Autor: Dra. Juliana Soares

  • Por que não pode tomar AAS com dengue? 

    Por que não pode tomar AAS com dengue? 

    Com a chegada das épocas de maior transmissão da dengue, uma das dúvidas mais comuns nos consultórios e farmácias se pode tomar AAS com dengue. A resposta é não, e o motivo é mais sério do que parece.

    Embora o AAS (ácido acetilsalicílico) seja usado para dor, febre e até para proteger o coração, ele aumenta o risco de sangramentos, o que pode ser extremamente perigoso durante a infecção pelo vírus da dengue.

    A dengue é uma doença que afeta diretamente os vasos sanguíneos e as plaquetas, células que ajudam a estancar sangramentos. Por isso, qualquer substância que interfira na coagulação do sangue pode transformar um quadro leve em uma situação de risco.

    O que o AAS faz no organismo

    O AAS é antitérmico, analgésico e anti-inflamatório, mas também age como antiplaquetário. Com isso, ele inibe a agregação das plaquetas, ou seja, faz com que o sangue demore mais para coagular.

    Essa ação é muito boa para quem precisa prevenir infarto ou AVC, mas é perigosa quando há uma infecção como a dengue, pois provoca fragilidade nos vasos sanguíneos e redução das plaquetas.

    O que acontece se tomar AAS com dengue

    Durante a dengue, o vírus pode causar queda no número de plaquetas e aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, o que já predispõe a sangramentos. Quando a pessoa toma AAS, o risco aumenta ainda mais, porque:

    • As plaquetas perdem a capacidade de “grudar” umas nas outras;
    • Pequenos vasos podem se romper com facilidade;
    • Há maior chance de hemorragias internas, como no trato gastrointestinal ou em órgãos vitais, e isso é muito perigoso.

    Esses sangramentos podem se manifestar como manchas roxas pelo corpo, sangramento nasal, gengival ou nas fezes, que são sinais de alerta que precisam de atendimento médico imediato.

    Outros remédios que também devem ser evitados

    Além do AAS, outros remédios com efeito semelhante sobre as plaquetas ou a coagulação também são contraindicados, como:

    • Anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco);
    • Medicamentos combinados que contenham AAS;
    • Anticoagulantes (como varfarina ou rivaroxabana).

    Esses medicamentos podem agravar a dengue e dificultar o controle de sangramentos.

    Veja mais: Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    O que é seguro usar na dengue

    Para aliviar os sintomas, a recomendação médica é simples:

    • Paracetamol ou dipirona são considerados seguros para controlar febre e dor;
    • Muita hidratação é essencial, tanto por via oral, como água, soro e sucos, como, em alguns casos, com soro na veia;
    • Repouso, pois ele ajuda o corpo a se recuperar.

    Qualquer outro medicamento deve ser prescrito e acompanhado por um profissional de saúde, especialmente se o paciente já usa remédios contínuos.

    Quando o AAS pode voltar a ser usado

    Quem toma AAS diariamente por prescrição (por exemplo, após infarto ou AVC) deve consultar o médico assim que houver suspeita de dengue. O profissional avaliará o risco de interromper o uso temporariamente e o melhor momento para retomar o tratamento, sempre com segurança e acompanhamento.

    Confira: Dentro de casa e no quintal: os 7 esconderijos mais comuns do mosquito da dengue

    Perguntas frequentes sobre tomar AAS com dengue

    1. Por que tomar AAS com dengue é perigoso?

    Porque ele inibe a ação das plaquetas e aumenta o risco de sangramentos, que já é alto na doença.

    2. Posso tomar AAS se ainda não tiver certeza de que é dengue?

    Não. Em caso de febre alta e suspeita de dengue, evite AAS e anti-inflamatórios até que o médico confirme ou descarte o diagnóstico.

    3. Quais remédios posso tomar para aliviar a febre?

    Paracetamol ou dipirona são as opções mais seguras, desde que usados nas doses recomendadas.

    4. E se eu já uso AAS por causa do coração?

    Procure o médico imediatamente. Em alguns casos, o uso pode ser suspenso temporariamente durante a infecção.

    5. Como saber se estou tendo sangramento pela dengue?

    Manchas roxas, sangramento nasal, gengival, vômitos com sangue ou fezes escuras são sinais de alerta para procurar atendimento médico imediatamente.

    Veja também: Veja por que você pode pegar dengue até quatro vezes

  • Cobre: para que serve e qual a importância para a saúde 

    Cobre: para que serve e qual a importância para a saúde 

    Você talvez nunca tenha parado para pensar no cobre, mas ele está presente em quase tudo o que mantém o corpo funcionando bem. Esse mineral essencial participa da formação do sangue, da estrutura dos ossos, da produção de energia e até do bom funcionamento do cérebro.

    Com a alimentação moderna cada vez mais baseada em alimentos processados e pobre em minerais traço, garantir cobre suficiente é um cuidado importante no dia a dia. A seguir, entenda por que o cobre é fundamental, como o corpo o utiliza, quais sinais indicam deficiência e onde encontrá-lo nos alimentos.

    O que é o cobre e por que é essencial

    O cobre é um mineral que o corpo não produz — portanto, precisa ser obtido pela alimentação. Embora seja necessário em pequenas quantidades, é vital para diversas funções do organismo:

    • Atua como cofator de enzimas envolvidas na produção de energia, no metabolismo do ferro e na síntese de neurotransmissores;
    • Ajuda na absorção de ferro, na formação da hemoglobina (células vermelhas do sangue) e no transporte de oxigênio;
    • É importante para a formação de tecidos conjuntivos (ossos e cartilagens), na proteção antioxidante e no funcionamento do sistema nervoso.

    Principais benefícios do cobre para a saúde

    1. Formação de sangue e metabolismo do ferro

    O cobre é essencial para o metabolismo do ferro. Quando há deficiência, a absorção de ferro é prejudicada e a produção de células vermelhas do sangue diminui, podendo causar anemia e fadiga.

    2. Sistema imunológico e defesa antioxidante

    O cobre participa da maturação dos glóbulos brancos e da formação de enzimas antioxidantes, que protegem as células contra os radicais livres e fortalecem o sistema imunológico.

    3. Ossos, articulações e tecido conjuntivo

    Esse mineral é necessário para a integridade dos ossos e das articulações. Bons níveis de cobre contribuem para um sistema esquelético mais resistente e saudável.

    4. Saúde cerebral e nervosa

    O cobre auxilia no desenvolvimento e manutenção do sistema nervoso e participa da síntese de neurotransmissores ligados à memória, ao aprendizado e ao equilíbrio emocional.

    Fontes alimentares de cobre e absorção

    Uma alimentação equilibrada é suficiente para suprir as necessidades de cobre. As principais fontes são:

    • Fígado, ostras e outros frutos do mar;
    • Nozes e castanhas;
    • Sementes (girassol, abóbora);
    • Leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico);
    • Grãos integrais;
    • Chocolate amargo.

    A absorção do cobre pode ser reduzida quando há excesso de outros minerais, como o zinco, ou em dietas muito restritivas.

    Deficiência de cobre: sinais e fatores de risco

    Quando o consumo ou a absorção de cobre é insuficiente, podem surgir sintomas como:

    • Palidez, fadiga e anemia;
    • Neutropenia (redução de glóbulos brancos);
    • Problemas ósseos e articulares;
    • Crescimento comprometido em crianças;
    • Alterações neurológicas e imunológicas em casos graves.

    Os fatores de risco incluem dietas muito restritivas, absorção intestinal prejudicada, excesso de zinco e doenças que afetam a nutrição.

    Quanto cobre precisamos e quando suplementar

    Em adultos saudáveis, a ingestão diária recomendada é de aproximadamente 0,9 mg (900 µg). Gestantes e lactantes têm necessidades maiores.

    A suplementação deve ser feita somente com indicação médica. O excesso de cobre pode causar intoxicação, náuseas, danos hepáticos e até desequilíbrios neurológicos. Se houver suspeita de deficiência, é importante buscar orientação de um médico ou nutricionista antes de usar suplementos.

