Autor: Dra. Juliana Soares

  • Rabdomiólise: saiba mais sobre a doença que deixa o xixi preto

    Rabdomiólise: saiba mais sobre a doença que deixa o xixi preto

    A rabdomiólise é uma condição médica que pode surgir de forma inesperada e causar sérios danos ao organismo. Ela ocorre quando há destruição das fibras musculares, liberando substâncias como mioglobina e enzimas na corrente sanguínea. Esse processo sobrecarrega principalmente os rins e pode levá-los à falência se o tratamento não for iniciado rapidamente.

    Embora possa ter várias causas — de acidentes e esforço físico intenso a reações a medicamentos ou infecções — a rabdomiólise também aparece em situações raras, como na doença de Haff, relacionada ao consumo de certos tipos de peixe. Reconhecer os sintomas precocemente é essencial para evitar complicações graves.

    O que é a rabdomiólise

    É uma condição caracterizada pela destruição das fibras musculares esqueléticas, responsáveis pelos movimentos. Quando isso ocorre, o conteúdo celular (mioglobina, enzimas e eletrólitos) é liberado no sangue, podendo causar:

    • Sobrecarga dos rins;
    • Alterações cardíacas;
    • Complicações potencialmente fatais, se não tratada rapidamente.

    Causas mais comuns

    A rabdomiólise pode ter causas traumáticas (físicas) ou não traumáticas.

    Traumáticas ou físicas

    • Lesões graves (acidentes, quedas);
    • Imobilização prolongada (coma, uso de drogas ou álcool);
    • Queimaduras extensas, choques elétricos ou raio;
    • Exercícios físicos intensos, principalmente em pessoas não acostumadas.

    Não traumáticas ou não físicas

    • Uso de certos medicamentos;
    • Infecções virais ou bacterianas;
    • Distúrbios metabólicos e hormonais (diabetes descompensado, alterações de cálcio e potássio);
    • Toxinas (picadas de cobras, insetos, cogumelos ou álcool em excesso);
    • Doenças musculares genéticas, como distrofias.

    Sinais e sintomas da rabdomiólise

    • Fraqueza muscular;
    • Dor nos músculos;
    • Inchaço localizado na região afetada;
    • Urina escura, semelhante à cor de “coca-cola” (pela presença de mioglobina).

    Em casos graves, podem surgir:

    • Insuficiência renal aguda;
    • Arritmias cardíacas;
    • Distúrbios de coagulação.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por avaliação clínica e exames laboratoriais.

    Exames laboratoriais

    • CPK (creatinofosfoquinase): principal marcador de destruição muscular. Níveis acima de 5x o normal indicam suspeita;
    • Mioglobina na urina: confirma liberação da proteína muscular;
    • Função renal: creatinina e ureia avaliam o comprometimento dos rins;
    • Eletrocardiograma: detecta arritmias causadas por desequilíbrios de eletrólitos.

    Possíveis complicações

    • Lesão renal aguda: mioglobina danifica os túbulos renais;
    • Alterações de cálcio e potássio: causam arritmias e risco de parada cardíaca;
    • Síndrome compartimental: aumento da pressão dentro do músculo, reduzindo a circulação;
    • Distúrbios de coagulação: em casos graves, o sangue pode perder a capacidade de coagular.

    Tratamento da rabdomiólise

    O tratamento deve começar o mais rápido possível, preferencialmente em ambiente hospitalar.

    Medidas principais

    • Hidratação venosa intensa (soro fisiológico) para ajudar os rins a eliminar a mioglobina;
    • Monitoramento constante de urina e exames de sangue;
    • Correção de alterações eletrolíticas (como excesso de potássio);
    • Suspensão de medicamentos causadores, se houver.

    Em casos graves

    • Hemodiálise: quando há insuficiência renal aguda;
    • Fasciotomia: cirurgia emergencial usada na síndrome compartimental para aliviar a pressão muscular.

    Doença de Haff — quando o peixe pode causar rabdomiólise

    A doença de Haff é uma forma rara de rabdomiólise que aparece até 24h após o consumo de peixe ou crustáceos, mesmo que estejam bem cozidos e aparentemente frescos.

    Acredita-se que esteja ligada a toxinas naturais presentes em certos pescados, ainda não totalmente identificadas.

    Sintomas da doença de Haff

    • Dor e fraqueza muscular intensa;
    • Urina escura;
    • Mal-estar geral.

    Diagnóstico e tratamento da doença de Haff

    O diagnóstico baseia-se no consumo recente de pescado (até 24h antes) e no aumento da CPK. O tratamento segue o mesmo protocolo da rabdomiólise: hidratação venosa vigorosa, monitoramento renal e controle das complicações.

    Leia também: Intoxicação por metanol: saiba mais sobre os antídotos

    Perguntas frequentes sobre rabdomiólise

    1. A rabdomiólise pode acontecer após exercício físico?

    Sim. Esforços intensos, especialmente em pessoas sem preparo, estão entre as causas mais frequentes.

    2. Urina escura sempre indica rabdomiólise?

    Nem sempre, mas é um sinal de alerta importante. A presença de mioglobina na urina deve ser investigada imediatamente.

    3. A rabdomiólise tem cura?

    Sim. Com diagnóstico e tratamento precoces, a recuperação costuma ser completa.

    4. Todo caso precisa de internação?

    Não necessariamente. Casos leves podem ser acompanhados com hidratação e monitoramento médico, mas os graves exigem internação.

    5. O que acontece se a rabdomiólise não for tratada?

    Pode causar falência renal, arritmias cardíacas e até morte.

    6. O peixe causa rabdomiólise sempre que está estragado?

    Não. Na doença de Haff, o peixe pode parecer normal. O problema está em toxinas naturais ainda não totalmente identificadas.

    7. Como evitar a doença de Haff?

    Compre peixes e crustáceos de origem confiável e mantenha-os sempre sob refrigeração adequada antes do consumo.

    Confira: Intoxicação alimentar por alimentos crus: como se proteger

  • Apneia do sono: quando o ronco é sinal de algo mais sério

    Apneia do sono: quando o ronco é sinal de algo mais sério

    Roncar alto pode parecer apenas um incômodo para quem dorme ao lado, mas, em muitos casos, é sinal de um problema que vai muito além do barulho. A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio que interrompe a respiração diversas vezes durante a noite, fragmentando o descanso e sobrecarregando o coração e o cérebro.

    Embora comum, a apneia ainda é pouco diagnosticada. Identificar os sintomas, buscar avaliação médica e iniciar o tratamento correto podem reduzir o risco de doenças graves e melhorar radicalmente a qualidade de vida.

    O que é a apneia obstrutiva do sono

    A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por pausas repetidas na respiração durante o sono, causadas pelo estreitamento ou colapso das vias aéreas superiores.

    • Apneias (completas): o fluxo de ar cessa totalmente;
    • Hipopneias (parciais): o fluxo de ar reduz significativamente.

    Com a queda do oxigênio, o cérebro provoca microdespertares para retomar a respiração, resultando em sono fragmentado e não reparador.

    Principais sintomas

    • Ronco alto e frequente (geralmente notado pelo parceiro);
    • Pausas respiratórias observadas durante o sono;
    • Sonolência excessiva diurna, mesmo após “dormir muitas horas”;
    • Fadiga, cefaleia matinal, irritabilidade e dificuldade de concentração;
    • Engasgos noturnos, despertar com falta de ar, boca seca e/ou nictúria (urinar à noite).

