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  • TOC não é só mania de limpeza: veja os sintomas reais do transtorno 

    TOC não é só mania de limpeza: veja os sintomas reais do transtorno 

    Quando você escuta alguém dizer “acho que tenho TOC porque gosto de tudo limpinho”, provavelmente essa pessoa está usando a expressão de forma equivocada. O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um problema de saúde mental sério, que gera sofrimento intenso e vai muito além da busca por organização.

    A neurologista Paula Dieckmann explica que TOC não é apenas gostar de tudo limpinho e organizado. “Muitas vezes as pessoas sabem que os comportamentos não fazem sentido algum, mas elas não conseguem parar”, conta.

    O que é TOC?

    O TOC é um transtorno psiquiátrico caracterizado por obsessões (pensamentos recorrentes, indesejados e intrusivos) e compulsões (rituais ou comportamentos repetitivos que a pessoa sente que precisa realizar).

    Embora as compulsões tragam um alívio temporário, logo toda aquela ansiedade retorna e gera um ciclo difícil de interromper. Esse transtorno afeta o dia a dia, os relacionamentos e a qualidade de vida da pessoa.

    Exemplos de rituais do TOC

    A neurologista explica que nem sempre o TOC se apresenta da mesma forma. Os rituais e pensamentos obsessivos variam de pessoa para pessoa, mas alguns exemplos são comuns:

    • Verificação exagerada: checar se a porta está trancada 10, 20 ou até 50 vezes;
    • Lavagem compulsiva: lavar as mãos repetidamente, muito além do necessário, por medo de contaminação;
    • Contagem e simetria: tocar ou contar objetos em ordem específica;
    • Rituais mentais: repetir frases ou pensamentos para evitar que algo ruim aconteça.

    O psiquiatra Luiz Dieckmann reforça que os conteúdos das obsessões podem variar.

    “Podem ser sobre infecção, simetria, medo de agir e machucar alguém ou a si mesmo. Mas o ponto central é que tudo isso gera sofrimento importante para a pessoa”.

    TOC não é exagero

    Chamar o TOC de “mania” ou “exagero” é não reconhecer a gravidade do problema.

    “TOC não é exagero, nem mania de organização. É um transtorno que gera sofrimento real, com pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos difíceis de controlar”, explica a neurologista.

    Confira: Psicoterapia: entenda quando é hora de começar

    Tratamento do TOC

    A boa notícia é que o TOC tem tratamento. As abordagens geralmente são:

    • Psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a reduzir obsessões e compulsões;
    • Remédios, como antidepressivos específicos, que podem equilibrar neurotransmissores e ajudar nas obsessões e compulsões;
    • Apoio familiar e social, fundamentais para acolher a pessoa e ajudar no processo de recuperação.

    Falar sobre o TOC é essencial para quebrar preconceitos e encorajar quem sofre a procurar ajuda. Quanto mais cedo o diagnóstico, menor é o sofrimento.

    Assista ao vídeo em que os especialistas contam mais sobre a condição: ver no Instagram

    Perguntas frequentes sobre TOC

    1. TOC é o mesmo que mania de limpeza?

    Não. O TOC pode até envolver comportamentos ligados à limpeza, mas é muito mais amplo. Envolve obsessões e compulsões que geram sofrimento e atrapalham a vida.

    2. Quem tem TOC percebe que algo está errado?

    Na maioria das vezes, sim. Muitas pessoas sabem que seus rituais são irracionais, mas não conseguem parar de repeti-los.

    3. O TOC tem cura?

    Não se fala em cura definitiva, mas o tratamento pode reduzir drasticamente os sintomas e melhorar muito a qualidade de vida.

    4. Crianças também podem ter TOC?

    Sim. O transtorno pode aparecer ainda na infância ou adolescência, e deve ser tratado desde cedo.

    5. O TOC é comum?

    Estima-se que entre 1% e 3% da população tenha TOC em algum momento da vida.

    6. O que acontece se o TOC não for tratado?

    Sem tratamento, os sintomas tendem a se agravar, causando maior sofrimento, prejuízo social, profissional e emocional.

    7. Quando procurar ajuda médica?

    Se obsessões e compulsões estão ocupando muito tempo do seu dia ou causando sofrimento intenso, é hora de buscar atendimento com um psiquiatra ou psicólogo.

    Leia mais: Depressão não é frescura ou falta de fé: veja mitos sobre a doença

  • 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta 

    12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta 

    Se você sempre considerou 12×8 como pressão normal, essa ideia pode estar mudando. A Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025 revisitou as faixas de pressão e agora classifica 120/80 mmHg como pré-hipertensão, isto é, uma zona de alerta onde se espera que ações preventivas sejam intensificadas antes que a pressão suba de fato.

    Essa redefinição busca identificar mais cedo quem está em risco de evoluir para pressão alta e ajuda a estimular intervenções, como ajustes no estilo de vida, antes que danos mais sérios apareçam.

    O que mudou com a nova diretriz?

    A diretriz agora considera que valores de pressão arterial sistólica entre 120 e 129 mmHg ou pressão arterial diastólica entre 80 e 84 mmHg se encaixem na nova categoria de pré-hipertensão.

    Antes, muitos desses valores eram vistos como normais ou limítrofes; a mudança indica que agora há uma faixa “normal elevada” que exige atenção.

    Além disso, as metas de tratamento também foram ajustadas: o tratamento com remédios continua indicado para pressão ≥ 140/90 mmHg, mas para pacientes com pressão entre 130–139/80–89 mmHg e alto risco cardiovascular, já se recomenda considerar tratamento se as medidas não medicamentosas não forem suficientes.

    Na Europa, as diretrizes de 2024 da ESC (European Society of Cardiology) introduziram a categoria Elevated BP (pressão elevada) para 120–139 / 70–89 mmHg, reforçando que mesmo esse nível intermediário merece atenção. Elas mantêm o valor de hipertensão plena quando ≥ 140/90 mmHg, mas reconhecem que muitos pacientes com pressões intermediárias têm risco aumentado de eventos cardiovasculares.

    Tabela comparativa: antes × agora

    Faixa de pressão Classificação antiga* Nova classificação (2025)
    < 120 / < 80 mmHg Pressão ótima / normal Pressão arterial não elevada (antes “ótimo”)
    120–129 / 80–84 mmHg Normal ou limítrofe Pré-hipertensão
    130–139 / 85–89 mmHg Limítrofe ou hipertensão leve Pré-hipertensão ou estágio leve, dependendo do risco
    ≥ 140 / ≥ 90 mmHg Hipertensão (estágios 1, 2, 3) Pressão alta confirmada, tratamento com remédios indicado

    Por que essa mudança importa para você?

    • Detecção precoce: reconhecer pressão 12×8 como algo que merece atenção permite agir cedo, antes que se transforme em pressão alta.
    • Intervenções preventivas mais intensas: reforça medidas como dieta, redução de sal, atividade física e controle de peso.
    • Tratamento personalizado: quem está nessa faixa pode ser monitorado mais de perto e receber orientações adicionais conforme o risco.

    Confira: Pressão alta: como controlar com a alimentação

    O que fazer se sua pressão for 12×8 ou algo nessa casa?

    • Meça a pressão corretamente: 2 ou mais medições em dias diferentes, em condições calmas, com aparelho confiável.
    • Faça mudanças no estilo de vida: controle o sal, perca peso se necessário, alimente-se de forma saudável e pratique atividade física regular.
    • Monitore mais de perto: o médico pode solicitar medições domiciliares ou MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial).
    • Avalie o risco cardiovascular global: colesterol, glicemia/diabetes, tabagismo, entre outros fatores.
    • Reavalie: se após 3 meses as medidas não forem suficientes e houver alto risco, o médico pode considerar iniciar medicamentos.

    Veja mais: Como controlar pressão alta com mudanças no estilo de vida

    Perguntas frequentes sobre 12×8 e a nova diretriz

    1. Então ter pressão 12×8 agora significa que estou “pré-hipertenso”?

    Sim. A diretriz 2025 reclassifica 120/80 mmHg como início da categoria de pré-hipertensão, não mais como valor normal absoluto.

    2. Isso significa que todo mundo com 12×8 precisa tomar remédio?

    Não necessariamente. A reclassificação serve para aplicar medidas preventivas precoces. Os remédios continuam indicados principalmente para pressão ≥ 140/90 mmHg ou, em casos de 130–139/80–89 mmHg e alto risco, se as mudanças de estilo de vida não bastarem.

    3. Qual aparelho usar para medir a pressão corretamente?

    Use aparelhos validados e meça corretamente: sentado, costas apoiadas, sem falar durante a medição, após alguns minutos de repouso.

    4. Isso está alinhado com as diretrizes internacionais?

    Sim. A Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) introduziu a categoria Elevated BP para 120–139 / 70–89 mmHg e reconhece que essa faixa intermediária merece atenção.

    5. Com que frequência devo medir minha pressão se estiver nessa faixa 12×8?

    Em geral, com maior frequência: medições domiciliares, eventualmente MAPA, e acompanhamento periódico com seu médico.

    6. E se minha pressão estiver ligeiramente acima, como 121/82?

    Você ainda cai na faixa de pré-hipertensão segundo a nova diretriz. A recomendação é reforçar estilo de vida e monitorar de perto.

    Leia também: MAPA: o exame que analisa a pressão arterial por um dia inteiro

  • Metanol em bebidas: saiba o que fazer na suspeita de intoxicação

    Metanol em bebidas: saiba o que fazer na suspeita de intoxicação

    Imagine beber algo aparentemente normal, como uma dose de gin, vodka ou cachaça, e, horas depois, descobrir que aquilo pode estar comprometendo sua visão ou até a vida. Isso é o que acontece em casos de intoxicação por metanol, um dos riscos mais graves de bebidas alcoólicas adulteradas.

    Atualmente, o Brasil enfrenta surtos desse tipo, com diversos casos e mortes confirmadas. As autoridades estão em alerta máximo, pois é importantíssimo que a população entenda o perigo e saiba identificar os sinais para agir rápido.

    Entenda mais a seguir.

    O que é o metanol e por que é tão tóxico?

    O metanol, também chamado de álcool metílico ou álcool da madeira, é um composto químico com fórmula CH₃OH, usado em processos industriais, solventes, combustível e como matéria-prima para produtos químicos.

    O perigo aparece quando o metanol é ingerido, seja isso de forma acidental ou por meio da adulteração de bebidas, e metabolizado no organismo. Dentro do corpo, o metanol é transformado no fígado em formaldeído e, depois, em ácido fórmico — este último é altamente tóxico, pois se acumula no corpo e causa acidose (aumento de acidez no sangue) e dano celular, especialmente ao nervo óptico.

    O resultado dessa ingestão pode ser cegueira, falência múltipla de órgãos e morte.

    Por que adulteram bebidas com metanol?

