Autor: Dra. Juliana Soares

  • Trombose Venosa Profunda (TVP): entenda mais sobre a condição 

    Trombose Venosa Profunda (TVP): entenda mais sobre a condição 

    A trombose venosa profunda (TVP) é uma condição séria, mas muitas vezes silenciosa, em que um coágulo de sangue se forma dentro de uma veia profunda, principalmente nas pernas. Ela preocupa porque pode evoluir para uma embolia pulmonar, complicação grave que acontece quando parte do coágulo se solta e migra para os pulmões.

    Apesar de ser mais frequente em pessoas com fatores de risco específicos, a trombose venosa profunda pode acontecer em qualquer idade e costuma aparecer após períodos prolongados de imobilidade, cirurgias, viagens longas, uso de hormônios ou condições que favorecem a coagulação. Reconhecer os sinais e buscar ajuda rápida reduz o risco de complicações.

    O que é trombose venosa profunda (TVP)?

    A trombose venosa profunda é a formação de um coágulo (trombo) dentro de uma veia profunda. Geralmente afeta:

    • Panturrilha;
    • Coxa;
    • Pelve.

    O trombo dificulta a circulação do sangue e, nos casos mais graves, pode se desprender e causar embolia pulmonar, situação potencialmente fatal.

    Por que a trombose venosa profunda acontece?

    Três mecanismos explicam a formação dos coágulos, conhecidos como Tríade de Virchow:

    1. Estase sanguínea

    Quando o sangue circula muito devagar, como em:

    • Longas viagens sentado;
    • Pós-operatório;
    • Longos períodos acamado.

    2. Lesão na parede do vaso

    Pode acontecer por traumas, cirurgias ou inflamação da veia.

    3. Hipercoagulabilidade

    Quando o sangue coagula com mais facilidade, por motivos como:

    • Trombofilias herdadas;
    • Câncer;
    • Gravidez;
    • Uso de hormônios;
    • Doenças que alteram a coagulação.

    Geralmente, mais de um fator atua ao mesmo tempo.

    Quem tem mais risco de trombose venosa profunda?

    Algumas situações aumentam significativamente o risco:

    • Idade acima dos 40 anos (risco aumenta ainda mais após os 60);
    • Imobilidade prolongada;
    • Cirurgias extensas;
    • Histórico pessoal ou familiar de trombose;
    • Varizes;
    • Obesidade;
    • Câncer e quimioterapia;
    • Gravidez e pós-parto;
    • Uso de anticoncepcionais ou reposição hormonal;
    • Trombofilias;
    • Tabagismo.

    Quais são os sintomas?

    A trombose venosa profunda pode passar despercebida, mas alguns sinais são clássicos:

    • Inchaço em apenas uma perna (edema unilateral);
    • Dor na panturrilha ou coxa;
    • Sensação de endurecimento no músculo;
    • Aumento da temperatura local;
    • Pele arroxeada;
    • Diferença perceptível de tamanho entre as pernas.

    Ao notar esses sinais, procure atendimento imediatamente.

    Como é feito o diagnóstico?

    O médico avalia a história clínica, o exame físico e solicita exames para confirmação. Veja quais.

    Ultrassom com Doppler venoso

    É o exame principal, seguro e não invasivo.

    Exames de sangue

    Podem ajudar a descartar a trombose em casos de baixo risco, mas não confirmam sozinhos.

    Outros exames podem ser feitos em situações específicas.

    Principais complicações da trombose venosa profunda

    1. Embolia pulmonar

    Ocorre quando parte do coágulo se solta e chega aos pulmões. Pode causar:

    • Falta de ar súbita;
    • Dor no peito;
    • Palpitações;
    • Tosse com sangue;
    • Risco de morte.

    2. Síndrome pós-trombótica

    A longo prazo, a circulação fica prejudicada, levando a:

    • Inchaço crônico;
    • Escurecimento da pele;
    • Dor persistente;
    • Feridas de difícil cicatrização.

    Como é o tratamento da trombose venosa profunda?

    O objetivo é evitar que o coágulo cresça ou se desprenda e aliviar os sintomas.

    Anticoagulantes

    São o tratamento principal e mais utilizado. Duram, em média, 3 a 6 meses, podendo ser prolongados ou até contínuos em alguns casos.

    A escolha depende de fatores como:

    • Outras doenças do paciente;
    • Possibilidade de reversão do efeito;
    • Familiaridade com a medicação;
    • Disponibilidade e custo.

    Meias elásticas de compressão

    Ajudam a melhorar a circulação e prevenir complicações.

    Fibrinolíticos

    Usados raramente, apenas em casos graves, pois dissolvem o coágulo.

    Cirurgia ou cateterismo

    Indicados em situações específicas, como trombos muito extensos.

    Como prevenir a trombose venosa profunda?

    • Evite ficar parado muito tempo — movimente-se sempre que possível;
    • Em viagens longas, levante-se e caminhe a cada 1–2 horas;
    • Mantenha as pernas elevadas quando puder;
    • Hidrate-se bem;
    • Use meias elásticas se houver indicação médica;
    • Trate condições associadas (obesidade, varizes, trombofilias);
    • Não fume.

    Leia também: Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo: a doença autoimune que aumenta o risco de trombose

    Perguntas frequentes sobre trombose venosa profunda

    1. A trombose venosa profunda só acontece em pessoas idosas?

    Não. Pode ocorrer em qualquer idade, mas o risco aumenta com o envelhecimento.

    2. Posso ter trombose venosa profunda mesmo sem sintomas?

    Sim. Alguns casos são silenciosos, mas o risco ainda existe.

    3. Anticoncepcional aumenta o risco?

    Sim. Hormônios com estrogênio elevam o risco de trombose em algumas mulheres.

    4. Trombose venosa profunda e varizes são a mesma coisa?

    Não. Varizes aumentam o risco de TVP, mas são condições diferentes.

    5. A trombose volta?

    Pode voltar, especialmente em pessoas com fatores de risco persistentes. Por isso, o acompanhamento médico é essencial.

    6. Quanto tempo dura o tratamento?

    Em média 3 a 6 meses, podendo ser mais longo dependendo do caso.

    7. Caminhar ajuda a prevenir?

    Sim. Movimentar as pernas melhora a circulação e reduz muito o risco.

    Confira: Trombose do viajante: o que é, sintomas, causas e como evitar

  • Hepatite A: o que é, como se transmite e como prevenir 

    Hepatite A: o que é, como se transmite e como prevenir 

    A hepatite A é uma infecção causada pelo vírus HAV, também chamado de hepatite infecciosa. A doença afeta principalmente o fígado e, na maioria dos casos, tem curso leve e com recuperação completa, especialmente em crianças.

    Em adultos e idosos, porém, os sintomas podem ser mais intensos e, raramente, causar complicações graves, especialmente em pessoas que já têm doenças hepáticas.

    Por ser altamente transmissível e bastante presente em regiões com saneamento inadequado, entender como a infecção acontece e como preveni-la é importante para proteger a saúde individual e coletiva.

    Como acontece a transmissão

    A hepatite A é transmitida principalmente pela via fecal-oral, ou seja, quando o vírus presente nas fezes de uma pessoa infectada entra em contato com a boca de outra. Isso pode ocorrer por:

    • Água ou alimentos contaminados;
    • Má higiene das mãos;
    • Falta de saneamento básico;
    • Contato direto entre pessoas (casas, creches, escolas, instituições);
    • Práticas sexuais com contato oral-anal ou uso de acessórios contaminados.

    A transmissão por sangue é rara, pois o vírus prefere o trato digestivo. O vírus HAV é muito resistente no ambiente e pode sobreviver por longos períodos fora do corpo.

    Outro ponto importante: crianças podem eliminar o vírus nas fezes por até 5 meses, mesmo após estarem recuperadas.

    Sinais e sintomas

    Muitas pessoas, sobretudo crianças, não apresentam sintomas. Quando surgem, geralmente entre 15 e 50 dias após o contágio, eles incluem:

    • Cansaço e mal-estar;
    • Febre baixa;
    • Dores musculares;
    • Enjoo, vômitos e dor abdominal;
    • Prisão de ventre ou diarreia.

    Sinais característicos

    • Urina escura, muitas vezes o primeiro sinal visível;
    • Icterícia, quando pele e olhos ficam amarelados.

    Gravidade por faixa etária

    • Crianças menores de 6 anos: quadros leves e assintomáticos.
    • Adultos e idosos: maior chance de sintomas intensos.
    • Casos raros: hepatite fulminante (falência do fígado).

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por exame de sangue, que identifica anticorpos específicos:

    Exames de sangue (marcadores sorológicos)

    • Anti-HAV IgM: indica infecção recente ou atual.
    • Anti-HAV IgG: indica proteção; aparece após a infecção ou após vacina.

    Quem já teve hepatite A ou já foi vacinado não pega a doença novamente, pois adquire imunidade duradoura.

