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  • Como o cérebro decide o que lembrar e o que esquecer 

    Como o cérebro decide o que lembrar e o que esquecer 

    Você já se perguntou por que algumas lembranças parecem eternas, enquanto outras somem em minutos? Há uma explicação científica para isso e, ao contrário do que muitos imaginam, esquecer faz parte de um cérebro saudável.

    De acordo com o psiquiatra Luiz Dieckmann, o esquecimento não é uma falha, e sim um processo ativo que ajuda a manter o equilíbrio mental.

    “Durante o sono, principalmente na fase mais profunda, nós literalmente limpamos a nossa casinha”, explica o médico. Essa “faxina cerebral” é feita pelo sistema glinfático, uma descoberta recente da neurociência que ajudou os cientistas a entender melhor como o sono protege a memória.

    Lembrar e esquecer são duas faces da mesma moeda

    A memória humana não é uma biblioteca infinita, mas sim seletiva. O cérebro precisa decidir o que vale a pena guardar e o que deve ser apagado para evitar sobrecarga.

    Essa filtragem ocorre principalmente no hipocampo, estrutura responsável pela formação e consolidação das memórias. Ele atua como um curador interno, escolhendo quais experiências serão enviadas ao córtex cerebral, onde ficam armazenadas as lembranças de longo prazo.

    Segundo Dieckmann, as memórias com forte carga emocional têm prioridade. “Você precisa lembrar do seu primeiro beijo, mas não necessariamente do que almoçou na terça-feira passada”, comenta o psiquiatra.

    Durante o sono, o cérebro faz uma verdadeira faxina

    O esquecimento saudável acontece principalmente durante o sono profundo. É nesse momento que o sistema glinfático entra em ação — uma rede descoberta há pouco mais de 10 anos que funciona como o sistema linfático do cérebro.

    Enquanto dormimos, o sistema glinfático remove toxinas e resíduos metabólicos, além de “descartar” informações desnecessárias acumuladas durante o dia. Por isso, dormir bem não apenas melhora a memória, como também previne esquecimentos e protege o cérebro a longo prazo.

    Repetição e emoção: os segredos da lembrança duradoura

    O cérebro interpreta a repetição como um sinal de importância. É por isso que você lembra da letra de uma música antiga ou da senha do Wi-Fi que digita todos os dias. Segundo Dieckmann, informações repetidas ganham prioridade, pois o cérebro entende que aquilo merece ser reforçado.

    A emoção também é um fator determinante. Situações que envolvem alegria, medo ou surpresa fixam a lembrança com mais força no hipocampo. Isso explica por que recordamos eventos marcantes, mas esquecemos rotinas comuns.

    Confira: Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite

    Esquecer também é importante para a saúde mental

    Esquecer é tão importante quanto lembrar. O esquecimento ativo permite ao cérebro se adaptar a novas informações, evita o acúmulo de dados irrelevantes e reduz o estresse cognitivo.

    Ou seja: quando você esquece onde deixou as chaves, o cérebro não está “falhando”, mas priorizando o que considera mais útil para a sobrevivência, o aprendizado e o equilíbrio emocional.

    A memória é dinâmica: o hipocampo seleciona, o sistema glinfático limpa, o sono consolida e a emoção dá peso às recordações. Em resumo, esquecer é sinal de que o cérebro está funcionando bem — e que você está dormindo bem também.

    Veja mais aqui:

     

    Perguntas frequentes sobre memória

    1. O que é o sistema glinfático?

    É o sistema de drenagem do cérebro responsável por remover toxinas e resíduos durante o sono, ajudando na limpeza e manutenção da função cerebral.

    2. O hipocampo é o centro da memória?

    Ele é uma das principais estruturas envolvidas na formação e consolidação das memórias, mas o armazenamento de longo prazo ocorre no córtex cerebral.

    3. Dormir pouco atrapalha a memória?

    Sim. A privação de sono reduz a atividade do sistema glinfático e prejudica a consolidação da memória, aumentando o risco de esquecimentos.

    4. Repetir algo muitas vezes ajuda a decorar?

    Sim. A repetição indica ao cérebro que a informação é importante, fortalecendo as conexões neurais responsáveis pela memória de longo prazo.

    5. É normal esquecer coisas simples no dia a dia?

    Sim, especialmente quando estamos cansados, estressados ou distraídos. Esquecer pequenas coisas faz parte do funcionamento normal da memória.

    6. Quando o esquecimento deixa de ser normal?

    Quando se torna frequente, interfere na rotina e vem acompanhado de confusão mental. Nesses casos, é importante buscar avaliação médica.

    Leia mais: Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas

  • Meningite bacteriana: veja tipos, sintomas e como se prevenir 

    Meningite bacteriana: veja tipos, sintomas e como se prevenir 

    A meningite bacteriana é uma das infecções mais temidas na medicina, e com toda a razão. Ela afeta as meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, e pode agravar de forma muito rápida, levando a sequelas neurológicas ou até à morte em poucas horas se não for tratada a tempo.

    Apesar da gravidade, a boa notícia é que grande parte dos casos pode ser prevenida por meio da vacinação. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece vacinas gratuitas contra os principais tipos de bactérias que causam a doença, incluindo a meningite meningocócica e a meningite pneumocócica, duas das formas mais agressivas.

    O que é meningite bacteriana

    A meningite bacteriana é uma infecção causada por bactérias que invadem o líquido que circula entre as meninges, as membranas que protegem o cérebro e a medula espinhal. Essa invasão desencadeia uma inflamação intensa, que pode comprometer o funcionamento do sistema nervoso central.

    Ela é considerada uma emergência médica, já que pode progredir rapidamente e causar complicações como convulsões, surdez, sequelas neurológicas e até óbito.

    As principais bactérias responsáveis são:

    • Neisseria meningitidis (meningococo);
    • Streptococcus pneumoniae (pneumococo);
    • Haemophilus influenzae tipo b (Hib).

    Entre elas, a meningite meningocócica é a mais comum e a que preocupa mais os especialistas devido ao potencial de surtos e à evolução rápida.

    O Haemophilus influenzae tipo b (Hib) era uma causa importante, mas os casos foram drasticamente reduzidos após a vacinação em massa no país

    Meningite meningocócica causada por Neisseria meningitidis

    A meningite meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis e pode se espalhar por gotículas de saliva e secreções respiratórias, como, por exemplo, ao tossir, espirrar ou compartilhar copos e talheres.

    Existem diferentes tipos da bactéria, sendo os principais os identificados pelas letras A, B, C, W e Y. Cada um deles pode circular de forma diferente em cada região do mundo, e a vacinação é direcionada para os mais frequentes:

    • Meningococo C: foi o tipo mais comum no Brasil nas últimas décadas;
    • Meningococo B: vem crescendo em alguns estados, especialmente em crianças pequenas;
    • Meningococos W e Y: têm aumentado entre adolescentes e adultos jovens;
    • Meningococo A: mais frequente na África e em surtos internacionais.

    A forma meningocócica é extremamente grave e pode causar, além da meningite, uma infecção generalizada chamada meningococcemia, que compromete a circulação sanguínea e pode levar à falência múltipla de órgãos.

    Meningite pneumocócica causada por Streptococcus pneumoniae

    Outro tipo importante é a meningite pneumocócica, causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae, também chamada de pneumococo. Ela pode afetar pessoas de todas as idades, mas é mais comum em crianças pequenas, idosos e pessoas com imunidade baixa, como aquelas portadoras de doenças crônicas ou imunossuprimidas.

    O pneumococo é uma bactéria versátil, pois além da meningite também pode causar pneumonia, sinusite e otite média, e em alguns casos leva a quadros graves de infecção generalizada, também conhecida como sepse.

    Os sintomas são semelhantes aos da meningite meningocócica, ou seja, febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca e sonolência, mas a evolução pode ser ainda mais rápida e deixar sequelas como perda auditiva, convulsões e déficits neurológicos.

    Sintomas da meningite bacteriana

    Os sintomas costumam aparecer de forma súbita, nas primeiras 24 a 48 horas da infecção. Os mais comuns são:

    • Febre alta;
    • Dor de cabeça intensa;
    • Rigidez no pescoço (dificuldade de encostar o queixo no peito);
    • Náuseas e vômitos;
    • Sensibilidade à luz;
    • Sonolência ou confusão mental;
    • Manchas roxas pelo corpo (em casos de meningococcemia).

    Em bebês e crianças pequenas, os sinais podem ser diferentes, como choro inconsolável, irritabilidade, recusa alimentar, moleira abaulada e sonolência excessiva.

    Qualquer suspeita de meningite deve ser tratada como urgência. O diagnóstico é feito por punção lombar (coleta do líquor) e exames laboratoriais, e o tratamento deve começar o mais rápido possível com antibióticos.

    Transmissão da meningite bacteriana

    A meningite bacteriana se transmite de pessoa para pessoa por gotículas respiratórias, especialmente em locais fechados ou com aglomeração, como escolas, creches, universidades e alojamentos.

    O período de incubação varia de 2 a 10 dias, e a pessoa pode transmitir a bactéria mesmo antes de apresentar sintomas. Por isso, familiares e pessoas que tiveram contato próximo com o doente podem precisar receber antibióticos preventivos.

