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  • Gorduras boas: como incluir na dieta de quem treina?

    Gorduras boas: como incluir na dieta de quem treina?

    As gorduras são macronutrientes que exercem funções vitais no organismo, desde o fornecimento de energia até a formação das membranas celulares. No entanto, o tipo de gordura consumida influencia diretamente o metabolismo, a circulação sanguínea e até o desempenho físico.

    As gorduras boas, também chamadas de insaturadas, são indispensáveis em uma alimentação equilibrada — especialmente para quem treina regularmente. Elas ajudam o corpo a funcionar de forma eficiente, sustentando a energia durante os exercícios e favorecendo a recuperação muscular após o treino.

    Para entender onde encontrá-las e como incluir no dia a dia, conversamos com a nutricionista Serena Del Favero. Confira, a seguir!

    O que são gorduras boas?

    As gorduras boas são um tipo de lipídio que atuam no organismo fornecendo energia, participando da produção de hormônios, favorecendo a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e protegendo os órgãos internos. Além disso, ajudam a manter a integridade das células, contribuem para o equilíbrio do colesterol e promovem a saúde cardiovascular.

    De acordo com Serena, os principais tipos de gorduras boas são as monoinsaturadas e as poli-insaturadas.

    • Monoinsaturadas: estão presentes em alimentos como azeite de oliva, abacate e castanhas. Elas ajudam a reduzir o colesterol ruim (LDL) e a aumentar o colesterol bom (HDL), favorecendo a saúde do coração e melhorando a circulação sanguínea;
    • Poli-insaturadas: englobam os ácidos graxos ômega-3 e ômega-6, encontrados em peixes gordos como salmão, atum e sardinha, além de sementes como linhaça e chia. Devido à ação anti-inflamatória, auxiliam na função cerebral, fortalecem o sistema imunológico e reduzem o risco de doenças cardiovasculares.

    Para quem treina, as gorduras favorecem a regulação energética, garantindo desempenho adequado em treinos de longa duração. Elas também têm um papel importante na redução de processos inflamatórios, o que melhora a recuperação e diminui dores musculares.

    Por que quem treina precisa de gordura na dieta

    Durante o treino, o corpo usa primeiro o glicogênio que é a principal reserva de energia proveniente dos carboidratos. No entanto, quando o estoque se esgota, o organismo passa a recorrer às gorduras como fonte de combustível.

    Em atividades de longa duração ou de intensidade moderada, como corridas, ciclismo e treinos aeróbicos, as gorduras insaturadas contribuem para:

    • Manter o fornecimento constante de energia durante o exercício;
    • Aumentar a resistência e retardar a fadiga muscular;
    • Preservar a massa magra, evitando o uso de proteína muscular como energia;
    • Melhorar a recuperação após o treino, por meio da produção de hormônios anabólicos;
    • Reduzir inflamações, favorecendo a saúde muscular e articular;
    • Otimizar o desempenho em treinos longos e de intensidade moderada.

    Principais alimentos com gorduras boas para quem treina

    Azeite de oliva extra virgem

    O azeite de oliva extra virgem é uma das fontes mais ricas e versáteis de gorduras boas. Ele contém gorduras monoinsaturadas, que ajudam a reduzir o colesterol ruim (LDL) e a elevar o bom (HDL), além de antioxidantes potentes, como a vitamina E e os polifenóis — que combatem os radicais livres e ajudam a proteger as células contra o envelhecimento precoce.

    No dia a dia, o azeite melhora a saúde cardiovascular, reduz inflamações e aumenta a saciedade, o que ajuda no controle do apetite e na composição corporal. Ah, e ele é perfeito para temperar saladas, legumes cozidos ou até finalizar massas e carnes. O ideal é usá-lo cru ou em temperaturas mais baixas, já que o calor excessivo pode reduzir suas propriedades nutricionais.

    Abacate

    O abacate é um dos alimentos mais completos para quem pratica atividade física. Rico em gordura monoinsaturada, potássio, fibras e vitaminas do complexo B, ele atua diretamente na recuperação muscular e no equilíbrio energético do corpo.

    Além disso, contém compostos bioativos que reduzem inflamações e ajudam a estabilizar os níveis de glicose no sangue, evitando picos de insulina que prejudicam o desempenho e favorecem o acúmulo de gordura.

    Por ser altamente saciante, o abacate pode ser consumido no café da manhã, antes do treino ou à noite, em pequenas quantidades. Também é uma excelente opção para combinar com ovos, iogurte natural, pão integral ou smoothies proteicos.

    Oleaginosas

    As oleaginosas, como amêndoas, nozes, castanha-do-pará e pistache, fornecem gorduras boas, proteínas vegetais e minerais fundamentais como magnésio, selênio e zinco, que participam da regeneração muscular e da produção de hormônios ligados ao crescimento e à força. Elas também contêm fibras que ajudam na digestão e no controle da saciedade.

    Consumidas em pequenas porções, as oleaginosas são ótimas para lanches rápidos ou para adicionar em iogurtes e saladas. Apenas é importante moderar o consumo, já que são bem calóricas.

    Peixes gordos

    Os peixes gordos, como salmão, sardinha, atum e cavalinha, são fontes importantes de ômega-3, um tipo de gordura poli-insaturada com forte ação anti-inflamatória. Ela ajuda a reduzir dores musculares, melhora a recuperação pós-treino e ainda contribui para a saúde do coração e do cérebro.

    O ômega-3 também aumenta a eficiência metabólica, ajudando o corpo a usar gordura como fonte de energia durante os treinos. Para aproveitar todos os benefícios, o ideal é consumir peixes gordos pelo menos duas vezes por semana, preferindo preparos grelhados, assados ou cozidos.

    Sementes

    Sementes como chia, linhaça e gergelim oferecem uma combinação poderosa de gorduras boas, proteínas, fibras e antioxidantes. Elas melhoram o trânsito intestinal, controlam a glicemia e favorecem a sensação de saciedade, além de ajudar na recuperação muscular.

    A chia e a linhaça são também ricas em ômega-3 de origem vegetal, o que as torna uma excelente opção para quem segue dieta vegetariana ou vegana. É bem fácil incluí-las na rotina, basta adicionar uma colher em vitaminas, iogurtes, frutas picadas ou até no preparo de pães e panquecas.

    Óleo de coco e óleo de abacate

    O óleo de coco fornece triglicerídeos de cadeia média (TCM), que são rapidamente absorvidos e convertidos em energia. Por isso, pode ser uma boa opção para quem treina em jejum ou faz atividades de resistência, como corridas longas. No entanto, o consumo deve ser moderado, já que o óleo de coco tem um teor mais alto de gordura saturada.

    Já o óleo de abacate, além de resistir bem a altas temperaturas sem perder suas propriedades, contém gorduras monoinsaturadas e vitamina E, que combatem inflamações e fortalecem o sistema imunológico. É excelente para refogar legumes, grelhar carnes ou usar em molhos e marinadas.

    Como incluir gorduras boas na dieta de quem treina?

    Primeiro de tudo, é importante ter equilíbrio. De acordo com Serena, não existe melhor horário do dia para consumi-las, e o mais importante é garantir que as gorduras insaturadas estejam distribuídas ao longo do dia, sem exagerar na quantidade. Apontamos alguns exemplos para te ajudar:

    • Café da manhã: adicione uma colher de chia ou linhaça à vitamina;
    • Lanche pré-treino: combine frutas com pasta de amendoim natural ou abacate;
    • Almoço e jantar: finalize com azeite de oliva cru sobre os alimentos, para preservar os nutrientes;
    • Ceia: um punhado de nozes ou castanhas ajuda na saciedade e na recuperação noturna.

    É importante lembrar que as gorduras boas são calóricas, então o ideal é ajustar o consumo de acordo com o gasto energético diário e o tipo de treino.

    Como equilibrar a quantidade de gorduras boas e carboidratos?

    Segundo Serena, a proporção ideal entre carboidratos e gorduras depende do tipo de treino, da duração e dos objetivos individuais. No entanto, os carboidratos devem ser sempre consumidos em maior quantidade.

    “Eles são a principal fonte de energia para quem pratica exercícios, especialmente os de intensidade moderada a alta. Eles são metabolizados rapidamente e reabastecem o glicogênio muscular, essencial para o bom desempenho”, explica a nutricionista.

    As gorduras boas, por outro lado, também são indispensáveis na dieta e não devem ser cortadas. Além de participarem da produção hormonal e da absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), fornecem energia em atividades de menor intensidade ou longa duração.

    Veja mais: Como organizar uma geladeira saudável e prática para o dia a dia

    Perguntas frequentes

    1. Gordura boa engorda?

    Não necessariamente. O que causa ganho de peso é o excesso calórico total, não o tipo de nutriente isolado. A gordura boa é mais calórica que o carboidrato e a proteína, mas, quando consumida em equilíbrio, ajuda até a controlar o apetite — uma vez que proporciona saciedade duradoura, evitando picos de fome e beliscos desnecessários ao longo do dia.

