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  • Melatonina causa insuficiência cardíaca? Saiba por que ainda é cedo para afirmar 

    Melatonina causa insuficiência cardíaca? Saiba por que ainda é cedo para afirmar 

    A melatonina se tornou uma das substâncias mais populares entre quem busca uma noite de sono melhor. Vendida como suplemento em diversos países, inclusive no Brasil, é vista como uma alternativa natural para lidar com a insônia e o jet lag. Um novo estudo, porém, associou o uso prolongado de melatonina a um risco maior de insuficiência cardíaca, o que gerou preocupação e manchetes em todo o mundo.

    Apesar do impacto dos resultados, ainda não é possível afirmar que a melatonina cause problemas cardíacos. O estudo é observacional, ou seja, mostra uma correlação, mas não prova causa e efeito. Além disso, pessoas que usam melatonina com frequência geralmente apresentam insônia mais grave — e a própria insônia, quando persistente, já é conhecida por aumentar o risco de doenças cardiovasculares.

    O que o estudo realmente descobriu

    Pesquisadores acompanharam mais de 130 mil adultos com histórico de insônia. Parte deles fazia uso regular de melatonina por pelo menos um ano. Após cerca de cinco anos de acompanhamento, os resultados mostraram que os usuários frequentes apresentaram maior incidência de insuficiência cardíaca e hospitalizações relacionadas ao coração.

    No entanto, os autores do estudo destacaram que essa relação não comprova que a melatonina seja a causa direta. Outros fatores, como o grau da insônia, a presença de doenças pré-existentes, uso de medicamentos ou hábitos de vida, podem ter influenciado os resultados.

    Por que a insônia merece atenção

    A insônia é um distúrbio do sono que afeta todo o corpo. Dormir mal de forma crônica está associado a aumento da pressão arterial, alterações hormonais, ganho de peso, diabetes, depressão e maior risco de infarto e insuficiência cardíaca.

    Quando uma pessoa tem insônia grave e não tratada, o coração trabalha sob estresse constante, o que ajuda a explicar por que dormir pouco ou dormir mal pode causar tantos problemas de saúde.

    Por isso, mesmo que a melatonina não seja isenta de riscos, o foco principal deve continuar sendo o tratamento adequado da insônia, com orientação médica e acompanhamento de um especialista em sono.

    O que fazer na prática

    • Não interrompa o uso por conta própria: se você toma melatonina regularmente e ela foi prescrita por um médico, converse com ele antes de parar.
    • Evite o uso prolongado sem orientação: mesmo suplementos naturais podem ter efeitos adversos e interações medicamentosas.
    • Avalie sua rotina de sono: manter horários regulares, evitar telas antes de dormir e cuidar da alimentação ajudam mais do que muitos imaginam.
    • Procure ajuda especializada: um médico pode indicar terapias comportamentais, ajustes no estilo de vida e, se necessário, outros medicamentos para tratar a insônia.

    Veja mais: Insônia na menopausa: 4 medidas para melhorar o sono

    Quando a melatonina pode ser útil

    A melatonina pode ser útil em situações específicas, como:

    • Distúrbios do ritmo circadiano, como jet lag ou trabalho noturno;
    • Idosos com produção natural reduzida do hormônio;
    • Pessoas com autismo ou TDAH, sob supervisão médica.

    O uso contínuo deve ser avaliado individualmente, considerando histórico clínico, dose e tempo de uso.

    Portanto, o novo estudo não prova que a melatonina cause insuficiência cardíaca, mas reforça a importância de usar o suplemento com cautela e orientação médica. Mais do que culpar a melatonina, o recado é claro: tratar a insônia é também cuidar do coração.

    Confira: Insônia: por que dormir mal afeta corpo e mente

    Perguntas frequentes sobre melatonina e insuficiência cardíaca

    1. O estudo prova que a melatonina causa insuficiência cardíaca?

    Não. O estudo é observacional e mostra apenas uma associação, sem comprovar relação de causa e efeito.

    2. Então, posso continuar tomando melatonina?

    Sim, se for sob orientação médica. O risco maior está no uso prolongado, em altas doses e sem acompanhamento.

    3. E se eu usar melatonina só de vez em quando?

    O uso ocasional e em doses baixas é considerado seguro para a maioria das pessoas.

    4. A insônia é perigosa para o coração?

    Sim. Dormir mal de forma crônica pode aumentar o risco de hipertensão, infarto e insuficiência cardíaca.

    5. O que devo fazer se tenho insônia?

    Procure um médico para investigar a causa. Pode ser necessário ajustar hábitos, tratar ansiedade ou iniciar terapia do sono.

    Leia também: Tem insônia? Veja o que fazer para voltar a dormir bem

  • 7 erros comuns que atrapalham a saúde do coração 

    7 erros comuns que atrapalham a saúde do coração 

    As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que uma pessoa morra a cada 90 segundos por causas relacionadas ao coração, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Grande parte desses casos, porém, poderia ser evitada com mudanças simples no estilo de vida.

    Muitos dos fatores de risco estão ligados a hábitos que temos no dia a dia, aparentemente inofensivos, mas que, com o tempo, aumentam a pressão arterial, os níveis de colesterol e o risco de infarto e AVC. Veja, a seguir, os 7 erros mais comuns que colocam a saúde do coração em perigo e como corrigi-los a tempo.

    1. Levar uma vida sedentária

    Ficar longos períodos sentado e não praticar atividade física regularmente é um dos maiores inimigos do coração. O sedentarismo reduz a capacidade cardiovascular, eleva a pressão arterial e facilita o ganho de peso.

    De acordo com a American Heart Association (AHA), o ideal é praticar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana — o equivalente a 30 minutos por dia, cinco vezes por semana. Caminhar, nadar, pedalar ou dançar já fazem diferença.

    2. Comer alimentos ultraprocessados com frequência

    Produtos industrializados, como embutidos, salgadinhos, refrigerantes e biscoitos recheados, são de fato gostosos, mas são ricos em gordura saturada, açúcar, sódio e aditivos químicos. O consumo frequente desses alimentos está intimamente ligado ao aumento do colesterol ruim (LDL) e à pressão alta.

    A recomendação médica é priorizar alimentos naturais e minimamente processados, como frutas, verduras, grãos integrais, feijão e azeite de oliva, seguindo o modelo da dieta mediterrânea, considerada uma das mais protetoras para o coração.

    3. Exagerar na gordura saturada e nas frituras

    Mesmo dentro de casa, o excesso de gordura saturada, presente em carnes gordas, manteiga, queijos amarelos e frituras, prejudica a saúde do coração. Essas gorduras aumentam a formação de placas nas artérias, que podem levar a um infarto e AVC.

    Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o ideal é que menos de 7% das calorias diárias venham de gordura saturada. Trocar frituras por preparações assadas, cozidas ou grelhadas já faz uma grande diferença.

    4. Viver sob estresse constante

    O estresse crônico libera hormônios como adrenalina e cortisol, que elevam a pressão arterial e favorecem a inflamação nas artérias. Com o tempo, isso aumenta o risco de doenças como pressão alta, arritmia e até insuficiência cardíaca.

    Aprender a controlar o estresse com pausas, meditação, atividade física e sono de qualidade é essencial para manter o coração protegido.

    Leia também: Deficiências nutricionais em adultos: aprenda a identificar sinais no dia a dia e prevenir riscos

    5. Dormir pouco ou mal

    Dormir menos de 7 horas por noite afeta a pressão arterial, os níveis de açúcar no sangue e o controle do apetite, fatores que impactam diretamente o coração. Estudos mostram que pessoas com insônia ou apneia do sono têm maior risco de desenvolver pressão alta e doenças coronarianas.

    Manter horários regulares, evitar telas antes de dormir e criar um ambiente silencioso e escuro ajudam a ter um sono mais tranquilo e restaurador.

    6. Ignorar a pressão alta e o colesterol elevado

    Muita gente só descobre que tem pressão alta ou colesterol alto depois de um susto. O problema é que essas condições são silenciosas e não causam sintomas no início, mas são os principais fatores de risco para infarto e AVC.

    Fazer check-ups periódicos, medir a pressão regularmente e manter um acompanhamento médico é muito importante para detectar e tratar ainda cedo qualquer alteração.

    7. Fumar — e até conviver com quem fuma

    O cigarro é um dos piores inimigos do coração. Ele danifica as paredes dos vasos sanguíneos, reduz o oxigênio no sangue e aumenta a formação de coágulos. Mesmo quem não fuma, mas convive com fumantes, tem risco maior de doenças cardíacas.

