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  • Quando a alergia vira emergência: entenda a anafilaxia 

    Quando a alergia vira emergência: entenda a anafilaxia 

    Coceira, inchaço, falta de ar e tontura podem parecer sintomas isolados, mas juntos podem indicar uma das emergências médicas mais graves: a anafilaxia. Essa reação alérgica intensa se manifesta rapidamente, pode comprometer vários órgãos ao mesmo tempo e exige atendimento imediato.

    A anafilaxia ocorre quando o sistema imunológico reage de forma exagerada a substâncias normalmente inofensivas — como alimentos, medicamentos ou picadas de insetos. Reconhecer os sinais e agir rápido pode salvar vidas.

    O que acontece no corpo durante uma anafilaxia

    Durante a crise, o corpo libera substâncias químicas (como a histamina) que dilatam os vasos e aumentam sua permeabilidade. Isso causa inchaço, vermelhidão, queda de pressão, falta de ar e urticária.

    A anafilaxia pode surgir em minutos após o contato com o agente causador — e quanto mais rápida a reação, maior o risco. Mesmo após o tratamento, os sintomas podem voltar horas depois (reação bifásica).

    Causas mais comuns de anafilaxia

    Diversas substâncias podem causar crises. As mais frequentes incluem:

    Alimentos

    Amendoim, castanhas, nozes, peixes, camarão, frutos do mar, leite, ovos, soja, trigo e gergelim. Em casos graves, até o cheiro ou pequenas partículas podem provocar reação.

    Picadas de insetos

    Abelhas, vespas e formigas são as principais causas.

    Medicamentos

    Antibióticos (penicilina, cefalosporinas), anti-inflamatórios (aspirina, ibuprofeno), anestésicos e relaxantes musculares usados em cirurgias.

    Látex

    Presente em luvas, balões, preservativos e materiais hospitalares.

    Contrastes usados em exames

    Produtos com iodo podem causar reação em pessoas sensíveis.

    Pólen

    Mais raro, mas pode causar anafilaxia em indivíduos com alergia severa.

    Sintomas: como reconhecer

    Os sintomas aparecem rapidamente — geralmente em minutos — e afetam várias partes do corpo simultaneamente.

    Pele e mucosas

    • Coceira e vermelhidão;
    • Urticária (vergões avermelhados);
    • Inchaço em lábios, olhos, língua ou garganta (angioedema).

    Sistema respiratório

    • Nariz entupido, espirros, tosse;
    • Rouquidão e sensação de nó na garganta;
    • Falta de ar, chiado, aperto no peito e dificuldade para respirar.

    Coração e circulação

    • Queda de pressão;
    • Tontura e fraqueza;
    • Batimentos acelerados ou irregulares;
    • Desmaio.

    Trato digestivo

    • Dor abdominal e cólicas;
    • Náuseas, vômitos ou diarreia.

    Outros sinais

    • Visão turva;
    • Confusão mental;
    • Sensação de desmaio iminente.

    Nos casos mais graves, ocorre o choque anafilático, com queda brusca da pressão e falha na oxigenação dos órgãos — situação potencialmente fatal em minutos.

    Diagnóstico da anafilaxia

    O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas e no histórico de exposição a um alérgeno. Exames como dosagem de triptase podem confirmar o quadro posteriormente, mas o tratamento deve começar imediatamente, sem esperar resultados laboratoriais.

    Tratamento

    A epinefrina (adrenalina) é o tratamento de primeira escolha e deve ser aplicada o quanto antes, preferencialmente na coxa, por injeção intramuscular.

    A adrenalina:

    • Relaxará os músculos das vias aéreas;
    • Aumentará a pressão arterial;
    • Reduzirá o inchaço e os sintomas da reação.

    Após a aplicação, outros medicamentos podem ser usados para controlar coceira, urticária e prevenir recaídas. O paciente deve permanecer em observação por pelo menos 4 horas, pois os sintomas podem retornar. Casos graves exigem internação em UTI.

    Em alguns países, há o autoaplicador de adrenalina (EpiPen®) para uso emergencial. No Brasil, ele ainda não está disponível.

    Confira: Tem alergia alimentar? Veja como diagnosticar e tratar

    Complicações

    Quando tratada rapidamente, a recuperação é completa. Porém, o atraso na aplicação da adrenalina pode causar:

    • Choque anafilático;
    • Falta de oxigenação cerebral;
    • Parada cardíaca;
    • Morte súbita.

    Prevenção e cuidados

    • Identificar e evitar totalmente o agente causador;
    • Informar familiares e amigos sobre a alergia e os procedimentos de emergência;
    • Carregar identificação médica (pulseira/cartão);
    • Consultar um alergologista para investigação e possível imunoterapia (dessensibilização).

    Veja mais: Janela imunológica: como prevenir alergia alimentar em bebês

    Perguntas frequentes sobre anafilaxia

    1. O que é anafilaxia?

    É uma reação alérgica grave e rápida, que pode afetar vários órgãos e colocar a vida em risco.

    2. Quais são os primeiros sinais?

    Coceira, inchaço no rosto ou garganta, falta de ar, tontura e queda de pressão.

    3. Qual o tratamento imediato?

    A aplicação de adrenalina intramuscular (na coxa). É uma emergência médica e deve ser feita o quanto antes.

    4. A anafilaxia pode acontecer novamente?

    Sim. Mesmo após o tratamento, os sintomas podem reaparecer horas depois (reação bifásica).

    5. Quem tem alergia grave deve fazer o quê?

    Consultar um alergologista, identificar o agente causador e evitar totalmente o contato.

    6. A anafilaxia pode matar?

    Sim. Sem tratamento imediato, pode evoluir para choque anafilático e parada cardíaca.

    Leia mais: Entenda como funciona a alergia alimentar e o que fazer

  • Alergia à tatuagem existe? Saiba mais sobre sintomas e tratamentos

    Alergia à tatuagem existe? Saiba mais sobre sintomas e tratamentos

    Vermelhidão, maior sensibilidade e leve inchaço são comuns após fazer uma tatuagem — afinal, trata-se de uma lesão cutânea em cicatrização. Esses sinais tendem a melhorar em poucos dias e fazem parte da resposta natural do organismo.

    Em algumas situações, porém — especialmente em pessoas com histórico de dermatite, alergias ou outras condições de pele —, pode ocorrer hipersensibilidade (alergia à tatuagem). Como a tatuagem introduz pigmentos na derme, uma resposta imunológica exagerada pode surgir, causando coceira intensa, descamação, bolhas e até secreção.

    Para entender como reconhecer os sinais e tratar a alergia à tatuagem, conversamos com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti. Veja as orientações a seguir.

    Por que a alergia à tatuagem acontece?

    A alergia surge quando o sistema imunológico reage de forma exagerada a substâncias presentes nas tintas, aditivos ou materiais usados no procedimento, desencadeando inflamação local. É uma hipersensibilidade de contato, geralmente do tipo tardio — podendo aparecer dias, semanas ou meses após a tatuagem.

    De acordo com Brianna, os possíveis desencadeantes incluem:

    • Tinta vermelha: sulfeto de mercúrio/óxidos de ferro (maior taxa de alergia).
    • Tinta amarela: pode conter cádmio, reativo ao sol.
    • Tinta verde: sais de cromo (forte sensibilizante).
    • Tinta azul: cobalto e níquel (alérgenos frequentes).
    • Tinta preta: geralmente mais segura, mas algumas fórmulas têm PPD (parafenilenodiamina).
    • Aditivos: glicerina, propilenoglicol, álcool, parabenos, liberadores de formaldeído.
    • Luvas de látex, antissépticos (iodo, clorexidina, álcool) e pomadas com antibióticos (neomicina, bacitracina).

    A lesão costuma respeitar o traçado/cor usada, o que ajuda na identificação.

    Quais os sintomas de alergia à tatuagem?

    • Coceira persistente e intensa;
    • Eritema (vermelhidão) prolongado;
    • Edema (inchaço) local;
    • Pápulas/placas elevadas sobre o traço;
    • Vesículas/bolhas;
    • Descamação, crostas e secreção;
    • Dor e sensibilidade aumentada.

