Autor: Dra. Juliana Soares

  • Esclerodermia: como essa doença autoimune afeta o organismo

    Esclerodermia: como essa doença autoimune afeta o organismo

    A esclerodermia, também chamada de esclerose sistêmica, é uma doença autoimune rara que chama atenção pela maneira como altera o corpo: tecidos que deveriam ser flexíveis tornam-se rígidos, como se desenvolvessem uma espécie de “cicatriz interna”.

    Apesar de incomum, quem tem a condição precisa ter um acompanhamento especializado, já que pode atingir desde a pele até pulmões, coração e rins.

    O que é esclerose sistêmica (esclerodermia)?

    A esclerose sistêmica é uma doença reumática rara que afeta o tecido conectivo, responsável por sustentar e ligar órgãos do corpo. O principal processo dessa doença autoimune é a fibrose, ou seja, o endurecimento progressivo dos tecidos, que pode atingir pele, vasos sanguíneos e órgãos internos.

    Principais formas da doença

    • Esclerodermia localizada: acomete pele e tecido subcutâneo.
    • Esclerose sistêmica limitada: espessamento cutâneo principalmente em extremidades.
    • Esclerose sistêmica difusa: comprometimento mais amplo da pele e maior risco de envolvimento de órgãos internos.

    A doença é mais comum em mulheres entre 40 e 50 anos e tem maior prevalência em pessoas descendentes de povos africanos.

    Como ocorre em outras doenças autoimunes, o sistema imunológico passa a atacar o tecido conectivo, gerando inflamação e levando à fibrose, um processo semelhante ao de cicatrização, o que deixa o tecido espesso e rígido.

    Principais sintomas

    A esclerose sistêmica pode se manifestar de formas muito diferentes entre os pacientes. Entre os sinais mais comuns estão:

    Fenômeno de Raynaud

    Presente em cerca de 95% dos casos, costuma ser o primeiro sintoma. A circulação das mãos e pés se altera com frio ou estresse, fazendo os dedos ficarem pálidos ou arroxeados.

    Também pode ocorrer em pessoas sem doenças reumatológicas (cerca de 15% da população geral).

    Sintomas cutâneos

    São os mais marcantes:

    • Inchaço e vermelhidão iniciais
    • Espessamento progressivo da pele
    • Rigidez e perda da elasticidade

    Essas alterações variam conforme o tipo de esclerodermia e podem dificultar movimentos.

    Sintomas musculoesqueléticos

    • Dores articulares
    • Dores musculares
    • Contraturas e tendinites
    • Limitação de movimentos devido ao endurecimento da pele

    Sintomas gastrointestinais

    Muito frequentes e variados:

    • Dificuldade de abrir a boca
    • Boca seca
    • Dificuldade para engolir
    • Refluxo gastroesofágico
    • Esvaziamento gástrico lento, com distensão e sensação de saciedade precoce
    • Constipação

    Sintomas pulmonares

    Representam a principal causa de mortalidade.

    Decorrem principalmente de:

    • Fibrose pulmonar
    • Pressão alta pulmonar

    Sintomas:

    • Falta de ar
    • Cansaço
    • Tosse
    • Dor no peito

    Casos avançados podem exigir oxigênio suplementar.

    Sintomas cardíacos

    Menos frequentes, mas graves:

    • Pericardite
    • Arritmias
    • Derrame pericárdico
    • Dilatação cardíaca secundária à pressão alta pulmonar

    Sintomas renais

    O quadro mais importante é a Crise Renal Esclerodérmica, marcada por:

    • Aumento súbito da pressão arterial
    • Piora rápida da função renal
    • Urina espumosa ou com sangue

    Causas

    A esclerose sistêmica não tem causa única, mas resulta da interação entre predisposição genética e fatores ambientais.

    Fatores genéticos

    • Histórico familiar de doenças autoimunes
    • Presença de certos marcadores genéticos

    Fatores ambientais

    Podem atuar como gatilhos:

    • Infecções virais (citomegalovírus, Epstein-Barr, parvovírus B19)
    • Exposição à sílica
    • Contato com solventes orgânicos

    A combinação desses fatores é considerada essencial para o início da doença.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é clínico, feito em consultório médico, baseado na avaliação detalhada dos sintomas, exame físico e exames complementares.

    Exames que auxiliam

    • Autoanticorpos específicos: ajudam a definir subtipo e entender o que esperar da doença.
    • Exames de sangue: anemia é comum; outras alterações dependem do órgão afetado.
    • Espirometria: identifica padrão restritivo em casos de fibrose pulmonar.
    • Endoscopia digestiva: avalia refluxo e alterações no esôfago ou estômago.

    Tratamento

    A esclerose sistêmica não tem cura, mas o tratamento adequado controla sintomas, reduz complicações e melhora a qualidade de vida.

    Imunossupressores

    São a base do tratamento, por reduzirem a atividade autoimune e retardarem a evolução da fibrose. A escolha depende do padrão de acometimento de cada paciente.

    Tratamentos direcionados por manifestação

    • Medicações para refluxo
    • Tratamento da hipertensão pulmonar
    • Cuidados com a pele
    • Fisioterapia para manter mobilidade
    • Tratamento específico do fenômeno de Raynaud

    O cuidado sempre deve ser individualizado e exige seguimento regular.

    Veja também: Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes

    Perguntas frequentes sobre esclerose sistêmica

    1. Esclerose sistêmica tem cura?

    Não. Mas o tratamento adequado controla a doença e pode evitar complicações.

    2. Esclerodermia e esclerose sistêmica são a mesma coisa?

    O termo “esclerodermia” é amplo; inclui formas localizadas e sistêmicas. A esclerose sistêmica é o tipo que pode afetar órgãos internos.

    3. O fenômeno de Raynaud sempre significa esclerodermia?

    Não. Ele ocorre em até 15% da população geral sem doenças autoimunes.