    2. Quem faz musculação precisa consumir gordura boa todos os dias?

    Sim, a gordura boa é indispensável na dieta de quem treina com foco em hipertrofia. Ela participa da produção de hormônios anabólicos, como testosterona e GH, que têm papel direto no ganho de massa muscular e na recuperação após o treino.

    Além disso, ajuda a manter a função celular e a absorção de vitaminas como A, D, E e K, todas importantes ao metabolismo muscular. Sem o consumo diário de gordura boa, o corpo pode sofrer desequilíbrios hormonais e queda de performance. O ideal é distribuí-la nas principais refeições, variando as fontes ao longo da semana.

    3. É possível consumir gordura boa sem incluir produtos de origem animal?

    Sim! Pessoas vegetarianas ou veganas conseguem ótimas fontes de gordura boa em alimentos vegetais. O abacate, o azeite de oliva, a linhaça, a chia e as castanhas fornecem ômega-3 e ômega-6 — além de antioxidantes que protegem as células musculares. A principal diferença é que os ômega-3 vegetais (ALA) precisam ser convertidos pelo corpo nas formas EPA e DHA, presentes naturalmente nos peixes.

    Para quem não consome nada animal, pode ser útil usar suplementos à base de algas, que oferecem esses compostos de forma vegetal, mas sempre com orientação de um nutricionista.

    4. Crianças e adolescentes que treinam também precisam consumir gorduras boas?

    Durante o crescimento, as gorduras boas são vitais para o desenvolvimento cerebral e hormonal. Jovens atletas precisam de energia de qualidade, e as gorduras boas ajudam a manter a estabilidade energética durante o treino e nos períodos de recuperação.

    Elas também são importantes para o sistema imunológico e para a absorção de vitaminas lipossolúveis. O que deve ser evitado são alimentos ultraprocessados ricos em gordura trans, que prejudicam a saúde a longo prazo.

    5. Existe algum horário melhor do dia para consumir gorduras boas?

    Não existe um horário único, mas a distribuição ao longo do dia é o mais importante. Consumir gorduras boas no café da manhã e no almoço ajuda a manter a saciedade e a energia estáveis. À noite, pequenas quantidades contribuem para o controle glicêmico e a regeneração muscular durante o sono.

    É recomendado evitar grandes porções imediatamente antes do treino intenso, pois a digestão da gordura é mais lenta.

    6. O que são gorduras ruins?

    As gorduras ruins são tipos de lipídios que prejudicam o corpo quando consumidos em excesso. Elas aumentam o colesterol LDL, reduzem o HDL e favorecem o acúmulo de placas nas artérias, elevando o risco de doenças cardiovasculares.

    As principais são as gorduras trans, criadas industrialmente e presentes em margarinas, biscoitos, salgadinhos e fast food. Como o corpo não consegue metabolizá-las bem, elas se acumulam e causam inflamação. Já as saturadas podem ser encontradas em produtos de origem animal (como carne vermelha, laticínios integrais e manteiga) e alguns óleos vegetais (como o de coco e de dendê).

    Veja mais: Food noise: por que você não para de pensar em comida

  • 7 sinais de que seu cansaço não é apenas falta de sono 

    7 sinais de que seu cansaço não é apenas falta de sono 

    É normal se sentir cansado após uma semana intensa, mas quando o corpo parece exausto o tempo todo, mesmo dormindo uma quantidade boa de horas, o cansaço pode ter outras origens além da falta de sono.

    Muitas pessoas chegam ao consultório médico achando que precisam apenas descansar mais, quando na verdade há uma condição médica por trás da fadiga persistente, como carência de vitaminas, distúrbios hormonais, anemia ou até doenças cardíacas e metabólicas.

    Por isso, identificar quando o cansaço é diferente do habitual é muito importante para buscar ajuda médica e evitar complicações.

    Quando o cansaço deixa de ser normal

    O cansaço físico comum melhora com o repouso, alimentação adequada e boas noites de sono. Mas se ele persiste por mais de duas semanas, vem acompanhado de falta de energia, dificuldade de concentração ou palpitações, é importante investigar.

    Alguns sinais de que algo pode estar errado:

    • Sonolência constante, mesmo após dormir 7 a 9 horas;
    • Queda de desempenho físico e mental;
    • Falta de ar ao realizar pequenas atividades;
    • Tonturas e fraqueza;
    • Alterações de humor ou desânimo;
    • Dores musculares sem motivo aparente.

    Esses sintomas indicam que o corpo pode estar pedindo ajuda, e não apenas descanso.

    Causas médicas mais comuns de cansaço excessivo

    1. Deficiência de ferro (anemia)

    A anemia ferropriva é uma das causas mais frequentes de cansaço constante. Quando há falta de ferro, o corpo produz menos hemoglobina, proteína responsável por transportar oxigênio no sangue. Com menos oxigênio chegando aos tecidos, o corpo entra em ritmo mais lento, com fadiga, palidez e falta de ar.

    Os principais sintomas são fraqueza, tontura, unhas quebradiças e dor de cabeça frequente.

    2. Falta de vitaminas do complexo B e vitamina D

    Vitaminas como B12, B6 e D são importantes para o funcionamento do sistema nervoso, muscular e imunológico. Quando estão em baixa, o corpo tem dificuldade em gerar energia e manter o equilíbrio do metabolismo.

    A carência de vitamina B12, por exemplo, pode causar formigamento, lapsos de memória e fadiga mental. Já a vitamina D muito baixa está ligada à fraqueza, dor muscular e ao humor deprimido.

    Os principais sintomas de carência de vitaminas são cansaço persistente, desânimo e dores musculares.

    3. Distúrbios da tireoide

    A tireoide é a glândula que regula o metabolismo. Quando ela funciona de forma lenta (hipotireoidismo), o corpo queima menos energia e tudo desacelera.

    Os principais sintomas são sonolência, ganho de peso, queda de cabelo, pele seca e intolerância ao frio.

    4. Apneia do sono

    A apneia do sono é um distúrbio em que a pessoa para de respirar várias vezes durante a noite, mesmo sem perceber. Isso fragmenta o sono e impede o descanso profundo, causando cansaço diurno, falta de concentração e irritabilidade.

    Os principais sintomas são ronco alto, pausas na respiração e dor de cabeça matinal.

    5. Doenças cardíacas e pressão alta

    O cansaço fácil ao subir escadas ou caminhar pequenas distâncias pode ser sinal de sobrecarga no coração. Doenças cardíacas e pressão alta podem reduzir a eficiência da circulação e limitar o transporte de oxigênio aos músculos.

    Os principais sinais são falta de ar, palpitações e inchaço nas pernas.

    6. Distúrbios hormonais e metabólicos

    Doenças como diabetes e síndrome metabólica também estão entre as causas de cansaço persistente. O excesso de açúcar no sangue, associado à resistência à insulina, provoca desequilíbrios que afetam o metabolismo.

    Alguns dos sinais são sede e fome exageradas, perda de peso involuntária e sonolência depois das refeições.

    7. Estresse e saúde mental

    O cansaço emocional é tão real quanto o físico. O estresse constante, a ansiedade e o esgotamento mental drenam a energia do corpo e prejudicam o sono, a imunidade e o humor.

    Preste atenção em sintomas como irritabilidade, insônia, dores de cabeça e sensação de estar sempre no limite.

    Quando procurar um médico

    Procure ajuda médica se o cansaço:

    • Dura mais de 15 dias mesmo com descanso;
    • Vem acompanhado de tontura, falta de ar, palpitação ou perda de peso;
    • Interfere nas atividades diárias e no trabalho;
    • Surge junto de sintomas como febre, alterações de humor ou dor persistente.

    Um clínico geral, um cardiologista ou um endocrinologista pode solicitar exames de sangue e avaliação metabólica para investigar causas como deficiência de ferro, alterações hormonais, inflamação ou doenças crônicas.

    Quanto mais cedo a causa for identificada, mais chances de sucesso tem o tratamento.

    Como recuperar a energia no dia a dia

    Além do tratamento médico, algumas medidas ajudam a manter a energia em ordem:

    • Alimentação equilibrada, com frutas, verduras e fontes de ferro e vitaminas;
    • Dormir de 7 a 9 horas por noite, com horários regulares;
    • Praticar atividade física leve ou moderada, como caminhada ou alongamento;
    • Evitar álcool e cigarro, que sobrecarregam o organismo;
    • Reservar momentos de descanso mental, longe de telas e estímulos.

    Pequenas mudanças no estilo de vida fazem diferença, mas quando o cansaço não passa, é sinal de que o corpo precisa ser ouvido.

    Confira: Como começar a correr? Veja 8 dicas práticas para iniciantes

    Perguntas frequentes sobre cansaço excessivo

    1. Cansaço constante é sempre sinal de doença?

    Nem sempre. Pode ser consequência de sono ruim, má alimentação ou estresse. Mas se persistir por mais de duas semanas, deve ser investigado.

    2. Quais vitaminas causam cansaço quando estão baixas?

    As principais são vitamina B12, B6 e D, além do ferro, que quando em falta provoca anemia.

    3. O que a falta de vitamina D causa?

    Fraqueza muscular, dores no corpo, desânimo e maior risco de infecções.