    Adicionar metanol a bebidas é uma prática criminosa e que mata. As razões costumam ser:

    • Custo baixo: o metanol é mais barato que o etanol de qualidade;
    • Aumentar teor alcoólico aparente: adulterantes simulam que a bebida é “mais forte”;
    • Esquemas clandestinos: distribuidores ou falsificadores buscam lucro rápido, o que compromete a segurança da bebida.

    O metanol não tem gosto diferente do etanol, ou seja, quem bebe não percebe a diferença no momento, apenas nos efeitos depois.

    Apesar de perigoso, esse tipo de adulteração já foi confirmado em diversos casos no Brasil nos últimos dias.

    Dá para identificar uma bebida adulterada pelo sabor ou aparência?

    Infelizmente, muitas vezes não. O metanol pode ser misturado sem alterar visivelmente cheiro, cor ou sabor da bebida. Ou seja, não é possível identificar uma bebida adulterada com metanol.

    Por isso, confiar em marcas conhecidas, evitar bebidas de procedência duvidosa e desconfiar de preços muito baixos são medidas importantes. No momento, enquanto as autoridades estão investigando para saber mais informações, é aconselhável evitar bebidas de procedência duvidosa, especialmente destilados artesanais ou de baixo custo.

    Sinais e sintomas da intoxicação por metanol

    Os efeitos da intoxicação costumam aparecer entre 12 e 24 horas após a ingestão, porém podem acontecer até 72h. Isso pode atrasar a identificação ou a ligação com a bebida ingerida.

    Sintomas iniciais (fase latente):

    • Dor de cabeça;
    • Náuseas e vômitos;
    • Dor abdominal;
    • Tontura, confusão mental;
    • Fraqueza.

    Sintomas mais graves (conforme intoxicação progride):

    • Visão turva, manchas, intolerância à luz;
    • Cegueira parcial ou completa;
    • Acidose metabólica (respiração rápida, tontura, choque);
    • Convulsões, coma;
    • Falência de órgãos e risco de morte.

    É importante, portanto, procurar atendimento médico imediato já ao sentir os sintomas iniciais, para iniciar o tratamento de reversão da intoxicação. Aguardar os sintomas mais graves pode resultar em um quadro irreversível.

    O que o metanol pode causar no corpo?

    • Cegueira irreversível: danos ao nervo óptico e retina;
    • Lesão cerebral: pela toxicidade celular e acidose;
    • Falência de órgãos em decorrência da acidose metabólica;
    • Acidose severa: desequilíbrio letal no organismo;
    • Morte, em casos de ingestão significativa ou tratamento tardio.

    Isso torna a intoxicação por metanol uma emergência médica verdadeira.

    Leia também: 10 alimentos para aumentar a imunidade (e como incluir na dieta)

    Tratamento da intoxicação por metanol

    Existe tratamento para intoxicação por metanol, mas ele precisa ser imediato e em ambiente hospitalar. Quanto antes for iniciado, menores os danos. Ou seja, se ingerir bebida alcoólica e sentir qualquer sintoma, na dúvida, procure atendimento médico o mais rápido possível.

    Medidas principais de tratamento:

    • Estabilização: suporte respiratório, hidratação, correção de distúrbios químicos;
    • Antídotos: inibir a enzima álcool desidrogenase para evitar que o metanol vire formaldeído/ácido fórmico;
    • Fomepizol (preferido);
    • Etanol como alternativa, dado sob supervisão;
    • Hemodiálise: remoção rápida do metanol e seus metabólitos tóxicos, especialmente em casos graves ou acidose pronunciada;
    • Bicarbonato de sódio: para corrigir a acidose metabólica;
    • Ácido folínico/folato: auxilia no metabolismo do formiato, pois acelera a metabolização dele e ajuda a reduzir a toxicidade;
    • Monitoramento intensivo e cuidados de suporte até recuperação.

    Se o atendimento for rápido, as chances de reduzir sequelas e risco de morte aumentam muito.

    Perguntas frequentes sobre intoxicação por metanol

    1. Beber álcool adulterado com metanol causa sintomas rápidos?

    Não necessariamente. Os sintomas costumam surgir 12 a 24 horas após a ingestão, porém pode demorar até 72h para surgir, pois o metanol demora para gerar seus efeitos tóxicos. É preciso ficar atento a qualquer sinal a partir da ingestão até alguns dias depois.

    2. É possível reverter cegueira causada por metanol?

    Em alguns casos muito precoces, sim, desde que com tratamento imediato. Mas muitas vezes a lesão ao nervo óptico é irreversível.

    3. Tomar água ou induzir vômito ajuda?

    Não. Essas medidas não removem o metanol já absorvido e podem atrasar o tratamento correto.

    4. Se eu tiver ingerido uma bebida alcoólica suspeita, devo ficar em observação por quanto tempo?

    Por pelo menos 72 horas, pois os sintomas podem tardar a aparecer.

    5. Qual medicamento é usado como antídoto?

    O fomepizol é o mais indicado. Se não estiver disponível, o etanol pode ser usado sob supervisão médica.

    6. Bebidas com sabor forte indicam metanol?

    Essa não é uma forma confiável de saber se há ou não metanol na bebida. A adulteração geralmente acontece sem modificar sabor, cor ou odor.

    Leia mais: Deficiências nutricionais em adultos: aprenda a identificar sinais no dia a dia e prevenir riscos

  • TDAH em adultos: 7 dicas para viver com mais foco

    TDAH em adultos: 7 dicas para viver com mais foco

    O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição que afeta a capacidade de concentração, organização e controle da impulsividade. Ele pode se manifestar desde a infância e seguir pela vida adulta, e isso impacta aspectos como estudos, carreira e relacionamentos.

    De acordo com a neurologista Paula Dieckmann, no adulto o TDAH pode se manifestar de forma diferente da infância: em vez da hiperatividade física, é comum ter dificuldades em se organizar, em manter o foco em tarefas prolongadas e em lembrar de compromissos.

    “Nos adultos, a hiperatividade pode ser mais sutil – como uma sensação de ansiedade, impaciência ou necessidade de estar sempre ocupado”, complementa a especialista.

    Mas, apesar dos desafios, com mudanças de hábitos e acompanhamento médico, é possível viver bem com TDAH e tornar o dia a dia mais leve e produtivo. Confira!

    Quais os sintomas de TDAH em adultos?

    Identificar o TDAH na vida adulta pode ser difícil, já que muitos sintomas se confundem com estresse, cansaço ou excesso de demandas da rotina. Segundo Paula, os sinais mais comuns incluem:

    • Facilidade em se distrair com estímulos ao redor;
    • Esquecimento frequente de tarefas, compromissos ou datas;
    • Dificuldade em concluir projetos iniciados;
    • Tendência a procrastinar, adiando tarefas importantes;
    • Tomar decisões sem pensar nas consequências (como compras por impulso ou comentários inadequados);
    • Dificuldade em esperar a sua vez em conversas ou filas;
    • Mudança repentina de planos ou atitudes sem planejamento;
    • Sensação interna de inquietude, como se “não conseguisse desligar”;
    • Necessidade constante de movimento, como balançar pernas, roer unhas ou mexer no cabelo;
    • Dificuldade em relaxar mesmo em momentos de descanso.

    Além disso, mudanças de humor podem ocorrer, como irritabilidade e ansiedade, especialmente quando a pessoa se sente sobrecarregada tentando manter a concentração.

    É importante destacar que cada indivíduo pode apresentar uma combinação diferente desses sintomas, em intensidades variadas. Ter apenas um ou outro sinal não significa necessariamente ter TDAH. O diagnóstico deve ser feito por psiquiatra ou neurologista, por meio de entrevistas clínicas, questionários e histórico pessoal. O mais importante é não se autodiagnosticar.

    TDAH em adultos: como manter o foco?

    Em pessoas que convivem com TDAH, o cérebro tende a buscar estímulos o tempo todo, o que torna complicado manter a atenção em atividades mais monótonas.

    Por isso, é necessário adaptação: além do acompanhamento médico, mudanças no estilo de vida e psicoterapia, o ideal é organizar o dia a dia com técnicas práticas que ajudam a treinar o foco e organizar a rotina.

    Técnica de pomodoro

    O método Pomodoro é simples: divida o tempo em blocos de foco total e pausas curtas. Tradicionalmente, são 25 minutos de concentração intensa seguidos de 5 minutos de descanso. Após quatro ciclos, faça uma pausa mais longa, de 15 a 30 minutos.

    A técnica ajuda porque o cérebro com TDAH costuma operar melhor em curtos períodos de atenção. Paula explica que funciona como um jogo contra o relógio, tornando as tarefas menos assustadoras e aumentando a motivação. Além disso, saber que haverá uma pausa logo em seguida acalma a ansiedade de “estar perdendo algo”.

    “Também é útil priorizar as tarefas do dia logo pela manhã, escolhendo 2 ou 3 mais importantes para fazer primeiro, antes que a mente se canse ou apareçam imprevistos”, sugere a especialista.

    Ambiente minimalista

    O excesso de estímulos visuais e digitais pode intensificar a dispersão em pessoas com TDAH, tornando ainda mais difícil manter o foco. Nesse sentido, organizar um ambiente de estudo ou trabalho mais minimalista e limpo faz toda a diferença nas atividades do cotidiano. Algumas dicas simples incluem:

    • Deixar apenas o que é necessário sobre a mesa;
    • Fechar abas e programas não relacionados à tarefa;
    • Silenciar notificações do celular;
    • Usar cores neutras e organização simples para reduzir distrações.

    Segundo Paula, quanto menos estímulos competindo pela atenção, mais fácil manter a mente alinhada à tarefa principal.

    Bloqueadores de sites e distrações

    Os bloqueadores de sites são ferramentas (aplicativos, extensões ou programas) criadas para ajudar a manter o foco, restringindo o acesso a páginas, apps ou conteúdos que tiram a atenção.

    Na prática, eles funcionam assim: você configura quais sites ou aplicativos quer bloquear (geralmente redes sociais, jogos online ou até plataformas de vídeo) e define por quanto tempo ficará sem acesso. Alguns bloqueadores permitem até criar janelas de produtividade, liberando o uso só em horários específicos.

    “Para quem tem dificuldade em controlar o impulso de, no meio do trabalho, abrir o Instagram ou notícias, esses apps são ótimos porque criam uma barreira extra. É como se você estivesse tornando o estímulo inacessível temporariamente”, explica Paula.

    Técnica dos fones de ouvido

    Se o ambiente é barulhento ou cheio de conversas paralelas, como pode ser comum em escritórios de trabalho, usar um bom fone (com música instrumental, barulhos da natureza ou ruído branco, por exemplo) pode ajudar a abafar os estímulos externos e facilitar a concentração.

    Para quem prefere silêncio absoluto, os tampões de ouvido também são uma alternativa eficaz. O importante é reduzir interferências para manter a linha de raciocínio.

