem cura?

    Não, mas pode ser controlado com tratamento adequado.

    5. Exercícios ajudam no LADA?

    Sim. Atividade física melhora sensibilidade à insulina e ajuda no controle glicêmico.

    6. O que o peptídeo C indica?

    Ele mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.

    7. Alimentação pode substituir o tratamento medicamentoso?

    Não. É complementar, mas não substitui medicamentos quando o pâncreas já está comprometido.

    Leia mais: Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar

  • Dor pélvica forte? Pode ser endometriose

    Dor pélvica forte? Pode ser endometriose

    A endometriose é uma das doenças ginecológicas mais discutidas atualmente, e ainda assim, uma das mais subdiagnosticadas. Muitas mulheres convivem durante anos com cólicas incapacitantes, dor pélvica constante ou dificuldade para engravidar sem imaginar que esses sintomas podem estar ligados a uma condição que exige acompanhamento especializado.

    A doença afeta mulheres em idade fértil e pode comprometer rotina, bem-estar e saúde reprodutiva. A boa notícia é que, com informação, diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível controlar os sintomas, preservar a fertilidade e manter qualidade de vida.

    O que é endometriose?

    A endometriose é uma doença ginecológica crônica e benigna. Ela acontece quando o tecido endometrial (que reveste o útero) cresce fora dele, em locais onde não deveria. Esses implantes podem surgir na pelve, ovários, intestino, bexiga e outros órgãos próximos.

    É relativamente comum: estima-se que entre 5% e 10% das mulheres em idade fértil tenham endometriose.

    Os diferentes tipos de endometriose

    A endometriose pode se manifestar de maneiras distintas. Por isso, é classificada em três grupos principais:

    1. Endometriose peritoneal

    Pequenos implantes distribuídos na superfície do peritônio (a membrana que reveste a pelve).

    2. Endometriose ovariana

    Forma cistos chamados endometriomas, geralmente repletos de conteúdo espesso e escuro.

    3. Endometriose profunda

    O tecido cresce mais profundamente, podendo atingir paredes de órgãos pélvicos e infiltrar 5 mm ou mais.

    Por que a endometriose acontece?

    A causa exata ainda não é totalmente compreendida, mas existem teorias importantes.

    Menstruação retrógrada (teoria de Sampson)

    Parte do sangue menstrual retorna pelas trompas para a pelve, carregando células do endométrio que se implantam em locais indevidos. Como nem todas as mulheres desenvolvem endometriose, acredita-se que fatores hormonais e imunológicos também participem.

    Metaplasia celômica

    Sugere que células da pelve poderiam se transformar em tecido semelhante ao endometrial.

    Provavelmente, mais de uma teoria atua ao mesmo tempo.

    Principais sintomas

    A endometriose é conhecida por causar sintomas que variam bastante, desde quadros silenciosos até dores intensas.

    Os mais comuns são:

    • Dor pélvica crônica;
    • Cólicas fortes (dismenorreia);
    • Dor durante a relação sexual;
    • Alterações intestinais ou urinárias cíclicas;
    • Dificuldade para engravidar.

    Muitas mulheres levam anos até receber o diagnóstico, porque esses sintomas podem ser confundidos com outras condições.

    Como é feito o diagnóstico

    O primeiro passo é uma avaliação clínica cuidadosa:

    • Investigação dos sintomas;
    • Exame ginecológico, que pode identificar nódulos dolorosos ou pouca mobilidade uterina.

    Depois, exames complementares ajudam a confirmar o quadro e mapear a extensão da doença:

    • Ultrassom pélvico e transvaginal com preparo intestinal;
    • Ressonância magnética.

    Quando a suspeita persiste ou há necessidade de tratamento cirúrgico, pode ser indicada uma videolaparoscopia, que permite visualizar e tratar os focos da doença ao mesmo tempo.

    Tratamento e controle

    A endometriose é crônica e necessita acompanhamento contínuo. O objetivo do tratamento é:

    • Reduzir a dor;
    • Controlar a progressão da doença;
    • Preservar a fertilidade.

    A escolha depende da gravidade, localização dos focos, idade e desejo de gestar.

    Tratamento clínico

    O mais comum, baseado em hormônios que bloqueiam a ovulação e diminuem o estímulo estrogênico:

    • Progestagênios;
    • Anticoncepcionais hormonais combinados;
    • DIU hormonal.

    Efeitos colaterais leves podem ocorrer, como alterações de humor ou ganho de peso.