    Veja mais: Anemia carencial: o que acontece quando faltam nutrientes no sangue

    Perguntas frequentes sobre cobre

    1. O que acontece se eu tiver deficiência de cobre?

    A falta de cobre pode causar anemia, baixa imunidade, problemas ósseos e, em casos graves, alterações neurológicas.

    2. Posso tomar suplemento de cobre “só para garantir”?

    Não. A maioria das pessoas obtém o cobre necessário pela alimentação. A suplementação só é indicada em casos de deficiência comprovada ou risco específico, pois o excesso pode ser tóxico.

    3. Vegetarianos ou veganos têm mais risco de deficiência?

    Sim, pois as fontes vegetais de cobre podem ter absorção menor. A solução é garantir variedade na dieta e, se necessário, buscar acompanhamento nutricional.

    4. Como o cobre ajuda no cérebro?

    Ele participa da formação de neurotransmissores, protege as células cerebrais contra a oxidação e mantém o bom funcionamento do sistema nervoso.

    5. O que interfere na absorção de cobre?

    O excesso de zinco, dietas muito restritivas, distúrbios intestinais e algumas doenças podem reduzir a absorção do mineral.

    6. Cobre ajuda na cicatrização?

    Sim. O cobre faz parte de enzimas que participam da formação de colágeno e da regeneração dos tecidos, favorecendo a cicatrização.

    7. Quando devo me preocupar com excesso de cobre?

    O excesso ocorre principalmente por suplementação inadequada ou por doenças genéticas, como a doença de Wilson, que impede o corpo de eliminar o cobre. Nesses casos, há risco de danos hepáticos e neurológicos. Sempre consulte um profissional de saúde.

    Veja mais: Ferro: saiba mais sobre o papel do ferro no organismo

  • Meningite bacteriana: veja tipos, sintomas e como se prevenir 

    Meningite bacteriana: veja tipos, sintomas e como se prevenir 

    A meningite bacteriana é uma das infecções mais temidas na medicina, e com toda a razão. Ela afeta as meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, e pode agravar de forma muito rápida, levando a sequelas neurológicas ou até à morte em poucas horas se não for tratada a tempo.

    Apesar da gravidade, a boa notícia é que grande parte dos casos pode ser prevenida por meio da vacinação. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece vacinas gratuitas contra os principais tipos de bactérias que causam a doença, incluindo a meningite meningocócica e a meningite pneumocócica, duas das formas mais agressivas.

    O que é meningite bacteriana

    A meningite bacteriana é uma infecção causada por bactérias que invadem o líquido que circula entre as meninges, as membranas que protegem o cérebro e a medula espinhal. Essa invasão desencadeia uma inflamação intensa, que pode comprometer o funcionamento do sistema nervoso central.

    Ela é considerada uma emergência médica, já que pode progredir rapidamente e causar complicações como convulsões, surdez, sequelas neurológicas e até óbito.

    As principais bactérias responsáveis são:

    • Neisseria meningitidis (meningococo);
    • Streptococcus pneumoniae (pneumococo);
    • Haemophilus influenzae tipo b (Hib).

    Entre elas, a meningite meningocócica é a mais comum e a que preocupa mais os especialistas devido ao potencial de surtos e à evolução rápida.

    O Haemophilus influenzae tipo b (Hib) era uma causa importante, mas os casos foram drasticamente reduzidos após a vacinação em massa no país

    Meningite meningocócica causada por Neisseria meningitidis

    A meningite meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis e pode se espalhar por gotículas de saliva e secreções respiratórias, como, por exemplo, ao tossir, espirrar ou compartilhar copos e talheres.

    Existem diferentes tipos da bactéria, sendo os principais os identificados pelas letras A, B, C, W e Y. Cada um deles pode circular de forma diferente em cada região do mundo, e a vacinação é direcionada para os mais frequentes:

    • Meningococo C: foi o tipo mais comum no Brasil nas últimas décadas;
    • Meningococo B: vem crescendo em alguns estados, especialmente em crianças pequenas;
    • Meningococos W e Y: têm aumentado entre adolescentes e adultos jovens;
    • Meningococo A: mais frequente na África e em surtos internacionais.

    A forma meningocócica é extremamente grave e pode causar, além da meningite, uma infecção generalizada chamada meningococcemia, que compromete a circulação sanguínea e pode levar à falência múltipla de órgãos.

    Meningite pneumocócica causada por Streptococcus pneumoniae

    Outro tipo importante é a meningite pneumocócica, causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae, também chamada de pneumococo. Ela pode afetar pessoas de todas as idades, mas é mais comum em crianças pequenas, idosos e pessoas com imunidade baixa, como aquelas portadoras de doenças crônicas ou imunossuprimidas.

    O pneumococo é uma bactéria versátil, pois além da meningite também pode causar pneumonia, sinusite e otite média, e em alguns casos leva a quadros graves de infecção generalizada, também conhecida como sepse.

    Os sintomas são semelhantes aos da meningite meningocócica, ou seja, febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca e sonolência, mas a evolução pode ser ainda mais rápida e deixar sequelas como perda auditiva, convulsões e déficits neurológicos.

    Sintomas da meningite bacteriana

    Os sintomas costumam aparecer de forma súbita, nas primeiras 24 a 48 horas da infecção. Os mais comuns são:

    • Febre alta;
    • Dor de cabeça intensa;
    • Rigidez no pescoço (dificuldade de encostar o queixo no peito);
    • Náuseas e vômitos;
    • Sensibilidade à luz;
    • Sonolência ou confusão mental;
    • Manchas roxas pelo corpo (em casos de meningococcemia).

    Em bebês e crianças pequenas, os sinais podem ser diferentes, como choro inconsolável, irritabilidade, recusa alimentar, moleira abaulada e sonolência excessiva.

    Qualquer suspeita de meningite deve ser tratada como urgência. O diagnóstico é feito por punção lombar (coleta do líquor) e exames laboratoriais, e o tratamento deve começar o mais rápido possível com antibióticos.

    Transmissão da meningite bacteriana

    A meningite bacteriana se transmite de pessoa para pessoa por gotículas respiratórias, especialmente em locais fechados ou com aglomeração, como escolas, creches, universidades e alojamentos.

    O período de incubação varia de 2 a 10 dias, e a pessoa pode transmitir a bactéria mesmo antes de apresentar sintomas. Por isso, familiares e pessoas que tiveram contato próximo com o doente podem precisar receber antibióticos preventivos.

    Tipos de vacinas que protegem contra meningite

    O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece vacinas específicas contra as principais bactérias causadoras da meningite:

    • Meningocócica C (conjugada): protege contra o meningococo tipo C. Disponível no SUS;
    • Meningocócica ACWY (conjugada): protege contra os tipos A, C, W e Y. Disponível no SUS;
    • Meningocócica B: disponível na rede privada, indicada a partir dos 2 meses de idade;
    • Pneumocócicas 10, 13 e 20-valentes: protegem contra o Streptococcus pneumoniae. A vacina pneumocócica 10-valente está disponível no SUS. As vacinas 13 e 20-valentes, que protegem contra mais sorotipos, estão disponíveis na rede privada e em Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), em casos específicos;
    • Haemophilus influenzae tipo b (Hib): incluída na pentavalente infantil. Disponível no SUS.

    Essas vacinas são seguras e reduzem drasticamente os casos e as complicações da meningite bacteriana.

    Complicações e sequelas

    Mesmo com tratamento, cerca de 10% dos casos de meningite bacteriana podem evoluir para óbito, e até 20% dos sobreviventes podem ter sequelas, como:

    • Perda auditiva;
    • Dificuldades de aprendizagem;
    • Convulsões;
    • Problemas motores;
    • Déficits cognitivos.

    Por isso, o diagnóstico e o início precoce do tratamento são extremamente importantes para aumentar as chances de recuperação completa.

    Veja também: Coqueluche: a ‘tosse comprida’ que pode ser perigosa para bebês

    Perguntas frequentes sobre meningite bacteriana

    1. Meningite bacteriana é contagiosa?

    Sim. Ela pode ser transmitida por gotículas de saliva e secreções respiratórias.