    Por que a apneia é preocupante

    A apneia não causa apenas cansaço: ela está associada a desfechos clínicos relevantes, como:

    • Doenças cardiovasculares: hipertensão, arritmias, insuficiência cardíaca, infarto;
    • Acidente vascular cerebral (AVC);
    • Diabetes e síndrome metabólica;
    • Alterações de humor, memória e atenção;
    • Maior risco de acidentes (especialmente ao volante) por sonolência.

    Fatores de risco

    Fatores anatômicos (estruturais)

    • Retrognatia/micrognatia (queixo pequeno ou recuado);
    • Hipertrofia de amígdalas ou adenóides;
    • Língua volumosa, palato mole alongado;
    • Pescoço grosso/excesso de tecidos na orofaringe.

    Outros fatores

    • Obesidade (principal causa modificável);
    • Idade > 50 anos, sobretudo em homens;
    • Dormir em decúbito dorsal (barriga para cima);
    • Uso de álcool, cigarro e sedativos;
    • Gravidez.

    Doenças associadas

    • Hipotireoidismo, acromegalia;
    • Diabetes;
    • Síndrome de Down, síndrome de Prader–Willi;
    • Insuficiência cardíaca, fibrilação atrial;
    • História de AVC.

    Frequência na população

    Estima-se que cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo tenham algum grau de apneia obstrutiva do sono. A prevalência é maior em homens e aumenta com a idade e com o ganho de peso.

    Diagnóstico

    Etapas da avaliação

    • Histórico e sintomas: ronco, pausas respiratórias, sonolência, fadiga;
    • Exame físico: IMC, circunferência do pescoço, anatomia de face/garganta;
    • STOP-BANG: questionário de triagem que estima risco de AOS.

    Exames confirmatórios

    • Polissonografia em laboratório: padrão-ouro (respiração, oxigenação, batimentos, movimentos);
    • Teste domiciliar do sono: opção com equipamento portátil em casos selecionados.

    A gravidade é definida pelo Índice de Apneia-Hipopneia (IAH) (eventos/hora): leve 5–15; moderada 15–30; grave > 30.

    Tratamento da apneia obstrutiva do sono

    Objetiva melhorar a qualidade do sono e reduzir riscos cardiovasculares e metabólicos.

    Mudanças no estilo de vida

    • Perda de peso (quando indicado);
    • Dormir de lado (terapia posicional);
    • Evitar álcool, tabaco e sedativos;
    • Higiene do sono: horários regulares, ambiente escuro e silencioso.

    Terapias principais

    • CPAP: pressão positiva contínua por máscara; tratamento mais eficaz para casos moderados/graves;
    • Aparelhos orais de avanço mandibular: úteis em casos leves a moderados e em intolerância ao CPAP;
    • Fonoterapia/terapia miofuncional orofacial: exercícios para musculatura da via aérea;
    • Cirurgias (casos selecionados): correção de alterações anatômicas (ex.: amigdalectomia, avanço maxilomandibular) ou neuroestimulador do nervo hipoglosso.

    Por que tratar é importante

    • Reduz risco de infarto e AVC;
    • Diminui acidentes por sonolência e melhora desempenho;
    • Atenua déficits cognitivos, depressão e irritabilidade;
    • Auxilia no controle da pressão arterial e da resistência à insulina;
    • Melhora a qualidade de vida, energia e disposição.

    Leia também: Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa

    Perguntas frequentes sobre apneia obstrutiva do sono

    1. Roncar sempre significa ter apneia?

    Não. O ronco pode ser apenas ruído respiratório. Porém, se houver pausas na respiração ou sonolência excessiva, é essencial investigar.

    2. A apneia é perigosa?

    Sim. Está associada a doenças cardiovasculares, AVC e a maior risco de acidentes.

    3. Existe cura para a apneia?

    Casos leves podem melhorar com perda de peso e medidas comportamentais. Nos moderados/graves, CPAP e outras terapias controlam a doença de forma eficaz.

    4. CPAP é desconfortável?

    Há estranhamento inicial, mas com ajuste de máscara e acomodação gradual, a maioria se adapta bem.

    5. Crianças também podem ter apneia?

    Sim. Em pediatria, a causa mais comum é a hipertrofia de amígdalas/adenóides; o tratamento precoce previne impactos no crescimento e aprendizado.

    6. Quando devo procurar um especialista?

    Se você ronca alto, tem sono diurno excessivo ou alguém notou pausas respiratórias durante seu sono, procure um otorrinolaringologista ou médico de medicina do sono.

    Confira: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde

  • Dengue: o que você precisa saber para se proteger

    Dengue: o que você precisa saber para se proteger

    Com o aumento das temperaturas e das chuvas, cresce também o alerta para uma das doenças mais conhecidas e perigosas do Brasil: a dengue. Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a infecção pode parecer uma simples febre no início, mas em poucos dias evoluir para formas graves que exigem acompanhamento médico.

    Nos últimos anos, o país vem enfrentando surtos recorrentes, o que levou à ampliação da vacinação e a campanhas mais intensas de combate ao mosquito. Saber identificar os sintomas e agir cedo pode salvar vidas.

    O que é a dengue

    A dengue é uma doença viral, causada por quatro sorotipos diferentes do vírus (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4), transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.

    Ela pode atingir pessoas de qualquer faixa etária e, em alguns casos, se tornar grave. Por isso, é considerada um dos principais problemas de saúde pública no Brasil.

    Como ocorre a transmissão

    A dengue faz parte das arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos por artrópodes. No caso da dengue, o vetor é o mosquito Aedes aegypti.

    A transmissão acontece quando o mosquito pica uma pessoa infectada e depois transmite o vírus a uma pessoa saudável. O contágio é mais comum em áreas urbanas, principalmente onde há acúmulo de água parada — em pneus, garrafas, vasos de plantas, calhas e caixas-d’água destampadas.

    Sintomas da dengue

    A doença pode variar de assintomática (sem sintomas) até casos graves. Os sintomas costumam surgir de 4 a 7 dias após a picada e durar de 3 a 10 dias.

    • Febre alta (até 40 °C);
    • Dor de cabeça;
    • Dor atrás dos olhos;
    • Dores no corpo e nas articulações;
    • Manchas vermelhas na pele;
    • Náuseas e vômitos.

    Fases da dengue

    1. Fase febril (início)

    • Febre alta, dor de cabeça, dores musculares e atrás dos olhos;
    • Manchas avermelhadas na pele;
    • Náuseas e vômitos.

    2. Fase crítica

    • A febre pode diminuir, mas o risco aumenta;
    • Queda nas plaquetas do sangue;
    • Sangramentos (nariz, gengivas, manchas roxas na pele);
    • Dor abdominal intensa e sinais de desidratação.

    Essa é a fase em que pode evoluir para dengue grave.

    3. Fase de recuperação

    • Os sintomas começam a melhorar;
    • Mesmo assim, é essencial manter o acompanhamento médico.

    O que é a dengue grave

    Em alguns casos, a doença evolui para formas graves, como dengue hemorrágica ou síndrome do choque da dengue. Essas formas provocam sangramentos, queda de pressão, dificuldade respiratória e podem levar à morte.