    Tempo e local determinados para distrações

    Pode parecer contraditório, mas a neurologista Paula Dieckmann explica que reservar momentos específicos para se distrair ajuda o cérebro a não buscar estímulos na hora errada.

    Uma estratégia prática é negociar consigo mesmo: “Vou estudar por 1 hora e, depois, tiro 15 minutos para ver vídeos ou redes sociais.”

    “Ao ter essa promessa de recompensa, às vezes fica mais fácil segurar a onda durante a atividade. É uma negociação com o cérebro: ‘fique quieto agora, que depois eu te dou estímulos’. E cumprir essa recompensa depois reforça o acordo”, esclarece.

    Mindfulness

    O mindfulness, ou atenção plena, é uma prática que consiste em treinar a mente para estar totalmente presente no momento. Ele pode ser exercitado de várias formas: por meio de meditação, respiração consciente, caminhadas atentas ou até em atividades cotidianas, como comer ou tomar banho, prestando atenção nos detalhes da experiência.

    “Isso acalma a mente e melhora a capacidade de voltar a atenção para onde queremos quando ela desvia. Com o tempo e prática consistente, muitas pessoas com TDAH relatam ganhos em consciência do próprio pensamento”, conta Paula.

    Monotarefa

    A monotarefa é a prática de focar em uma atividade por vez, evitando alternar constantemente entre diferentes tarefas. No caso de pessoas com TDAH, ela é especialmente útil porque reduz a dispersão, evita a frustração e aumenta a produtividade. Algumas dicas incluem:

    • Finalize ou avance bastante uma tarefa antes de começar outra;
    • Agrupe atividades semelhantes no mesmo bloco de tempo;
    • Evite alternar constantemente entre e-mails, mensagens e projetos.

    De acordo com Paula, cada troca de contexto custa energia mental e aumenta a chance de erros ou procrastinação. A monotarefa ajuda a manter a clareza e a sensação de progresso.

    Confira: TDAH: o que é, como diferenciar e tratar

    TDAH: como equilibrar a vida pessoal e o trabalho?

    Para pessoas com TDAH, conciliar a vida profissional e pessoal pode ser ainda mais complexa devido a dificuldades como desatenção, impulsividade e hiperfoco. No entanto, com organização e estratégias adequadas, é possível alcançar maior equilíbrio entre as duas áreas. A neurologista Paula Dieckmann aponta:

    • Defina limites claros entre trabalho e descanso: estabeleça horário para encerrar o expediente e crie um ritual de transição, como fechar o laptop ou dar uma volta. Desligue notificações fora do horário;
    • Agende momentos pessoais: marque na agenda compromissos de lazer e família, tratando-os como reuniões importantes;
    • Aprenda a dizer “não” (ou “não agora”): evite aceitar mais tarefas do que consegue cumprir; negociar prazos ajuda a proteger seu tempo pessoal;
    • Use o hiperfoco com hora marcada: aproveite a produtividade intensa, mas coloque alarmes para não ultrapassar o limite do expediente;
    • No lazer, desligue do trabalho: evite checar e-mails e mensagens fora do horário. Se necessário, use aplicativos separados ou silenciados;
    • Invista em hobbies e atividade física: escolha atividades prazerosas, como esportes, música ou culinária, que ajudem a relaxar e recarregar;
    • Converse com a família sobre o TDAH: compartilhar sua realidade ajuda no apoio e na criação de soluções conjuntas, como momentos “sem telas”;
    • Pratique autocompaixão: equilíbrio não é perfeição, e haverá dias em que o trabalho exigirá mais e outros em que a vida pessoal será prioridade. O importante é manter constância e ajustes contínuos.

    Hábitos saudáveis numa rotina com TDAH

    Além das técnicas de organização e foco, adotar hábitos saudáveis é indispensável para controlar os sintomas do TDAH, como:

    • Alimentação balanceada: evite excesso de açúcar e cafeína, que podem intensificar a agitação. Prefira refeições ricas em proteínas e fibras;
    • Exercícios físicos: a atividade física libera neurotransmissores ligados ao bem-estar e melhora a capacidade de concentração;
    • Sono regular: dormir bem é fundamental para a memória e o foco, então o ideal é criar uma rotina de sono consistente;
    • Acompanhamento profissional: o tratamento do TDAH pode incluir psicoterapia e, em alguns casos, medicação prescrita por especialistas.

    Perguntas frequentes sobre TDAH em adultos

    1. Como é feito o diagnóstico de TDAH em adultos?

    Não existe exame de sangue ou de imagem que detecte o TDAH. O diagnóstico é clínico e feito por psiquiatras ou neurologistas, que realizam entrevistas detalhadas para entender os sintomas atuais e o histórico de vida.

    É importante avaliar se os sinais já estavam presentes na infância, além de descartar outras condições como depressão, ansiedade, distúrbios do sono ou problemas hormonais. Questionários específicos e relatos de familiares podem ajudar a complementar a avaliação.

    2. O TDAH pode aparecer apenas na vida adulta?

    Segundo a neurologista Paula Dieckmann, o TDAH geralmente começa na infância, mesmo que os sintomas sejam mais sutis e só se tornem evidentes na vida adulta.

    O que acontece muitas vezes é que a criança desenvolve estratégias de compensação ou tem ambientes que mascaram as dificuldades. Com as demandas mais complexas da vida adulta, como trabalho e estudos, responsabilidades, os sinais ficam mais evidentes.

    3. O TDAH tem cura?

    Não, o TDAH não tem cura, mas pode ser controlado com uma combinação de medicamentos, psicoterapia, mudanças de estilo de vida e técnicas de organização. O objetivo não é eliminar totalmente os sintomas, mas sim reduzir o impacto negativo deles e ensinar a pessoa a conviver com o transtorno de forma equilibrada e produtiva.

    4. A atividade física realmente ajuda quem tem TDAH?

    Sim! A prática de exercícios físicos é considerada uma das melhores aliadas no controle dos sintomas. Atividades como corrida, caminhada, natação ou dança liberam dopamina, noradrenalina e endorfina — os mesmos neurotransmissores que a medicação busca regular.

    O resultado é mais clareza mental, melhora do humor, redução da ansiedade e aumento da capacidade de concentração. Além disso, a prática regular ajuda a estruturar uma rotina mais estável.

    5. O sono influencia no TDAH?

    Bastante! O sono funciona como um “carregador de bateria” do cérebro. Em pessoas com TDAH, dormir mal piora consideravelmente a atenção, a impulsividade e o humor. A falta de sono de qualidade também pode gerar sensação de confusão mental, aumentar a irritabilidade e reduzir a memória de curto prazo.

    Por outro lado, noites bem dormidas (de 7 a 9 horas, em horários regulares) melhoram significativamente a capacidade de foco e de autocontrole.

    6. Mindfulness realmente funciona para TDAH?

    Sim. O mindfulness é uma prática de atenção plena que ajuda a perceber quando a mente se distrai e a trazê-la de volta ao presente.

    Técnicas simples de respiração, meditação guiada ou até mesmo atenção plena em atividades cotidianas (como comer ou tomar banho) podem treinar o cérebro a aumentar o controle sobre a atenção. No início pode parecer difícil, mas até 5 minutos por dia já fazem diferença no dia a dia.

    Leia mais: TDAH em adultos: saiba mais sobre os sintomas e como descobrir se você tem

  • Tratamento de diabetes gestacional: como é feito?

    Tratamento de diabetes gestacional: como é feito?

    O diabetes gestacional é uma alteração que acontece durante a gravidez, quando o corpo da mulher não consegue produzir insulina suficiente para controlar os níveis de açúcar no sangue. Ele normalmente aparece no segundo ou terceiro trimestre e, apesar do diagnóstico assustar, a endocrinologista Denise Orlandi aponta que ele é um sinal de alerta para cuidar da saúde da mãe e do bebê e, claro, fazer o tratamento de diabetes gestacional.

    “Após o diagnóstico, a gestante passa a ter um acompanhamento mais próximo com a equipe médica (obstetra e endocrinologista), além de orientações com nutricionista e até educador físico”, aponta a especialista. Isso inclui monitorar os níveis de glicose no sangue, fazer ajustes na alimentação e adotar um estilo de vida mais saudável.

    Com isso, é possível manter a glicemia sob controle e ter uma gestação saudável. Na maioria dos casos, a condição desaparece após o parto, mas exige cuidados durante toda a gravidez para proteger tanto a mãe quanto o bebê. Entenda mais, a seguir.

    O que é o diabetes gestacional e por que precisa de tratamento?

    O diabetes gestacional é definido como uma condição temporária em que a gestante, que não tinha diabetes antes, desenvolve níveis elevados de glicose (açúcar) no sangue durante a gravidez.

    Ela acontece porque os hormônios produzidos pela placenta podem bloquear a ação da insulina, o hormônio que ajuda a glicose a entrar nas células para ser usada como energia. O corpo tenta compensar produzindo mais insulina, mas, se não consegue, o açúcar se acumula no sangue.

    Se não for tratado, a condição pode causar complicações sérias, como:

    • Para o bebê: macrossomia (bebê grande demais), hipoglicemia neonatal, desconforto respiratório e maior risco de obesidade e diabetes no futuro;
    • Para a mãe: risco de pré-eclâmpsia, cesárea, desenvolvimento de diabetes tipo 2 e complicações cardiovasculares a longo prazo.

    O diabetes gestacional pode surgir em qualquer mulher grávida, mas é mais comum em quem já tem fatores de risco como: sobrepeso, obesidade, histórico familiar de diabetes, idade materna acima de 30 anos ou gestações anteriores com complicações.

    Como é feito o tratamento de diabetes gestacional?

    O tratamento para o diabetes gestacional se baseia em quatro abordagens: mudanças no estilo de vida, que incluem alimentação equilibrada, a prática de exercícios, o monitoramento da glicemia e, quando necessário, o uso de medicamentos. O objetivo é manter a glicemia dentro dos níveis considerados seguros, reduzindo complicações para a mãe e o bebê.

    Alimentação saudável

    Manter uma alimentação equilibrada é o primeiro passo no tratamento do diabetes gestacional. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a Sociedade Brasileira de Diabetes, a rotina alimentar deve ser individualizada, respeitando o peso da gestante, o trimestre da gestação e suas necessidades calóricas.

    Por isso, não é necessário realizar uma dieta restritiva, mas priorizar o consumo de alimentos in natura e ricos em fibras, como:

    • Frutas frescas: banana, laranja, pera, maçã, kiwi, morango;
    • Carnes magras: peixes, frango, ovo;
    • Vegetais: alface, tomate, rúcula, brócolis, abobrinha;
    • Leguminosas: feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha;
    • Laticínios: leite semi ou desnatado, iogurte natural, queijo branco;
    • Oleaginosas: castanha de caju, amendoim, avelãs, nozes e amêndoas;
    • Cereais integrais: arroz integral, pão integral, quinoa, aveia.