    Tratamento cirúrgico

    Indicado quando:

    • Os sintomas não melhoram com o tratamento clínico;
    • Há endometriomas grandes;
    • Existe comprometimento intestinal ou urinário;
    • A infertilidade está relacionada à doença.

    A cirurgia é feita por videolaparoscopia e remove os focos da endometriose.

    Terapias complementares

    • Fisioterapia pélvica;
    • Psicoterapia.

    Essas abordagens ajudam a lidar com a dor e o impacto emocional.

    A endometriose é uma doença complexa, mas tratável. Com diagnóstico precoce, acompanhamento ginecológico e tratamento adequado, é possível controlar os sintomas, proteger a fertilidade e levar uma vida plena.

    Cólicas muito intensas, dor pélvica persistente e dificuldade para engravidar merecem avaliação e, quanto antes, melhor.

    Confira: Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

    Perguntas frequentes sobre endometriose

    1. Endometriose tem cura?

    Não, mas pode ser controlada. Muitas mulheres ficam sem sintomas com tratamento adequado.

    2. Toda dor menstrual forte é endometriose?

    Não. Mas cólicas incapacitantes devem sempre ser investigadas.

    3. Quem tem endometriose consegue engravidar?

    Sim. Algumas mulheres têm dificuldade, mas muitas engravidam de forma natural ou com apoio médico.

    4. O DIU hormonal ajuda?

    Sim, pode aliviar sintomas ao reduzir o estímulo hormonal sobre os focos da doença.

    5. A videolaparoscopia é sempre necessária?

    Não. Só quando os exames não esclarecem o diagnóstico ou há necessidade terapêutica.

    6. A endometriose volta após a cirurgia?

    Pode voltar, porque a doença é crônica. Por isso o acompanhamento é contínuo.

    7. Dor durante o sexo é normal?

    Não. Dor na relação sexual é um sintoma importante e deve ser investigado.

    Veja também: Endometriose: o que é e os tratamentos disponíveis

  • Dor e rigidez nas articulações? Pode ser artrite reumatoide 

    Dor e rigidez nas articulações? Pode ser artrite reumatoide 

    A artrite reumatoide (AR) é uma doença que vai muito além das dores nas articulações. Trata-se de uma condição autoimune crônica que, se não for identificada e tratada cedo, pode comprometer a mobilidade, causar deformidades e afetar até órgãos internos.

    É uma doença que mexe com a rotina e a qualidade de vida, mas que hoje conta com tratamentos eficazes e capazes de controlar a inflamação e evitar danos permanentes.

    Por ser uma doença silenciosa nas fases iniciais, com sintomas que podem ser confundidos com cansaço ou estresse, o diagnóstico precoce faz toda a diferença. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maiores as chances de impedir a progressão e preservar a função das articulações.

    O que é a artrite reumatoide (AR)?

    A artrite reumatoide é uma doença autoimune crônica. Isso significa que o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo, passa a atacar equivocadamente as articulações.

    Esse ataque provoca:

    • Inflamação persistente;
    • Dor;
    • Rigidez;
    • Inchaço.

    A doença costuma afetar as articulações de forma simétrica, como os dois joelhos, os dois punhos ou as duas mãos. Com o tempo, a inflamação contínua pode levar à destruição da cartilagem e do osso, causando deformidades e perda de movimento.

    Quem pode ter artrite reumatoide?

    Algumas características aumentam as chances de desenvolver a doença:

    • É 2 a 3 vezes mais comum em mulheres;
    • Mais frequente entre 40 e 60 anos, embora possa surgir em outras idades;
    • Mais comum em áreas urbanas do que em regiões rurais.

    Sintomas principais

    No início

    • Cansaço e fraqueza;
    • Rigidez matinal (dificuldade de movimentar as articulações pela manhã);
    • Articulações inchadas, sensíveis e doloridas.

    Com avanço sem tratamento

    • Deformidades articulares;
    • Limitação importante dos movimentos;
    • Dor intensa;
    • Inflamação em outros órgãos, como:
      • Pulmões;
      • Olhos;
      • Coração;
      • Pele;
      • Nervos.

    Causas e fatores de risco

    A causa exata da artrite reumatoide ainda não é conhecida, mas os estudos mostram que ela surge da combinação entre genética e ambiente.

    Principais fatores associados

    • Dereditariedade: ter familiares com artrite reumatoide aumenta o risco;
    • Tabagismo: é o fator de risco mais forte e bem documentado;
    • Infecções: alguns vírus e bactérias podem funcionar como gatilho;
    • Estilo de vida: obesidade e dieta pobre em fibras aumentam as chances.