    A boa notícia é que parar de fumar traz benefícios imediatos: em 20 minutos, a pressão arterial começa a normalizar; em 24 horas, o risco de infarto já diminui; e, após um ano, o risco de doenças cardíacas cai pela metade.

    Hoje, há diversos tratamentos para ajudar a parar de fumar, inclusive gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).

    Perguntas frequentes sobre saúde do coração

    1. Qual é o principal vilão para a saúde do coração?

    O conjunto de maus hábitos, como sedentarismo, alimentação ruim e estresse, é mais perigoso do que um único fator isolado.

    2. Existe uma alimentação ideal para o coração?

    Sim. A dieta mediterrânea e a DASH (voltada para quem tem pressão alta) são as mais indicadas, pois priorizam frutas, verduras, grãos integrais e gorduras boas.

    3. Beber vinho ajuda o coração?

    Não. Hoje sabe-se que, apesar do vinho conter resveratrol, um bom antioxidante, não há benefícios para o coração em consumi-lo justamente por conta do álcool.

    4. Quem faz exercícios pode dispensar exames de rotina?

    Não. Mesmo pessoas ativas precisam de acompanhamento médico regular para avaliar pressão, colesterol e glicemia.

    5. O estresse pode causar infarto?

    Sim. O estresse libera hormônios que aumentam a pressão e podem favorecer espasmos nas artérias coronárias.

    6. Dormir bem realmente faz diferença para o coração?

    Sim. O sono regula hormônios e mantém a pressão estável. Dormir menos de 7 horas por noite eleva o risco de pressão alta e infarto.

    Veja mais: 7 dicas de um médico para ser mais produtivo e ter menos estresse

  • Marcapasso: para que serve, como funciona e como é colocado

    Marcapasso: para que serve, como funciona e como é colocado

    Indicado para pessoas com batimentos cardíacos lentos, irregulares ou que chegam a pausar por alguns segundos, o marcapasso é um pequeno dispositivo eletrônico implantado sob a pele do tórax. Ele monitora continuamente a atividade elétrica do coração e, quando detecta uma falha no ritmo, emite impulsos elétricos para estimular a contração cardíaca.

    Dependendo da causa do problema, o marcapasso pode ser temporário ou permanente. Por exemplo, quando a alteração no ritmo é passageira (como após uma cirurgia ou uso de certos medicamentos) o dispositivo é utilizado por um período limitado, apenas até que o coração recupere sua função normal.

    Em situações em que há falhas permanentes na condução elétrica, por outro lado, o marcapasso é implantado de forma definitiva para garantir que o coração mantenha batimentos regulares ao longo da vida. A indicação, em todos os casos, deve ser feita pelo cardiologista considerando as necessidades do paciente.

    Para esclarecer as dúvidas sobre como o marcapasso funciona na prática, como é feita a cirurgia e quais cuidados o paciente deve ter após o implante, conversamos com o cardiologista e arritmologista Rodrigo Caligaris Cagi. Confira, a seguir!

    Para que serve o marcapasso?

    O marcapasso serve para regular o ritmo dos batimentos cardíacos, emitindo impulsos elétricos sempre que o coração bate devagar demais ou falha em gerar seus próprios estímulos. De maneira geral, ele substitui ou complementa o sistema elétrico natural do coração.

    O objetivo é restabelecer o ritmo cardíaco normal, garantindo que o sangue circule adequadamente e que o corpo receba oxigênio suficiente. Em alguns casos, o marcapasso também ajuda a sincronizar as contrações das diferentes câmaras do coração — algo fundamental em pacientes com insuficiência cardíaca e batimentos descoordenados.

    Alguns tipos de marcapassos modernos também conseguem detectar o esforço físico e ajustar o ritmo automaticamente. Isso significa que, se você subir uma escada, por exemplo, o marcapasso acelera um pouco o coração, como faria naturalmente.

    Quando é indicado?

    A indicação depende da causa da arritmia e da gravidade dos sintomas. De acordo com o protocolo do Ministério da Saúde, recomenda-se o marcapasso definitivo quando:

    • A frequência cardíaca cai abaixo de 40 batimentos por minuto e há sintomas como tontura, fadiga ou desmaios;
    • Há bloqueio atrioventricular de segundo grau tipo II ou de terceiro grau, mesmo sem sintomas, pelo risco de morte súbita;
    • O paciente apresenta desmaios (síncope) recorrentes associados a distúrbios do nó sinusal ou bloqueios de condução;
    • Após infarto, quando o bloqueio de condução é persistente e causa risco de parada cardíaca.

    Tipos de marcapasso

    Os marcapassos podem variar de acordo com a função, complexidade e o número de câmaras cardíacas estimuladas. Segundo Rodrigo, o termo é amplo e pode se referir a três grupos principais:

    Marcapasso convencional

    É o modelo mais utilizado e indicado para pacientes com disfunção do sistema de condução, com frequência cardíaca mais baixa (bradicardias importantes, bloqueios no coração) e que não podem ser tratados com remédios.

    Ele possui um pequeno gerador (bateria e circuito eletrônico) e um ou mais eletrodos que conduzem os impulsos elétricos até o coração.

    No geral, existem dois tipos principais:

    • Unicameral: estimula apenas uma câmara do coração — o átrio ou o ventrículo. É usado quando o problema está restrito a uma parte do sistema de condução;
    • Bicameral: estimula e monitora tanto o átrio quanto o ventrículo, coordenando o batimento entre eles e imitando mais de perto a fisiologia natural do coração.

    Os marcapassos modernos podem ter modulação de frequência, ajustando automaticamente o ritmo dos impulsos conforme o esforço físico do paciente.

    Ressincronizadores cardíacos

    O marcapasso ressincronizador (terapia de ressincronização cardíaca – TRC) é indicado para pacientes com insuficiência cardíaca que apresentam batimentos descoordenados entre os ventrículos. Ele emite estímulos simultâneos nas duas câmaras inferiores, promovendo sincronia e melhorando a eficiência do bombeamento de sangue, com melhora de falta de ar, cansaço e menor risco de internações.

    Cardiodesfibriladores implantáveis (CDI)

    Os cardiodesfibriladores implantáveis (CDI) são dispositivos semelhantes ao marcapasso, porém com função adicional de tratar arritmias graves (taquicardias ventriculares e fibrilação ventricular) por meio de choques elétricos quando necessário.

    Existem versões combinadas, como o ressincronizador com desfibrilador (TRC-D), indicadas para insuficiência cardíaca com dessincronia e alto risco de arritmias fatais. O CDI funciona como um “backup”: detecta a arritmia e aplica o choque para manter o coração batendo até o atendimento médico, mas não trata a causa de base.

    Como se preparar para a cirurgia de implantação?

    Antes da cirurgia, o paciente passa por avaliação cardiológica (eletrocardiograma, ecocardiograma, exames de sangue). Entre as recomendações, estão:

    • Jejum de 4 a 6 horas antes da cirurgia;
    • Informar todos os medicamentos, vitaminas e suplementos em uso (principalmente anticoagulantes e antitrombóticos);
    • Informar alergias e outras condições de saúde;
    • Retirar acessórios metálicos e objetos pessoais;
    • Evitar fumar ou consumir álcool antes do procedimento;
    • Levar documentos, exames e um acompanhante.

    O cardiologista também explica o funcionamento do aparelho, riscos e cuidados pós-operatórios.

    Como é feita a cirurgia do marcapasso?

    A implantação é simples e segura, geralmente levando 1 a 2 horas:

    • Pequena incisão abaixo da clavícula;
    • Introdução dos eletrodos por uma veia até o coração, guiada por imagem;
    • Conexão dos eletrodos ao gerador, que fica alojado sob a pele no tórax;
    • Teste e programação do sistema;
    • Fechamento da incisão com pontos e curativo.

    Após o posicionamento dos cabos, o gerador (bateria e circuito) é inserido sob a pele, logo abaixo do músculo peitoral. O corte é fechado com pontos e coberto com curativo.

    Recuperação da cirurgia

    Em geral, alta no dia seguinte. Nos primeiros 30 dias, evitar esforços com o braço do lado do implante e manter repouso relativo. Consultas de acompanhamento verificam o funcionamento do dispositivo. Em geral, o paciente não sente o marcapasso funcionando; pode haver apenas leve desconforto local nos primeiros dias.

    Coloquei um marcapasso, quais cuidados devo ter?

    Nos primeiros 30 dias:

    • Evite levantar o braço do lado do implante acima da cabeça;
    • Mantenha o curativo limpo e seco (o médico dirá quando pode molhar);
    • Não dirija nas primeiras semanas;
    • Evite exercícios intensos ou carregar peso até liberação médica.

    Depois, retome atividades normais, inclusive esportes leves. O acompanhamento costuma ser semestral, com leitura por telemetria para checar bateria e eletrodos.