    Por isso, qualquer sinal de alarme deve ser avaliado imediatamente por um profissional de saúde.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito com base nos sintomas clínicos e pode ser confirmado com exames laboratoriais.

    • Hemograma: avalia plaquetas e hematócrito;
    • Testes para o vírus: teste rápido (até o 5º dia) ou sorologia (a partir do 6º dia);
    • Exames diferenciais: ajudam a descartar chikungunya, Zika, febre amarela, gripe e malária.

    Tratamento da dengue

    Não existe medicamento específico para eliminar o vírus da dengue. O tratamento é de suporte, com o objetivo de aliviar sintomas e prevenir complicações.

    • Beber bastante líquido, incluindo soluções de reidratação oral;
    • Usar apenas medicamentos indicados pelo médico para febre e dor;
    • Evitar aspirina e anti-inflamatórios, que aumentam o risco de sangramento;
    • Fazer repouso.

    Em casos graves, pode ser necessária internação hospitalar, hidratação venosa e, em situações específicas, transfusão de sangue ou plaquetas.

    Como prevenir a dengue

    A prevenção é o ponto mais importante no combate à dengue. O foco deve estar no controle do mosquito e na eliminação de criadouros.

    • Não deixar água parada em recipientes;
    • Manter caixas-d’água fechadas;
    • Limpar calhas e vasos de plantas regularmente;
    • Usar repelente e roupas que cubram braços e pernas em áreas de risco.

    Vacinação contra dengue

    A vacinação reduz o risco de infecções sintomáticas, casos graves e hospitalizações.

    Vacinas disponíveis no Brasil

    Qdenga® (Takeda):

    • Aprovada e utilizada no SUS;
    • Tetravalente, protege contra os quatro sorotipos do vírus;
    • Pode ser aplicada em quem já teve dengue ou nunca teve.

    Dengvaxia® (Sanofi Pasteur):

    • Indicada apenas para quem já teve dengue (soropositivos);
    • Requer confirmação prévia de infecção anterior.

    Desde 2024, o SUS incorporou a vacina Qdenga®, voltada a crianças de 10 a 14 anos que vivem em áreas prioritárias, definidas conforme o cenário epidemiológico da doença no país.

    Confira: Dor abdominal: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum?

    Perguntas frequentes sobre dengue

    1. Qual é o primeiro sintoma da dengue?

    Geralmente, febre alta acompanhada de dor de cabeça e dor atrás dos olhos.

    2. Quando devo procurar o médico?

    Procure atendimento se houver sangramento, dor abdominal forte, tontura, vômitos persistentes ou sinais de desidratação.

    3. Posso tomar qualquer remédio para a febre?

    Não. Evite aspirina e anti-inflamatórios. Use apenas medicamentos indicados por um médico.

    4. Quanto tempo dura a dengue?

    A fase aguda costuma durar de 7 a 10 dias, mas o cansaço pode persistir por mais tempo.

    5. Quem teve dengue pode ter de novo?

    Sim. Existem quatro tipos de vírus e é possível se infectar com mais de um ao longo da vida.

    6. A vacina é segura para quem nunca teve dengue?

    Sim, há uma vacina indicada tanto para quem já teve quanto para quem nunca teve a doença.

    7. Como posso ajudar a combater o mosquito?

    Elimine qualquer local com água parada, limpe calhas, caixas-d’água e tampe recipientes. A prevenção é responsabilidade de todos.

    Leia também: Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer

  • Diarreia: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum 

    Diarreia: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum 

    Todo mundo já passou por isso: um mal-estar intestinal que parece inofensivo, mas causa desconforto, correria ao banheiro e preocupação. A diarreia, embora comum, pode ter diversas origens, que vão desde uma simples infecção alimentar a doenças crônicas que exigem acompanhamento médico.

    Por trás desse sintoma aparentemente simples, há uma série de mecanismos do corpo tentando lidar com algo que não vai bem. Entender o tipo, as causas e os sinais de alerta é importante para fazer o tratamento certo e evitar complicações.

    O que é diarreia

    A diarreia não é uma doença em si, mas um sintoma. Ela acontece quando há:

    • Evacuações mais de 3 vezes por dia;
    • Fezes mais moles ou aquosas;
    • Em alguns casos, aumento do volume fecal (difícil de medir na prática).

    Tipos de diarreia

    As diarreias podem ser classificadas de acordo com a duração, a causa ou o funcionamento do intestino.

    Por tempo de duração

    • Aguda: dura até 15 dias, geralmente melhora sozinha e é causada por vírus ou alimentos contaminados;
    • Persistente: dura entre 15 e 30 dias;
    • Crônica: dura mais de 30 dias e pode indicar doenças como intolerâncias alimentares, inflamações ou condições autoimunes.

    Por causa

    • Infecciosa: causada por vírus, bactérias, parasitas ou fungos;
    • Não infecciosa: relacionada a doenças intestinais, condições metabólicas ou uso de medicamentos.

    Por mecanismo de funcionamento

    • Osmótica: causada por alimentos ou substâncias que puxam água para o intestino;
    • Secretora: o intestino libera excesso de água e sais;
    • Exsudativa (inflamatória): há presença de sangue ou muco nas fezes;
    • Motora: o intestino funciona rápido demais, sem tempo de absorver líquidos.

    Principais causas da diarreia

    1. Infecciosas

    • Vírus: rotavírus e norovírus, transmitidos por água ou alimentos contaminados;
    • Bactérias: E. coli, Salmonella, Shigella, Campylobacter, Clostridium perfringens e Clostridium difficile (após uso de antibióticos);
    • Parasitas: Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, Cryptosporidium;
    • Fungos: Candida albicans, geralmente em pessoas com imunidade baixa;
    • Vermes: como Strongyloides stercoralis.

    2. Não infecciosas (do intestino)

    • Síndrome do intestino irritável;
    • Doença celíaca (intolerância ao glúten);
    • Doença inflamatória intestinal (Crohn e retocolite ulcerativa);
    • Colite isquêmica (falta de circulação no intestino);
    • Uso de medicamentos (antibióticos, anti-inflamatórios, laxantes, hormônios da tireoide).

    3. Não infecciosas (fora do intestino)

    • Diabetes: pode alterar o funcionamento intestinal ou causar diarreia por adoçantes (sorbitol, manitol);
    • Doenças do pâncreas: falta de enzimas digestivas;
    • Hipertireoidismo: acelera o trânsito intestinal;
    • Tumores raros: como vipoma, gastrinoma e somatostatinoma.

    Como o médico identifica a causa

    Para descobrir o motivo da diarreia, o médico analisa:

    • Tempo de duração (aguda ou crônica);
    • Características das fezes: presença de sangue, muco, gordura ou volume aumentado;
    • Sintomas associados: febre, dor abdominal, náuseas ou vômitos;
    • Histórico do paciente: viagens, contato com pessoas doentes, uso de medicamentos ou doenças prévias.

    Quando necessário, podem ser pedidos exames de fezes, coprocultura, pesquisa de parasitas, exames de sangue ou exames mais específicos.