    4. A doença sempre afeta órgãos internos?

    Não. Depende da forma: a esclerose sistêmica difusa tem maior risco; a localizada geralmente não afeta órgãos.

    5. O que causa o endurecimento da pele?

    A produção excessiva de colágeno, resultado da inflamação autoimune.

    6. A doença é hereditária?

    Não é hereditária no sentido clássico, mas há predisposição genética.

    7. O tratamento sempre usa imunossupressores?

    Na maioria dos casos sim, mas a escolha depende do tipo e da gravidade da doença.

    Veja mais: Doenças autoimunes: 10 sinais para você ficar atento

  • Susto faz mal ao coração? Cardiologista explica

    Susto faz mal ao coração? Cardiologista explica

    Quantas vezes você já disse que quase morreu de susto? Em situações inesperadas, o coração acelera, as pernas ficam bambas e a respiração fica mais curta. A reação não é exagero do corpo, mas uma resposta fisiológica diante de uma possível ameaça.

    Em alguns casos, ela pode ser tão intensa que realmente achamos que vamos morrer. Mas afinal, será que isso é possível? Vamos entender a seguir!

    Mas o que é um susto e para que ele serve?

    Um susto é uma resposta imediata do organismo diante de algo que o cérebro interpreta como ameaça ou perigo repentino — o que pode ser um barulho, uma imagem inesperada, alguém que surge do nada ou até uma situação que ativa memórias de risco.

    Quando isso acontece, a cardiologista Juliana Soares explica que o corpo ativa uma reação automática, chamada de resposta de luta ou fuga, liberando hormônios como adrenalina e noradrenalina. Eles promovem um redirecionamento do sangue no corpo, direcionando-o para órgãos como os músculos, o coração e o cérebro, justamente para preparar o organismo para correr ou lutar.

    Por isso, em milésimos de segundo, o coração acelera, a pressão arterial pode subir e a respiração muda (daí a expressão “meu coração quase saiu pela boca”). Tudo isso acontece de maneira automática, sem que a pessoa tenha tempo para pensar ou racionalizar o que está acontecendo.

    Basicamente, é o organismo tentando garantir que você tenha energia e capacidade imediata para reagir ao que o cérebro entende como perigo.

    Por que o coração acelera durante o susto?

    O coração acelera durante o susto porque o corpo precisa reagir de forma muito rápida. Quando o cérebro identifica um risco, ele libera adrenalina e noradrenalina, que aumentam a frequência dos batimentos e a força de contração do coração para levar mais sangue, oxigênio e energia para órgãos como músculos, cérebro e pulmões.

    Com isso, o organismo fica preparado para correr, se defender, reagir ou tomar uma atitude imediata. O aumento dos batimentos é uma parte natural da resposta de luta ou fuga, que existe para proteger a vida em situações de perigo, mesmo quando o susto acontece em situações que não representam ameaça real.

    Isso é perigoso para a saúde?

    Para a maioria das pessoas, um susto não representa perigo para a saúde. Mas, para quem já tem problemas cardíacos ou predisposição, Juliana explica que a descarga de adrenalina pode provocar um pico de pressão arterial e desencadear arritmias, aumentando o risco de complicações como:

    • Aumento importante da frequência cardíaca;
    • Piora súbita da pressão arterial;
    • Ruptura de placa de gordura dentro de uma artéria;
    • Formação de coágulo e obstrução do fluxo sanguíneo;
    • Possibilidade real de infarto ou arritmia grave.

    Segundo Juliana, o infarto por estresse pode acontecer de duas maneiras. Em pessoas que já têm o comprometimento das artérias, durante o momento do susto, o aumento repentino da frequência cardíaca e da pressão arterial podem causar o rompimento de uma placa — o que leva a obstrução de uma artéria e, consequentemente, a um infarto.

    Ele também pode acontecer devido a uma condição chamada síndrome do coração partido, ou cardiomiopatia de Takotsubo. Ela é rara, mas pode ser grave porque provoca um enfraquecimento temporário do músculo do coração.

    Nessa situação, Juliana explica que ocorre uma descarga muito alta de adrenalina e noradrenalina, que altera o funcionamento do coração e reduz sua capacidade de bombear sangue. Os sintomas são praticamente iguais aos de um infarto comum, como dor no peito, falta de ar, palpitação, tontura e até desmaio. A diferença é que ela não provoca obstrução das artérias, sendo súbita, transitória e reversível após o tratamento correto.

    Pessoas com ansiedade ou pressão alta sentem o susto de forma mais intensa?

    De acordo com Juliana, quem tem pressão alta já convive com valores mais elevados no dia a dia, e a descarga de adrenalina no momento do susto pode fazer a pressão subir ainda mais, atingindo níveis perigosos. Isso aumenta o risco de sintomas mais fortes e, em alguns casos, até de complicações cardiovasculares.

    Já pessoas ansiosas costumam ter um sistema nervoso simpático mais sensível, então, quando o susto acontece, a resposta de alerta pode durar mais tempo, com coração acelerado, tremores e sensação de falta de ar que demoram a passar. Em algumas situações, a reação exagerada pode até evoluir para uma crise de pânico.

    Como o organismo volta ao estado de repouso

    O primeiro passo depois de um susto é se afastar do ambiente que desencadeou o mal-estar. Em seguida, você pode adotar respirações lentas e profundas para ajudar o corpo a desacelerar e recuperar o equilíbrio — além de manter uma boa hidratação, o que favorece o relaxamento do organismo.

    Depois que o susto passa, o sistema nervoso parassimpático entra em ação para desfazer a resposta de luta ou fuga e trazer o corpo de volta ao equilíbrio. Os batimentos cardíacos começam a desacelerar em poucos minutos, normalmente entre 5 e 10 minutos após o estímulo que causou o susto.