    Em quadros mais severos, podem surgir nódulos endurecidos e lesões de longa duração. “As reações podem surgir logo após a aplicação ou meses/anos depois. Reativações após sol intenso, ressonância magnética e até vacinação já foram descritas”, comenta Brianna.

    Como diferenciar irritação comum de reação alérgica?

    • Irritação comum: aparece nos primeiros dias (cicatrização). Vermelhidão, leve inchaço e dor local que melhoram espontaneamente.
    • Alergia: coceira forte e contínua, inchaço que não passa, manchas/bolhas no desenho e cicatrização lenta. Febre, linfonodos aumentados, dor intensa ou vermelhidão em expansão sugerem infecção — procure atendimento.

    Existem fatores de risco?

    Histórico de dermatite de contato, dermatite atópica, alergia a metais ou tendência a queloides aumenta o risco de reações. Em alguns casos, pode-se considerar patch test com pigmentos (quando disponível) e optar por estúdios com tintas certificadas/descartáveis e rigor higiênico.

    Como é feito o diagnóstico?

    Baseia-se na história clínica e exame dermatológico (padrão das lesões).

    • Histopatologia (biópsia): define o tipo de inflamação e afasta diagnósticos diferenciais (ex.: infecção, sarcoidose).
    • Teste de contato: útil em alguns casos, mas pode ter limitações (alérgenos se formam na pele ao longo do tempo).
    • Métodos avançados: ultrassom de alta frequência e análise química (uso pontual).

    Como é o tratamento da alergia à tatuagem?

    Primeiro passo: suspender produtos não prescritos e procurar atendimento.

    • Quadros leves: corticoides tópicos e anti-histamínicos.
    • Moderados: corticoide oral e/ou infiltrações locais.
    • Graves/infecção associada: antibióticos; considerar remoção a laser (com cautela, pois pode reativar inflamação). Acompanhe com dermatologista.

    Confira: Alergia à poeira doméstica: por que acontece e como aliviar os sintomas?

    Perguntas frequentes sobre alergia à tatuagem

    1. A alergia pode desaparecer sozinha?

    Em casos leves, pode haver melhora espontânea. Porém, é comum a reação persistir sem tratamento — o acompanhamento especializado evita cronicidade e cicatrizes.

    2. Alergia à tatuagem pode matar?

    Geralmente é local e tratável. Raramente, pode ocorrer anafilaxia (reação sistêmica grave) — especialmente em pessoas com alergias severas. Sintomas respiratórios ou queda de pressão exigem socorro imediato.

    3. Pode aparecer em tatuagens antigas?

    Sim. O corpo pode demorar a reconhecer o alérgeno. Sol intenso, vacinação ou RM podem reativar a inflamação em tatuagens antigas.

    4. Tenho pele sensível. Posso tatuar?

    Pode — mas com avaliação dermatológica prévia, escolha de tintas confiáveis e consciência de maior risco de reação.

    5. Quais cuidados após tatuar?

    • Lavar com água e sabonete neutro, sem esfregar;
    • Secar com toalha limpa, em batidinhas;
    • Usar pomada cicatrizante indicada;
    • Não coçar nem arrancar casquinhas;
    • Evitar sol nos primeiros meses; protetor apenas após cicatrização;
    • Não mergulhar (piscina/mar/banheira) até cicatrizar;
    • Roupas leves e limpas; seguir as orientações do profissional.

    6. Posso usar protetor solar na tatuagem nova?

    Não enquanto for ferida aberta. Use protetor somente após cicatrização.

    7. Quais cores dão mais alergia?

    • Vermelho: sais de mercúrio (cinábrio) — alto potencial alergênico.
    • Amarelo: cádmio — fotossensibilização/dermatite.
    • Verde/azul: cromo, níquel e cobalto (metais sensibilizantes).
    • Preto: menos reações, mas algumas tintas contêm PPD.

    Veja mais: Vacina para alergia: entenda como funciona a imunoterapia

  • Métodos contraceptivos: existe um mais eficaz? Saiba os riscos de falha em cada opção 

    Métodos contraceptivos: existe um mais eficaz? Saiba os riscos de falha em cada opção 

    Escolher um entre vários métodos contraceptivos é uma decisão que envolve mais do que prevenir uma gravidez indesejada — trata-se também de saúde, praticidade e proteção contra infecções. Hoje, há diversas opções disponíveis, e a dúvida mais comum é: qual delas é a mais eficaz?

    A ginecologista e obstetra Andreia Sapienza explica que a comparação não é tão simples: “São todos muito parecidos, por isso é difícil dizer exatamente qual é o mais eficaz”. Ela destaca que a eficácia é medida pelas falhas na prática — ou seja, quantas gestações ocorrem entre mulheres que utilizam o mesmo método ao longo do tempo. “É essa taxa que mostra se ele funciona mais ou menos bem”.

    Para entender melhor, reunimos os principais métodos contraceptivos e suas taxas de eficácia com base em dados recentes.

    Pílula anticoncepcional: disciplina é a chave

    A pílula é um dos métodos mais usados no mundo. Ao combinar hormônios que inibem a ovulação, ela oferece alta eficácia, mas depende de disciplina diária para funcionar bem.

    • Uso perfeito: 99,96% (1 falha a cada 2.500 ciclos)
    • Uso comum: 93–95% (esquecimentos, vômitos, diarreias ou interações medicamentosas reduzem a eficácia)

    “A pílula tem o chamado índice de Pearl, que mede a taxa de falha ideal e a habitual”, explica Andreia. No uso ideal, a eficácia é próxima de 100%, mas na prática ela diminui devido a falhas humanas. É um método confiável — desde que usado com rigor e regularidade.

    DIU: proteção de longa duração

    O dispositivo intrauterino (DIU) é cada vez mais procurado, especialmente por quem quer evitar esquecimentos. Existem dois tipos principais:

    • DIU de cobre: cria um ambiente hostil aos espermatozoides.
    • DIU hormonal: libera progesterona sintética (levonorgestrel), engrossando o muco cervical e dificultando a passagem dos espermatozoides.

    Eficácia: 99% | Duração: 5 a 10 anos

    “O DIU tem taxa de eficácia de 98%. Comparado com a pílula no uso ideal, é um pouco menor, mas supera o uso comum da pílula”, diz Andreia. Por não depender da disciplina da usuária, é uma opção prática e segura para quem busca proteção prolongada.

    Implante hormonal: eficácia próxima de 100%

    O implante subdérmico é um pequeno bastão inserido sob a pele do braço, que libera hormônio continuamente. É considerado um dos métodos mais eficazes.

    • Eficácia: acima de 99%
    • Duração: cerca de 3 anos

    Como não exige uso diário, praticamente elimina falhas humanas. O principal obstáculo ainda é o acesso: nem sempre está disponível na rede pública e pode ter custo elevado em clínicas particulares.

    Laqueadura e vasectomia: opções definitivas

    São métodos cirúrgicos e permanentes, recomendados para quem já tem filhos ou não deseja engravidar futuramente.

    • Laqueadura: bloqueia ou remove as tubas uterinas. Eficácia acima de 99%.
    • Vasectomia: interrompe os ductos deferentes. Eficácia de 99,85% (após exame confirmar ausência de espermatozoides).

    Apesar de muito seguros, não são 100% infalíveis. Há raros casos de falha por recanalização dos ductos. São métodos eficazes, mas de difícil reversão, devendo ser escolhidos com responsabilidade.

    Camisinha e métodos de barreira: prevenção dupla

    A camisinha masculina continua essencial por oferecer dupla proteção: contra gravidez e contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

    • Camisinha masculina: 98% (uso perfeito) | 87% (uso comum)
    • Camisinha feminina: 95% (uso perfeito) | 79% (uso comum)

    “A camisinha masculina é muito usada, mas pode falhar se colocada de forma incorreta, se soltar ou romper”, explica Andreia. Já a feminina, o diafragma e os espermicidas têm eficácia menor, mas podem ser combinados com outros métodos. Mesmo com menor taxa de sucesso, a camisinha é indispensável em relações casuais.

    Métodos contraceptivos naturais: disciplina como requisito

    Os métodos naturais, como tabelinha, temperatura basal e sintotermal, se baseiam na observação do ciclo menstrual e sinais corporais. São opções para quem prefere evitar hormônios, mas exigem muita disciplina e autoconhecimento.