    Tipos de vacinas que protegem contra meningite

    O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece vacinas específicas contra as principais bactérias causadoras da meningite:

    • Meningocócica C (conjugada): protege contra o meningococo tipo C. Disponível no SUS;
    • Meningocócica ACWY (conjugada): protege contra os tipos A, C, W e Y. Disponível no SUS;
    • Meningocócica B: disponível na rede privada, indicada a partir dos 2 meses de idade;
    • Pneumocócicas 10, 13 e 20-valentes: protegem contra o Streptococcus pneumoniae. A vacina pneumocócica 10-valente está disponível no SUS. As vacinas 13 e 20-valentes, que protegem contra mais sorotipos, estão disponíveis na rede privada e em Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), em casos específicos;
    • Haemophilus influenzae tipo b (Hib): incluída na pentavalente infantil. Disponível no SUS.

    Essas vacinas são seguras e reduzem drasticamente os casos e as complicações da meningite bacteriana.

    Complicações e sequelas

    Mesmo com tratamento, cerca de 10% dos casos de meningite bacteriana podem evoluir para óbito, e até 20% dos sobreviventes podem ter sequelas, como:

    • Perda auditiva;
    • Dificuldades de aprendizagem;
    • Convulsões;
    • Problemas motores;
    • Déficits cognitivos.

    Por isso, o diagnóstico e o início precoce do tratamento são extremamente importantes para aumentar as chances de recuperação completa.

    Veja também: Coqueluche: a ‘tosse comprida’ que pode ser perigosa para bebês

    Perguntas frequentes sobre meningite bacteriana

    1. Meningite bacteriana é contagiosa?

    Sim. Ela pode ser transmitida por gotículas de saliva e secreções respiratórias.

    2. Qual é o tipo mais grave de meningite?

    A meningite meningocócica, causada pela Neisseria meningitidis, é uma das mais graves e pode evoluir rapidamente.

    3. Quais vacinas protegem contra meningite?

    As principais são as vacinas meningocócicas C e ACWY, além das que protegem contra Haemophilus influenzae tipo b e pneumococos, como as vacinas pneumocócicas 10, 13 e 20-valentes.

    4. Qual a diferença entre meningite bacteriana e viral?

    A bacteriana é mais grave e requer antibióticos. A viral costuma ser mais leve e se resolve sozinha, mas com suporte e acompanhamento médico.

    5. Crianças e adolescentes precisam de reforço da vacina?

    Sim. O reforço da vacina meningocócica ACWY é essencial na adolescência, quando o risco de transmissão aumenta.

    6. Como saber se é meningite?

    Febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez no pescoço e manchas roxas na pele são sinais de alerta. Procure atendimento imediato.

    Leia também: Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer

  • Melatonina causa insuficiência cardíaca? Saiba por que ainda é cedo para afirmar 

    Melatonina causa insuficiência cardíaca? Saiba por que ainda é cedo para afirmar 

    A melatonina se tornou uma das substâncias mais populares entre quem busca uma noite de sono melhor. Vendida como suplemento em diversos países, inclusive no Brasil, é vista como uma alternativa natural para lidar com a insônia e o jet lag. Um novo estudo, porém, associou o uso prolongado de melatonina a um risco maior de insuficiência cardíaca, o que gerou preocupação e manchetes em todo o mundo.

    Apesar do impacto dos resultados, ainda não é possível afirmar que a melatonina cause problemas cardíacos. O estudo é observacional, ou seja, mostra uma correlação, mas não prova causa e efeito. Além disso, pessoas que usam melatonina com frequência geralmente apresentam insônia mais grave — e a própria insônia, quando persistente, já é conhecida por aumentar o risco de doenças cardiovasculares.

    O que o estudo realmente descobriu

    Pesquisadores acompanharam mais de 130 mil adultos com histórico de insônia. Parte deles fazia uso regular de melatonina por pelo menos um ano. Após cerca de cinco anos de acompanhamento, os resultados mostraram que os usuários frequentes apresentaram maior incidência de insuficiência cardíaca e hospitalizações relacionadas ao coração.

    No entanto, os autores do estudo destacaram que essa relação não comprova que a melatonina seja a causa direta. Outros fatores, como o grau da insônia, a presença de doenças pré-existentes, uso de medicamentos ou hábitos de vida, podem ter influenciado os resultados.

    Por que a insônia merece atenção

    A insônia é um distúrbio do sono que afeta todo o corpo. Dormir mal de forma crônica está associado a aumento da pressão arterial, alterações hormonais, ganho de peso, diabetes, depressão e maior risco de infarto e insuficiência cardíaca.

    Quando uma pessoa tem insônia grave e não tratada, o coração trabalha sob estresse constante, o que ajuda a explicar por que dormir pouco ou dormir mal pode causar tantos problemas de saúde.

    Por isso, mesmo que a melatonina não seja isenta de riscos, o foco principal deve continuar sendo o tratamento adequado da insônia, com orientação médica e acompanhamento de um especialista em sono.

    O que fazer na prática

    • Não interrompa o uso por conta própria: se você toma melatonina regularmente e ela foi prescrita por um médico, converse com ele antes de parar.
    • Evite o uso prolongado sem orientação: mesmo suplementos naturais podem ter efeitos adversos e interações medicamentosas.
    • Avalie sua rotina de sono: manter horários regulares, evitar telas antes de dormir e cuidar da alimentação ajudam mais do que muitos imaginam.
    • Procure ajuda especializada: um médico pode indicar terapias comportamentais, ajustes no estilo de vida e, se necessário, outros medicamentos para tratar a insônia.

    Veja mais: Insônia na menopausa: 4 medidas para melhorar o sono

    Quando a melatonina pode ser útil

    A melatonina pode ser útil em situações específicas, como:

    • Distúrbios do ritmo circadiano, como jet lag ou trabalho noturno;
    • Idosos com produção natural reduzida do hormônio;
    • Pessoas com autismo ou TDAH, sob supervisão médica.

    O uso contínuo deve ser avaliado individualmente, considerando histórico clínico, dose e tempo de uso.

    Portanto, o novo estudo não prova que a melatonina cause insuficiência cardíaca, mas reforça a importância de usar o suplemento com cautela e orientação médica. Mais do que culpar a melatonina, o recado é claro: tratar a insônia é também cuidar do coração.

    Confira: Insônia: por que dormir mal afeta corpo e mente

    Perguntas frequentes sobre melatonina e insuficiência cardíaca

    1. O estudo prova que a melatonina causa insuficiência cardíaca?

    Não. O estudo é observacional e mostra apenas uma associação, sem comprovar relação de causa e efeito.

    2. Então, posso continuar tomando melatonina?

    Sim, se for sob orientação médica. O risco maior está no uso prolongado, em altas doses e sem acompanhamento.

    3. E se eu usar melatonina só de vez em quando?

    O uso ocasional e em doses baixas é considerado seguro para a maioria das pessoas.

    4. A insônia é perigosa para o coração?

    Sim. Dormir mal de forma crônica pode aumentar o risco de hipertensão, infarto e insuficiência cardíaca.

    5. O que devo fazer se tenho insônia?

    Procure um médico para investigar a causa. Pode ser necessário ajustar hábitos, tratar ansiedade ou iniciar terapia do sono.

    Leia também: Tem insônia? Veja o que fazer para voltar a dormir bem

  • Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa 

    Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa 

    A tirzepatida, medicamento originalmente desenvolvido para o tratamento do diabetes tipo 2 e do controle da obesidade, recebeu também aprovação para tratar a apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade. A decisão, validada por agências internacionais e reconhecida pela Anvisa, representa um avanço no manejo de um dos distúrbios do sono mais comuns e potencialmente perigosos.

    Até pouco tempo, o tratamento da apneia se baseava principalmente em aparelhos como o CPAP, usados para manter as vias respiratórias abertas durante o sono. Agora, com a nova indicação da tirzepatida, a medicina ganha uma abordagem medicamentosa capaz de atuar na raiz do problema em muitos pacientes — o excesso de peso.

    O que é a tirzepatida?

    A tirzepatida é um medicamento injetável que atua como agonista duplo: dos receptores de GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1) e de GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose). Em termos simples, ela ajuda a controlar o açúcar no sangue, reduzir o apetite e promover perda de peso.

    O que é apneia obstrutiva do sono (AOS)?

    A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por pausas repetidas ou reduções do fluxo de oxigênio durante o sono, causadas por uma obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores.

    Essas interrupções provocam quedas na oxigenação do sangue, despertares frequentes, sono fragmentado, sonolência diurna e aumento do risco de pressão alta, doenças cardiovasculares, derrame e outras complicações. Um dos principais fatores de risco é a obesidade, já que o acúmulo de gordura na região do pescoço e das vias aéreas pode agravar a obstrução.

    Por que a tirzepatida agora é utilizada para apneia obstrutiva do sono?

    Pesquisas recentes demonstraram que a tirzepatida reduz significativamente os episódios de apneia durante o sono em pessoas com obesidade e apneia moderada a grave. Nos estudos clínicos, os participantes que usaram o medicamento tiveram menos pausas respiratórias por hora do que aqueles que receberam placebo.