    Já a sensação de nervosismo, tremor ou corpo “ainda em alerta” pode levar um pouco mais de tempo para desaparecer completamente. Em média, entre 20 e 30 minutos o organismo costuma voltar ao estado normal.

    Quando procurar ajuda médica?

    Procure atendimento médico imediato nas seguintes situações:

    • Coração acelerado por mais de 30 minutos;
    • Dor ou aperto no peito;
    • Falta de ar ou dificuldade para respirar;
    • Sudorese intensa sem motivo aparente;
    • Tontura, desmaio ou sensação de desmaio iminente.

    Os sinais podem indicar alguma complicação desencadeada pelo pico de adrenalina, como arritmia, piora da pressão arterial ou até início de um quadro cardíaco agudo.

    A avaliação médica é importante para descartar problemas maiores e garantir que o coração volte ao funcionamento normal de maneira segura.

    Veja mais: Arritmia cardíaca: quando os batimentos fora de ritmo merecem atenção

    Perguntas frequentes

    Como diferenciar um susto de um infarto de verdade?

    O susto tende ao melhorar espontaneamente em minutos, de modo que os batimentos desaceleram e o desconforto diminui.

    Em casos de infarto, a dor no peito costuma ser forte, como um aperto, não passa com o tempo, pode irradiar para braço, costas ou mandíbula. A pessoa também pode sentir falta de ar, suor frio, náusea e tontura.

    Assim, se você apresentar sintomas persistentes ou intensos, trate como uma urgência e procure atendimento médico!

    O que fazer para acalmar o coração mais rápido?

    Algumas medidas podem ajudar a aliviar o coração acelerado, como:

    • Afastar-se do estímulo que causou o susto;
    • Sentar ou deitar com conforto;
    • Respirar lenta e profundamente (por exemplo, inspirar 4 segundos e expirar 6 segundos por alguns minutos);
    • Beber água;
    • Ficar em ambientes tranquilos, com pouca luz;
    • Focar no relaxamento muscular.

    Um susto isolado faz mal para o coração a longo prazo?

    Para pessoas sem doença cardíaca, um susto isolado não costuma deixar sequelas, pois o organismo foi feito para lidar com picos de estresse e retornar ao equilíbrio. O problema acontece quando os picos são muito frequentes e existem fatores de risco, como estresse crônico, sono ruim, sedentarismo e tabagismo.

    O coração pode “pular batidas” depois do susto?

    O coração pode apresentar batimentos irregulares logo após um susto porque a adrenalina age diretamente no nó sinusal, que é o marcapasso natural do coração. Ele torna o ritmo mais excitável e pode provocar batimentos extras ou a sensação de que o coração está falhando por alguns segundos.

    O susto pode causar desmaio?

    O susto pode causar desmaio porque o cérebro pode receber menos sangue por alguns segundos no pico do estresse. A circulação muda muito rápido e o corpo pode desligar por um instante como forma de proteção. Depois, a pressão tende a normalizar, o sangue volta a circular bem no cérebro e a pessoa acorda sozinha.

    No entanto, se o desmaio vier acompanhado de dor torácica intensa, falta de ar intensa ou demora para recuperar a consciência, é fundamental buscar atendimento médico imediato.

    Veja também: Dormir mal prejudica a saúde do coração? Conheça os riscos

  • 6 alimentos que são saudáveis, mas quando em excesso, podem acrescentar muitas calorias à dieta 

    6 alimentos que são saudáveis, mas quando em excesso, podem acrescentar muitas calorias à dieta 

    Falar de alimentação saudável sem falar de quantidade é deixar de lado metade da história. Muitos alimentos nutritivos têm alta densidade calórica: ou seja, concentram muita energia em pouco volume. Isso significa que, mesmo sendo ricos em fibras, proteínas e gorduras boas, podem elevar o consumo total de calorias do dia quando exageramos na porção.

    A seguir, veja seis exemplos de alimentos saudáveis que pedem atenção especial na hora de servir!

    1. Oleaginosas e amendoim

    Castanhas, nozes, amêndoas, pistache e amendoim oferecem gorduras boas, fibras e minerais importantes para o coração. Em 30 g, a média é de 170 kcal, com 15 g de gorduras, 5 a 6 g de proteínas e cerca de 5 g de carboidratos. A armadilha está no tamanho da porção: um punhado generoso pode facilmente triplicar as calorias. O ideal é separar a quantidade antes de comer e evitar consumir direto do pacote.

    2. Ovos inteiros

    O ovo é completo e versátil e integra a lista de alimentos saudáveis. Cada unidade grande fornece cerca de 70 a 80 kcal, com 6 g de proteína e 5 g de gordura. Duas unidades somam em torno de 150 kcal, valor que aumenta rapidamente quando entram queijo e manteiga. Uma dica é optar por preparos feitos com mais claras do que gemas, já que as claras não contêm gordura e têm apenas 17 calorias cada uma.

    3. Azeite de oliva

    O azeite extravirgem é uma das principais fontes de gorduras monoinsaturadas, associadas à boa saúde cardiovascular. Mas cada colher de sopa (14 ml) tem 120 kcal e 14 g de gordura. Como o líquido se espalha fácil, o “fio” generoso pode se transformar em três colheres sem perceber. Use medidores ou borrifadores e combine o azeite com limão ou vinagre para temperar sem excessos.

    4. Abacate

    O abacate é fonte de gorduras boas, potássio e fibras e é normalmente considerado parte dos alimentos saudáveis. Em 100 g, a média é de 160 kcal, com 15 g de gordura, 2 g de proteína e 9 g de carboidratos. Apesar de promover saciedade, ele é calórico e pode pesar no cardápio se usado em grandes quantidades. Prefira fatias pequenas ou meio abacate por vez e complete com saladas e vegetais crus, que dão volume com menos calorias.