    Sinais de alerta

    Procure atendimento médico imediato se houver:

    • Diarreia com sangue ou muco;
    • Febre alta;
    • Sinais de desidratação (boca seca, tontura, pouca urina);
    • Mais de 6 evacuações por dia;
    • Casos em crianças pequenas, idosos ou pessoas imunossuprimidas.

    Tratamento básico

    O tratamento depende da causa, mas algumas medidas gerais ajudam na maioria dos casos:

    • Hidratação: beba bastante água, soro caseiro ou soluções de reidratação oral;
    • Alimentação leve: evite frituras, leite, café, álcool e alimentos gordurosos. Prefira arroz, batata, frango, banana e maçã;
    • Probióticos: auxiliam na recuperação da flora intestinal;
    • Antidiarreicos: só devem ser usados com orientação médica;
    • Antibióticos: indicados apenas quando houver infecção bacteriana confirmada.

    Como prevenir a diarreia

    A maior parte das diarreias infecciosas está ligada à contaminação por água ou alimentos e falta de higiene.

    • Mantenha saneamento básico e higiene adequados;
    • Lave bem as mãos com água e sabão, principalmente após usar o banheiro e antes de comer;
    • Trate a água antes de beber ou preparar alimentos;
    • Higienize frutas e verduras corretamente.

    Confira: Intolerância à lactose: o que comer no dia a dia?

    Perguntas frequentes sobre diarreia

    1. Toda diarreia precisa de antibiótico?

    Não. A maioria dos casos é causada por vírus e melhora sozinha com hidratação e alimentação leve. Antibióticos só são usados em caso de diarreia causada por bactérias e sempre sob orientação médica.

    2. É normal ter febre junto com diarreia?

    Sim. Em infecções, a febre pode aparecer, mas febre alta e persistente é sinal de alerta.

    3. O que comer quando estou com diarreia?

    Prefira alimentos leves e cozidos: arroz, batata, frango grelhado, banana e maçã. Evite frituras, leite e café.

    4. Posso tomar remédio para parar a diarreia?

    Somente com orientação médica. Em alguns casos, “prender o intestino” pode piorar a infecção.

    5. Como saber se estou desidratado?

    Boca seca, tontura, fraqueza, urina escura ou diminuição do volume urinário são sinais de alerta.

    6. Criança com diarreia precisa ir ao hospital?

    Sim, especialmente se houver febre, desidratação, sangue nas fezes ou se o quadro durar mais de dois dias.

    7. A diarreia pode ser sintoma de doença crônica?

    Sim. Quando dura mais de 30 dias, pode estar ligada a doenças intestinais, intolerâncias ou alterações metabólicas.

    Veja mais: Intoxicação alimentar por alimentos crus: como se proteger

  • Quando o corpo ataca a própria tireoide: entenda a síndrome de Hashimoto 

    Quando o corpo ataca a própria tireoide: entenda a síndrome de Hashimoto 

    A síndrome de Hashimoto é uma doença autoimune em que o próprio sistema de defesa do corpo passa a atacar a glândula tireoide, responsável por produzir hormônios que regulam o metabolismo.

    Com o tempo, essa inflamação leva à redução da atividade da tireoide, provocando o chamado hipotireoidismo. É uma condição crônica, mais comum em mulheres entre 30 e 50 anos, mas que pode acontecer em qualquer idade.

    O que é a síndrome de Hashimoto

    Na síndrome de Hashimoto, também chamada de tireoidite de Hashimoto, o sistema imunológico identifica erroneamente as células da tireoide como inimigas e começa a produzir anticorpos que atacam a glândula.

    Essa agressão contínua causa inflamação e, aos poucos, destrói o tecido tireoidiano, o que impacta na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), que são substâncias essenciais para manter o corpo com energia, regular o peso, a temperatura e até o humor.

    Causas e fatores de risco

    As causas exatas ainda não são totalmente compreendidas, mas sabe-se que a síndrome de Hashimoto envolve uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais.

    Entre os principais fatores de risco estão:

    • Predisposição genética: histórico familiar de doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, lúpus ou vitiligo;
    • Sexo feminino: mulheres têm até 10 vezes mais chance de desenvolver a doença;
    • Alterações hormonais: a doença pode aparecer após a gravidez (tireoidite pós-parto);
    • Excesso de iodo: suplementação inadequada pode desencadear ou agravar o quadro;
    • Estresse e infecções virais: podem funcionar como gatilhos em pessoas predispostas a ter a doença.

    Sintomas da síndrome de Hashimoto

    Os sintomas variam conforme o grau de comprometimento da tireoide. No início, podem ser sutis ou até inexistentes, então muita gente nem nota. À medida que a glândula perde sua função, o corpo desacelera e os sintomas aparecem.

    Os sinais mais comuns são:

    • Cansaço constante e sono excessivo;
    • Ganho de peso sem explicação;
    • Queda de cabelo e pele seca;
    • Sensação de frio mesmo em dias quentes;
    • Inchaço no rosto e nas pálpebras;
    • Constipação (intestino preso);
    • Alterações de humor, como tristeza e irritabilidade;
    • Dificuldade de concentração e memória;
    • Menstruação irregular.

    Em alguns casos pode acontecer um aumento do volume da tireoide, conhecido como bócio, que pode ser percebido como um pequeno caroço no pescoço.

    Como é feito o diagnóstico da síndrome de Hashimoto

    O diagnóstico é confirmado por meio de exames de sangue que avaliam os níveis dos hormônios tireoidianos (T3, T4 e TSH) e dos anticorpos antitireoidianos — especialmente o anti-TPO (antiperoxidase tireoidiana), que costuma estar elevado na doença.

    O ultrassom da tireoide também pode ser solicitado pelo médico para observar o tamanho e a textura da glândula.

    Tratamento da síndrome de Hashimoto

    Não existe cura para a síndrome de Hashimoto, mas o tratamento é simples e eficaz. O objetivo é repor os hormônios que a tireoide deixou de produzir.

    O médico endocrinologista prescreve a levotiroxina, uma versão sintética do hormônio T4. A dose é ajustada individualmente, com base nos exames e sintomas.

    Além do remédio, é importante:

    • Fazer acompanhamento periodicamente com o médico;
    • Tomar o hormônio em jejum, sempre no mesmo horário;
    • Evitar automedicação e suplementos sem orientação;
    • Manter alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e proteínas magras.

    Síndrome de Hashimoto tem cura?

    Não. A síndrome de Hashimoto é uma doença crônica, o que significa que o tratamento precisa ser contínuo. Com o uso correto da medicação e acompanhamento médico, porém, a pessoa pode levar uma vida absolutamente normal, com energia e qualidade de vida.

    Quando procurar um médico

    Procure um endocrinologista se você notar sintomas como cansaço persistente, ganho de peso inexplicável, queda de cabelo ou irregularidade menstrual. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, mais simples é o controle e menor o risco de complicações.

    Veja mais: Nódulos na tireoide: quando se preocupar e como diferenciar benignos de malignos

    Perguntas frequentes sobre a síndrome de Hashimoto

    1. A síndrome de Hashimoto é a mesma coisa que hipotireoidismo?

    Não exatamente. O Hashimoto é a causa mais comum de hipotireoidismo, mas nem todo hipotireoidismo é causado por Hashimoto.

    2. Quem tem Hashimoto pode engravidar?

    Sim, mas é importante manter o tratamento e acompanhamento médico. O controle hormonal é essencial para uma gestação saudável.