    Duração da bateria e troca do marcapasso

    A bateria dura, em média, de 8 a 10 anos (alguns modelos chegam a 12–13 anos). Quando a bateria está no fim, o aparelho sinaliza nas consultas. A troca é simples: reabre-se a incisão, remove-se o gerador antigo e coloca-se um novo. Em alguns casos, os eletrodos também são trocados.

    O que uma pessoa com marcapasso não pode fazer?

    Quem tem marcapasso pode levar vida normal, mas com alguns cuidados:

    • Evite campos eletromagnéticos fortes (portais de segurança, detectores de metal);
    • Mantenha celulares e fones com ímã a pelo menos 15 cm do implante;
    • Ressonância magnética: somente se o dispositivo for compatível (MRI-safe) e em aparelhos até 1,5 Tesla;
    • Compatibilidade: preferir gerador e cabos da mesma marca para garantir funcionamento e possibilidades de exames futuros.

    Quais as complicações?

    Complicações são pouco frequentes, mais comuns logo após a cirurgia:

    • Infecção no local do implante;
    • Sangramento ou hematoma;
    • Deslocamento do eletrodo;
    • Reação alérgica ao material;
    • Irritação da pele;
    • Raros choques inadvertidos em CDI.

    A maioria tem manejo simples, especialmente com seguimento adequado.

    Leia mais: Holter 24h: como o exame ajuda a flagrar arritmias ocultas

    Perguntas frequentes

    1. O marcapasso exige acompanhamento para o resto da vida?

    Sim. Consultas regulares (geralmente semestrais) verificam cabos, gerador, bateria e permitem ajustes pelo médico via telemetria, sem necessidade de cirurgia.

    2. O marcapasso é visível sob a pele?

    Depende do biotipo. Em pessoas magras, pode ficar levemente saliente sob a clavícula; em outras, é quase imperceptível. Com o tempo, os tecidos se adaptam.

    3. Quem usa marcapasso pode infartar?

    Sim. O marcapasso corrige o ritmo, mas o infarto é causado por obstrução das artérias coronárias — são problemas distintos.

    4. Posso viajar de avião com marcapasso?

    Sim, sem restrições. Leve o cartão de identificação do dispositivo e apresente-o nos controles de segurança para evitar detectores de metal convencionais.

    5. Quais atividades são permitidas após o implante?

    Após a recuperação, quase todas: correr, nadar, pedalar, viajar e praticar esportes leves. Respeite os limites do corpo e mantenha seguimento com o cardiologista.

    6. O que acontece se o marcapasso parar de funcionar?

    É raro falhar de forma súbita. As revisões identificam fim de bateria com antecedência. Se houver tontura, palpitações, desmaios ou fadiga súbita, procure seu médico ou pronto-socorro.

    Confira: Arritmia cardíaca: quando os batimentos fora de ritmo merecem atenção

  • Suspeita de infarto: conheça os erros que colocam vidas em risco e saiba como agir

    Suspeita de infarto: conheça os erros que colocam vidas em risco e saiba como agir

    O infarto agudo do miocárdio continua sendo uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo: estima-se que, apenas em território brasileiro, mais de 300 mil pessoas sejam acometidas todos os anos. Sendo uma emergência grave, a forma como se age nos primeiros minutos pode definir se o paciente terá sequelas ou mesmo se sobreviverá.

    O problema é que, diante do susto e da falta de informação quando se suspeita de infarto, muitas pessoas cometem erros graves, como ignorar sintomas, tomar medicamentos por conta própria ou tentar dirigir até o hospital. Essas atitudes, em vez de ajudar, aumentam o risco de complicações fatais.

    Para esclarecer quais comportamentos evitar e quais ações tomar imediatamente, ouvimos a cardiologista Edilza Câmara Nóbrega, que reforça: “Diante de uma suspeita de infarto, agir rápido e corretamente faz toda a diferença para o prognóstico”.

    Suspeita de infarto: por que agir rápido pode salvar o coração

    O infarto ocorre quando há obstrução em uma ou mais artérias coronárias, que levam oxigênio ao coração. Sem esse suprimento, o músculo cardíaco começa a morrer em questão de minutos.

    “O maior erro é achar que os sintomas, como dor no peito, falta de ar e suor frio, vão passar sozinhos. O tempo é crucial durante um infarto. Quanto mais tempo o músculo do coração fica sem oxigênio, maior é o dano. Não espere para ver se melhora”, alerta Edilza.

    Estudos mostram que a mortalidade em casos de infarto agudo do miocárdio pode ser reduzida em até 47% quando o atendimento médico ocorre na primeira hora após o início dos sintomas, conhecida como “hora de ouro”.

    Erros mais comuns em uma suspeita de infarto

    A reação imediata de quem presencia um quadro suspeito de infarto é determinante. No entanto, segundo a especialista, ainda existem condutas equivocadas que atrasam o socorro e comprometem a recuperação.

    Entre os principais erros estão:

    • Ignorar os sintomas: muitas pessoas acreditam que a dor no peito é apenas “gastrite” ou “ansiedade”. Esse atraso pode ser fatal;
    • Tomar medicamentos sem orientação médica: “Nunca tome analgésicos, anti-inflamatórios ou qualquer outro remédio por conta própria. Alguns podem piorar o quadro, além de mascarar os sintomas”, destaca a cardiologista;
    • Dirigir até o hospital: o paciente pode perder a consciência no caminho e provocar um acidente;
    • Fazer esforço físico: andar rápido ou subir escadas só aumenta a necessidade de oxigênio do coração, já em sofrimento;
    • Oferecer comida ou bebida: qualquer ingestão pode atrapalhar, pois o paciente pode precisar de procedimentos imediatos, como cateterismo ou cirurgia de emergência.

    “Na suspeita de infarto, o ideal é sempre chamar o SAMU (192) ou o corpo de bombeiros para que o atendimento comece o mais rápido possível, ainda no local”, fala a cardiologista.

    Leia também: Prolapso da válvula mitral: sinais de alerta, exames e tratamento

    O que fazer corretamente diante de suspeita de infarto

    Se os erros podem ser fatais, as ações corretas podem salvar uma vida. O protocolo básico recomendado por especialistas é claro:

    • Ligue imediatamente para o SAMU (192): esse deve ser sempre o primeiro passo. As equipes estão preparadas para iniciar o atendimento no local;
    • Mantenha a calma: tanto para o paciente quanto para quem ajuda, reduzir a ansiedade evita sobrecarga do coração;
    • Ajuste a posição: coloque a pessoa em uma posição confortável, de preferência sentada, com as costas apoiadas, para facilitar a respiração;
    • Deixe a equipe trabalhar: ao chegar, os socorristas precisam de espaço e objetividade nas informações.

    Lembre-se: quanto mais rápido o socorro especializado for acionado e iniciado, maiores são as chances de recuperação e de evitar sequelas. Por isso, reconhecer os sinais, agir com calma e chamar ajuda imediatamente são atitudes que podem salvar uma vida.

    Sintomas de infarto: típicos e atípicos

    O sintoma de infarto clássico é a dor no peito forte, descrita como pressão ou aperto, que pode irradiar para o braço esquerdo, costas, mandíbula ou estômago. Mas nem sempre o quadro é tão evidente. Mulheres, idosos e diabéticos podem apresentar sintomas de infarto mais discretos, como:

    • Falta de ar sem dor no peito;
    • Queimação no estômago;
    • Náusea ou vômito;
    • Fraqueza súbita ou tontura;
    • Suor frio sem esforço físico.

    Por isso, é essencial estar atento a qualquer mudança súbita no estado de saúde, mesmo que os sintomas pareçam “menos intensos”. Isso também reforça a importância dos exames de rotina, especialmente o ecocardiograma e o teste ergométrico, para identificar riscos e prevenir complicações.

    Confira: Doença coronariana: o que é, como identificar os sintomas e quais os tratamentos indicados

    Prevenção de infarto: como reduzir o risco?

    Agir corretamente diante de uma suspeita de infarto é fundamental, mas prevenir continua sendo a melhor estratégia. Fatores de risco, como hipertensão, diabetes, colesterol alto e tabagismo, aumentam exponencialmente as chances de infarto.

    Medidas preventivas incluem:

    • Manter alimentação balanceada, rica em vegetais e pobre em ultraprocessados;
    • Praticar atividade física regular;
    • Controlar peso corporal;
    • Abandonar o cigarro e reduzir o consumo de álcool;
    • Realizar check-ups médicos periódicos.

    Essas ações não eliminam totalmente o risco, mas reduzem de forma significativa a probabilidade de um evento grave.