    Também é importante reduzir ao máximo o consumo de açúcares, doces, refrigerantes e alimentos ultraprocessados, já que eles provocam picos rápidos de glicose no sangue, favorecem o ganho de peso excessivo e não oferecem nutrientes de qualidade para a mãe nem para o bebê.

    “Uma nutricionista pode ajudar a montar um plano alimentar equilibrado, com foco em alimentos que mantenham a glicose estável. Pequenas mudanças já fazem uma grande diferença — como reduzir o açúcar simples, preferir alimentos integrais e fracionar melhor as refeições ao longo do dia”, esclarece Denise.

    Atividades físicas

    O movimento ajuda o corpo a usar a glicose como fonte de energia, reduzindo os níveis de açúcar no sangue e aumentando a sensibilidade à insulina. Além disso, praticar atividades físicas contribui para reduzir o estresse, melhorar a circulação e manter um ganho de peso saudável durante a gestação.

    Entre as atividades mais indicadas para gestantes com diabetes gestacional, é possível destacar:

    • Caminhadas leves;
    • Hidroginástica;
    • Bicicleta ergométrica;
    • Yoga ou pilates adaptado para gestantes;
    • Alongamentos.

    A indicação é realizar as atividades entre 20 a 30 minutos por dia, pelo menos 5 vezes por semana. Também deve-se evitar exercícios de alto impacto, atividades que exigem muito equilíbrio ou posição deitada de barriga para cima.

    A prática deve ser acompanhada por profissionais de saúde e interrompida se houver sinais de alerta, como sangramento vaginal, dor abdominal ou tontura.

    Monitoramento da glicemia

    Acompanhar os níveis de glicose no sangue pode ser feito em casa com o uso de aparelhos portáteis, como os glicosímetros. É recomendado que a gestante meça a glicemia em jejum e após as principais refeições, o que ajuda a identificar como o corpo reage à alimentação e se o tratamento está funcionando.

    Os valores de referência para o acompanhamento do diabetes gestacional são, em geral:

    • Glicemia de jejum abaixo de 95 mg/dL;
    • 1 hora após a refeição: abaixo de 140 mg/dL;
    • 2 horas após a refeição: abaixo de 120 mg/dL.

    Uso de medicamentos

    Quando as mudanças no estilo de vida não são suficientes para controlar a glicemia, pode ser necessário recorrer a medicamentos, que são indicados pelo médico de forma individualizada.

    O mais utilizado é a insulina, aplicada por meio de injeções. As doses são calculadas conforme o peso da gestante, e as aplicações normalmente são feitas 2 a 3 vezes ao dia, antes das refeições e à noite.

    “O uso de insulina é seguro na gestação e não traz riscos para o bebê — pelo contrário, ela ajuda a garantir que o desenvolvimento dele ocorra da melhor forma possível”, explica Denise.

    Em algumas situações específicas, como dificuldade de acesso ou recusa ao uso de insulina, o médico pode avaliar o uso de metformina. Ele é administrado por via oral e tem como vantagem o fato de não causar ganho de peso significativo. No entanto, como atravessa a placenta, os efeitos a longo prazo sobre a criança ainda estão sendo estudados.

    Por isso, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a metformina não deve ser a primeira escolha quando há disponibilidade de insulina.

    Leia também: Bronquiolite em bebês: sintomas e quando procurar o médico

    Cuidados após o parto

    Após o nascimento, na maioria dos casos, os níveis de glicose da mulher voltam ao normal. Porém, ela apresenta risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro, o que torna importante alguns cuidados:

    • Reavaliação da glicemia: semanas após o parto, é importante realizar exames para verificar se os níveis de glicose voltaram ao normal;
    • Prevenção do diabetes tipo 2: mulheres que tiveram diabetes gestacional têm maior risco de desenvolver diabetes no futuro. Por isso, manter hábitos saudáveis de alimentação e atividade física continua sendo importante;
    • Atenção ao bebê: crianças de mães com diabetes gestacional podem nascer com peso maior que o esperado ou apresentar hipoglicemia nos primeiros dias de vida. Por isso, é recomendado manter o acompanhamento pediátrico;
    • Amamentação: além de todos os benefícios já conhecidos para o bebê, o aleitamento materno exclusivo nos primeiros meses ajuda a mãe a reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e contribui para a perda de peso após a gestação;
    • Sono e descanso: sempre que possível, aproveitar os momentos de sono do bebê para descansar ajuda na regulação hormonal, na cicatrização do corpo e também no equilíbrio emocional da mãe.

    O pós-parto também é um momento de adaptação emocional e física para a nova mamãe, então ter apoio familiar e acompanhamento médico contínuo ajuda a mulher a atravessar a fase com mais tranquilidade.

    “Manter hábitos saudáveis após a gestação pode ser uma grande oportunidade de cuidar da saúde para a vida toda”, finaliza Denise.

    Perguntas frequentes sobre tratamento de diabetes gestacional

    1. Quais são os sintomas do diabetes gestacional?

    Na maioria das vezes, o diabetes gestacional não causa sintomas visíveis, o que torna os exames de pré-natal tão necessários. Algumas mulheres podem sentir mais sede, urinar com frequência ou apresentar cansaço excessivo, mas são sinais comuns na gravidez e nem sempre estão ligados ao diabetes. Por isso, apenas os exames de sangue podem confirmar o diagnóstico.

    2. Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico geralmente acontece entre a 24ª e a 28ª semana de gestação, por meio do teste oral de tolerância à glicose (TOTG). No exame, a gestante bebe uma solução açucarada e faz coletas de sangue em diferentes momentos para verificar como o corpo reage à glicose.

    Se os valores estiverem acima do recomendado, o médico confirma o diabetes gestacional. Em alguns casos, a glicemia de jejum já pode indicar a condição.

    3. O bebê pode nascer com diabetes?

    Não, o bebê não nasce com diabetes por causa do diabetes gestacional da mãe. O que pode acontecer é o bebê apresentar hipoglicemia (níveis de açúcar baixos no sangue) logo após o parto, já que durante a gestação ele produziu mais insulina em resposta à glicemia elevada da mãe.

    Mas com acompanhamento adequado, a alteração é temporária e costuma ser corrigida sem maiores complicações.

    4. O diabetes gestacional desaparece depois do parto?

    Na maioria das vezes, sim. Após o nascimento do bebê, os hormônios da gestação diminuem e os níveis de glicose tendem a voltar ao normal.

    No entanto, é fundamental fazer exames algumas semanas depois do parto para confirmar. Mesmo que a glicemia normalize, ainda há um risco maior de diabetes tipo 2 no futuro.

    5. É possível evitar o diabetes gestacional?

    Não existe uma forma totalmente capaz de evitar o diabetes gestacional, já que ele está ligado também a fatores hormonais da gestação, mas adotar hábitos saudáveis antes e durante a gravidez reduz muito o risco, como:

    • Manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, legumes, verduras, grãos integrais e proteínas magras;
    • Evitar o consumo excessivo de açúcares, doces, refrigerantes e ultraprocessados;
    • Praticar atividade física regular antes e durante a gravidez, com exercícios leves e seguros;
    • Manter o peso adequado antes da gestação e controlar o ganho de peso durante os meses de gravidez;
    • Realizar o pré-natal corretamente, seguindo todas as orientações médicas e nutricionais;
    • Dormir bem e controlar o estresse, já que o excesso pode afetar o metabolismo;
    • Evitar o sedentarismo, procurando se movimentar ao longo do dia, mesmo que em pequenas caminhadas.

    6. O que causa diabetes gestacional?

    O diabetes gestacional é causado por uma combinação de fatores hormonais e predisposição individual. Durante a gravidez, a placenta produz hormônios que reduzem a ação da insulina no corpo, o que é chamado de resistência insulínica. Isso é natural e serve para garantir energia suficiente para o bebê em crescimento.

    Porém, em algumas mulheres, o pâncreas não consegue produzir insulina extra suficiente para compensar essa resistência — e, como consequência, os níveis de glicose no sangue aumentam.

    Além disso, fatores como excesso de peso, idade materna acima de 30 anos, histórico familiar de diabetes, síndrome dos ovários policísticos e gestações anteriores com complicações podem aumentar o risco de desenvolver a condição.

    Leia também: Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar

  • Como controlar o sono depois do almoço? 

    Como controlar o sono depois do almoço? 

    Você já ouviu falar em letargia pós-prandial? O termo pode soar estranho, mas descreve aquela conhecida sensação de cansaço e sono depois do almoço. Apesar de comum, ela pode atrapalhar um pouco o dia a dia de quem precisa manter o ritmo e a produtividade no período da tarde.

    Para entender melhor por que isso acontece e como amenizar o problema, conversamos com a nutricionista Hágata Ramos, que aponta os principais fatores que favorecem essa sonolência e compartilha estratégias práticas para driblar a situação.

    Por que sentimos sono após o almoço?

    O sono depois do almoço acontece devido a uma combinação de fatores fisiológicos e comportamentais, como:

    Redistribuição da energia corporal

    De acordo com a nutricionista Hágata Ramos, após a refeição, o organismo precisa direcionar energia para o processo de digestão. Isso significa que parte do fluxo sanguíneo é deslocado para o trato gastrointestinal, reduzindo momentaneamente a oxigenação em outras áreas, como o cérebro.

    Com isso, pode acontecer a sensação de lentidão, relaxamento e sonolência. Quanto maior e mais pesada for a refeição (pratos muito calóricos ou cheios de gordura, por exemplo), mais forte será o efeito.

    Liberação de hormônios

    Além da redistribuição de energia, a digestão também estimula a liberação de hormônios e neurotransmissores que afetam diretamente a disposição. A insulina, por exemplo, é liberada para controlar os níveis de glicose no sangue, e variações bruscas da glicemia podem causar cansaço.

    Já a serotonina, conhecida por regular o humor e trazer sensação de bem-estar, também está ligada ao relaxamento e pode induzir a sonolência. Em alguns casos, a produção de melatonina, hormônio relacionado ao ciclo do sono, pode ser indiretamente estimulada, especialmente após refeições ricas em carboidratos.

    Tipo de alimento ingerido

    Segundo Hágata, refeições ricas em carboidratos simples provocam picos rápidos de glicose no sangue seguidos de quedas igualmente bruscas, o que pode causar sonolência e fadiga. Já os alimentos muito gordurosos tornam a digestão mais lenta e estimulam hormônios ligados ao relaxamento, aumentando a sensação de cansaço.

    “Já pratos equilibrados, com fibras, proteínas e carboidratos complexos, ajudam a equilibrar estes efeitos”, complementa a especialista.

    Tamanho da refeição

    Comer em excesso faz com que o sistema digestivo trabalhe além do normal para processar a grande quantidade de alimentos. Isso aumenta o fluxo de sangue para o estômago e intestino — reduzindo a energia disponível para outras funções do organismo. Como resultado, é comum sentir cansaço, sonolência e até uma sensação de “preguiça” logo depois do almoço.