    3. A alimentação influencia a doença?

    Sim. O excesso de iodo e o consumo exagerado de alimentos ultraprocessados podem prejudicar o controle. É recomendável uma dieta equilibrada.

    4. O glúten deve ser cortado?

    Algumas pessoas relatam melhora dos sintomas sem glúten, especialmente se têm sensibilidade, mas não há consenso científico de que isso seja obrigatório.

    5. O tratamento é para sempre?

    Na maioria dos casos, sim. Como a glândula perde a capacidade de produzir hormônios, é necessário repor continuamente.

    6. Existe risco de complicações?

    Sim, se não for tratada, a doença pode causar hipotireoidismo grave, com risco para coração, metabolismo e fertilidade.

    7. Hashimoto pode causar depressão?

    Sim. A falta dos hormônios tireoidianos atinge o humor e pode contribuir para sintomas de depressão, que costumam melhorar com o tratamento.

    Leia também: Tireoide: a pequena glândula que comanda o corpo inteiro

  • 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

    5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

    Logo após o nascimento, uma das primeiras medidas de cuidado com o bebê é garantir que ele passe pelos testes do recém-nascido, ou testes de triagem neonatal. Simples e rápidos, esses exames são fundamentais para detectar de maneira precoce doenças ou alterações que ainda não apresentam sintomas, mas que podem comprometer o desenvolvimento da criança se não forem tratadas a tempo.

    Realizados gratuitamente nas maternidades e postos de saúde, os testes ajudam a identificar condições que envolvem audição, visão, coração, metabolismo e fala. Quanto antes o diagnóstico é feito, maiores são as chances de o bebê crescer saudável e se desenvolver plenamente.

    Veja quais exames de triagem neonatal são obrigatórios por lei e devem ser feitos em todos os recém-nascidos. Eles têm como objetivo identificar precocemente doenças ou condições que, se tratadas logo no início da vida, podem garantir melhor desenvolvimento da criança.

    De acordo com o Ministério da Saúde, os principais são:

    Teste do pezinho

    O teste do pezinho é feito com algumas gotinhas de sangue retiradas do calcanhar do bebê, geralmente entre o 3º e o 5º dia de vida. Ele tem a função de rastrear doenças que não apresentam sinais logo após o nascimento, mas que podem trazer complicações sérias se não forem tratadas cedo.

    Hoje, o teste consegue identificar condições como:

    • Fenilcetonúria;
    • Hipotireoidismo congênito;
    • Fibrose cística;
    • Doenças falciformes;
    • Hiperplasia adrenal congênita;
    • Deficiência de biotinidase.

    Teste do olhinho

    O teste do olhinho serve para avaliar a saúde ocular logo no início da vida. O pediatra projeta uma luz nos olhos do bebê por meio de um aparelho específico. Se o reflexo for avermelhado ou alaranjado, é sinal de que a visão está normal. Caso o reflexo apareça esbranquiçado ou com alterações, a criança deve ser encaminhada ao oftalmologista para investigação.

    Teste do coraçãozinho

    O teste do coraçãozinho é feito com um oxímetro de pulso, um aparelhinho que mede a oxigenação do sangue e os batimentos cardíacos. Ele pode identificar, de forma precoce, problemas cardíacos congênitos.

    O exame deve ser realizado entre 24 e 48 horas após o nascimento, antes de o bebê receber alta da maternidade.

    Teste da linguinha

    O teste da linguinha observa o frênulo da língua — aquela pequena membrana que fica embaixo dela e conecta à boca. Alterações nessa estrutura podem limitar os movimentos da língua e atrapalhar a pega correta durante a amamentação. A detecção precoce permite tratar e evitar dificuldades futuras na fala e na alimentação.

    Teste da orelhinha

    O teste da orelhinha verifica se o bebê ouve normalmente desde os primeiros dias de vida. Feito com um pequeno fone colocado no ouvido do recém-nascido, o exame é rápido, indolor e seguro. Ele permite detectar qualquer grau de perda auditiva ainda no início do desenvolvimento.

    Se alguma alteração for identificada, a equipe de saúde inicia o acompanhamento e o tratamento precoce, aproveitando a fase em que o cérebro do bebê está mais receptivo aos sons e à formação da fala.

    Quando a deficiência auditiva não é diagnosticada cedo, a criança pode ter atraso na fala, dificuldade de aprendizagem e até impactos sociais e emocionais. Por isso, o teste é obrigatório e essencial para garantir um bom desenvolvimento auditivo e linguístico.

    Leia também: Criptorquidia: o que é, causas, fatores de risco e cirurgia

    Perguntas frequentes sobre os testes do recém-nascido

    1. Todos os testes do recém-nascido são obrigatórios por lei?

    Sim. Os testes do pezinho, olhinho, coraçãozinho, linguinha e orelhinha são obrigatórios em todo o Brasil, conforme o Ministério da Saúde.

    2. Quando esses exames devem ser feitos?

    Eles são realizados ainda nos primeiros dias de vida. O teste do pezinho, entre o 3º e o 5º dia, e os demais, antes da alta da maternidade.

    3. O bebê sente dor durante os testes?

    Apenas o teste do pezinho envolve uma pequena picada no calcanhar. Os outros são indolores, rápidos e seguros.

    4. E se algum teste apontar alteração?

    O bebê será encaminhado para avaliação médica e acompanhamento especializado. A detecção precoce permite que o tratamento seja feito mais rápido.

    5. O teste do pezinho do SUS é o mesmo da rede particular?

    O teste ampliado oferecido por laboratórios particulares pode incluir mais doenças, mas o teste básico do SUS já rastreia as principais condições previstas em lei.

    6. É possível fazer os testes em casa?

    Não. Todos devem ser realizados por profissionais de saúde qualificados, em maternidades, postos de saúde ou laboratórios credenciados.

    7. O que acontece se os testes não forem feitos?

    A falta dessa triagem pode atrasar o diagnóstico de doenças graves, e isso pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento do bebê.

    Veja mais: Teste da orelhinha: para que serve e como é feito

  • Vitamina B1 (tiamina): energia para o corpo e alerta para a memória 

    Vitamina B1 (tiamina): energia para o corpo e alerta para a memória 

    Você já ouviu falar da vitamina B1, também chamada de tiamina? Talvez ela não receba tanta atenção quanto a vitamina C ou a vitamina D, mas é fundamental para manter o corpo em um bom funcionamento. Essa pequena molécula é muito importante na transformação de energia dos alimentos e no bom desempenho do sistema nervoso e muscular.

    Apesar de essencial, a deficiência de vitamina B1 ainda é uma realidade em todo o mundo, principalmente em pessoas com consumo excessivo de álcool, dietas restritivas ou doenças que dificultam a absorção de nutrientes. E quando falta, os sinais podem ser sérios, pois podem afetar desde a memória até o coração.

    O que é a vitamina B1 (tiamina)?

    A vitamina B1 é uma vitamina hidrossolúvel do complexo B. Ou seja, ela não fica armazenada no corpo por muito tempo e precisa ser obtida regularmente pela alimentação. Ela participa de reações fundamentais no metabolismo dos carboidratos e ajuda a transformar a glicose em energia.