    Além disso, os pacientes tratados apresentaram melhora na perda de peso, melhor oxigenação durante o sono, redução da pressão arterial e melhora da qualidade de vida, com relatos de noites mais tranquilas e menos cansaço durante o dia.

    Aprovações regulatórias

    Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou a tirzepatida em 20 de dezembro de 2024 para o tratamento de adultos com apneia obstrutiva do sono moderada a grave associada à obesidade, em conjunto com dieta de baixa caloria e aumento da atividade física.

    No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também aprovou a nova indicação do Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da apneia do sono em adultos com obesidade.

    Até então, o tratamento era baseado principalmente em medidas mecânicas, como o uso do CPAP, ou cirúrgicas. A introdução de uma terapia medicamentosa representa um avanço importante na abordagem integrada da doença.

    Veja mais: Wegovy e Ozempic: como funcionam para perda de peso

    Benefícios e cuidados

    Quem pode se beneficiar

    • Adultos com apneia obstrutiva do sono moderada a grave e obesidade (IMC elevado) ou sobrepeso com comorbidades;
    • Pessoas com dificuldade em usar ou tolerar o CPAP, ou que desejam uma estratégia combinada de perda de peso e melhora respiratória.

    Quem deve ter cuidado

    • A eficácia depende de adesão à dieta e atividade física, que fazem parte da recomendação oficial;
    • Podem ocorrer efeitos adversos gastrointestinais, como náuseas, vômitos, diarreia ou constipação;
    • Pessoas sem obesidade ou cuja apneia tenha causas anatômicas podem não ter o mesmo benefício;
    • É necessária avaliação médica especializada em sono, obesidade e endocrinologia.

    O que muda no tratamento da apneia obstrutiva do sono com essa nova opção

    • Surge a primeira alternativa medicamentosa aprovada para apneia associada à obesidade, além dos aparelhos tradicionais como o CPAP;
    • Permite uma abordagem mais abrangente, tratando simultaneamente obesidade e apneia, com impacto positivo na saúde cardiovascular e metabólica;
    • Reflete a importância do acompanhamento multidisciplinar — com especialistas em pneumologia, sono, endocrinologia e nutrição;
    • Não substitui totalmente o CPAP, mas pode atuar de forma complementar ou alternativa em casos selecionados.

    Confira: Ozempic protege o coração? Veja como a semaglutida age

    Perguntas frequentes sobre tirzepatida e apneia obstrutiva do sono

    1. Tirzepatida já está disponível para apneia no Brasil?

    Sim. A Anvisa aprovou a indicação de Mounjaro (tirzepatida) para apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade.

    2. Significa que posso parar de usar CPAP se começar tirzepatida?

    Não necessariamente. O CPAP continua sendo o tratamento padrão para muitos casos. A tirzepatida pode ser usada de forma complementar ou alternativa, com supervisão médica.

    3. Como a tirzepatida melhora a apneia do sono?

    Principalmente por induzir perda de peso e reduzir o acúmulo de gordura corporal, que é um dos principais fatores da apneia obstrutiva do sono.

    4. Quais são os efeitos colaterais mais comuns?

    Os mais frequentes são náuseas, vômitos, diarreia e constipação. É essencial usar o medicamento com prescrição e acompanhamento médico.

    5. Todos os pacientes com apneia obstrutiva do sono podem usar tirzepatida?

    Não. A indicação é para adultos com obesidade e apneia moderada a grave. Pacientes com apneia leve, sem obesidade ou com causas anatômicas específicas devem discutir o caso com um especialista.

    6. A tirzepatida cura a apneia obstrutiva do sono?

    Não cura de forma definitiva, mas pode reduzir significativamente os eventos de apneia-hipopneia. A condição ainda precisa de acompanhamento e controle dos fatores de risco.

    7. Preciso perder peso para que o medicamento funcione?

    Sim. A perda de peso faz parte do mecanismo de ação da tirzepatida e foi uma das condições de aprovação. O tratamento deve ser associado a dieta balanceada e atividade física regular.

    Veja mais: Ozempic e similares podem reduzir risco de câncer ligado à obesidade?

  • Melasma: o que é, causas, sintomas e como tratar

    Melasma: o que é, causas, sintomas e como tratar

    Afetando cerca de 35% das mulheres brasileiras em idade reprodutiva, o melasma é uma condição de pele caracterizada pelo surgimento de manchas escuras, acastanhadas ou amarronzadas, que aparecem principalmente nas áreas mais expostas ao sol, como o rosto, o colo e os antebraços.

    Apesar de ser benigna e não indicar riscos para a saúde, o melasma pode causar grande desconforto estético e emocional — e requer acompanhamento dermatológico e cuidados contínuos no dia a dia, já que tende a retornar com facilidade. Vem entender mais os detalhes sobre a condição!

    O que é melasma?

    O melasma é uma condição crônica da pele caracterizada por manchas escuras ou acastanhadas que surgem, principalmente, nas bochechas, testa, nariz e buço.

    Elas têm bordas bem definidas e formato irregular, e podem variar de intensidade conforme o tipo de pele e o nível de exposição solar. As manchas acontecem em função do aumento da produção de melanina, pigmento responsável pela cor da pele, cabelo e olhos.

    Vale ressaltar que o melasma não causa dor, coceira ou descamação — e nem representa risco de câncer, de acordo com a dermatologista Gabriela Capareli. No entanto, as manchas podem afetar profundamente a autoconfiança e o bem-estar emocional de quem convive com a condição.

    Causas do melasma

    A causa exata do melasma ainda não é totalmente compreendida, mas Gabriela e a Sociedade Brasileira de Dermatologia apontam especialmente os seguintes fatores:

    • Predisposição genética: histórico familiar aumenta a tendência.
    • Exposição solar e luz visível: estimulam melanina e agravam as manchas; mesmo pequenas exposições (dirigir, caminhar) pioram o quadro.
    • Alterações hormonais: comum na gravidez (cloasma), com anticoncepcionais e TRH.
    • Estresse e sono ruim: elevação do cortisol pode desregular melanócitos.
    • Calor e inflamações: saunas, banhos muito quentes e inflamação cutânea podem desencadear/escurecer manchas.

    Quais os sintomas do melasma?

    • Manchas acastanhadas/amarronzadas;
    • Formato irregular e muitas vezes simétrico (em ambos os lados da face);
    • Localização predominante na face (bochechas, testa, nariz, lábio superior);
    • Possibilidade em áreas expostas (braços, pescoço e colo – melasma extrafacial).

    As manchas tendem a intensificar no verão e clarear no inverno. Em casos mais profundos, podem ter coloração acinzentada.

    O que piora o melasma?

    • Exposição solar sem proteção (inclusive em dias nublados);
    • Calor excessivo (saunas, banhos muito quentes, cozinhas industriais);
    • Tratamentos agressivos (peelings profundos, lasers inadequados);
    • Uso incorreto de clareadores/ácidos;
    • Falta de fotoproteção diária;
    • Uso contínuo de anticoncepcionais hormonais;
    • Estresse, sono irregular e dieta pró-inflamatória.

    Até entrar em um carro muito quente pode piorar as manchas. O acompanhamento com dermatologista é essencial para definir a melhor conduta.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico é clínico. Na maioria dos casos, o dermatologista identifica pela avaliação direta da pele; quando necessário, utiliza dermatoscopia.

    Classificação:

    • Epidérmico: superficial, responde melhor.
    • Dérmico: mais profundo, mais resistente.
    • Misto: pigmentação em múltiplas camadas.

    A definição do tipo orienta o tratamento e evita procedimentos que possam agravar o quadro.

    Tratamentos de melasma

    O plano terapêutico é individualizado e combina rotina, histórico de tratamentos, hábitos e possíveis alergias. A base é fotoproteção rigorosa (UV e luz visível) e, quando indicado, clareadores e procedimentos.

    Fotoproteção

    • Uso contínuo de protetor com FPS ≥ 50 e filtro com cor (protege também da luz visível);
    • Reaplicar a cada 4 horas, inclusive em ambientes internos;
    • Barreiras físicas: viseiras, chapéus, óculos; proteção corporal também;
    • Queimaduras em outras áreas do corpo podem induzir inflamação sistêmica e piorar o melasma.

    Clareadores tópicos

    Atuam inibindo a tirosinase e/ou acelerando a renovação celular. Opções comuns (conforme SBD): hidroquinona, ácido glicólico, retinoico e azeláico. Resultados geralmente começam a aparecer em ~2 meses. A combinação é frequente, mas o excesso irrita e pode gerar rebote.

    Peelings químicos

    • Superficiais (glicólico, mandélico, lático): bons para peles sensíveis e clareamento gradual;
    • Médios (retinoico, TCA): uso cauteloso, atingem camadas mais profundas;
    • Combinados: associações de ácidos/antioxidantes.

    Em geral, 3–6 sessões mensais. Fotoproteção rigorosa no pós-procedimento é obrigatória.