    Tratamento

    Não existe tratamento antiviral específico para hepatite A. A recuperação ocorre naturalmente, e o manejo é baseado em cuidados gerais:

    • Repouso adequado;
    • Alimentação equilibrada;
    • Hidratação abundante;
    • Evitar automedicação, especialmente analgésicos e remédios que sobrecarregam o fígado.

    Casos graves com sinais de insuficiência hepática podem exigir internação.

    Como prevenir

    A prevenção da hepatite A está diretamente ligada à higiene e ao saneamento.

    Cuidados diários essenciais

    • Lavar as mãos após usar o banheiro e antes de preparar ou consumir alimentos;
    • Higienizar frutas, verduras e legumes com água corrente e solução de água sanitária (10 ml por litro);
    • Cozinhar bem carnes, peixes, frutos do mar e mariscos;
    • Lavar mamadeiras, utensílios e louças com atenção;
    • Evitar contato com água de enchentes, valas e locais próximos a esgoto;
    • Evitar fossas próximas a poços ou nascentes;
    • Usar preservativo e higienizar mãos, genitália e região anal antes e depois do sexo.

    Vacina: a principal forma de proteção

    A vacina contra hepatite A é segura, eficaz e altamente recomendada. Ela faz parte do calendário nacional de vacinação.

    Esquema vacinal

    • Crianças: 1 dose aos 15 meses (pode ser aplicada dos 12 meses a 4 anos e 11 meses).
    • Grupos especiais: pessoas com doenças hepáticas, HIV, imunossupressão, uso de PrEP, fibrose cística, trissomias, coagulopatias e outras condições podem receber 2 doses com intervalo mínimo de 6 meses, nos CRIE.

    Prognóstico

    A hepatite A costuma ter evolução benigna e não se torna crônica. A maioria das pessoas se recupera totalmente.

    Complicações graves, embora raras, são mais frequentes em:

    • Adultos;
    • Idosos;
    • Pessoas com doenças no fígado.

    Leia também: Exames no pré-natal: entenda quais são e quando fazer

    Perguntas frequentes sobre Hepatite A

    1. A hepatite A pode virar hepatite crônica?

    Não. Diferente das hepatites B e C, ela não se torna crônica.

    2. Quem já teve hepatite A pode pegar de novo?

    Não. A pessoa adquire imunidade permanente.

    3. Hepatite A pega pelo ar?

    Não. A transmissão é fecal-oral.

    4. Posso pegar hepatite A em um restaurante?

    Sim, se alimentos forem manipulados sem higiene adequada.

    5. Crianças podem ter hepatite A grave?

    É raro. Normalmente, apresentam sintomas leves ou nenhum.

    6. A vacina é realmente eficaz?

    Sim. É a forma mais segura e efetiva de prevenção.

    7. Quanto tempo o vírus fica no corpo?

    A eliminação total costuma ocorrer em semanas, mas a recuperação clínica pode levar meses.

    Veja mais: Hepatite B: o que é, como pega e como se proteger

  • Doença de Crohn: entenda de forma simples 

    Doença de Crohn: entenda de forma simples 

    A Doença de Crohn faz parte do grupo das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), condições crônicas que provocam inflamação contínua no sistema digestivo. Embora seja frequentemente confundida com a retocolite ulcerativa, essas doenças têm comportamentos diferentes: enquanto a retocolite afeta apenas o intestino grosso, a Doença de Crohn pode comprometer qualquer trecho do tubo digestivo, da boca ao ânus.

    Por ser crônica, ter sintomas variáveis e, muitas vezes, silenciosos nos estágios iniciais, a Doença de Crohn ainda gera muitas dúvidas e pode demorar a ser diagnosticada. Hoje você vai entender o que é a doença, por que acontece, os sinais de alerta e como é feito o tratamento.

    O que é a Doença de Crohn?

    A Doença de Crohn é uma inflamação profunda e persistente nas paredes intestinais. Ela pode causar:

    • Feridas (úlceras);
    • Estreitamentos (estenoses);
    • Fístulas (comunicações anormais entre partes do intestino ou entre intestino e outros órgãos).

    A causa exata ainda não é totalmente conhecida, mas a ciência aponta para uma combinação de fatores:

    Fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença

    • Genética: polimorfismos específicos e associação com síndromes como Turner e Hermansky-Pudlak;
    • História familiar: parentes com DII aumentam o risco;
    • Disfunção imunológica: resposta inflamatória exagerada ou desregulada;
    • Ambiente: tabagismo, dieta industrializada e estresse agravam o quadro;
    • Microbiota desequilibrada: alterações na flora intestinal favorecem inflamação.

    Sintomas mais comuns

    Os sintomas variam conforme a área inflamada. Entre os mais frequentes:

    • Dor abdominal tipo cólica, principalmente no lado direito;
    • Diarreia persistente (às vezes com muco ou sangue);
    • Perda de peso;
    • Falta de apetite;
    • Cansaço intenso;
    • Febre baixa e mal-estar.

    Complicações possíveis

    Em crises mais intensas, podem surgir:

    • Abscessos;
    • Fístulas;
    • Estenoses (estreitamento do intestino).

    Esses quadros exigem acompanhamento médico intensivo.

    Outros sintomas além do intestino

    A Doença de Crohn é sistêmica e pode afetar outras partes do corpo:

    • Articulações: artrite;
    • Pele: eritema nodoso;
    • Olhos: uveíte;
    • Fígado e vias biliares: inflamações diversas.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico combina sinais clínicos, exames laboratoriais e exames de imagem. O médico pode solicitar:

    Exames laboratoriais

    • Hemograma e marcadores de inflamação;
    • Exames de fezes para descartar infecções;
    • Sorologia: cerca de 60 a 70% dos pacientes têm positividade para ASCA.

    Exames endoscópicos

    Colonoscopia e endoscopia: observam lesões e coletam biópsias.

    Avaliação do intestino delgado

    Enteroscopia ou cápsula endoscópica.

    Exames de imagem

    Tomografia ou ressonância de abdome, úteis para detectar inflamações e complicações.

    O diagnóstico pode levar tempo porque os sintomas se assemelham aos de outras doenças gastrointestinais.

    Tratamento

    A Doença de Crohn não tem cura, mas é possível controlá-la e reduzir crises.

    Opções de tratamento incluem

    • Anti-inflamatórios e imunossupressores: reduzem a inflamação.
    • Medicamentos biológicos: indicados nos casos moderados a graves.
    • Antibióticos: quando há infecções ou fístulas.
    • Cirurgia: necessária em casos de obstrução, estenose severa ou partes muito danificadas.

    Cuidados complementares

    • Alimentação equilibrada;
    • Controle do estresse;
    • Parar de fumar;
    • Acompanhamento regular com gastroenterologista.

    Vivendo com a doença

    Embora seja crônica, muitas pessoas com Doença de Crohn vivem normalmente com o tratamento certo. Apoio psicológico, grupos de pacientes e acompanhamento contínuo ajudam a lidar com o impacto físico e emocional da condição.

    Leia mais: Dor abdominal: quais podem ser as causas desse sintoma tão frequente?

    Perguntas frequentes sobre Doença de Crohn

    1. A Doença de Crohn tem cura?

    Não, mas pode ser controlada com tratamento contínuo.

    2. Crohn e retocolite são a mesma coisa?

    Não. São doenças diferentes dentro das DII.

    3. A alimentação causa a doença?

    Não causa, mas pode piorar crises se não for equilibrada.

    4. Estresse desencadeia Crohn?

    Não é causa direta, mas pode agravar os sintomas.

    5. Qual médico trata a Doença de Crohn?

    O gastroenterologista.

    6. É possível ter longos períodos sem sintomas?

    Sim. Com tratamento, muitas pessoas ficam em remissão.

    7. Fumantes têm mais risco?

    Sim. O tabagismo é um dos fatores mais fortemente associados à piora da doença.

    Confira: Colonoscopia: o exame que avalia o intestino

  • Perda gestacional: causas, tipos e cuidados necessários 

    Perda gestacional: causas, tipos e cuidados necessários 

    A perda gestacional, também chamada de abortamento, é um tema sensível, mas essencial de ser discutido com informação e acolhimento. Ela ocorre quando a gestação é interrompida antes de o bebê ter condições de sobreviver fora do útero.

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), considera-se aborto quando a perda ocorre antes de 22 semanas, e o feto pesa menos de 500 g ou mede menos de 16,5 cm.

    Embora seja relativamente comum, muitos casos ainda são rodeados de silêncio, dúvida e culpa. No Brasil, o abortamento inseguro permanece como uma das principais causas de morte materna, reforçando a importância do acesso ao pré-natal adequado e à assistência médica segura.

    Quando o abortamento pode acontecer

    A perda gestacional pode ocorrer em diferentes momentos:

    • Abortamento precoce: até a 12ª semana (mais comum).
    • Abortamento tardio: entre a 13ª e 20ª semana, geralmente associado a causas específicas, como infecções ou alterações uterinas.