    O sono após o almoço é normal?

    Sim, sentir sono depois do almoço é normal e consiste em uma resposta fisiológica esperada. Inclusive, Hágata lembra que, em muitas culturas, existe o hábito de descansar após as refeições — conhecido como sesta.

    Contudo, vale ressaltar que a sensação é comum quando é leve e passageira. Se a sonolência for intensa, a ponto de atrapalhar o dia a dia, pode indicar desequilíbrios alimentares ou problemas de saúde, como apneia do sono, resistência à insulina ou distúrbios metabólicos. Nesses casos, é fundamental procurar atendimento médico.

    Como controlar o sono após o almoço?

    Apesar de comum, existem alguns hábitos simples que podem ajudar a minimizar o sono após o almoço, como:

    Aposte em refeições equilibradas

    Uma refeição bem montada, variada e colorida proporciona energia mais estável. A combinação de carboidratos complexos, proteínas magras e fibras ajuda a manter a glicemia sob controle, evitando picos de açúcar no sangue que resultam em queda abrupta de energia.

    Um prato com arroz integral, feijão, frango grelhado e salada de vegetais cozidos ou crus, por exemplo, conforme indica Hágata, fornece nutrientes de forma balanceada e mantém o organismo ativo por mais tempo.

    Evite exageros

    Uma vez que refeições grandes podem sobrecarregar o estômago, causando o redirecionamento de energia para lidar com a digestão, é importante respeitar os sinais de saciedade e evitar comer além do necessário. Ah, e mastigar devagar e saborear os alimentos também ajuda, já que o cérebro recebe mais tempo para identificar quando já houve quantidade suficiente para saciar a fome.

    Inclua fibras e proteínas

    Nutrientes, como fibras e proteínas, mantêm a glicemia mais estável e prolongam a sensação de saciedade — e também retardam a digestão dos carboidratos, evitando picos seguidos de quedas de energia. Incluir alimentos como leguminosas, vegetais crus, sementes, carnes magras e ovos contribui para que a energia seja liberada de forma gradual, reduzindo a sonolência.

    Faça caminhadas após o almoço

    A movimentação leve após a refeição estimula a circulação sanguínea, melhora a digestão e pode ajudar a diminuir o sono. Uma caminhada de dez a quinze minutos já é suficiente para auxiliar na disposição e ativar o corpo.

    Beba bastante água

    A desidratação, mesmo que leve, diminui o volume de sangue, o que faz com que o coração tenha que trabalhar mais para bombear o sangue e levar oxigênio e nutrientes para as células. Isso aumenta a sensação de sonolência após o almoço.

    Por isso, é importante se hidratar antes e depois das refeições, ajudando também na digestão. O ideal é beber pequenos goles de água várias vezes ao dia, em vez de ingerir grandes quantidades de uma só vez.

    Evite bebidas alcoólicas no almoço

    Mesmo quando consumido em pequenas doses, o álcool relaxa o corpo e potencializa a sensação de sono. Além de tirar a disposição, ele também pode dificultar a concentração à tarde – então, se a ideia é se manter produtivo, é melhor deixar a bebida para momentos de lazer, fora do horário de trabalho ou estudo.

    Tenha atenção ao café

    O café pode dar sensação de energia momentânea, mas não resolve a causa da sonolência, de acordo com Hágata. “Já o excesso de cafeína ou chás muito fortes logo após a refeição pode atrapalhar a absorção de alguns minerais, como ferro e cálcio. O ideal é esperar um pouco antes de consumi-los”, explica.

    Confira: 10 alimentos para aumentar a imunidade (e como incluir na dieta)

    Quando procurar ajuda médica?

    É importante procurar ajuda médica se você apresentar os seguintes sinais:

    • Sono intenso todos os dias, mesmo com noites bem dormidas;
    • Dificuldade de concentração no trabalho ou nos estudos;
    • Queda de produtividade significativa;
    • Outros sintomas associados, como falta de ar, roncos frequentes, palpitações ou ganho de peso inexplicado.

    Algumas condições de saúde, como distúrbios metabólicos e alterações hormonais, podem provocar sonolência intensa. Apenas um especialista pode fazer o diagnóstico completo.

    Perguntas frequentes sobre sono depois do almoço

    1. Sentir sono depois do almoço é um sinal de problema de saúde?

    Não. Na maioria dos casos, a sensação é comum e acontece devido ao processo de digestão dos alimentos, que precisa de energia para acontecer. Contudo, quando a sonolência é muito intensa, frequente e atrapalha atividades diárias, pode indicar algum problema de saúde, que deve ser investigado por um médico.

    Por isso, fique atento a outros sintomas associados, como fadiga constante, dores de cabeça, palpitações ou perda de peso sem explicação.

    2. Posso cochilar depois do almoço?

    Sim, um breve cochilo após o almoço pode ser benéfico para a saúde, e melhora a memória, o humor e o desempenho — além de reduzir o estresse e ajudar na digestão.

    Porém, ele deve ser moderado, idealmente entre 15 a 30 minutos, para evitar entrar em fases mais profundas do sono, o que causa confusão mental ao acordar e pode prejudicar o sono noturno.

    3. Beber muita água junto com a refeição causa sono depois do almoço?

    Não. Na verdade, a água é fundamental para o bom funcionamento do corpo e ajuda até mesmo na digestão. O que pode acontecer é desconforto quando há ingestão de grandes quantidades de líquido em um curto período, causando distensão abdominal.

    O ideal é distribuir a ingestão de água em pequenas quantidades constantes, em vez de beber em excesso de uma só vez.

    4. Pessoas com diabetes sentem mais sono depois do almoço?

    Sim, a sonolência pode ser mais intensa em pessoas com diabetes ou resistência à insulina. Nesses casos, a regulação da glicemia está comprometida, o que aumenta a chance de picos e quedas bruscas de açúcar no sangue. Isso favorece a sensação de cansaço, especialmente após refeições ricas em carboidratos.

    5. Existe algum horário ideal para almoçar e sentir menos sono?

    Não existe um horário ideal para almoçar, mas algumas medidas ajudam a reduzir a intensidade da sonolência e favorecer a digestão, como:

    • Evitar almoçar muito tarde, quando a queda natural de energia já está em curso;
    • Fazer a refeição por volta do meio-dia ou início da tarde, em porções moderadas;
    • Manter regularidade nos horários, o que ajuda o organismo a se adaptar e reduz variações bruscas no ciclo de vigília.

    Leia também: Como montar um prato saudável para todas as refeições?

  • Doença coronariana: o que é, como identificar os sintomas e quais os tratamentos indicados

    Doença coronariana: o que é, como identificar os sintomas e quais os tratamentos indicados

    A doença coronariana, ou doença arterial coronariana (DAC), é uma das principais causas de morte no mundo. Seu desenvolvimento acontece quando placas de gordura, colesterol e outras substâncias se acumulam nas paredes das artérias coronárias.

    “Esse é um processo chamado aterosclerose. Com o tempo, essas placas podem endurecer e reduzir o fluxo de sangue, prejudicando a oxigenação do músculo cardíaco”, explica o cardiologista Giovanni Henrique Pinto.

    A seguir, vamos entender o processo de desenvolvimento da doença coronariana, os fatores de risco e seus sintomas mais característicos. Acompanhe!

    O que é a doença coronariana e por que ela acontece?

    O coração depende de um suprimento constante de sangue rico em oxigênio para funcionar adequadamente. Esse papel é das artérias coronárias, que circundam o órgão como uma rede de abastecimento.

    Quando essas artérias sofrem estreitamento ou obstrução, o músculo cardíaco recebe menos oxigênio, comprometendo seu desempenho.

    Esse processo está intimamente relacionado à aterosclerose. Inicialmente, pequenas lesões nas paredes internas das artérias facilitam o depósito de colesterol LDL (“ruim”), células inflamatórias e restos celulares. Com o tempo, forma-se a chamada placa aterosclerótica.

    “Quando as placas crescem, o espaço dentro da artéria diminui, dificultando a passagem do sangue. Isso faz diminuir o fluxo sanguíneo e pode causar dor no peito (angina) durante esforços ou situações de estresse”, fala o médico.

    Mais perigoso ainda é quando a placa se rompe. Nesse caso, ocorre a formação de um coágulo (trombo) que pode bloquear a artéria de forma súbita, interrompendo totalmente o fluxo de sangue e resultando em um infarto agudo do miocárdio.

    Quais são os fatores de risco para doença coronariana?

    O desenvolvimento da doença coronariana é multifatorial. Alguns fatores são modificáveis, ou seja, podem ser controlados com mudanças de hábitos e tratamento, enquanto outros são não modificáveis, como idade e histórico familiar.

    Principais fatores de risco para doença coronariana:

    • Hipertensão arterial (pressão alta)
    • Colesterol elevado (LDL alto e HDL baixo)
    • Diabetes mellitus
    • Tabagismo
    • Obesidade e sobrepeso
    • Sedentarismo
    • Histórico familiar de doença cardiovascular precoce
    • Estresse crônico
    • Envelhecimento (o risco aumenta com a idade)
    • Menopausa (nas mulheres, devido à queda de estrogênio)

    O cardiologista alerta: “Vale ressaltar que esses fatores podem atuar de forma somada, aumentando ainda mais a probabilidade de doença”.

    Sintomas da doença coronariana: como identificar sinais de comprometimento das artérias

    Na fase inicial, a doença coronariana pode ser silenciosa. Muitas pessoas só descobrem o problema durante exames de rotina ou após um evento agudo, como um infarto. Porém, alguns sinais podem indicar que as artérias já estão comprometidas.

    Entre os sintomas mais comuns estão:

    • Dor ou pressão no peito (angina), principalmente durante esforço físico ou situações de estresse
    • Falta de ar
    • Cansaço desproporcional
    • Dor irradiada para braço esquerdo, mandíbula, costas ou estômago
    • Sintomas atípicos em mulheres e diabéticos, como palpitações, náuseas, indigestão ou fadiga intensa

    Esses sintomas da doença coronariana devem sempre motivar uma investigação médica, especialmente se forem recorrentes.

    Como é feito o diagnóstico da doença coronariana?

    O diagnóstico da doença coronariana envolve uma combinação de avaliação clínica, análise de fatores de risco e exames complementares. O médico inicia com análise detalhada do paciente e exame físico, investigando sintomas, histórico familiar e hábitos de vida.

    Entre os exames mais utilizados estão:

    • Eletrocardiograma (ECG): registra a atividade elétrica do coração
    • Teste ergométrico (teste de esforço): avalia a resposta do coração durante exercício
    • Ecocardiograma de estresse: verifica alterações na função cardíaca sob esforço físico ou medicação
    • Cintilografia de perfusão miocárdica: identifica áreas do coração com menor irrigação sanguínea
    • Angiotomografia de coronárias: exame de imagem detalhado que mostra as artérias coronárias
    • Cateterismo cardíaco: exame invasivo que permite visualizar diretamente obstruções e, em alguns casos, realizar angioplastia (procedimento que desobstrui artérias entupidas com balão e stent).