    5. Granola

    A granola mistura cereais, oleaginosas e mel, combinação nutritiva, mas calórica. Em meia xícara (45 g), são encontradas facilmente 200 kcal, 30 g de carboidratos, 6 g de gordura e 5 g de proteína. O problema está no “olhômetro”: tigelas caseiras costumam dobrar a porção e ainda receber frutas secas, mel e iogurte integral. Meça a quantidade e substitua parte por aveia e frutas frescas para reduzir o impacto calórico.

    6. Chocolate amargo

    O chocolate amargo contém mais cacau e antioxidantes, mas também é concentrado em calorias. Em 30 g (dois quadradinhos), há em média 170 kcal, 12 g de gordura e 13 g de carboidratos. Um pequeno pedaço é suficiente para matar a vontade de doce sem comprometer a dieta. O segredo é definir a porção antes de abrir a embalagem e reservar o momento para saborear com calma.

    Equilíbrio é a chave para uma alimentação saudável

    Alimentos saudáveis e densos em nutrientes podem ser aliados, desde que consumidos nas quantidades certas. Controlar porções, ajustar o preparo e prestar atenção ao que acompanha cada refeição faz diferença na soma final de calorias do dia.

    Mais importante do que eliminar esses itens é integrá-los de forma equilibrada a um plano alimentar ajustado ao seu peso, idade e nível de atividade física. Reavaliar porções com o apoio de um profissional ajuda a manter a nutrição adequada, o controle do peso e o prazer à mesa, tudo no mesmo prato.

    Leia mais: Canetas emagrecedoras: como evitar deficiências nutricionais?

    Perguntas e respostas

    1. Alimentos saudáveis também podem engordar?

    Sim. Mesmo alimentos ricos em nutrientes, como castanhas, azeite ou abacate, têm alta densidade calórica, ou seja, concentram muita energia em pouco volume. Quando o consumo ultrapassa o tamanho da porção ideal, as calorias se acumulam rapidamente, o que pode dificultar o controle do peso mesmo em uma dieta equilibrada.

    2. Qual é o erro mais comum ao consumir alimentos como oleaginosas, azeite e granola?

    O principal erro é não medir a quantidade. Comer direto do pacote, usar o “fio de azeite” sem dosar ou encher a tigela de granola são hábitos que dobram ou triplicam a ingestão calórica sem perceber. Separar a porção antes de consumir e usar colheres medidoras ajuda a manter o controle.

    3. O ovo e o abacate são realmente calóricos?

    Sim, mas isso não significa que devem ser evitados. O ovo tem em média 70 a 80 kcal por unidade e o abacate, cerca de 160 kcal a cada 100 g. Ambos fornecem nutrientes importantes, como proteínas, gorduras boas e potássio. O segredo é ajustar a quantidade!

    4. A granola e o chocolate amargo são boas opções, mas quanto é demais?

    São alimentos nutritivos, porém densos em energia. Meia xícara de granola tradicional pode ter 200 kcal, e dois quadradinhos de chocolate amargo, cerca de 170 kcal. Comer além disso, especialmente somando outros ingredientes calóricos (mel, frutas secas, iogurte integral), pode ultrapassar facilmente o necessário para uma refeição leve.

    Veja também: Projeto verão: dá para emagrecer rápido até o final do ano?

  • Pneumonia por pneumococo: o que é e quando suspeitar dessa bactéria 

    Pneumonia por pneumococo: o que é e quando suspeitar dessa bactéria 

    A pneumonia por pneumococo continua sendo uma das infecções respiratórias mais relevantes. Mesmo com o avanço da vacinação, que reduziu muitos dos casos graves, a bactéria Streptococcus pneumoniae permanece como a principal agente causadora de pneumonias adquiridas na comunidade que necessitam de internação.

    A doença pode surgir de forma repentina, evoluindo com febre alta, tosse e dificuldade para respirar. Em pacientes mais vulneráveis, como crianças pequenas, idosos e pessoas com imunidade reduzida, o quadro pode se tornar grave rapidamente, e exige início imediato do tratamento.

    O que é a pneumonia por pneumococo?

    A pneumonia por pneumococo é uma infecção pulmonar causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae. Ela é historicamente a causa mais comum de pneumonia grave, muitas vezes exigindo internação hospitalar.

    Apesar da queda na incidência graças à vacinação, o pneumococo ainda é o agente mais frequente desse tipo de pneumonia.

    Os fatores de risco são:

    • Crianças e idosos;
    • Infecções virais prévias;
    • Tabagismo;
    • Etilismo;
    • Doenças pulmonares crônicas;
    • Imunossupressão;
    • Esplenectomia (remoção do baço).

    Como ela surge?

    O pneumococo é uma bactéria exclusiva do ser humano, transmitida principalmente por partículas respiratórias.

    A pneumonia se desenvolve quando secreções contaminadas da nasofaringe (nariz e garganta) são aspiradas para os pulmões, especialmente durante o sono ou em pessoas com reflexo de tosse comprometido.

    Quando a bactéria atinge os alvéolos, provoca uma reação inflamatória intensa, o que leva a um acúmulo de líquido inflamatório e forma as “manchas” vistas na radiografia.

    Lesões e destruição de alvéolos são raras.

    Principais sintomas

    Os sintomas seguem o padrão clássico de uma pneumonia bacteriana e podem variar de leve a muito grave.

    Sintomas comuns:

    • Febre súbita;
    • Calafrios;
    • Tosse;
    • Dor no peito ao respirar;
    • Catarro purulento.

    Em quadros moderados a graves:

    • Taquicardia;
    • Pressão baixa;
    • Alteração do nível de consciência;
    • Falta de ar importante.

    Em casos extremos, o paciente pode precisar de ventilação mecânica e internação em UTI.