    Principais causas

    O abortamento pode ser classificado conforme sua causa:

    Abortamento provocado

    Quando a interrupção da gestação é intencional, com uso de medicamentos ou métodos externos.

    Abortamento espontâneo

    Acontece naturalmente. As causas mais frequentes incluem:

    • Alterações genéticas do embrião (responsáveis por cerca de 60% dos casos precoces);
    • Infecções maternas;
    • Alterações anatômicas do útero (miomas, malformações);
    • Doenças maternas não controladas (diabetes, hipertensão, doenças autoimunes);
    • Trombofilias e fatores imunológicos.

    Em muitos casos, a causa não é identificada e não é culpa da mulher.

    Tipos de abortamento

    1. Ameaça de abortamento

    Pequeno sangramento e cólicas leves, sem dilatação do colo. A gestação pode seguir normalmente. Conduta: repouso relativo, evitar relações sexuais, acompanhamento.

    2. Abortamento inevitável

    Sangramento intenso, dor forte e colo uterino dilatado. O ultrassom mostra o saco gestacional em expulsão.

    3. Abortamento incompleto

    Parte do conteúdo gestacional é expulsa; restos permanecem no útero. Pode haver sangramento persistente e risco de infecção. O tratamento, neste caso, é com um medicamento específico ou AMIU (aspiração manual intrauterina), método recomendado pela OMS.

    4. Abortamento completo

    Todo o conteúdo gestacional é eliminado naturalmente. Sangramento diminui e o útero volta ao tamanho normal. É necessário ultrassom para confirmar.

    5. Abortamento retido

    O embrião falece, mas não é expulso espontaneamente. Diagnóstico por ultrassom, sem batimentos cardíacos. O tratamento é feito com medicamentos ou procedimentos de esvaziamento uterino.

    6. Abortamento infectado

    Complicação grave. Pode surgir após qualquer tipo, especialmente em casos inseguros. Sintomas: febre, dor intensa, corrimento com mau cheiro, mal-estar. É uma emergência médica — requer internação, antibióticos e, às vezes, cirurgia.

    Tratamento

    O tratamento depende do tipo de abortamento e das condições clínicas da mulher. Pode envolver:

    • Uso de medicamentos;
    • AMIU, curetagem uterina ou aspiração a vácuo;
    • Internação em casos de infecção, hemorragia ou complicações;
    • Acompanhamento emocional após a perda.

    A conduta deve sempre ser definida por um profissional médico.

    Sinais de alerta: quando procurar o hospital

    Procure atendimento imediato se houver:

    • Sangramento vaginal intenso (um absorvente cheio por hora);
    • Dor abdominal forte e contínua;
    • Febre, corrimento fétido ou calafrios;
    • Fraqueza, tontura ou desmaio.

    Esses sinais indicam risco de complicações.

    Cuidado e acolhimento

    A perda gestacional é uma experiência dolorosa física e emocionalmente. O acompanhamento médico e psicológico é fundamental. Também é importante conversar sobre planejamento reprodutivo, prevenção de novas perdas e cuidados futuros.

    Leia também: Gravidez ectópica: saiba o que é e os sinais da gestação fora do útero

    Perguntas frequentes sobre perda gestacional

    1. Exercício físico pode causar abortamento?

    Não. Atividades comuns e seguras não provocam aborto espontâneo.

    2. Estresse pode causar perda gestacional?

    O estresse isoladamente não causa abortamento espontâneo.

    3. Após um abortamento, quando posso tentar engravidar novamente?

    Depois da recuperação física e emocional, com orientação médica. Muitas vezes, é possível tentar após um ou dois ciclos menstruais.

    4. Perda gestacional é hereditária?

    Na maioria dos casos, não. Mas algumas trombofilias podem ter componente familiar.

    5. Há como evitar um aborto espontâneo?

    Nem sempre. Mas manter doenças controladas, acompanhar no pré-natal e evitar infecções reduz riscos.

    6. Ter um aborto aumenta o risco de outros?

    Depende da causa. Muitas mulheres têm apenas um episódio e depois engravidam normalmente.

    7. Hemorragia sempre indica aborto?

    Não. Sangramentos leves no início da gestação são relativamente comuns — mas sempre devem ser avaliados.

    Veja também: Insuficiência istmocervical: o que é e por que merece atenção na gravidez

  • Trabalho noturno: conheça os riscos para a saúde do coração

    Trabalho noturno: conheça os riscos para a saúde do coração

    No Brasil, dados do IBGE apontam que aproximadamente 7 milhões de pessoas atuam em jornada noturna — principalmente em áreas como saúde, segurança pública, transporte e logística.

    Com um ritmo de trabalho que atropela o relógio biológico, eles estão mais expostos ao desbalanço hormonal, alterações metabólicas, piora da qualidade do sono e a um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares ao longo dos anos.

    Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender por que o trabalho noturno impacta tanto a saúde do coração e quais estratégias podem ajudar a reduzir os riscos. Confira!

    Como o relógio biológico funciona?

    O relógio biológico é o sistema interno que organiza os horários do corpo humano. Ele sincroniza as funções fisiológicas com o ciclo de luz e escuro do ambiente, o que é chamado de ciclo circadiano.

    Durante o dia, a luz solar estimula o cérebro a produzir hormônios ligados ao estado de alerta, como cortisol. A temperatura corporal sobe, o metabolismo acelera e o cérebro entra em modo de vigília. Já durante a noite, quando escurece, o corpo entende que é hora de descansar: a melatonina aumenta, o metabolismo desacelera e a pressão tende a cair.

    Basicamente, dormir à noite e estar acordado de dia não é apenas um hábito social, mas é um padrão fisiológico do ser humano.

    De acordo com Juliana, quando a sincronia entre o relógio biológico e o relógio cronológico é perdida, o organismo passa por uma série de alterações metabólicas. O cortisol e a adrenalina deixam de seguir o ciclo natural e o corpo permanece em estado de alerta constante, enquanto a melatonina se desregula — comprometendo a qualidade do sono, os processos de regeneração celular e a imunidade.

    Com o horário invertido, a liberação de enzimas digestivas, da insulina e dos hormônios ligados à saciedade também se altera, aumentando o risco de resistência à insulina e ganho de peso. Como o sono é o momento de reparo celular, a privação e a má qualidade do sono reduzem esse reparo e promovem inflamação crônica no organismo.

    Impacto do trabalho noturno na saúde do coração

    A inversão do padrão de sono e de vigília, assim como a alteração dos horários habituais, desregula o corpo e provoca uma série de mudanças metabólicas que aumentam o risco de doenças cardiovasculares.

    Uma revisão mais recente, publicada na revista Environmental Research em 2025, encontrou associação entre trabalho em turnos noturnos e maior risco de mortalidade cardiovascular ao longo do tempo. Os pesquisadores apontaram aumento de inflamação, pior perfil de colesterol e alterações autonômicas em quem trabalha à noite — todos marcadores claros de risco cardiovascular.

    E os riscos crescem conforme se acumulam anos de trabalho noturno. Um estudo publicado no European Heart Journal mostrou que longos períodos de trabalho em turnos noturnos se associam a maior risco de fibrilação atrial e doença arterial coronariana, com tendência proporcional ao número de anos e intensidade da exposição.

    Juliana explica que quando há privação de sono e desbalanço do ciclo circadiano, o sistema nervoso simpático permanece ativado de forma contínua, aumentando a contratilidade e o tônus das artérias, o que eleva a pressão arterial. O sono irregular também prejudica o metabolismo e favorece a piora do perfil lipídico, com aumento do colesterol ruim (LDL) e redução do colesterol bom (HDL), contribuindo para o acúmulo de gordura abdominal.

    Para completar, trabalhar em horários invertidos muitas vezes reduz a regularidade da prática de atividade física, que é uma das principais medidas para manter o sistema cardiovascular saudável, controlar o peso, melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir a inflamação.

    A alimentação na madrugada interfere na saúde cardiovascular?

    No período noturno, o metabolismo funciona de forma mais lenta, pois o organismo está fisiologicamente programado para descansar. Por esse motivo, Juliana aponta que consumir alimentos muito calóricos e pesados no horário pode ser prejudicial, já que o corpo passa a ter maior dificuldade para metabolizar gordura e carboidrato de forma eficiente.

    Consequentemente, há maior tendência de acúmulo de gordura corporal e pior metabolização dos nutrientes, o que impacta diretamente os níveis de colesterol e glicemia, favorecendo o ganho de peso e o desenvolvimento de alterações metabólicas, como diabetes tipo 2.

    Por isso, durante a noite ou na madrugada, uma medida necessária é evitar refeições muito pesadas e priorizar opções mais leves e equilibradas, que causem menor sobrecarga ao sistema digestivo e ao sistema cardiovascular.

    Quem trabalha à noite pode compensar o sono durante o dia?

    A compensação completa do sono perdido durante a noite é mais difícil, porque o ciclo circadiano regula o funcionamento dos hormônios, da temperatura corporal e do metabolismo — e as funções se organizam em torno do repouso noturno.