    • Tabelinha: até 97% (uso perfeito) | cerca de 75% (uso comum)
    • Temperatura basal: 98% (uso perfeito) | 77% (uso comum)
    • Método sintotermal: até 99% (uso perfeito) | 77–80% (uso comum)

    “São bem mais falhos que outros métodos”, ressalta Andreia. “Funcionam para mulheres muito disciplinadas, mas falham bastante em populações maiores”. Mesmo com o suporte de aplicativos modernos, esses métodos ainda são menos seguros que os hormonais ou cirúrgicos.

    Wearables: a “tabelinha 2.0”

    A tecnologia trouxe versões modernas dos métodos naturais, como o Oura Ring, anel que mede temperatura corporal durante o sono e envia os dados ao app Natural Cycles, que calcula os dias férteis.

    • Uso perfeito: até 93%
    • Uso comum: cerca de 77%

    Esses dispositivos funcionam como uma versão digital do método sintotermal. Reduzem erros humanos, mas ainda têm falhas significativas e não se comparam em eficácia ao DIU ou ao implante.

    Contracepção de emergência: último recurso

    A pílula do dia seguinte deve ser usada apenas em emergências, como relação sem proteção ou falha de outro método. Atua atrasando ou inibindo a ovulação.

    • Eficácia: 70–85%, dependendo do momento da ovulação

    Andreia reforça: “A pílula do dia seguinte não é abortiva. Ela age como outros métodos, mas de forma aguda, dificultando a movimentação do espermatozoide e a descida do óvulo. Pode falhar se a ovulação já tiver ocorrido.”

    Não deve ser usada de forma contínua, pois tem eficácia limitada e pode causar efeitos colaterais mais intensos.

    Não existe um método único ideal

    Os métodos mais eficazes são os que não dependem da disciplina diária: implante, DIU, laqueadura e vasectomia. A camisinha segue essencial por prevenir ISTs, enquanto os naturais e wearables têm eficácia menor.

    “Cada método tem vantagens e falhas, dependendo do uso e da disciplina da pessoa. Só preservativos previnem tanto gravidez quanto ISTs. E a contracepção de emergência não substitui métodos regulares”, resume Andreia Sapienza.

    A escolha deve ser individualizada, considerando estilo de vida e com orientação médica.

    Leia também: DIU de cobre: o que é, como funciona e efeitos colaterais

    Perguntas frequentes sobre eficácia de métodos contraceptivos

    1. Qual é o método contraceptivo mais eficaz?

    Os métodos contraceptivos mais eficazes são os que não dependem de disciplina diária: implante hormonal, DIU e os métodos definitivos (laqueadura e vasectomia), todos com eficácia acima de 99%.

    2. A pílula anticoncepcional é realmente segura?

    Sim, quando usada corretamente. No uso perfeito, chega a quase 100% de eficácia, mas cai para 93–95% no uso típico, devido a esquecimentos e interações medicamentosas.

    3. E a camisinha, funciona bem?

    A camisinha masculina tem eficácia de até 98% no uso ideal e cerca de 87% no uso comum. A feminina é um pouco menos eficaz (95% e 79%, respectivamente), mas ambas são as únicas que também protegem contra ISTs.

    4. Os métodos contraceptivos naturais, como tabelinha, são confiáveis?

    Variam muito. A tabelinha pode chegar a 97% no uso perfeito, mas cai para 75% na prática. O método sintotermal é mais preciso (até 99% no uso ideal), mas requer disciplina e monitoramento constante.

    5. Wearables como o Oura Ring são mais confiáveis que a tabelinha?

    São mais práticos, pois automatizam as medições, mas a eficácia máxima é de 93%, caindo para 77% no uso comum — abaixo dos métodos hormonais e do DIU.

    6. A pílula do dia seguinte funciona sempre?

    Não. Sua eficácia varia entre 70 e 85%, conforme o momento da ovulação. É indicada apenas como recurso de emergência e não deve substituir métodos regulares.

    Leia também: DIU hormonal: o que é, tipos, vantagens e desvantagens

  • Como evitar cãibras musculares com a alimentação? 

    Como evitar cãibras musculares com a alimentação? 

    Seja no meio da noite, durante o treino ou até enquanto você caminha, as cãibras são contrações musculares súbitas que causam dor intensa, rigidez e uma sensação de “travamento” por alguns segundos ou minutos.

    Elas são mais comuns nas pernas (especialmente nas panturrilhas), mas também podem atingir pés, coxas, mãos e abdômen, dependendo do esforço e da fadiga muscular.

    Além do cansaço e de alterações nos reflexos nervosos, a alimentação influencia na ocorrência das contrações: o que você come (e bebe) afeta o equilíbrio dos eletrólitos, fundamentais para o funcionamento dos músculos.

    Mas será que dá para evitar cãibras apenas ajustando a dieta? Conversamos com a nutricionista Serena Del Favero para entender como pequenas mudanças alimentares podem reduzir a frequência e a intensidade das cãibras.

    Qual a relação entre cãibra e alimentação?

    A relação passa pelo equilíbrio de água e eletrólitos — sódio, potássio, magnésio e cálcio — que mantêm o bom funcionamento muscular e nervoso. Quando há desequilíbrio entre hidratação, sais minerais e energia disponível, o músculo pode se contrair de forma involuntária e dolorosa.

    • Sódio, potássio, magnésio e cálcio regulam impulsos nervosos e o ciclo de contração–relaxamento muscular.
    • Dietas restritas ou ricas em ultraprocessados reduzem micronutrientes e elevam o risco de desequilíbrio eletrolítico.
    • Hidratação inadequada também pesa. “Quando há perdas elevadas de sódio pelo suor e a reposição é só com água, o risco de cãibras pode aumentar. Bebidas com sais minerais são mais eficazes do que água isolada para reduzir essa suscetibilidade”, explica Serena.

    Importante: as cãibras nem sempre têm origem nutricional. Muitos episódios estão ligados à fadiga muscular e a alterações nos reflexos neuromusculares desencadeadas pelo esforço intenso.

    O que causa cãibras?

    As causas são variadas e podem ser nutricionais ou neuromusculares. Entre as mais comuns:

    • Fadiga muscular: esforço além da capacidade, sobretudo em treinos intensos.
    • Alterações de reflexos: esforço excessivo mantém o músculo contraído, sem relaxar.
    • Medicamentos: diuréticos, laxantes e alguns anti-hipertensivos podem reduzir minerais no sangue.
    • Condições clínicas: diabetes, disfunções renais e hepáticas, entre outras.

    Na prática, a cãibra aparece quando o músculo já está fatigado e o corpo não dispõe de energia ou minerais suficientes para manter o equilíbrio elétrico celular — resultando em contração involuntária e intensa.

    Quais alimentos ajudam a reduzir a frequência de cãibras?

    Uma alimentação variada e rica em micronutrientes é aliada contra cãibras. Serena destaca:

    • Ricos em potássio: banana, abacate, batata, água de coco — ajudam no equilíbrio da contração/relaxamento.
    • Fontes de magnésio: castanhas, amêndoas, sementes de abóbora, espinafre — favorecem condução nervosa e relaxamento muscular.
    • Fontes de cálcio: leite, iogurte, queijos, folhas verdes — participam da contração muscular e mantêm tônus/força.
    • Sódio (sal): em pequenas quantidades e com moderação, é essencial para a transmissão nervosa e o equilíbrio hídrico.

    Em exercícios > 60 minutos ou de alta intensidade, bebidas esportivas podem repor água e eletrólitos rapidamente. Para atividades leves, água + dieta balanceada costumam bastar.

    Pessoas ativas precisam de cuidados específicos

    Atletas e praticantes regulares de exercícios têm maior risco, pela combinação de fadiga, perda de eletrólitos pelo suor e intensidade do esforço. Cãibras são comuns em esportes de resistência (maratonas, triatlo, ciclismo) e também em esportes coletivos.

    Estratégias preventivas:

    • Hidratar antes, durante e após o treino.
    • Repor sais em treinos longos, sobretudo no calor.
    • Manter cardápio rico em frutas, verduras e castanhas.
    • Progredir gradualmente a intensidade (evitar saltos bruscos).
    • Priorizar descanso e alongamento pós-exercício.