    Possíveis complicações:

    • Empiema (pus na pleura);
    • Bacteremia (bactéria no sangue);
    • Meningite.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é baseado em alguns critérios.

    Avaliação clínica

    História dos sintomas e exame físico.

    Exames de imagem

    Radiografia de tórax é o exame inicial e costuma mostrar áreas de consolidação. A tomografia pode ser usada em casos específicos.

    Confirmação laboratorial

    • Cultura de escarro;
    • Cultura de sangue.

    Exames de sangue podem mostrar:

    • Leucocitose;
    • Anemia.

    Na prática, a combinação dos sintomas e da radiografia geralmente confirma o diagnóstico.

    Tratamento

    O tratamento baseia-se no início imediato de antibióticos eficazes contra o pneumococo.

    Não se deve esperar os resultados dos exames para começar o tratamento.

    Após a identificação do germe e do padrão de resistência, os antibióticos podem ser ajustados pelo médico.

    Esse início rápido é essencial para evitar complicações, especialmente em pacientes mais vulneráveis.

    Prevenção

    A principal forma de prevenção é a vacinação pneumocócica, disponível:

    • No SUS, dentro do calendário nacional;
    • Em clínicas privadas de vacinação.

    A vacina reduz casos graves, internações e complicações associadas ao pneumococo.

    Confira: Quando o alimento vai pelo caminho errado: entenda a pneumonia aspirativa

    Perguntas frequentes sobre pneumonia por pneumococo

    1. A pneumonia por pneumococo é contagiosa?

    A transmissão ocorre por gotículas respiratórias, mas desenvolver pneumonia depende de fatores individuais e de imunidade.

    2. A pneumonia pneumocócica sempre é grave?

    Não. Muitos casos são leves, mas pode evoluir rapidamente em grupos de risco.

    3. Como saber se é uma pneumonia por pneumococo ou viral?

    Somente o médico pode diferenciar, com base nos sintomas, exames de imagem e, quando necessário, exames laboratoriais.

    4. A vacina impede totalmente a doença?

    Não impede todos os casos, mas reduz muito o risco de formas graves e complicações.

    5. Quem deve tomar a vacina pneumocócica?

    Crianças, idosos, imunossuprimidos e pessoas com doenças crônicas, conforme calendário do SUS ou recomendação médica.

    6. Precisa repetir raio-X após o tratamento?

    Geralmente não. As imagens podem demorar semanas a normalizar, mesmo após a cura clínica.

    Leia mais: Pneumonia em crianças: o que causa, sintomas e como tratar

  • Cafeína faz mal para o coração? Veja os efeitos (e quanto tomar)

    Cafeína faz mal para o coração? Veja os efeitos (e quanto tomar)

    Você sabia que quase todos os brasileiros consomem café diariamente? Seja ao acordar ou durante a tarde, a bebida é uma paixão nacional e ajuda a manter o corpo alerta, melhorar o foco e trazer sensação de aconchego em meio à rotina agitada.

    Mas, apesar de fazer parte do dia a dia de tantas pessoas, existem alguns pontos sobre o café (e a cafeína) que precisam de atenção para não prejudicar o organismo — sobretudo em pessoas que convivem com problemas cardiovasculares, como hipertensão e arritmia. Entenda mais, a seguir.

    Como a cafeína afeta o coração?

    De acordo com a cardiologista Juliana Soares, a cafeína é responsável por bloquear os receptores cerebrais de adenosina, uma substância que normalmente induz o relaxamento dos vasos e contribui para reduzir a atividade cardíaca. Quando isso acontece, ocorre um estímulo direto ao sistema nervoso central, o que aumenta a liberação de noradrenalina.

    A liberação de substâncias estimulantes aumenta a frequência dos batimentos cardíacos, deixando o coração mais acelerado por um período curto de tempo. Isso aumenta a sensação de alerta, melhora o foco e deixa o corpo em estado de maior atenção, algo comum quando o sistema nervoso simpático é ativado.

    Ao mesmo tempo, logo depois de tomar café, pode ocorrer um aumento temporário da pressão arterial — principalmente em quem não tem hábito de beber café ou quando a quantidade é muito alta, segundo Juliana. Isso acontece porque a cafeína prepara o corpo para uma reação de luta ou fuga.

    Nesta resposta, há liberação de adrenalina e constrição dos vasos sanguíneos, o que provoca elevação temporária da pressão e pode intensificar a sensação de batimentos mais rápidos. Ela costuma ser temporária, mas em pessoas sensíveis ou com problemas cardiovasculares, o corpo pode reagir de forma mais intensa, causando desconforto e palpitações.

    E os riscos do café?

    Os riscos do café existem quando o consumo é exagerado ou quando há alguma condição de saúde que torna o organismo mais sensível aos efeitos da cafeína. Por isso, é importante considerar alguns pontos, como:

    • Aumento transitório da pressão arterial, especialmente em pessoas que não bebem café regularmente ou que têm hipertensão não controlada. A cafeína ativa o sistema nervoso simpático e pode elevar a pressão por alguns minutos;
    • Palpitações, taquicardia e desconforto cardíaco em indivíduos sensíveis ou com arritmias pré-existentes. Nessas situações, mesmo quantidades pequenas podem gerar sensação de coração acelerado;
    • Ansiedade, irritabilidade e tremores, já que a cafeína estimula o sistema nervoso central. Em quem tem ansiedade generalizada, o café pode piorar sintomas;
    • Insônia e piora da qualidade do sono, sobretudo quando consumido no fim da tarde ou à noite. A cafeína permanece no organismo por horas e interfere no ciclo natural de repouso;
    • Refluxo e desconforto gastrointestinal em pessoas predispostas, porque o café aumenta a acidez e estimula a produção de ácido gástrico;
    • Aumento do risco de sintomas desagradáveis quando o consumo é muito alto (acima de 400 mg de cafeína por dia), incluindo dor de cabeça, sudorese, náusea e sensação de agitação.