    Logo, mesmo que a pessoa durma a mesma quantidade de horas durante o dia, a qualidade tende a ser menor, com sono mais fragmentado e menos profundo.

    Para ter algum grau de compensação, é importante garantir a melhor qualidade possível do sono, a partir de medidas como:

    • Higiene do sono: manter hábitos regulares de descanso, evitando telas antes de dormir e criando uma rotina fixa de horários;
    • Dormir em um quarto escuro e silencioso durante o dia: cortinas blackout, tampões auriculares, máscara para os olhos e redução máxima de ruídos externos ajudam a melhorar a profundidade do sono;
    • Evitar exposição solar logo após acordar: a luz natural sinaliza para o organismo que o dia começou, o que pode dificultar o ajuste do ciclo circadiano e piorar a sonolência;
    • Tentar dormir um pouco antes de iniciar o trabalho noturno: um cochilo de preparação aumenta a reserva de energia e reduz o prejuízo metabólico durante as horas em que o corpo deveria estar naturalmente dormindo;
    • Tirar cochilos curtos durante o turno: curtos períodos de descanso (20 a 30 minutos) já são capazes de melhorar o alerta, reduzir lapsos de atenção e diminuir a pressão fisiológica do turno invertido.

    Quando for dormir, o ideal é que o sono seja ininterrupto, mesmo que dure menos tempo. Mesmo que a recuperação não seja plena, os cuidados já contribuem para preservar o funcionamento do organismo e reduzir o impacto do trabalho noturno sobre a saúde.

    Sinais da falta de sono para a saúde

    A privação de sono ou sono irregular pode manifestar uma série de sintomas, que Juliana aponta:

    • Cansaço constante;
    • Sonolência excessiva durante o dia;
    • Irritabilidade e piora do humor;
    • Ansiedade e sintomas depressivos;
    • Dificuldade de concentração e perda de memória;
    • Aumento da pressão arterial;
    • Ganho de peso ou dificuldade para emagrecer;
    • Queda da imunidade.

    Os sinais podem aparecer de maneira lenta e progressiva, mas devem ser levados em consideração, porque indicam que o organismo está entrando em desequilíbrio.

    Não posso mudar o horário de trabalho, o que fazer?

    Quando não é possível trocar o turno de trabalho, o ideal é reduzir danos, adotando uma rotina de cuidados que ajude a proteger o organismo dos efeitos do sono irregular e da vigília prolongada. Entre eles, é possível destacar:

    • Priorizar a melhor qualidade de sono possível, mesmo durante o dia;
    • Manter alimentação equilibrada e evitar refeições muito pesadas na madrugada;
    • Fazer atividade física regularmente (em qualquer horário que seja possível);
    • Controlar o estresse, evitando café em excesso e estimulantes no fim do turno;
    • Limitar o consumo de álcool e ultraprocessados;
    • Manter acompanhamento médico regular, com controle de pressão, colesterol e glicemia.

    As medidas ajudam a proteger o sistema cardiovascular e reduzem parte do impacto que o trabalho noturno provoca no organismo.

    Confira: Dormir mal prejudica a saúde do coração? Conheça os riscos

    Perguntas frequentes

    O que é um sono irregular?

    O sono irregular consiste em dormir em horários que variam muito ao longo da semana, mudar bruscamente o momento em que se dorme e se acorda, alternar noite e dia sem padrão, ou quebrar o sono em vários períodos curtos.

    Quando isso acontece, o corpo não consegue programar os processos fisiológicos de forma estável. O relógio biológico não tem previsibilidade e começa a falhar em funções básicas como regular hormônios, temperatura corporal, apetite, humor e pressão arterial. Com o tempo, a falta de constância desequilibra o metabolismo e pode aumentar o risco de problemas cardiovasculares.

    Por que dormir mal interfere no humor e na saúde mental?

    O sono profundo regula neurotransmissores importantes, como serotonina, dopamina e noradrenalina, todos envolvidos no humor e bem-estar emocional. Quando o sono é fragmentado ou insuficiente, acontece um desequilíbrio químico que pode levar a irritabilidade, ansiedade, impulsividade e sintomas depressivos.

    Ah, e o cérebro tem mais dificuldade para processar emoções, filtrar estímulos e interpretar situações sociais com clareza. Assim, quem dorme mal tem maior chance de reagir de forma exagerada a situações simples ou de sentir piora de sintomas psicológicos já existentes.

    Por que telas atrapalham o sono?

    A luz azul emitida por celulares, tablets e computadores inibe a produção de melatonina, o hormônio que sinaliza ao corpo que está na hora de dormir. O conteúdo consumido nas telas também costuma ser estimulante, deixando o cérebro em alerta e prolongando o estado de vigília. Por isso, o recomendado é evitar telas pelo menos uma hora antes de deitar.

    É normal acordar várias vezes durante a noite?

    Acordar várias vezes durante a noite pode acontecer de vez em quando, mas quando isso vira rotina, pode indicar um problema chamado insônia de manutenção.

    Isso pode acontecer devido a fatores emocionais, como estresse e ansiedade, a hábitos inadequados de sono e a condições físicas, como refluxo ou apneia do sono, além de ambientes pouco favoráveis ao descanso. Como os despertares fragmentam os ciclos de sono e prejudicam o descanso profundo, podem afetar diretamente a disposição, o humor e a saúde ao longo do dia.

    Por isso, se o problema é constante e está impactando a qualidade de vida, procure atendimento médico para identificar a causa e definir o tratamento mais adequado.

    Tomar melatonina é seguro?

    A melatonina pode ser útil em situações específicas, como jet lag, adaptação temporária de horários ou alguns distúrbios de ritmo circadiano. Porém, ela não deve ser usada sem orientação médica, já que as doses encontradas em suplementos variam muito e, em alguns casos, são mais altas do que o necessário. Isso pode causar sonolência residual no dia seguinte, alterações de humor e piora do ciclo sono–vigília a longo prazo.

    Veja mais: Sono leve ou agitado? Veja 7 hábitos noturnos que podem ser os culpados

  • Desidratação aumenta o risco de infarto? Conheça os riscos e como evitar 

    Desidratação aumenta o risco de infarto? Conheça os riscos e como evitar 

    Durante períodos de calor intenso ou prática de atividades físicas prolongadas, como treinos de resistência e corridas, é bastante comum o corpo perder água e sais minerais por meio do suor — sendo importante repor adequadamente os líquidos para evitar a desidratação. Desequilíbrios podem comprometer o funcionamento de órgãos vitais, especialmente o coração.

    Quando o organismo perde líquidos em excesso, o sangue se torna mais espesso e o volume circulante diminui. Como consequência, o coração precisa bater com mais força e rapidez para manter a pressão arterial e garantir que o oxigênio chegue aos tecidos.

    O esforço extra aumenta a sobrecarga cardíaca, o que pode ser perigoso sobretudo para pessoas com doenças cardiovasculares, hipertensão ou histórico de infarto. Vamos entender mais, a seguir.

    Mas como ocorre a hidratação?

    A desidratação acontece quando o corpo perde mais líquidos do que consome, provocando um desequilíbrio entre água e sais minerais, especialmente sódio e potássio, que são fundamentais para o bom funcionamento das células. A perda pode acontecer de forma gradual ou rápida, dependendo da causa e da intensidade.

    Normalmente, o organismo elimina líquidos por meio do suor, urina, fezes e respiração. Mas, em situações como exposição prolongada ao calor, prática intensa de exercícios, febre, vômitos ou diarreia, a perda de água e eletrólitos tende a ser muito maior. Quando você não faz a reposição adequada de líquidos, o volume de sangue circulante diminui e os tecidos passam a receber menos oxigênio e nutrientes.

    Como há menos líquido disponível, o corpo tenta se adaptar: os rins reduzem a produção de urina, a pele fica seca e a temperatura corporal tende a aumentar. O sangue, mais espesso, circula com dificuldade, exigindo maior esforço do coração para manter o fluxo.

    Se a desidratação ficar mais grave, podem surgir sintomas como tontura, fraqueza, queda de pressão, batimentos acelerados e confusão mental, caracterizando um quadro de risco que precisa de reposição imediata de líquidos e, em casos graves, atendimento médico urgente.

    Desidratação afeta a pressão arterial?

    De acordo com a cardiologista Juliana Soares, a desidratação pode causar um quadro de hipotensão, que é a queda na pressão arterial. Ela ocorre porque a redução do volume sanguíneo leva à diminuição da pressão exercida pelo sangue nas paredes dos vasos, comprometendo o fluxo adequado para os órgãos vitais — o que pode causar sintomas como tonturas, náuseas e desmaios.

    Em alguns casos, pode acontecer um aumento transitório e discreto da pressão, pois o organismo tenta compensar a perda de líquido liberando hormônios que causam o estreitamento dos vasos sanguíneos.