    Idade avançada, histórico de cãibras e uso de certos fármacos exigem atenção extra. Ajustes na dieta com um nutricionista esportivo podem ser necessários.

    Quando procurar atendimento médico ou nutricional?

    Geralmente, cãibras são benignas. Procure orientação quando:

    • Os episódios são muito frequentes, intensos ou atrapalham o sono/rotina.
    • dor persistente, fraqueza ou inchaço após a cãibra.
    • Ocorrem mesmo com boa alimentação e hidratação.
    • Existe histórico familiar de doenças musculares/metabólicas.
    • Há uso contínuo de diuréticos, laxantes ou anti-hipertensivos.

    No consultório, investiga-se histórico de doenças neurológicas, renais, hepáticas ou metabólicas, além do uso de medicamentos. A avaliação nutricional verifica ingestão de magnésio, potássio, cálcio, sódio e a hidratação. Dietas muito restritivas elevam o risco de carências — ajuste profissional evita complicações.

    Leia também: Creatina: benefícios, como tomar e cuidados importantes

    Perguntas frequentes

    1. Beber mais água realmente evita as cãibras?

    Ajuda. A água mantém o volume sanguíneo, transporta nutrientes e regula a condução elétrica músculo–nervo. Em suor intenso, só água pode diluir o sódio; bebidas com eletrólitos são úteis em atividades prolongadas ou sob calor. Excesso de água sem sais também desequilibra.

    2. Cãibras noturnas são sinal de doença?

    Na maioria, relacionam-se a postura, falta de alongamento ou desidratação. Se forem frequentes/persistentes, podem indicar problemas circulatórios, neuromusculares ou metabólicos (ex.: doença renal, diabetes, hipotireoidismo, alterações hepáticas) — vale investigar.

    3. Suplementar magnésio evita cãibras?

    Pode ajudar quando há deficiência confirmada, mas não deve ser iniciado sem orientação. Dieta equilibrada costuma suprir; excesso pode causar diarreia e queda de pressão.

    4. Banana alivia cãibra na hora?

    Não. A banana (rica em potássio) é ótima para prevenção e recuperação, mas não resolve o episódio imediato.

    5. O que fazer na hora da cãibra?

    • Pare a atividade.
    • Alongue suavemente o músculo por ~30 segundos e repita.
    • Massageie a região e aplique compressa morna.
    • Depois, hidrate-se e faça alongamento leve.

    Se a dor persistir por muito tempo ou houver inchaço/incapacidade funcional, busque avaliação médica para descartar lesões.

    Confira: Sente pernas pesadas no fim do dia? Confira dicas para aliviar

  • 5 hábitos diários que ajudam a prevenir doenças urológicas

    5 hábitos diários que ajudam a prevenir doenças urológicas

    As doenças urológicas são condições que afetam o sistema urinário — que inclui rins, bexiga e uretra — e também os órgãos reprodutores masculinos, como próstata, testículos e pênis. Elas podem surgir em qualquer fase da vida e ter diversas causas, desde infecções simples até cálculos renais ou alterações hormonais.

    Por isso, prevenir doenças urológicas é algo que deve ser feito todos os dias, e não apenas quando aparecem sintomas como dor ou desconforto. A seguir, confira os principais hábitos que ajudam a manter o sistema gênito-urinário em equilíbrio — recomendações válidas para qualquer idade.

    Beber a quantidade adequada de água (todos os dias!)

    A hidratação adequada é fundamental para a filtragem do sangue, a eliminação de toxinas e a prevenção de cálculos renais e infecções urinárias. Quando o corpo recebe a quantidade certa de líquidos, o sistema urinário funciona de forma limpa e constante, evitando sobrecarga nos rins.

    Para calcular a quantidade ideal de água por dia, multiplique o peso corporal por 0,03. Uma pessoa com 70 kg, por exemplo, deve ingerir cerca de 2,1 litros de líquidos diariamente.

    Vale lembrar que essa é apenas uma estimativa, e as necessidades podem variar conforme idade, clima e nível de atividade física. Nenhuma bebida substitui a água — sucos, refrigerantes e energéticos podem, na verdade, prejudicar a função renal, principalmente quando contêm açúcar, cafeína ou gás.

    Praticar atividades físicas

    Uma rotina regular de exercícios físicos melhora a circulação, regula hormônios e ajuda a controlar o peso — fatores que reduzem o risco de doenças nos rins e na bexiga. Além disso, movimentar o corpo aumenta a disposição e melhora o humor, impactando positivamente o funcionamento geral do organismo.

    Segundo o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, os adultos devem realizar, no mínimo:

    • 150 minutos semanais de atividade moderada (como caminhada rápida, dança leve, ciclismo tranquilo ou hidroginástica);
    • ou 75 minutos semanais de atividade vigorosa (como corrida, natação, musculação intensa ou esportes competitivos);
    • também é possível combinar ambas para atingir o total recomendado.

    “Vale destacar que o cultivo de massa magra (por meio de musculação, pilates, HIIT, entre outros) é importante para o envelhecimento saudável, principalmente a partir dos 40 anos, quando há tendência à perda de massa muscular”, explica o urologista Willy Baccaglini.

    Ter uma alimentação saudável

    Uma dieta equilibrada é essencial para prevenir doenças urológicas e também tratá-las. Comer bem ajuda a controlar a pressão arterial, o colesterol e o peso corporal — fatores diretamente ligados à função renal.

    O ideal é priorizar alimentos in natura e nutritivos: frutas, verduras, legumes, grãos integrais, castanhas e peixes. As proteínas magras (como frango e peixes ricos em ômega-3) auxiliam na reconstrução celular e na redução da inflamação. O azeite de oliva e sementes como chia e linhaça fornecem gorduras boas para o corpo.

    Por outro lado, evite ultraprocessados, embutidos e refrigerantes, ricos em sódio e aditivos químicos que sobrecarregam os rins. O álcool em excesso também deve ser evitado, pois causa inflamação e reduz a capacidade de recuperação física, segundo Baccaglini.

    Café pode prejudicar a saúde neurológica?

    Sim, se consumido em excesso. O médico explica que a cafeína em grandes quantidades pode prejudicar o sono e elevar os níveis de hormônios do estresse. Esse desequilíbrio afeta o funcionamento da testosterona, aumenta o risco cardiovascular e interfere em outras funções do corpo.

    A recomendação é limitar o consumo a duas ou três xícaras pequenas por dia e evitar café, energéticos e chás estimulantes à noite, para não prejudicar o descanso.

    Dormir bem

    Durante o sono profundo, o corpo regula hormônios, elimina resíduos metabólicos, fortalece o sistema imunológico e restaura a energia gasta ao longo do dia. Quando o descanso é insuficiente, os níveis de cortisol (hormônio do estresse) aumentam, afetando diretamente o equilíbrio hormonal e metabólico.

    Esse desequilíbrio pode prejudicar a função renal, alterar o metabolismo da glicose e elevar a pressão arterial, favorecendo o desenvolvimento de doenças urológicas, cardiovasculares e metabólicas.

    O ideal é dormir de sete a oito horas por noite, com uma rotina relaxante: evitar telas antes de dormir, reduzir a iluminação e manter horários fixos para deitar e acordar.

    Cuidar da saúde mental

    A saúde mental está diretamente ligada à saúde física — e isso inclui o sistema urinário. O estresse desregula os hormônios, afeta o sono e pode causar inflamações. Pessoas com ansiedade ou depressão tendem a beber pouca água, se alimentar mal ou exagerar no álcool, hábitos que sobrecarregam rins e bexiga.

    Por isso, é importante incluir no dia a dia práticas que reduzam a tensão: terapia, meditação, lazer, contato com amigos e pausas regulares durante o trabalho ajudam a equilibrar o sistema nervoso e reduzir o impacto do estresse.

    Quando procurar um urologista para prevenir doenças urológicas?

    O acompanhamento com um urologista deve ser preventivo, e não apenas em situações de sintomas. Homens a partir dos 40 anos devem realizar exames regulares da próstata, mesmo sem histórico familiar de doenças. Mulheres também podem e devem consultar o urologista, especialmente em casos de infecções urinárias recorrentes.