    4. Como saber se o cansaço é por causa da tireoide?

    Se vier acompanhado de ganho de peso, sonolência, pele seca e queda de cabelo, o médico pode solicitar exames hormonais para confirmar.

    5. A ansiedade pode causar cansaço físico?

    Sim. O corpo em estado constante de alerta provoca exaustão.

    6. O que é bom para recuperar energia?

    Alimentação equilibrada, sono adequado, hidratação, atividade física regular e avaliação médica para corrigir eventuais deficiências ou condições.

    7. Qual médico procurar para investigar cansaço?

    Um clínico geral ou cardiologista é o ponto de partida. Ele pode encaminhar para outros especialistas conforme a causa identificada.

    Veja mais: 5 dicas simples para se movimentar mais no dia a dia — e os benefícios disso

  • Diferença entre dengue, zika e chikungunya 

    Diferença entre dengue, zika e chikungunya 

    Febre, dor no corpo e manchas vermelhas na pele são sintomas que podem confundir até os médicos nos primeiros dias. Dengue, zika e chikungunya são doenças virais transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e têm muitas semelhanças, o que faz com que muitas pessoas só descubram qual delas tiveram depois de exames específicos.

    Apesar das semelhanças, cada vírus provoca um tipo de reação no corpo e exige cuidados diferentes. Algumas formas são mais perigosas, outras podem deixar sequelas ou complicações a longo prazo.

    O que elas têm em comum

    As três doenças são causadas por vírus e transmitidas pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Esse mosquito se desenvolve em água parada e limpa, por isso, eliminar criadouros é a principal forma de prevenção.

    Além da transmissão vetorial, o vírus da zika também pode ser transmitido por via sexual, de mãe para filho durante a gestação e, mais raramente, por transfusão de sangue.

    De modo geral, todas podem causar:

    • Febre;
    • Dor de cabeça e no corpo;
    • Cansaço;
    • Manchas avermelhadas na pele;
    • Dores nas articulações.

    Mas é a intensidade e a duração desses sintomas que ajudam a diferenciar cada doença.

    Dengue: febre alta e dor intensa no corpo

    A dengue costuma começar de forma repentina, com febre alta (acima de 38,5 °C), forte dor muscular e nas articulações, dor atrás dos olhos, cansaço extremo e, em alguns casos, manchas vermelhas que lembram uma alergia.

    Outros sintomas incluem náusea, dor abdominal, falta de apetite e tontura. A febre dura entre 2 e 7 dias e pode ser seguida por uma fase crítica, em que a febre desaparece, mas aumenta o risco de complicações, como sangramentos.

    Os sinais de alerta para dengue grave, também chamada de dengue hemorrágica, são dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos nas gengivas ou nariz e tontura.

    Zika: sintomas leves, mas risco maior para gestantes

    A zika geralmente tem sintomas mais leves que a dengue e a chikungunya. A febre costuma ser baixa ou até ausente, e o que mais se destaca são as manchas avermelhadas pelo corpo, coceira intensa e vermelhidão nos olhos.

    Outros sintomas possíveis são dor de cabeça leve, dor nas articulações e cansaço. A doença costuma durar poucos dias e raramente causa complicações graves.

    O maior risco está em gestantes, pois o vírus pode atravessar a placenta e afetar o desenvolvimento do feto, provocar microcefalia e outras alterações neurológicas.

    Gestantes com suspeita de zika devem procurar atendimento médico imediatamente para acompanhamento especializado.

    Chikungunya: dor articular intensa e prolongada

    A chikungunya costuma causar febre alta e dor articular muito intensa, que pode afetar mãos, punhos, tornozelos e joelhos. Essa dor é tão forte que muitas pessoas têm dificuldade para andar ou realizar atividades simples.

    As dores podem durar semanas ou até meses e, em alguns casos, evoluir para uma forma crônica, semelhante à artrite. Também podem surgir inchaço nas articulações, manchas na pele, náusea e mal-estar.

    A febre costuma durar de 2 a 3 dias, mas a rigidez nas articulações é o sintoma mais marcante da doença.

    Dores persistentes por mais de 2 semanas ou sinais de inflamação articular devem ser avaliados pelo médico.

    Tabela de sintomas

    Sintoma principal Dengue Zika Chikungunya
    Febre Alta e súbita Leve ou ausente Alta e repentina
    Dor no corpo Intensa Leve a moderada Muito forte, sobretudo nas articulações
    Manchas na pele Comuns, surgem após a febre Muito comuns e coçam bastante Podem aparecer junto da febre
    Coceira Rara Intensa Leve
    Dor nos olhos Comum Rara Possível
    Inchaço nas articulações Raro Raro Muito comum
    Duração média 7 a 10 dias 3 a 7 dias Pode durar semanas a meses
    Complicações Hemorragia, choque Microcefalia (gestantes) Dor articular crônica

    Diagnóstico

    Os sintomas ajudam a suspeitar da doença, mas a confirmação é feita com exames laboratoriais específicos, como:

    • Sorologia (IgM/IgG);
    • PCR, que detecta o material genético do vírus.

    Em regiões onde os três vírus circulam ao mesmo tempo, o exame é muito importante para diferenciar as doenças corretamente.

    Tratamento

    Não existe tratamento específico para dengue, zika ou chikungunya. O foco é aliviar os sintomas e evitar complicações. As orientações gerais são:

    • Repouso e boa hidratação;
    • Uso de paracetamol ou dipirona para controlar dor e febre;
    • Evitar AAS e anti-inflamatórios, que aumentam o risco de sangramentos;
    • Acompanhamento médico, especialmente em gestantes e idosos.

    Prevenção

    Como todas são transmitidas pelo Aedes aegypti, a prevenção é a mesma:

    • Eliminar água parada (vasos, caixas d’água, pneus, garrafas);
    • Manter lixeiras tampadas;
    • Usar repelentes e roupas que cubram braços e pernas;
    • Instalar telas em janelas e portas.

    No caso da dengue, atualmente há vacina contra os quatro sorotipos do vírus.

    Confira: Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    Perguntas frequentes sobre dengue, zika e chikungunya

    1. As três doenças são transmitidas pelo mesmo mosquito?

    Sim. O Aedes aegypti é o principal transmissor da dengue, zika e chikungunya.

    2. Posso ter mais de uma dessas doenças ao mesmo tempo?

    Sim. É possível ser infectado por mais de um vírus simultaneamente, o que pode tornar o quadro mais grave.

    3. Qual é a mais perigosa?

    Depende. A dengue pode causar hemorragia, a zika é mais preocupante na gravidez e a chikungunya pode deixar dores crônicas.

    4. Existe vacina para todas?

    Atualmente, há vacinas apenas contra a dengue. Para zika e chikungunya, ainda estão em fase de pesquisa.

    5. O que devo fazer se tiver febre e dor nas articulações?

    Evite tomar AAS ou anti-inflamatórios e procure atendimento médico para diagnóstico correto.

    6. Quanto tempo leva para se recuperar completamente?

    Na dengue e na zika, em torno de uma semana. Na chikungunya, a dor articular pode persistir por semanas ou meses.

    7. É possível se proteger com repelente?

    Sim. O uso regular de repelentes é uma das formas mais eficazes de evitar a picada do mosquito.

    Veja mais: Como diferenciar dengue de gripe e covid-19?

  • Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

    Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

    Dermatite atópica, asma e alergias alimentares estão entre as condições mais comuns na infância e podem se manifestar logo nos primeiros anos da vida escolar. Na maioria das vezes, os sintomas de alergias em crianças aparecem de forma leve e podem ser controlados, mas algumas reações podem piorar rapidamente e evoluir para um quadro grave, como a anafilaxia.

    Como a criança passa boa parte do dia na escola, o ambiente precisa estar preparado para protegê-la sem tirar seu direito de participar das atividades com os coleguinhas. Isso envolve protocolos bem definidos, uma equipe que saiba como agir em casos de crise, boa comunicação com os pais e atitudes práticas no cotidiano que garantam a segurança sem causar isolamento ou constrangimento. Vamos entender mais, a seguir.

    Quais as alergias mais comuns na infância?

    As alergias são reações exageradas do sistema imunológico a substâncias que, normalmente, seriam inofensivas. Nas crianças, o organismo ainda está em desenvolvimento, o que torna as reações alérgicas mais imprevisíveis e, muitas vezes, mais intensas.

    Entre as mais comuns na idade escolar, a alergista e imunologista Brianna Nicoletti aponta:

    • Alergias alimentares, como leite, ovo, amendoim, castanhas, trigo, soja, peixe e frutos do mar;
    • Rinite alérgica e asma, que são desencadeadas por poeira, mofo, ácaros e perfumes;
    • Dermatite atópica, que causa pele ressecada, coceiras e feridas podem piorar com calor, tecidos sintéticos ou suor;
    • Alergia a picadas de insetos (como abelhas e vespas), comum em áreas externas, com risco de reações graves;
    • Conjuntivite alérgica, que afeta os olhos, causando coceira, vermelhidão e lacrimejamento;
    • Alergias de contato, causadas por substâncias como níquel (em fantasias, bijuterias), fragrâncias ou colas em materiais escolares;

    Algumas alergias em crianças se manifestam de forma leve, como espirros ou coceiras, mas outras podem evoluir rapidamente para quadros graves, como a anafilaxia — uma emergência médica que exige socorro imediato.