    2. Qual é o tipo mais grave de meningite?

    A meningite meningocócica, causada pela Neisseria meningitidis, é uma das mais graves e pode evoluir rapidamente.

    3. Quais vacinas protegem contra meningite?

    As principais são as vacinas meningocócicas C e ACWY, além das que protegem contra Haemophilus influenzae tipo b e pneumococos, como as vacinas pneumocócicas 10, 13 e 20-valentes.

    4. Qual a diferença entre meningite bacteriana e viral?

    A bacteriana é mais grave e requer antibióticos. A viral costuma ser mais leve e se resolve sozinha, mas com suporte e acompanhamento médico.

    5. Crianças e adolescentes precisam de reforço da vacina?

    Sim. O reforço da vacina meningocócica ACWY é essencial na adolescência, quando o risco de transmissão aumenta.

    6. Como saber se é meningite?

    Febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez no pescoço e manchas roxas na pele são sinais de alerta. Procure atendimento imediato.

    Leia também: Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer

  • Melatonina causa insuficiência cardíaca? Saiba por que ainda é cedo para afirmar 

    Melatonina causa insuficiência cardíaca? Saiba por que ainda é cedo para afirmar 

    A melatonina se tornou uma das substâncias mais populares entre quem busca uma noite de sono melhor. Vendida como suplemento em diversos países, inclusive no Brasil, é vista como uma alternativa natural para lidar com a insônia e o jet lag. Um novo estudo, porém, associou o uso prolongado de melatonina a um risco maior de insuficiência cardíaca, o que gerou preocupação e manchetes em todo o mundo.

    Apesar do impacto dos resultados, ainda não é possível afirmar que a melatonina cause problemas cardíacos. O estudo é observacional, ou seja, mostra uma correlação, mas não prova causa e efeito. Além disso, pessoas que usam melatonina com frequência geralmente apresentam insônia mais grave — e a própria insônia, quando persistente, já é conhecida por aumentar o risco de doenças cardiovasculares.

    O que o estudo realmente descobriu

    Pesquisadores acompanharam mais de 130 mil adultos com histórico de insônia. Parte deles fazia uso regular de melatonina por pelo menos um ano. Após cerca de cinco anos de acompanhamento, os resultados mostraram que os usuários frequentes apresentaram maior incidência de insuficiência cardíaca e hospitalizações relacionadas ao coração.

    No entanto, os autores do estudo destacaram que essa relação não comprova que a melatonina seja a causa direta. Outros fatores, como o grau da insônia, a presença de doenças pré-existentes, uso de medicamentos ou hábitos de vida, podem ter influenciado os resultados.

    Por que a insônia merece atenção

    A insônia é um distúrbio do sono que afeta todo o corpo. Dormir mal de forma crônica está associado a aumento da pressão arterial, alterações hormonais, ganho de peso, diabetes, depressão e maior risco de infarto e insuficiência cardíaca.

    Quando uma pessoa tem insônia grave e não tratada, o coração trabalha sob estresse constante, o que ajuda a explicar por que dormir pouco ou dormir mal pode causar tantos problemas de saúde.

    Por isso, mesmo que a melatonina não seja isenta de riscos, o foco principal deve continuar sendo o tratamento adequado da insônia, com orientação médica e acompanhamento de um especialista em sono.

    O que fazer na prática

    • Não interrompa o uso por conta própria: se você toma melatonina regularmente e ela foi prescrita por um médico, converse com ele antes de parar.
    • Evite o uso prolongado sem orientação: mesmo suplementos naturais podem ter efeitos adversos e interações medicamentosas.
    • Avalie sua rotina de sono: manter horários regulares, evitar telas antes de dormir e cuidar da alimentação ajudam mais do que muitos imaginam.
    • Procure ajuda especializada: um médico pode indicar terapias comportamentais, ajustes no estilo de vida e, se necessário, outros medicamentos para tratar a insônia.

    Veja mais: Insônia na menopausa: 4 medidas para melhorar o sono

    Quando a melatonina pode ser útil

    A melatonina pode ser útil em situações específicas, como:

    • Distúrbios do ritmo circadiano, como jet lag ou trabalho noturno;
    • Idosos com produção natural reduzida do hormônio;
    • Pessoas com autismo ou TDAH, sob supervisão médica.

    O uso contínuo deve ser avaliado individualmente, considerando histórico clínico, dose e tempo de uso.

    Portanto, o novo estudo não prova que a melatonina cause insuficiência cardíaca, mas reforça a importância de usar o suplemento com cautela e orientação médica. Mais do que culpar a melatonina, o recado é claro: tratar a insônia é também cuidar do coração.

    Confira: Insônia: por que dormir mal afeta corpo e mente

    Perguntas frequentes sobre melatonina e insuficiência cardíaca

    1. O estudo prova que a melatonina causa insuficiência cardíaca?

    Não. O estudo é observacional e mostra apenas uma associação, sem comprovar relação de causa e efeito.

    2. Então, posso continuar tomando melatonina?

    Sim, se for sob orientação médica. O risco maior está no uso prolongado, em altas doses e sem acompanhamento.

    3. E se eu usar melatonina só de vez em quando?

    O uso ocasional e em doses baixas é considerado seguro para a maioria das pessoas.

    4. A insônia é perigosa para o coração?

    Sim. Dormir mal de forma crônica pode aumentar o risco de hipertensão, infarto e insuficiência cardíaca.

    5. O que devo fazer se tenho insônia?

    Procure um médico para investigar a causa. Pode ser necessário ajustar hábitos, tratar ansiedade ou iniciar terapia do sono.

    Leia também: Tem insônia? Veja o que fazer para voltar a dormir bem

  • Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa 

    Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa 

    A tirzepatida, medicamento originalmente desenvolvido para o tratamento do diabetes tipo 2 e do controle da obesidade, recebeu também aprovação para tratar a apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade. A decisão, validada por agências internacionais e reconhecida pela Anvisa, representa um avanço no manejo de um dos distúrbios do sono mais comuns e potencialmente perigosos.

    Até pouco tempo, o tratamento da apneia se baseava principalmente em aparelhos como o CPAP, usados para manter as vias respiratórias abertas durante o sono. Agora, com a nova indicação da tirzepatida, a medicina ganha uma abordagem medicamentosa capaz de atuar na raiz do problema em muitos pacientes — o excesso de peso.

    O que é a tirzepatida?

    A tirzepatida é um medicamento injetável que atua como agonista duplo: dos receptores de GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1) e de GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose). Em termos simples, ela ajuda a controlar o açúcar no sangue, reduzir o apetite e promover perda de peso.

    O que é apneia obstrutiva do sono (AOS)?

    A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por pausas repetidas ou reduções do fluxo de oxigênio durante o sono, causadas por uma obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores.

    Essas interrupções provocam quedas na oxigenação do sangue, despertares frequentes, sono fragmentado, sonolência diurna e aumento do risco de pressão alta, doenças cardiovasculares, derrame e outras complicações. Um dos principais fatores de risco é a obesidade, já que o acúmulo de gordura na região do pescoço e das vias aéreas pode agravar a obstrução.

    Por que a tirzepatida agora é utilizada para apneia obstrutiva do sono?

    Pesquisas recentes demonstraram que a tirzepatida reduz significativamente os episódios de apneia durante o sono em pessoas com obesidade e apneia moderada a grave. Nos estudos clínicos, os participantes que usaram o medicamento tiveram menos pausas respiratórias por hora do que aqueles que receberam placebo.

    Além disso, os pacientes tratados apresentaram melhora na perda de peso, melhor oxigenação durante o sono, redução da pressão arterial e melhora da qualidade de vida, com relatos de noites mais tranquilas e menos cansaço durante o dia.

    Aprovações regulatórias

    Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou a tirzepatida em 20 de dezembro de 2024 para o tratamento de adultos com apneia obstrutiva do sono moderada a grave associada à obesidade, em conjunto com dieta de baixa caloria e aumento da atividade física.