    Laser e Luz Intensa Pulsada (LIP)

    Podem fragmentar o pigmento e acelerar o clareamento. Nem todo laser é indicado para melasma: o calor pode escurecer a área. Indicação e parâmetros devem ser definidos por dermatologista experiente.

    Microagulhamento

    Microperfura a pele para induzir colágeno e facilitar a penetração de clareadores (drug delivery). Exige avaliação criteriosa quanto a tipo de pele, profundidade e histórico.

    Melasma tem cura?

    Não há cura definitiva. É crônico e recidivante, mas pode ser mantido sob controle com tratamento contínuo, disciplina e seguimento dermatológico — deixando as manchas quase imperceptíveis por longos períodos.

    Como prevenir o melasma?

    • Protetor diário FPS 50+ com proteção UVA/UVB/IV/luz visível (preferir com cor);
    • Reaplicar a cada 3–4 horas e sempre que suar/lavar o rosto;
    • Barreiras físicas: chapéus, viseiras, óculos; roupas com proteção UV;
    • Buscar sombra/guarda-sóis; evitar sol direto, especialmente 10h–16h;
    • Alimentação anti-inflamatória, manejo do estresse e sono de qualidade;
    • Evitar anticoncepcionais hormonais sem orientação médica.

    Veja também: Espinhas na vida adulta: entenda as causas os principais tratamentos

    Perguntas frequentes

    O melasma aparece só no rosto?

    Não. Embora a face seja a área mais afetada, pode surgir em pescoço, colo e braços (melasma extrafacial), geralmente mais resistente. A fotoproteção corporal é indispensável.

    Como saber se é melasma ou outro tipo de mancha?

    O diagnóstico é clínico/dermatoscópico. Outras manchas (acne pós-inflamatória, queimaduras, dano solar, lentigos) podem confundir. Em casos complexos, a luz de Wood ajuda a estimar a profundidade do pigmento.

    Grávidas podem tratar o melasma?

    O cloasma gravídico é comum. Na gestação, evitar procedimentos agressivos; o foco é fotoproteção rigorosa (filtros com cor, barreiras físicas). Após o parto/amamentação, o dermatologista pode introduzir clareadores e peelings suaves.

    O melasma pode desaparecer sozinho?

    Não. Pode clarear em épocas de menor exposição, mas retorna sem tratamento. Há “memória celular” do pigmento; por isso, manter cuidados diários mesmo quando as manchas estão controladas.

    O melasma pode ser tratado em casa?

    Sim, com orientação médica. Há clareadores domiciliares, ácidos leves, hidratantes calmantes e protetores com cor. Evite misturar produtos por conta própria para não irritar e agravar o quadro.

    Veja mais: Dermatite atópica: o que é, sintomas e cuidados

  • Canetas emagrecedoras: como evitar o efeito rebote no emagrecimento?

    Canetas emagrecedoras: como evitar o efeito rebote no emagrecimento?

    A introdução de medicamentos injetáveis, como Ozempic (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida) causou uma mudança significativa no tratamento de obesidade. Eles oferecem resultados rápidos na perda de peso, atuando por meio da imitação de um hormônio natural do corpo, o GLP-1, responsável por regular o apetite, o esvaziamento gástrico e os níveis de glicose no sangue.

    No entanto, como ocorre em praticamente todo processo de emagrecimento, os quilos perdidos podem retornar rapidamente após a interrupção do medicamento — especialmente quando não há manutenção de hábitos saudáveis que contribuem para o controle do apetite. O processo, conhecido como efeito rebote, pode causar o reganho parcial ou total do peso perdido.

    Mas afinal, é possível evitar o efeito rebote depois de interromper o uso dos agonistas GLP-1? Conversamos com a endocrinologista Denise Orlandi para esclarecer os principais cuidados após o tratamento.

    Como os agonistas GLP-1 atuam na perda de peso?

    Os agonistas de GLP-1 (como a semaglutida, presente no Ozempic e no Wegovy, e a tirzepatida, do Mounjaro) são remédios injetáveis que atuam imitando a ação de um hormônio natural do intestino — o peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1, que regula o apetite, o esvaziamento gástrico e o metabolismo da glicose.

    Quando administrados, eles aumentam a saciedade, diminuem a fome e retardam a digestão, o que ajuda a pessoa a comer menos e se sentir satisfeita por mais tempo. Eles também melhoram a sensibilidade à insulina e ajudam a controlar os níveis de glicose no sangue, fator importante para quem tem resistência à insulina ou diabetes tipo 2.

    O Mounjaro ainda tem um diferencial: ele age em outro hormônio intestinal, o GIP, o que potencializa seus efeitos sobre o metabolismo e a queima de gordura. De acordo com ensaios clínicos, ele pode provocar até 47% mais perda de peso do que outros medicamentos da mesma classe de agonistas.

    No entanto, vale lembrar que o efeito não é apenas metabólico. Durante o tratamento de obesidade ou sobrepeso, a pessoa tende a mudar hábitos alimentares e ajustar a rotina — algo que precisa ser mantido mesmo após o término do medicamento.

    Efeito rebote: por que pode acontecer?

    Quando o uso dos agonistas GLP-1 termina, o corpo reage de forma natural: a fome aumenta e a saciedade diminui. Isso acontece porque o remédio deixa de agir nos receptores do intestino e do cérebro, que ajudavam a controlar o apetite.

    O corpo humano tem uma espécie de memória metabólica, um mecanismo de defesa que tenta manter o peso anterior — como se aquele fosse o ponto de equilíbrio do organismo.

    “Quando emagrecemos, seja com medicamentos ou apenas com dieta e exercício, o corpo entende que está ‘perdendo reserva’ como se fosse uma agressão, e aciona mecanismos de defesa: aumenta a fome, diminui o gasto de energia e estimula a recuperação do peso”, explica a endocrinologista Denise Orlandi.

    Isso pode acontecer até mesmo com pessoas que passam por cirurgias bariátricas. A diferença é que o retorno da fome pode ser mais intenso após o fim do tratamento, o que aumenta o risco do efeito rebote.

    Como evitar o efeito rebote depois de parar com Ozempic e Mounjaro?

    Os ajustes nos hábitos de vida, que devem começar com o uso das canetas emagrecedoras, precisam ser mantidos permanentemente — tanto para manter o peso corporal quanto para preservar a saúde.

    “As mudanças são fundamentais para o sucesso do processo de emagrecimento e para o período de manutenção. Costumo dizer que o período de tratamento com medicação é uma oportunidade para ajustar seus hábitos para a vida”, complementa Denise.

    Confira algumas orientações:

    Continue praticando exercícios físicos

    A prática regular de atividades físicas não apenas ajuda a gastar calorias, mas também protege a massa muscular, mantém o metabolismo ativo e reduz o risco de doenças cardiovasculares. Durante o emagrecimento, parte da massa magra pode ser comprometida — e a prática de treinos de força, em especial, previne isso.

    Recomendação da OMS para adultos:

    • Atividade aeróbica: 150–300 minutos/semana (moderada) ou 75–150 minutos/semana (vigorosa), ou combinação equivalente;
    • Fortalecimento muscular: 2+ dias/semana, envolvendo os principais grupos musculares.

    “Exercícios de força, especialmente a musculação, são fundamentais para preservar e aumentar a massa muscular. Eles ajudam também nos quadros de resistência à insulina e pré-diabetes. Exercícios aeróbicos (caminhada, corrida, bicicleta, dança) também são importantes, principalmente para saúde cardiovascular e gasto calórico”, explica Denise.

    A melhor fórmula é combinar os dois e escolher atividades prazerosas — isso aumenta a chance de manter a prática a longo prazo.

    Invista em proteína e fibra

    A fome tende a aumentar com o fim do tratamento, e isso aumenta a chance de efeito rebote. Priorizar alimentos in natura ou minimamente processados, ricos em proteínas e fibras, ajuda a manter a saciedade e o controle do apetite.

    A proteína estimula hormônios intestinais (como PYY e GLP-1) que sinalizam saciedade, além de ter digestão mais lenta. Inclua ovos, frango, peixe, carnes magras, leguminosas e iogurtes sem lactose nas principais refeições.

    As fibras (frutas, vegetais, leguminosas, integrais) aumentam o volume do alimento e retardam o esvaziamento gástrico, prolongando a saciedade.

    Fracione as refeições

    Após interromper a caneta, o organismo ainda se ajusta à nova fome. Evite longos períodos sem comer. Mantenha intervalos regulares com lanches ricos em proteína/fibra (ex.: fruta com aveia, iogurte com chia, torrada integral com homus). Isso estabiliza a glicemia e reduz episódios de compulsão.

    Durma bem e reduza o estresse

    Privação de sono e estresse crônico elevam o cortisol, estimulando fome (especialmente por carboidratos) e acúmulo de gordura, com isso, o efeito rebote. Adultos devem dormir 7–9 horas por noite, com higiene do sono: horários regulares, menos telas e ambiente escuro/silencioso.

    Continue o acompanhamento médico e nutricional

    O tratamento não termina com o fim do medicamento. Consultas regulares permitem:

    • Ajustar alimentação e atividade física;
    • Identificar precocemente sinais de reganho;
    • Reforçar estratégias de motivação;
    • Avaliar necessidade de suporte medicamentoso novamente.