    Embora seja uma forma de defesa do corpo, ele pode sobrecarregar o sistema cardiovascular, ainda mais em quem convive com hipertensão ou doenças cardíacas pré-existentes.

    Desidratação é perigosa para o coração?

    Em quadros de desidratação, há risco de queda acentuada da pressão arterial, aceleração dos batimentos, arritmias, tontura, fraqueza e desmaios. A sobrecarga cardíaca também pode desencadear crises hipertensivas, infarto e AVC, sobretudo em pessoas com histórico de doenças cardiovasculares, insuficiência cardíaca ou hipertensão.

    Além dos distúrbios de ritmo, a perda de líquidos e sais minerais intensifica o esforço do coração e reduz a oxigenação dos tecidos, o que pode causar sensação de cansaço extremo e mal-estar generalizado. O desequilíbrio de eletrólitos, principalmente de sódio e potássio, agrava o risco de irregularidades na condução elétrica cardíaca, elevando as chances de complicações graves.

    De acordo com Juliana, os idosos são mais vulneráveis à desidratação porque apresentam alterações naturais do envelhecimento, como a diminuição da sensação de sede e, muitas vezes, a função renal menos eficiente. Isso dificulta a reposição adequada de líquidos e aumenta o risco de desidratação.

    Em pessoas com doenças cardíacas, a cardiologista explica que o coração já tem dificuldade em manter um fluxo sanguíneo adequado. A desidratação exige esforço adicional para bombear um sangue mais espesso e em menor quantidade, o que pode provocar complicações graves. Pacientes com insuficiência cardíaca, por exemplo, podem ter maior risco de infarto e AVC.

    Sinais de desidratação para ficar atento

    Os primeiros sintomas de desidratação incluem:

    • Sede intensa e boca seca;
    • Urina escura e em pequena quantidade;
    • Cansaço e fraqueza generalizada;
    • Dor de cabeça e tontura;
    • Pele e lábios ressecados;
    • Confusão mental ou dificuldade de concentração;
    • Ausência de urina por várias horas.

    Em casos moderados a graves, podem surgir palpitações, aceleração dos batimentos cardíacos, queda de pressão, náusea, confusão mental e desmaios. Os sintomas indicam que o corpo já perdeu quantidade significativa de líquidos e sais minerais, o que compromete a circulação e o funcionamento do coração.

    Entre idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas, a desidratação pode evoluir rapidamente. A ausência de suor em dias quentes, a falta de urina por muitas horas ou a sonolência excessiva são sinais de alerta que exigem avaliação médica imediata.

    Como prevenir a desidratação e proteger o coração?

    Manter o corpo hidratado é uma das principais medidas para prevenir a desidratação e garantir o bom funcionamento do coração, especialmente durante períodos de calor intenso ou em situações que aumentam a perda de líquidos, como atividade física ou febre.

    Outras medidas importantes para adotar no dia a dia incluem:

    • Prefira água, água de coco ou bebidas isotônicas em casos de suor excessivo;
    • Evite o consumo exagerado de café, álcool e refrigerantes, que favorecem a perda de líquidos;
    • Use roupas leves, claras e de tecidos que permitam ventilação;
    • Evite exposição solar entre 10h e 16h;
    • Mantenha ambientes ventilados e frescos, com uso de ventilador ou ar-condicionado quando possível;
    • Faça pausas durante atividades físicas em dias quentes;
    • Observe sinais como urina escura, tontura, fraqueza ou palpitações e procure atendimento se persistirem;
    • Pessoas com doenças cardíacas devem seguir orientação médica sobre a quantidade ideal de líquidos e possíveis ajustes de medicamentos.

    Beber água em excesso também é perigoso?

    Tudo em excesso pode prejudicar a saúde, inclusive o consumo de água. Segundo Juliana, o consumo exagerado de líquidos em um curto período pode causar hiponatremia, condição em que o sangue se torna muito diluído e o nível de sódio cai. O sódio, inclusive, é fundamental para o funcionamento adequado do organismo e para a manutenção dos batimentos cardíacos.

    O excesso de água também pode provocar inchaço das células, inclusive das cerebrais, causando alterações neurológicas e cardíacas graves. Em situações extremas, a diluição excessiva compromete o funcionamento do sistema nervoso e pode levar a uma parada cardíaca.

    Existe uma quantidade ideal de líquidos por dia?

    A quantidade ideal de líquidos deve ser individualizada e determinada pelo médico, segundo Juliana. Para a maioria das pessoas, o recomendado é a ingestão de 2 a 2,5 litros de líquidos por dia.

    Entretanto, pacientes com insuficiência cardíaca podem apresentar dificuldade em eliminar o excesso de líquidos, o que favorece a retenção e o acúmulo, especialmente nos pulmões, agravando o quadro clínico.

    Nessas situações, a cardiologista explica que pode ser orientado uma restrição hídrica, limitando a ingestão diária (em alguns casos, a aproximadamente 1 litro) conforme a gravidade e as necessidades específicas de cada paciente, como finaliza a cardiologista.

    Veja também: Por que beber água é tão importante para os rins e a bexiga?

    Perguntas frequentes

    A falta de água pode causar arritmia cardíaca?

    Pode, sim. A desidratação causa desequilíbrio de eletrólitos, como sódio e potássio, fundamentais para a condução elétrica que regula os batimentos cardíacos. Quando há carência de minerais, o coração pode apresentar ritmo irregular, palpitações e arritmias. Em quadros mais severos, essa instabilidade elétrica pode gerar complicações graves e até risco de parada cardíaca.

    O que fazer para se hidratar corretamente?

    A melhor forma é beber água em pequenas quantidades ao longo do dia, sem esperar sentir sede. Os alimentos ricos em água, como frutas, verduras e sopas, também ajudam. Em situações de calor ou transpiração intensa, é indicado repor sais minerais com água de coco ou bebidas isotônicas. A hidratação deve ser constante, e não concentrada em grandes volumes de uma só vez.

    Quando procurar atendimento médico por desidratação?

    O atendimento deve ser buscado sempre que houver sinais de desidratação moderada ou grave, como sede intensa, urina escura ou ausente, tontura, fraqueza extrema, confusão mental, dor no peito ou palpitações.

    Crianças, idosos e pessoas com doenças cardíacas devem ser avaliadas mais rapidamente, pois o risco de complicações é maior. O tratamento pode incluir reposição de líquidos por via oral ou intravenosa, dependendo da gravidade do quadro.

    O café e o álcool favorecem a desidratação?

    Sim, tanto o café quanto o álcool têm efeito diurético, estimulando o corpo a eliminar mais líquidos pela urina. Quando consumidos em excesso, aumentam o risco de desidratação, especialmente em dias de calor ou durante atividades físicas intensas.

    Como identificar a desidratação leve antes que piore?

    Os primeiros sinais leves de desidratação são sede, boca seca, urina mais escura e sensação de cansaço. Se não houver reposição de líquidos, surgem tontura, dor de cabeça e palpitações. Observar a cor da urina é uma boa forma de monitorar o nível de hidratação: quanto mais clara, melhor.

    Qual é o melhor tipo de bebida para hidratação?

    A água é sempre a melhor opção para se hidratar, no entanto, em situações de grande perda de líquidos, bebidas isotônicas ou água de coco ajudam a repor eletrólitos. Sucos naturais também contribuem para melhorar o quadro, desde que sem excesso de açúcar.

    Confira: Descubra quanto de água você deve tomar por dia

  • Gota: quando o ácido úrico causa inflamação nas articulações

    Gota: quando o ácido úrico causa inflamação nas articulações

    A gota é uma das doenças reumatológicas mais antigas descritas pela medicina, e ainda assim continua muito comum. Ela aparece quando o ácido úrico se acumula no sangue e forma cristais dentro das articulações, provocando crises de dor intensa, inchaço e vermelhidão. Em muitos casos, a dor surge de forma súbita e chega a ser tão forte que encostar um lençol sobre a articulação se torna difícil.

    Apesar de ser uma doença conhecida e ter tratamento eficaz, a gota ainda é subdiagnosticada. Muitas pessoas convivem por anos com crises que vão e voltam sem entender a causa. Com acompanhamento adequado, porém, é possível controlar a dor, prevenir novas crises e evitar complicações articulares e renais.

    O que é a gota?

    A gota é uma artropatia inflamatória, causada pelo acúmulo de cristais de ácido úrico (urato monossódico) dentro das articulações. Esses cristais aparecem quando há hiperuricemia, ou seja, excesso de ácido úrico no sangue.

    O ácido úrico é produzido naturalmente pelo organismo ao metabolizar purinas, presentes em alimentos como:

    • Carnes vermelhas;
    • Vísceras;
    • Frutos do mar;
    • Bebidas alcoólicas.

    Em condições normais, ele é eliminado pelos rins. Mas, se o corpo produz mais do que consegue eliminar, ou se o rim passa a excretar menos, o excesso começa a se acumular e se cristalizar.