    Esses exames não são, necessariamente, solicitados todos de uma vez. A escolha depende da gravidade dos sintomas, da presença de fatores de risco e da necessidade de confirmar ou descartar obstruções significativas.

    Em casos leves, muitas vezes os testes de esforço ou exames de imagem já fornecem informações suficientes. Já em situações mais graves, o cateterismo pode ser indicado para diagnóstico preciso e até intervenção imediata.

    Veja mais: 5 coisas para fazer hoje e proteger o coração contra o infarto

    Prevenção e controle: mudanças de estilo de vida

    Grande parte dos fatores de risco para doença coronariana pode ser modificada. Isso significa que é possível reduzir consideravelmente as chances de desenvolver a condição ou, para quem já tem diagnóstico, controlar sua progressão.

    Medidas fundamentais incluem:

    • Alimentação saudável, rica em frutas, verduras, legumes, grãos integrais e pobre em sal, açúcar e gorduras saturada
    • Prática regular de atividade física (pelo menos 150 minutos semanais de exercício aeróbico moderado, como caminhada)
    • Não fumar
    • Controle do peso corporal
    • Sono adequado
    • Controle rigoroso da pressão arterial, colesterol e glicemia
    • Redução do estresse

    O cardiologista reforça: “Esses cuidados não apenas reduzem o risco de desenvolver a doença, como também ajudam a estabilizar as placas já existentes e a evitar complicações”.

    Tratamento da doença coronariana: medicamentos e procedimentos

    O tratamento da doença coronariana é individualizado e pode envolver três pilares principais: ajustes no estilo de vida, uso de medicamentos e, em casos selecionados, procedimentos ou cirurgias.

    • Medicamentos: estatinas e outros redutores de colesterol, aspirina em baixa dose (quando indicada), betabloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio, inibidores da ECA ou ARBs, nitratos e ranolazina
    • Procedimentos minimamente invasivos: como a angioplastia com colocação de stent, que expande a artéria com um balão e mantém o fluxo aberto com uma pequena malha metálica
    • Cirurgia de revascularização miocárdica (bypass coronariano): indicada em casos mais graves, cria novos caminhos para o sangue chegar ao coração

    Em todos os cenários, o acompanhamento regular com o cardiologista é essencial, tanto para ajustar o tratamento quanto para indicar programas de reabilitação cardíaca após cirurgias, que incluem educação, aconselhamento e treinamento físico supervisionado.

    Confira: Triglicérides: do combustível do corpo ao risco para o coração

    Perguntas e respostas sobre doença coronariana

    1. O que é a doença coronariana?

    É uma condição em que as artérias coronárias ficam estreitas ou bloqueadas devido ao acúmulo de placas de gordura e colesterol (aterosclerose). Isso reduz o fluxo de sangue e oxigênio para o coração, podendo levar à angina ou ao infarto.

    2. Quais são os principais fatores de risco?

    Hipertensão, colesterol alto, diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo, histórico familiar, estresse crônico, idade avançada e menopausa nas mulheres.

    3. Quais sintomas exigem atenção?

    Dor ou pressão no peito, falta de ar, cansaço desproporcional, dor irradiada para braço, mandíbula, costas ou estômago. Mulheres e diabéticos podem apresentar sinais atípicos, como náusea, palpitações ou fadiga intensa.

    4. Como a doença é diagnosticada?

    O diagnóstico combina avaliação clínica e exames como eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma de estresse, cintilografia, angiotomografia ou cateterismo, dependendo do quadro clínico.

    5. É possível prevenir a doença coronariana?

    Sim. Alimentação equilibrada, atividade física regular, não fumar, controlar peso, pressão, colesterol e glicemia, dormir bem e reduzir o estresse são medidas fundamentais.

    6. Como é feito o tratamento?

    O tratamento envolve mudanças no estilo de vida, uso de medicamentos (estatinas, aspirina, betabloqueadores, entre outros) e, em casos graves, procedimentos como angioplastia com stent ou cirurgia de revascularização (bypass).

    Leia mais: Novas metas de colesterol em 2025: valores mais rígidos para proteger seu coração

  • Deficiências nutricionais em adultos: aprenda a identificar sinais no dia a dia e prevenir riscos

    Deficiências nutricionais em adultos: aprenda a identificar sinais no dia a dia e prevenir riscos

    Ter uma alimentação aparentemente saudável não é garantia de que o corpo esteja recebendo todos os nutrientes. As deficiências nutricionais em adultos são cada vez mais comuns, muitas vezes passando despercebidas até causarem sintomas.

    “Elas são mais frequentes do que se imagina, mesmo em adultos que acreditam ter uma alimentação equilibrada”, explica a médica nutróloga Flávia Pfeilsticker.

    Nesta reportagem, você vai entender quais são as mais comuns, os principais sintomas de deficiência nutricional, exames que ajudam a diagnosticar, os riscos à saúde e as estratégias para prevenir e corrigir esses desequilíbrios.

    Deficiências nutricionais em adultos: quais as mais comuns?

    Segundo a médica, as deficiências nutricionais em adultos mais frequentes incluem falta de ferro, vitamina D, vitamina B12, ácido fólico, cálcio, magnésio e zinco. “Cada uma dessas carências pode comprometer tanto a saúde física quanto o bem-estar mental”, enfatiza.

    Entenda os riscos relacionados às deficiências nutricionais de acordo com cada nutriente:

    • Ferro: principal causa de anemia no mundo, manifestada por cansaço, queda de cabelo e dificuldade de concentração
    • Vitamina D: muito prevalente em regiões urbanas pela baixa exposição solar, pode fragilizar ossos e músculos e aumentar a suscetibilidade a infecções
    • Vitamina B12 e ácido fólico: compromete a produção de glóbulos vermelhos e afeta o sistema nervoso
    • Cálcio: sua carência está ligada à osteoporose e câimbras
    • Magnésio: pode causar palpitações e distúrbios do sono
    • Zinco: baixa imunidade e dificuldade de cicatrização

    Segundo Flávia, não essas não são deficiências raras, mas sim desequilíbrios cada vez mais diagnosticados em consultórios — e a culpa muitas vezes está na alimentação, que não atende todas as necessidades nutricionais.

    Como a alimentação contribui para deficiências nutricionais em adultos?

    Um dos fatores centrais é o padrão alimentar da vida contemporânea. Dietas baseadas em alimentos ultraprocessados, ricos em calorias, açúcar, sal e gordura, e pobres em nutrientes, substituem alimentos naturais, como frutas, legumes, sementes e proteínas de qualidade.

    “Além da alimentação, outros fatores de risco incluem baixa exposição ao sol, uso prolongado de medicamentos (omeprazol, anticoncepcionais, metformina) e dietas restritivas sem acompanhamento (como vegetarianismo ou veganismo mal planejados)”, detalha a nutróloga.

    Porém, na maioria dos casos, o problema é mesmo a alimentação. Mesmo quem acha que se alimenta bem pode, muitas vezes, estar comendo alimentos com pouca densidade nutricional (aqueles naturais e ricos em nutrientes), e/ou exagerando no consumo de alimentos prontos para consumo, industrializados pobres em nutrientes.

    Sintomas de deficiência nutricional em adultos

    Embora muitas vezes sutis, o corpo costuma dar sinais de deficiências nutricionais. Entre os sinais mais comuns estão:

    • Cansaço persistente e queda de energia
    • Queda de cabelo e unhas fracas
    • Infecções frequentes ou baixa imunidade
    • Alterações de humor, irritabilidade ou lapsos de memória
    • Câimbras, dor muscular ou palpitações

    Nesses casos, o ideal é buscar orientação médica. “Esses sintomas de deficiência nutricional reforçam a importância de manter hábitos saudáveis e fazer check-ups regulares”, enfatiza a médica.

    Confira: Lanches práticos para levar para a academia: saiba como escolher os melhores

    Exames que detectam deficiências nutricionais

    O diagnóstico precoce é a chave para evitar complicações. A identificação das deficiências pode ser feita com exames laboratoriais simples, como:

    • Hemograma completo: avalia anemia e alterações nos glóbulos vermelhos
    • Ferritina sérica: mostra os estoques de ferro
    • Dosagem de vitamina D: fundamental para avaliar risco de osteoporose e imunidade
    • Vitamina B12 e ácido fólico: investigam saúde do sistema nervoso e hematológico
    • Exames de cálcio, magnésio e zinco séricos: checam níveis minerais

    Para a médica, esses exames devem fazer parte de check-ups regulares, principalmente em grupos de risco, como mulheres em idade fértil (mais vulneráveis à deficiência de ferro), idosos e pessoas em dietas restritivas. “Eles ajudam a detectar precocemente essas deficiências, evitando complicações maiores”.

    Alimentação e suplementação: como corrigir as deficiências

    A forma de reposição depende da gravidade do déficit. Em muitos casos de deficiências nutricionais em adultos, pequenas mudanças na dieta já resolvem o problema:

    • Vegetais verde-escuros (espinafre, couve, brócolis) para ferro e ácido fólico
    • Peixes e ovos para vitamina D e B12
    • Leite e derivados para cálcio
    • Sementes, castanhas e oleaginosas para magnésio e zinco

    “Porém, em quadros mais acentuados, é necessária suplementação oral ou até mesmo injetável, para restabelecer rapidamente os níveis adequados”, explica Flávia.

    O ponto central é não se automedicar. A suplementação deve ser orientada por médico ou nutricionista, já que o excesso também pode causar problemas, como cálculos renais pelo uso exagerado de cálcio ou toxicidade por vitamina D.

    Perguntas e respostas sobre deficiências nutricionais em adultos

    1. Quais são as deficiências nutricionais mais comuns em adultos?

    As mais frequentes envolvem ferro, vitamina D, vitamina B12, ácido fólico, cálcio, magnésio e zinco.

    2. Quais sintomas podem indicar uma deficiência nutricional?

    Os sinais mais comuns incluem cansaço persistente, queda de cabelo, unhas fracas, baixa imunidade, câimbras, palpitações, alterações de humor e lapsos de memória.

    3. A alimentação contemporânea aumenta o risco dessas carências?

    Sim. O consumo elevado de ultraprocessados, associado à baixa ingestão de frutas, legumes, sementes e proteínas de qualidade, favorece o surgimento de deficiências. Outros fatores incluem pouca exposição solar, uso prolongado de certos medicamentos e dietas restritivas sem acompanhamento.

    4. Como essas deficiências podem ser diagnosticadas?

    Exames laboratoriais simples, como hemograma, ferritina sérica, dosagem de vitamina D, vitamina B12, ácido fólico e análises de cálcio, magnésio e zinco no sangue, permitem identificar precocemente os déficits.

    5. É possível corrigir apenas com a alimentação?