    No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também aprovou a nova indicação do Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da apneia do sono em adultos com obesidade.

    Até então, o tratamento era baseado principalmente em medidas mecânicas, como o uso do CPAP, ou cirúrgicas. A introdução de uma terapia medicamentosa representa um avanço importante na abordagem integrada da doença.

    Veja mais: Wegovy e Ozempic: como funcionam para perda de peso

    Benefícios e cuidados

    Quem pode se beneficiar

    • Adultos com apneia obstrutiva do sono moderada a grave e obesidade (IMC elevado) ou sobrepeso com comorbidades;
    • Pessoas com dificuldade em usar ou tolerar o CPAP, ou que desejam uma estratégia combinada de perda de peso e melhora respiratória.

    Quem deve ter cuidado

    • A eficácia depende de adesão à dieta e atividade física, que fazem parte da recomendação oficial;
    • Podem ocorrer efeitos adversos gastrointestinais, como náuseas, vômitos, diarreia ou constipação;
    • Pessoas sem obesidade ou cuja apneia tenha causas anatômicas podem não ter o mesmo benefício;
    • É necessária avaliação médica especializada em sono, obesidade e endocrinologia.

    O que muda no tratamento da apneia obstrutiva do sono com essa nova opção

    • Surge a primeira alternativa medicamentosa aprovada para apneia associada à obesidade, além dos aparelhos tradicionais como o CPAP;
    • Permite uma abordagem mais abrangente, tratando simultaneamente obesidade e apneia, com impacto positivo na saúde cardiovascular e metabólica;
    • Reflete a importância do acompanhamento multidisciplinar — com especialistas em pneumologia, sono, endocrinologia e nutrição;
    • Não substitui totalmente o CPAP, mas pode atuar de forma complementar ou alternativa em casos selecionados.

    Confira: Ozempic protege o coração? Veja como a semaglutida age

    Perguntas frequentes sobre tirzepatida e apneia obstrutiva do sono

    1. Tirzepatida já está disponível para apneia no Brasil?

    Sim. A Anvisa aprovou a indicação de Mounjaro (tirzepatida) para apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade.

    2. Significa que posso parar de usar CPAP se começar tirzepatida?

    Não necessariamente. O CPAP continua sendo o tratamento padrão para muitos casos. A tirzepatida pode ser usada de forma complementar ou alternativa, com supervisão médica.

    3. Como a tirzepatida melhora a apneia do sono?

    Principalmente por induzir perda de peso e reduzir o acúmulo de gordura corporal, que é um dos principais fatores da apneia obstrutiva do sono.

    4. Quais são os efeitos colaterais mais comuns?

    Os mais frequentes são náuseas, vômitos, diarreia e constipação. É essencial usar o medicamento com prescrição e acompanhamento médico.

    5. Todos os pacientes com apneia obstrutiva do sono podem usar tirzepatida?

    Não. A indicação é para adultos com obesidade e apneia moderada a grave. Pacientes com apneia leve, sem obesidade ou com causas anatômicas específicas devem discutir o caso com um especialista.

    6. A tirzepatida cura a apneia obstrutiva do sono?

    Não cura de forma definitiva, mas pode reduzir significativamente os eventos de apneia-hipopneia. A condição ainda precisa de acompanhamento e controle dos fatores de risco.

    7. Preciso perder peso para que o medicamento funcione?

    Sim. A perda de peso faz parte do mecanismo de ação da tirzepatida e foi uma das condições de aprovação. O tratamento deve ser associado a dieta balanceada e atividade física regular.

    Veja mais: Ozempic e similares podem reduzir risco de câncer ligado à obesidade?

  • Veja por que você pode pegar dengue até quatro vezes 

    Veja por que você pode pegar dengue até quatro vezes 

    No Brasil, os quatro tipos do vírus já foram detectados em circulação. Isso significa que uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes na vida, uma para cada tipo. E há um agravante: a reinfecção por um sorotipo diferente aumenta o risco de formas graves, como a dengue hemorrágica ou o choque da dengue. Entender isso ajuda a explicar por que a prevenção e a vacinação são tão importantes.

    Você já ouviu alguém dizer que pegou dengue e agora está imune? Esse é um dos mitos mais comuns sobre a doença. A dengue não é causada por um único vírus, mas por quatro sorotipos diferentes — DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Cada um deles é capaz de causar infecção completa e, infelizmente, ter tido um não protege contra os outros.

    O que são os sorotipos da dengue?

    “Sorotipo” se refere a variações do mesmo vírus. Eles compartilham semelhanças genéticas, mas pequenas diferenças fazem o sistema imunológico reagir de forma distinta a cada um.

    • DENV-1: um dos mais antigos em circulação no Brasil.
    • DENV-2: frequentemente associado a surtos com casos graves.
    • DENV-3: tem alta capacidade de causar epidemias quando retorna após longos períodos.
    • DENV-4: raramente circula sozinho; quando reaparece, tende a provocar novas ondas.

    Por que já ter tido dengue não protege contra todas as formas

    O sistema imunológico aprende com aquilo em que já teve contato. Se você teve dengue por DENV-2, o corpo cria defesa eficiente contra esse tipo. Mas, ao se infectar depois por um outro sorotipo (ex.: DENV-3), os anticorpos anteriores podem reconhecer parcialmente o vírus sem neutralizá-lo com a mesma eficácia.

    Nesse cenário pode ocorrer a amplificação dependente de anticorpos (ADE): os anticorpos da primeira infecção acabam facilitando a entrada do novo vírus nas células de defesa, levando a uma resposta inflamatória exagerada e elevando o risco de dengue grave (hemorrágica). Por isso alguém pode ter até quatro episódios, com reações distintas do organismo em cada um.

    Qual é a relação entre os sorotipos e os casos mais graves

    As segundas infecções costumam ser as mais perigosas. Com anticorpos de um sorotipo prévio em circulação, a resposta ao novo sorotipo pode ser descontrolada, aumentando a inflamação e o risco de:

    • Vazamento de plasma, com desidratação e queda de pressão;
    • Hemorragias (de leves a graves);
    • Comprometimento de órgãos como fígado e coração.

    Quando um sorotipo pouco comum volta a circular em uma região onde a população já teve contato com outro tipo, cresce o risco de surtos e epidemias. O Brasil já viveu períodos com predominância de DENV-1 e DENV-2 (anos 1990), grandes epidemias com DENV-3 (anos 2000) e, mais recentemente, preocupação com o DENV-4.

    Leia também: Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    Os quatro sorotipos no Brasil

    Desde 2024, há circulação simultânea dos quatro tipos do vírus no país. Essa situação rara aumenta o risco de reinfecções e formas graves e explica por que a dengue pode atingir a mesma pessoa várias vezes, mesmo com intervalos longos.

    Além disso, fatores ambientais como calor, chuva e água parada favorecem a reprodução do Aedes aegypti, o mosquito transmissor. Onde há mosquito, há risco de dengue — independentemente do sorotipo.

    Vacina contra a dengue: o que muda com os quatro sorotipos

    Com todos os tipos em circulação, a vacinação ganhou ainda mais relevância. O Brasil conta com duas vacinas licenciadas:

    • Qdenga® (Takeda): disponível na rede pública em várias cidades; protege contra os quatro sorotipos e pode ser aplicada em quem já teve ou nunca teve dengue.
    • Dengvaxia® (Sanofi Pasteur): indicada apenas para pessoas com infecção prévia confirmada.

    A Qdenga passou a ser oferecida pelo SUS em 2024 para faixas etárias específicas. Vacina não substitui prevenção: é essencial eliminar criadouros semanalmente e evitar picadas (roupas compridas, repelente). Quem está com dengue deve usar repelente para evitar que mosquitos se infectem e transmitam a outras pessoas.

    Veja também: Dengue hemorrágica: quando os sintomas indicam alerta máximo

    Perguntas frequentes sobre sorotipos da dengue

    1. Posso pegar dengue mais de uma vez?

    Sim. Como existem quatro sorotipos diferentes, é possível contrair dengue até quatro vezes na vida.