    Leia também: Cateterismo cardíaco: o que é, para que serve e como é feito

    Perguntas e respostas sobre suspeita de infarto

    1. Por que agir rápido em uma suspeita de infarto é tão importante?

    Porque o músculo do coração começa a morrer em minutos sem oxigênio. Atuar na chamada “hora de ouro” pode reduzir a mortalidade em quase 50%.

    2. Quais são os erros mais comuns que as pessoas cometem?

    Ignorar sintomas, tomar medicamentos por conta própria, tentar dirigir até o hospital, fazer esforço físico e oferecer comida ou bebida ao paciente.

    3. O que deve ser feito imediatamente?

    Chamar o SAMU (192), manter a calma, colocar a pessoa em posição confortável e deixar a equipe de socorro atuar sem interferências.

    4. Quais são os principais sintomas típicos de infarto?

    Dor ou pressão no peito, que pode irradiar para braço, mandíbula, costas ou estômago, geralmente acompanhada de suor frio e falta de ar.

    5. E quais são os sintomas atípicos que também merecem atenção?

    Queimação no estômago, náusea, vômito, tontura, fraqueza súbita e falta de ar sem dor no peito — mais comuns em mulheres, idosos e diabéticos.

    6. O que pode ser feito para prevenir o infarto?

    Adotar hábitos saudáveis: alimentação equilibrada, exercícios regulares, controle do peso, abandonar o cigarro, reduzir álcool e manter consultas médicas periódicas.

    Confira: 5 coisas para fazer hoje e proteger o coração contra o infarto

  • Prolapso da válvula mitral: sinais de alerta, exames e  tratamento

    Prolapso da válvula mitral: sinais de alerta, exames e tratamento

    O prolapso da válvula mitral (PVM) é uma alteração cardíaca relativamente comum, mas ainda cercada de dúvidas. O diagnóstico passou por mudanças ao longo dos anos — e muitas pessoas que antes eram consideradas portadoras não se enquadram mais nos critérios atuais.

    Isso levanta questionamentos: quando a condição exige atenção, quais sinais merecem acompanhamento e em que momento ela pode representar risco? Conversamos com o cardiologista Giovanni Henrique Pinto para esclarecer o quadro e tirar as principais dúvidas sobre o prolapso da válvula mitral.

    O que é prolapso da válvula mitral?

    A válvula mitral é uma das quatro válvulas do coração e atua como uma “porta” que impede o sangue de retornar do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo durante a contração cardíaca.

    No prolapso da válvula mitral, essa válvula não se fecha completamente: suas cúspides (abas que controlam o fluxo sanguíneo) tornam-se frouxas e podem se projetar para dentro do átrio, permitindo refluxo de sangue.

    Nem todo prolapso causa sintomas, o que pode dificultar o diagnóstico. “Na maioria das pessoas, o prolapso é assintomático e descoberto por acaso em exames de rotina. Em alguns casos, pode causar palpitações, dor no peito ou sensação de ansiedade”, explica Giovanni.

    O que mudou no diagnóstico de prolapso mitral

    Nas últimas décadas, pesquisas mostraram que os critérios antigos para diagnóstico eram pouco específicos, o que levou a muitos diagnósticos em pessoas com válvulas consideradas normais pelos parâmetros atuais.

    Com critérios mais precisos, estima-se que apenas 2 a 3% da população tenha prolapso mitral significativo — antes, o número chegava a 10% ou mais. Os avanços incluem:

    • Uso de ecocardiograma em 3D, que fornece imagens detalhadas e reduz diagnósticos exagerados;
    • Definição mais rigorosa do limite de deslocamento da válvula para considerar o diagnóstico;
    • Medição da quantidade de sangue que reflui, determinando se há comprometimento funcional;
    • Revisão de diagnósticos antigos, pois muitos casos antes considerados prolapsos não se confirmam em exames modernos.

    Sintomas de prolapso da válvula mitral

    O prolapso mitral costuma ser silencioso e muitas vezes descoberto por acaso. Quando causa sintomas, os mais comuns são:

    • Palpitações: sensação de batimento cardíaco acelerado ou irregular;
    • Dor no peito: geralmente leve ou inespecífica;
    • Ansiedade ou sensação de “coração acelerado”;
    • Falta de ar ao esforço ou cansaço fácil.

    “Em casos mais avançados, sinais de insuficiência cardíaca, como inchaço nas pernas, podem aparecer”, alerta Giovanni. Nesses casos, o coração perde eficiência no bombeamento do sangue, tornando o quadro mais grave.

    Como identificar: exames clínicos e de imagem

    O diagnóstico costuma começar com o exame físico. O médico pode ouvir um “click” mesossistólico — som curto característico do prolapso — e, se houver refluxo, um sopro cardíaco.

    “O primeiro indício pode ser o sopro ouvido no estetoscópio. O exame que confirma é o ecocardiograma, que mostra a movimentação da válvula”, detalha Giovanni.

    Exames que ajudam no diagnóstico incluem:

    • Ausculta cardíaca: identificação de click e sopro característicos;
    • Ecocardiograma transtorácico: principal exame para visualizar a válvula e o refluxo;
    • Ecocardiograma transesofágico: usado quando são necessárias imagens mais detalhadas;
    • Holter ou monitor cardíaco: útil se houver palpitações ou suspeita de arritmias.

    O diagnóstico combina achados clínicos e de imagem, que permitem avaliar a gravidade e a função da válvula mitral.

    Complicações possíveis: quando o benigno pode se tornar grave

    “Na maioria dos casos, o prolapso da válvula mitral é benigno. Mas, em alguns pacientes, pode levar à insuficiência mitral importante, arritmias e, raramente, endocardite (infecção da válvula)”, ressalta Giovanni.

    Em certas situações, o prolapso pode evoluir para:

    • Regurgitação mitral: refluxo intenso de sangue para o átrio esquerdo, aumentando a sobrecarga cardíaca;
    • Arritmias ventriculares ou atriais: que podem causar palpitações intensas ou desmaios;
    • Endocardite infecciosa: risco aumentado em casos de refluxo importante;
    • Insuficiência cardíaca: quando o coração perde eficiência no bombeamento.

    Essas complicações são mais prováveis em pacientes com comprometimento significativo da válvula ou refluxo importante, o que torna o acompanhamento regular fundamental.

    Tratamento de prolapso da válvula mitral: quando precisa de cirurgia?

    O tratamento depende da gravidade dos sintomas e do grau de comprometimento da válvula. Segundo Giovanni, o tratamento medicamentoso é indicado em casos com palpitações ou arritmias leves.

    “A cirurgia é recomendada apenas quando há insuficiência mitral significativa, com refluxo importante e risco para o coração”, explica o especialista.

    • Medicamentos: betabloqueadores e, às vezes, antiarrítmicos para aliviar sintomas;
    • Cirurgia ou reparo valvar: indicada em refluxo grave ou disfunção ventricular.

    O objetivo é aliviar sintomas e prevenir complicações, ajustando o tratamento conforme a gravidade. Em muitos casos, o acompanhamento periódico é suficiente, mas se houver progressão da insuficiência mitral, a cirurgia pode ser necessária para preservar a função cardíaca.

    Confira: Novas metas de colesterol em 2025: valores mais rígidos para proteger seu coração

    Vida normal é possível? Prognóstico e acompanhamento

    Sim. A maioria das pessoas com prolapso da válvula mitral leva uma vida normal, podendo praticar exercícios, trabalhar e viajar — desde que mantenha acompanhamento médico regular.

    Alguns pacientes precisam de monitoramento mais próximo, especialmente se:

    • Tiverem regurgitação moderada ou grave;
    • Apresentarem arritmias confirmadas em exames;
    • Tiverem histórico familiar de degeneração valvar.

    “O prolapso pode evoluir e aumentar o refluxo de sangue, exigindo tratamento. Por isso, mesmo em pacientes assintomáticos, o acompanhamento com ecocardiograma é essencial”, conclui Giovanni.

    Perguntas e respostas sobre prolapso da válvula mitral

    1. O que é o prolapso da válvula mitral?

    É uma alteração em que a válvula mitral, responsável por controlar o fluxo de sangue entre o ventrículo e o átrio esquerdo, não se fecha adequadamente, permitindo o refluxo sanguíneo.

    2. O diagnóstico mudou nos últimos anos?

    Sim. Antes, critérios menos específicos geravam diagnósticos em excesso. Hoje, com ecocardiogramas modernos e parâmetros mais rigorosos, apenas 2 a 3% da população é diagnosticada com prolapso significativo.