    Pessoas com arritmia ou hipertensão devem evitar o café?

    O consumo de café deve ser moderado e levar em conta as condições individuais de cada pessoa, como explica Juliana. Pessoas com hipertensão podem beber café, desde que o consumo seja leve a moderado, sem exageros ao longo do dia.

    No caso de pessoas com arritmia, a recomendação é de atenção redobrada. Juliana aponta que doses altas de cafeína podem favorecer o aparecimento de arritmias pelo mesmo mecanismo de estímulo ao sistema nervoso simpático e aumento da frequência cardíaca. Em pessoas com arritmia prévia, essa elevação pode causar episódios mais intensos.

    Vale apontar que a sensibilidade à cafeína não é igual para todos: quem sente taquicardia, palpitações ou batimentos irregulares após consumir café deve reduzir ao máximo ou evitar a bebida.

    Qual a diferença entre a cafeína do café e de outras bebidas energéticas?

    O principal fator responsável pelo efeito estimulante do café, dos chás e dos energéticos é a presença de cafeína. O que muda entre as bebidas é a quantidade da substância em cada uma, segundo Juliana.

    Os energéticos costumam ter doses muito mais altas de cafeína e podem incluir outros estimulantes, como a taurina, além de grandes quantidades de açúcar — o que intensifica ainda mais o efeito no organismo. Os chás, por outro lado, normalmente apresentam concentrações menores de cafeína quando comparados ao café.

    Por isso, a resposta do organismo pode variar bastante. Com os energéticos, o pico de estimulação tende a ser mais rápido e mais intenso, elevando o risco de taquicardia, aumento transitório da pressão e sensação de agitação..

    No caso dos chás, o impacto costuma ser mais suave. Além da menor quantidade de cafeína, muitos contêm compostos que modulam a absorção e deixam o efeito mais gradual. Ainda assim, em pessoas sensíveis ou que já apresentam arritmias, qualquer fonte de cafeína pode desencadear desconforto.

    Quanto beber de café por dia?

    Para um adulto saudável, o recomendado é não ultrapassar 400 mg de cafeína por dia, o que equivale a aproximadamente três ou quatro xícaras de café filtrado.

    Em algumas situações, Juliana aponta que o limite deve ser mais baixo, como no caso de gestantes ou de pessoas com doenças cardíacas, para quem a orientação costuma variar entre 100 e 200 mg diários. O consumo acima do recomendado pode aumentar o risco de efeitos indesejados, incluindo alterações cardiovasculares.

    Como saber se estou exagerando no café?

    O excesso de café costuma provocar sinais ligados à superestimulação do sistema nervoso, como:

    • Ansiedade;
    • Agitação;
    • Palpitações;
    • Dificuldade para dormir;
    • Refluxo ou dor de estômago;
    • Alteração do funcionamento intestinal;
    • Irritabilidade;
    • Mau humor;
    • Dor de cabeça.

    Quando a quantidade ingerida ultrapassa o que o corpo consegue tolerar, começam a surgir sintomas incômodos que servem como alerta. Nesses casos, a dose deve ser reduzida e o corpo observado ao longo dos dias.

    Leia mais: Café: amigo do foco ou vilão da ansiedade? Descubra os efeitos no cérebro

    Perguntas frequentes

    Café prejudica o sono mesmo quando tomado à tarde?

    A cafeína permanece no organismo por horas, e em algumas pessoas a eliminação é mais lenta devido a diferenças genéticas e metabólicas. Tomar café no fim da tarde pode interferir no início do sono, reduzir a qualidade das fases profundas e causar despertares noturnos.

    A recomendação é evitar o café seis horas antes de dormir, especialmente para quem já possui dificuldade para adormecer ou distúrbios do sono.

    Quanto de cafeína tem no café?

    Uma xícara de café de cerca de 200 ml contém em média de 80 a 100 mg de cafeína, mas a quantidade pode variar bastante conforme o tipo de grão, o método de preparo e a intensidade da torra. Cafés mais concentrados, como expresso ou cold brew, por exemplo, podem apresentar valores maiores, enquanto versões mais suaves tendem a oferecer doses menores.

    Café causa dependência?

    O café pode gerar dependência leve, tanto pelo hábito quanto pelos efeitos estimulantes da cafeína. Quando o consumo é interrompido de repente, algumas pessoas apresentam dor de cabeça, irritabilidade, cansaço e dificuldade de concentração.

    Os sintomas costumam desaparecer em poucos dias. A dependência não é comparável à de outras substâncias, mas o consumo exagerado facilita esse ciclo de necessidade e abstinência.

    Café descafeinado faz mal ao coração?

    O descafeinado possui uma quantidade muito reduzida de cafeína, o que diminui efeitos como taquicardia, palpitações e insônia. Porém, ele mantém os polifenóis e parte dos antioxidantes naturais do café, o que preserva alguns benefícios cardiovasculares.

    Para quem tem arritmia, hipertensão descontrolada ou sensibilidade à cafeína, o descafeinado pode ser uma alternativa mais segura — desde que liberado pelo nutricionista.

    Café pode interferir em exames ou medicamentos?

    O café pode interferir em alguns medicamentos que afetam o sistema nervoso central, como ansiolíticos e estimulantes — e também pode alterar a absorção de certos remédios quando ingerido logo após o uso.

    Além disso, a cafeína pode distorcer resultados de exames que avaliam pressão, frequência cardíaca e estresse metabólico. Por isso, sempre é recomendável seguir as orientações médicas antes de exames ou durante tratamentos específicos.

    O organismo se acostuma com a cafeína ao longo do tempo?