    Quem tem mais risco de desenvolver gota?

    A gota é mais comum em:

    • Homens entre 40 e 60 anos;
    • Mulheres após a menopausa.

    O risco aumenta em pessoas que têm:

    • Obesidade ou síndrome metabólica;
    • Pressão alta, colesterol ou triglicerídeos elevados;
    • Diabetes tipo 2;
    • Consumo elevado de álcool;
    • Uso de diuréticos;
    • Doença renal crônica.

    A prevalência global da doença vem aumentando, especialmente por conta de mudanças alimentares e do crescimento das doenças metabólicas.

    Como a gota se manifesta?

    A doença geralmente evolui em etapas:

    1. Estágio pré-clínico (sem sintomas)

    O ácido úrico está alto, mas ainda não há dor. Cristais podem estar se formando sem causar inflamação evidente.

    2. Crises agudas de gota

    São episódios súbitos de:

    • Dor intensa;
    • Vermelhidão;
    • Inchaço;
    • Calor na articulação afetada.

    O local mais clássico é o dedão do pé (podagra), mas também podem afetar joelhos, tornozelos, punhos e cotovelos.

    A crise:

    • Piora rapidamente;
    • Dura de 5 a 10 dias;
    • Responde bem a anti-inflamatórios;
    • Pode voltar se o ácido úrico não for controlado.

    3. Gota crônica

    Após anos sem tratamento adequado, podem surgir:

    • Tofos, que são nódulos duros sob a pele;
    • Deformidades articulares;
    • Lesão renal por ácido úrico.

    Diagnóstico

    O diagnóstico combina avaliação clínica e exames.

    O médico pode solicitar:

    • Análise do líquido articular (padrão-ouro): identifica os cristais no microscópio;
    • Exame de sangue para medir ácido úrico;
    • Ultrassonografia para detectar depósitos de urato.

    Importante: o ácido úrico alto não confirma gota sozinho, e crises podem ocorrer mesmo com valores normais.

    Tratamento

    O tratamento envolve duas frentes:

    1. Tratar a crise aguda

    Objetivo: reduzir a dor e a inflamação. Isso inclui:

    • Medicamentos anti-inflamatórios;
    • Repouso da articulação;
    • Compressas frias.

    2. Prevenir novas crises

    O objetivo é manter o ácido úrico sob controle. Envolve:

    • Mudanças no estilo de vida;
    • Controle de doenças associadas;
    • Medicamentos que reduzem o ácido úrico (quando indicados).

    Sem essa etapa, as crises se tornam mais frequentes e o risco de dano articular aumenta.

    Cuidados e prevenção

    Medidas que ajudam no controle da gota:

    • Beber 2 a 3 litros de água por dia;
    • Reduzir ou evitar álcool;
    • Diminuir o consumo de carnes vermelhas, vísceras e frutos do mar;
    • Manter peso saudável;
    • Fazer atividade física regularmente;
    • Tratar doenças associadas;
    • Usar medicamentos apenas com orientação médica.

    Confira: Artrite ou artrose? Conheça as diferenças entre as doenças

    Perguntas frequentes sobre gota

    1. Gota tem cura?

    A doença pode ser controlada com tratamento, mas tende a voltar sem acompanhamento adequado.

    2. Toda pessoa com ácido úrico alto tem gota?

    Não. Nem todo hiperuricêmico terá crises, e crises podem ocorrer com níveis normais.

    3. Beber álcool realmente piora a gota?

    Sim. Bebidas alcoólicas aumentam a produção e reduzem a eliminação de ácido úrico.

    4. A crise de gota sempre acontece no dedão do pé?

    Não. É o local mais comum, mas outras articulações podem ser afetadas.

    5. Comer carne causa gota?

    O consumo excessivo de alimentos ricos em purinas aumenta o risco, mas não é o único fator.

    6. Gota pode causar problemas nos rins?

    Sim. Depósitos de urato podem causar cálculos renais e lesões renais crônicas.

    Veja também: Dor e rigidez nas articulações? Pode ser artrite reumatoide

  • Por que a pressão arterial aumenta no frio? Cardiologista explica

    Por que a pressão arterial aumenta no frio? Cardiologista explica

    Não é apenas o aumento das infecções respiratórias que acontece nos dias frios. Quando as temperaturas caem, o corpo precisa trabalhar mais para manter o calor interno, o que faz os vasos sanguíneos se contraírem e o coração trabalhar com mais força para bombear o sangue. Isso pode sobrecarregar o sistema cardiovascular — especialmente em quem já tem hipertensão ou outros problemas cardíacos.

    Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender o que acontece com o coração nos dias frios e quais cuidados é importante adotar nesse período. Confira!

    Por que o frio faz a pressão arterial subir?

    Com a queda nas temperaturas, o corpo ativa um mecanismo natural para manter a temperatura constante, desencadeando um processo chamado vasoconstrição, que consiste no estreitamento dos vasos sanguíneos para reduzir a perda de calor.

    De acordo com Juliana, o processo faz com que o coração precise trabalhar com mais intensidade para bombear o sangue de forma adequada por todo o corpo, o que acaba elevando a pressão arterial.

    Além disso, o frio também estimula a liberação de hormônios como adrenalina e noradrenalina, substâncias associadas à resposta de alerta do organismo. Eles aumentam a frequência dos batimentos cardíacos e intensificam o esforço do coração — contribuindo ainda mais para a elevação da pressão e para uma sobrecarga cardiovascular.

    E para quem tem hipertensão?

    As pessoas que já convivem com hipertensão arterial costumam apresentar uma pressão de base naturalmente mais elevada, o que as torna mais vulneráveis às variações provocadas pelo clima.

    É importante lembrar que elevações súbitas da pressão arterial aumentam significativamente o risco de complicações graves. Por isso, o efeito da vasoconstrição tende a ser potencialmente mais perigoso para quem tem hipertensão — o que aumenta a necessidade de acompanhamento médico e controle da pressão nas épocas mais frias do ano.

    O frio aumenta o risco de infarto?

    Segundo dados do Instituto Nacional de Cardiologia, as baixas temperaturas do inverno (abaixo de 14°C) fazem aumentar em 30% o risco de infarto — além de outras complicações cardiovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC).

    O Ministério da Saúde ainda aponta um aumento de até 5% nos casos de dissecção de aorta, uma emergência médica gravíssima que acontece quando a camada interna da principal artéria, que se ramifica a partir do coração e leva sangue para todo o corpo, acaba se rompendo ou sofrendo um descolamento.

    Além de o frio provocar o processo de constrição das artérias (vasoconstrição), Juliana explica que ocorre um aumento da viscosidade do sangue, que se torna um pouco mais espesso e coagulável. A mudança favorece a formação de coágulos, que podem contribuir para quadros de obstrução arterial e levar a complicações graves, como infarto ou AVC.

    “Além disso, como no frio temos um aumento de alguns hormônios do estresse, como a adrenalina, pode ocorrer aumento da frequência cardíaca e um episódio de taquicardia e arritmia, especialmente em quem já tem problemas cardíacos de base”, complementa a especialista.

    Além das pessoas com hipertensão, os grupos de maior risco incluem idosos, tabagistas e indivíduos com diabetes ou colesterol alto. Pacientes com histórico de doenças cardiovasculares, como infarto, insuficiência cardíaca ou arritmias, também apresentam maior vulnerabilidade durante o frio.

    Quais horários do dia são mais perigosos?

    De modo geral, Juliana aponta que o período da manhã apresenta maior incidência de eventos cardiovasculares, por diversos motivos. Nesse horário, independentemente de qualquer condição, o organismo já tende a elevar naturalmente a pressão arterial para se preparar para as atividades do dia — porém, durante o frio, o aumento se torna mais intenso devido à vasoconstrição.

    Para complementar, nas primeiras horas do dia, a temperatura ambiente costuma ser mais baixa, e muitas pessoas passam bruscamente de ambientes aquecidos para o ar frio da rua a caminho do trabalho, o que pode provocar um choque térmico e aumentar ainda mais a sobrecarga sobre o sistema cardiovascular.

    Quando procurar um médico?

    É recomendado procurar um médico sempre que houver alterações persistentes na pressão arterial, mesmo com o uso regular de remédios. Também é importante buscar atendimento imediato em caso de sintomas como:

    • Dor ou pressão no peito;
    • Falta de ar;
    • Palpitações ou batimentos acelerados;
    • Tontura ou desmaios;
    • Visão embaçada;
    • Dor de cabeça intensa e repentina;
    • Inchaço nas pernas, tornozelos ou pés.

    Vale complementar que pessoas com hipertensão, diabetes, colesterol alto ou histórico de doenças cardíacas devem manter o acompanhamento médico regular durante o inverno. O frio pode alterar a resposta do organismo e, em alguns casos, exigir os ajustes na medicação, conforme a orientação do médico.