    “Sozinho, o paciente muitas vezes não percebe pequenos deslizes que se acumulam com o tempo”, diz Denise.

    É possível manter o uso do GLP-1 por mais tempo?

    Em alguns casos, pode ser necessário manter o uso prolongado (contínuo ou em fases de manutenção). A decisão é individualizada, baseada na resposta clínica e no risco de reganho. Evite interromper por conta própria. O ideal é desmame gradual, sob supervisão médica.

    O que NÃO fazer após o fim do tratamento com agonista GLP-1

    • “Resolver e relaxar” nos hábitos: obesidade é crônica; hábitos saudáveis devem permanecer.
    • Parar abruptamente a medicação: aumenta fome e compulsão; faça desmame assistido.
    • Voltar à alimentação ultraprocessada: reativa apetite exagerado e dificulta controle.
    • Abandonar atividade física: reduz gasto energético e acelera reganho.
    • Negligenciar sono e estresse: cortisol alto estimula apetite e estocagem de gordura.
    • Não manter acompanhamento: revisões detectam cedo mudanças e corrigem a rota.

    “O que mantém os resultados é o estilo de vida: comer de forma equilibrada, movimentar o corpo, cuidar do sono e da saúde mental. O segredo está na consistência, não na perfeição”, reforça Denise.

    Sinais de alerta que o peso está retornando

    • Roupas mais apertadas;
    • Ganho de 2–3 kg em poucas semanas;
    • Fome fora de hora (especialmente à noite);
    • Volta do “beliscar” por ansiedade/tédio;
    • Porções aumentando sem perceber;
    • Rotina de exercícios irregular.

    “Costumo estabelecer um peso de alerta. Se chegar nele (ex.: +3–4 kg), já conversamos e ajustamos. Quanto mais cedo agir, mais fácil retomar o controle”, finaliza Denise.

    Leia também: Wegovy e Ozempic: como funcionam para perda de peso

    Perguntas frequentes sobre efeito rebote

    Quem pode usar medicamentos como Ozempic e Mounjaro?

    Podem ser prescritos para diabetes tipo 2, obesidade ou sobrepeso com comorbidades. O uso deve ser indicado e acompanhado por médico (ex.: endocrinologista) após avaliação individual.

    É seguro usar canetas emagrecedoras apenas para fins estéticos?

    Não. Foram desenvolvidas para doenças crônicas (diabetes tipo 2, obesidade). Uso sem indicação e sem acompanhamento aumenta risco de efeitos adversos e de reganho após suspensão.

    Quanto peso é possível perder com os agonistas de GLP-1?

    Varia por pessoa. Em estudos, semaglutida levou a perda média de 13,7% do peso; tirzepatida, cerca de 20,2%. O remédio facilita o processo, mas alimentação e atividade física são fundamentais.

    O que significa “efeito rebote” após o uso de Ozempic ou Mounjaro?

    É o reganho de peso após interromper abruptamente o GLP-1. A queda rápida dos hormônios de saciedade e o aumento da fome elevam a ingestão calórica e o peso volta a subir.

    O que fazer se o peso parar de cair durante o tratamento?

    O platô é comum: o corpo se adapta ao déficit calórico. Reavalie hábitos: ajuste proteína, varie exercícios (inclua força), revise sono/estresse e converse com o médico sobre possíveis ajustes de dose.

    Leia também: Ozempic e similares podem reduzir risco de câncer ligado à obesidade?

  • Cardiodesfibrilador implantável: o que é, quando é indicado e como é implantado

    Cardiodesfibrilador implantável: o que é, quando é indicado e como é implantado

    Você sabe o que é uma arritmia cardíaca? Ela acontece quando o coração sai do seu ritmo natural e começa a bater mais rápido, mais devagar ou de forma totalmente desorganizada. Em algumas pessoas, o coração acelera tanto que não consegue mais bombear sangue suficiente para o corpo — o que pode causar tontura, desmaios e, em casos mais graves, até uma parada cardíaca súbita.

    Quando esse risco existe, o cardiologista pode indicar o uso de um cardiodesfibrilador implantável (CDI), um pequeno aparelho que fica sob a pele do peito e monitora o coração 24 horas por dia. Se ele percebe que o ritmo ficou perigoso, aplica automaticamente um choque elétrico que faz o coração voltar ao normal.

    Na prática, ele oferece uma nova chance de vida para quem vive com doenças cardíacas graves ou já teve episódios de arritmia ventricular que poderiam ter sido fatais. Vamos entender, a seguir, como ele funciona, a implantação e os cuidados no dia a dia.

    O que é um cardiodesfibrilador implantável (CDI)?

    O cardiodesfibrilador implantável, também chamado de CDI, é um dispositivo médico de alta tecnologia projetado para monitorar continuamente o ritmo cardíaco e intervir em situações de risco. Ele atua de forma automática, identificando quando o coração passa a bater de maneira rápida e desorganizada a ponto de comprometer o bombeamento adequado de sangue para o corpo.

    Nesses casos, o aparelho libera um impulso elétrico controlado, restabelecendo o ritmo normal em questão de segundos.

    Cardiodesfibrilador implantável e marcapasso: qual a diferença?

    O marcapasso e o cardiodesfibrilador implantável (CDI) são dispositivos cardíacos eletrônicos, mas com finalidades diferentes:

    • O marcapasso é indicado para corrigir batimentos lentos ou irregulares (bradicardias), emitindo pequenos impulsos elétricos que mantêm o coração batendo no ritmo certo. Alguns modelos modernos ajustam automaticamente o ritmo conforme o esforço físico.
    • O CDI, por outro lado, é voltado para pacientes com risco de arritmias graves e fatais, como taquicardias ventriculares. Ele monitora continuamente o coração e aplica um choque interno automático se detectar uma arritmia perigosa.

    Em alguns casos, o paciente pode precisar de um CDI com marcapasso integrado, capaz de atuar em batimentos lentos e rápidos, oferecendo uma proteção mais completa. A escolha depende da avaliação do cardiologista, que considera o tipo de arritmia, o estado clínico e o risco de parada cardíaca súbita.

    Para que serve o cardiodesfibrilador implantável

    O objetivo principal do CDI é evitar a morte súbita cardíaca, que ocorre quando o coração para de bater por causa de uma arritmia grave. Ele monitora o coração 24 horas por dia e reconhece quando o batimento está normal, lento, rápido ou completamente irregular.

    Se o dispositivo percebe uma taquicardia ventricular (batimento muito acelerado), tenta corrigir o ritmo com pequenos estímulos elétricos. Mas se for uma fibrilação ventricular — quando o coração treme e deixa de bombear sangue — o CDI aplica um choque mais intenso para restaurar o ritmo normal em segundos.

    De acordo com o cardiologista Rodrigo Caligaris Cagi, o CDI funciona como um “backup” do coração — um sistema de segurança que entra em ação quando há uma arritmia potencialmente fatal, mantendo o coração funcionando até que o atendimento médico seja realizado. Ele salva vidas, mas não trata a causa da arritmia.

    Quem precisa usar um cardiodesfibrilador implantável?

    Segundo Rodrigo, o CDI é indicado para dois perfis de pacientes:

    • Prevenção secundária: quem já teve uma arritmia grave, desmaios sem explicação ou sobreviveu a uma parada cardíaca — o CDI evita que isso aconteça novamente.
    • Prevenção primária: pessoas com alto risco de morte súbita por doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca avançada, cardiomiopatia dilatada ou condições genéticas que alteram o ritmo do coração.

    Em ambos os casos, a decisão é feita após uma avaliação detalhada do cardiologista, considerando fatores clínicos e individuais.

    Como é feita a cirurgia para colocar o CDI?

    O implante do CDI é um procedimento seguro e relativamente simples, feito em hospital com sedação e anestesia local. O passo a passo inclui:

    • Pequena incisão na parte superior do tórax;
    • Introdução de um ou mais cabos até o coração (no caso do CDI tradicional);
    • Colocação do gerador sob a pele e conexão aos cabos;
    • Teste e programação do sistema;
    • Fechamento da incisão com pontos e curativo.

    A cirurgia dura entre 1 e 2 horas e, geralmente, o paciente pode ir para casa no dia seguinte. Nos primeiros dias, é comum sentir leve desconforto no local ou notar um pequeno volume sob a pele — o que é normal.

    Cuidados após a cirurgia

    Após o implante, alguns cuidados ajudam na recuperação:

    • Evitar levantar o braço esquerdo acima da cabeça nas primeiras semanas;
    • Não carregar peso com o braço do lado do implante;
    • Manter o local limpo e seco até a retirada dos pontos;
    • Evitar esportes de contato;
    • Realizar as revisões conforme orientação médica.

    Em cerca de 4 a 8 semanas, o corpo já se adapta ao CDI, permitindo retomar atividades normais, inclusive exercícios leves e o trabalho — com liberação do cardiologista.

    Possíveis riscos e complicações

    Embora seguro, o procedimento pode ter alguns riscos, como:

    • Infecção no local da cirurgia;
    • Sangramento ou inchaço;
    • Deslocamento do cabo ou gerador;
    • Perfuração de vasos ou músculo cardíaco (raro);
    • Reações a anestésicos ou medicamentos.