    O organismo desenvolve tolerância quando o consumo de cafeína é constante. Então, com o passar dos dias ou semanas, quem bebe café regularmente passa a sentir menos os efeitos estimulantes iniciais, como aceleração dos batimentos, aumento transitório da pressão e sensação de energia imediata.

    Basicamente, isso acontece porque receptores cerebrais ligados à adenosina se adaptam ao estímulo contínuo, reduzindo a resposta fisiológica. Por outro lado, a adaptação pode levar a um aumento gradual da dose para obter o mesmo nível de alerta, o que eleva o risco de algumas pessoas exagerarem na dose.

    Café interfere no humor?

    Para muitas pessoas, o café ajuda a melhorar humor, motivação e disposição, graças ao aumento da atividade cerebral associada à liberação de dopamina e noradrenalina.

    Mas, em indivíduos mais sensíveis, a cafeína pode causar irritabilidade, impaciência e aumento da ansiedade, principalmente quando ingerida em grandes quantidades. A resposta emocional varia conforme genética, rotina, qualidade do sono e estado emocional — e observar mudanças de humor após o consumo ajuda a identificar o limite ideal para cada um.

    Veja também: Por que o café acelera o coração? Veja quantas xícaras você pode tomar

  • A dor nas costas te acompanha? Entenda mais sobre lombalgia e veja o que fazer 

    A dor nas costas te acompanha? Entenda mais sobre lombalgia e veja o que fazer 

    A lombalgia, popularmente conhecida como dor na parte baixa das costas, está entre as queixas de saúde mais frequentes no Brasil e no mundo. Ela pode surgir de forma repentina, após um esforço maior, ou aparecer aos poucos, comprometendo atividades simples do dia a dia, como amarrar o sapato, levantar da cama ou ficar sentado por muito tempo.

    Embora seja comum, a lombalgia nem sempre tem uma causa única e, na maioria das vezes, não é grave. Ainda assim, entender seus sinais, saber identificar quando a dor representa um alerta e conhecer as opções de tratamento ajuda a evitar limitações e manter uma vida mais ativa e funcional.

    O que é lombalgia?

    A lombalgia é o nome dado à dor na região lombar, a parte baixa das costas. A intensidade varia de leve a incapacitante, e ela pode afetar adultos de qualquer idade.

    Por que a lombalgia acontece?

    A coluna lombar reúne estruturas importantes, como ossos, músculos, articulações, discos, ligamentos e nervos, e sustenta grande parte do peso do corpo. Por isso, diferentes fatores podem causar dor na região.

    Principais causas:

    • Esforço físico excessivo
    • Postura ruim
    • Sedentarismo
    • Movimentos repetitivos
    • Carregar peso de forma incorreta
    • Tensão muscular

    Na maioria dos casos, trata-se de distensão muscular ou sobrecarga articular, condições que costumam melhorar com cuidados simples.

    Como é a dor?

    A lombalgia pode se manifestar como:

    • Dor localizada na parte baixa das costas
    • Sensação de peso, queimação ou rigidez
    • Piora ao ficar sentado muito tempo ou ao carregar peso
    • Melhora com descanso ou mudança de posição

    Quando a dor irradia para a perna, descendo pela coxa até o pé, pode indicar irritação de nervo, como ocorre na dor no nervo ciático.

    Sinais de alerta

    Procure atendimento médico rápido se houver:

    • Febre
    • Perda de força nas pernas
    • Formigamento ou perda de sensibilidade na região genital
    • Incontinência urinária ou fecal
    • Trauma importante
    • História de câncer
    • Perda de peso inexplicada
    • Dor muito intensa e incapacitante

    Diagnósticos diferenciais

    A lombalgia pode ter diversas causas. Entre as principais:

    1. Causas músculo-esqueléticas (mais comuns)

    • Distensão muscular
    • Entorse ligamentar
    • Espasmo muscular
    • Artrose da coluna
    • Hérnia de disco
    • Degeneração dos discos intervertebrais

    2. Compressão ou irritação de nervos

    • Ciatalgia
    • Estenose do canal vertebral
    • Hérnia de disco com compressão nervosa

    3. Problemas articulares da coluna

    • Sacroileíte
    • Facetopatia

    4. Causas não relacionadas à coluna

    • Cálculo renal
    • Infecção urinária
    • Endometriose
    • Aneurisma de aorta abdominal
    • Pancreatite

    Diagnóstico

    O diagnóstico é principalmente clínico, baseado na história e no exame físico. Exames de imagem (raio-X, tomografia, ressonância) são usados apenas quando há sinais de alerta, dor que não passa e suspeita de causas específicas.

    Tratamento

    O cuidado com a lombalgia inclui abordagens com uso de remédios e sem uso deles.

    Medidas gerais

    • Descanso relativo
    • Correções posturais
    • Ajustes na movimentação
    • Compressas mornas

    Fisioterapia

    • Alongamentos
    • Fortalecimento
    • Orientações posturais

    Atividade física

    • Caminhadas
    • Pilates
    • Musculação ou exercícios de fortalecimento com supervisão

    Medicamentos

    Com indicação médica:

    • Analgésicos
    • Anti-inflamatórios
    • Relaxantes musculares (em casos selecionados)

    Tratamentos específicos

    • Hérnia de disco: fisioterapia, analgesia; cirurgia em casos selecionados
    • Ciatalgia: medidas para descompressão nervosa
    • Causas não lombares: tratamento específico conforme a doença que causou a dor

    Prevenção

    • Fazer atividade física regular
    • Manter boa postura no trabalho
    • Fazer pausas durante longos períodos sentado
    • Evitar carregar peso de forma errada
    • Fortalecer abdômen e musculatura lombar

    Quando buscar atendimento médico?