    Como é feito o diagnóstico

    Não existe um único exame que confirme a doença. O diagnóstico é feito a partir da combinação de:

    1. Avaliação clínica

    Análise dos sintomas, histórico e exame físico das articulações.

    2. Exames de imagem

    • Ultrassom;
    • Ressonância magnética;
    • Raio-X.

    Esses exames permitem detectar inflamação e alterações articulares.

    3. Exames de sangue

    • Marcadores inflamatórios (PCR e VHS);
    • Anticorpos específicos (fator reumatoide e anti-CCP/ACPA);

    A identificação precoce é fundamental: o tratamento iniciado cedo consegue impedir a progressão e evitar deformidades.

    Tratamento da artrite reumatoide

    O objetivo do tratamento é alcançar remissão (ausência de sintomas) ou reduzir de forma significativa a atividade da doença.

    As principais estratégias são as abaixo.

    1. Remédios

    Eles aliviam sintomas e controlam a inflamação. Entre eles:

    • Anti-inflamatórios não esteroidais;
    • Corticóides;
    • Medicamentos antirreumáticos modificadores da doença (DMARDs), sintéticos ou biológicos.

    2. Fisioterapia e exercícios

    Movimentos leves e orientados ajudam a preservar a mobilidade e manter força muscular.

    3. Acompanhamento multiprofissional

    Inclui reumatologista, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo.

    4. Mudanças de hábitos

    • Parar de fumar;
    • Manter peso saudável;
    • Adotar alimentação equilibrada.

    Importância do diagnóstico e do tratamento precoce

    Sem tratamento adequado, a artrite reumatoide pode causar danos permanentes às articulações e comprometer atividades simples do dia a dia. Além disso, a doença pode afetar órgãos internos e aumentar o risco de complicações graves.

    Por isso, reconhecer os sintomas cedo e iniciar acompanhamento com reumatologista são passos essenciais para manter qualidade de vida.

    Leia também: Miastenia gravis: conheça a doença que causa fraqueza muscular

    Perguntas frequentes sobre artrite reumatoide

    1. Artrite reumatoide tem cura?

    Não, mas pode ser controlada. Muitos pacientes atingem remissão com o tratamento adequado.

    2. Artrite reumatoide é a mesma coisa que artrose?

    Não. A artrite reumatoide é autoimune; a artrose é desgaste da cartilagem.

    3. Exercício piora a artrite?

    Não. Atividades leves ajudam na mobilidade e reduzem dor, desde que bem orientadas.

    4. A doença pode causar deformidades?

    Sim, quando não tratada precocemente.

    5. O estresse influencia a artrite reumatoide?

    Sim, o estresse pode piorar crises inflamatórias.

    6. A artrite reumatoide atinge apenas articulações?

    Não. Pode afetar pulmões, olhos, coração, pele e outros órgãos.

    7. Quem tem artrite reumatoide precisa de acompanhamento contínuo

    Sim. O acompanhamento com reumatologista é essencial para ajustar o tratamento e prevenir danos.

    Veja mais: Artrite reumatoide: o que é, diagnóstico e tratamento

  • Próstata aumentada: o que você precisa saber 

    Próstata aumentada: o que você precisa saber 

    Com o passar dos anos, o corpo passa por diversas transformações e, para muitos homens, uma delas envolve o aumento da próstata. Essa condição, conhecida como Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), é extremamente comum depois dos 50 anos e pode provocar sintomas urinários que impactam a rotina, o sono e a qualidade de vida.

    Embora não esteja relacionada ao câncer de próstata, a próstata aumentada merece atenção. Quando não acompanhada, pode trazer desconforto e algumas complicações. Hoje já há tratamentos eficazes e a maioria dos homens consegue controlar bem os sintomas com o cuidado adequado.

    O que é a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB)

    A Hiperplasia Prostática Benigna é o crescimento benigno (não cancerígeno) da próstata, uma glândula localizada logo abaixo da bexiga e responsável por produzir parte do líquido seminal.

    O aumento costuma ocorrer progressivamente ao longo da vida. Em muitos homens, ele é silencioso; em outros, causa sintomas urinários que podem ser leves, moderados ou intensos.

    Por que a próstata aumenta?

    O crescimento da próstata acontece principalmente por influência hormonal. A testosterona, hormônio masculino, é convertida dentro da glândula em di-hidrotestosterona (DHT), substância que estimula as células da próstata a se multiplicarem.