    Em casos leves, sim — incluir vegetais verde-escuros, ovos, peixes, leite, castanhas e sementes já ajuda a repor nutrientes. Mas, em quadros mais graves, pode ser necessária suplementação oral ou injetável, sempre sob orientação médica.

    6. A suplementação por conta própria é segura?

    Não. O excesso de vitaminas e minerais também traz riscos, como cálculos renais (cálcio em excesso) ou intoxicação (vitamina D). Por isso, só deve ser feita com acompanhamento de um profissional de saúde.

    Leia também: Intolerância à lactose: o que comer no dia a dia?

  • Sente pernas pesadas no fim do dia? Confira dicas para aliviar

    Sente pernas pesadas no fim do dia? Confira dicas para aliviar

    Com a correria do dia a dia, muitas pessoas chegam em casa à noite com o mesmo incômodo: uma sensação de pernas pesadas, inchadas e cansadas, às vezes com formigamento. Apesar de comum, ela pode ser causada por uma série de fatores — desde má circulação até hábitos do cotidiano.

    Conversamos com o cirurgião vascular Marcelo Dalio para apontar as principais causas, como reduzir o peso nas pernas e evitar que o desconforto se torne rotina.

    O que pode causar as pernas pesadas?

    A sensação de pernas pesadas pode ser causada por uma série de fatores, como:

    • Varizes: são veias dilatadas e tortuosas que dificultam o retorno do sangue das pernas para o coração. É a causa mais frequente na população;
    • Insuficiência cardíaca: o coração não consegue bombear o sangue de forma adequada, provocando inchaço nas pernas, geralmente acompanhado de falta de ar;
    • Problemas renais: os rins não filtram corretamente, causando retenção de líquidos, com inchaço em duas pernas e até no rosto pela manhã;
    • Doenças do fígado: o mau funcionamento do fígado pode levar ao acúmulo de líquidos e inchaço;
    • Doenças reumatológicas: inflamações crônicas que afetam articulações e tecidos também podem causar inchaço e peso nas pernas;
    • Estilo de vida: ficar longos períodos sentado ou em pé, usar salto alto com frequência, sobrepeso, má alimentação e sedentarismo são fatores que favorecem a sensação de pernas cansadas.

    Como aliviar a sensação de peso nas pernas?

    Pernas acima do coração

    Uma das recomendações mais eficazes é colocar as pernas acima do nível do coração. Segundo Marcelo, não adianta apenas apoiar os pés em um puff: o ideal é deitar-se no sofá e apoiar as pernas no braço ou em almofadas, de forma que fiquem inclinadas para cima. A posição cria uma espécie de “via de drenagem” — facilitando o retorno do sangue e reduzindo o inchaço.

    Você pode incluir esse hábito na sua rotina ao chegar do trabalho ou antes de dormir. Cerca de 15 a 20 minutos já ajudam a sentir alívio.

    Movimentar a panturrilha

    A panturrilha desempenha um papel importante na circulação, pois contribui para impulsionar o sangue em direção ao coração. Quando a musculatura permanece sem movimento por longos períodos, a circulação fica prejudicada e o sangue acaba se acumulando nos membros inferiores — o que favorece o surgimento da sensação de peso e inchaço.

    Para ativar a circulação, é importante movimentar a panturrilha:

    • Fazer exercícios de flexão e extensão dos tornozelos (como se estivesse usando uma antiga máquina de costura);
    • Subir na ponta dos pés e descer devagar, repetindo várias vezes;
    • Alongar as pernas após longos períodos sentado.

    Os movimentos simples podem ser feitos em casa ou no trabalho, e ajudam a reduzir a sensação de peso.

    Evitar calor excessivo

    O calor pode piorar bastante a sensação de pernas pesadas, já que as altas temperaturas provocam dilatação das veias. Com isso, o sangue circula mais lentamente, aumentando o inchaço e a sensação de cansaço nas pernas.

    Por isso, segundo Marcelo, banhos muito quentes podem intensificar o problema, assim como ambientes abafados e verões intensos. O ideal é optar por duchas mornas ou frias, que ajudam a refrescar e estimular a circulação.

    Outra dica é evitar longas exposições ao sol sem hidratação adequada. Sempre que possível, mantenha as pernas frescas e hidratadas.

    Massagem e cremes

    A massagem nas pernas pode proporcionar alívio imediato, já que estimula a circulação sanguínea e linfática. Você pode fazer movimentos suaves de baixo para cima, ajudando o sangue a retornar ao coração. Existem também cremes refrescantes com ativos como mentol e cânfora que potencializam a sensação de leveza.

    Além de relaxar, a massagem pode ser um momento de autocuidado ao final do dia. No entanto, em situações como insuficiência cardíaca ou varizes, ela funciona apenas como forma de aliviar os sintomas, sem resolver a causa do problema. Nesses casos, procure a ajuda de um médico.

    Drenagem linfática

    A drenagem linfática é uma técnica de massagem que ajuda a reduzir o inchaço e melhorar a circulação. No entanto, Marcelo Dalio faz uma observação importante: ela é um movimento passivo, ou seja, depende de um profissional estimular a drenagem.

    Por isso, para pessoas ativas, a melhor opção continua sendo o exercício físico, que fortalece a panturrilha e melhora o retorno venoso. A drenagem é mais indicada para quem tem limitações de movimento, como idosos ou pessoas com restrições de saúde.

    Se você optar pelo procedimento, busque sempre um profissional qualificado para garantir que a técnica seja feita de forma segura e eficaz.

    Quando procurar atendimento médico?

    A sensação de pernas pesadas costuma ser uma consequência da rotina, mas em alguns casos, pode indicar problemas mais sérios. É importante procurar atendimento médico se você apresentar:

    • Inchaço persistente em uma ou ambas as pernas;
    • Dor intensa ou que não melhora com repouso;
    • Vermelhidão, calor local ou presença de feridas;
    • Falta de ar associada ao inchaço;
    • Sintomas que pioram com frequência.

    Dependendo do quadro, pode ser necessário o uso de meias de compressão, medicamentos ou até procedimentos específicos. Apenas um médico pode indicar o tratamento mais adequado, por isso, não se automedique!

    Veja também: Pés inchados no fim do dia podem indicar problema no coração, mas há outras causas

    Perguntas frequentes sobre pernas pesadas

    1. O que são varizes?

    As varizes são veias dilatadas e tortuosas que perdem a capacidade de levar o sangue das pernas de volta ao coração — de modo que o acúmulo provoca sensação de peso, dor, inchaço e até cãibras noturnas.

    Além do incômodo estético, as varizes são um problema de saúde que pode evoluir para complicações, como trombose e úlceras venosas. O tratamento varia desde o uso de meias de compressão e medicamentos até procedimentos como laser ou cirurgia, dependendo da gravidade.

    2. Uso de salto alto pode causar pernas pesadas?

    Pode sim. O salto alto reduz o movimento natural da panturrilha, prejudicando o retorno do sangue das pernas para o coração, o que favorece o inchaço e a sensação de peso. Para prevenir o problema, é importante alternar os tipos de calçados, optar por sapatos mais confortáveis no dia a dia e dar pausas no uso do salto sempre que possível.

    3. Pernas pesadas podem ser sinal de problemas no coração?

    Podem, sim. Problemas como a insuficiência cardíaca podem provocar acúmulo de líquidos nas pernas, normalmente acompanhado de falta de ar e limitação para atividades físicas.

    Quando o coração não consegue bombear o sangue de forma eficiente, o líquido se acumula nos membros inferiores. Nesse caso, não adianta apenas elevar as pernas: é fundamental procurar um cardiologista para uma avaliação completa.

    4. Quem fica muito tempo sentado pode sentir as pernas pesadas?

    Sim, ficar sentado por muitas horas diminui a movimentação da panturrilha, que é fundamental para bombear o sangue de volta ao coração. Isso favorece o acúmulo de sangue e líquidos nas pernas, gerando peso e inchaço.

    5. O uso de remédios pode causar pernas pesadas?

    Alguns medicamentos, como anticoncepcionais hormonais, corticoides e certos anti-hipertensivos, favorecem a retenção de líquidos e dificultam a circulação venosa. Se você percebeu que os sintomas começaram após o uso de algum remédio, converse com o médico. Nunca interrompa o tratamento por conta própria, mas é possível avaliar alternativas mais adequadas.

    6. Existe alguma posição ideal para dormir e evitar pernas pesadas?

    Dormir de barriga para cima com as pernas levemente elevadas pode ajudar bastante. Colocar um travesseiro ou almofada sob os pés estimula o retorno venoso durante a noite. Ah, e evite dormir de bruços, pois a posição comprime vasos e articulações, atrapalhando a circulação.

    Confira: Varizes: o que são e como tratar

  • Pneumonia em crianças: o que causa, sintomas e como tratar

    Pneumonia em crianças: o que causa, sintomas e como tratar

    A pneumonia é uma infecção que atinge os pulmões e provoca inflamação nos alvéolos, estruturas responsáveis pelas trocas de oxigênio no organismo. Quando inflamados, eles podem se encher de líquido ou pus e dificultam a respiração, o que causa um desconforto intenso.

    Em crianças, a doença merece atenção redobrada: segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pneumonia é uma das principais causas de mortalidade em menores de cinco anos — especialmente em países em desenvolvimento.

    Mas afinal, o que causa a pneumonia em crianças, como identificar os sinais e quais medidas de prevenção realmente funcionam? Conversamos com a pneumopediatria Juliana Sencini para esclarecer as principais dúvidas.

    O que causa pneumonia em crianças?

    A pneumonia em crianças pode ser causada por diferentes agentes infecciosos — vírus, bactérias e, em casos mais raros, fungos.

    • Vírus respiratórios: são os principais responsáveis pela pneumonia, especialmente em menores de 1 ano. O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um dos mais comuns, seguido por influenza, parainfluenza, adenovírus e rinovírus. A forma viral tende a ser mais leve, mas ainda exige acompanhamento médico;
    • Bactérias: o Streptococcus pneumoniae é o agente mais frequente, mas outros, como Staphylococcus aureus e Haemophilus influenzae, também podem estar envolvidos. A infecção costuma ser mais grave e exige tratamento imediato com antibióticos;
    • Aspiração: ocorre quando alimentos, líquidos ou até pequenos corpos estranhos entram nas vias respiratórias, causando inflamação pulmonar.

    Em situações específicas e muito raras, como em crianças com imunidade comprometida, a pneumonia pode ser causada por fungos. É um quadro muito grave e que exige atendimento médico.

    Além dos agentes infecciosos, alguns fatores aumentam o risco da doença:

    • Prematuridade e baixo peso ao nascer;
    • Desnutrição, que compromete a imunidade;
    • Doenças crônicas como asma, cardiopatias ou condições pulmonares;
    • Exposição à poluição, poeira, fumaça de cigarro e ambientes fechados;
    • Falta de vacinação, especialmente contra gripe, pneumococo e coqueluche.