    Mesmo com o CDI, ainda existe risco de algo acontecer?

    O CDI é ajustado de forma personalizada conforme o tipo de arritmia e o estado do coração. Ainda assim, em casos muito graves, o coração pode não responder ao choque elétrico, especialmente quando há danos cardíacos extensos. Nesses casos, mesmo com a ação imediata, o paciente pode não resistir.

    Como é o acompanhamento com o cardiodesfibrilador implantável

    Após a cirurgia, o acompanhamento é feito periodicamente — geralmente a cada 6 meses — para verificar o funcionamento do aparelho e o estado do coração.

    O médico usa um computador que se comunica com o CDI por ondas de rádio, permitindo visualizar o histórico de batimentos e ajustar a programação. Modelos modernos têm monitoramento remoto, enviando dados automaticamente para o hospital ou clínica.

    Quanto tempo dura a bateria do CDI?

    A bateria de lítio do CDI dura, em média, de 5 a 7 anos, podendo chegar a 10 em modelos modernos. Quando está perto do fim, o gerador é trocado em uma cirurgia rápida, sem necessidade de substituir os cabos.

    Cuidados no dia a dia com o CDI

    Ter um CDI permite levar uma vida normal, desde que o paciente siga as orientações médicas e mantenha o acompanhamento. É possível praticar atividades leves, viajar e trabalhar normalmente.

    Alguns cuidados importantes incluem:

    • Evitar colocar o celular perto do peito (manter 15 cm de distância);
    • Apresentar o cartão do CDI em aeroportos e detectores de metal;
    • Avisar médicos antes de fazer exames de imagem (como ressonância magnética);
    • Evitar ímãs, motores potentes e soldas elétricas;
    • Continuar o tratamento clínico prescrito pelo cardiologista.

    Confira: Holter 24h: como o exame ajuda a flagrar arritmias ocultas

    Perguntas frequentes

    É possível dirigir com cardiodesfibrilador implantável?

    Sim, mas depende da indicação. Se o CDI foi colocado por prevenção primária, geralmente é possível dirigir após uma semana, com liberação médica. Já quem passou por uma parada cardíaca precisa esperar alguns meses sem choques antes de voltar a dirigir, conforme avaliação do cardiologista.

    O CDI pode interferir com outros aparelhos?

    De modo geral, o CDI é bem protegido, mas deve-se evitar:

    • Ímãs e alto-falantes potentes;
    • Ferramentas elétricas industriais;
    • Aparelhos de solda ou motores grandes;
    • Fones de ouvido com ímãs próximos ao peito.

    Micro-ondas, TVs, Wi-Fi e computadores não oferecem risco — basta seguir as orientações básicas.

    O CDI pode ser desligado em situações de fim de vida?

    Sim. O CDI pode ser desligado em casos de fim de vida, mediante decisão médica e consentimento do paciente ou família. Isso evita choques desnecessários e garante conforto, sendo parte do cuidado humanizado.

    O choque do CDI dói?

    O choque de alta energia pode ser sentido como uma pancada forte e rápida no peito, mas dura apenas um segundo. Apesar do susto, ele salva vidas e restaura o ritmo cardíaco. Em arritmias leves, o CDI corrige o ritmo com estímulos menores, sem causar dor.

    O CDI emite algum som ou sinal?

    Normalmente, não. O aparelho funciona silenciosamente. Modelos mais modernos podem emitir vibrações ou sinais discretos quando há alertas, como bateria baixa ou necessidade de revisão. Caso o paciente perceba algum som, deve procurar a equipe médica para avaliação.

    Leia mais: Marcapasso: para que serve, como funciona e como é colocado

  • Por que beber água é tão importante para os rins e a bexiga?

    Por que beber água é tão importante para os rins e a bexiga?

    Você já deve saber que beber água diariamente é necessário para manter várias funções do corpo humano. Ela participa de praticamente todos os processos vitais e, quando não é consumida o suficiente, pode causar desequilíbrios no funcionamento do organismo.

    No caso do sistema urinário, a água é fundamental para que os rins filtrem o sangue de forma adequada e eliminem as impurezas por meio da urina. Quando não bebemos água em quantidade suficiente, o urologista Willy Baccaglini explica que os rins passam a concentrar a urina.

    Isso não significa, necessariamente, uma piora imediata de rins e bexiga — mas interfere em mecanismos fundamentais do dia a dia que mantêm o organismo equilibrado. Vamos entender mais essa relação, a seguir.

    Por que a hidratação é tão importante para o corpo humano

    A água representa cerca de 60% do peso corporal e participa de praticamente todas as reações químicas do organismo. Ela atua na digestão, ajuda na absorção de nutrientes, regula a temperatura corporal, lubrifica articulações e transporta substâncias vitais pelo sangue. Sem ela, o corpo não consegue realizar processos básicos — como eliminar resíduos e manter o equilíbrio de sais minerais.

    O corpo humano não armazena água por longos períodos, o que torna importante repor constantemente o que é perdido pelo suor, respiração e urina. Se uma pessoa bebe pouca água, o corpo começa a priorizar funções vitais e surgem sinais de desequilíbrio, como cansaço, tontura, dor de cabeça, queda de pressão e urina escura.

    Os rins, em especial, precisam de um fluxo constante de líquido para funcionar. Eles filtram o sangue e eliminam substâncias que o corpo não precisa mais. Já a bexiga armazena e expele a urina — algo que só ocorre de forma saudável quando o consumo de água é suficiente.

    Como a água ajuda a proteger a bexiga e os rins?

    O sistema urinário é formado pelos rins, ureteres, bexiga e uretra, que atuam juntos para filtrar o sangue e eliminar substâncias não aproveitadas pelo organismo — garantindo equilíbrio interno e proteção contra toxinas.

    Ao longo do dia, a ingestão adequada de água mantém o fluxo urinário constante, dilui minerais presentes no sangue e favorece a eliminação de resíduos antes que eles se acumulem e formem cristais ou cálculos renais.

    Por outro lado, quando o corpo não recebe água suficiente, a urina fica mais concentrada, com maior quantidade de sais e substâncias que podem se depositar nas vias urinárias, aumentando o risco de infecções e pedras nos rins.

    Além disso, a filtração renal depende da pressão e do volume de sangue que chegam aos rins. Com uma boa hidratação, o sangue circula em volume ideal, garantindo a remoção constante das impurezas e ajudando a manter os níveis de pressão arterial equilibrados.

    No caso da bexiga, ela é responsável por armazenar a urina produzida pelos rins até o momento de ser eliminada. Quando bebemos a quantidade ideal de água, o enchimento ocorre com mais frequência, estimulando o ato de urinar ao longo do dia. Isso promove uma limpeza natural do trato urinário, impedindo que microrganismos permaneçam por longos períodos e se multipliquem — o que pode causar infecções.

    Por fim, a água também auxilia no controle da pressão arterial ao permitir que os rins mantenham o equilíbrio de sódio e potássio no sangue, preservando a saúde renal de forma contínua.

    Riscos da desidratação para o sistema urinário

    Quando a ingestão de líquidos é insuficiente, o corpo logo dá sinais de desequilíbrio, que podem incluir:

    • Urina escura e com odor forte;
    • Dor lombar e desconforto, indicando sobrecarga nos rins;
    • Infecções urinárias recorrentes;
    • Cálculos renais (pedras nos rins), que podem causar dor intensa;
    • Retenção de líquidos e inchaço.

    Em casos mais graves, a desidratação crônica pode contribuir para insuficiência renal, quando os rins perdem a capacidade de filtrar o sangue de forma eficiente.

    Quanta água devemos beber por dia?

    A quantidade ideal de água por dia varia conforme o peso e as necessidades de cada pessoa. De modo geral, recomenda-se cerca de 30 ml por quilo de peso corporal — o que corresponde a pouco mais de dois litros por dia para um homem com 75 quilos, por exemplo.

    De acordo com Willy Baccaglini, é importante ter cuidado ao substituir a água por outras bebidas. Água com gás, refrigerantes zero e até sucos não devem ocupar o lugar da água, especialmente as gaseificadas, que contêm muito sódio e podem causar desequilíbrios.

    As melhores opções complementares são sucos naturais e água de coco, que também hidratam, mas devem ser consumidos com moderação devido ao valor calórico e teor de eletrólitos. Em excesso, podem até provocar desidratação se substituírem a água pura.

    Sinais de que o corpo está desidratado

    A sede é o primeiro alerta, mas outros sinais mostram que o corpo precisa de mais líquido:

    • Urina escura e em pequena quantidade;
    • Boca seca e língua áspera;
    • Cansaço e dor de cabeça;
    • Pele seca e sem brilho;
    • Tontura e sonolência;
    • Irritabilidade e dificuldade de concentração.

    Willy complementa que, em muitos casos, a desidratação é confundida com fome ou ansiedade — e pode se manifestar com vontade de comer. Em situações graves, pode causar confusão mental, pressão baixa e aumento da frequência cardíaca. Crianças e idosos são mais vulneráveis, pois muitas vezes não percebem a necessidade de beber água.