    Com o tempo:

    • O volume da próstata aumenta gradualmente;
    • Esse aumento pode começar por volta dos 30 anos;
    • Torna-se mais evidente após os 50;
    • Aos 70 anos, a próstata pode até dobrar de tamanho.

    Trata-se de um processo natural, ligado ao envelhecimento e ao equilíbrio hormonal.

    Sintomas da próstata aumentada

    A Hiperplasia Prostática Benigna pode gerar sintomas de dois tipos: obstrutivos e irritativos.

    Sintomas obstrutivos (dificuldade para urinar)

    • Jato urinário fraco;
    • Dificuldade para iniciar a micção (hesitação);
    • Jato que interrompe e volta;
    • Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
    • Gotejamento após urinar.

    Sintomas irritativos (urgência e frequência)

    • Vontade de urinar muitas vezes ao dia (polaciúria);
    • Acordar várias vezes à noite para urinar (nictúria);
    • Urgência urinária, às vezes com escape;
    • Desconforto no baixo ventre.

    É importante reforçar: o tamanho da próstata não determina a intensidade dos sintomas. Homens com próstata grande podem ter poucos incômodos, e outros, com aumento discreto, podem sentir bastante desconforto.

    Possíveis complicações da próstata aumentada

    Sem acompanhamento adequado, a Hiperplasia Prostática Benigna pode evoluir para:

    • Retenção urinária (incapacidade de urinar);
    • Infecção urinária;
    • Cálculo (pedra) na bexiga;
    • Sangue na urina;
    • Sobrecarga ou prejuízo dos rins.

    Por isso, mesmo sintomas leves devem ser avaliados.

    Como é feito o diagnóstico

    1. História clínica e exame físico

    Conhecer os sintomas e seu impacto na rotina é importante para o diagnóstico de próstata aumentada.

    2. Toque retal

    Permite avaliar tamanho, formato e consistência da próstata.

    3. Exames laboratoriais

    • Exame de urina para descartar infecções;
    • Dosagem do PSA, que não diagnostica HPB, mas ajuda a avaliar o risco de câncer de próstata.

    4. Exames de imagem

    • Ultrassonografia do aparelho urinário;
    • Medida do resíduo urinário pós-micção;
    • Urofluxometria (avalia o fluxo da urina).

    Esses exames ajudam a entender o quadro e definir o tratamento ideal.

    Tratamento da próstata aumentada

    O objetivo é aliviar sintomas e evitar complicações. As opções incluem:

    1. Remédios

    Podem agir de duas formas:

    • Relaxando a musculatura da próstata e da bexiga, facilitando a saída da urina;
    • Reduzindo o estímulo hormonal, diminuindo gradualmente o tamanho da próstata.

    O urologista avalia a combinação mais eficaz em cada caso.

    2. Técnicas minimamente invasivas

    Indicadas para quadros moderados ou quando os medicamentos não funcionam bem:

    • Ablação;
    • Laserterapia;
    • Eletrovaporização da próstata.

    Esses procedimentos preservam tecido e costumam ter recuperação mais rápida.

    3. Cirurgia

    Recomendada quando:

    • Os sintomas são intensos;
    • Há complicações (como retenção urinária ou infecções recorrentes).

    A cirurgia mais comum é a Ressecção Transuretral da Próstata (RTU). Para próstatas muito grandes, pode ser necessária cirurgia aberta.

    Veja mais: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

    Perguntas frequentes sobre próstata aumentada

    1. A Hiperplasia Prostática Benigna é câncer?

    Não. É um crescimento benigno da próstata, sem relação direta com câncer.

    2. Toda próstata aumentada precisa de cirurgia?

    Não. Muitos casos respondem bem a medicamentos.

    3. A próstata aumentada causa impotência?

    Os sintomas em si não. Alguns medicamentos podem interferir, mas isso varia por paciente.

    4. Próstata aumentada sempre causa sintomas?

    Não. Parte dos homens tem próstata aumentada sem qualquer incômodo.

    5. O PSA serve para diagnosticar Hiperplasia Prostática Benigna?

    Não. Ele avalia risco de câncer, mas ajuda no acompanhamento.

    6. Beber muita água piora a próstata aumentada?

    Não. Mas tomar muito líquido à noite pode aumentar a nictúria.

    7. Preciso tratar mesmo que os sintomas sejam leves?

    É importante acompanhar para evitar complicações, mesmo que não haja necessidade de intervenção imediata.

    Confira: Hiperplasia prostática benigna (HPB): quando o aumento da próstata deixa de ser normal e exige atenção médica