    Como se não bastasse, a tiamina atua na transmissão nervosa e no bom funcionamento muscular, incluindo o músculo cardíaco.

    Benefícios da vitamina B1

    • Energia: ajuda a converter carboidratos em glicose, combustível para as células;
    • Sistema nervoso: participa da condução de impulsos nervosos e da saúde do cérebro;
    • Função muscular e cardíaca: é importante para o bom funcionamento dos músculos e do coração;
    • Metabolismo: também ajuda no uso de proteínas e gorduras pelo organismo.

    Alimentos ricos em vitamina B1

    A vitamina B1 pode ser encontrada em diversos alimentos:

    • Carnes magras (especialmente carne de porco);
    • Peixes;
    • Fígado;
    • Leguminosas (feijão, lentilha, ervilha);
    • Grãos integrais (arroz integral, aveia, trigo integral);
    • Sementes e castanhas;
    • Ovos.

    Dica: o processamento de alimentos, como a retirada da casca de grãos, pode reduzir bastante a quantidade de tiamina. Por isso, versões integrais costumam ser melhores fontes do nutriente.

    Deficiência de vitamina B1: sinais de alerta

    A carência de vitamina B1 pode trazer problemas sérios, conhecidos principalmente como beribéri. Essa condição pode afetar tanto o sistema nervoso quanto o coração.

    Sinais e sintomas mais comuns:

    • Fadiga e fraqueza;
    • Irritabilidade e alterações de humor;
    • Perda de memória e dificuldade de concentração;
    • Dormência ou formigamento nos pés e mãos;
    • Perda de apetite;
    • Falta de ar e palpitações;
    • Inchaço nas pernas.

    Em casos graves, pode levar ao beribéri úmido (com insuficiência cardíaca) ou beribéri seco (com degeneração nervosa). Pessoas com alcoolismo crônico podem desenvolver a síndrome de Wernicke-Korsakoff, que compromete seriamente a memória e a coordenação motora.

    Excesso de vitamina B1 faz mal?

    Como é uma vitamina hidrossolúvel, o excesso de vitamina B1 é eliminado principalmente pela urina. Casos de toxicidade são raríssimos. No entanto, suplementar sem necessidade não traz benefícios extras.

    Confira: Delivery saudável: nutricionista dá dicas para escolher bem

    Suplementação de vitamina B1

    A suplementação de tiamina pode ser indicada em situações específicas, como:

    • Deficiência diagnosticada em exames;
    • Casos de alcoolismo crônico;
    • Gestantes e lactantes com baixa ingestão alimentar;
    • Pessoas em nutrição parenteral (alimentação por via intravenosa).

    A suplementação sempre deve ser feita com orientação de médico ou nutricionista, já que a necessidade varia de acordo com idade, sexo, condição de saúde e dieta.

    Valores ideais de vitamina B1

    Os valores séricos considerados normais de vitamina B1 no sangue variam entre 2,5 e 7,5 µg/dL, dependendo do método laboratorial. Já a ingestão diária recomendada (IDR) é de:

    • Homens adultos: cerca de 1,2 mg/dia;
    • Mulheres adultas: cerca de 1,1 mg/dia;
    • Gestantes e lactantes: até 1,4 mg/dia.

    Perguntas frequentes sobre a vitamina B1

    1. A deficiência de vitamina B1 é comum?

    Ela é mais frequente em pessoas com alcoolismo crônico, desnutrição ou dietas muito restritivas.

    2. O que é beribéri?

    É a doença clássica da falta de vitamina B1, podendo afetar nervos, músculos e o coração.

    3. Quem deve se preocupar mais com a carência de tiamina?

    Idosos, pessoas que consomem muito álcool, indivíduos em hemodiálise ou que passaram por cirurgia bariátrica.

    4. Posso repor vitamina B1 sozinho?

    Não. A suplementação deve ser feita apenas com recomendação médica ou nutricional.

    5. Quais alimentos ajudam a prevenir a deficiência?

    Carnes magras, leguminosas, grãos integrais, sementes e ovos são boas fontes.

    6. Tomar mais vitamina B1 dá mais energia?

    Não. Se você já tem níveis normais, o excesso não aumenta energia. O corpo só usa o que precisa.

    7. Existe risco em cozinhar alimentos ricos em B1?

    Sim, a tiamina é sensível ao calor e à água. Cozinhar por muito tempo pode reduzir a quantidade disponível.

    Leia também: Vitamina B12: o que é, para que serve e como identificar carência ou excesso

  • Intoxicação alimentar por alimentos crus: como se proteger

    Intoxicação alimentar por alimentos crus: como se proteger

    Você já saiu para comer fora ou preparou uma refeição em casa e, pouco tempo depois, começou a sentir náusea, dor abdominal ou diarreia? Esses sinais podem indicar uma intoxicação alimentar, problema que atinge milhões de brasileiros todos os anos e que muitas vezes está ligado ao consumo de alimentos crus ou mal higienizados.

    Embora na maioria dos casos os sintomas sejam leves, a intoxicação alimentar pode evoluir para quadros graves, especialmente em crianças, idosos e pessoas com imunidade baixa. Entender como ela acontece, quais são os principais riscos e como prevenir é importante para agir rápido e evitar complicações.

    O que é intoxicação alimentar?

    A intoxicação alimentar acontece quando ingerimos alimentos ou bebidas contaminados por microrganismos, como bactérias, vírus ou parasitas, ou substâncias tóxicas naturais ou químicas.

    Há, porém, diferença entre infecção alimentar e intoxicação alimentar:

    • Na infecção alimentar: o microrganismo se instala e multiplica no corpo após a ingestão;
    • Na intoxicação alimentar: já ingerimos toxinas prontas produzidas por microrganismos ou contaminantes, sem necessidade de multiplicação.

    O perigo dos alimentos crus sem higiene

    Consumir carnes ou peixes crus (como sushis, ceviches, carpaccios) exige extremo cuidado. Sem higienização, eles podem estar contaminados por:

    • Bactérias patogênicas: salmonella, escherichia coli (E.coli), vibrio, listeria, que vivem no intestino de animais e podem contaminar a carne;
    • Parasitas: certos helmintos podem resistir se o alimento não for bem tratado;
    • Toxinas e micotoxinas: fungos que crescem em carne armazenada em condições inadequadas podem produzir substâncias que não se eliminam só com calor;
    • Contaminação cruzada: utensílios usados com carnes cruas que depois tocam outros alimentos prontos podem transmitir microrganismos que provocam intoxicação alimentar.

    A questão é que a aparência ou o cheiro do alimento nem sempre denunciam a contaminação, pois muitas vezes a comida parece normal ao paladar.

    O que acontece no corpo durante a intoxicação?

    Depois de consumir o alimento contaminado, o organismo reage e os sintomas geralmente começam entre 30 minutos e poucas horas depois da ingestão, mas podem se estender por dias.

    O sistema digestivo tenta eliminar o agente nocivo. Para isso, intensifica movimentos intestinais, provoca vômito e diarreia para expulsar o microrganismo ou a toxina.

    Se a intoxicação evoluir ou o contaminante for particularmente agressivo, podem ocorrer complicações em rins, fígado, sistema nervoso ou falência de múltiplos órgãos.