    Beber muita água é perigoso?

    Na maioria das vezes, beber bastante água não representa riscos, pois o corpo tende a equilibrar naturalmente o volume ingerido. Apenas em casos de consumo exagerado e compulsivo — o que é raro — pode ocorrer uma condição chamada hiponatremia, caracterizada pela baixa concentração de sódio no sangue.

    Nessa situação, a pessoa pode apresentar sonolência e lentidão no raciocínio. Porém, é muito difícil ocorrer intoxicação por água, já que o corpo normalmente impede a ingestão excessiva antes de chegar a esse ponto.

    Veja mais: Bexiga hiperativa: entenda mais sobre quando o controle da urina fica difícil

    Perguntas frequentes

    Beber água ajuda a prevenir infecção de urina?

    Sim. A ingestão adequada de água mantém o fluxo urinário constante, impedindo que bactérias se fixem nas paredes da bexiga. Quando a urina é diluída e o trato urinário é “lavado” com frequência, as chances de infecção diminuem. Urinar após relações sexuais e não segurar a urina também são medidas preventivas importantes.

    Beber café, chá ou refrigerante ajuda na hidratação?

    Não. Apesar de conter água, essas bebidas têm cafeína e compostos com leve efeito diurético, o que aumenta a eliminação de líquidos e pode favorecer a desidratação se consumidos em excesso. Além disso, refrigerantes e chás industrializados contêm muito sódio e açúcar, o que sobrecarrega os rins.

    A cor da urina realmente indica o nível de hidratação?

    Sim. Urina clara ou levemente amarelada indica boa hidratação. Já urina escura e com odor forte mostra concentração de resíduos, sinal de que o corpo precisa de mais líquidos. Se a urina estiver muito escura ou avermelhada, procure um médico para investigar possíveis problemas renais ou urinários.

    Como saber se estou com pedra nos rins?

    As pedras nos rins causam dor intensa na região lombar, que pode irradiar para o abdômen, virilha ou órgãos genitais. Também podem ocorrer ardor ao urinar, vontade frequente de urinar e, às vezes, náuseas, vômitos ou febre. Apenas exames de imagem, como ultrassonografia, confirmam o diagnóstico.

    Ficar muito tempo sem ir ao banheiro urinar faz mal?

    Sim. Reter a urina por longos períodos pode causar inflamações, infecções e enfraquecimento dos músculos da bexiga. A urina parada também favorece a multiplicação de bactérias, aumentando o risco de infecção urinária.

    Como posso criar o hábito de beber mais água todos os dias?

    Inclua pequenas mudanças na rotina:

    • Beba um copo de água ao acordar;
    • Mantenha uma garrafinha por perto (no trabalho, bolsa, mesa de cabeceira);
    • Dê um gole sempre que fizer pausas ou checar o celular;
    • Use alarmes ou aplicativos de lembrete;
    • Não espere sentir sede — a sede é sinal de desidratação;
    • Coma alimentos ricos em água (melancia, laranja, pepino);
    • Estabeleça metas diárias de ingestão.

    Veja também: 5 hábitos diários que ajudam a prevenir doenças urológicas

  • Veja por que você pode pegar dengue até quatro vezes 

    Veja por que você pode pegar dengue até quatro vezes 

    No Brasil, os quatro tipos do vírus já foram detectados em circulação. Isso significa que uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes na vida, uma para cada tipo. E há um agravante: a reinfecção por um sorotipo diferente aumenta o risco de formas graves, como a dengue hemorrágica ou o choque da dengue. Entender isso ajuda a explicar por que a prevenção e a vacinação são tão importantes.

    Você já ouviu alguém dizer que pegou dengue e agora está imune? Esse é um dos mitos mais comuns sobre a doença. A dengue não é causada por um único vírus, mas por quatro sorotipos diferentes — DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Cada um deles é capaz de causar infecção completa e, infelizmente, ter tido um não protege contra os outros.

    O que são os sorotipos da dengue?

    “Sorotipo” se refere a variações do mesmo vírus. Eles compartilham semelhanças genéticas, mas pequenas diferenças fazem o sistema imunológico reagir de forma distinta a cada um.

    • DENV-1: um dos mais antigos em circulação no Brasil.
    • DENV-2: frequentemente associado a surtos com casos graves.
    • DENV-3: tem alta capacidade de causar epidemias quando retorna após longos períodos.
    • DENV-4: raramente circula sozinho; quando reaparece, tende a provocar novas ondas.

    Por que já ter tido dengue não protege contra todas as formas

    O sistema imunológico aprende com aquilo em que já teve contato. Se você teve dengue por DENV-2, o corpo cria defesa eficiente contra esse tipo. Mas, ao se infectar depois por um outro sorotipo (ex.: DENV-3), os anticorpos anteriores podem reconhecer parcialmente o vírus sem neutralizá-lo com a mesma eficácia.

    Nesse cenário pode ocorrer a amplificação dependente de anticorpos (ADE): os anticorpos da primeira infecção acabam facilitando a entrada do novo vírus nas células de defesa, levando a uma resposta inflamatória exagerada e elevando o risco de dengue grave (hemorrágica). Por isso alguém pode ter até quatro episódios, com reações distintas do organismo em cada um.

    Qual é a relação entre os sorotipos e os casos mais graves

    As segundas infecções costumam ser as mais perigosas. Com anticorpos de um sorotipo prévio em circulação, a resposta ao novo sorotipo pode ser descontrolada, aumentando a inflamação e o risco de:

    • Vazamento de plasma, com desidratação e queda de pressão;
    • Hemorragias (de leves a graves);
    • Comprometimento de órgãos como fígado e coração.

    Quando um sorotipo pouco comum volta a circular em uma região onde a população já teve contato com outro tipo, cresce o risco de surtos e epidemias. O Brasil já viveu períodos com predominância de DENV-1 e DENV-2 (anos 1990), grandes epidemias com DENV-3 (anos 2000) e, mais recentemente, preocupação com o DENV-4.

    Leia também: Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    Os quatro sorotipos no Brasil

    Desde 2024, há circulação simultânea dos quatro tipos do vírus no país. Essa situação rara aumenta o risco de reinfecções e formas graves e explica por que a dengue pode atingir a mesma pessoa várias vezes, mesmo com intervalos longos.

    Além disso, fatores ambientais como calor, chuva e água parada favorecem a reprodução do Aedes aegypti, o mosquito transmissor. Onde há mosquito, há risco de dengue — independentemente do sorotipo.

    Vacina contra a dengue: o que muda com os quatro sorotipos

    Com todos os tipos em circulação, a vacinação ganhou ainda mais relevância. O Brasil conta com duas vacinas licenciadas:

    • Qdenga® (Takeda): disponível na rede pública em várias cidades; protege contra os quatro sorotipos e pode ser aplicada em quem já teve ou nunca teve dengue.
    • Dengvaxia® (Sanofi Pasteur): indicada apenas para pessoas com infecção prévia confirmada.

    A Qdenga passou a ser oferecida pelo SUS em 2024 para faixas etárias específicas. Vacina não substitui prevenção: é essencial eliminar criadouros semanalmente e evitar picadas (roupas compridas, repelente). Quem está com dengue deve usar repelente para evitar que mosquitos se infectem e transmitam a outras pessoas.

    Veja também: Dengue hemorrágica: quando os sintomas indicam alerta máximo

    Perguntas frequentes sobre sorotipos da dengue

    1. Posso pegar dengue mais de uma vez?

    Sim. Como existem quatro sorotipos diferentes, é possível contrair dengue até quatro vezes na vida.

    2. Ter tido dengue uma vez protege contra as outras?

    Não completamente. A imunidade é permanente apenas contra o sorotipo original e parcial contra os demais.

    3. Por que a segunda dengue costuma ser mais grave?

    Pelo fenômeno de ADE, no qual anticorpos anteriores podem facilitar a entrada do novo vírus nas células, amplificando a resposta inflamatória e o risco de sangramentos.

    4. Qual sorotipo é mais perigoso?

    Todos podem causar formas graves. Em alguns contextos, o DENV-3 é frequentemente associado a surtos com casos mais severos, mas a gravidade depende de múltiplos fatores.

    5. O que significa amplificação dependente de anticorpos (ADE)?

    É quando anticorpos de uma infecção anterior, em vez de neutralizar, facilitam a entrada de um novo sorotipo nas células de defesa, agravando o quadro.

    6. Se todos os tipos circulam, como posso me proteger?

    Prevenção diária: elimine água parada, use repelente, instale telas nas janelas e mantenha caixas d’água bem fechadas. A vacinação, quando indicada, complementa essas medidas.

    7. A vacina resolve o problema dos quatro tipos?

    Ajuda muito, pois oferece proteção contra os quatro sorotipos, mas não substitui o controle do mosquito nem as ações de prevenção ambiental.

    8. E quem já teve dengue deve tomar a vacina?

    Depende da vacina. A Qdenga pode ser aplicada em quem já teve ou não; a Dengvaxia é indicada apenas para quem tiver comprovação laboratorial de dengue prévia.