    Quais riscos a escola oferece para crianças alérgicas?

    A escola é um ambiente coletivo, então o risco de exposição a substâncias alergênicas é constante — desde alimentos compartilhados no lanche até materiais escolares, poeira acumulada em salas mal ventiladas, mofo em ambientes úmidos, perfumes usados por colegas e até produtos de limpeza usados nos banheiros e corredores.

    Mesmo com orientação, algumas situações inesperadas podem acontecer: um coleguinha que oferece um pedaço do lanche, uma atividade com materiais que causam alergia ou até uma troca de canetas com cheiro ou glitter pode desencadear uma crise alérgica.

    De acordo com Brianna, em casos severos, o maior risco é a anafilaxia, uma reação alérgica aguda que exige atendimento imediato. Os sintomas podem surgir em poucos minutos e incluem inchaço dos lábios, língua ou rosto, dificuldade para respirar, chiado no peito, queda brusca de pressão arterial, vômitos, confusão mental e, em casos extremos, perda de consciência.

    Sem intervenção rápida com adrenalina e suporte médico, a anafilaxia pode levar à morte. É por isso que toda a equipe da escola precisa estar preparada para reconhecer os sinais e agir rápido até que a criança receba o atendimento certo.

    Comunicação entre a escola e os pais

    No momento da matrícula, os pais devem entregar toda a documentação necessária, como laudos médicos, receitas atualizadas, o Plano de Ação com instruções detalhadas para emergências e os contatos diretos em caso de urgência. Tudo isso precisa ser renovado pelo menos uma vez por ano ou sempre que houver mudanças na condição de saúde da criança.

    Além da papelada, é importante que a escola organize reuniões de alinhamento no início do ano letivo com os pais para revisar protocolos, esclarecer dúvidas e ajustar qualquer ponto necessário. Também é importante que a equipe pedagógica esteja ciente da condição da criança e saiba como agir no dia a dia.

    Por fim, a escola precisa manter um canal direto e aberto com as famílias para resolver questões cotidianas — como dúvidas sobre merendas, passeios escolares, festas de aniversário ou uso de novos materiais em sala. Com essa troca próxima, a criança se sente mais acolhida e é possível prevenir problemas no dia a dia quanto a saúde e bem-estar dela.

    O que a escola deve fazer em caso de crises graves de alergias em crianças?

    Toda escola deve estar preparada para agir rápido diante de uma emergência alérgica, que deve ser previamente esclarecida pelos pais da criança. De acordo com Brianna, o protocolo nesses casos deve ser o seguinte:

    • Plano de Ação Escrito Individual: elaborado pelo médico da criança, com orientações claras sobre sinais de alerta e primeiros socorros;
    • Treinamento anual da equipe escolar: todos devem saber reconhecer uma anafilaxia, usar o autoinjetor de adrenalina corretamente e acionar o SAMU (192) sem hesitar;
    • Kit de emergência acessível: precisa conter autoinjetor de adrenalina, anti-histamínico e broncodilatador com espaçador, conforme o plano médico;
    • Registro da ocorrência: quem aplicou o medicamento, horário, evolução e contato imediato com os pais.

    A especialista ressalta que, no caso de crianças que precisam de adrenalina autoinjetável, ela deve permanecer acessível, dentro da validade e identificada com o nome da criança.

    “Qualquer adulto treinado (professor, coordenação, enfermagem escolar) pode e deve aplicar imediatamente diante de anafilaxia suspeita — não se deve aguardar confirmação médica para iniciar a adrenalina”, aponta Brianna.

    Alimentação escolar: como manter a criança segura?

    A alimentação costuma ser um dos pontos mais sensíveis no cuidado de alergias em crianças, já que o risco de ingestão acidental ou contaminação cruzada é alto — principalmente em escolas que oferecem refeições coletivas. Por isso, o cuidado com o preparo dos alimentos precisa ser rigoroso e bem coordenado entre todas as pessoas envolvidas.

    Algumas boas práticas ajudam muito nesse processo, conforme apontado por Brianna:

    • Cardápio personalizado, com todos os rótulos verificados e controle rigoroso de contaminação cruzada, usando utensílios e superfícies exclusivas, com preparo separado dos demais alimentos;
    • Lista de ingredientes disponível para a família, garantindo transparência total sobre o que será servido e permitindo que os responsáveis avaliem os riscos;
    • Treinamento constante da equipe de cozinha e cantina, com foco em lavagem correta das mãos, higienização dos utensílios e consciência sobre a gravidade de uma exposição acidental.

    Com medidas simples, é possível que a criança alérgica se alimente com segurança na escola e se sinta incluída em momentos cotidianos na escola.

    Quais são os sinais de alerta de alergias em crianças que exigem socorro imediato?

    A equipe da escola deve saber identificar os principais sinais de anafilaxia, como:

    • Urticária generalizada;
    • Inchaço de lábios, olhos ou língua;
    • Chiado no peito ou falta de ar;
    • Rouquidão súbita;
    • Dificuldade para engolir ou falar;
    • Vômitos repetidos;
    • Queda de pressão, palidez ou sonolência excessiva.

    Na dúvida, utilize a adrenalina imediatamente, conforme o Plano de Ação da criança. Após a aplicação da medicação, o serviço de emergência (SAMU, 192) deve ser acionado imediatamente e os responsáveis legais da criança informados.

    Durante esse tempo, a equipe escolar deve acompanhar a criança de perto, mantendo-a em posição confortável e observando possíveis mudanças no quadro clínico até a chegada do atendimento médico.

    Leia mais: Alergia alimentar: dicas para comer fora com segurança

    Como incluir a criança com alergia no ambiente escolar?

    No dia a dia, os professores podem adotar estratégias simples para que a criança alérgica se sinta segura e incluída em todas as atividades da escola, sem constrangimentos ou exclusões. A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia sugere algumas práticas:

    • Converse com a turma: explique de forma simples e respeitosa que um colega tem alergia a certos alimentos e que todos podem ajudar. As conversas incentivam empatia e responsabilidade coletiva desde cedo;
    • Desenvolva atividades educativas: aproveite projetos, rodas de conversa ou dinâmicas para reforçar valores como cuidado, generosidade e cooperação. Isso ajuda a naturalizar a convivência com as diferenças;
    • Evite rótulos ou falas que isolem: tenha cuidado com palavras e frases que possam expor ou rotular a criança com alergia. O objetivo é que ela se sinta incluída, não marcada por sua condição;
    • Nada de isolamento nas refeições: com supervisão e organização, é perfeitamente possível que a criança alérgica sente-se com os colegas e participe normalmente do momento das refeições, sem ser afastada do grupo;
    • Planeje comemorações com antecedência: em festas de aniversário ou eventos com comida, avise a família da criança alérgica com antecedência. Assim, é possível organizar uma opção segura para ela sem que se sinta excluída;
    • Oriente sobre lembrancinhas com comida: se a festa contar com brindes ou saquinhos de guloseimas enviados por outras famílias, avise previamente sobre a alergia da criança. Ela também precisa receber algo especial, sem riscos à saúde.

    Veja também: Entenda como funciona a alergia alimentar e o que fazer

    Perguntas frequentes sobre alergias em crianças

    1. Existe risco ao fazer atividades ao ar livre com crianças alérgicas?

    Sim, dependendo do tipo de alergia. Crianças alérgicas a picadas de insetos, por exemplo, correm risco em ambientes abertos e com vegetação. Já quem tem asma pode reagir mal a mudanças bruscas de temperatura, poeira ou poluição.

    O ideal é sempre consultar o Plano de Ação e planejar com antecedência. Quando necessário, levar o kit de emergência, orientar a equipe que acompanhará o grupo e adaptar o espaço, como evitar áreas com gramado alto ou flores.

    2. É permitido aplicar adrenalina sem autorização dos pais?

    Sim! Em caso de suspeita de anafilaxia, a adrenalina deve ser aplicada imediatamente, mesmo sem autorização dos pais naquele momento. A medida é apoiada por protocolos médicos e pode salvar a vida da criança.

    A escola precisa ter uma política clara sobre o uso da medicação, alinhada com profissionais de saúde e informada às famílias desde a matrícula.

    3. A escola pode impedir que a criança com alergia participe de certas atividades?

    Não, pois impedir a participação da criança por medo ou despreparo é uma forma de exclusão. Toda criança tem direito a participar da vida escolar, e cabe à escola adaptar as atividades conforme as necessidades de cada aluno. Isso pode significar trocar ingredientes, mudar o local de uma aula prática, ou orientar colegas sobre cuidados básicos.

    4. Quais são os primeiros sinais de uma reação alérgica em crianças?

    Os primeiros sinais costumam surgir rapidamente após o contato com o alérgeno, mas podem variar bastante conforme o tipo de alergia e a sensibilidade da criança. Os mais comuns incluem coceira intensa na pele, vermelhidão espalhada pelo corpo, olhos lacrimejando, espirros consecutivos, tosse seca, sensação de aperto na garganta e inchaço nos lábios ou pálpebras.