    Sintomas de pneumonia em crianças

    Os sintomas da pneumonia em crianças podem variar de acordo com a gravidade da infecção e o agente causador, mas existem sinais que os pais devem observar com atenção:

    • Febre alta, frequentemente acima de 38°C;
    • Tosse persistente, inicialmente seca, podendo evoluir para produtiva, com catarro amarelado ou esverdeado;
    • Respiração acelerada ou dificuldade para respirar, com chiado ou retração das costelas;
    • Falta de apetite;
    • Letargia e fraqueza, como dificuldade em brincar, andar ou realizar atividades simples;
    • Coloração azulada nos lábios e unhas (cianose) é sinal de baixa oxigenação, e requer atendimento médico imediato.

    De acordo com Juliana, em bebês e crianças pequenas, às vezes os sintomas podem ser mais inespecíficos, como irritabilidade, choro frequente, gemência e dificuldade para mamar.

    Segundo a Fiocruz e a OMS, a identificação rápida dos sintomas e o encaminhamento ao atendimento médico são fundamentais para evitar complicações para a criança, como insuficiência respiratória e até a morte.

    Como diferenciar a pneumonia de outras infecções?

    Segundo Juliana, no quadro gripal, os sintomas costumam ser mais relacionados ao nariz, como espirros, obstrução nasal e dor de garganta. Nos primeiros dias pode ser difícil diferenciar, já que tanto a gripe quanto a pneumonia podem se manifestar de forma parecida.

    A diferença é que, enquanto a gripe tende a melhorar gradualmente com o passar dos dias, a pneumonia normalmente apresenta piora progressiva.

    Já no caso da asma, muitas vezes chamada de bronquite, consiste em uma condição crônica. A especialista explica que a criança costuma ter histórico de crises com episódios de chiado no peito e dificuldade para respirar. Nesses casos, a tosse costuma ser mais seca e, em geral, não há febre significativa, podendo surgir apenas febre baixa.

    Como ocorre a transmissão de pneumonia?

    A pneumonia em crianças pode ser transmitida pelo contato direto com gotículas de saliva ou secreções respiratórias de uma pessoa infectada. Isso acontece quando ela tosse, espirra ou fala muito próximo da criança.

    Além da transmissão direta, também existe a contaminação indireta: quando a criança toca superfícies contaminadas, como brinquedos, maçanetas e utensílios, e depois leva as mãos à boca, nariz ou olhos.

    Alguns fatores aumentam o risco de disseminação dos agentes causadores da pneumonia:

    • Ambientes fechados, pouco ventilados e com aglomeração de pessoas;
    • Contato próximo e frequente em creches, escolas e transportes coletivos;
    • Ausência de hábitos básicos de higiene, como lavar as mãos regularmente.

    É importante destacar que, embora a forma de transmissão seja semelhante à da gripe, a pneumonia não deve ser confundida com resfriados comuns e sua evolução pode ser muito mais grave e rápida.

    Diagnóstico de pneumonia em crianças

    O diagnóstico da pneumonia em crianças é feito principalmente de forma clínica, ou seja, a partir da avaliação do médico com base nos sintomas e no exame físico. No entanto, alguns exames complementares podem ajudar a confirmar a suspeita e guiar o tratamento, como:

    • Raio-X de tórax: é o exame mais utilizado para confirmar a presença da pneumonia. Ele mostra áreas de inflamação nos pulmões e ajuda a diferenciar a doença de outros problemas respiratórios que podem ter sintomas parecidos;
    • Exames de sangue: o hemograma e alguns marcadores inflamatórios ajudam a avaliar a resposta do organismo à infecção e podem indicar se ela tem mais chance de ser viral ou bacteriana.

    Em situações mais graves, persistentes ou quando há suspeita de complicações, o médico pode solicitar exames adicionais, como culturas, ultrassom ou tomografia, mas esses são indicados apenas em casos específicos.

    Quando procurar atendimento médico imediato?

    De acordo com Juliana, é importante procurar atendimento médico na presença dos seguintes sinais de alerta:

    • Respiração muito rápida ou dificuldade para respirar, com evidência das costelas ou uso da barriga para respirar;
    • Lábios ou unhas arroxeados;
    • Sonolência excessiva ou dificuldade para acordar;
    • Recusa em mamar ou beber líquidos.

    Tratamento de pneumonia em crianças

    O tratamento da pneumonia em crianças depende principalmente da causa da infecção e da gravidade do quadro. Quando a origem é viral, não é necessário o uso de antibióticos e o foco está em medidas de suporte, como manter a criança bem hidratada, controlar a febre e, em alguns casos, oferecer oxigênio suplementar.

    Já a pneumonia causada por bactérias exige o uso de antibióticos específicos, definidos pelo médico de acordo com a idade da criança e as características do caso.

    Nos quadros leves, o tratamento pode ser feito em casa, desde que haja acompanhamento próximo e retorno ao médico em caso de piora. Mas quando a criança apresenta dificuldade para respirar, recusa de líquidos, febre persistente ou sinais de maior gravidade, pode ser necessária a internação hospitalar para garantir suporte adequado e monitoramento constante.

    Vacina para pneumonia em crianças

    A vacinação é uma das formas mais eficazes de proteger as crianças contra a pneumonia. Ela ajuda a reduzir não só os casos da doença, mas também as complicações mais graves que podem levar à internação. Entre as vacinas mais importantes, estão:

    • Vacinas pneumocócicas (PCV10, PCV13 e PCV20): protegem contra os principais tipos de bactérias que causam pneumonia, reduzindo casos graves e complicações;
    • Vacina contra influenza (gripe): diminui o risco de infecções respiratórias que podem evoluir para pneumonia, especialmente em crianças menores e grupos vulneráveis;
    • Vacina contra coqueluche (tríplice DTPa): previne uma infecção respiratória altamente contagiosa que compromete os pulmões e pode abrir caminho para o desenvolvimento da pneumonia.

    Todas as vacinas fazem parte do calendário de vacinação infantil e devem ser aplicadas nos prazos corretos para garantir a proteção adequada do pequeno.

    Cuidados durante o tratamento

    Durante a recuperação, é importante ter alguns cuidados para garantir o bem-estar da criança, como:

    • Oferecer líquidos com frequência, como água, sucos naturais e sopas, para manter a hidratação e ajudar a fluidificar secreções;
    • Manter uma alimentação nutritiva, mesmo que em pequenas quantidades, com refeições leves e ricas em vitaminas e proteínas que fortalecem a imunidade;
    • Ter repouso, permitindo bastante descanso, mas sem deixar a criança totalmente inativa;
    • Controlar a febre e o desconforto seguindo a orientação médica para o uso de antitérmicos ou analgésicos quando necessário;
    • Evitar exposição a ambientes frios, com poeira ou fumaça de cigarro, que podem irritar ainda mais as vias respiratórias;
    • Cumprir corretamente a medicação, sem interromper o antibiótico antes do tempo prescrito, mesmo que os sintomas melhorem.

    Saiba mais: Asma infantil: sintomas, diagnóstico e tratamento

    Como prevenir a pneumonia em crianças?

    Além de manter a vacinação em dia, a prevenção da pneumonia envolve diversos cuidados simples no dia a dia da criança, como:

    • Incentivar a criança a lavar as mãos regularmente, reduzindo o risco de contato com vírus e bactérias;
    • Manter os ambientes bem ventilados e evitar aglomerações, principalmente em épocas de maior circulação de doenças respiratórias;
    • Evitar exposição à fumaça de cigarro, que aumenta muito o risco de infecções pulmonares;
    • Garantir uma alimentação equilibrada e sono adequado, fortalecendo o sistema imunológico;
    • Procurar atendimento médico em casos de sintomas persistentes, como tosse forte, febre e dificuldade para respirar, para iniciar o tratamento rapidamente.

    Perguntas frequentes sobre pneumonia em crianças

    H3 – 1. Como diferenciar pneumonia de uma gripe comum em crianças?

    A gripe e a pneumonia podem começar com sintomas semelhantes, como tosse, febre e mal-estar, mas evoluem de formas diferentes. Na gripe, os sintomas costumam ser mais leves, relacionados ao nariz e garganta, como coriza, espirros e dor de garganta, e tendem a melhorar gradualmente em poucos dias.

    Já a pneumonia, ao contrário, piora com o tempo: a febre permanece alta, a tosse se intensifica e podem surgir sinais de dificuldade para respirar, como respiração acelerada e retrações no tórax. A evolução é um dos principais sinais de alerta para os pais procurarem atendimento médico.

    H3 – 2. É normal a criança com pneumonia perder peso?

    Sim. Durante a doença, a febre alta, a dificuldade para se alimentar e o maior gasto de energia do corpo no combate à infecção podem levar à perda de peso temporária.

    Após a recuperação, com a retomada da alimentação e o ganho de apetite, o peso costuma ser recuperado naturalmente. O importante é oferecer refeições leves e nutritivas durante o tratamento.

    H3 – 3. É seguro usar xaropes para tosse em crianças com pneumonia?

    Não é recomendado o uso de xaropes para tosse em crianças com pneumonia sem orientação médica. A tosse é um mecanismo natural do corpo para limpar as vias respiratórias, e suprimir o reflexo pode dificultar a eliminação de secreções. O tratamento deve focar na causa da doença e no alívio da febre ou dor, sempre sob orientação do pediatra.

    H3 – 4. É possível a criança ter pneumonia mais de uma vez no mesmo ano?

    Sim, crianças podem ter episódios de pneumonia recorrentes, especialmente se têm fatores de risco como imunidade baixa, doenças respiratórias crônicas ou exposição frequente a ambientes com vírus e bactérias. Quando os episódios são muito repetitivos, o pediatra pode solicitar exames para investigar causas subjacentes, como alergias, refluxo ou problemas pulmonares.

    H3 – 5. Crianças com pneumonia podem fazer inalação?

    A inalação pode ser indicada em alguns casos para aliviar sintomas como tosse e dificuldade para respirar, especialmente quando há broncoespasmo associado (estreitamento temporário das vias aéreas). O uso de soro fisiológico ajuda a deixar as secreções mais fluidas, facilitando a respiração e proporcionando maior conforto.

    Em alguns casos, o médico pode indicar remédios, como os broncodilatadores, que administrados por inalação chegam mais diretamente aos pulmões e apresentam melhor efeito. Porém, apenas o médico pode indicar o uso quanto a escolha da medicação.

    H3 – 6. A pneumonia em crianças pode ser contagiosa?

    Sim, a pneumonia viral e bacteriana pode ser transmitida de uma criança para outra através de gotículas de saliva ao tossir, espirrar ou falar. Também pode ocorrer transmissão indireta, quando a criança toca em superfícies contaminadas e depois leva a mão à boca ou nariz. Por isso, é fundamental manter medidas de higiene, como lavar as mãos e evitar compartilhar objetos.

    Leia também: Bronquiolite em bebês: sintomas e quando procurar o médico