    2. Ter tido dengue uma vez protege contra as outras?

    Não completamente. A imunidade é permanente apenas contra o sorotipo original e parcial contra os demais.

    3. Por que a segunda dengue costuma ser mais grave?

    Pelo fenômeno de ADE, no qual anticorpos anteriores podem facilitar a entrada do novo vírus nas células, amplificando a resposta inflamatória e o risco de sangramentos.

    4. Qual sorotipo é mais perigoso?

    Todos podem causar formas graves. Em alguns contextos, o DENV-3 é frequentemente associado a surtos com casos mais severos, mas a gravidade depende de múltiplos fatores.

    5. O que significa amplificação dependente de anticorpos (ADE)?

    É quando anticorpos de uma infecção anterior, em vez de neutralizar, facilitam a entrada de um novo sorotipo nas células de defesa, agravando o quadro.

    6. Se todos os tipos circulam, como posso me proteger?

    Prevenção diária: elimine água parada, use repelente, instale telas nas janelas e mantenha caixas d’água bem fechadas. A vacinação, quando indicada, complementa essas medidas.

    7. A vacina resolve o problema dos quatro tipos?

    Ajuda muito, pois oferece proteção contra os quatro sorotipos, mas não substitui o controle do mosquito nem as ações de prevenção ambiental.

    8. E quem já teve dengue deve tomar a vacina?

    Depende da vacina. A Qdenga pode ser aplicada em quem já teve ou não; a Dengvaxia é indicada apenas para quem tiver comprovação laboratorial de dengue prévia.

    9. O que fazer se surgirem sintomas de dengue?

    Procure atendimento médico imediato, principalmente se você já teve dengue antes. Febre alta, dor abdominal, vômitos e sangramentos são sinais de alerta.

    Veja mais: Dentro de casa e no quintal: os 7 esconderijos mais comuns do mosquito da dengue

  • Anemia falciforme: conheça a doença genética que afeta o formato das células do sangue

    Anemia falciforme: conheça a doença genética que afeta o formato das células do sangue

    A anemia falciforme é uma doença genética que altera o formato dos glóbulos vermelhos, as células responsáveis por transportar oxigênio pelo corpo. Em vez de redondas e flexíveis, elas assumem o formato de uma foice ou meia-lua, tornando-se rígidas e frágeis.

    Essa deformação faz com que as células se quebrem mais facilmente e bloqueiem pequenos vasos sanguíneos, o que pode causar crises dolorosas, falta de oxigênio nos tecidos e danos a órgãos. Embora seja uma doença crônica, o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico adequado permitem controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

    O que causa a anemia falciforme

    A doença é causada por uma alteração genética no gene responsável pela produção da hemoglobina, proteína que transporta o oxigênio no sangue. Essa mutação faz surgir uma hemoglobina anormal, chamada HbS.

    Quando há pouco oxigênio, como durante febre, desidratação ou esforço físico, a HbS tende a se agrupar dentro da célula, deformando o glóbulo vermelho e transformando-o em uma foice.

    Essas células tornam-se:

    • Mais frágeis, quebrando-se facilmente e causando anemia;
    • Menos flexíveis, podendo se acumular e bloquear a circulação do sangue.

    Para desenvolver a doença, a pessoa precisa herdar duas cópias do gene alterado (uma do pai e outra da mãe). Quem herda apenas uma cópia tem o traço falciforme — não apresenta sintomas, mas pode transmitir o gene aos filhos.

    Sintomas mais comuns

    Os sintomas da anemia falciforme podem variar de leves a graves, mas geralmente incluem:

    • Crises de dor: intensas e súbitas, que podem afetar ossos, articulações, abdômen ou tórax;
    • Anemia crônica: causada pela destruição precoce dos glóbulos vermelhos, resultando em cansaço, fraqueza e falta de ar;
    • Infecções recorrentes: devido à menor defesa do organismo;
    • Acidente vascular cerebral (AVC): pode ocorrer ainda na infância;
    • Danos em órgãos: rins, fígado, olhos, ossos e coração podem ser afetados com o tempo.

    As crises dolorosas, chamadas crises vaso-oclusivas, são uma das manifestações mais marcantes e podem durar horas ou dias.

    Complicações da anemia falciforme

    A doença pode causar complicações agudas (súbitas) e crônicas (progressivas ao longo do tempo).

    Complicações agudas

    • Crise vaso-oclusiva: dor intensa por bloqueio dos vasos sanguíneos;
    • Síndrome torácica aguda: febre, dor no peito e falta de ar — pode ser fatal;
    • AVC: ocorre pela obstrução de vasos cerebrais, às vezes ainda na infância;
    • Sequestro esplênico ou hepático: acúmulo de sangue no baço ou fígado, com queda brusca da hemoglobina;
    • Crise aplástica: interrupção temporária da produção de glóbulos vermelhos, geralmente após infecção viral;
    • Priapismo: ereção prolongada e dolorosa em homens, que pode causar impotência se não tratada rapidamente.

    Complicações crônicas

    • Anemia persistente;
    • Hipertensão pulmonar;
    • Doença renal;
    • Problemas oculares (retinopatia);
    • Necrose óssea;
    • Úlceras nas pernas.

    Essas complicações exigem acompanhamento contínuo e tratamento específico.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por exames de sangue e, em alguns casos, testes genéticos. O objetivo é identificar a presença da hemoglobina falciforme (HbS).

    Principais exames utilizados:

    • Teste do pezinho: detecta a doença já no recém-nascido;
    • Hemograma completo: avalia níveis de hemoglobina e células sanguíneas;
    • Eletroforese de hemoglobina: confirma e quantifica os tipos de hemoglobina (HbA, HbS, HbF);
    • Cromatografia líquida de alta eficiência: identifica com precisão as diferentes hemoglobinas;
    • Teste genético: confirma a mutação e diferencia traço de doença.

    Exames complementares, como ultrassom, ressonância magnética ou doppler de vasos cerebrais, podem ser solicitados para investigar complicações e risco de AVC.

    Tratamento

    O tratamento é multidisciplinar e individualizado, com o objetivo de controlar sintomas, prevenir crises e reduzir complicações.

    1. Cuidados de suporte

    • Controle da dor: uso de analgésicos, anti-inflamatórios e, em casos graves, medicamentos opioides;
    • Hidratação constante: reduz a chance de crises, podendo ser feita por via oral ou intravenosa;
    • Transfusões de sangue: indicadas em casos de anemia grave, AVC ou síndrome torácica aguda.

    2. Terapias modificadoras da doença

    • Medicamentos que estimulam a hemoglobina fetal (HbF): reduzem crises e internações;
    • Transplante de medula óssea: indicado em casos graves com doador compatível, principalmente em crianças.

    3. Prevenção de infecções e complicações

    • Vacinas adicionais, como pneumocócica e meningocócica;
    • Antibióticos preventivos, como penicilina em crianças;
    • Acompanhamento em centros especializados.

    4. Cuidados gerais

    • Evitar desidratação, frio intenso e esforço físico excessivo;
    • Tratar infecções rapidamente;
    • Manter acompanhamento psicológico e social.

    O que esperar

    Com o diagnóstico precoce, tratamento contínuo e cuidados de prevenção, muitas pessoas com anemia falciforme conseguem levar uma vida ativa e produtiva. A doença exige atenção ao longo da vida, mas o acompanhamento médico adequado reduz significativamente o risco de crises e complicações graves.

    Leia mais: O que você precisa saber sobre o seu tipo de sangue

    Perguntas frequentes sobre anemia falciforme

    1. O que é anemia falciforme?

    É uma doença genética em que os glóbulos vermelhos têm formato de foice, dificultando a circulação e o transporte de oxigênio.

    2. A anemia falciforme é contagiosa?

    Não. Ela é hereditária, passada de pais para filhos por meio dos genes.

    3. Quais são os principais sintomas?

    Crises de dor, cansaço, infecções frequentes, anemia e, em casos graves, lesões em órgãos.