    3. Quais são os sintomas mais comuns?

    A maioria é assintomática. Quando presentes, os sintomas incluem palpitações, dor no peito, ansiedade, falta de ar e fadiga. Casos avançados podem causar inchaço nas pernas por insuficiência cardíaca.

    4. Como é feito o diagnóstico?

    O médico pode ouvir um sopro ou “click” característico. O exame confirmatório é o ecocardiograma, que avalia a movimentação da válvula e o grau de refluxo. O Holter pode ser usado para investigar arritmias.

    5. O prolapso da válvula mitral sempre é benigno?

    Na maioria dos casos, sim. Contudo, pode evoluir para complicações como regurgitação mitral grave, arritmias ou, raramente, endocardite. O acompanhamento médico é fundamental.

    6. Quando é necessário tratar?

    Em sintomas leves, o tratamento pode envolver betabloqueadores. A cirurgia é indicada apenas em casos de insuficiência mitral significativa, quando há risco para o coração.

    7. Quem tem prolapso da válvula mitral pode levar vida normal?

    Sim. A maioria dos pacientes leva vida plena, podendo praticar exercícios e atividades cotidianas, desde que realize consultas regulares e ecocardiogramas de controle.

    Leia mais: Infarto x angina: entenda a diferença entre os dois problemas no coração

  • Síndrome do coração partido: o que é, sintomas, riscos e como diferenciar do infarto 

    Síndrome do coração partido: o que é, sintomas, riscos e como diferenciar do infarto 

    A expressão “coração partido” sempre foi associada a tristezas profundas, mas a medicina transformou essa metáfora em uma realidade clínica. Descoberta no Japão nos anos 1990, a síndrome do coração partido — nome popular da cardiomiopatia de Takotsubo — é uma condição em que o coração enfraquece temporariamente após um evento de estresse físico ou emocional intenso.

    O cardiologista Giovanni Henrique Pinto explica: “O nome ‘coração partido’ surgiu porque costuma aparecer após fortes emoções. O coração fica momentaneamente enfraquecido e assume, nos exames de imagem, um formato parecido ao vaso japonês takotsubo, usado para pescar polvos”.

    Embora seja reversível na maioria dos casos, o quadro pode simular um infarto e gerar complicações graves, o que torna o diagnóstico rápido essencial.

    O que pode causar a síndrome do coração partido?

    O gatilho mais comum é uma descarga repentina de hormônios do estresse, como a adrenalina, que afetam o funcionamento do músculo cardíaco. Geralmente, surge após situações marcantes, como:

    • Perda de um ente querido;
    • Brigas ou separações;
    • Acidentes ou cirurgias;
    • Notícias impactantes;
    • Estresse prolongado ou sustos intensos.

    A síndrome do coração partido pode ocorrer mesmo em pessoas sem histórico prévio de doença cardíaca. No entanto, fatores como ser do sexo feminino (especialmente após a menopausa), ter idade mais avançada e histórico de estresse intenso aumentam a predisposição.

    Sintomas da síndrome do coração partido

    Os sinais clínicos são muito semelhantes aos de um infarto, o que explica a dificuldade no diagnóstico inicial.

    • Dor no peito;
    • Falta de ar;
    • Mal-estar súbito;
    • Palpitações;
    • Em alguns casos, desmaio.

    Esses sintomas devem sempre ser avaliados em pronto-socorro, pois não é possível diferenciar a síndrome do coração partido de um infarto apenas pela percepção do paciente.

    Diferença entre síndrome do coração partido e infarto

    O desafio dos médicos está justamente em distinguir a síndrome do coração partido do infarto agudo do miocárdio. Giovanni esclarece: “Os sintomas são muito parecidos com os do infarto”.

    Segundo ele, a diferença é feita por exames: “Tanto o eletrocardiograma quanto os exames de sangue podem se alterar de forma semelhante, mas no cateterismo não há entupimento de artérias. E na ventriculografia e no ecocardiograma encontram-se as alterações características na contração do coração que formam a imagem do Takotsubo”.

    Ou seja, enquanto o infarto ocorre pelo bloqueio súbito de uma artéria coronária, na cardiomiopatia de Takotsubo não há obstrução. O coração apresenta uma alteração transitória da contratilidade, assumindo um formato típico comparado ao vaso japonês que inspirou o nome.

    Como é feito o diagnóstico da síndrome do coração partido?

    O diagnóstico exige uma combinação de exames. O primeiro passo é descartar um infarto, já que os sintomas são praticamente idênticos. Entre os exames utilizados estão:

    • Eletrocardiograma (ECG): pode mostrar alterações semelhantes às do infarto;
    • Exames de sangue: podem apresentar elevação moderada da troponina, proteína liberada quando há lesão no músculo cardíaco;
    • Ecocardiograma: mostra as alterações típicas na contração do coração;
    • Cateterismo cardíaco: confirma a ausência de obstrução nas artérias coronárias.

    Em geral, um exame isolado não é suficiente. O ECG e a troponina levantam a suspeita de infarto, o cateterismo mostra que as artérias estão livres e o ecocardiograma revela o padrão característico do Takotsubo. Essa integração é fundamental para garantir o diagnóstico correto e o tratamento adequado.

    Tratamento da síndrome do coração partido: o coração pode voltar ao normal?

    A boa notícia é que, na maioria dos pacientes, a síndrome do coração partido é reversível. “O tratamento costuma ser de suporte clínico, com medicações para ajudar na recuperação da função cardíaca. Na maioria dos casos, o coração volta ao normal em semanas ou meses”, explica Giovanni.

    O manejo geralmente inclui medicamentos como betabloqueadores, diuréticos e, em alguns casos, anticoagulantes, sempre conforme avaliação médica. Repouso, controle dos fatores de risco e acompanhamento regular fazem parte da recuperação.

    Leia também: 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta

    Existe risco de complicações graves?

    Mesmo que muitas vezes tenha evolução benigna, a síndrome do coração partido não deve ser subestimada. “Apesar de ser reversível na maioria dos casos, pode haver complicações como arritmias, insuficiência cardíaca e, em situações raras, risco de morte. Por isso, precisa de avaliação e acompanhamento médico”, alerta Giovanni.

    As complicações decorrem do enfraquecimento súbito do músculo cardíaco, que pode comprometer a capacidade de bombeamento do sangue. Essa redução temporária pode causar acúmulo de líquido nos pulmões (edema agudo de pulmão), queda da pressão arterial ou choque cardiogênico. Além disso, arritmias graves aumentam o risco de eventos fatais.

    A síndrome do coração partido pode acontecer mais de uma vez?

    Embora rara, a recorrência é possível. “Por isso é importante acompanhamento médico regular, principalmente em pessoas que já tiveram o quadro ou têm familiares próximos que já tiveram”, destaca Giovanni.

    Pacientes diagnosticados devem manter acompanhamento clínico contínuo, não apenas durante a fase aguda. O seguimento ajuda a monitorar a saúde do coração, prevenir novos episódios e oferecer suporte em situações de estresse.

    Perguntas e respostas sobre a síndrome do coração partido

    1. O que é a síndrome do coração partido?

    É uma condição chamada cardiomiopatia de Takotsubo, em que o coração enfraquece temporariamente após um evento de estresse físico ou emocional intenso.

    2. Quais situações podem desencadear o problema?

    Ela pode surgir após perdas emocionais, separações, brigas, acidentes, cirurgias, notícias impactantes ou sustos intensos.

    3. Quem pode ter a síndrome do coração partido?

    Pode ocorrer em pessoas sem doença cardíaca prévia, mas é mais comum em mulheres após a menopausa e em pessoas acima dos 60 anos.

    4. Quais são os sintomas mais comuns?

    Dor no peito, falta de ar, palpitações, mal-estar súbito e, em alguns casos, desmaio.

    5. Como diferenciar de um infarto?

    Os sintomas são parecidos, mas o cateterismo mostra que não há entupimento nas artérias. O ecocardiograma revela alterações típicas na contração do coração que formam o padrão de Takotsubo.

    6. Existe risco de complicações?

    Sim. Apesar de reversível, pode causar arritmias, insuficiência cardíaca, edema agudo de pulmão e, raramente, risco de morte.

    7. O coração pode voltar ao normal?

    Na maioria dos casos, sim. O tratamento é de suporte clínico, com medicamentos e acompanhamento médico, e a função cardíaca tende a se recuperar em semanas ou meses.

    8. A síndrome pode acontecer mais de uma vez?

    Sim, embora rara. O acompanhamento médico contínuo e o controle do estresse são fundamentais para prevenir recorrências.

    Leia mais: Infarto x angina: entenda a diferença entre os dois problemas no coração

  • Infarto x angina: entenda a diferença entre os dois problemas no coração 

    Infarto x angina: entenda a diferença entre os dois problemas no coração 

    A dor no peito é um dos sintomas que mais assustam e fazem as pessoas correrem para o pronto-socorro. E não é à toa, afinal, essa dor pode estar relacionada a um infarto, uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo. Mas nem sempre o coração está em colapso. Em muitos casos, trata-se de angina, um aviso de que o músculo cardíaco está sofrendo por falta de oxigênio, condição que também precisa de atenção médica.

    Enquanto a angina funciona como um alerta e indica que há obstrução parcial das artérias, o infarto acontece quando o bloqueio é tão intenso que parte do músculo cardíaco começa a morrer.

    O que é a angina?

    A angina é uma dor ou desconforto no peito causado pela redução temporária do fluxo de sangue para o coração. Normalmente surge em situações de esforço físico, estresse ou emoções intensas. A angina tem algumas características:

    • A dor costuma durar poucos minutos e melhora com repouso;
    • Pode irradiar para braço, pescoço, costas ou mandíbula;
    • Pode indicar a presença de placas de gordura (aterosclerose) nas artérias coronárias.

    A angina não é um infarto, mas mostra que o coração já está sofrendo e precisa de investigação médica.

    O que é o infarto?

    O infarto agudo do miocárdio ocorre quando uma artéria do coração é bloqueada totalmente e impede que o sangue chegue a uma parte do músculo cardíaco. Sem o sangue que fornece oxigênio, as células daquela região começam a morrer.

    • A dor é mais intensa e prolongada, não melhora apenas com repouso;
    • A pessoa também pode sentir falta de ar, suor frio, náusea e sensação de desmaio;
    • É uma emergência médica grave, que exige atendimento imediato para reduzir o risco de morte.

    Leia mais: Dor no peito: aprenda a diferenciar quando é um problema do coração

    Principais diferenças entre angina e infarto

    Característica Angina Infarto
    Causa Redução temporária do fluxo de sangue Bloqueio total de uma artéria
    Dor Surge por causa de esforço/estresse, dura minutos Intensa, prolongada, mesmo em repouso
    Alívio Melhora com repouso ou medicamentos Não melhora com repouso
    Gravidade É um sinal de alerta e o médico precisa ser avisado É uma emergência com risco de morte

    Quando procurar ajuda?

    Em qualquer situação de dor no peito, é importante não ficar esperando para ver se melhora. Na dúvida, procure atendimento médico imediato, especialmente se a dor vier acompanhada de sintomas como falta de ar, suor frio, tontura ou náusea. O diagnóstico precoce de infarto pode salvar vidas.

    Perguntas frequentes sobre infarto e angina

    1. A angina pode virar infarto?

    Sim. A principal causa de angina é o depósito de placas de gordura nas artérias (aterosclerose). Se não tratada a tempo, a obstrução da artéria pode causar infarto.

    2. Existe diferença na dor da angina e do infarto?

    Sim. A angina costuma durar poucos minutos e melhorar com repouso, já o infarto pode causar dor mais intensa e prolongada, que não passa sem tratamento.

    3. Quem tem angina precisa de cirurgia?

    Nem sempre. O tratamento pode incluir remédios, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, procedimentos como cateterismo ou ponte de safena.

    4. O que fazer se a dor no peito aparecer em casa?

    Ligue imediatamente para o serviço de emergência (192) e evite dirigir sozinho para o hospital.

    5. Mulheres têm sintomas diferentes de infarto?

    Sim. Nas mulheres, os sinais podem ser menos típicos, como falta de ar, cansaço intenso, dor no estômago ou náusea.

    6. Quem já teve angina precisa de acompanhamento para sempre?

    Sim. A angina indica doença arterial coronariana, que é crônica e requer acompanhamento contínuo para evitar complicações.

    Leia mais: Saiba quando os batimentos acelerados estão relacionados a uma arritmia cardíaca

  • Cateterismo cardíaco: o que é, para que serve e como é feito

    Cateterismo cardíaco: o que é, para que serve e como é feito

    Indicado para o diagnóstico de problemas nas artérias coronárias e no músculo cardíaco, o cateterismo é um exame minimamente invasivo que contribui para apontar se há entupimentos, estreitamentos ou alterações que podem comprometer a circulação do sangue no coração.

    Em alguns casos, ele também pode ajudar no tratamento imediato, já que muitas vezes é possível desobstruir a artéria no mesmo momento, devolvendo qualidade de vida e prevenindo complicações graves, como o infarto. Entenda mais para que serve, como é feito e quando o cateterismo é indicado.

    O que é cateterismo cardíaco?

    O cateterismo cardíaco é um exame em que um tubo fino e flexível, chamado cateter, é introduzido em uma artéria (normalmente pela virilha ou pelo pulso) e guiado até o coração. Ele é usado para diagnosticar e, em alguns casos, tratar problemas nas artérias coronárias e no músculo cardíaco.

    Durante o exame, um contraste é injetado para permitir a visualização em tempo real das artérias e estruturas cardíacas por meio de imagens de raio-X — processo conhecido como cinecoronariografia.

    Para que serve o cateterismo?

    O cateterismo tem diferentes finalidades, mas a principal função é diagnosticar e tratar problemas do coração e das artérias coronárias. Entre as aplicações mais comuns, a cardiologista Edilza Câmara Nóbrega aponta:

    • Identificar estreitamentos ou entupimentos nas artérias do coração;
    • Avaliar o funcionamento das válvulas cardíacas;
    • Medir a pressão dentro das câmaras cardíacas;
    • Preparar o paciente para procedimentos como cirurgia de revascularização (ponte de safena).

    Além do diagnóstico, o exame pode ser usado para intervenções terapêuticas, como implantar stents (pequenas molas metálicas que mantêm a artéria aberta) ou realizar angioplastia, procedimento que desobstrui a circulação sanguínea.

    Quando ele é indicado?

    O exame é indicado em situações específicas, normalmente quando outros métodos, como o eletrocardiograma, ecocardiograma ou teste ergométrico, não são suficientes para esclarecer o problema existente.

    Algumas das principais indicações incluem:

    • Dor no peito (angina) de causa não explicada;
    • Suspeita de infarto agudo do miocárdio;
    • Alterações em exames de imagem ou testes de esforço;
    • Avaliação antes de cirurgias cardíacas;
    • Suspeita de problemas nas válvulas cardíacas.

    Em casos de urgência, como no infarto, o cateterismo pode ser realizado imediatamente para abrir a artéria bloqueada e salvar o músculo cardíaco.

    Como é feito o cateterismo?

    O procedimento é relativamente simples, mas envolve alguns cuidados no preparo, conforme explica Edilza.

    Primeiro, o paciente recebe anestesia local no ponto de inserção do cateter, geralmente na virilha ou no braço. Dessa forma, ele permanece acordado durante todo o exame, o que é importante para que possa colaborar com pequenas instruções do médico, como prender a respiração por alguns segundos.

    Depois, o médico introduz o cateter pela artéria e o conduz até o coração com auxílio das imagens em tempo real. Em seguida, injeta um contraste iodado que permite visualizar o fluxo sanguíneo e possíveis obstruções.

    Em geral, o procedimento não causa dor significativa — o que a maioria das pessoas relata é apenas um leve desconforto no momento da punção ou movimentação do cateter.

    Quanto tempo dura?

    A duração média de um cateterismo é de 30 a 60 minutos, mas pode variar dependendo da complexidade do caso. Após o exame, o paciente é levado a uma sala de recuperação para monitoramento e repouso.

    “O tempo de internação costuma ser curto, e a maioria dos pacientes recebe alta no mesmo dia ou no dia seguinte”, explica Edilza.

    Qual a diferença entre cateterismo diagnóstico e terapêutico?

    Existem dois tipos principais de cateterismo, como explicado por Edilza:

    • Cateterismo diagnóstico: feito apenas para avaliar as condições do coração e das artérias. Ao final do exame, o cateter é retirado;
    • Cateterismo terapêutico (angioplastia): quando durante o exame é identificado um bloqueio, o médico pode decidir intervir imediatamente, inserindo um balão e/ou stent para desobstruir a artéria e restaurar a circulação.

    Cateterismo é perigoso?

    Em geral, não. O exame é considerado seguro e realizado de forma rotineira em hospitais. No entanto, como qualquer procedimento invasivo, pode haver riscos, como:

    • Sangramento no local da punção;
    • Infecção;
    • Reação alérgica ao contraste;
    • Arritmias cardíacas;
    • Em casos muito raros, complicações mais graves, como infarto ou acidente vascular cerebral.

    Vale ressaltar que os riscos são muito baixos e a maioria dos pacientes realiza o exame sem maiores problemas.

    Cuidados após o cateterismo

    Depois do procedimento, o paciente é levado a uma sala de recuperação, onde permanece em observação por algumas horas. Dependendo do caso, pode ter alta no mesmo dia ou no dia seguinte.

    Alguns cuidados importantes após o exame incluem:

    • Repouso relativo nas primeiras 24 a 48 horas;
    • Evitar esforços físicos intensos na primeira semana;
    • Beber bastante líquido para ajudar a eliminar o contraste;
    • Observar sinais como dor, sangramento ou inchaço no local da punção.

    A recuperação costuma ser rápida, e a maioria das pessoas consegue retomar suas atividades normais em poucos dias.

    Confira: Doença coronariana: o que é, como identificar os sintomas e quais os tratamentos indicados

    Perguntas frequentes sobre cateterismo cardíaco

    1. O cateterismo cardíaco dói?

    A maioria dos pacientes relata que o cateterismo cardíaco não causa dor significativa, uma vez que o exame é feito com anestesia local no local da punção, normalmente no braço ou na virilha.

    Durante a introdução do cateter, pode haver apenas uma sensação de pressão ou um leve desconforto.

    Além disso, a injeção do contraste pode causar uma sensação passageira de calor pelo corpo, mas que dura poucos segundos.

    O que costuma incomodar mais é o repouso após o exame, principalmente se a punção for feita na virilha, já que será necessário ficar deitado por algumas horas para evitar sangramentos.

    2. Preciso ficar internado para fazer o exame?

    Na maioria dos casos, o cateterismo é feito em regime de internação curta, muitas vezes de apenas um dia. O paciente chega ao hospital, faz os exames preparatórios, realiza o procedimento e, após algumas horas de observação, pode receber alta.

    Em situações de maior complexidade, como quando há necessidade de angioplastia, o tempo de internação pode ser maior, chegando a dois ou três dias, para garantir uma boa recuperação e monitoramento do paciente.

    3. Quem tem alergia a contraste pode fazer cateterismo?

    Sim, mas é preciso alguns cuidados especiais. O contraste usado no cateterismo é iodado, e algumas pessoas podem ter reações alérgicas. Nesses casos, o médico pode prescrever medicamentos antialérgicos e corticoides antes do exame para reduzir o risco.

    Em pacientes com histórico de reação grave, pode ser necessário avaliar alternativas ou adiar o procedimento.

    4. Cateterismo cardíaco pode ser feito em crianças?

    Sim, o cateterismo também pode ser indicado em crianças, especialmente naquelas com malformações cardíacas congênitas. Nesses casos, o procedimento pode ter tanto caráter diagnóstico quanto terapêutico, ajudando a corrigir problemas estruturais do coração desde cedo.

    5. Quem tem marca-passo pode fazer cateterismo?

    Sim, pacientes com marca-passo ou desfibrilador cardíaco implantado podem realizar o cateterismo normalmente. O procedimento não interfere no funcionamento dos dispositivos, mas é fundamental informar o médico e o cardiologista, para que ele possa ser avaliado e, se necessário, ajustado antes e depois do procedimento.

    6. Existe limite de idade para fazer cateterismo cardíaco?

    Não há um limite de idade para realizar o exame. O que define se uma pessoa pode ou não passar pelo exame é o estado geral de saúde. Inclusive, pacientes idosos frequentemente realizam cateterismo, inclusive com bons resultados, já que muitos desenvolvem obstruções coronárias ao longo da vida.

    O que muda é o cuidado com doenças associadas, como insuficiência renal, diabetes ou problemas de coagulação, que podem demandar mais atenção.

    7. O cateterismo pode ser feito sem contraste?

    Não, pois o uso do contraste iodado é fundamental para visualizar as artérias coronárias. Em situações específicas, como pacientes com alergia grave ao contraste ou insuficiência renal avançada, podem ser avaliados outros exames para diagnóstico.

    Leia também: 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta

  • 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta 

    12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta 

    Se você sempre considerou 12×8 como pressão normal, essa ideia pode estar mudando. A Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025 revisitou as faixas de pressão e agora classifica 120/80 mmHg como pré-hipertensão, isto é, uma zona de alerta onde se espera que ações preventivas sejam intensificadas antes que a pressão suba de fato.

    Essa redefinição busca identificar mais cedo quem está em risco de evoluir para pressão alta e ajuda a estimular intervenções, como ajustes no estilo de vida, antes que danos mais sérios apareçam.

    O que mudou com a nova diretriz?

    A diretriz agora considera que valores de pressão arterial sistólica entre 120 e 129 mmHg ou pressão arterial diastólica entre 80 e 84 mmHg se encaixem na nova categoria de pré-hipertensão.

    Antes, muitos desses valores eram vistos como normais ou limítrofes; a mudança indica que agora há uma faixa “normal elevada” que exige atenção.

    Além disso, as metas de tratamento também foram ajustadas: o tratamento com remédios continua indicado para pressão ≥ 140/90 mmHg, mas para pacientes com pressão entre 130–139/80–89 mmHg e alto risco cardiovascular, já se recomenda considerar tratamento se as medidas não medicamentosas não forem suficientes.

    Na Europa, as diretrizes de 2024 da ESC (European Society of Cardiology) introduziram a categoria Elevated BP (pressão elevada) para 120–139 / 70–89 mmHg, reforçando que mesmo esse nível intermediário merece atenção. Elas mantêm o valor de hipertensão plena quando ≥ 140/90 mmHg, mas reconhecem que muitos pacientes com pressões intermediárias têm risco aumentado de eventos cardiovasculares.

    Tabela comparativa: antes × agora

    Faixa de pressão Classificação antiga* Nova classificação (2025)
    < 120 / < 80 mmHg Pressão ótima / normal Pressão arterial não elevada (antes “ótimo”)
    120–129 / 80–84 mmHg Normal ou limítrofe Pré-hipertensão
    130–139 / 85–89 mmHg Limítrofe ou hipertensão leve Pré-hipertensão ou estágio leve, dependendo do risco
    ≥ 140 / ≥ 90 mmHg Hipertensão (estágios 1, 2, 3) Pressão alta confirmada, tratamento com remédios indicado

    Por que essa mudança importa para você?

    • Detecção precoce: reconhecer pressão 12×8 como algo que merece atenção permite agir cedo, antes que se transforme em pressão alta.
    • Intervenções preventivas mais intensas: reforça medidas como dieta, redução de sal, atividade física e controle de peso.
    • Tratamento personalizado: quem está nessa faixa pode ser monitorado mais de perto e receber orientações adicionais conforme o risco.

    Confira: Pressão alta: como controlar com a alimentação

    O que fazer se sua pressão for 12×8 ou algo nessa casa?

    • Meça a pressão corretamente: 2 ou mais medições em dias diferentes, em condições calmas, com aparelho confiável.
    • Faça mudanças no estilo de vida: controle o sal, perca peso se necessário, alimente-se de forma saudável e pratique atividade física regular.
    • Monitore mais de perto: o médico pode solicitar medições domiciliares ou MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial).
    • Avalie o risco cardiovascular global: colesterol, glicemia/diabetes, tabagismo, entre outros fatores.
    • Reavalie: se após 3 meses as medidas não forem suficientes e houver alto risco, o médico pode considerar iniciar medicamentos.

    Veja mais: Como controlar pressão alta com mudanças no estilo de vida

    Perguntas frequentes sobre 12×8 e a nova diretriz

    1. Então ter pressão 12×8 agora significa que estou “pré-hipertenso”?

    Sim. A diretriz 2025 reclassifica 120/80 mmHg como início da categoria de pré-hipertensão, não mais como valor normal absoluto.

    2. Isso significa que todo mundo com 12×8 precisa tomar remédio?

    Não necessariamente. A reclassificação serve para aplicar medidas preventivas precoces. Os remédios continuam indicados principalmente para pressão ≥ 140/90 mmHg ou, em casos de 130–139/80–89 mmHg e alto risco, se as mudanças de estilo de vida não bastarem.

    3. Qual aparelho usar para medir a pressão corretamente?

    Use aparelhos validados e meça corretamente: sentado, costas apoiadas, sem falar durante a medição, após alguns minutos de repouso.

    4. Isso está alinhado com as diretrizes internacionais?

    Sim. A Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) introduziu a categoria Elevated BP para 120–139 / 70–89 mmHg e reconhece que essa faixa intermediária merece atenção.

    5. Com que frequência devo medir minha pressão se estiver nessa faixa 12×8?

    Em geral, com maior frequência: medições domiciliares, eventualmente MAPA, e acompanhamento periódico com seu médico.