    Sintomas de intoxicação alimentar

    Os sinais variam de leves a graves. Os mais comuns são:

    • Náuseas e vômitos;
    • Dor abdominal e cólicas;
    • Diarreia (às vezes com sangue ou muco);
    • Febre;
    • Mal-estar e fraqueza;
    • Desidratação (secura na boca, sede intensa, pouco xixi).

    Sintomas mais alarmantes que exigem atenção médica imediata incluem sangue nas fezes, febre muito alta, sinais de choque ou falência de órgãos.

    Diagnóstico e tratamento

    O diagnóstico da intoxicação alimentar costuma ser clínico. O médico avalia os sintomas, o histórico alimentar recente e os sinais de desidratação. Para confirmar, exames laboratoriais de fezes, sangue e cultura microbiana podem ser solicitados, assim se poderá saber qual o agente que causou a intoxicação.

    O tratamento consiste em:

    • Repouso e hidratação: fundamental repor líquidos e eletrólitos;
    • Dieta leve: alimentos de fácil digestão, evitar gorduras, laticínios e cafeína;
    • Medicamentos sob orientação médica: medicamentos para náusea e vômitos, para diarreia (com precaução) e antibióticos, se houver infecção confirmada;
    • Casos graves podem requerer internação e hidratação endovenosa, aquela feita por soro.

    Veja também: Intolerância à lactose: o que comer no dia a dia?

    Prevenção: como evitar intoxicação alimentar

    Algumas medidas simples podem ajudar a evitar uma intoxicação alimentar. Veja:

    • Lavar bem as mãos com água e sabão antes de preparar alimentos e após usar o banheiro;
    • Manter superfícies, utensílios e tábuas de cozinha limpas e higienizadas;
    • Separar carnes cruas de alimentos prontos, pois isso evita a contaminação cruzada;
    • Cozinhar carnes, ovos e peixes em temperatura adequada até que estejam bem cozidos, pois isso já elimina boa parte dos microrganismos ruins;
    • Evitar consumo de carne crua de procedência duvidosa;
    • Armazenar alimentos em condições adequadas de temperatura (o ideal é refrigerar ou congelar);
    • Consumir alimentos dentro do prazo de validade e evitar conservar por muito tempo.

    Perguntas frequentes sobre intoxicação alimentar

    1. Comer sushi ou ostras é seguro?

    Sim, se o estabelecimento respeitar normas de higiene, origem e refrigeração rigorosa. Mas há risco maior se esses produtos não forem tratados ou manipulados corretamente.

    2. Posso reconhecer comida estragada pelo cheiro ou aparência?

    Nem sempre. Alimentos contaminados nem sempre apresentam odor, cor ou sabor alterados.

    3. Quanto tempo demoram os sintomas para aparecer?

    Os sintomas da intoxicação alimentar podem aparecer entre 30 minutos e até alguns dias, dependendo do agente envolvido.

    4. Quando devo procurar atendimento médico?

    Se houver sangue nas fezes, febre alta, desidratação ou sintomas persistentes por mais de 48 horas.

    5. Intoxicação alimentar pode matar?

    Sim, especialmente em grupos vulneráveis (crianças, idosos, imunodeprimidos). Alguns agentes e toxinas podem causar falência de órgãos severa.

    6. Tomar antibiótico por conta própria ajuda?

    Não. Uso errado pode piorar ou prolongar o quadro. A decisão de usar antibióticos deve ser feita por médico com base no agente identificado.

    Leia também: 10 alimentos ricos em fibras para regular o intestino

  • Intoxicação por metanol: saiba mais sobre os antídotos 

    Intoxicação por metanol: saiba mais sobre os antídotos 

    Depois dos recentes casos de intoxicação por metanol registrados no país, o alerta acendeu para os riscos das bebidas adulteradas e também para a urgência de acesso ao tratamento correto. O metanol, substância altamente tóxica usada indevidamente na fabricação de destilados ilegais, pode causar cegueira e morte se não houver intervenção rápida.

    O tratamento da intoxicação por metanol precisa acontecer rápido e com muita precisão, pois é preciso bloquear a ação da enzima que transforma a substância em compostos ainda mais tóxicos e, em casos graves, recorrer à hemodiálise.

    Recentemente, o Brasil deu um passo importante, ao liberar a fabricação de etanol farmacêutico e ampliar o acesso ao fomepizol, o antídoto mais eficaz contra o metanol. Entenda como esses medicamentos funcionam.

    Por que o metanol é perigoso

    O metanol em si deprime o sistema nervoso, mas o grande problema é o metabolismo: a enzima álcool desidrogenase (ADH) transforma metanol em formaldeído e depois em ácido fórmico, responsável por acidose metabólica severa, lesão do nervo óptico (risco de cegueira) e falência de órgãos.

    O antídoto busca impedir essa conversão e remover tóxicos do organismo.

    O que é o antídoto e como ele funciona

    Existem dois antídotos que atuam inibindo a enzima álcool desidrogenase e freando a formação de ácido fórmico:

    • Fomepizol: antídoto de escolha quando disponível, por eficácia, forma simples de administrar e menos efeitos colaterais. Pode, em apresentações precoces e sem gravidade, evitar ou postergar a hemodiálise. O Brasil passou a importar o fomepizol de forma emergencial;
    • Etanol farmacêutico: também inibe a enzima álcool desidrogenase e compete com o metanol, mas pode causar embriaguez, hipoglicemia e exige monitorização mais intensa. Ainda assim, é uma opção muito útil quando o fomepizol não está disponível.

    Bicarbonato de sódio e ácido folínico/folato: além do antídoto, o tratamento pode incluir suporte clínico com bicarbonato de sódio para corrigir a acidose e ácido folínico/folato para acelerar a metabolização do formiato.

    Quando é preciso fazer hemodiálise?

    A hemodiálise remove rapidamente metanol e formiato, além de corrigir a acidose grave. Em geral, é indicada quando há acidose metabólica significativa, lesão de órgão-alvo, como alteração visual, níveis muito altos de metanol ou agravamento, apesar do antídoto.

    O que o Brasil está fazendo agora

    • Distribuição nacional de antídotos: o Ministério da Saúde iniciou a distribuição de ampolas de etanol farmacêutico para estados solicitantes e vem ampliando o número de estados atendidos;
    • Produção e oferta: a Anvisa liberou a fabricação nacional do etanol farmacêutico para uso como antídoto e autorizou a importação de fomepizol, o que dá aos médicos mais opções de tratamento;

    Isso importa porque o fomepizol é preferível quando disponível, pois é mais eficaz que o etanol farmacêutico.

    Veja também: Energético faz mal à saúde? Cardiologista explica

    Perguntas frequentes sobre intoxicação por metanol e o uso de antídoto

    1. Qual é o antídoto principal para metanol?

    O fomepizol é preferido por segurança e manejo simples; o etanol farmacêutico é alternativa eficaz quando fomepizol não está disponível. Ambos inibem a ADH e impedem a formação do ácido fórmico.

    2. O antídoto cura a intoxicação?

    Ele interrompe o metabolismo tóxico. Em casos graves, ainda pode ser preciso hemodiálise para remover metanol/formiato e corrigir a acidose.

    3. Por que dar ácido folínico/folato?

    Porque acelera a conversão do formiato, que é muito tóxico, em produtos inofensivos, e isso ajuda na reversão da acidose e na proteção da visão.