    4. O que causa as crises de dor?

    O bloqueio dos vasos sanguíneos pelas células deformadas impede a chegada de oxigênio aos tecidos, gerando dor intensa.

    5. Existe cura para a anemia falciforme?

    O transplante de medula óssea pode curar alguns casos, mas só é indicado em situações graves e com doador compatível.

    6. Quem tem o traço falciforme sente sintomas?

    Geralmente, não. Mas pode transmitir o gene para os filhos.

    7. Como é feito o diagnóstico?

    Por exames de sangue, como o teste do pezinho e a eletroforese de hemoglobina.

    8. Qual o papel da hidratação no tratamento?

    A hidratação ajuda a manter o sangue mais fluido, facilitando a circulação das células e evitando que elas se acumulem nos vasos.

    Com isso, diminui-se o risco de crises de dor, que acontecem quando o sangue não consegue passar direito e o corpo fica com falta de oxigênio em algumas regiões.

    Confira: Anemia carencial: o que acontece quando faltam nutrientes no sangue

  • Escoliose idiopática do adolescente: entenda mais sobre essa condição

    Escoliose idiopática do adolescente: entenda mais sobre essa condição

    Durante a adolescência, o corpo passa por rápidas transformações, e é nessa fase que podem surgir alterações na postura que precisam de atenção especial. Uma delas é a escoliose idiopática do adolescente (EIA), uma curvatura anormal da coluna que costuma aparecer entre os 10 e 18 anos, em plena fase de crescimento.

    Embora muitas vezes não cause dor no início, a escoliose pode evoluir silenciosamente e, se não tratada, afetar a aparência, a respiração e até o funcionamento do coração. O acompanhamento médico é muito importante para detectar a condição ainda no início e evitar que a curvatura da coluna piore.

    O que é a escoliose idiopática do adolescente

    A escoliose idiopática do adolescente é uma alteração na forma da coluna, que fica torta para o lado. Ela costuma aparecer entre os 10 e 18 anos de idade, período em que o corpo ainda está crescendo.

    O termo “idiopática” significa que a causa exata ainda não é conhecida. A curvatura é medida pelo médico através do ângulo de Cobb e, quando esse valor é igual ou superior a 10 graus, já é considerada escoliose.

    A condição pode afetar qualquer parte da coluna, mas é mais comum na região torácica (meio das costas) e lombar (parte inferior da coluna).

    Quem pode ter escoliose idiopática

    A escoliose idiopática do adolescente afeta entre 0,5% e 5% dos adolescentes e é mais comum em meninas — numa proporção de até três meninas para cada menino.

    Embora a causa não seja totalmente compreendida, estudos indicam influência genética e ambiental. Em muitas famílias, mais de um membro apresenta o problema, o que sugere herança familiar.

    Sinais e sintomas

    A escoliose idiopática pode se desenvolver de forma discreta e sem sintomas no início, sendo muitas vezes identificada em exames de rotina ou durante avaliações escolares.

    • Diferença na altura dos ombros ou quadris;
    • Tronco inclinado para um dos lados;
    • Uma costela ou parte das costas mais saliente;
    • Assimetria na cintura;
    • Em alguns casos, dor nas costas — mais comum em adultos.

    Nos casos mais graves, a curvatura pode afetar o tórax, dificultar a respiração e até interferir no funcionamento do coração.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico começa com a análise da história clínica e o exame físico, observando postura, alinhamento dos ombros, quadris e pelve.

    Teste de Adams

    É o exame clínico mais usado. O adolescente se inclina para frente, e o médico observa se há diferenças entre os dois lados das costas, o que indica a presença de deformidade.

    Exames de imagem

    A confirmação é feita por radiografia da coluna em pé, que permite medir o ângulo de Cobb e classificar a gravidade da curvatura:

    • Leve: 10° a 20°;
    • Moderada: 21° a 40°;
    • Grave: acima de 40°.

    Em casos com sintomas neurológicos, o médico pode solicitar ressonância magnética para descartar outras causas.

    Tratamento

    O tratamento depende do grau da curvatura, da idade do adolescente e do potencial de crescimento ósseo.

    Acompanhamento clínico

    Indicado para curvas leves. O adolescente é acompanhado com radiografias periódicas para verificar se há progressão.

    Colete ortopédico

    Recomendado em adolescentes em crescimento com curvaturas moderadas. O objetivo é impedir o aumento da deformidade, e não endireitar totalmente a coluna.

    Fisioterapia específica

    Exercícios direcionados ajudam a fortalecer a musculatura, melhorar o equilíbrio postural e reduzir o desconforto.

    Cirurgia

    Indicada em casos de curvaturas acima de 40°–45°, ou quando há dor intensa, comprometimento funcional ou questões estéticas relevantes. O procedimento corrige e estabiliza a coluna com hastes, parafusos e enxertos ósseos, proporcionando alinhamento e estabilidade.

    O que pode acontecer se não for tratada

    • Dor crônica nas costas;
    • Limitação física e fadiga muscular;
    • Baixa autoestima e impacto emocional;
    • Osteopenia ou osteoporose precoce;
    • Comprometimento respiratório e cardíaco em casos graves.

    O diagnóstico precoce permite intervenção antes que a curvatura avance, evitando prejuízos funcionais e estéticos.

    O que esperar

    A maioria das curvas leves não causa sintomas graves e requer apenas acompanhamento periódico. Já as curvas mais acentuadas tendem a piorar durante o crescimento, mas podem ser controladas com o tratamento adequado.

    Quando diagnosticada cedo e acompanhada por equipe especializada, a escoliose idiopática do adolescente não impede uma vida ativa e saudável.

    Prevenção

    Como a causa exata da escoliose idiopática ainda é desconhecida, não há uma forma garantida de preveni-la. No entanto, bons hábitos posturais e físicos ajudam no controle e na detecção precoce:

    • Manter boa postura ao sentar e estudar;
    • Praticar atividade física regularmente;
    • Fortalecer os músculos das costas e abdômen;
    • Realizar avaliações médicas periódicas durante o crescimento.

    O rastreamento escolar e familiar é fundamental para identificar alterações ainda no início.

    Veja também: Cirurgia de coluna: 5 condições em que ela pode ser necessária

    Perguntas frequentes sobre escoliose idiopática do adolescente

    1. O que é escoliose idiopática do adolescente?

    É uma curvatura lateral anormal da coluna que surge geralmente entre os 10 e 18 anos, sem causa conhecida.

    2. Quais são os primeiros sinais da doença?

    Desalinhamento dos ombros ou quadris, tronco inclinado e uma parte das costas mais saliente.

    3. A escoliose causa dor?

    Na maioria dos adolescentes, não. A dor tende a ser mais comum em adultos com curvaturas acentuadas.

    4. Como é feito o diagnóstico?

    Por exame físico e radiografia, que mede o ângulo de Cobb e classifica a gravidade da curvatura.

    5. O uso do colete ortopédico corrige a coluna?

    O colete não endireita completamente, mas evita a progressão da curvatura durante o crescimento.

    6. Quando é indicada a cirurgia?

    Para curvaturas acima de 40°–45°, especialmente se houver dor, comprometimento funcional ou estético.

    7. É possível praticar esportes com escoliose?

    Sim. Com acompanhamento médico, atividades físicas ajudam no fortalecimento muscular e na postura.

    8. A escoliose pode ser prevenida?

    Não totalmente, mas postura adequada, exercícios e diagnóstico precoce ajudam a controlar a progressão.

    Leia mais: Como carregar peso sem prejudicar a coluna?

  • Sedentarismo faz mal ao coração? Veja em quanto tempo o risco aumenta

    Sedentarismo faz mal ao coração? Veja em quanto tempo o risco aumenta

    Apesar da praticidade, os dias atuais também aumentaram significativamente o tempo em que as pessoas permanecem paradas. A rotina com longas horas sentado no trabalho, nos estudos ou em frente a telas está diretamente ligada ao sedentarismo, que basicamente significa ficar tempo demais sem se mover.