    Sinais de alerta que exigem avaliação médica:

    • Dores nas costas ou no abdômen que não passam;
    • Urina com cheiro forte, sangue ou cor muito escura;
    • Dificuldade ou dor para urinar;
    • Vontade de urinar com muita frequência;
    • Diminuição do jato urinário (em homens).

    As consultas preventivas e os exames de rotina permitem detectar alterações precocemente e evitar complicações mais graves.

    Leia mais: Exames de rotina para homens: como cuidar da saúde urológica?

    Perguntas frequentes sobre como prevenir doenças urológicas

    1. O que realmente causa infecção urinária?

    A infecção urinária ocorre pela entrada de bactérias — geralmente a Escherichia coli — no trato urinário. Em mulheres, é mais comum devido à uretra mais curta, que facilita o acesso dos micro-organismos. Fatores como baixa ingestão de água, segurar o xixi e uso de roupas apertadas também favorecem o problema.

    Nos homens, a causa mais frequente é o aumento da próstata, que impede o esvaziamento completo da bexiga. O ideal é beber bastante água, não prender a urina e manter bons hábitos de higiene.

    2. Como saber se estou com pedra nos rins?

    As pedras nos rins se formam pelo acúmulo de sais minerais e cristais que o corpo não consegue eliminar. O primeiro sintoma costuma ser uma dor intensa na lombar ou no abdômen, que pode irradiar para a virilha. Também são comuns urina com sangue, náusea e vontade constante de urinar.

    Beber pouca água e consumir muito sal e proteína animal são fatores de risco. O diagnóstico é feito com exames de imagem, e o tratamento depende do tamanho da pedra — podendo variar de hidratação intensiva até procedimentos para fragmentá-la.

    3. Urinar com frequência é normal ou sinal de problema?

    Depende. Urinar de 6 a 8 vezes por dia é normal para quem se hidrata bem. No entanto, se a frequência é muito maior e vier acompanhada de dor, ardência ou sensação de bexiga cheia, pode indicar infecção urinária, bexiga hiperativa ou até diabetes. Em homens, também pode estar relacionado a problemas na próstata.

    4. Qual a diferença entre o urologista e o nefrologista?

    O urologista cuida do trato urinário (rins, bexiga, uretra) e dos órgãos reprodutores masculinos, como testículos e próstata. Já o nefrologista trata as doenças que afetam a função dos rins, como insuficiência renal e hipertensão.

    Em resumo: o urologista atua na parte anatômica e cirúrgica, enquanto o nefrologista cuida da parte clínica e funcional.

    5. Existe relação entre pressão alta e doenças renais?

    Sim. A hipertensão arterial é uma das principais causas de insuficiência renal. A pressão alta danifica os vasos dos rins, reduzindo sua capacidade de filtrar o sangue, o que leva ao acúmulo de toxinas e líquidos no corpo.

    Por isso, manter a pressão sob controle — com alimentação equilibrada, baixo consumo de sal e prática regular de exercícios — é essencial para proteger os rins e prevenir doenças renais.

    Veja mais: Infecção urinária: sintomas, causas e tratamento

  • Dengue hemorrágica: quando os sintomas indicam alerta máximo 

    Dengue hemorrágica: quando os sintomas indicam alerta máximo 

    Com a chegada de mais um período de aumento dos casos de dengue, cresce também a preocupação com a forma mais perigosa da doença: a dengue hemorrágica, também chamada de dengue grave. Embora a maioria das pessoas infectadas apresente sintomas leves e se recupere em poucos dias, uma parte dos pacientes pode evoluir para esse quadro, que traz complicações sérias e exige atendimento médico imediato.

    Segundo o Ministério da Saúde, quase todas as mortes por dengue poderiam ser evitadas com diagnóstico e tratamento rápidos. O problema é que a dengue hemorrágica pode apresentar sintomas enganosos — muitas vezes o paciente acredita que melhorou, mas a doença retorna com força logo depois. Reconhecer os sinais de alerta e buscar ajuda o quanto antes é fundamental para evitar o agravamento.

    Quando acontece a dengue hemorrágica

    A fase crítica da dengue costuma ocorrer entre o terceiro e o sétimo dia após o início dos primeiros sintomas. É justamente nesse momento — quando a febre começa a ceder — que podem aparecer os sinais de alerta, indicando que o organismo está reagindo de forma mais intensa ao vírus.

    Esses sinais acontecem quando o sangue começa a extravasar dos vasos para os tecidos (extravasamento de plasma) ou quando surgem pequenos sangramentos internos. É nessa etapa que a doença se torna perigosa e pode evoluir para choque, falência de órgãos ou hemorragias graves, exigindo atendimento médico de urgência.

    Importante: o desaparecimento da febre não significa melhora. O paciente deve continuar em observação até a recuperação completa.

    O que caracteriza a dengue hemorrágica

    A dengue hemorrágica ocorre quando o corpo perde o equilíbrio na resposta inflamatória. O Ministério da Saúde descreve três principais características:

    • Perda de plasma — o sangue perde líquido para os tecidos, o que causa inchaço ou acúmulo de fluido na barriga e nos pulmões;
    • Sangramentos importantes — o corpo não consegue conter hemorragias internas ou externas;
    • Comprometimento de órgãos — o vírus pode afetar fígado, rins, coração e outros sistemas vitais.

    Quem tem mais risco de complicações

    Qualquer pessoa pode desenvolver a forma grave da dengue, mas alguns grupos exigem atenção redobrada:

    • Gestantes;
    • Crianças pequenas e idosos;
    • Pessoas com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, asma ou anemia;
    • Quem já teve dengue anteriormente, causada por outro sorotipo do vírus, também tem mais risco de complicações.

    Principais sinais de alerta da dengue hemorrágica

    Os seguintes sintomas exigem atenção e devem motivar procura imediata por atendimento médico:

    • Dor abdominal forte e contínua ou dor ao tocar o abdômen;
    • Vômitos persistentes ou com sangue;
    • Inchaço abdominal ou acúmulo de líquido no tórax;
    • Sangramentos no nariz, gengivas ou fezes;
    • Irritabilidade, sonolência excessiva ou confusão mental;
    • Tontura, desmaio ou queda de pressão;
    • Exames laboratoriais com plaquetas muito baixas ou hematócrito elevado, indicando risco de choque.

    O que fazer se esses sintomas aparecerem

    Ao perceber qualquer um desses sinais, procure imediatamente uma unidade de saúde ou pronto-socorro. Não espere para ver se melhora — a evolução pode ser rápida e grave.

    Na fase hemorrágica, o tratamento é feito com internação hospitalar, hidratação venosa e monitoramento contínuo dos sinais vitais. Em casos mais sérios, o paciente pode precisar de suporte para os órgãos e cuidados intensivos.

    Veja mais: Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano?

    A importância da prevenção e do diagnóstico precoce

    Evitar a dengue hemorrágica começa antes do agravamento: é preciso impedir a transmissão do vírus. O combate ao mosquito Aedes aegypti continua sendo a principal forma de prevenção, mas há outras estratégias importantes.

    • Vacinação: já disponível em parte da rede pública, reduz as formas graves da doença;
    • Manter boa hidratação e repouso durante o quadro febril;
    • Evitar automedicação, especialmente com anti-inflamatórios e aspirina, que aumentam o risco de sangramento;
    • Buscar atendimento médico ao primeiro sinal de febre, dor intensa ou mal-estar persistente.

    O diagnóstico precoce é essencial para um tratamento eficaz e para evitar complicações graves.

    Confira: Dengue: o que você precisa saber para se proteger

    Perguntas frequentes sobre dengue hemorrágica

    1. Toda dengue pode virar dengue hemorrágica?

    Não. A maioria das pessoas tem a forma leve e se recupera com repouso e hidratação. No entanto, alguns casos evoluem para formas mais graves, principalmente quando há sinais de alerta. Por isso, é fundamental observar os sintomas e procurar atendimento se houver piora.

    2. Em que momento a dengue pode se agravar?

    Entre o terceiro e o sétimo dia da doença, quando a febre começa a desaparecer. É nessa fase que o corpo pode reagir de forma mais intensa, com dor abdominal, vômitos, tontura ou sangramentos.

    3. O que eu não devo fazer se desconfiar de dengue hemorrágica?

    Evite tomar medicamentos por conta própria, especialmente anti-inflamatórios e aspirina, pois aumentam o risco de sangramento. O ideal é procurar atendimento médico o quanto antes.

    4. Como diferenciar dengue hemorrágica de outras viroses fortes?

    A presença de sinais de alerta é o principal diferencial: dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos, tontura e fraqueza. Em caso de dúvida, busque avaliação médica e realize exames laboratoriais.

    5. Existe um remédio específico para dengue hemorrágica?

    Ainda não. O tratamento é de suporte, baseado em hidratação e acompanhamento clínico para evitar complicações. O que realmente salva vidas é o atendimento rápido e o reconhecimento precoce dos sintomas graves.

    Leia também: Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer

  • Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    Com o avanço das altas temperaturas e o retorno das chuvas, o Brasil revive uma velha conhecida: a dengue. Todos os anos, a doença reaparece com força em praticamente todas as regiões do país, colocando vidas em risco e sobrecarregando o sistema de saúde.

    A reincidência anual da dengue ainda levanta dúvidas: afinal, por que, mesmo com campanhas e ações de prevenção, o país não consegue romper esse ciclo?

    A resposta está na combinação de fatores ambientais, urbanos e biológicos. O mosquito Aedes aegypti encontra nas cidades brasileiras o cenário ideal para se reproduzir — calor, água parada e falhas no saneamento. A presença contínua do vetor, somada à circulação de diferentes sorotipos do vírus e às mudanças climáticas, faz com que a dengue volte a cada ano, em um padrão previsível e difícil de conter.

    Um padrão sazonal claro

    De acordo com o Ministério da Saúde, a dengue segue um padrão sazonal, com aumento de casos e risco de epidemias principalmente entre outubro e maio. Estudos confirmam que variáveis como temperatura e volume de chuvas exercem influência direta na transmissão da doença.

    Na prática, durante o verão e nos meses que o antecedem, há mais água parada, mais calor e maior umidade — condições perfeitas para a reprodução do mosquito transmissor.

    O vetor sempre presente

    O Aedes aegypti é um mosquito altamente adaptado ao ambiente urbano. Ele coloca ovos em pequenos recipientes com água e se desenvolve em casas, quintais e bairros densamente povoados.

    No Brasil, essas condições permanecem durante todo o ano, o que significa que o risco de surto nunca desaparece por completo. Embora a dengue tenha sazonalidade, os cuidados de prevenção devem ser mantidos de forma contínua.

    Além disso, problemas como urbanização acelerada, saneamento insuficiente e crescimento desordenado das cidades tornam o ambiente ainda mais favorável à presença do mosquito.

    Sorotipos, imunidade e ciclos de epidemias

    A dengue é causada por quatro sorotipos do vírus — DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Uma pessoa que teve dengue por um desses tipos pode se infectar novamente por outro, o que gera novos ciclos de transmissão e aumenta o risco de casos graves.

    Mesmo cidades que já enfrentaram epidemias anteriores podem ter novos surtos quando um novo sorotipo volta a circular ou quando as condições ambientais favorecem o mosquito. Esse é um dos principais motivos para que a dengue retorne todos os anos.

    Por que não paramos os surtos?

    Mesmo conhecendo bem o comportamento da dengue, há vários fatores que dificultam o controle dos surtos:

    • As ações preventivas muitas vezes são reativas, intensificadas apenas após o aumento de casos;
    • A eliminação completa do mosquito é muito difícil em áreas urbanas complexas;
    • As mudanças climáticas, com aumento da temperatura e eventos extremos, ampliam as zonas de risco da Aedes aegypti;
    • A mobilidade urbana e as falhas no saneamento facilitam a dispersão do vírus;
    • A população tende a negligenciar a prevenção e não eliminar focos de água parada.

    O que isso significa para a população

    Para o cidadão, o fato de a dengue voltar todo ano mostra que não dá para baixar a guarda. A prevenção precisa ser constante, não apenas em períodos de alerta.

    Medidas individuais importantes:

    • Eliminar criadouros de água parada dentro e fora de casa;
    • Usar repelente e roupas que cubram o corpo, especialmente em horários de maior atividade do mosquito (manhã e fim da tarde);
    • Verificar semanalmente o ambiente e conversar com vizinhos sobre o controle da dengue.

    Também é fundamental que os programas públicos de saúde ajam de forma antecipada — com campanhas educativas, mutirões de limpeza e monitoramento constante antes do aumento dos casos.

    Veja mais: Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer

    Perguntas frequentes sobre dengue no Brasil

    1. Por que a dengue aparece todo ano no Brasil?

    Porque os fatores que favorecem a transmissão — clima quente, chuvas, água parada e presença do Aedes aegypti — se repetem anualmente. Além disso, há vários sorotipos do vírus em circulação e condições urbanas que favorecem criadouros.

    2. Existe um “período seguro” sem risco de dengue?

    Não completamente. Embora os casos sejam mais frequentes entre outubro e maio, o risco de transmissão nunca é zero. O combate ao mosquito deve ocorrer durante o ano todo.

    3. Se limparmos bem os quintais, a epidemia não vem?

    Eliminar criadouros é essencial, mas não basta. O mosquito se reproduz em diversos locais e o vírus pode circular entre municípios, o que mantém o risco mesmo em áreas que adotam boas práticas.

    4. As mudanças climáticas aumentam o risco de dengue?

    Sim. O aquecimento global e a alteração dos padrões de chuva favorecem a proliferação do mosquito. Fenômenos como o El Niño também elevam as temperaturas e a umidade, criando condições ideais para o aumento de casos.

    5. O que posso fazer para me proteger durante o período crítico?

    • Reserve 10 minutos por semana para eliminar água parada (vasos, calhas, caixas d’água);
    • Use repelente e roupas compridas ao amanhecer e entardecer;
    • Fique atento a sintomas como febre alta, dor atrás dos olhos e manchas no corpo;
    • Procure atendimento médico ao menor sinal de suspeita;
    • Continue usando repelente mesmo após o diagnóstico, para evitar que o mosquito transmita o vírus a outras pessoas;
    • Participe das campanhas de prevenção na sua comunidade.

    Leia mais: Dengue: o que você precisa saber para se proteger

  • Demência: como reconhecer os sinais e entender os tipos mais comuns 

    Demência: como reconhecer os sinais e entender os tipos mais comuns 

    Esquecer compromissos, repetir perguntas, perder objetos e se desorientar em lugares familiares podem parecer distrações do dia a dia. No entanto, esses sinais podem indicar demência, um conjunto de síndromes que comprometem funções cerebrais como memória, linguagem, raciocínio e comportamento.

    A demência não é uma doença única, mas um grupo de condições neurológicas que afetam o funcionamento do cérebro. As mais conhecidas são Alzheimer, demência vascular, demência com corpos de Lewy e demência frontotemporal. Embora o avanço seja gradual, o diagnóstico precoce e o suporte adequado fazem grande diferença na qualidade de vida do paciente e da família.

    O que é a demência

    A demência é caracterizada pela perda progressiva das funções cognitivas — como memória, atenção, raciocínio, linguagem e habilidades motoras. Essas alterações interferem no desempenho profissional, social e nas tarefas simples do cotidiano, comprometendo a autonomia e a convivência social.

    Com o tempo, a perda cognitiva se agrava, e o paciente passa a depender de cuidados contínuos e apoio constante de familiares e cuidadores.

    Sintomas da demência

    Os sintomas variam de acordo com o tipo e a região do cérebro afetada, mas os sinais mais comuns incluem:

    • Perda de memória e esquecimentos frequentes;
    • Dificuldade em realizar tarefas conhecidas;
    • Problemas de raciocínio e orientação espacial;
    • Alterações de comportamento e humor;
    • Confusão mental e desorientação;
    • Agressividade ou apatia;
    • Dificuldade de linguagem e atenção.

    Esses sintomas pioram progressivamente, passando de pequenas falhas de memória a comprometimentos severos das funções básicas.

    Tipos mais comuns de demência

    Existem várias formas de demência, mas quatro tipos se destacam pela frequência e impacto clínico.

    Doença de Alzheimer

    É a forma mais comum, responsável por mais da metade dos casos. Ocorre devido ao acúmulo anormal de proteínas no cérebro, que formam placas e causam atrofia cerebral, prejudicando a comunicação entre os neurônios.

    Principais sintomas:

    • Perda de memória recente;
    • Dificuldade de orientação em tempo e espaço;
    • Alterações de linguagem;
    • Mudanças de comportamento e equilíbrio;
    • Evolução lenta e progressiva.

    Demência Vascular

    É a segunda mais frequente e ocorre devido a problemas nos vasos sanguíneos cerebrais, como AVC, que reduzem o fluxo de oxigênio no cérebro.

    Sintomas principais:

    • Início súbito após um evento vascular;
    • Alterações de memória;
    • Dificuldades de movimento, fala ou visão;
    • Alterações de humor e raciocínio.

    Fatores de risco: hipertensão, diabetes, colesterol alto e tabagismo.

    Demência com Corpos de Lewy

    Provocada pelo acúmulo de proteínas anormais (corpos de Lewy) nas células nervosas. Combina sintomas cognitivos e motores.

    Sintomas característicos:

    • Rigidez e lentidão dos movimentos (semelhante ao Parkinson);
    • Alucinações visuais vívidas (ver pessoas ou animais que não existem);
    • Oscilações no estado de atenção e alerta.

    Demência Frontotemporal

    Decorre da degeneração dos lobos frontal e temporal do cérebro, responsáveis por comportamento, linguagem e tomada de decisões.

    Sinais iniciais:

    • Mudanças de personalidade e comportamento (impulsividade, perda de crítica, isolamento);
    • Dificuldade de linguagem (repetição de palavras, fala reduzida, dificuldade para nomear objetos);
    • A memória tende a se manter preservada nas fases iniciais.

    É o tipo de demência que pode surgir mais cedo, muitas vezes antes dos 65 anos.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico exige avaliação clínica detalhada e exames complementares.

    Avaliação médica

    • Histórico dos sintomas e sua evolução;
    • Testes cognitivos (memória, atenção, nomeação e desenho de relógio);
    • Análise da capacidade de realizar atividades diárias.

    Exames complementares

    • Exames de sangue para descartar outras doenças;
    • Tomografia ou ressonância magnética para avaliar alterações cerebrais;
    • Testes neuropsicológicos para medir funções cognitivas.

    O diagnóstico precoce é essencial para definir o tratamento e planejar os cuidados de longo prazo.

    Tratamento

    Embora não exista cura, o tratamento ajuda a controlar os sintomas, retardar a progressão e melhorar a qualidade de vida.

    Tratamento medicamentoso

    • Medicamentos específicos para cada tipo de demência, que estabilizam as funções cognitivas;
    • Controle de doenças associadas como hipertensão, diabetes e colesterol alto.

    Terapias complementares

    • Fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional para estimular corpo e mente;
    • Atividades cognitivas: leitura, jogos de memória, música e artes;
    • Apoio psicológico ao paciente e à família;
    • Alimentação saudável e atividade física regular.

    O cuidado com o ambiente e o suporte emocional são fundamentais para garantir segurança e bem-estar.

    Impactos da demência

    A demência afeta não apenas o paciente, mas toda a rede de apoio familiar e social.

    • Perda progressiva da independência;
    • Sobrecarga física e emocional dos cuidadores;
    • Impactos financeiros e sociais, com necessidade de cuidados contínuos.

    O acompanhamento por uma equipe multiprofissional é essencial para oferecer suporte integral ao paciente e à família.

    Confira: Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas

    Perguntas frequentes sobre demência

    1. Demência e Alzheimer são a mesma coisa?

    Não. O Alzheimer é apenas um dos tipos de demência, embora seja o mais comum.

    2. A demência tem cura?

    Não, mas o tratamento pode retardar a progressão e melhorar a qualidade de vida.

    3. Como diferenciar esquecimento comum de demência?

    Esquecimentos ocasionais são normais. Na demência, há comprometimento das atividades diárias e confusão frequente.

    4. A demência é hereditária?

    Alguns tipos, como a demência frontotemporal, podem ter influência genética, mas a maioria dos casos não é hereditária.

    5. É possível prevenir a demência?

    Sim. Manter o cérebro ativo, controlar pressão, diabetes e colesterol, praticar exercícios e ter uma alimentação equilibrada ajudam na prevenção.

    6. Como é o tratamento da demência?

    Combina medicamentos, terapias de estimulação cognitiva, fisioterapia, acompanhamento psicológico e suporte familiar.

    7. Quando procurar ajuda médica?

    Procure avaliação médica sempre que houver esquecimentos frequentes, confusão, dificuldade em realizar tarefas simples ou mudanças de comportamento.

    Leia também: Demência por corpos de Lewy (DCL): o que é, como reconhecer e tratar

  • Endoscopia: como é o exame que vê o estômago por dentro 

    Endoscopia: como é o exame que vê o estômago por dentro 

    A endoscopia digestiva alta é um exame simples, mas essencial para diagnosticar e tratar doenças do aparelho digestivo. Por meio de uma microcâmera acoplada a um tubo fino e flexível, o médico visualiza em tempo real o interior do esôfago, estômago e duodeno com alta definição.

    Além de identificar condições como refluxo, gastrite, úlceras e sangramentos, o exame também pode ser terapêutico, permitindo o tratamento imediato de algumas lesões — como estancar um sangramento, remover pólipos ou dilatar áreas estreitadas.

    O que é a endoscopia digestiva alta

    É um dos principais exames da gastroenterologia. Utiliza um equipamento com sistema óptico e microcâmera para iluminar e registrar o interior do trato digestivo superior, possibilitando uma avaliação direta e detalhada do esôfago, estômago e início do intestino.

    Com os avanços tecnológicos, os aparelhos tornaram-se mais finos, precisos e confortáveis, tornando o exame mais rápido e seguro.

    Como o exame surgiu e evoluiu

    • Os primeiros endoscópios eram rígidos e desconfortáveis;
    • Atualmente, existem modelos flexíveis e finos que reduzem o desconforto;
    • As câmeras de vídeo e monitores exibem imagens em tempo real com gravação digital;
    • Equipamentos de alta resolução detectam pequenas lesões e permitem intervenções precisas.

    Essas inovações tornaram a endoscopia um exame seguro, rápido e essencial para diagnósticos precoces e tratamentos menos invasivos.

    Como se preparar para a endoscopia

    Para garantir segurança e resultados confiáveis, é importante seguir corretamente as orientações médicas de preparo.

    Jejum

    • Jejum de aproximadamente 8 horas é obrigatório;
    • Em casos de esvaziamento gástrico lento, pode ser recomendada uma dieta líquida nos dias anteriores;
    • Se o jejum total não for possível, o médico avaliará e adaptará as instruções.

    Uso de remédios

    • Confirme com o médico ou laboratório se deve interromper algum medicamento;
    • Ozempic®, Rybelsus® e Mounjaro® devem ser suspensos 21 dias antes do exame;
    • Diabéticos devem aplicar insulina após o exame;
    • Antiácidos: suspender 24 horas antes;
    • Anticoagulantes: pausar conforme orientação médica.

    Como a endoscopia digestiva alta é feita

    Realizada em hospital ou clínica especializada, com anestesia local na garganta e sedação leve na veia para conforto do paciente.

    • O paciente fica deitado de lado e monitorado com oxigênio por cateter nasal;
    • O endoscópio é introduzido pela boca até o duodeno;
    • O médico observa o trato digestivo em tempo real, podendo fazer biópsias e intervenções.

    A duração média é de 10 a 20 minutos.

    Quando a endoscopia digestiva alta é indicada

    Indicada para investigar sintomas persistentes e monitorar doenças do trato digestivo. Entre as principais indicações:

    • Queimação ou dor no estômago (dispepsia);
    • Dificuldade ou dor ao engolir;
    • Refluxo persistente que não melhora com tratamento;
    • Perda de peso sem causa aparente;
    • Anemia ou falta de apetite inexplicável;
    • Vômitos persistentes;
    • Suspeita de doença celíaca;
    • Sangramento digestivo;
    • Acompanhamento de doenças como esôfago de Barrett ou pós-cirurgia gástrica.

    Endoscopia terapêutica: quando o exame também trata

    Em muitos casos, a endoscopia é também terapêutica, permitindo tratar o problema durante o procedimento:

    • Controle de sangramentos;
    • Ligadura de varizes esofágicas;
    • Retirada de pólipos;
    • Dilatação de estenoses (áreas estreitadas);
    • Retirada de corpos estranhos;
    • Colocação de sondas ou balões intragástricos para obesidade.

    Contraindicações

    Apesar de segura, a endoscopia pode ser adiada ou contraindicada em casos como:

    • Suspeita ou confirmação de perfuração no esôfago ou estômago;
    • Recusa do paciente;
    • Doenças cardíacas ou pulmonares graves (avaliar risco);
    • Gestantes no primeiro trimestre, apenas se indispensável.

    Possíveis complicações

    As complicações são raras (menos de 1%), e as mais comuns incluem:

    • Dor leve na garganta;
    • Desconforto no peito por poucas horas;
    • Reações leves à sedação;
    • Pequeno sangramento após biópsia;
    • Perfuração do tubo digestivo (muito rara);
    • Infecção (extremamente rara).

    Recuperação após o exame

    • O paciente fica em observação até despertar totalmente;
    • Deve ir acompanhado para casa;
    • Evitar dirigir ou operar máquinas por 24 horas;
    • Não consumir bebidas alcoólicas;
    • Retomar alimentação leve conforme orientação médica.

    Normalmente é possível retornar às atividades no dia seguinte.

    Veja mais: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

    Perguntas frequentes sobre endoscopia digestiva alta

    1. A endoscopia dói?

    Não. O exame é feito com sedação leve e anestesia local, garantindo conforto e ausência de dor.

    2. Quanto tempo dura a endoscopia?

    De 10 a 20 minutos, variando conforme a necessidade de biópsias ou tratamentos.

    3. É preciso fazer jejum?

    Sim. Normalmente o jejum é de 8 horas, mas pode mudar conforme orientação médica.

    4. Posso tomar meus remédios antes do exame?

    Depende do medicamento. Consulte o médico sobre o uso de insulina, anticoagulantes e antiácidos.

    5. Posso dirigir depois da endoscopia?

    Não. Devido à sedação, é obrigatório ter acompanhante e evitar dirigir por 24 horas.

    6. Quando devo repetir a endoscopia?

    Somente sob orientação médica, especialmente em casos de doenças crônicas ou novos sintomas digestivos.

    7. Quais doenças a endoscopia ajuda a diagnosticar?

    Refluxo gastroesofágico, gastrite, úlceras, doença celíaca, esôfago de Barrett e outras alterações do trato digestivo.

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  • Quando o corpo produz muco demais: entenda a fibrose cística 

    Quando o corpo produz muco demais: entenda a fibrose cística 

    A fibrose cística (FC) é uma doença genética rara que afeta principalmente pulmões e sistema digestivo. Ela aparece quando a criança herda do pai e da mãe mutações no gene CFTR, responsável por regular a passagem de sal e água nas células.

    Quando esse gene não funciona corretamente, o organismo produz um muco espesso e pegajoso que obstrui brônquios, pâncreas e outros órgãos. Isso leva a tosse persistente, infecções pulmonares, dificuldade para ganhar peso e problemas de digestão. Embora não tenha cura, os avanços terapêuticos vêm melhorando a qualidade e a expectativa de vida das pessoas com a doença.

    O que é a fibrose cística

    A FC é uma doença genética, crônica e hereditária. Resulta de mutações no gene CFTR (cromossomo 7) que prejudicam a proteína reguladora do transporte de sal e água nas células.

    Como consequência, forma-se muco espesso que bloqueia vias respiratórias e digestivas, afetando pulmões, pâncreas, fígado e outros órgãos.

    Quem pode ter fibrose cística

    • Condição rara, possível em qualquer grupo étnico (inclui populações miscigenadas como a brasileira);
    • Afeta homens e mulheres na mesma proporção;
    • Costuma ser detectada na infância, pela triagem neonatal (teste do pezinho).

    Sintomas e manifestações clínicas

    • Pele e suor salgados;
    • Tosse persistente com catarro;
    • Chiado e falta de ar;
    • Sinusites e pólipos nasais;
    • Infecções pulmonares frequentes;
    • Distúrbios digestivos (dor abdominal, diarreia, obstrução intestinal);
    • Crescimento abaixo do esperado;
    • Dedos em “baqueta de tambor” (hipocratismo digital).

    Problemas respiratórios

    O muco espesso dificulta a ventilação e favorece bactérias como Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Com o tempo, podem ocorrer bronquiectasias, deformidades torácicas e queda progressiva da função pulmonar.

    Problemas digestivos e nutricionais

    • Recém-nascidos: atraso na eliminação do mecônio e icterícia prolongada;
    • Crianças/adultos: obstruções intestinais, refluxo, diarreia crônica, prolapso retal;
    • Fígado: doença hepática crônica, esteatose e obstruções biliares;
    • Insuficiência pancreática em maioria dos pacientes (má digestão/absorção);
    • Deficiências nutricionais e baixo ganho de peso;
    • Maior risco de diabetes relacionado à FC, especialmente após a adolescência.

    Outros sintomas importantes

    • Osteopenia/osteoporose e risco de fraturas;
    • Infertilidade masculina (azoospermia por ausência dos deferentes);
    • Dificuldade para engravidar em mulheres (alteração do muco cervical).

    Diagnóstico da fibrose cística

    O diagnóstico precoce é essencial para iniciar o tratamento rapidamente.

    Teste do pezinho

    Triagem neonatal que identifica a maioria dos casos. Resultados positivos requerem confirmação com novo teste ou teste do suor.

    Teste do suor

    Padrão-ouro. Mede o cloro no suor> 60 mmol/L confirma FC.

    Teste genético

    Identifica mutações no CFTR e confirma a forma hereditária.

    Tratamento e cuidados

    Não há cura, mas terapias reduzem sintomas, previnem infecções e prolongam a vida. O cuidado é multidisciplinar (medicina, fisioterapia, nutrição, enfermagem, psicologia).

    Limpeza das vias respiratórias

    • Fisioterapia respiratória diária (técnicas de desobstrução);
    • Máscaras de pressão expiratória e coletes vibratórios;
    • Atividade física regular (natação, caminhada, ciclismo).

    Remédios

    • Nebulizações com soro hipertônico e fluidificantes de muco;
    • Antibióticos para infecções pulmonares;
    • Anti-inflamatórios/corticoides quando indicados;
    • Moduladores de CFTR (disponíveis em alguns países) para melhorar a função da proteína.

    Suporte nutricional

    • Dieta hipercalórica e hiperproteica;
    • Suplementação de vitaminas A, D, E e K;
    • Enzimas pancreáticas em cápsulas para digestão;
    • Tratamento do diabetes, quando necessário.

    Transplante pulmonar

    Indicado em casos avançados, com comprometimento respiratório grave.

    Prognóstico e qualidade de vida

    Com diagnóstico precoce e tratamento contínuo, pessoas com FC podem ter vida ativa, estudar, trabalhar e praticar esportes. Suporte emocional e acompanhamento regular ajudam a lidar com os desafios de uma doença crônica.

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    Perguntas frequentes sobre fibrose cística

    1. O que causa a fibrose cística?

    Mutações no gene CFTR que alteram o transporte de sal/água e tornam o muco mais espesso.

    2. A fibrose cística tem cura?

    Não. Porém, o tratamento contínuo melhora sintomas, reduz infecções e aumenta a expectativa de vida.

    3. Como é feito o diagnóstico?

    Pelo teste do pezinho, teste do suor e, quando necessário, teste genético.

    4. Quais são os primeiros sinais?

    Tosse persistente, infecções respiratórias de repetição, baixo ganho de peso e suor salgado.

    5. Pessoas com FC podem ter filhos?

    Homens geralmente são inférteis; mulheres podem engravidar com acompanhamento especializado.

    6. A doença é contagiosa?

    Não. É uma condição genética e hereditária, não transmitida por contato.

    7. Como melhorar a qualidade de vida?

    Seguir o tratamento, praticar exercícios, manter alimentação adequada e prevenir infecções respiratórias.

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