    4. Quando a hemodiálise é indicada em casos de intoxicação por metanol?

    Na presença de acidose metabólica marcante, sinais de toxicidade ocular ou neurológica, níveis altos de metanol ou piora clínica.

    5. O que o Brasil disponibiliza hoje?

    O Ministério da Saúde está distribuindo etanol farmacêutico e, mais recentemente, também está importando fomepizol.

    6. Posso prevenir intoxicação por metanol tomando etanol após beber algo suspeito?

    Não. Isso pode mascarar sintomas. Se você suspeita ter ingerido bebida adulterada, procure atendimento imediato.

    7. Por que o metanol aparece em bebidas?

    Por adulteração (para baratear) ou falhas em processos artesanais ou ilegais.

    Leia também: Metanol em bebidas: saiba o que fazer na suspeita de intoxicação

  • Demência por corpos de Lewy (DCL): o que é, como reconhecer e tratar 

    Demência por corpos de Lewy (DCL): o que é, como reconhecer e tratar 

    Nos últimos anos, a demência por corpos de Lewy (DCL) ganhou mais atenção entre médicos e pesquisadores. Apesar de ser a segunda causa mais comum de demência degenerativa depois do Alzheimer, ainda é pouco conhecida pelo público e muitas vezes confundida com outras doenças. Esse desconhecimento pode atrasar o diagnóstico e dificultar o início do tratamento adequado.

    A condição chama a atenção por sua combinação de sintomas, que incluem flutuações cognitivas marcantes, alucinações visuais vívidas, alterações no sono REM e sinais motores semelhantes ao Parkinson.

    A identificação desse padrão clínico faz toda a diferença para oferecer suporte ao paciente, proteger contra medicamentos que podem agravar os sintomas e garantir uma melhor qualidade de vida.

    O que é demência por corpos de Lewy (DCL)?

    A demência por corpos de Lewy é um tipo de demência progressiva marcada pelo acúmulo anormal da proteína alfa-sinucleína (os “corpos de Lewy”) no cérebro.

    Esse depósito afeta áreas envolvidas em atenção, percepção, controle motor e regulação do sono — daí a combinação de sintomas cognitivos, parkinsonismo, alucinações e flutuações do estado mental.

    Essas flutuações se manifestam como mudanças inesperadas no nível de atenção e lucidez ao longo do dia. Em alguns momentos, a pessoa pode estar bem lúcida e comunicativa; horas depois, parecer confusa ou desatenta, sem motivo aparente.

    Essa oscilação é uma característica típica da DCL e ajuda a diferenciá-la de outras demências, como o Alzheimer, que apresenta progressão mais constante.

    Sinais e sintomas característicos da demência por corpos de Lewy

    Os critérios clínicos atuais destacam quatro características principais, cuja presença aumenta a probabilidade de DCL:

    • Flutuações cognitivas: variações marcantes de atenção e alerta, com dias “bons” e “ruins” no desempenho;
    • Alucinações visuais recorrentes: geralmente bem formadas, como pessoas ou animais;
    • Parkinsonismo: rigidez, lentidão dos movimentos, marcha alterada;
    • Distúrbio comportamental do sono REM: o paciente vive os sonhos, falando, chutando ou se agitando durante o sono (confirmado por polissonografia).

    Outras manifestações comuns incluem hipersensibilidade a antipsicóticos, instabilidade postural com quedas, disautonomia (queda de pressão, constipação), depressão, ansiedade e sintomas visuais.

    Como se diferencia de Alzheimer e Parkinson?

    • Na DCL, as alucinações visuais e o distúrbio do sono REM surgem precocemente; no Alzheimer, aparecem em fases mais avançadas.
    • Em relação à demência associada ao Parkinson, vale a “regra de 1 ano”: se os sintomas cognitivos surgirem até um ano do início do parkinsonismo, a hipótese é DCL; se surgirem anos depois, é mais provável que seja demência por Parkinson.

    Diagnóstico de demência por corpos de Lewy

    O diagnóstico é um desafio, pois os sintomas se confundem com os do Alzheimer e do Parkinson. A confirmação depende da combinação de sinais clínicos e exames complementares.

    A avaliação começa com consulta detalhada, testes cognitivos e exame neurológico para investigar memória, atenção, presença de alucinações e sintomas motores. A polissonografia também pode ser solicitada para confirmar o distúrbio do sono REM, característico da DCL.

    Tratamento: o que funciona e o que evitar

    O tratamento combina medidas médicas e não medicamentosas, personalizadas conforme o quadro de cada paciente.

    Alguns medicamentos podem ajudar a melhorar atenção, comportamento e reduzir alucinações em parte dos casos. Outros aliviam a rigidez e a lentidão dos movimentos, embora com resposta variável.

    Além dos remédios, mudanças no dia a dia fazem diferença: manter rotinas bem definidas, ambientes iluminados e seguros, praticar fisioterapia e terapia ocupacional e garantir uma boa higiene do sono.

    O apoio e a orientação dos cuidadores são fundamentais, já que o manejo da doença exige adaptação constante.

    Atenção: pacientes com DCL são extremamente sensíveis a antipsicóticos. Quando o uso é indispensável, deve ser feito com cautela, em doses mínimas e sob vigilância médica rigorosa.

    Confira: Testes genéticos para remédios contra depressão: saiba o que são e como funcionam

    Evolução da doença: o que esperar ao longo do tempo

    A DCL é progressiva. As flutuações e sintomas psicóticos podem variar com o tempo, mas os sintomas cognitivos e motores tendem a se agravar gradualmente.

    O diagnóstico precoce permite planejar melhor o cuidado, ajustar medicações com segurança e oferecer suporte adequado ao cuidador e à família.

    Quando procurar avaliação médica?

    • Alucinações visuais recorrentes, especialmente em idosos;
    • Quedas e sinais de parkinsonismo sem diagnóstico confirmado de Parkinson;
    • Sonolência diurna com movimentos bruscos durante o sono;
    • Desempenho cognitivo que oscila muito ao longo do dia.

    Uma avaliação neurológica especializada é essencial para definir o diagnóstico e o tratamento adequados.

    Perguntas frequentes sobre demência por corpos de Lewy

    1. DCL é a mesma coisa que Alzheimer?

    Não. A DCL tem perfil clínico distinto, com alucinações visuais precoces, flutuações cognitivas e distúrbios do sono. Já o Alzheimer costuma começar com perda de memória mais típica e progressão linear.

    2. Quais exames confirmam a demência por corpos de Lewy?

    Não há um exame único definitivo. O diagnóstico é clínico, apoiado por exames como testes cognitivos, polissonografia e avaliações neurológicas especializadas.

    3. Existem remédios que melhoram os sintomas?

    Sim. Alguns medicamentos podem melhorar atenção, cognição e sintomas motores, conforme a avaliação médica e a resposta individual de cada paciente.

    4. Por que se fala em hipersensibilidade a antipsicóticos?

    Pessoas com DCL podem reagir de forma grave a esses medicamentos, com rigidez acentuada, sonolência e piora da cognição. Se forem indispensáveis, devem ser usados por curto período, na menor dose possível e com acompanhamento rigoroso.

    Leia também: TDAH em adultos: 7 dicas para viver com mais foco