    Isso faz o corpo gastar menos energia, o sangue circular mais devagar e o coração trabalhar com mais esforço — o que aumenta o risco de doenças cardíacas graves, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).

    Mas afinal, como esse processo acontece e em quanto tempo? Conversamos com a cardiologista Juliana Soares e reunimos as principais informações de como a falta de movimento afeta o coração e em quanto tempo os danos começam a aparecer.

    O que acontece com o coração quando o corpo permanece parado?

    A permanência prolongada em posição sentada ou deitada provoca uma redução imediata da atividade muscular. A contração dos músculos das pernas é muito importante para impulsionar o sangue de volta ao coração, de modo que, quando isso não acontece, a circulação fica lenta e o coração precisa bater mais forte para manter o sangue circulando.

    A falta de movimento também diminui o gasto de energia do corpo, o que favorece o acúmulo de gordura no sangue. Como consequência, ocorre o aumento do colesterol ruim (LDL) e redução do colesterol bom (HDL), facilitando a formação de placas nas artérias e dificultando a circulação.

    Isso coloca o organismo em um estado de inflamação constante, alterando o funcionamento do coração e contribuindo para o endurecimento dos vasos sanguíneos.

    Devido a todos esses fatores, o corpo passa a receber menos oxigênio, a pressão arterial aumenta e as artérias envelhecem mais rapidamente. Para compensar a má circulação, o coração passa a bater mais vezes por minuto, aumentando o desgaste do músculo cardíaco.

    Por que o sedentarismo é tão prejudicial para o coração?

    De acordo com a cardiologista Juliana Soares, a inatividade contribui para o aumento de peso e pode levar à obesidade, o que eleva o risco de doenças como diabetes tipo 2. Além disso, ela aumenta os níveis de colesterol, com redução do colesterol HDL e elevação do colesterol LDL, o que favorece a formação de placas nas artérias.

    A falta de movimento também está associada a um estado de inflamação crônica no organismo, aumentando o risco de problemas cardiovasculares. Para se ter uma ideia, um estudo publicado no Journal of the American College of Cardiology (JACC) apontou que passar mais de 10 horas por dia em comportamento sedentário pode aumentar significativamente o risco de insuficiência cardíaca e morte cardiovascular — mesmo entre pessoas que praticam exercícios regularmente.

    Quando o tempo parado começa a prejudicar o corpo?

    Quando a pessoa deixa de atingir a meta mínima recomendada de 150 minutos semanais de exercícios moderados, o corpo já começa a apresentar alterações negativas quase que imediatamente — na circulação, no funcionamento do coração e no metabolismo.

    A redução do estímulo físico faz com que o coração trabalhe com menor eficiência, diminuindo a capacidade de bombear sangue e distribuir oxigênio para os tecidos. Isso acontece mesmo em pessoas previamente saudáveis, indicando que o sistema cardiovascular depende do movimento contínuo para se manter em equilíbrio.

    Além disso, em termos de condicionamento físico, Juliana explica que é possível notar perda de capacidade cardiorrespiratória em poucas semanas — normalmente após uma ou duas semanas sem exercícios.

    Aliás, um estudo feito pela Universidade de Liverpool descobriu que apenas duas semanas de inatividade, mesmo em pessoas jovens e saudáveis, podem reduzir a massa muscular e causar alterações metabólicas que aumentam o risco de desenvolver doenças crônicas, como diabetes tipo 2, problemas cardíacos e até morte prematura.

    Inatividade é perigosa mesmo para quem pratica atividades físicas

    O sedentarismo prolongado, que envolve passar muitas horas do dia sentado ou deitado, aumenta o risco de doenças cardiovasculares mesmo em pessoas que praticam atividades físicas regularmente. Isso porque o corpo precisa de movimento constante ao longo do dia para manter o funcionamento adequado do coração, do metabolismo e da circulação.

    Por isso, segundo Juliana, não adianta praticar uma hora de atividade física e passar o restante do dia em total inatividade. O ideal é fazer pequenas pausas durante o dia: levantar-se a cada 30 minutos, caminhar um pouco ou alongar-se já faz diferença para o organismo.

    Quanto de atividade física é recomendado?

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que adultos façam:

    • 150 a 300 minutos por semana de atividade física aeróbica de intensidade moderada, como caminhadas rápidas, pedalar ou dançar;
    • ou 75 a 150 minutos semanais de atividade intensa, como corrida, HIIT ou esportes competitivos;

    A OMS também orienta incluir atividades de fortalecimento muscular, como musculação, pilates ou exercícios com peso corporal, em pelo menos dois dias da semana. Isso ajuda a proteger o coração, controlar o açúcar no sangue, fortalecer os ossos e prevenir doenças crônicas.

    Vale ressaltar que qualquer movimento conta: subir escadas, caminhar no trabalho, levantar-se com frequência e evitar longos períodos sentado também fazem parte da recomendação para manter o corpo saudável.

    Quem tem problemas cardíacos pode fazer atividades físicas?

    Na maioria dos casos, quem tem problemas cardíacos pode e deve fazer atividades físicas, desde que com orientação médica. O exercício regular é uma das principais formas de tratamento para melhorar a circulação, fortalecer o coração e reduzir o risco de novos eventos cardiovasculares.

    Juliana explica que o ideal é iniciar com atividades leves, em intensidade progressiva, com acompanhamento de um profissional de saúde e, preferencialmente, de um cardiologista.

    Quais os sinais de alerta do sedentarismo?

    Ficar por muito tempo sem se mover faz com que o corpo comece a apresentar sinais de que algo está errado, como:

    • Aumento da fadiga mesmo após atividades simples;
    • Sensação de pernas pesadas ou inchaço nos tornozelos;
    • Falta de ar ao subir poucos degraus;
    • Alterações no sono e dificuldade para descansar;
    • Palpitações cardíacas ou batimentos acelerados em repouso;
    • Ganho de peso mesmo com alimentação habitual;
    • Dores nas costas, rigidez muscular e perda de flexibilidade;
    • Queda de disposição mental, com dificuldade de concentração.

    A presença dos sintomas indica que o coração está trabalhando em excesso para suprir um corpo parado e metabolicamente lento. O organismo começa a operar em modo de economia de energia, reduzindo a circulação, acumulando gordura e limitando a entrega de oxigênio aos tecidos.

    Como reduzir o tempo parado no dia a dia?

    A redução do comportamento sedentário pode começar com algumas atitudes simples, como:

    • A cada 30 minutos sentado, levantar e caminhar por dois ou três minutos;
    • Utilizar escadas em vez de elevadores;
    • Levantar-se para atender telefonemas ou fazer reuniões em pé;
    • Estacionar o carro em vagas mais distantes para aumentar o tempo de caminhada;
    • Realizar alongamentos durante o expediente;
    • Fazer pequenas caminhadas após as refeições para estimular a digestão e a circulação;
    • Utilizar aplicativos ou alarmes para lembrar de se movimentar.

    Com o tempo, você pode incluir mais atividades na rotina, como caminhadas regulares ao ar livre, aulas de dança, hidroginástica, musculação leve ou bicicleta. O importante é começar com o que está ao seu alcance e manter a regularidade.

    Veja também: 5 atividades físicas para quem tem problemas na coluna

    Perguntas frequentes sobre sedentarismo

    1. Caminhar só nos fins de semana é suficiente para evitar o sedentarismo?

    Em geral, realizar atividade física apenas em um ou dois dias da semana é melhor do que permanecer totalmente parado, mas não é o ideal para manter o coração saudável, pois o corpo precisa de estímulos contínuos. Quando a atividade ocorre apenas de forma pontual, os benefícios se perdem nos dias seguintes de inatividade.

    A Organização Mundial da Saúde recomenda distribuir os minutos de exercício ao longo da semana justamente para manter o metabolismo ativo e reduzir o risco cardiovascular. Caminhadas regulares, mesmo curtas, feitas diariamente, são mais eficazes do que longas caminhadas apenas nos fins de semana.