    9. O que fazer se surgirem sintomas de dengue?

    Procure atendimento médico imediato, principalmente se você já teve dengue antes. Febre alta, dor abdominal, vômitos e sangramentos são sinais de alerta.

    Veja mais: Dentro de casa e no quintal: os 7 esconderijos mais comuns do mosquito da dengue

  • Café da manhã sem lactose: saiba o que comer numa dieta saudável

    Café da manhã sem lactose: saiba o que comer numa dieta saudável

    O café da manhã é uma das refeições mais importantes do dia, responsável por repor energia depois do sono e preparar o corpo para as atividades do dia. Mas, para pessoas que têm intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite, podem surgir algumas dúvidas sobre como montar um cardápio adequado.

    Apesar do café normalmente conter muitos alimentos com leite ou derivados, a nutricionista Mariana Del Bosco aponta que o segredo está em escolher versões sem lactose dos alimentos comuns ou buscar substitutos vegetais e proteicos que garantam o mesmo valor nutricional. Entenda mais como fazer um café da manhã sem lactose a seguir!

    O que é lactose?

    A lactose é o açúcar natural presente no leite e em seus derivados, formada por dois açúcares simples: glicose e galactose. No organismo humano, ela é digerida pela enzima lactase, produzida no intestino delgado.

    Quando existe alguma deficiência ou baixa atividade da enzima, o corpo não consegue quebrar a lactose de forma adequada — o que leva ao aparecimento dos sintomas de intolerância à lactose, como dor abdominal, gases, inchaço e diarreia.

    Vale destacar que intolerância à lactose e alergia à proteína do leite são condições diferentes. No caso da intolerância, ocorre uma má digestão do açúcar do leite, não uma reação imunológica.

    Já na alergia, o corpo identifica as proteínas do leite como invasoras, provocando respostas mais sérias, como coceira, inchaço e até dificuldade para respirar. Nesses casos, todos os laticínios devem ser cortados da dieta.

    O que comer em um café da manhã sem lactose?

    O café da manhã é a refeição que mais tem a presença de leite e derivados, como iogurte e queijos. Mas, de acordo com Mariana, ele não precisa ser restritivo e pode continuar muito parecido com o de quem consome leite tradicional — apenas com algumas substituições simples.

    É possível manter o hábito de tomar leite, comer queijo e iogurte, desde que em versões sem lactose. Elas passam por um processo em que se adiciona a enzima lactase, responsável por quebrar a lactose em glicose e galactose, tornando o alimento mais fácil de digerir para quem tem intolerância.

    Mariana explica que o leite sem lactose tem um sabor levemente mais adocicado, mas mantém as mesmas propriedades nutricionais do leite comum, incluindo proteínas, cálcio e vitaminas importantes para o organismo.

    Outras alternativas para compor o café da manhã:

    • Ovos: fonte de proteína, vitaminas e minerais (mexidos, cozidos, pochê ou omelete com legumes);
    • Frutas frescas: fornecem fibras, vitaminas e energia leve (banana, mamão, maçã, frutas vermelhas);
    • Pães, tapiocas e cereais integrais: garantem energia e saciedade; prefira opções com fibras e menos aditivos;
    • Pastas e acompanhamentos: homus, tahine, pasta de amendoim e guacamole substituem manteiga e requeijão; o tahine é boa fonte de cálcio;
    • Oleaginosas e sementes: castanhas, nozes, amêndoas, chia e linhaça adicionam gorduras boas e antioxidantes.

    Com essas opções, dá para preparar combinações variadas, como pão integral com homus e suco natural, omelete com legumes e iogurte sem lactose com frutas e granola. O importante é manter o equilíbrio de nutrientes e evitar excesso de industrializados.

    Bebidas vegetais podem substituir o leite tradicional?

    As bebidas vegetais são produzidas a partir de grãos, sementes ou oleaginosas e podem ser usadas em cafés, vitaminas, mingaus e receitas em geral, mas, nutricionalmente, não são iguais ao leite.

    De acordo com Mariana, apesar de chamadas de “leite vegetal”, elas costumam conter menos proteínas e cálcio. Vale verificar se há cálcio adicionado no rótulo.

    A nutricionista recomenda variar o tipo de bebida para evitar excesso de um único ingrediente. Pesquisas apontam que bebidas de arroz podem ter índices elevados de arsênio — mais um motivo para moderação e rodízio alimentar.

    Intolerantes à lactose precisam cortar a lactose completamente?

    Não necessariamente. Diferente da alergia ao leite, a intolerância é dose-dependente e varia conforme a quantidade ingerida e a sensibilidade individual.

    Segundo Mariana, muitas pessoas toleram pequenas porções — por exemplo, até cerca de 12 g de lactose/dia (aprox. um copo de leite ou um pote de iogurte). Queijos duros (parmesão, provolone) tendem a ter pouca lactose e podem ser melhor tolerados.

    E quem tem alergia à proteína do leite?

    Na APLV, recomenda-se evitar completamente laticínios — inclusive versões sem lactose, pois ainda contêm as proteínas que causam a reação. Foque em alternativas vegetais e outras fontes proteicas:

    • Ovos (cozidos, mexidos, omeletes);
    • Homus (grão-de-bico com tahine);
    • Pasta de frango desfiado;
    • Tofu (grelhado ou batido com frutas);
    • Sementes (chia, linhaça, gergelim) e castanhas;
    • Bebidas vegetais com cálcio adicionado;
    • Tahine (rico em cálcio);
    • Folhas verde-escuras (couve, brócolis);
    • Leguminosas (feijão, lentilha).

    Planeje o cardápio com acompanhamento nutricional — sobretudo para crianças, gestantes e idosos. Em muitos casos, pode-se indicar suplementação.

    Como identificar produtos sem lactose no mercado

    Leia o rótulo. Você poderá encontrar:

    • “Sem/zero/não contém lactose”: até 100 mg por 100 g/ml;
    • “Contém lactose”: acima de 100 mg por 100 g/ml;
    • “Baixo teor de lactose”: entre 100 mg e 1 g por 100 g/ml.

    Se ainda houver dúvida, cheque a lista de ingredientes: “leite”, “sólidos de leite”, “soro de leite”, “lactose”.

    Cuidados ao escolher produtos industrializados

    Mesmo sem lactose, alguns industrializados podem ter excesso de açúcar, gorduras e aditivos. Dicas:

    • Prefira listas de ingredientes curtas e reconhecíveis;
    • Desconfie de muitos corantes, conservantes e aromatizantes;
    • Verifique o teor de açúcar adicionado;
    • Compare marcas (cálcio e proteína variam bastante);
    • Priorize alimentos frescos.

    Para intolerância, a lista de ingredientes é menos crítica do que na APLV, mas continua essencial para avaliar a qualidade nutricional.

    Como funciona o suplemento de lactase?

    O suplemento de lactase fornece a enzima que quebra a lactose em glicose e galactose, facilitando a absorção e evitando fermentação no intestino grosso (gases, dor, inchaço, diarreia).

    Segundo Mariana Del Bosco, é útil quando não há opção sem lactose (comer fora, viagens). Deve-se ingerir o comprimido/cápsula imediatamente antes da refeição com lactose.

    O suplemento não cura a intolerância, apenas ajuda a digestão e amplia a flexibilidade alimentar. Converse com nutricionista ou médico para ajustar dose e produto.

    Confira: Intolerância à lactose: o que comer no dia a dia?

    Perguntas frequentes

    Quais são os sintomas da intolerância à lactose?

    Geralmente entre 30 minutos e 2 horas após o consumo: inchaço abdominal, gases, cólicas, diarreia, náuseas e desconforto digestivo. A intensidade depende da dose e do grau de intolerância.

    A intolerância à lactose tem cura?

    Não há cura definitiva. Contudo, é possível controlar com ajustes na dieta, versões sem lactose e, se necessário, suplemento de lactase. Por ser dose-dependente, muitas pessoas toleram pequenas quantidades.

    O que causa a intolerância à lactose?

    Principalmente a queda natural da produção de lactase após a infância. Pode surgir também por lesões/ inflamações intestinais (ex.: doença celíaca, gastroenterite, SII). Há forma congênita rara em que o bebê já nasce sem lactase.

    Quais alimentos contêm lactose?

    Leite e derivados (queijos, iogurtes, manteiga, requeijão, creme de leite, leite condensado) e vários industrializados (pães, bolos, molhos, sopas prontas, chocolates, biscoitos).

    Quais são os sintomas da alergia à proteína do leite?

    Podem aparecer minutos ou horas após o consumo: urticária, coceira, vermelhidão, inchaço de lábios/pálpebras, dor abdominal, vômitos, diarreia, chiado, falta de ar. Nos casos graves, anafilaxia (emergência médica).

    Quais alimentos devem ser evitados em caso de APLV?

    Além de leite e derivados, atenção a industrializados que escondem proteínas do leite: pães e bolos prontos, chocolates e sobremesas, margarinas e molhos, embutidos, sopas e purês industrializados. Procure no rótulo a advertência obrigatória: “Alérgicos: contém leite” (RDC 26/Anvisa).

    Leia também: Intolerância à lactose: quando o leite vira desconforto