    6. E se minha pressão estiver ligeiramente acima, como 121/82?

    Você ainda cai na faixa de pré-hipertensão segundo a nova diretriz. A recomendação é reforçar estilo de vida e monitorar de perto.

    Leia também: MAPA: o exame que analisa a pressão arterial por um dia inteiro

  • Doença coronariana: o que é, como identificar os sintomas e quais os tratamentos indicados

    Doença coronariana: o que é, como identificar os sintomas e quais os tratamentos indicados

    A doença coronariana, ou doença arterial coronariana (DAC), é uma das principais causas de morte no mundo. Seu desenvolvimento acontece quando placas de gordura, colesterol e outras substâncias se acumulam nas paredes das artérias coronárias.

    “Esse é um processo chamado aterosclerose. Com o tempo, essas placas podem endurecer e reduzir o fluxo de sangue, prejudicando a oxigenação do músculo cardíaco”, explica o cardiologista Giovanni Henrique Pinto.

    A seguir, vamos entender o processo de desenvolvimento da doença coronariana, os fatores de risco e seus sintomas mais característicos. Acompanhe!

    O que é a doença coronariana e por que ela acontece?

    O coração depende de um suprimento constante de sangue rico em oxigênio para funcionar adequadamente. Esse papel é das artérias coronárias, que circundam o órgão como uma rede de abastecimento.

    Quando essas artérias sofrem estreitamento ou obstrução, o músculo cardíaco recebe menos oxigênio, comprometendo seu desempenho.

    Esse processo está intimamente relacionado à aterosclerose. Inicialmente, pequenas lesões nas paredes internas das artérias facilitam o depósito de colesterol LDL (“ruim”), células inflamatórias e restos celulares. Com o tempo, forma-se a chamada placa aterosclerótica.

    “Quando as placas crescem, o espaço dentro da artéria diminui, dificultando a passagem do sangue. Isso faz diminuir o fluxo sanguíneo e pode causar dor no peito (angina) durante esforços ou situações de estresse”, fala o médico.

    Mais perigoso ainda é quando a placa se rompe. Nesse caso, ocorre a formação de um coágulo (trombo) que pode bloquear a artéria de forma súbita, interrompendo totalmente o fluxo de sangue e resultando em um infarto agudo do miocárdio.

    Quais são os fatores de risco para doença coronariana?

    O desenvolvimento da doença coronariana é multifatorial. Alguns fatores são modificáveis, ou seja, podem ser controlados com mudanças de hábitos e tratamento, enquanto outros são não modificáveis, como idade e histórico familiar.

    Principais fatores de risco para doença coronariana:

    • Hipertensão arterial (pressão alta)
    • Colesterol elevado (LDL alto e HDL baixo)
    • Diabetes mellitus
    • Tabagismo
    • Obesidade e sobrepeso
    • Sedentarismo
    • Histórico familiar de doença cardiovascular precoce
    • Estresse crônico
    • Envelhecimento (o risco aumenta com a idade)
    • Menopausa (nas mulheres, devido à queda de estrogênio)

    O cardiologista alerta: “Vale ressaltar que esses fatores podem atuar de forma somada, aumentando ainda mais a probabilidade de doença”.

    Sintomas da doença coronariana: como identificar sinais de comprometimento das artérias

    Na fase inicial, a doença coronariana pode ser silenciosa. Muitas pessoas só descobrem o problema durante exames de rotina ou após um evento agudo, como um infarto. Porém, alguns sinais podem indicar que as artérias já estão comprometidas.

    Entre os sintomas mais comuns estão:

    • Dor ou pressão no peito (angina), principalmente durante esforço físico ou situações de estresse
    • Falta de ar
    • Cansaço desproporcional
    • Dor irradiada para braço esquerdo, mandíbula, costas ou estômago
    • Sintomas atípicos em mulheres e diabéticos, como palpitações, náuseas, indigestão ou fadiga intensa

    Esses sintomas da doença coronariana devem sempre motivar uma investigação médica, especialmente se forem recorrentes.

    Como é feito o diagnóstico da doença coronariana?

    O diagnóstico da doença coronariana envolve uma combinação de avaliação clínica, análise de fatores de risco e exames complementares. O médico inicia com análise detalhada do paciente e exame físico, investigando sintomas, histórico familiar e hábitos de vida.

    Entre os exames mais utilizados estão:

    • Eletrocardiograma (ECG): registra a atividade elétrica do coração
    • Teste ergométrico (teste de esforço): avalia a resposta do coração durante exercício
    • Ecocardiograma de estresse: verifica alterações na função cardíaca sob esforço físico ou medicação
    • Cintilografia de perfusão miocárdica: identifica áreas do coração com menor irrigação sanguínea
    • Angiotomografia de coronárias: exame de imagem detalhado que mostra as artérias coronárias
    • Cateterismo cardíaco: exame invasivo que permite visualizar diretamente obstruções e, em alguns casos, realizar angioplastia (procedimento que desobstrui artérias entupidas com balão e stent).

    Esses exames não são, necessariamente, solicitados todos de uma vez. A escolha depende da gravidade dos sintomas, da presença de fatores de risco e da necessidade de confirmar ou descartar obstruções significativas.

    Em casos leves, muitas vezes os testes de esforço ou exames de imagem já fornecem informações suficientes. Já em situações mais graves, o cateterismo pode ser indicado para diagnóstico preciso e até intervenção imediata.

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    Prevenção e controle: mudanças de estilo de vida

    Grande parte dos fatores de risco para doença coronariana pode ser modificada. Isso significa que é possível reduzir consideravelmente as chances de desenvolver a condição ou, para quem já tem diagnóstico, controlar sua progressão.

    Medidas fundamentais incluem:

    • Alimentação saudável, rica em frutas, verduras, legumes, grãos integrais e pobre em sal, açúcar e gorduras saturada
    • Prática regular de atividade física (pelo menos 150 minutos semanais de exercício aeróbico moderado, como caminhada)
    • Não fumar
    • Controle do peso corporal
    • Sono adequado
    • Controle rigoroso da pressão arterial, colesterol e glicemia
    • Redução do estresse

    O cardiologista reforça: “Esses cuidados não apenas reduzem o risco de desenvolver a doença, como também ajudam a estabilizar as placas já existentes e a evitar complicações”.

    Tratamento da doença coronariana: medicamentos e procedimentos

    O tratamento da doença coronariana é individualizado e pode envolver três pilares principais: ajustes no estilo de vida, uso de medicamentos e, em casos selecionados, procedimentos ou cirurgias.

    • Medicamentos: estatinas e outros redutores de colesterol, aspirina em baixa dose (quando indicada), betabloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio, inibidores da ECA ou ARBs, nitratos e ranolazina
    • Procedimentos minimamente invasivos: como a angioplastia com colocação de stent, que expande a artéria com um balão e mantém o fluxo aberto com uma pequena malha metálica
    • Cirurgia de revascularização miocárdica (bypass coronariano): indicada em casos mais graves, cria novos caminhos para o sangue chegar ao coração

    Em todos os cenários, o acompanhamento regular com o cardiologista é essencial, tanto para ajustar o tratamento quanto para indicar programas de reabilitação cardíaca após cirurgias, que incluem educação, aconselhamento e treinamento físico supervisionado.

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    Perguntas e respostas sobre doença coronariana

    1. O que é a doença coronariana?

    É uma condição em que as artérias coronárias ficam estreitas ou bloqueadas devido ao acúmulo de placas de gordura e colesterol (aterosclerose). Isso reduz o fluxo de sangue e oxigênio para o coração, podendo levar à angina ou ao infarto.

    2. Quais são os principais fatores de risco?

    Hipertensão, colesterol alto, diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo, histórico familiar, estresse crônico, idade avançada e menopausa nas mulheres.

    3. Quais sintomas exigem atenção?

    Dor ou pressão no peito, falta de ar, cansaço desproporcional, dor irradiada para braço, mandíbula, costas ou estômago. Mulheres e diabéticos podem apresentar sinais atípicos, como náusea, palpitações ou fadiga intensa.

    4. Como a doença é diagnosticada?

    O diagnóstico combina avaliação clínica e exames como eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma de estresse, cintilografia, angiotomografia ou cateterismo, dependendo do quadro clínico.

    5. É possível prevenir a doença coronariana?

    Sim. Alimentação equilibrada, atividade física regular, não fumar, controlar peso, pressão, colesterol e glicemia, dormir bem e reduzir o estresse são medidas fundamentais.

    6. Como é feito o tratamento?

    O tratamento envolve mudanças no estilo de vida, uso de medicamentos (estatinas, aspirina, betabloqueadores, entre outros) e, em casos graves, procedimentos como angioplastia com stent ou cirurgia de revascularização (bypass).

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