    Ao observar qualquer um desses sintomas, mesmo que pareçam leves, é fundamental agir com atenção e seguir o Plano de Ação da criança.

    5. Como identificar uma reação alérgica em crianças em bebês?

    Em crianças muito pequenas, que ainda não conseguem expressar o que estão sentindo, é fundamental observar mudanças comportamentais e sinais físicos, como coçar partes do corpo de forma insistente, esfregar os olhos, tossir sem parar, ficar inquieto, chorar sem causa aparente, irritabilidade, recusar alimentos ou mostrar desconforto ao respirar.

    Veja também: Janela imunológica: como prevenir alergia alimentar em bebês

  • Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo: a doença autoimune que aumenta o risco de trombose

    Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo: a doença autoimune que aumenta o risco de trombose

    A formação de coágulos dentro das veias ou artérias geralmente é vista como um evento agudo e imprevisível, mas, para algumas pessoas, esse risco está ligado a uma condição autoimune chamada Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo (SAF).

    Também conhecida como Síndrome de Hughes, ela faz com que o próprio sistema imunológico produza anticorpos que atrapalham a coagulação sanguínea, facilitando o surgimento de tromboses.

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo pode afetar homens e mulheres de qualquer idade, é uma das causas mais importantes de trombofilia adquirida e está associada a perdas gestacionais e complicações na gravidez.

    O que é a síndrome do anticorpo antifosfolipídeo?

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo é uma doença autoimune crônica em que o corpo produz anticorpos antifosfolipídeos, capazes de interferir no sistema de coagulação. Isso aumenta o risco de formação de trombos que podem:

    • Dificultar a passagem do sangue;
    • Bloquear veias ou artérias;
    • Causar complicações graves, como AVC, embolia pulmonar ou trombose venosa profunda.

    A doença é uma das causas mais comuns de trombofilia adquirida e também está associada a abortos repetidos e complicações obstétricas.

    Por que isso acontece?

    A causa exata ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que alguns fatores desencadeantes podem funcionar como gatilho em pessoas que já têm anticorpos circulantes.

    Entre os principais gatilhos estão:

    • Cirurgias ou procedimentos invasivos;
    • Infecções graves;
    • Gravidez;
    • Interrupção de anticoagulantes em quem já faz tratamento.

    Nem todos que têm os anticorpos desenvolvem tromboses; é a combinação entre predisposição e gatilho que costuma precipitar as manifestações.

    Sintomas da síndrome do anticorpo antifosfolipídeo

    Os sintomas dependem da região em que o trombo se forma. Algumas pessoas têm sinais leves; outras apresentam manifestações graves.

    Quando a trombose ocorre em veias (Trombose Venosa Profunda)

    • Dor;
    • Inchaço;
    • Vermelhidão;
    • Calor no local.

    Quando ocorre em artérias

    • AVC (pode surgir em pessoas jovens sem fatores de risco);
    • Dor súbita e intensa em membros.

    Outras manifestações

    • Manchas arroxeadas na pele que pioram com frio (livedo);
    • Trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas);
    • Problemas cardíacos;
    • Microtromboses difusas.

    Relação com gravidez

    • Abortos repetidos;
    • Pré-eclâmpsia;
    • Restrição de crescimento fetal.

    Forma rara e grave

    A Síndrome Antifosfolipídica Catastrófica afeta vários órgãos ao mesmo tempo e é uma emergência médica.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico depende de critérios clínicos e laboratoriais.

    É necessário ter:

    1. Critérios clínicos

    • Histórico de trombose ou
    • Complicações obstétricas, como:
      • três ou mais abortos consecutivos;
      • parto prematuro por pré-eclâmpsia grave ou restrição de crescimento;
      • outras complicações típicas da doença.

    2. Critérios laboratoriais

    Exames positivos para anticorpos antifosfolipídeos, confirmados em duas coletas com intervalo mínimo de 12 semanas:

    • Anticardiolipina (IgG ou IgM);
    • Anti-beta-2 glicoproteína I (IgG ou IgM);
    • Anticoagulante lúpico.

    Ter esses anticorpos não significa lúpus, mas algumas pessoas têm síndrome do anticorpo antifosfolipídeo associada ao lúpus eritematoso sistêmico.

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo pode ser evitada?

    Não é possível evitar a doença em si, mas é possível prevenir complicações, especialmente tromboses.

    Principais recomendações:

    • Não fumar;
    • Manter peso saudável;
    • Praticar atividade física regularmente;
    • Controlar colesterol e triglicerídeos;
    • Evitar uso de estrogênio (pílulas combinadas), salvo orientação médica;
    • Evitar medicamentos que alteram a coagulação por conta própria.

    Esses cuidados são ainda mais importantes em quem já tem anticorpos circulantes.

    Tratamento

    A SAF não tem cura, mas é totalmente controlável com tratamento adequado. O objetivo é evitar a formação de novos trombos.

    Tratamento principal: anticoagulantes

    Medicamentos anticoagulantes reduzem a tendência de formação de coágulos. Geralmente, o uso é contínuo e monitorado com exames como o INR, que verifica se o sangue está na faixa terapêutica ideal.

    Durante a gravidez

    O tratamento é diferenciado, para garantir segurança para mãe e bebê. Com acompanhamento adequado, o risco de aborto e complicações é significativamente reduzido.

    Cuidados com medicamentos

    Vários remédios interferem nos anticoagulantes, entre eles anti-inflamatórios e analgésicos comuns.

    Por isso, é essencial:

    • Avisar o médico sobre qualquer novo medicamento;
    • Evitar automedicação;
    • Monitorar regularmente o exame de INR.

    Alimentação: atenção à vitamina K

    A vitamina K (presente em folhas verdes escuras como couve, brócolis e espinafre) interfere na ação dos anticoagulantes.

    Não é necessário cortar esses alimentos. O ideal é manter um consumo regular e estável, sem grandes variações.

    Por que o tratamento é tão importante?

    Sem controle, a síndrome do anticorpo antifosfolipídeo pode levar a complicações graves, como:

    • Trombose venosa profunda;
    • AVC;
    • Embolia pulmonar;
    • Perda gestacional recorrente.

    Com acompanhamento regular, a maioria das pessoas leva uma vida saudável e normal.

    Veja também: 7 cuidados que você deve ter antes de engravidar

    Perguntas frequentes sobre síndrome do anticorpo antifosfolipídeo

    1. A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo é a mesma coisa que trombofilia?

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo é um tipo de trombofilia adquirida, ou seja, provoca maior risco de trombose ao longo da vida.

    2. SAF está ligada ao lúpus?

    Pode estar, mas não necessariamente. Muitas pessoas têm síndrome do anticorpo antifosfolipídeo isolada.

    3. A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo tem cura?

    Não, mas é totalmente controlável com acompanhamento médico.

    4. Vou precisar tomar anticoagulante para sempre?

    Na maioria dos casos, sim. A decisão depende da história de trombose e do risco individual.

    5. Posso engravidar com síndrome do anticorpo antifosfolipídeo?

    Sim. Com tratamento adequado durante a gestação, muitas mulheres têm gravidez saudável.

    6. A alimentação interfere no tratamento?

    Sim. Alimentos ricos em vitamina K devem ser consumidos de forma estável.

    7. A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo aumenta risco de AVC?

    Sim, especialmente quando há trombose arterial. O tratamento reduz muito esse risco.

    Veja também: Trombose do viajante: o que é, sintomas, causas e como evitar

  • Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes 

    Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes 

    O diabetes é uma das doenças crônicas mais conhecidas do mundo, mas existe uma forma menos falada que costuma surpreender até quem já convive com o diagnóstico: o LADA, o diabetes autoimune latente do adulto. Ele é chamado informalmente de “diabetes tipo 1,5” porque reúne características do tipo 1 e do tipo 2, e muitas vezes passa despercebido nos primeiros anos.

    Por causa dessa evolução lenta, muitas pessoas recebem tratamento inadequado por meses ou anos. Identificar o LADA precocemente faz toda a diferença para escolher o tratamento correto, preservar a função do pâncreas por mais tempo e evitar complicações a longo prazo.

    O que é o diabetes LADA?

    O diabetes LADA é uma forma de diabetes causada por uma reação autoimune: o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis por produzir insulina. A destruição é lenta, e por isso os sintomas começam como no diabetes tipo 2, mas depois evoluem para a necessidade de insulina, como acontece no diabetes tipo 1.

    Por isso ele é considerado uma condição intermediária entre os dois tipos clássicos.

    Como é feito o diagnóstico

    A Sociedade de Imunologia para Diabetes estabelece três critérios para identificar o diabetes LADA:

    • Diagnóstico após os 30 anos;
    • Presença de anticorpos contra o pâncreas;
    • Não precisar de insulina nos primeiros 6 meses.

    No início, o LADA costuma ser confundido com diabetes tipo 2 porque:

    • A glicose sobe de forma mais leve;
    • Os medicamentos orais funcionam no começo;
    • Os sintomas podem ser discretos.