    2. Sedentarismo engorda mesmo quando a pessoa se alimenta pouco?

    A falta de movimento reduz bastante o metabolismo, fazendo o corpo gastar menos calorias para manter as funções vitais. Logo, mesmo comendo pouco, o organismo passa a estocar gordura mais facilmente, principalmente na região abdominal.

    Além disso, o sedentarismo altera o equilíbrio hormonal, reduz a produção de substâncias que promovem a queima de gordura e aumenta a inflamação interna. Tudo isso facilita o ganho de peso.

    3. Quais são os primeiros sinais de que algo está errado com o coração?

    Os primeiros sinais costumam ser discretos, mas é importante ficar de olho em:

    • Falta de ar ao realizar atividades simples;
    • Cansaço excessivo;
    • Palpitações;
    • Dores ou pressão no peito;
    • Inchaço nas pernas e tornozelos;
    • Tontura;
    • Sensação de aperto no pescoço ou mandíbula.

    Os sintomas indicam que o coração está trabalhando com dificuldade para bombear o sangue.

    4. Quem tem hipertensão pode praticar atividade física?

    Quem tem hipertensão deve praticar atividade física, desde que com acompanhamento médico. Os movimentos regulares ajudam a controlar a pressão, aumentar a elasticidade das artérias e reduzir o uso de medicamentos. Os mais indicados são os exercícios aeróbicos, como caminhada e bicicleta. O sedentarismo, por outro lado, aumenta os níveis de pressão e sobrecarrega o coração.

    5. Qual é a melhor atividade para fortalecer o coração?

    As atividades aeróbicas, como caminhada rápida, corrida leve, natação, dança e pedalada, são as mais eficazes para fortalecer o coração, pois trabalham a respiração, aumentam a circulação de sangue e ajudam a reduzir a gordura nas artérias. O ideal é escolher algo que traga prazer, pois a constância é mais importante do que a intensidade.

    6. Atividades domésticas contam como exercício físico para o coração?

    Atividades como varrer, lavar, cuidar do jardim ou subir escadas ajudam a movimentar o corpo e evitar o sedentarismo. No entanto, para garantir proteção cardiovascular, é importante praticar exercícios estruturados, com tempo e intensidade suficientes para elevar levemente os batimentos cardíacos.

    Confira: 7 erros comuns que atrapalham a saúde do coração

  • O que você precisa saber sobre o seu tipo de sangue 

    O que você precisa saber sobre o seu tipo de sangue 

    Um simples exame pode fazer toda a diferença entre uma transfusão segura e uma reação grave: a tipagem sanguínea. Descoberto no início do século XX, o sistema ABO revolucionou a medicina ao mostrar que nem todo sangue é igual, e que misturar tipos incompatíveis pode ser perigoso.

    Mais do que uma informação de laboratório, o tipo sanguíneo é um dado vital. Ele orienta transfusões, cirurgias e até investigações genéticas e forenses. Conhecer o próprio tipo e entender como funciona a compatibilidade é uma forma de cuidar da saúde e ajudar a salvar vidas.

    O que são os grupos sanguíneos

    O sistema ABO divide o sangue em quatro tipos principais: A, B, AB e O. Essa classificação se baseia em duas substâncias:

    • Antígenos: presentes na superfície das hemácias (glóbulos vermelhos);
    • Anticorpos: que ficam no plasma (parte líquida do sangue).

    A combinação entre eles determina o tipo sanguíneo:

    Tipo de sangue Antígenos na hemácia Anticorpos no plasma
    A A Anti-B
    B B Anti-A
    AB A e B Nenhum
    O Nenhum Anti-A e Anti-B

    Esses anticorpos começam a ser produzidos por volta dos seis meses de idade. Por isso, recém-nascidos ainda não têm anticorpos próprios e precisam de atenção especial em transfusões.

    Como o tipo sanguíneo é determinado

    O tipo de sangue é herdado geneticamente dos pais. Cada pessoa recebe dois alelos, um do pai e outro da mãe, que podem ser IA, IB ou i.

    As combinações determinam o tipo sanguíneo:

    • Tipo A: IA + IA ou IA + i;
    • Tipo B: IB + IB ou IB + i;
    • Tipo AB: IA + IB;
    • Tipo O: i + i.

    Os alelos IA e IB são dominantes, enquanto o i é recessivo. Isso explica, por exemplo, como pais de tipos diferentes podem ter filhos com sangue distinto do deles.

    Por que é importante saber o tipo de sangue

    Antes de qualquer transfusão de sangue, é feita a tipagem sanguínea, que identifica o tipo e verifica a compatibilidade entre doador e receptor — uma medida essencial para evitar reações graves.

    O exame é feito com dois testes complementares:

    • Tipagem direta: identifica os antígenos nas hemácias;
    • Tipagem reversa: detecta os anticorpos presentes no plasma.

    Esse duplo controle garante segurança durante transfusões, cirurgias e emergências.

    Compatibilidade entre os tipos sanguíneos

    Em casos de urgência, saber quem pode doar para quem pode salvar vidas:

    Tipo de sangue Pode doar para Pode receber de
    O A, B, AB, O O
    A A, AB A, O
    B B, AB B, O
    AB AB A, B, AB, O

    O tipo O é chamado de doador universal, pois pode doar para todos. O tipo AB é o receptor universal, pois pode receber de qualquer tipo.

    Nos recém-nascidos com menos de 4 meses, há um cuidado especial: os anticorpos no sangue do bebê ainda vêm da mãe, por isso o tipo materno também é considerado nas transfusões.

    Relação com doenças e condições clínicas

    O tipo sanguíneo também está relacionado à saúde. Pesquisas mostram que certos tipos podem ter maior predisposição a doenças como tromboses, câncer, doenças cardíacas e infecções.

    Além disso, há situações de incompatibilidade entre o sangue da mãe e do bebê. Quando os anticorpos maternos atacam as hemácias do feto, o bebê pode nascer com anemia e icterícia (pele amarelada). No caso do sistema ABO, essas reações costumam ser mais leves e tratáveis.

    Reações transfusionais

    Uma das complicações mais graves é a reação transfusional hemolítica, que ocorre quando o paciente recebe sangue incompatível. Os sintomas incluem:

    • Febre e calafrios;
    • Dor nas costas;
    • Urina escura;
    • Queda de pressão e insuficiência renal.

    Nessas situações, a transfusão deve ser imediatamente interrompida, e o sangue deve ser testado novamente para confirmar a compatibilidade.

    A importância do trabalho em equipe

    A segurança das transfusões depende do trabalho conjunto entre médicos, enfermeiros e profissionais do banco de sangue. Cada etapa — da coleta e análise até a aplicação — exige atenção rigorosa.

    Esse cuidado integrado garante que o paciente receba o sangue mais seguro e adequado, evitando complicações e salvando vidas todos os dias.

    Veja também: Exames de rotina para homens: como cuidar da saúde urológica?

    Perguntas frequentes sobre o sistema ABO

    1. O que é o sistema ABO?

    É a classificação dos tipos de sangue em A, B, AB e O, de acordo com os antígenos nas hemácias e os anticorpos no plasma.

    2. Como saber qual é o meu tipo de sangue?

    Através de um exame de tipagem sanguínea, feito em laboratórios ou bancos de sangue.

    3. Por que o sangue tipo O é considerado doador universal?

    Porque não possui antígenos A ou B, o que evita reações em receptores de outros tipos.

    4. O tipo sanguíneo pode mudar ao longo da vida?

    Não. O tipo é determinado geneticamente e permanece o mesmo.

    5. É perigoso receber sangue incompatível?

    Sim. Pode causar reações graves, com destruição das hemácias e risco de insuficiência renal.

    6. Qual tipo sanguíneo é mais raro?

    Depende da população, mas em geral o tipo AB negativo é o mais raro.

    7. O tipo sanguíneo influencia doenças?

    Alguns estudos mostram associação entre certos tipos e maior risco de trombose, úlceras ou doenças cardiovasculares.

    8. O que significa compatibilidade sanguínea?

    É a relação entre o tipo de sangue do doador e do receptor que garante transfusões seguras, sem reações adversas.

    Confira: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais