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  • Café da manhã sem lactose: saiba o que comer numa dieta saudável

    Café da manhã sem lactose: saiba o que comer numa dieta saudável

    O café da manhã é uma das refeições mais importantes do dia, responsável por repor energia depois do sono e preparar o corpo para as atividades do dia. Mas, para pessoas que têm intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite, podem surgir algumas dúvidas sobre como montar um cardápio adequado.

    Apesar do café normalmente conter muitos alimentos com leite ou derivados, a nutricionista Mariana Del Bosco aponta que o segredo está em escolher versões sem lactose dos alimentos comuns ou buscar substitutos vegetais e proteicos que garantam o mesmo valor nutricional. Entenda mais como fazer um café da manhã sem lactose a seguir!

    O que é lactose?

    A lactose é o açúcar natural presente no leite e em seus derivados, formada por dois açúcares simples: glicose e galactose. No organismo humano, ela é digerida pela enzima lactase, produzida no intestino delgado.

    Quando existe alguma deficiência ou baixa atividade da enzima, o corpo não consegue quebrar a lactose de forma adequada — o que leva ao aparecimento dos sintomas de intolerância à lactose, como dor abdominal, gases, inchaço e diarreia.

    Vale destacar que intolerância à lactose e alergia à proteína do leite são condições diferentes. No caso da intolerância, ocorre uma má digestão do açúcar do leite, não uma reação imunológica.

    Já na alergia, o corpo identifica as proteínas do leite como invasoras, provocando respostas mais sérias, como coceira, inchaço e até dificuldade para respirar. Nesses casos, todos os laticínios devem ser cortados da dieta.

    O que comer em um café da manhã sem lactose?

    O café da manhã é a refeição que mais tem a presença de leite e derivados, como iogurte e queijos. Mas, de acordo com Mariana, ele não precisa ser restritivo e pode continuar muito parecido com o de quem consome leite tradicional — apenas com algumas substituições simples.

    É possível manter o hábito de tomar leite, comer queijo e iogurte, desde que em versões sem lactose. Elas passam por um processo em que se adiciona a enzima lactase, responsável por quebrar a lactose em glicose e galactose, tornando o alimento mais fácil de digerir para quem tem intolerância.

    Mariana explica que o leite sem lactose tem um sabor levemente mais adocicado, mas mantém as mesmas propriedades nutricionais do leite comum, incluindo proteínas, cálcio e vitaminas importantes para o organismo.

    Outras alternativas para compor o café da manhã:

    • Ovos: fonte de proteína, vitaminas e minerais (mexidos, cozidos, pochê ou omelete com legumes);
    • Frutas frescas: fornecem fibras, vitaminas e energia leve (banana, mamão, maçã, frutas vermelhas);
    • Pães, tapiocas e cereais integrais: garantem energia e saciedade; prefira opções com fibras e menos aditivos;
    • Pastas e acompanhamentos: homus, tahine, pasta de amendoim e guacamole substituem manteiga e requeijão; o tahine é boa fonte de cálcio;
    • Oleaginosas e sementes: castanhas, nozes, amêndoas, chia e linhaça adicionam gorduras boas e antioxidantes.

    Com essas opções, dá para preparar combinações variadas, como pão integral com homus e suco natural, omelete com legumes e iogurte sem lactose com frutas e granola. O importante é manter o equilíbrio de nutrientes e evitar excesso de industrializados.

    Bebidas vegetais podem substituir o leite tradicional?

    As bebidas vegetais são produzidas a partir de grãos, sementes ou oleaginosas e podem ser usadas em cafés, vitaminas, mingaus e receitas em geral, mas, nutricionalmente, não são iguais ao leite.

    De acordo com Mariana, apesar de chamadas de “leite vegetal”, elas costumam conter menos proteínas e cálcio. Vale verificar se há cálcio adicionado no rótulo.

    A nutricionista recomenda variar o tipo de bebida para evitar excesso de um único ingrediente. Pesquisas apontam que bebidas de arroz podem ter índices elevados de arsênio — mais um motivo para moderação e rodízio alimentar.

    Intolerantes à lactose precisam cortar a lactose completamente?

    Não necessariamente. Diferente da alergia ao leite, a intolerância é dose-dependente e varia conforme a quantidade ingerida e a sensibilidade individual.

    Segundo Mariana, muitas pessoas toleram pequenas porções — por exemplo, até cerca de 12 g de lactose/dia (aprox. um copo de leite ou um pote de iogurte). Queijos duros (parmesão, provolone) tendem a ter pouca lactose e podem ser melhor tolerados.

    E quem tem alergia à proteína do leite?

    Na APLV, recomenda-se evitar completamente laticínios — inclusive versões sem lactose, pois ainda contêm as proteínas que causam a reação. Foque em alternativas vegetais e outras fontes proteicas:

    • Ovos (cozidos, mexidos, omeletes);
    • Homus (grão-de-bico com tahine);
    • Pasta de frango desfiado;
    • Tofu (grelhado ou batido com frutas);
    • Sementes (chia, linhaça, gergelim) e castanhas;
    • Bebidas vegetais com cálcio adicionado;
    • Tahine (rico em cálcio);
    • Folhas verde-escuras (couve, brócolis);
    • Leguminosas (feijão, lentilha).

    Planeje o cardápio com acompanhamento nutricional — sobretudo para crianças, gestantes e idosos. Em muitos casos, pode-se indicar suplementação.

    Como identificar produtos sem lactose no mercado

    Leia o rótulo. Você poderá encontrar:

    • “Sem/zero/não contém lactose”: até 100 mg por 100 g/ml;
    • “Contém lactose”: acima de 100 mg por 100 g/ml;
    • “Baixo teor de lactose”: entre 100 mg e 1 g por 100 g/ml.

    Se ainda houver dúvida, cheque a lista de ingredientes: “leite”, “sólidos de leite”, “soro de leite”, “lactose”.

    Cuidados ao escolher produtos industrializados

    Mesmo sem lactose, alguns industrializados podem ter excesso de açúcar, gorduras e aditivos. Dicas:

    • Prefira listas de ingredientes curtas e reconhecíveis;
    • Desconfie de muitos corantes, conservantes e aromatizantes;
    • Verifique o teor de açúcar adicionado;
    • Compare marcas (cálcio e proteína variam bastante);
    • Priorize alimentos frescos.

    Para intolerância, a lista de ingredientes é menos crítica do que na APLV, mas continua essencial para avaliar a qualidade nutricional.

    Como funciona o suplemento de lactase?

    O suplemento de lactase fornece a enzima que quebra a lactose em glicose e galactose, facilitando a absorção e evitando fermentação no intestino grosso (gases, dor, inchaço, diarreia).

    Segundo Mariana Del Bosco, é útil quando não há opção sem lactose (comer fora, viagens). Deve-se ingerir o comprimido/cápsula imediatamente antes da refeição com lactose.

    O suplemento não cura a intolerância, apenas ajuda a digestão e amplia a flexibilidade alimentar. Converse com nutricionista ou médico para ajustar dose e produto.

    Confira: Intolerância à lactose: o que comer no dia a dia?

    Perguntas frequentes

    Quais são os sintomas da intolerância à lactose?

    Geralmente entre 30 minutos e 2 horas após o consumo: inchaço abdominal, gases, cólicas, diarreia, náuseas e desconforto digestivo. A intensidade depende da dose e do grau de intolerância.

    A intolerância à lactose tem cura?

    Não há cura definitiva. Contudo, é possível controlar com ajustes na dieta, versões sem lactose e, se necessário, suplemento de lactase. Por ser dose-dependente, muitas pessoas toleram pequenas quantidades.

    O que causa a intolerância à lactose?

    Principalmente a queda natural da produção de lactase após a infância. Pode surgir também por lesões/ inflamações intestinais (ex.: doença celíaca, gastroenterite, SII). Há forma congênita rara em que o bebê já nasce sem lactase.

    Quais alimentos contêm lactose?

    Leite e derivados (queijos, iogurtes, manteiga, requeijão, creme de leite, leite condensado) e vários industrializados (pães, bolos, molhos, sopas prontas, chocolates, biscoitos).

    Quais são os sintomas da alergia à proteína do leite?

    Podem aparecer minutos ou horas após o consumo: urticária, coceira, vermelhidão, inchaço de lábios/pálpebras, dor abdominal, vômitos, diarreia, chiado, falta de ar. Nos casos graves, anafilaxia (emergência médica).

    Quais alimentos devem ser evitados em caso de APLV?

    Além de leite e derivados, atenção a industrializados que escondem proteínas do leite: pães e bolos prontos, chocolates e sobremesas, margarinas e molhos, embutidos, sopas e purês industrializados. Procure no rótulo a advertência obrigatória: “Alérgicos: contém leite” (RDC 26/Anvisa).

    Leia também: Intolerância à lactose: quando o leite vira desconforto

  • Anemia falciforme: conheça a doença genética que afeta o formato das células do sangue

    Anemia falciforme: conheça a doença genética que afeta o formato das células do sangue

    A anemia falciforme é uma doença genética que altera o formato dos glóbulos vermelhos, as células responsáveis por transportar oxigênio pelo corpo. Em vez de redondas e flexíveis, elas assumem o formato de uma foice ou meia-lua, tornando-se rígidas e frágeis.

    Essa deformação faz com que as células se quebrem mais facilmente e bloqueiem pequenos vasos sanguíneos, o que pode causar crises dolorosas, falta de oxigênio nos tecidos e danos a órgãos. Embora seja uma doença crônica, o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico adequado permitem controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

    O que causa a anemia falciforme

    A doença é causada por uma alteração genética no gene responsável pela produção da hemoglobina, proteína que transporta o oxigênio no sangue. Essa mutação faz surgir uma hemoglobina anormal, chamada HbS.

    Quando há pouco oxigênio, como durante febre, desidratação ou esforço físico, a HbS tende a se agrupar dentro da célula, deformando o glóbulo vermelho e transformando-o em uma foice.

    Essas células tornam-se:

    • Mais frágeis, quebrando-se facilmente e causando anemia;
    • Menos flexíveis, podendo se acumular e bloquear a circulação do sangue.

    Para desenvolver a doença, a pessoa precisa herdar duas cópias do gene alterado (uma do pai e outra da mãe). Quem herda apenas uma cópia tem o traço falciforme — não apresenta sintomas, mas pode transmitir o gene aos filhos.

    Sintomas mais comuns

    Os sintomas da anemia falciforme podem variar de leves a graves, mas geralmente incluem:

    • Crises de dor: intensas e súbitas, que podem afetar ossos, articulações, abdômen ou tórax;
    • Anemia crônica: causada pela destruição precoce dos glóbulos vermelhos, resultando em cansaço, fraqueza e falta de ar;
    • Infecções recorrentes: devido à menor defesa do organismo;
    • Acidente vascular cerebral (AVC): pode ocorrer ainda na infância;
    • Danos em órgãos: rins, fígado, olhos, ossos e coração podem ser afetados com o tempo.

    As crises dolorosas, chamadas crises vaso-oclusivas, são uma das manifestações mais marcantes e podem durar horas ou dias.

    Complicações da anemia falciforme

    A doença pode causar complicações agudas (súbitas) e crônicas (progressivas ao longo do tempo).

    Complicações agudas

    • Crise vaso-oclusiva: dor intensa por bloqueio dos vasos sanguíneos;
    • Síndrome torácica aguda: febre, dor no peito e falta de ar — pode ser fatal;
    • AVC: ocorre pela obstrução de vasos cerebrais, às vezes ainda na infância;
    • Sequestro esplênico ou hepático: acúmulo de sangue no baço ou fígado, com queda brusca da hemoglobina;
    • Crise aplástica: interrupção temporária da produção de glóbulos vermelhos, geralmente após infecção viral;
    • Priapismo: ereção prolongada e dolorosa em homens, que pode causar impotência se não tratada rapidamente.

    Complicações crônicas

    • Anemia persistente;
    • Hipertensão pulmonar;
    • Doença renal;
    • Problemas oculares (retinopatia);
    • Necrose óssea;
    • Úlceras nas pernas.

    Essas complicações exigem acompanhamento contínuo e tratamento específico.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por exames de sangue e, em alguns casos, testes genéticos. O objetivo é identificar a presença da hemoglobina falciforme (HbS).

    Principais exames utilizados:

    • Teste do pezinho: detecta a doença já no recém-nascido;
    • Hemograma completo: avalia níveis de hemoglobina e células sanguíneas;
    • Eletroforese de hemoglobina: confirma e quantifica os tipos de hemoglobina (HbA, HbS, HbF);
    • Cromatografia líquida de alta eficiência: identifica com precisão as diferentes hemoglobinas;
    • Teste genético: confirma a mutação e diferencia traço de doença.

    Exames complementares, como ultrassom, ressonância magnética ou doppler de vasos cerebrais, podem ser solicitados para investigar complicações e risco de AVC.

    Tratamento

    O tratamento é multidisciplinar e individualizado, com o objetivo de controlar sintomas, prevenir crises e reduzir complicações.

    1. Cuidados de suporte

    • Controle da dor: uso de analgésicos, anti-inflamatórios e, em casos graves, medicamentos opioides;
    • Hidratação constante: reduz a chance de crises, podendo ser feita por via oral ou intravenosa;
    • Transfusões de sangue: indicadas em casos de anemia grave, AVC ou síndrome torácica aguda.

    2. Terapias modificadoras da doença

    • Medicamentos que estimulam a hemoglobina fetal (HbF): reduzem crises e internações;
    • Transplante de medula óssea: indicado em casos graves com doador compatível, principalmente em crianças.

    3. Prevenção de infecções e complicações

    • Vacinas adicionais, como pneumocócica e meningocócica;
    • Antibióticos preventivos, como penicilina em crianças;
    • Acompanhamento em centros especializados.

    4. Cuidados gerais

    • Evitar desidratação, frio intenso e esforço físico excessivo;
    • Tratar infecções rapidamente;
    • Manter acompanhamento psicológico e social.

    O que esperar

    Com o diagnóstico precoce, tratamento contínuo e cuidados de prevenção, muitas pessoas com anemia falciforme conseguem levar uma vida ativa e produtiva. A doença exige atenção ao longo da vida, mas o acompanhamento médico adequado reduz significativamente o risco de crises e complicações graves.

    Leia mais: O que você precisa saber sobre o seu tipo de sangue

    Perguntas frequentes sobre anemia falciforme

    1. O que é anemia falciforme?

    É uma doença genética em que os glóbulos vermelhos têm formato de foice, dificultando a circulação e o transporte de oxigênio.

    2. A anemia falciforme é contagiosa?

    Não. Ela é hereditária, passada de pais para filhos por meio dos genes.

    3. Quais são os principais sintomas?

    Crises de dor, cansaço, infecções frequentes, anemia e, em casos graves, lesões em órgãos.

    4. O que causa as crises de dor?

    O bloqueio dos vasos sanguíneos pelas células deformadas impede a chegada de oxigênio aos tecidos, gerando dor intensa.

    5. Existe cura para a anemia falciforme?

    O transplante de medula óssea pode curar alguns casos, mas só é indicado em situações graves e com doador compatível.

    6. Quem tem o traço falciforme sente sintomas?

    Geralmente, não. Mas pode transmitir o gene para os filhos.

    7. Como é feito o diagnóstico?

    Por exames de sangue, como o teste do pezinho e a eletroforese de hemoglobina.

    8. Qual o papel da hidratação no tratamento?

    A hidratação ajuda a manter o sangue mais fluido, facilitando a circulação das células e evitando que elas se acumulem nos vasos.

    Com isso, diminui-se o risco de crises de dor, que acontecem quando o sangue não consegue passar direito e o corpo fica com falta de oxigênio em algumas regiões.

    Confira: Anemia carencial: o que acontece quando faltam nutrientes no sangue

  • Escoliose idiopática do adolescente: entenda mais sobre essa condição

    Escoliose idiopática do adolescente: entenda mais sobre essa condição

    Durante a adolescência, o corpo passa por rápidas transformações, e é nessa fase que podem surgir alterações na postura que precisam de atenção especial. Uma delas é a escoliose idiopática do adolescente (EIA), uma curvatura anormal da coluna que costuma aparecer entre os 10 e 18 anos, em plena fase de crescimento.

    Embora muitas vezes não cause dor no início, a escoliose pode evoluir silenciosamente e, se não tratada, afetar a aparência, a respiração e até o funcionamento do coração. O acompanhamento médico é muito importante para detectar a condição ainda no início e evitar que a curvatura da coluna piore.

    O que é a escoliose idiopática do adolescente

    A escoliose idiopática do adolescente é uma alteração na forma da coluna, que fica torta para o lado. Ela costuma aparecer entre os 10 e 18 anos de idade, período em que o corpo ainda está crescendo.

    O termo “idiopática” significa que a causa exata ainda não é conhecida. A curvatura é medida pelo médico através do ângulo de Cobb e, quando esse valor é igual ou superior a 10 graus, já é considerada escoliose.

    A condição pode afetar qualquer parte da coluna, mas é mais comum na região torácica (meio das costas) e lombar (parte inferior da coluna).

    Quem pode ter escoliose idiopática

    A escoliose idiopática do adolescente afeta entre 0,5% e 5% dos adolescentes e é mais comum em meninas — numa proporção de até três meninas para cada menino.

    Embora a causa não seja totalmente compreendida, estudos indicam influência genética e ambiental. Em muitas famílias, mais de um membro apresenta o problema, o que sugere herança familiar.

    Sinais e sintomas

    A escoliose idiopática pode se desenvolver de forma discreta e sem sintomas no início, sendo muitas vezes identificada em exames de rotina ou durante avaliações escolares.

    • Diferença na altura dos ombros ou quadris;
    • Tronco inclinado para um dos lados;
    • Uma costela ou parte das costas mais saliente;
    • Assimetria na cintura;
    • Em alguns casos, dor nas costas — mais comum em adultos.

    Nos casos mais graves, a curvatura pode afetar o tórax, dificultar a respiração e até interferir no funcionamento do coração.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico começa com a análise da história clínica e o exame físico, observando postura, alinhamento dos ombros, quadris e pelve.

    Teste de Adams

    É o exame clínico mais usado. O adolescente se inclina para frente, e o médico observa se há diferenças entre os dois lados das costas, o que indica a presença de deformidade.

    Exames de imagem

    A confirmação é feita por radiografia da coluna em pé, que permite medir o ângulo de Cobb e classificar a gravidade da curvatura:

    • Leve: 10° a 20°;
    • Moderada: 21° a 40°;
    • Grave: acima de 40°.

    Em casos com sintomas neurológicos, o médico pode solicitar ressonância magnética para descartar outras causas.

    Tratamento

    O tratamento depende do grau da curvatura, da idade do adolescente e do potencial de crescimento ósseo.

    Acompanhamento clínico

    Indicado para curvas leves. O adolescente é acompanhado com radiografias periódicas para verificar se há progressão.

    Colete ortopédico

    Recomendado em adolescentes em crescimento com curvaturas moderadas. O objetivo é impedir o aumento da deformidade, e não endireitar totalmente a coluna.

    Fisioterapia específica

    Exercícios direcionados ajudam a fortalecer a musculatura, melhorar o equilíbrio postural e reduzir o desconforto.

    Cirurgia

    Indicada em casos de curvaturas acima de 40°–45°, ou quando há dor intensa, comprometimento funcional ou questões estéticas relevantes. O procedimento corrige e estabiliza a coluna com hastes, parafusos e enxertos ósseos, proporcionando alinhamento e estabilidade.

    O que pode acontecer se não for tratada

    • Dor crônica nas costas;
    • Limitação física e fadiga muscular;
    • Baixa autoestima e impacto emocional;
    • Osteopenia ou osteoporose precoce;
    • Comprometimento respiratório e cardíaco em casos graves.

    O diagnóstico precoce permite intervenção antes que a curvatura avance, evitando prejuízos funcionais e estéticos.

    O que esperar

    A maioria das curvas leves não causa sintomas graves e requer apenas acompanhamento periódico. Já as curvas mais acentuadas tendem a piorar durante o crescimento, mas podem ser controladas com o tratamento adequado.

    Quando diagnosticada cedo e acompanhada por equipe especializada, a escoliose idiopática do adolescente não impede uma vida ativa e saudável.

    Prevenção

    Como a causa exata da escoliose idiopática ainda é desconhecida, não há uma forma garantida de preveni-la. No entanto, bons hábitos posturais e físicos ajudam no controle e na detecção precoce:

    • Manter boa postura ao sentar e estudar;
    • Praticar atividade física regularmente;
    • Fortalecer os músculos das costas e abdômen;
    • Realizar avaliações médicas periódicas durante o crescimento.

    O rastreamento escolar e familiar é fundamental para identificar alterações ainda no início.

    Veja também: Cirurgia de coluna: 5 condições em que ela pode ser necessária

    Perguntas frequentes sobre escoliose idiopática do adolescente

    1. O que é escoliose idiopática do adolescente?

    É uma curvatura lateral anormal da coluna que surge geralmente entre os 10 e 18 anos, sem causa conhecida.

    2. Quais são os primeiros sinais da doença?

    Desalinhamento dos ombros ou quadris, tronco inclinado e uma parte das costas mais saliente.

    3. A escoliose causa dor?

    Na maioria dos adolescentes, não. A dor tende a ser mais comum em adultos com curvaturas acentuadas.

    4. Como é feito o diagnóstico?

    Por exame físico e radiografia, que mede o ângulo de Cobb e classifica a gravidade da curvatura.

    5. O uso do colete ortopédico corrige a coluna?

    O colete não endireita completamente, mas evita a progressão da curvatura durante o crescimento.

    6. Quando é indicada a cirurgia?

    Para curvaturas acima de 40°–45°, especialmente se houver dor, comprometimento funcional ou estético.

    7. É possível praticar esportes com escoliose?

    Sim. Com acompanhamento médico, atividades físicas ajudam no fortalecimento muscular e na postura.

    8. A escoliose pode ser prevenida?

    Não totalmente, mas postura adequada, exercícios e diagnóstico precoce ajudam a controlar a progressão.

    Leia mais: Como carregar peso sem prejudicar a coluna?

  • Sem tempo para treinar? Veja como criar uma rotina de exercícios 

    Sem tempo para treinar? Veja como criar uma rotina de exercícios 

    A correria do dia a dia, dividida entre trabalho, estudos e vida pessoal, costuma deixar pouca margem para cuidar da saúde — e a prática de atividades físicas, por exemplo, acaba ficando para depois. A falta de movimento afeta não apenas o condicionamento físico, mas também o equilíbrio mental, a disposição e até o funcionamento dos órgãos.

    Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, criar uma rotina de exercícios não significa longas horas na academia ou mudanças drásticas na rotina. De acordo com Tamara Andreato, profissional de Educação Física, o resultado não depende da duração do treino, mas da qualidade e da intensidade dos movimentos realizados.

    Mesmo em sessões curtas, de 20 a 30 minutos, o corpo já começa a responder aos estímulos, o metabolismo acelera e, em pouco tempo, você já consegue sentir um aumento na disposição. Mas afinal, como (e por onde) começar? Entenda mais, a seguir.

    É possível melhorar a saúde mesmo com treinos curtos?

    O treino não precisa durar tanto para trazer benefícios à saúde, e ter isso em mente é importante para pessoas que estão começando não desanimarem no início.

    Segundo um estudo publicado no European Heart Journal, praticar atividades vigorosas por apenas 15 minutos por semana, divididas em várias sessões curtas (apenas dois minutos de exercício por dia) pode reduzir significativamente o risco de doenças cardíacas, câncer e morte precoce.

    E os resultados também são visíveis com o tempo: uma pesquisa publicada no European Journal of Applied Physiology demonstrou que treinamentos curtos usando o peso do próprio corpo podem melhorar força, flexibilidade, resistência e saúde mental.

    Isso mostra que pequenos períodos de atividade já podem marcar o início de uma rotina mais ativa, principalmente para quem ainda encontra resistência em começar treinos longos ou complexos.

    À medida que o corpo se acostuma ao movimento, a energia e a motivação aumentam — é provável que a pessoa se sinta ainda mais motivada a elevar a intensidade do treino, fortalecendo o hábito no dia a dia.

    Como começar uma rotina de exercícios com pouco tempo?

    O primeiro passo para criar a própria rotina de exercícios é entender que ela deve se adaptar à vida de cada um, e não o contrário. No caso de pessoas que têm pouco tempo disponível, é importante manter uma constância mesmo que os treinos sejam curtos — e pequenas atitudes diárias fazem diferença e ajudam o corpo a criar ritmo. Isso pode ser feito seguindo alguns passos simples:

    • Definir um objetivo claro: ter um propósito torna o processo mais motivador. Por exemplo, o foco pode ser aumentar a disposição, reduzir gordura corporal, melhorar o sono, aliviar o estresse ou simplesmente se movimentar mais;
    • Escolher o tipo de treino: cada pessoa se identifica melhor com uma atividade. Algumas boas ideias são caminhadas rápidas, treinos funcionais, musculação, pilates, dança, ciclismo ou até pular corda. O importante é escolher algo prazeroso, que se encaixe na rotina;
    • Começar aos poucos: tentar fazer tudo de uma vez pode causar frustração — é mais recomendado começar com 15 minutos por dia e evoluir gradualmente do que treinar uma hora e abandonar na semana seguinte;
    • Aproveitar as pausas do dia: pequenos intervalos podem se transformar em oportunidades para se movimentar. Alongar-se entre tarefas, subir escadas, fazer polichinelos ou caminhar até o trabalho são formas práticas de incluir exercícios na rotina.

    De acordo com Tamara, para pessoas que gostam do ambiente da academia, é possível encontrar uma grande variedade de equipamentos, acompanhamento profissional e possibilidade de trabalhar a progressão de carga — algo difícil de alcançar usando apenas o peso corporal. Por isso, quem busca hipertrofia (ganho de massa muscular) pode se beneficiar mais do treino em academia.

    Contudo, nem todos têm fácil acesso à academia ou condições financeiras para isso. Nesse sentido, a especialista lembra que quem treina em casa hoje tem muito acesso à informação e pode encontrar orientações de qualidade online, em vídeos e plataformas especializadas. Isso democratiza o acesso à prática de exercícios.

    Afinal, treinar em casa funciona?

    Com a variedade de treinos disponíveis e orientações online, treinar em casa é uma alternativa prática para quem tem o dia cheio — ainda mais aqueles que trabalham em home office. Dá para montar uma rotina eficiente com o peso do próprio corpo e objetos simples, como elásticos, colchonete e garrafas cheias de água no lugar de halteres.

    Alguns exemplos de treinos que funcionam bem em casa são:

    • Exercícios funcionais: movimentos como agachamento, prancha e flexão ativam vários grupos musculares, combinando força, equilíbrio e resistência;
    • Treinos curtos de alta intensidade (HIIT): alternam períodos rápidos de esforço e descanso, elevando a queima calórica em poucos minutos;
    • Alongamentos e ioga: melhoram a mobilidade, reduzem a tensão e ajudam a prevenir dores;
    • Dança e exercícios com música: além de divertidos, elevam a frequência cardíaca e melhoram o humor — podendo, inclusive, ser praticados ao lado de outras pessoas na casa.

    Independentemente do exercício, lembre-se de aquecer antes, respeitar os limites do corpo e finalizar com um breve relaxamento.

    Se você tiver histórico de doenças cardíacas, lesões ou dores articulares, o ideal é buscar orientação médica antes de iniciar qualquer tipo de atividade física.

    Aproveite atividades ao ar livre

    De acordo com Tamara, treinar ao ar livre é uma excelente alternativa para cuidar do corpo e também da mente. O contato com o ambiente externo, seja em um parque, na praia ou até caminhando na rua, ajuda a desconectar dos problemas e se concentrar naquele momento.

    A especialista aponta que uma boa estratégia é alternar: treinar em casa em alguns dias e, quando possível, fazer algo fora, especialmente nos fins de semana. O importante é se manter ativo!

    Como encaixar o treino na rotina corrida?

    Em muitos casos, você não encontra tempo para treinar por não saber distribuir o tempo de forma organizada. Para isso, existem algumas estratégias que podem ajudar, como:

    • Agendar o exercício como compromisso fixo, assim como uma reunião ou consulta médica;
    • Treinar logo cedo, antes das tarefas do dia a dia acumularem — o corpo ainda está descansado, e o exercício matinal ajuda a despertar;
    • Dividir o treino: quem não consegue treinar 30 minutos de uma vez pode dividir em duas sessões de 15 minutos (manhã e noite). O resultado é o mesmo;
    • Transformar deslocamentos em atividade física, como subir escadas, descer um ponto antes ou ir de bicicleta ao trabalho;
    • Aproveitar pausas curtas para fazer alongamentos, que já ajudam a aliviar a tensão muscular.

    Segundo o Ministério da Saúde, a rotina pode se tornar mais ativa com pequenas escolhas diárias, como fazer deslocamentos a pé ou de bicicleta, passear com o animal de estimação e subir escadas em vez de usar o elevador, entre várias outras atitudes simples que estimulam o movimento.

    E para quem trabalha sentado o dia todo?

    A falta de movimento em pessoas que passam longos períodos sentadas traz diversos riscos à saúde. Pesquisas mostram que o hábito está ligado a um aumento no risco de hipertensão, obesidade e diabetes tipo 2 — fatores que, com o tempo, elevam a probabilidade de complicações sérias.

    Além disso, a imobilidade compromete a saúde muscular e postural, provocando dores, rigidez, sobrecarga na coluna e até enfraquecimento das articulações. Permanecer por horas em uma mesma posição faz com que os músculos fiquem menos ativos, reduzindo a flexibilidade e a força ao longo do tempo.

    Assim, existem algumas orientações práticas para movimentar o corpo durante o trabalho:

    • Levantar a cada hora, ficando em pé por alguns minutos, dando passos ou alongando as pernas;
    • Alongar os ombros e o pescoço;
    • Ajustar a postura: o monitor deve ficar na altura dos olhos e os pés apoiados no chão ou em um suporte;
    • Usar alarmes de lembrete para se movimentar;
    • Fazer pequenas séries de movimento, como agachamentos e flexões de braço apoiadas na mesa.

    Mesmo o pouco movimento ajuda a aliviar a tensão acumulada e aumenta a concentração no trabalho ou estudos.

    Qual o melhor horário para treinar?

    Não existe um melhor momento para treinar — o ideal é encontrar o horário em que o corpo se sente mais disposto e a rotina permita constância.

    Para quem prefere começar o dia com energia, treinar logo cedo estimula o metabolismo, melhora o humor e ajuda na concentração ao longo do dia. Realizar atividades físicas antes das obrigações diárias também reduz o risco de imprevistos que podem levar ao adiamento do treino.

    Para quem opta pela noite, o exercício pode funcionar como um antídoto contra o estresse acumulado do dia. Atividades como musculação leve, caminhadas ou yoga ajudam a relaxar, reduzem a tensão e favorecem o sono — desde que sejam realizadas pelo menos uma ou duas horas antes de dormir.

    De qualquer forma, o mais importante é manter a regularidade. O corpo se adapta à rotina escolhida e, com o tempo, o exercício passa a fazer parte do dia de forma natural.

    Veja mais: É preciso suar para emagrecer? Saiba se o suor realmente afeta a perda de peso

    Como manter o foco na rotina de exercícios a longo prazo?

    Para evitar frustrações no início, Tamara aponta que o ideal é estabelecer metas alcançáveis. Quando o exercício se torna uma obrigação, é comum perder o prazer pela prática e abandonar não muito depois. Assim, começar com períodos menores e mais intensos ajuda a sentir o resultado mais rápido, graças à liberação de hormônios que trazem bem-estar.

    Também é importante tornar o treino prazeroso: Tamara recomenda ouvir música, podcast, audiolivro, ou até assistir a algo leve. Quem gosta de acompanhar resultados pode anotar as metas, fazer planilhas e avaliações físicas periódicas para observar os avanços — tanto no corpo quanto na saúde.

    Mas é importante lembrar: haverá dias em que não vai dar tempo, pois imprevistos acontecem. O importante é ter flexibilidade, não se cobrar demais e retomar o ritmo assim que possível. Com o tempo, isso transforma a atividade física em parte natural da rotina.

    Leia também: Dicas para começar na academia: saiba o que fazer e erros a evitar

    Perguntas frequentes sobre rotina de exercícios

    1. Quanto de atividade física é recomendado?

    A Organização Mundial da Saúde recomenda que adultos realizem pelo menos:

    • 150 a 300 minutos de atividade física moderada por semana; ou
    • 75 a 150 minutos de atividade vigorosa.

    A atividade pode ser distribuída ao longo dos dias, em sessões curtas de 20 a 30 minutos. O ideal é que o movimento seja constante, com variação entre exercícios aeróbicos (como caminhada, corrida, natação) e atividades de fortalecimento muscular, pelo menos duas vezes na semana.

    2. Quantos dias por semana devo treinar?

    O ideal é se movimentar todos os dias, mesmo que por poucos minutos. Mas, quando o objetivo é melhorar o condicionamento físico, a recomendação mínima é de três a cinco dias por semana. Em alguns dias, o foco pode ser em atividades leves, como alongamentos ou caminhadas, e em outros, em treinos mais intensos.

    O importante é manter o corpo ativo de forma contínua. O sedentarismo prolongado (ficar muitas horas sem se movimentar) tem efeitos negativos mesmo para quem treina regularmente. Por isso, pequenas pausas de movimento durante o dia também contam.

    3. Como saber se o treino está funcionando?

    Quando o corpo responde bem à rotina de exercícios, é comum perceber mais disposição, melhora no sono, humor equilibrado e menos dores no corpo. A frequência cardíaca tende a se estabilizar com o tempo e o cansaço diminui.

    Os resultados físicos, como ganho de massa magra ou perda de gordura, podem levar algumas semanas para aparecer. Por isso, o recomendado é observar primeiro os sinais internos antes dos externos. Se houver melhora no bem-estar geral, significa que o treino está funcionando.

    4. Qual é a diferença entre atividade física e exercício físico?

    A atividade física é qualquer movimento corporal que gasta energia, como caminhar até o trabalho, subir escadas, varrer a casa, brincar com os filhos. Já o exercício físico é uma forma planejada, estruturada e repetitiva de atividade, com o objetivo de melhorar o condicionamento físico, a força, a resistência ou a flexibilidade.

    Ou seja, toda sessão de treino é uma atividade física, mas nem toda atividade física é um treino. Na prática, ambos são importantes: o exercício melhora a performance e a saúde muscular, enquanto a atividade física cotidiana ajuda a combater o sedentarismo e mantém o corpo ativo durante o dia todo.

    5. Existe uma idade ideal para começar a fazer atividade física?

    Não. A atividade física deve ser realizada por todas as pessoas e em todas as idades, e o ideal é começar o quanto antes. Crianças e adolescentes devem ser estimulados a brincar, correr, pular e praticar esportes, pois isso ajuda no desenvolvimento motor, ósseo e cognitivo.

    Já em adultos, o foco é manter a vitalidade e prevenir doenças. Na terceira idade, o exercício continua sendo necessário para melhorar o equilíbrio, reduzir o risco de quedas, preservar a força muscular e estimular a memória.

    6. Quem tem problema cardíaco pode praticar atividade física?

    Sim, mas sempre com acompanhamento médico e orientação profissional. A prática regular de exercícios é uma das melhores formas de fortalecer o coração, melhorar a circulação e reduzir o risco de novos eventos cardiovasculares — como infarto e insuficiência cardíaca descompensada.

    As atividades recomendadas variam conforme o quadro de saúde, mas podem incluir caminhadas leves, bicicleta ergométrica, natação, hidroginástica e alongamentos.

    Confira: Exercícios para fortalecer a coluna: o guia completo para proteger sua postura e prevenir dores

  • Prolapso uterino: o que é, sintomas, o que causa e tratamento

    Prolapso uterino: o que é, sintomas, o que causa e tratamento

    Você já ouviu falar em prolapso uterino? Com o passar dos anos, o corpo feminino passa por uma série de mudanças que podem afetar a sustentação dos órgãos pélvicos.

    O suporte é garantido por músculos e ligamentos que tendem a enfraquecer — seja pela idade ou por situações que aumentam a pressão dentro do abdômen, como a gravidez, a prática de esforço físico intenso ou a constipação crônica.

    Quando as estruturas de suporte perdem a força, ocorre o deslocamento dos órgãos da pelve, como o útero ou a bexiga, em direção à vagina. A condição, também chamada de prolapso dos órgãos pélvicos, pode precisar de cirurgia nos casos mais graves.

    Conversamos com uma especialista para entender quais são os fatores de risco, os sinais de alerta que merecem atenção e as opções de tratamento disponíveis. Confira!

    Afinal, o que é prolapso uterino?

    O prolapso uterino acontece pelo enfraquecimento dos músculos e ligamentos que sustentam o útero, estruturas que fazem parte do assoalho pélvico. Isso faz com que os órgãos da pelve (como bexiga, útero ou reto) deslizem de sua posição normal e desçam em direção ao canal vaginal — podendo até sair parcialmente pela vagina em casos mais graves.

    De forma simples, é como se o suporte que mantém o útero no lugar não tivesse mais força suficiente. Por isso, algumas mulheres descrevem a sensação de “uma bola na vagina” ou de pressão pélvica.

    Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o prolapso genital faz parte de um grupo de alterações chamadas desordens do assoalho pélvico, que também incluem incontinência urinária e fecal. Estima-se que 50% das mulheres apresentem algum grau de prolapso em algum momento da vida.

    O que causa o prolapso uterino?

    O prolapso uterino pode surgir quando os órgãos da pelve perdem o apoio adequado. Isso acontece, principalmente, por mudanças na estrutura da região ou por condições que aumentam a pressão intra-abdominal, como:

    • Partos vaginais: especialmente múltiplos partos ou com uso de fórceps, que podem causar lesões na musculatura de sustentação;
    • Predisposição genética: histórico familiar eleva o risco;
    • Obesidade: o excesso de peso aumenta a pressão sobre o assoalho pélvico, elevando o risco em até 50%;
    • Doenças crônicas: constipação intestinal, tosse crônica (como em DPOC) e outras condições que aumentam a pressão intra-abdominal;
    • Idade avançada: o risco sobe após os 50 anos, especialmente após a menopausa, com queda do estrogênio.

    Existem fatores de risco?

    De acordo com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, a gravidez é o principal fator de risco para o prolapso uterino. Outros fatores que contribuem para o enfraquecimento do assoalho pélvico incluem:

    • Envelhecimento, com redução natural de colágeno e elastina;
    • Aumento da pressão abdominal;
    • Obesidade;
    • Presença de miomas;
    • Tumores;
    • Tabagismo, que compromete a qualidade do colágeno.

    Sintomas do prolapso uterino

    • Sensação de peso ou pressão na pelve;
    • Impressão de “bola na vagina”;
    • Dor lombar ou pélvica;
    • Dificuldade para urinar ou evacuar;
    • Incontinência urinária ou fecal;
    • Desconforto ou dor durante a relação sexual;
    • Em casos avançados, visualização do útero saindo pelo canal vaginal.

    Nem todas as mulheres apresentam sintomas intensos. Em graus leves, a condição pode ser descoberta em exames de rotina, como a ultrassonografia.

    Graus do prolapso uterino

    • Grau I (leve): o útero desce um pouco, mas não chega à abertura vaginal;
    • Grau II (moderado): o útero chega próximo à abertura da vagina;
    • Grau III (avançado): parte do útero ultrapassa a entrada da vagina;
    • Grau IV (grave): o útero sai quase totalmente pela vagina (procidência uterina).

    A classificação orienta a escolha do tratamento mais adequado.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico costuma ser clínico, durante a consulta ginecológica. O médico considera os sintomas e realiza exame físico em posição ginecológica. Em alguns casos, pode solicitar a manobra de Valsalva (esforço semelhante ao de evacuar) para evidenciar a descida do útero.

    Dependendo do quadro, podem ser solicitados exames complementares, como ultrassonografia transvaginal ou ressonância magnética.

    Tratamento de prolapso uterino

    O tratamento depende do grau do prolapso, dos sintomas, da idade e do impacto na qualidade de vida. De acordo com a Febrasgo, pode ser conservador ou cirúrgico.

    Tratamento conservador

    • Pessários vaginais: dispositivos de silicone ou borracha inseridos na vagina para sustentar o útero e aliviar sintomas — indicados especialmente para pacientes idosas, com comorbidades ou que não desejam cirurgia;
    • Fisioterapia pélvica: exercícios específicos para fortalecer o assoalho pélvico, reduzir desconfortos e retardar a progressão em estágios leves;
    • Mudanças no estilo de vida: controle do peso, combate à constipação, prática de atividade física orientada e redução de esforços (como carregar muito peso).

    Tratamento cirúrgico

    A cirurgia é indicada nos casos graves, escolhida conforme a gravidade e as necessidades da paciente. Segundo a ginecologista Andreia Sapienza, o procedimento pode ser feito por via vaginal ou por videolaparoscopia. Não se trata, em geral, de cirurgia de grande porte (sem abertura da cavidade abdominal), e a recuperação costuma ser mais rápida.

    É possível evitar?

    • Manter o peso corporal adequado;
    • Evitar esforços excessivos e levantar peso de forma incorreta;
    • Tratar constipação intestinal e tosses crônicas;
    • Fortalecer o assoalho pélvico (exercícios de Kegel, pilates com foco pélvico);
    • Realizar acompanhamento ginecológico regular.

    Embora seja mais comum a partir dos 55 anos, o prolapso pode ocorrer em qualquer fase da vida. Cada caso deve ser avaliado individualmente.

    Confira: Adenomiose: o que é, sintomas, causas e tratamento

    Perguntas frequentes sobre prolapso uterino

    1. O prolapso uterino pode voltar depois do tratamento?

    Sim. Há possibilidade de retorno, pois o enfraquecimento do assoalho pélvico pode continuar ao longo do tempo. Cirurgias têm altas taxas de sucesso, mas não garantem 100% de eficácia definitiva. Fisioterapia pélvica e manutenção do peso adequado costumam ser recomendadas mesmo após a intervenção.

    2. O prolapso uterino causa dor?

    A dor não é o sintoma mais típico, mas pode ocorrer. É comum relatar sensação de peso, pressão ou incômodo pélvico, que pode piorar ao ficar muito tempo em pé ou durante esforços. Em graus avançados, pode haver dor lombar ou desconforto nas relações sexuais.

    3. O prolapso uterino pode desaparecer sozinho?

    Não. Uma vez instalado, pode permanecer estável por um período ou progredir. A melhora significativa depende de tratamento conservador ou cirúrgico.

    4. Prolapso uterino pode virar câncer?

    Não. O prolapso é uma alteração anatômica e não evolui para câncer. Ainda assim, os exames preventivos (como o Papanicolau) devem ser mantidos em dia, pois as condições podem coexistir.

    5. Prolapso uterino é grave?

    Não costuma representar risco imediato à vida, mas pode ser grave quando compromete o dia a dia ou há complicações (infecções urinárias recorrentes, retenção urinária, obstrução intestinal, dificuldade para caminhar). Em estágios avançados, o útero pode ultrapassar a abertura vaginal, causando desconforto e risco de lesões.

    6. Prolapso uterino pode causar sangramento?

    O prolapso em si geralmente não causa sangramento, mas o atrito do útero ou da mucosa vaginal exposta pode gerar irritações, pequenas lesões ou úlceras com sangramento. O sintoma deve ser avaliado, pois pode ter outras causas ginecológicas.

    Veja mais: Exame preventivo ginecológico: o que é e quando fazer

  • Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB): o que é, sintomas e como tratar

    Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB): o que é, sintomas e como tratar

    Você já ouviu falar em vertigem posicional paroxística benigna? Normalmente confundida com labirintite, a condição é uma das principais causas de tontura e está diretamente relacionada ao movimento da cabeça. Ela causa episódios súbitos de vertigem, aquela sensação de que o ambiente está girando — que acontece ao deitar, virar na cama ou olhar para cima, por exemplo.

    O nome até pode ser complicado, mas a vertigem não interfere na audição e não está associada a infecção ou inflamação no ouvido. Porém, ela pode impactar no dia a dia, causar insegurança ao realizar tarefas cotidianas e aumentar o risco de quedas, ainda mais em pessoas idosas.

    O que é vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)?

    A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), também conhecida como “tontura dos cristais”, é um tipo de tontura que surge de forma repentina quando a cabeça muda de posição, como ao se deitar, levantar da cama, olhar para cima ou virar de lado. A sensação é de que tudo ao redor está girando, mesmo quando o corpo está parado.

    De acordo com o otorrinolaringologista Giuliano Bongiovanni, apesar da intensidade do desconforto, não existem sintomas auditivos associados, como zumbido ou perda de audição. Após a crise, a pessoa pode sentir um leve desequilíbrio ou náusea — mas a vertigem principal é curta e dura até um minuto.

    Causas da vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)

    A VPPB acontece quando pequenos cristais de cálcio, chamados otólitos, se deslocam dentro do ouvido interno e vão para um canal onde não deveriam estar. O ouvido interno é responsável pelo equilíbrio e, quando os cristais ficam no lugar errado, enviam informações confusas para o cérebro sobre o movimento do corpo.

    Normalmente, a vertigem está ligada a algum tipo de trauma na cabeça, que pode variar de leve a grave e provocar o deslocamento dos cristais dentro do ouvido interno. Também pode surgir em pessoas que passaram por distúrbios que danificam o ouvido interno, como inflamações ou infecções, alterando o funcionamento do sistema responsável pelo equilíbrio.

    Em situações mais raras, a condição aparece após cirurgias de ouvido ou depois de longos períodos deitado de costas, como acontece em procedimentos odontológicos. Por fim, a VPPB ainda pode estar associada a crises de enxaqueca, já que pessoas com a condição têm maior sensibilidade no ouvido interno e no sistema vestibular, favorecendo o deslocamento dos cristais.

    Existem fatores de risco para VPPB?

    A vertigem posicional paroxística benigna pode aparecer em qualquer fase da vida, mas é mais frequente em pessoas a partir dos 50 anos e/ou em mulheres — indicando possível influência de fatores hormonais e estruturais.

    Traumatismos na cabeça e alterações que afetam os órgãos de equilíbrio no ouvido também aumentam a suscetibilidade ao desenvolvimento da VPPB, pois favorecem o deslocamento dos cristais.

    Sintomas da vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)

    • Sensação de que tudo está girando, principalmente ao deitar, levantar, virar na cama ou olhar para cima;
    • Tontura intensa e breve, que dura segundos ou poucos minutos;
    • Desequilíbrio ao caminhar ou dificuldade para manter a estabilidade;
    • Náusea e, em alguns casos, vômitos;
    • Sensação de cabeça leve ou flutuante;
    • Movimentos involuntários dos olhos (nistagmo) durante a crise.

    Os sintomas aparecem e desaparecem de forma recorrente e costumam durar menos de um minuto. Além da vertigem, muitas pessoas relatam sensação de desequilíbrio ao ficar em pé ou ao caminhar.

    Como é feito o diagnóstico de VPPB?

    O diagnóstico da VPPB é baseado nos sintomas descritos pelo paciente e em testes clínicos feitos pelo médico, geralmente um otorrinolaringologista ou neurologista. O especialista analisa o histórico, verifica quais movimentos provocam a vertigem e utiliza manobras específicas para observar a resposta do sistema de equilíbrio.

    O teste mais usado, segundo Giuliano, é a manobra de Dix-Hallpike. Durante o exame, o médico posiciona a cabeça do paciente de formas específicas para provocar a vertigem e observar os olhos. Quando ocorre nistagmo juntamente com a sensação de giro, o diagnóstico de VPPB é confirmado.

    Em alguns casos, o médico pode pedir exames de imagem para confirmar o quadro ou descartar outras doenças com sintomas parecidos. A eletronistagmografia é utilizada para identificar movimentos oculares anormais ligados ao equilíbrio, enquanto a ressonância magnética ajuda a avaliar o ouvido interno e o cérebro.

    Tratamento de vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)

    O tratamento é feito principalmente com manobras de reposicionamento, que têm como objetivo recolocar os cristais de cálcio no local correto dentro do ouvido interno para que eles parem de enviar sinais incorretos ao cérebro.

    Giuliano aponta que a mais utilizada é a manobra de Epley, uma sequência de movimentos da cabeça e do tronco realizados de forma controlada, com o paciente sentado e depois deitado em posições específicas. A técnica costuma gerar alívio rápido e pode ser realizada em consultório.

    Após o procedimento, recomenda-se manter alguns cuidados por cerca de 48 horas para evitar recaídas: dormir com a cabeça elevada e evitar movimentos bruscos do pescoço.

    VPPB é grave?

    A VPPB não é considerada uma condição grave ou perigosa para a saúde do ouvido ou do cérebro. No entanto, ela pode causar bastante desconforto e impactar o dia a dia devido às crises de tontura, que podem surgir de forma inesperada.

    Além disso, a VPPB aumenta o risco de quedas, especialmente em pessoas idosas. Por isso, o diagnóstico e o tratamento adequados são essenciais para aliviar os sintomas e prevenir acidentes.

    Quando procurar ajuda médica?

    Procure atendimento imediato se a tontura ou vertigem vier acompanhada de:

    • Dor de cabeça súbita, intensa ou diferente do habitual;
    • Febre;
    • Visão dupla ou perda de visão;
    • Perda de audição;
    • Dificuldade para falar ou articular palavras;
    • Fraqueza nos braços ou pernas;
    • Desmaio ou perda de consciência;
    • Queda ou dificuldade para caminhar;
    • Dormência ou formigamento no corpo.

    A presença desses sinais pode indicar uma condição mais séria que precisa de diagnóstico e tratamento rápidos.

    Veja também: Consultas médicas para idosos: quais as mais importantes para quem vive sozinho?

    Perguntas frequentes sobre Vertigem Posicional Paroxística Benigna

    1. A VPPB tem cura?

    Sim, a VPPB é tratável e, na grande maioria dos casos, pode ser resolvida com manobras de reposicionamento que recolocam os cristais no local correto. Muitos pacientes melhoram imediatamente; outros precisam de algumas sessões. Recidivas podem ocorrer, mas costumam responder bem ao retratamento.

    2. A VPPB pode causar perda de audição?

    Não. A VPPB afeta apenas o sistema de equilíbrio do ouvido interno e não interfere na audição. Se houver sintomas auditivos, é importante investigar outras causas (como síndrome de Ménière).

    3. Quem tem VPPB pode dirigir?

    Durante as crises, não é seguro dirigir, pois a vertigem pode ser desencadeada por movimentos da cabeça. Com os sintomas controlados e orientação médica, a pessoa pode voltar a dirigir normalmente.

    4. A VPPB pode piorar com o estresse?

    O estresse não causa VPPB, mas pode intensificar a percepção dos sintomas e dificultar a recuperação, aumentando o desconforto.