    Com o tempo, porém, o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina, e o controle da glicose começa a falhar, mesmo com tratamento adequado, um sinal de alerta importante.

    Por que o diabetes LADA acontece?

    O diabetes LADA tem origem genética e autoimune. Alguns genes aumentam o risco da doença, mas ainda não se sabe ao certo o que desencadeia a reação imunológica.

    Os fatores associados são:

    • Excesso de peso;
    • Tabagismo;
    • Sedentarismo;
    • Consumo excessivo de bebidas açucaradas;
    • Baixo peso ao nascer.

    Por outro lado, hábitos como atividade física regular, alimentação equilibrada e consumo de peixes ricos em ômega 3 parecem ter efeito protetor.

    Quão comum é o diabetes LADA?

    Mais do que se imagina: 5% a 15% dos adultos diagnosticados inicialmente com diabetes tipo 2 na verdade têm diabetes LADA.

    Em países como Reino Unido e outros da Europa, cerca de 10% dos adultos com diabetes apresentam essa forma autoimune.

    Como o corpo reage no diabetes LADA

    No LADA, o organismo produz anticorpos que atacam gradualmente as células produtoras de insulina (sem destruí-las tão rapidamente quanto no diabetes tipo 1).

    A doença mistura características dos dois tipos clássicos:

    • Autoimunidade semelhante ao tipo 1;
    • Evolução lenta inicial, semelhante ao tipo 2;
    • Ocorre em adultos, geralmente com peso normal ou levemente acima do ideal.

    Sintomas

    Os sintomas do diabetes LADA são semelhantes aos dos outros tipos de diabetes:

    • Sede excessiva;
    • Urinar com frequência;
    • Cansaço persistente;
    • Perda de peso sem motivo;
    • Visão embaçada;
    • Formigamento nos pés.

    Algumas pessoas podem permanecer sem sintomas por um tempo, descobrindo a doença apenas em exames de rotina.

    Exames para diagnosticar o diabetes LADA

    Além dos exames comuns para diabetes (glicemia, hemoglobina glicada, urina), o médico pode solicitar:

    • Anticorpos específicos, como o GADA (o mais comum);
    • Dosagem de peptídeo C, que mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.

    Pessoas com diabetes LADA costumam ter:

    • Peptídeo C em níveis intermediários;
    • Anticorpos positivos;
    • Pouca ou nenhuma resistência à insulina.

    Esses achados ajudam a diferenciar o diabetes LADA de diabetes tipo 1 e tipo 2.

    Tratamento

    O tratamento é personalizado e depende do estágio da doença.

    Inclui:

    • Alimentação equilibrada;
    • Atividade física regular;
    • Acompanhamento médico frequente.

    Medicamentos

    • Insulina: pode ser necessária logo no início ou apenas após alguns anos;
    • Agonistas de GLP-1 e inibidores de DPP-4: ajudam a preservar a função do pâncreas.

    Importante:

    Sulfonilureias devem ser evitadas, pois aceleram a perda das células produtoras de insulina.

    Por que reconhecer o diabetes LADA é tão importante?

    Um diagnóstico impreciso pode atrasar o tratamento adequado, aumentando o risco de complicações.

    Identificar o diabetes LADA permite:

    • Preservar a função do pâncreas por mais tempo;
    • Melhorar o controle da glicose;
    • Reduzir o risco de danos nos rins, olhos, coração e vasos;
    • Oferecer uma abordagem individualizada.

    Leia também: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Perguntas frequentes sobre LADA

    1. LADA é a mesma coisa que diabetes tipo 1?

    Não. Ambos são autoimunes, mas o LADA se desenvolve lentamente e aparece apenas em adultos.

    2. Quem tem LADA sempre vai precisar de insulina?

    A tendência é que sim, mas o momento varia de pessoa para pessoa.

    3. LADA pode ser confundido com diabetes tipo 2?

    Sim, e isso é muito comum. Por isso o diagnóstico correto é tão importante.

    4. LADA tem cura?

    Não, mas pode ser controlado com tratamento adequado.

    5. Exercícios ajudam no LADA?

    Sim. Atividade física melhora sensibilidade à insulina e ajuda no controle glicêmico.

    6. O que o peptídeo C indica?

    Ele mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.

    7. Alimentação pode substituir o tratamento medicamentoso?

    Não. É complementar, mas não substitui medicamentos quando o pâncreas já está comprometido.

    Leia mais: Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar

  • Dor pélvica forte? Pode ser endometriose

    Dor pélvica forte? Pode ser endometriose

    A endometriose é uma das doenças ginecológicas mais discutidas atualmente, e ainda assim, uma das mais subdiagnosticadas. Muitas mulheres convivem durante anos com cólicas incapacitantes, dor pélvica constante ou dificuldade para engravidar sem imaginar que esses sintomas podem estar ligados a uma condição que exige acompanhamento especializado.

    A doença afeta mulheres em idade fértil e pode comprometer rotina, bem-estar e saúde reprodutiva. A boa notícia é que, com informação, diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível controlar os sintomas, preservar a fertilidade e manter qualidade de vida.

    O que é endometriose?

    A endometriose é uma doença ginecológica crônica e benigna. Ela acontece quando o tecido endometrial (que reveste o útero) cresce fora dele, em locais onde não deveria. Esses implantes podem surgir na pelve, ovários, intestino, bexiga e outros órgãos próximos.

    É relativamente comum: estima-se que entre 5% e 10% das mulheres em idade fértil tenham endometriose.

    Os diferentes tipos de endometriose

    A endometriose pode se manifestar de maneiras distintas. Por isso, é classificada em três grupos principais:

    1. Endometriose peritoneal

    Pequenos implantes distribuídos na superfície do peritônio (a membrana que reveste a pelve).

    2. Endometriose ovariana

    Forma cistos chamados endometriomas, geralmente repletos de conteúdo espesso e escuro.

    3. Endometriose profunda

    O tecido cresce mais profundamente, podendo atingir paredes de órgãos pélvicos e infiltrar 5 mm ou mais.

    Por que a endometriose acontece?

    A causa exata ainda não é totalmente compreendida, mas existem teorias importantes.

    Menstruação retrógrada (teoria de Sampson)

    Parte do sangue menstrual retorna pelas trompas para a pelve, carregando células do endométrio que se implantam em locais indevidos. Como nem todas as mulheres desenvolvem endometriose, acredita-se que fatores hormonais e imunológicos também participem.

    Metaplasia celômica

    Sugere que células da pelve poderiam se transformar em tecido semelhante ao endometrial.

    Provavelmente, mais de uma teoria atua ao mesmo tempo.

    Principais sintomas

    A endometriose é conhecida por causar sintomas que variam bastante, desde quadros silenciosos até dores intensas.

    Os mais comuns são:

    • Dor pélvica crônica;
    • Cólicas fortes (dismenorreia);
    • Dor durante a relação sexual;
    • Alterações intestinais ou urinárias cíclicas;
    • Dificuldade para engravidar.

    Muitas mulheres levam anos até receber o diagnóstico, porque esses sintomas podem ser confundidos com outras condições.

    Como é feito o diagnóstico

    O primeiro passo é uma avaliação clínica cuidadosa:

    • Investigação dos sintomas;
    • Exame ginecológico, que pode identificar nódulos dolorosos ou pouca mobilidade uterina.

    Depois, exames complementares ajudam a confirmar o quadro e mapear a extensão da doença:

    • Ultrassom pélvico e transvaginal com preparo intestinal;
    • Ressonância magnética.

    Quando a suspeita persiste ou há necessidade de tratamento cirúrgico, pode ser indicada uma videolaparoscopia, que permite visualizar e tratar os focos da doença ao mesmo tempo.

    Tratamento e controle

    A endometriose é crônica e necessita acompanhamento contínuo. O objetivo do tratamento é:

    • Reduzir a dor;
    • Controlar a progressão da doença;
    • Preservar a fertilidade.

    A escolha depende da gravidade, localização dos focos, idade e desejo de gestar.

    Tratamento clínico

    O mais comum, baseado em hormônios que bloqueiam a ovulação e diminuem o estímulo estrogênico:

    • Progestagênios;
    • Anticoncepcionais hormonais combinados;
    • DIU hormonal.

    Efeitos colaterais leves podem ocorrer, como alterações de humor ou ganho de peso.

    Tratamento cirúrgico

    Indicado quando:

    • Os sintomas não melhoram com o tratamento clínico;
    • Há endometriomas grandes;
    • Existe comprometimento intestinal ou urinário;
    • A infertilidade está relacionada à doença.

    A cirurgia é feita por videolaparoscopia e remove os focos da endometriose.

    Terapias complementares

    • Fisioterapia pélvica;
    • Psicoterapia.

    Essas abordagens ajudam a lidar com a dor e o impacto emocional.

    A endometriose é uma doença complexa, mas tratável. Com diagnóstico precoce, acompanhamento ginecológico e tratamento adequado, é possível controlar os sintomas, proteger a fertilidade e levar uma vida plena.

    Cólicas muito intensas, dor pélvica persistente e dificuldade para engravidar merecem avaliação e, quanto antes, melhor.

    Confira: Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

    Perguntas frequentes sobre endometriose

    1. Endometriose tem cura?

    Não, mas pode ser controlada. Muitas mulheres ficam sem sintomas com tratamento adequado.

    2. Toda dor menstrual forte é endometriose?

    Não. Mas cólicas incapacitantes devem sempre ser investigadas.

    3. Quem tem endometriose consegue engravidar?

    Sim. Algumas mulheres têm dificuldade, mas muitas engravidam de forma natural ou com apoio médico.

    4. O DIU hormonal ajuda?

    Sim, pode aliviar sintomas ao reduzir o estímulo hormonal sobre os focos da doença.

    5. A videolaparoscopia é sempre necessária?

    Não. Só quando os exames não esclarecem o diagnóstico ou há necessidade terapêutica.

    6. A endometriose volta após a cirurgia?

    Pode voltar, porque a doença é crônica. Por isso o acompanhamento é contínuo.

    7. Dor durante o sexo é normal?

    Não. Dor na relação sexual é um sintoma importante e deve ser investigado.

    Veja também: Endometriose: o que é e os tratamentos disponíveis

  • Dor e rigidez nas articulações? Pode ser artrite reumatoide 

    Dor e rigidez nas articulações? Pode ser artrite reumatoide 

    A artrite reumatoide (AR) é uma doença que vai muito além das dores nas articulações. Trata-se de uma condição autoimune crônica que, se não for identificada e tratada cedo, pode comprometer a mobilidade, causar deformidades e afetar até órgãos internos.

    É uma doença que mexe com a rotina e a qualidade de vida, mas que hoje conta com tratamentos eficazes e capazes de controlar a inflamação e evitar danos permanentes.

    Por ser uma doença silenciosa nas fases iniciais, com sintomas que podem ser confundidos com cansaço ou estresse, o diagnóstico precoce faz toda a diferença. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maiores as chances de impedir a progressão e preservar a função das articulações.

    O que é a artrite reumatoide (AR)?

    A artrite reumatoide é uma doença autoimune crônica. Isso significa que o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo, passa a atacar equivocadamente as articulações.

    Esse ataque provoca:

    • Inflamação persistente;
    • Dor;
    • Rigidez;
    • Inchaço.

    A doença costuma afetar as articulações de forma simétrica, como os dois joelhos, os dois punhos ou as duas mãos. Com o tempo, a inflamação contínua pode levar à destruição da cartilagem e do osso, causando deformidades e perda de movimento.

    Quem pode ter artrite reumatoide?

    Algumas características aumentam as chances de desenvolver a doença:

    • É 2 a 3 vezes mais comum em mulheres;
    • Mais frequente entre 40 e 60 anos, embora possa surgir em outras idades;
    • Mais comum em áreas urbanas do que em regiões rurais.

    Sintomas principais

    No início

    • Cansaço e fraqueza;
    • Rigidez matinal (dificuldade de movimentar as articulações pela manhã);
    • Articulações inchadas, sensíveis e doloridas.

    Com avanço sem tratamento

    • Deformidades articulares;
    • Limitação importante dos movimentos;
    • Dor intensa;
    • Inflamação em outros órgãos, como:
      • Pulmões;
      • Olhos;
      • Coração;
      • Pele;
      • Nervos.

    Causas e fatores de risco

    A causa exata da artrite reumatoide ainda não é conhecida, mas os estudos mostram que ela surge da combinação entre genética e ambiente.

    Principais fatores associados

    • Dereditariedade: ter familiares com artrite reumatoide aumenta o risco;
    • Tabagismo: é o fator de risco mais forte e bem documentado;
    • Infecções: alguns vírus e bactérias podem funcionar como gatilho;
    • Estilo de vida: obesidade e dieta pobre em fibras aumentam as chances.

    Como é feito o diagnóstico

    Não existe um único exame que confirme a doença. O diagnóstico é feito a partir da combinação de:

    1. Avaliação clínica

    Análise dos sintomas, histórico e exame físico das articulações.

    2. Exames de imagem

    • Ultrassom;
    • Ressonância magnética;
    • Raio-X.

    Esses exames permitem detectar inflamação e alterações articulares.

    3. Exames de sangue

    • Marcadores inflamatórios (PCR e VHS);
    • Anticorpos específicos (fator reumatoide e anti-CCP/ACPA);

    A identificação precoce é fundamental: o tratamento iniciado cedo consegue impedir a progressão e evitar deformidades.

    Tratamento da artrite reumatoide

    O objetivo do tratamento é alcançar remissão (ausência de sintomas) ou reduzir de forma significativa a atividade da doença.

    As principais estratégias são as abaixo.

    1. Remédios

    Eles aliviam sintomas e controlam a inflamação. Entre eles:

    • Anti-inflamatórios não esteroidais;
    • Corticóides;
    • Medicamentos antirreumáticos modificadores da doença (DMARDs), sintéticos ou biológicos.

    2. Fisioterapia e exercícios

    Movimentos leves e orientados ajudam a preservar a mobilidade e manter força muscular.

    3. Acompanhamento multiprofissional

    Inclui reumatologista, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo.

    4. Mudanças de hábitos

    • Parar de fumar;
    • Manter peso saudável;
    • Adotar alimentação equilibrada.

    Importância do diagnóstico e do tratamento precoce

    Sem tratamento adequado, a artrite reumatoide pode causar danos permanentes às articulações e comprometer atividades simples do dia a dia. Além disso, a doença pode afetar órgãos internos e aumentar o risco de complicações graves.

    Por isso, reconhecer os sintomas cedo e iniciar acompanhamento com reumatologista são passos essenciais para manter qualidade de vida.

    Leia também: Miastenia gravis: conheça a doença que causa fraqueza muscular

    Perguntas frequentes sobre artrite reumatoide

    1. Artrite reumatoide tem cura?

    Não, mas pode ser controlada. Muitos pacientes atingem remissão com o tratamento adequado.

    2. Artrite reumatoide é a mesma coisa que artrose?

    Não. A artrite reumatoide é autoimune; a artrose é desgaste da cartilagem.

    3. Exercício piora a artrite?

    Não. Atividades leves ajudam na mobilidade e reduzem dor, desde que bem orientadas.

    4. A doença pode causar deformidades?

    Sim, quando não tratada precocemente.

    5. O estresse influencia a artrite reumatoide?

    Sim, o estresse pode piorar crises inflamatórias.

    6. A artrite reumatoide atinge apenas articulações?

    Não. Pode afetar pulmões, olhos, coração, pele e outros órgãos.

    7. Quem tem artrite reumatoide precisa de acompanhamento contínuo

    Sim. O acompanhamento com reumatologista é essencial para ajustar o tratamento e prevenir danos.

    Veja mais: Artrite reumatoide: o que é, diagnóstico e tratamento

  • Próstata aumentada: o que você precisa saber 

    Próstata aumentada: o que você precisa saber 

    Com o passar dos anos, o corpo passa por diversas transformações e, para muitos homens, uma delas envolve o aumento da próstata. Essa condição, conhecida como Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), é extremamente comum depois dos 50 anos e pode provocar sintomas urinários que impactam a rotina, o sono e a qualidade de vida.

    Embora não esteja relacionada ao câncer de próstata, a próstata aumentada merece atenção. Quando não acompanhada, pode trazer desconforto e algumas complicações. Hoje já há tratamentos eficazes e a maioria dos homens consegue controlar bem os sintomas com o cuidado adequado.

    O que é a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB)

    A Hiperplasia Prostática Benigna é o crescimento benigno (não cancerígeno) da próstata, uma glândula localizada logo abaixo da bexiga e responsável por produzir parte do líquido seminal.

    O aumento costuma ocorrer progressivamente ao longo da vida. Em muitos homens, ele é silencioso; em outros, causa sintomas urinários que podem ser leves, moderados ou intensos.

    Por que a próstata aumenta?

    O crescimento da próstata acontece principalmente por influência hormonal. A testosterona, hormônio masculino, é convertida dentro da glândula em di-hidrotestosterona (DHT), substância que estimula as células da próstata a se multiplicarem.

    Com o tempo:

    • O volume da próstata aumenta gradualmente;
    • Esse aumento pode começar por volta dos 30 anos;
    • Torna-se mais evidente após os 50;
    • Aos 70 anos, a próstata pode até dobrar de tamanho.

    Trata-se de um processo natural, ligado ao envelhecimento e ao equilíbrio hormonal.

    Sintomas da próstata aumentada

    A Hiperplasia Prostática Benigna pode gerar sintomas de dois tipos: obstrutivos e irritativos.

    Sintomas obstrutivos (dificuldade para urinar)

    • Jato urinário fraco;
    • Dificuldade para iniciar a micção (hesitação);
    • Jato que interrompe e volta;
    • Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
    • Gotejamento após urinar.

    Sintomas irritativos (urgência e frequência)

    • Vontade de urinar muitas vezes ao dia (polaciúria);
    • Acordar várias vezes à noite para urinar (nictúria);
    • Urgência urinária, às vezes com escape;
    • Desconforto no baixo ventre.

    É importante reforçar: o tamanho da próstata não determina a intensidade dos sintomas. Homens com próstata grande podem ter poucos incômodos, e outros, com aumento discreto, podem sentir bastante desconforto.

    Possíveis complicações da próstata aumentada

    Sem acompanhamento adequado, a Hiperplasia Prostática Benigna pode evoluir para:

    • Retenção urinária (incapacidade de urinar);
    • Infecção urinária;
    • Cálculo (pedra) na bexiga;
    • Sangue na urina;
    • Sobrecarga ou prejuízo dos rins.

    Por isso, mesmo sintomas leves devem ser avaliados.

    Como é feito o diagnóstico

    1. História clínica e exame físico

    Conhecer os sintomas e seu impacto na rotina é importante para o diagnóstico de próstata aumentada.

    2. Toque retal

    Permite avaliar tamanho, formato e consistência da próstata.

    3. Exames laboratoriais

    • Exame de urina para descartar infecções;
    • Dosagem do PSA, que não diagnostica HPB, mas ajuda a avaliar o risco de câncer de próstata.

    4. Exames de imagem

    • Ultrassonografia do aparelho urinário;
    • Medida do resíduo urinário pós-micção;
    • Urofluxometria (avalia o fluxo da urina).

    Esses exames ajudam a entender o quadro e definir o tratamento ideal.

    Tratamento da próstata aumentada

    O objetivo é aliviar sintomas e evitar complicações. As opções incluem:

    1. Remédios

    Podem agir de duas formas:

    • Relaxando a musculatura da próstata e da bexiga, facilitando a saída da urina;
    • Reduzindo o estímulo hormonal, diminuindo gradualmente o tamanho da próstata.

    O urologista avalia a combinação mais eficaz em cada caso.

    2. Técnicas minimamente invasivas

    Indicadas para quadros moderados ou quando os medicamentos não funcionam bem:

    • Ablação;
    • Laserterapia;
    • Eletrovaporização da próstata.

    Esses procedimentos preservam tecido e costumam ter recuperação mais rápida.

    3. Cirurgia

    Recomendada quando:

    • Os sintomas são intensos;
    • Há complicações (como retenção urinária ou infecções recorrentes).

    A cirurgia mais comum é a Ressecção Transuretral da Próstata (RTU). Para próstatas muito grandes, pode ser necessária cirurgia aberta.

    Veja mais: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

    Perguntas frequentes sobre próstata aumentada

    1. A Hiperplasia Prostática Benigna é câncer?

    Não. É um crescimento benigno da próstata, sem relação direta com câncer.

    2. Toda próstata aumentada precisa de cirurgia?

    Não. Muitos casos respondem bem a medicamentos.

    3. A próstata aumentada causa impotência?

    Os sintomas em si não. Alguns medicamentos podem interferir, mas isso varia por paciente.

    4. Próstata aumentada sempre causa sintomas?

    Não. Parte dos homens tem próstata aumentada sem qualquer incômodo.

    5. O PSA serve para diagnosticar Hiperplasia Prostática Benigna?

    Não. Ele avalia risco de câncer, mas ajuda no acompanhamento.

    6. Beber muita água piora a próstata aumentada?

    Não. Mas tomar muito líquido à noite pode aumentar a nictúria.

    7. Preciso tratar mesmo que os sintomas sejam leves?

    É importante acompanhar para evitar complicações, mesmo que não haja necessidade de intervenção imediata.

    Confira: Hiperplasia prostática benigna (HPB): quando o aumento da próstata deixa de ser normal e exige atenção médica

  • Como o contato com a natureza ajuda a reduzir o estresse 

    Como o contato com a natureza ajuda a reduzir o estresse 

    Caminhar ao ar livre, observar o verde das árvores ou simplesmente ouvir o som de pássaros parece um prazer simples, mas para o corpo, é terapia. A ciência vem comprovando o que a intuição humana já sabia há séculos: o contato com a natureza tem um impacto importante e mensurável na saúde do corpo e da mente.

    Estudos mostram que estar em ambientes naturais reduz os níveis de estresse, melhora o humor, fortalece o coração e até protege o cérebro. Mas não é preciso viver em meio à floresta: pequenas pausas em espaços verdes, parques ou praças já trazem benefícios interessantes.

    O que a ciência descobriu sobre o contato com a natureza

    Pesquisas confirmam que a exposição regular à natureza modula o sistema nervoso, equilibra hormônios e reduz inflamações.

    Um estudo publicado no periódico científico Nature mostrou, com base em exames de imagem cerebral, que o contato com áreas verdes ativa regiões do cérebro relacionadas ao bem-estar e diminui a atividade em áreas ligadas ao estresse e à ansiedade.

    Outro estudo, da Occupational and Environmental Medicine, analisou milhares de participantes e concluiu que quanto mais tempo as pessoas passavam em ambientes naturais, menor era o risco de desenvolver pressão alta, depressão e esgotamento mental.

    Esses efeitos combinam fatores fisiológicos e psicológicos e explicam por que estar perto da natureza faz tão bem.

    Como a natureza atua no corpo e na mente

    Reduz o estresse e equilibra o sistema nervoso

    A exposição a ambientes naturais diminui os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Com menos cortisol circulando, o corpo entra em um estado de relaxamento fisiológico: o coração desacelera, a pressão arterial cai e os músculos relaxam.

    Além disso, sons naturais e a visão de paisagens verdes ativam o sistema parassimpático, responsável por acalmar o organismo e restaurar o equilíbrio interno.

    Faz bem para o coração

    O coração é beneficiado com essa redução do estresse. Pessoas que têm contato regular com áreas verdes apresentam menor frequência cardíaca de repouso e melhor controle da pressão arterial.

    E tem o fator movimento: o simples ato de caminhar em parques ou jardins melhora a circulação, reduz a inflamação e contribui para a saúde cardiovascular.

    Melhora o humor e a clareza mental

    O contato com a natureza é capaz de agir sobre o cérebro. Ele aumenta a liberação de serotonina e dopamina, neurotransmissores ligados ao prazer e à motivação. Pesquisas também mostram que pessoas que fazem caminhadas ao ar livre têm menor risco de ansiedade e depressão.

    Além disso, estar em meio à natureza reduz a sobrecarga cognitiva, pois o cérebro descansa das telas, do ruído e do excesso de estímulos urbanos.

    Fortalece o sistema imunológico

    A exposição moderada ao sol (com proteção adequada e atenção aos horários) estimula a produção de vitamina D, essencial para a imunidade e a saúde óssea.

    Como trazer mais natureza para o seu dia a dia

    A boa notícia é que não é preciso morar no campo para aproveitar os efeitos benéficos do verde. Veja algumas orientações médicas simples para integrar a natureza à sua rotina:

    • Passe ao menos 20 a 30 minutos por dia ao ar livre: caminhar em praças, cuidar de plantas ou até sentar-se próximo a uma árvore já ajuda;
    • Aproveite a luz natural: abra janelas, deixe o sol entrar e evite ambientes totalmente fechados com luz artificial durante o dia;
    • Leve o verde para dentro de casa: vasos de plantas, flores ou pequenas hortas em varandas podem melhorar o humor e a qualidade do ar;
    • Desconecte-se das telas: substitua alguns minutos de celular por momentos de observação da natureza, mesmo que seja o céu ou o canto dos pássaros.

    Combine natureza e movimento: caminhadas, pedaladas ou yoga ao ar livre unem os benefícios do exercício físico e do contato com o verde.

    O equilíbrio está na rotina

    Do ponto de vista médico, o contato com a natureza atua como um modulador natural do organismo. Ele reduz o estresse oxidativo, melhora o sono e auxilia na regulação da frequência cardíaca e da pressão arterial. Pequenas pausas verdes ao longo da semana têm efeitos cumulativos e fortalecem o corpo e a mente a longo prazo. Reservar um tempo para estar ao ar livre é cuidar da própria saúde.

    Confira: O que é ansiedade e por que ela está aumentando

    Perguntas frequentes sobre o contato com a natureza

    1. É preciso fazer atividade física para ter os benefícios?

    Não necessariamente. A atividade física é muito importante para a saúde, mas os benefícios de estar em contato com a natureza acontecem independentemente se uma atividade física é feita naquele local. Apenas estar em um ambiente natural, caminhando, lendo ou observando a paisagem, já traz efeitos positivos.

    2. A natureza realmente ajuda a controlar a pressão arterial?

    De forma indireta, sim. A exposição regular a ambientes verdes reduz a pressão e a frequência cardíaca, especialmente em pessoas com hipertensão leve.

    3. O contato com a natureza pode ajudar na ansiedade e depressão?

    Sim. Estudos mostram melhora no humor e redução de sintomas depressivos em pessoas que frequentam áreas verdes.

    4. Há contraindicações?

    Nenhuma. O importante é adotar medidas de segurança, como uso de protetor solar, hidratação e repelente de insetos quando necessário.

    6. Crianças e idosos também se beneficiam?

    Sim. Em todas as idades, o contato com a natureza melhora o humor, o sono e a disposição.

    Veja mais: Crise de ansiedade: o que fazer e como controlar os sintomas