    Cuidados para proteger o coração no inverno

    É fundamental que as pessoas com doenças cardiovasculares, como hipertensão, insuficiência cardíaca, histórico de infarto ou arritmias, redobrem os cuidados durante os períodos de frio. Juliana dá algumas orientações:

    • Evitar choques térmicos e mudanças bruscas de temperatura;
    • Manter-se bem agasalhado, principalmente nas extremidades (pés e mãos), para reduzir a vasoconstrição;
    • Continuar praticando atividade física, adaptando os exercícios para ambientes fechados e seguros;
    • Monitorar regularmente a pressão arterial, especialmente em dias de frio intenso;
    • Seguir corretamente o tratamento médico e não interromper o uso dos medicamentos sem orientação.

    Por fim, Juliana reforça a importância de manter o calendário vacinal em dia, já que, nas épocas frias, há uma maior incidência de infecções respiratórias, que podem agravar o quadro de pacientes com doenças cardiovasculares.

    Para se ter uma ideia, estudos mostram que, nas semanas seguintes a uma infecção viral (como gripe), a chance de um ataque cardíaco pode ser até seis vezes maior — principalmente em adultos mais velhos. A vacinação é segura e recomendada para praticamente todas as pessoas com doenças cardiovasculares.

    Veja também: Pressão alta e rins: como proteger a saúde renal

    Perguntas frequentes

    O que acontece com o corpo no frio?

    Quando o frio chega, o corpo humano precisa se adaptar para manter a temperatura interna constante, então ele ativa um mecanismo chamado vasoconstrição, que consiste no estreitamento dos vasos sanguíneos. O processo ajuda a evitar a perda de calor, mas, ao mesmo tempo, faz com que o coração precise trabalhar com mais força para bombear o sangue.

    O resultado é um aumento natural da pressão arterial, mesmo em pessoas saudáveis, o que é normal de acontecer, mas pode se tornar perigoso para quem já tem doenças cardiovasculares.

    Por que o sangue fica mais espesso no frio?

    Durante o inverno, o corpo perde mais água e tende a ficar levemente desidratado, já que sentimos menos sede. Isso aumenta a concentração de células e proteínas no sangue, deixando-o mais viscoso. A densidade maior favorece a formação de coágulos, que podem obstruir as artérias e causar infarto ou AVC. Assim, mesmo que o frio desestimule o consumo de água, é fundamental manter uma boa hidratação.

    O que a vacinação tem a ver com a saúde do coração?

    As infecções respiratórias, como a gripe e a pneumonia, colocam o corpo sob forte estresse inflamatório, o que pode desestabilizar as placas de gordura nas artérias e causar eventos graves, como o infarto e o AVC. A vacinação reduz a chance de o organismo enfrentar inflamações intensas e evita a sobrecarga sobre o coração.

    As pessoas com hipertensão, diabetes ou histórico de doenças cardíacas devem manter o calendário vacinal atualizado, incluindo as vacinas contra a gripe (Influenza), a pneumonia e a Covid-19. A prevenção de infecções é uma das formas mais eficazes de reduzir o risco de complicações cardiovasculares durante o frio.

    Como medir a pressão arterial em casa?

    Para medir a pressão arterial em casa, é importante o uso de aparelhos digitais automáticos de braço, que são mais confiáveis e oferecem resultados precisos. A pessoa deve estar sentada, com as costas apoiadas e os pés no chão, em ambiente calmo e silencioso. O braço deve estar na altura do coração, e o manguito precisa envolver corretamente o braço, sem apertar demais.

    A medição deve ser feita sempre no mesmo horário, de preferência pela manhã e à noite, evitando conversar durante o processo. A anotação dos resultados e a observação de variações pode ajudar o médico a avaliar a necessidade de ajustes no tratamento e a entender como o organismo reage às mudanças de temperatura.

    O consumo de café e bebidas estimulantes interfere na pressão no frio?

    O consumo excessivo de café, energéticos e bebidas estimulantes pode interferir na pressão arterial, aumentando a liberação de adrenalina, acelerando os batimentos cardíacos e elevando temporariamente a pressão. O efeito é mais perceptível em pessoas sensíveis ou que já têm hipertensão.

    A recomendação médica é limitar o consumo diário a quantidades moderadas e evitar o uso combinado de bebidas estimulantes, principalmente em dias de baixa temperatura, quando o coração já está sob maior esforço.

    Veja mais: Pressão alta: quando ir ao pronto-socorro?

  • Hepatite B: o que é, como pega e como se proteger 

    Hepatite B: o que é, como pega e como se proteger 

    A hepatite B é uma das infecções virais mais importantes para a saúde pública mundial porque atinge diretamente o fígado, um órgão essencial para a digestão, o metabolismo e a filtragem de toxinas. Apesar da gravidade, ela costuma ser silenciosa.

    Muitas pessoas convivem com o vírus por anos sem perceber e descobrem a infecção apenas quando já há danos avançados, como cirrose, insuficiência hepática ou até câncer de fígado.

    Hoje, porém, existe vacina eficaz, tratamento disponível no SUS e exames simples que permitem diagnóstico precoce. Quanto mais cedo a hepatite B é detectada, maiores as chances de evitar complicações e proteger o fígado.

    O que é a hepatite B?

    A hepatite B é uma infecção causada pelo vírus VHB, que provoca inflamação no fígado e, dependendo da evolução, pode causar danos graves ao órgão. A doença pode ser:

    • Aguda: infecção recente e de curta duração;
    • Crônica: quando o vírus permanece no organismo por mais de 6 meses.

    A hepatite B crônica é a forma que mais preocupa, pois está associada a cirrose, falência hepática e câncer de fígado.

    Como a hepatite B é transmitida

    O vírus é transmitido principalmente pelo contato com sangue e fluidos corporais, como sêmen e secreções vaginais.

    Principais formas de transmissão

    • Relações sexuais desprotegidas;
    • Compartilhamento de agulhas, seringas, alicates, lâminas e escovas de dente;
    • Tatuagens e piercings sem esterilização adequada;
    • Procedimentos de saúde sem material devidamente esterilizado;
    • Da mãe para o bebê durante a gestação ou o parto (transmissão vertical).

    A transmissão vertical merece atenção especial. Bebês infectados ao nascer têm grande risco de desenvolver hepatite B crônica. Por isso:

    • Toda gestante deve fazer o teste no início do pré-natal;
    • Se o teste for positivo, recebe acompanhamento específico;
    • Após o nascimento, o bebê deve receber vacina + imunoglobulina nas primeiras 24h.

    Sintomas da hepatite B

    A maioria das pessoas não apresenta sintomas no início, por isso a doença é considerada silenciosa.

    Quando aparecem, podem ser:

    • Cansaço e mal-estar;
    • Enjoo, vômitos e tontura;
    • Dor abdominal;
    • Urina escura e fezes claras;
    • Pele e olhos amarelados (icterícia).

    Sintomas tardios geralmente indicam maior comprometimento do fígado.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por exame de sangue, que identifica antígenos e anticorpos do vírus.

    Marcador principal

    HBsAg: indica infecção ativa pelo vírus

    Se o teste for positivo, exames adicionais avaliam:

    • Carga viral;
    • Função hepática;
    • Grau de inflamação;
    • Riscos de complicações.

    Nas unidades básicas de saúde (UBS), é possível fazer testes rápidos, especialmente recomendados após situações de risco.

    Também podem ser solicitados:

    • Ultrassom do abdome;
    • Tomografia ou outros exames para avaliar possíveis danos ao fígado.

    Tratamento

    O tratamento da hepatite B está disponível no SUS. Ele tem como objetivo:

    • Controlar a replicação do vírus;
    • Evitar a progressão para cirrose ou câncer;
    • Preservar a função do fígado.

    Ainda não existe cura, mas muitas pessoas levam vida normal com acompanhamento e medicamentos adequados.

    A ciência avança rapidamente: pesquisas investigam formas de modular o sistema imunológico, bloquear a replicação viral e até eliminar o vírus do organismo no futuro.

    Prevenção

    A vacina é a principal forma de prevenção e está disponível gratuitamente no SUS.

    Esquema vacinal

    • Crianças: quatro doses (ao nascer e aos 2, 4 e 6 meses — com a pentavalente);
    • Adultos não vacinados: três doses;
    • Imunodeprimidos: podem precisar de esquema especial.

    Outras formas de prevenção

    • Usar preservativo em todas as relações sexuais;
    • Não compartilhar objetos pessoais que possam ter contato com sangue;
    • Garantir esterilização adequada em tatuagens, piercings e procedimentos estéticos ou médicos.

    A vacinação é indicada para todas as idades, inclusive adultos.

    Leia também: Quando o fígado dá sinais: entenda a cirrose e seus riscos

    Perguntas frequentes sobre hepatite B

    1. Hepatite B tem cura?

    Ainda não existe cura, mas o tratamento controla o vírus e evita danos graves.

    2. Como saber se tenho hepatite B se não tenho sintomas?

    A única forma é fazer exames de sangue, disponíveis gratuitamente no SUS.