    5. Como diferenciar VPPB e labirintite?

    A VPPB causa vertigem rápida e intensa, de segundos, que aparece com mudanças de posição da cabeça e não afeta a audição. Já a labirintite provoca vertigem contínua por horas ou dias e costuma vir acompanhada de perda auditiva, zumbido, febre ou mal-estar.

    6. Como é feita a manobra de Epley?

    É uma sequência de movimentos da cabeça e do corpo feita pelo médico para reposicionar os cristais no ouvido interno. O paciente começa sentado, vira a cabeça para o lado afetado e é deitado rapidamente; em seguida, a cabeça é girada para o outro lado e o corpo é virado até que os cristais retornem ao local correto. O processo dura poucos minutos e costuma aliviar a vertigem rapidamente.

    Veja mais: Tontura: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum

  • Sedentarismo faz mal ao coração? Veja em quanto tempo o risco aumenta

    Sedentarismo faz mal ao coração? Veja em quanto tempo o risco aumenta

    Apesar da praticidade, os dias atuais também aumentaram significativamente o tempo em que as pessoas permanecem paradas. A rotina com longas horas sentado no trabalho, nos estudos ou em frente a telas está diretamente ligada ao sedentarismo, que basicamente significa ficar tempo demais sem se mover.

    Isso faz o corpo gastar menos energia, o sangue circular mais devagar e o coração trabalhar com mais esforço — o que aumenta o risco de doenças cardíacas graves, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).

    Mas afinal, como esse processo acontece e em quanto tempo? Conversamos com a cardiologista Juliana Soares e reunimos as principais informações de como a falta de movimento afeta o coração e em quanto tempo os danos começam a aparecer.

    O que acontece com o coração quando o corpo permanece parado?

    A permanência prolongada em posição sentada ou deitada provoca uma redução imediata da atividade muscular. A contração dos músculos das pernas é muito importante para impulsionar o sangue de volta ao coração, de modo que, quando isso não acontece, a circulação fica lenta e o coração precisa bater mais forte para manter o sangue circulando.

    A falta de movimento também diminui o gasto de energia do corpo, o que favorece o acúmulo de gordura no sangue. Como consequência, ocorre o aumento do colesterol ruim (LDL) e redução do colesterol bom (HDL), facilitando a formação de placas nas artérias e dificultando a circulação.

    Isso coloca o organismo em um estado de inflamação constante, alterando o funcionamento do coração e contribuindo para o endurecimento dos vasos sanguíneos.

    Devido a todos esses fatores, o corpo passa a receber menos oxigênio, a pressão arterial aumenta e as artérias envelhecem mais rapidamente. Para compensar a má circulação, o coração passa a bater mais vezes por minuto, aumentando o desgaste do músculo cardíaco.

    Por que o sedentarismo é tão prejudicial para o coração?

    De acordo com a cardiologista Juliana Soares, a inatividade contribui para o aumento de peso e pode levar à obesidade, o que eleva o risco de doenças como diabetes tipo 2. Além disso, ela aumenta os níveis de colesterol, com redução do colesterol HDL e elevação do colesterol LDL, o que favorece a formação de placas nas artérias.

    A falta de movimento também está associada a um estado de inflamação crônica no organismo, aumentando o risco de problemas cardiovasculares. Para se ter uma ideia, um estudo publicado no Journal of the American College of Cardiology (JACC) apontou que passar mais de 10 horas por dia em comportamento sedentário pode aumentar significativamente o risco de insuficiência cardíaca e morte cardiovascular — mesmo entre pessoas que praticam exercícios regularmente.

    Quando o tempo parado começa a prejudicar o corpo?

    Quando a pessoa deixa de atingir a meta mínima recomendada de 150 minutos semanais de exercícios moderados, o corpo já começa a apresentar alterações negativas quase que imediatamente — na circulação, no funcionamento do coração e no metabolismo.

    A redução do estímulo físico faz com que o coração trabalhe com menor eficiência, diminuindo a capacidade de bombear sangue e distribuir oxigênio para os tecidos. Isso acontece mesmo em pessoas previamente saudáveis, indicando que o sistema cardiovascular depende do movimento contínuo para se manter em equilíbrio.

    Além disso, em termos de condicionamento físico, Juliana explica que é possível notar perda de capacidade cardiorrespiratória em poucas semanas — normalmente após uma ou duas semanas sem exercícios.

    Aliás, um estudo feito pela Universidade de Liverpool descobriu que apenas duas semanas de inatividade, mesmo em pessoas jovens e saudáveis, podem reduzir a massa muscular e causar alterações metabólicas que aumentam o risco de desenvolver doenças crônicas, como diabetes tipo 2, problemas cardíacos e até morte prematura.

    Inatividade é perigosa mesmo para quem pratica atividades físicas

    O sedentarismo prolongado, que envolve passar muitas horas do dia sentado ou deitado, aumenta o risco de doenças cardiovasculares mesmo em pessoas que praticam atividades físicas regularmente. Isso porque o corpo precisa de movimento constante ao longo do dia para manter o funcionamento adequado do coração, do metabolismo e da circulação.

    Por isso, segundo Juliana, não adianta praticar uma hora de atividade física e passar o restante do dia em total inatividade. O ideal é fazer pequenas pausas durante o dia: levantar-se a cada 30 minutos, caminhar um pouco ou alongar-se já faz diferença para o organismo.

    Quanto de atividade física é recomendado?

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que adultos façam:

    • 150 a 300 minutos por semana de atividade física aeróbica de intensidade moderada, como caminhadas rápidas, pedalar ou dançar;
    • ou 75 a 150 minutos semanais de atividade intensa, como corrida, HIIT ou esportes competitivos;

    A OMS também orienta incluir atividades de fortalecimento muscular, como musculação, pilates ou exercícios com peso corporal, em pelo menos dois dias da semana. Isso ajuda a proteger o coração, controlar o açúcar no sangue, fortalecer os ossos e prevenir doenças crônicas.

    Vale ressaltar que qualquer movimento conta: subir escadas, caminhar no trabalho, levantar-se com frequência e evitar longos períodos sentado também fazem parte da recomendação para manter o corpo saudável.

    Quem tem problemas cardíacos pode fazer atividades físicas?

    Na maioria dos casos, quem tem problemas cardíacos pode e deve fazer atividades físicas, desde que com orientação médica. O exercício regular é uma das principais formas de tratamento para melhorar a circulação, fortalecer o coração e reduzir o risco de novos eventos cardiovasculares.

    Juliana explica que o ideal é iniciar com atividades leves, em intensidade progressiva, com acompanhamento de um profissional de saúde e, preferencialmente, de um cardiologista.

    Quais os sinais de alerta do sedentarismo?

    Ficar por muito tempo sem se mover faz com que o corpo comece a apresentar sinais de que algo está errado, como:

    • Aumento da fadiga mesmo após atividades simples;
    • Sensação de pernas pesadas ou inchaço nos tornozelos;
    • Falta de ar ao subir poucos degraus;
    • Alterações no sono e dificuldade para descansar;
    • Palpitações cardíacas ou batimentos acelerados em repouso;
    • Ganho de peso mesmo com alimentação habitual;
    • Dores nas costas, rigidez muscular e perda de flexibilidade;
    • Queda de disposição mental, com dificuldade de concentração.

    A presença dos sintomas indica que o coração está trabalhando em excesso para suprir um corpo parado e metabolicamente lento. O organismo começa a operar em modo de economia de energia, reduzindo a circulação, acumulando gordura e limitando a entrega de oxigênio aos tecidos.

    Como reduzir o tempo parado no dia a dia?

    A redução do comportamento sedentário pode começar com algumas atitudes simples, como:

    • A cada 30 minutos sentado, levantar e caminhar por dois ou três minutos;
    • Utilizar escadas em vez de elevadores;
    • Levantar-se para atender telefonemas ou fazer reuniões em pé;
    • Estacionar o carro em vagas mais distantes para aumentar o tempo de caminhada;
    • Realizar alongamentos durante o expediente;
    • Fazer pequenas caminhadas após as refeições para estimular a digestão e a circulação;
    • Utilizar aplicativos ou alarmes para lembrar de se movimentar.

    Com o tempo, você pode incluir mais atividades na rotina, como caminhadas regulares ao ar livre, aulas de dança, hidroginástica, musculação leve ou bicicleta. O importante é começar com o que está ao seu alcance e manter a regularidade.

    Veja também: 5 atividades físicas para quem tem problemas na coluna

    Perguntas frequentes sobre sedentarismo

    1. Caminhar só nos fins de semana é suficiente para evitar o sedentarismo?

    Em geral, realizar atividade física apenas em um ou dois dias da semana é melhor do que permanecer totalmente parado, mas não é o ideal para manter o coração saudável, pois o corpo precisa de estímulos contínuos. Quando a atividade ocorre apenas de forma pontual, os benefícios se perdem nos dias seguintes de inatividade.

    A Organização Mundial da Saúde recomenda distribuir os minutos de exercício ao longo da semana justamente para manter o metabolismo ativo e reduzir o risco cardiovascular. Caminhadas regulares, mesmo curtas, feitas diariamente, são mais eficazes do que longas caminhadas apenas nos fins de semana.

    2. Sedentarismo engorda mesmo quando a pessoa se alimenta pouco?

    A falta de movimento reduz bastante o metabolismo, fazendo o corpo gastar menos calorias para manter as funções vitais. Logo, mesmo comendo pouco, o organismo passa a estocar gordura mais facilmente, principalmente na região abdominal.

    Além disso, o sedentarismo altera o equilíbrio hormonal, reduz a produção de substâncias que promovem a queima de gordura e aumenta a inflamação interna. Tudo isso facilita o ganho de peso.

    3. Quais são os primeiros sinais de que algo está errado com o coração?

    Os primeiros sinais costumam ser discretos, mas é importante ficar de olho em:

    • Falta de ar ao realizar atividades simples;
    • Cansaço excessivo;
    • Palpitações;
    • Dores ou pressão no peito;
    • Inchaço nas pernas e tornozelos;
    • Tontura;
    • Sensação de aperto no pescoço ou mandíbula.

    Os sintomas indicam que o coração está trabalhando com dificuldade para bombear o sangue.

    4. Quem tem hipertensão pode praticar atividade física?

    Quem tem hipertensão deve praticar atividade física, desde que com acompanhamento médico. Os movimentos regulares ajudam a controlar a pressão, aumentar a elasticidade das artérias e reduzir o uso de medicamentos. Os mais indicados são os exercícios aeróbicos, como caminhada e bicicleta. O sedentarismo, por outro lado, aumenta os níveis de pressão e sobrecarrega o coração.

    5. Qual é a melhor atividade para fortalecer o coração?

    As atividades aeróbicas, como caminhada rápida, corrida leve, natação, dança e pedalada, são as mais eficazes para fortalecer o coração, pois trabalham a respiração, aumentam a circulação de sangue e ajudam a reduzir a gordura nas artérias. O ideal é escolher algo que traga prazer, pois a constância é mais importante do que a intensidade.

    6. Atividades domésticas contam como exercício físico para o coração?

    Atividades como varrer, lavar, cuidar do jardim ou subir escadas ajudam a movimentar o corpo e evitar o sedentarismo. No entanto, para garantir proteção cardiovascular, é importante praticar exercícios estruturados, com tempo e intensidade suficientes para elevar levemente os batimentos cardíacos.

    Confira: 7 erros comuns que atrapalham a saúde do coração

  • O que você precisa saber sobre o seu tipo de sangue 

    O que você precisa saber sobre o seu tipo de sangue 

    Um simples exame pode fazer toda a diferença entre uma transfusão segura e uma reação grave: a tipagem sanguínea. Descoberto no início do século XX, o sistema ABO revolucionou a medicina ao mostrar que nem todo sangue é igual, e que misturar tipos incompatíveis pode ser perigoso.

    Mais do que uma informação de laboratório, o tipo sanguíneo é um dado vital. Ele orienta transfusões, cirurgias e até investigações genéticas e forenses. Conhecer o próprio tipo e entender como funciona a compatibilidade é uma forma de cuidar da saúde e ajudar a salvar vidas.

    O que são os grupos sanguíneos

    O sistema ABO divide o sangue em quatro tipos principais: A, B, AB e O. Essa classificação se baseia em duas substâncias:

    • Antígenos: presentes na superfície das hemácias (glóbulos vermelhos);
    • Anticorpos: que ficam no plasma (parte líquida do sangue).

    A combinação entre eles determina o tipo sanguíneo:

    Tipo de sangue Antígenos na hemácia Anticorpos no plasma
    A A Anti-B
    B B Anti-A
    AB A e B Nenhum
    O Nenhum Anti-A e Anti-B

    Esses anticorpos começam a ser produzidos por volta dos seis meses de idade. Por isso, recém-nascidos ainda não têm anticorpos próprios e precisam de atenção especial em transfusões.

    Como o tipo sanguíneo é determinado

    O tipo de sangue é herdado geneticamente dos pais. Cada pessoa recebe dois alelos, um do pai e outro da mãe, que podem ser IA, IB ou i.

    As combinações determinam o tipo sanguíneo:

    • Tipo A: IA + IA ou IA + i;
    • Tipo B: IB + IB ou IB + i;
    • Tipo AB: IA + IB;
    • Tipo O: i + i.

    Os alelos IA e IB são dominantes, enquanto o i é recessivo. Isso explica, por exemplo, como pais de tipos diferentes podem ter filhos com sangue distinto do deles.

    Por que é importante saber o tipo de sangue

    Antes de qualquer transfusão de sangue, é feita a tipagem sanguínea, que identifica o tipo e verifica a compatibilidade entre doador e receptor — uma medida essencial para evitar reações graves.

    O exame é feito com dois testes complementares:

    • Tipagem direta: identifica os antígenos nas hemácias;
    • Tipagem reversa: detecta os anticorpos presentes no plasma.

    Esse duplo controle garante segurança durante transfusões, cirurgias e emergências.

    Compatibilidade entre os tipos sanguíneos

    Em casos de urgência, saber quem pode doar para quem pode salvar vidas:

    Tipo de sangue Pode doar para Pode receber de
    O A, B, AB, O O
    A A, AB A, O
    B B, AB B, O
    AB AB A, B, AB, O

    O tipo O é chamado de doador universal, pois pode doar para todos. O tipo AB é o receptor universal, pois pode receber de qualquer tipo.

    Nos recém-nascidos com menos de 4 meses, há um cuidado especial: os anticorpos no sangue do bebê ainda vêm da mãe, por isso o tipo materno também é considerado nas transfusões.

    Relação com doenças e condições clínicas

    O tipo sanguíneo também está relacionado à saúde. Pesquisas mostram que certos tipos podem ter maior predisposição a doenças como tromboses, câncer, doenças cardíacas e infecções.

    Além disso, há situações de incompatibilidade entre o sangue da mãe e do bebê. Quando os anticorpos maternos atacam as hemácias do feto, o bebê pode nascer com anemia e icterícia (pele amarelada). No caso do sistema ABO, essas reações costumam ser mais leves e tratáveis.

    Reações transfusionais

    Uma das complicações mais graves é a reação transfusional hemolítica, que ocorre quando o paciente recebe sangue incompatível. Os sintomas incluem:

    • Febre e calafrios;
    • Dor nas costas;
    • Urina escura;
    • Queda de pressão e insuficiência renal.

    Nessas situações, a transfusão deve ser imediatamente interrompida, e o sangue deve ser testado novamente para confirmar a compatibilidade.

    A importância do trabalho em equipe

    A segurança das transfusões depende do trabalho conjunto entre médicos, enfermeiros e profissionais do banco de sangue. Cada etapa — da coleta e análise até a aplicação — exige atenção rigorosa.

    Esse cuidado integrado garante que o paciente receba o sangue mais seguro e adequado, evitando complicações e salvando vidas todos os dias.

    Veja também: Exames de rotina para homens: como cuidar da saúde urológica?

    Perguntas frequentes sobre o sistema ABO

    1. O que é o sistema ABO?

    É a classificação dos tipos de sangue em A, B, AB e O, de acordo com os antígenos nas hemácias e os anticorpos no plasma.

    2. Como saber qual é o meu tipo de sangue?

    Através de um exame de tipagem sanguínea, feito em laboratórios ou bancos de sangue.

    3. Por que o sangue tipo O é considerado doador universal?

    Porque não possui antígenos A ou B, o que evita reações em receptores de outros tipos.

    4. O tipo sanguíneo pode mudar ao longo da vida?

    Não. O tipo é determinado geneticamente e permanece o mesmo.

    5. É perigoso receber sangue incompatível?

    Sim. Pode causar reações graves, com destruição das hemácias e risco de insuficiência renal.

    6. Qual tipo sanguíneo é mais raro?

    Depende da população, mas em geral o tipo AB negativo é o mais raro.

    7. O tipo sanguíneo influencia doenças?

    Alguns estudos mostram associação entre certos tipos e maior risco de trombose, úlceras ou doenças cardiovasculares.

    8. O que significa compatibilidade sanguínea?

    É a relação entre o tipo de sangue do doador e do receptor que garante transfusões seguras, sem reações adversas.

    Confira: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

  • Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite 

    Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite 

    Cansaço constante, irritabilidade e sensação de estar “no limite” são sinais que merecem atenção. A síndrome de Burnout, também chamada de esgotamento profissional, é uma condição emocional grave provocada pelo estresse prolongado e intenso relacionado ao trabalho.

    Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional, ela não é apenas um estado de fadiga. O burnout representa o ponto em que o corpo e a mente não conseguem mais se recuperar, exigindo apoio psicológico e mudanças reais na rotina para evitar consequências sérias, como depressão e isolamento.

    O que é a síndrome de Burnout

    A síndrome de Burnout é um distúrbio emocional causado pelo estresse crônico no ambiente de trabalho. O termo vem do inglês burn out, que significa “queimar até o fim”, uma metáfora para o esgotamento físico e mental extremo.

    A pessoa afetada sente que não tem mais energia para lidar com as exigências do dia a dia e perde o prazer nas atividades que antes eram gratificantes.

    Quem pode ser afetado

    Embora qualquer pessoa possa desenvolver burnout, ele é mais frequente em profissionais sob pressão constante ou que trabalham diretamente com o público. Entre os mais afetados estão:

    • Profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, psicólogos);
    • Professores;
    • Gestores e executivos;
    • Policiais e bombeiros;
    • Atendentes e profissionais de suporte ao cliente.

    Com o avanço da tecnologia e o trabalho remoto, tornou-se ainda mais difícil desconectar-se das demandas profissionais, o que aumenta o risco de esgotamento.

    Causas e fatores de risco

    Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome:

    • Desequilíbrio entre esforço e reconhecimento;
    • Jornadas longas e falta de pausas;
    • Ambientes competitivos e com cobranças excessivas;
    • Falta de apoio de chefes ou colegas;
    • Insegurança profissional;
    • Dificuldade em separar vida pessoal e profissional;
    • Perfeccionismo e autoexigência exagerada;
    • Sensação de não corresponder às expectativas.

    Esses fatores, quando persistentes, desgastam a capacidade de recuperação emocional e física do indivíduo.

    Principais sintomas

    O burnout afeta corpo e mente, gerando sintomas físicos, emocionais e comportamentais.

    Sintomas físicos

    • Cansaço extremo que não melhora com o descanso;
    • Dores de cabeça, musculares ou nas costas;
    • Problemas digestivos e dor abdominal;
    • Alterações no sono (insônia ou sono excessivo);
    • Pressão alta e palpitações.

    Sintomas emocionais e mentais

    • Irritabilidade e crises de ansiedade;
    • Sensação de fracasso, culpa ou impotência;
    • Falta de prazer no trabalho e nas atividades diárias;
    • Dificuldade de concentração e lapsos de memória;
    • Isolamento social e vontade de se afastar das pessoas.

    Consequências da síndrome de Burnout

    Sem tratamento, a síndrome de burnout pode evoluir para depressão, crises de pânico, dependência de substâncias e outras doenças mentais. O impacto vai além do trabalho, pois pode afetar relacionamentos, autoestima e qualidade de vida.

    O esgotamento também pode comprometer a saúde física, aumentar o risco de doenças cardiovasculares e provocar o afastamento das atividades por longos períodos.

    Diagnóstico da síndrome de Burnout

    O diagnóstico deve ser feito por profissionais de saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras, com base nos sintomas e no histórico de exposição ao estresse profissional.