    3. A vacina realmente protege?

    Sim. A vacina é altamente eficaz e segura.

    4. Quem teve hepatite B pode ter complicações no futuro?

    Sim, especialmente quem desenvolve a forma crônica. Por isso, o acompanhamento médico é essencial.

    5. Posso pegar hepatite B em beijos ou abraços?

    Não. O vírus não é transmitido por contato casual.

    6. Grávidas podem ter hepatite B?

    Sim. E precisam de acompanhamento específico para evitar transmissão ao bebê.

    7. Quem deve se vacinar?

    Todas as pessoas não vacinadas: crianças, adolescentes e adultos.

    Veja mais: Exames no pré-natal: entenda quais são e quando fazer

  • Acordar com o coração acelerado é normal? Veja o que pode ser

    Acordar com o coração acelerado é normal? Veja o que pode ser

    Você já acordou repentinamente com a sensação de que o coração está batendo com força, como se tivesse acabado de correr? O fenômeno de coração acelerado é relativamente comum e, na maioria dos casos, é uma resposta fisiológica normal do organismo.

    Segundo a cardiologista Juliana Soares, a frequência cardíaca é naturalmente mais baixa durante o sono e, quando acordamos, o corpo passa da fase de repouso para um estado de alerta. Nesse processo, a frequência cardíaca aumenta como parte da ativação do sistema nervoso simpático — que prepara o organismo para as atividades do dia.

    Porém, quando a aceleração é muito intensa, ocorre com frequência ou vem acompanhada de sintomas como tontura, falta de ar ou dor no peito, pode ser um sinal de sobrecarga do sistema cardiovascular ou de influência de outros fatores, como os que explicamos a seguir. Confira!

    O que pode causar coração acelerado ao acordar?

    Ansiedade e estresse

    Segundo Juliana, o simples ato de acordar pode ser um gatilho para episódios de ansiedade matinal, levando à aceleração dos batimentos cardíacos. Além disso, o estresse estimula a liberação de hormônios como adrenalina e cortisol, que intensificam a atividade do sistema nervoso simpático e, como resultado, aumentam a frequência cardíaca.

    Uma pessoa ansiosa também pode acordar com outros sintomas, como suor nas mãos, respiração curta, preocupação constante, insônia, enjoo e sensação de aperto no peito. Na maioria dos casos, a taquicardia costuma se normalizar em poucos minutos, conforme o corpo recupera o equilíbrio.

    Consumo de álcool ou cafeína

    O café, o chá preto, o chá mate, os refrigerantes com cafeína e os energéticos são bebidas que contêm substâncias estimulantes capazes de aumentar os batimentos cardíacos.

    A cafeína atua bloqueando a ação da adenosina, um neurotransmissor que promove relaxamento, e estimula a liberação de adrenalina. Isso deixa o corpo em estado de alerta e pode provocar taquicardia, tremores e nervosismo, especialmente em pessoas sensíveis.

    Quando ingerida à noite, a cafeína pode dificultar o sono e, na manhã seguinte, o corpo ainda pode estar sob efeito do estímulo, resultando na aceleração dos batimentos ao acordar.

    Apneia do sono

    A apneia do sono é um distúrbio em que a respiração para e recomeça repetidamente durante o sono, impedindo o corpo de receber oxigênio suficiente. Como consequência, o coração precisa trabalhar mais para compensar — levando a pequenos despertares e aumento da frequência cardíaca, de acordo com Juliana.

    Além do coração acelerado, pessoas com apneia podem apresentar sensação de sufocamento, boca seca, ronco alto, sonolência diurna e dores de cabeça ao acordar. Quando não tratada, a condição pode elevar o risco de hipertensão arterial e arritmias.

    Desidratação

    Durante o sono, o corpo continua perdendo água pela respiração e pelo suor. Se ao longo do dia a pessoa não bebe líquido suficiente, a perda vai se acumulando, aumentando o grau de desidratação durante a noite.

    Com menos líquido circulando, o volume de sangue diminui e o coração precisa trabalhar com mais intensidade para manter o transporte de oxigênio e nutrientes, o que eleva a frequência cardíaca.

    Uso de remédios estimulantes

    Assim como a cafeína, outras substâncias estimulantes podem acelerar os batimentos cardíacos — e diversas estão presentes em medicamentos vendidos com ou sem prescrição, como:

    • Corticoides inalados;
    • Anfetaminas;
    • Remédios para tireoide (como levotiroxina);
    • Xaropes e antigripais com pseudoefedrina;
    • Medicações para TDAH.

    Quando combinados com café ou álcool, o efeito estimulante se intensifica. Se a palpitação começar após o início de um tratamento, é importante conversar com o médico.

    Anemia

    A anemia ocorre quando há diminuição dos glóbulos vermelhos ou da hemoglobina, reduzindo o transporte de oxigênio. Para compensar, o coração bate mais rápido, e isso é percebido com mais intensidade ao acordar.

    Os sintomas incluem fadiga, fraqueza, tontura, dor de cabeça e falta de ar. A causa mais comum é a deficiência de ferro, mas também pode ocorrer por perda sanguínea ou doenças crônicas.

    Pesadelos ou terror noturno

    Pesadelos ativam o sistema nervoso simpático, liberando adrenalina e acelerando o coração. Nos terrores noturnos — mais comuns em crianças, mas possíveis em adultos — a pessoa desperta assustada, com suor, respiração rápida e batimentos fortes.

    Problemas cardíacos

    Arritmias como fibrilação atrial e taquicardia supraventricular podem provocar taquicardia ao acordar. Doenças estruturais do coração também aumentam a chance de alterações no ritmo.

    Nesses casos, a palpitação pode vir acompanhada de falta de ar, dor no peito ou sensação de aperto. Assim, é importante buscar avaliação médica.

    Consumo excessivo de açúcar

    Ingerir açúcar em excesso à noite gera picos de glicose. Quando os níveis caem durante a madrugada, o corpo libera adrenalina, acelerando o coração. O excesso de açúcar também aumenta a inflamação e pode sobrecarregar o sistema cardiovascular ao longo do tempo.

    Como é feita a investigação do coração acelerado pela manhã??

    O diagnóstico do coração acelerado começa com uma consulta médica envolvendo histórico, hábitos, sintomas e uso de substâncias estimulantes. Juliana destaca alguns exames úteis:

    • Eletrocardiograma;
    • Holter de 24h;
    • Exames de sangue (anemia, tireoide);
    • Ecocardiograma;
    • Teste ergométrico.

    Para suspeita de apneia do sono, o médico pode solicitar polissonografia.

    Como evitar que o coração acelere ao acordar?

    Como grande parte das palpitações matinais tem relação com o estilo de vida e a saúde mental, algumas medidas ajudam a reduzir o sintoma:

    • Manter horários regulares de sono;
    • Evitar telas por pelo menos 1 hora antes de deitar;
    • Deixar o quarto escuro e confortável;
    • Evitar álcool, cafeína e nicotina à noite;
    • Beber água ao longo do dia;
    • Praticar atividade física regularmente.

    Quando procurar atendimento médico por conta do coração acelerado?

    Procure um médico quando:

    • Aceleração vier com dor no peito, desmaio, falta de ar ou tontura;
    • As palpitações forem frequentes;
    • Houver histórico familiar de doenças cardíacas;
    • Os sintomas aparecerem após uso de novo medicamento;
    • Surgirem perda de peso, suor excessivo ou tremores.

    Leia mais: Arritmia cardíaca: quando os batimentos fora de ritmo merecem atenção

    Perguntas frequentes sobre acordar com coração acelerado

    Como saber se a palpitação tem origem no coração ou na ansiedade?

    A palpitação por ansiedade surge em momentos de tensão e melhora com o relaxamento. A de origem cardíaca pode ocorrer a qualquer hora e vir com falta de ar ou tontura. Só a avaliação médica confirma.

    O álcool pode causar coração acelerado pela manhã?

    Sim. Ele desidrata, interfere no sistema nervoso e altera eletrólitos importantes para o ritmo cardíaco.

    O que fazer quando o coração acorda acelerado todos os dias?

    Observe hábitos de sono, consumo de cafeína e níveis de estresse. Se o sintoma for frequente, procure um clínico ou cardiologista para avaliação e exames.

    Como saber se tenho algum problema no coração?

    Somente exames como eletrocardiograma, ecocardiograma e teste ergométrico confirmam. Procure um médico se tiver palpitações constantes, falta de ar ou dor no peito.

    O que fazer durante uma crise de palpitação ao acordar?

    Sente-se, respire fundo, mantenha a calma e beba água. Evite movimentos bruscos. Se não melhorar ou houver dor no peito, busque ajuda.

    Quando a palpitação matinal pode ser perigosa?

    É perigosa quando vem com dor no peito, tontura, desmaio, falta de ar ou suor frio — sintomas que podem indicar arritmia ou outro problema cardíaco.

    Confira: Por que o café acelera o coração? Veja quantas xícaras você pode tomar