    Muitas pessoas não percebem que estão adoecendo e continuam tentando dar conta de tudo. O apoio de familiares e amigos, portanto, é importante para reconhecer os sinais e incentivar a busca por ajuda.

    Tratamento

    A recuperação da síndrome de burnout exige tempo, cuidado e mudanças de rotina. O tratamento pode incluir:

    • Psicoterapia, para identificar causas, reconhecer limites e desenvolver estratégias de enfrentamento;
    • Medicamentos, quando há sintomas de ansiedade, depressão ou distúrbios do sono;
    • Mudanças na rotina, com descanso adequado, lazer, exercícios físicos e hábitos saudáveis;
    • Apoio no ambiente de trabalho, com revisão de metas, redistribuição de tarefas e incentivo à comunicação aberta.

    Com acompanhamento adequado, a maioria das pessoas se recupera totalmente.

    Como prevenir

    A prevenção do burnout passa por autocuidado e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

    Medidas individuais

    • Estabelecer limites claros entre trabalho e descanso;
    • Fazer pausas regulares durante o dia;
    • Aprender a dizer não a demandas excessivas;
    • Manter atividade física, alimentação saudável e lazer;
    • Buscar apoio psicológico diante de sinais de sobrecarga.

    Medidas organizacionais

    As empresas também têm papel essencial na prevenção. Elas devem:

    • Promover ambientes saudáveis e colaborativos;
    • Incentivar diálogo e reconhecimento profissional;
    • Oferecer suporte emocional e programas de bem-estar.

    Confira: 7 dicas para equilibrar a vida pessoal e o trabalho

    Perguntas frequentes sobre a síndrome de Burnout

    1. O que é síndrome de burnout?

    É o esgotamento físico e emocional causado pelo estresse prolongado no trabalho.

    2. Quais são os primeiros sinais de burnout?

    Cansaço extremo, irritabilidade, insônia, desmotivação e sensação de incapacidade são os sintomas mais comuns.

    3. O burnout é considerado uma doença mental?

    A OMS o reconhece como um fenômeno ocupacional, mas ele pode levar a transtornos mentais se não for tratado.

    4. Qual profissional faz o diagnóstico?

    Psicólogos e psiquiatras são os profissionais indicados para avaliar e confirmar o quadro.

    5. O burnout tem cura?

    Sim. Com tratamento adequado, descanso e mudança nas condições de trabalho, a recuperação é possível.

    6. Quais profissões correm mais risco?

    Profissionais da saúde, professores, gestores e atendentes estão entre os mais afetados.

    7. O que diferencia burnout de estresse comum?

    O estresse é uma resposta pontual a situações desafiadoras; o burnout é crônico e causa exaustão profunda e perda de motivação.

    8. Como prevenir o burnout?

    Estabelecer limites, cuidar da saúde física e emocional e buscar ajuda profissional diante dos primeiros sinais são as principais medidas preventivas.

    Leia mais: 7 dicas de um médico para ser mais produtivo e ter menos estresse

  • Sarampo: conheça os sinais e veja o que fazer em caso de contato 

    Sarampo: conheça os sinais e veja o que fazer em caso de contato 

    Durante décadas, o sarampo foi considerado uma doença praticamente erradicada no Brasil. No entanto, a queda na cobertura vacinal nos últimos anos fez com que o vírus voltasse a circular e causasse novos surtos. Extremamente contagiosa, essa infecção viral pode provocar febre alta, manchas na pele e complicações graves, especialmente em crianças pequenas e pessoas não vacinadas.

    Transmitido pelo ar e capaz de permanecer suspenso por horas, o sarampo é uma das doenças infecciosas mais contagiosas conhecidas. A vacinação completa continua sendo a melhor forma de proteção — e também a principal maneira de evitar que o país volte a enfrentar grandes epidemias.

    O que é o sarampo

    O sarampo é uma doença infecciosa viral causada pelo paramixovírus, e se espalha facilmente pelo ar, através de gotículas expelidas ao tossir, falar ou espirrar. O vírus pode permanecer ativo no ambiente por várias horas, o que explica sua alta taxa de contágio.

    O período de incubação (tempo entre o contato com o vírus e o início dos sintomas) varia de 8 a 12 dias. A pessoa infectada começa a transmitir o vírus cerca de dois dias antes dos primeiros sintomas e permanece contagiosa até quatro dias após o surgimento das manchas na pele.

    Sintomas e evolução da doença

    O sarampo apresenta um quadro clínico clássico, dividido em duas fases principais:

    Fase inicial (prodrômica)

    Dura de 3 a 4 dias e se assemelha a uma gripe forte, com:

    • Febre alta e progressiva, que atinge o pico no início do exantema;
    • Tosse seca e persistente;
    • Mal-estar, fraqueza e cansaço;
    • Dor de cabeça;
    • Coriza (nariz escorrendo);
    • Olhos vermelhos e sensíveis à luz (fotofobia).

    Um sinal característico nessa fase são as manchas de Koplik, pequenas manchas brancas e azuladas na parte interna das bochechas, consideradas um marcador típico da doença.

    Fase das manchas na pele (exantemática)

    Nesta etapa, surgem manchas avermelhadas e levemente elevadas (exantema morbiliforme), que:

    • Começam atrás das orelhas;
    • Espalham-se para rosto, pescoço, tronco, braços e pernas;
    • Podem se unir em algumas regiões;
    • Desaparecem após 3 a 4 dias, deixando a pele com manchas acastanhadas temporárias.

    Durante essa fase, o paciente costuma ter o pior estado geral, com febre alta, tosse forte e aspecto abatido.

    Complicações possíveis

    Embora seja conhecida como uma doença da infância, o sarampo pode causar complicações graves, especialmente em:

    • Crianças pequenas;
    • Gestantes;
    • Pessoas desnutridas;
    • Indivíduos com imunidade baixa.

    Complicações mais comuns

    • Otite média (infecção no ouvido);
    • Laringite e traqueobronquite;
    • Pneumonia viral ou bacteriana;
    • Diarreia intensa e desidratação;
    • Infecções oculares, podendo causar cegueira;
    • Encefalite (inflamação cerebral);
    • Panencefalite esclerosante subaguda — que aparece anos depois e causa deterioração progressiva do sistema nervoso.

    Diagnóstico

    O diagnóstico pode ser clínico, com base nos sintomas e sinais característicos. No entanto, recomenda-se confirmação laboratorial por meio de:

    • Exame de sangue (sorologia) para detecção de anticorpos IgM;
    • Teste de PCR, que identifica o material genético do vírus.

    Esses exames são importantes para confirmar o diagnóstico e monitorar surtos da doença.

    Tratamento

    Não existe um tratamento específico contra o vírus do sarampo. O cuidado é feito com medicações para alívio dos sintomas, repouso e hidratação.

    • Uso de antitérmicos e analgésicos, conforme orientação médica;
    • Vitamina A (palmitato de retinol), recomendada pela OMS para reduzir complicações, morbidade e mortalidade da doença.

    O acompanhamento médico é essencial, especialmente em crianças pequenas, para evitar desidratação e infecções secundárias.

    Situação atual

    O Brasil recebeu, em 2016, o certificado de eliminação do sarampo pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Contudo, o vírus voltou a circular nos últimos anos devido à redução das taxas de vacinação.

    Durante a pandemia de covid-19, houve queda temporária nos casos, consequência do isolamento social. Mas, com o retorno da circulação de pessoas, os números voltaram a subir.

    Em abril de 2025, foram registrados 2.325 casos confirmados nas Américas, com quatro mortes — um aumento de 11 vezes em relação ao mesmo período de 2024.

    Diante disso, o Ministério da Saúde reintroduziu a dose zero (D0) da vacina contra sarampo em locais de maior risco, reforçando a importância da imunização.

    Prevenção

    A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir o sarampo. A vacina contém vírus vivo atenuado e é aplicada da seguinte forma:

    • 1ª dose: aos 12 meses (tríplice viral – sarampo, caxumba e rubéola);
    • 2ª dose: aos 15 meses (tetraviral – sarampo, caxumba, rubéola e varicela).

    Dose zero (D0)

    Devido ao aumento de casos, foi instituída uma dose adicional para crianças de 6 meses residentes em áreas de maior risco, como:

    • Roraima e Amapá;
    • Região Metropolitana de Belém e de São Paulo;
    • Municípios de fronteira e da Região Sul.

    Essa dose oferece proteção temporária, mas não substitui as doses do calendário regular.

    Cuidados com pessoas expostas ao vírus

    Quem teve contato com alguém com sarampo e não foi vacinado nem teve a doença deve seguir estas orientações:

    • Até 72 horas após a exposição: aplicar a vacina contra o sarampo;
    • Entre 3 e 6 dias após o contato: aplicar imunoglobulina humana, que oferece proteção temporária.

    Durante o período de contágio, recomenda-se isolamento respiratório, com uso de máscara, por pelo menos 4 dias após o início das manchas.

    Veja também: Escarlatina: uma infecção antiga que ainda exige atenção hoje

    Perguntas frequentes sobre sarampo

    1. O que é o sarampo?

    É uma infecção viral altamente contagiosa que provoca febre alta, manchas vermelhas na pele e pode causar complicações graves.

    2. Como o sarampo é transmitido?

    Pelo ar, através de gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou falar. O vírus pode permanecer suspenso por horas.

    3. Quais são os primeiros sintomas do sarampo?

    Febre alta, tosse seca, coriza, olhos vermelhos e pequenas manchas brancas na mucosa da boca (manchas de Koplik).

    4. Quando surgem as manchas na pele?

    Geralmente após 3 a 4 dias dos sintomas iniciais, começando atrás das orelhas e se espalhando pelo corpo.

    5. Existe tratamento para o sarampo?

    Não há tratamento específico. O cuidado é de suporte, com medicações para sintomas e vitamina A.

    6. Quem deve tomar a vacina contra o sarampo?

    Todas as pessoas conforme o calendário: 1ª dose aos 12 meses e 2ª aos 15 meses; adultos não vacinados também devem se imunizar.

    7. O que é a dose zero da vacina?

    É uma dose adicional aplicada em crianças de 6 meses em áreas com maior risco de surtos.

    8. O sarampo pode matar?

    Sim. A doença pode causar pneumonia, encefalite e outras complicações graves, especialmente em crianças pequenas.

    Veja mais: Catapora: tudo o que você precisa saber sobre sintomas e prevenção