    • Dor por mais de 4 semanas
    • Dor que piora mesmo com cuidados
    • Presença de sinais de alerta
    • Dor irradiada com dormência ou fraqueza
    • Febre, alteração urinária ou dor súbita intensa

    Leia mais: Quando a dor nas costas pode ser preocupante? Entenda os sinais de alerta

    Perguntas frequentes sobre lombalgia

    1. A lombalgia sempre significa problema na coluna?

    Não. Em muitos casos, a dor é muscular. Outras doenças, como cálculos renais ou endometriose, também podem causar dor lombar.

    2. Preciso fazer ressonância sempre que tenho dor nas costas?

    Não. A maioria dos casos melhora sem exames. Eles só são necessários quando há sinais de alerta ou dor persistente.

    3. Trabalhar sentado piora a lombalgia?

    Pode piorar, principalmente se houver má postura ou longos períodos sem pausas.

    4. Exercício faz bem para quem tem lombalgia?

    Sim. Atividade física regular fortalece a musculatura e reduz o risco de novas crises.

    5. A dor no nervo ciático é a mesma coisa que lombalgia?

    Não. A lombalgia é dor na região lombar; a dor no nervo ciático é dor irradiada pela perna devido à irritação do nervo ciático.

    6. Compressa quente ou fria?

    Geralmente quente para relaxar a musculatura. Mas o médico ou fisioterapeuta pode orientar conforme a causa.

    7. Lombalgia pode virar algo grave?

    Na maioria das vezes, não. Mas sinais de alerta exigem avaliação médica imediata.

    Leia também: O que é e como aliviar a dor no nervo ciático

  • Pneumonia adquirida na comunidade: entenda como se pega e quando procurar ajuda 

    Pneumonia adquirida na comunidade: entenda como se pega e quando procurar ajuda 

    A pneumonia adquirida na comunidade é uma das infecções respiratórias mais comuns no Brasil e no mundo, e continua sendo uma das principais causas de internação, especialmente entre idosos e pessoas com outras doenças crônicas.

    Todos os anos, hospitais registram milhares de casos que se desenvolvem fora do ambiente hospitalar, muitos deles leves, mas outros com potencial para causar complicações graves.

    Nos últimos anos, a ampliação do acesso às vacinas contra influenza, pneumococo e covid-19 ajudou a reduzir parte das infecções e de suas complicações. Ainda assim, reconhecer os sintomas cedo e buscar atendimento adequado é importante para evitar que a doença se agrave e também para garantir o tratamento certo.

    O que é pneumonia adquirida na comunidade?

    A pneumonia adquirida na comunidade é uma infecção pulmonar aguda que acontece fora do ambiente hospitalar. Pode variar de quadros leves, tratados em casa, até formas graves que exigem internação e até cuidados em UTI.

    Fatores de risco mais comuns

    • Idade acima de 65 anos
    • Doenças pulmonares
    • Insuficiência cardíaca
    • AVC
    • Diabetes
    • Desnutrição
    • Imunossupressão
    • Tabagismo
    • Consumo excessivo de álcool

    Microrganismos mais frequentes

    A pneumonia adquirida na comunidade pode ser causada por vírus ou bactérias.

    Bactérias típicas

    • Streptococcus pneumoniae (pneumococo), ainda o agente mais comum
    • Haemophilus influenzae
    • Moraxella catarrhalis

    Bactérias atípicas

    • Legionella
    • Mycoplasma

    Vírus respiratórios comuns

    • Influenza
    • Coronavírus
    • Vírus sincicial respiratório (VSR)

    Mesmo com a vacinação reduzindo casos de pneumococo, ele continua sendo o principal agente.

    Principais sintomas

    Sintomas pulmonares

    • Tosse (com ou sem catarro)
    • Falta de ar
    • Dor no peito ao respirar
    • Respiração acelerada
    • Queda da saturação de oxigênio

    Sintomas sistêmicos

    • Febre (o mais comum)
    • Calafrios
    • Cansaço
    • Redução do apetite
    • Coração acelerado (taquicardia)
    • Em casos graves: pressão baixa e sonolência

    Em idosos

    • Os sintomas podem ser diferentes e menos evidentes, com:
    • Confusão mental
    • Queda do estado geral
    • Queixas respiratórias menos claras

    Diagnóstico

    O diagnóstico começa pela avaliação clínica, com base nos sintomas.

    Exames de imagem

    • Radiografia de tórax: primeiro exame, geralmente suficiente para identificar consolidações
    • Tomografia de tórax: usada quando é necessária uma avaliação mais detalhada

    A combinação de sintomas e exames de imagem costuma confirmar a pneumonia.

    Tratamento

    A gravidade do quadro define o tratamento. Os médicos usam critérios específicos que ajudam a decidir se a pessoa pode ficar em casa ou precisa de internação.

    Tratamento em casa

    Para casos leves:

    • Antibióticos orais
    • Medicamentos para aliviar sintomas

    Internação no hospital

    Indicada para quadros moderados ou graves:

    • Antibióticos intravenosos
    • Hidratação
    • Suporte respiratório

    Casos graves (UTI)

    • Podem exigir:
    • Intubação
    • Tratamento de sepse

    Repetição de exames

    Após a cura, não é necessário repetir radiografia ou tomografia, pois as alterações pulmonares podem demorar a desaparecer.

    Prevenção

    Para reduzir o risco de pneumonia e de suas complicações, recomenda-se:

    • Parar de fumar
    • Vacinar-se contra a gripe (influenza)
    • Vacinar-se contra a covid-19
    • Vacinar-se contra os pneumococos

    Leia também: Pneumonia silenciosa em crianças: conheça as características da doença

    Perguntas frequentes sobre pneumonia adquirida na comunidade

    1. pneumonia adquirida na comunidade é contagiosa?

    A infecção pode ser transmitida por gotículas respiratórias, dependendo do agente causador.

    2. Pneumonia viral e bacteriana têm sintomas diferentes?

    Elas podem ser muito parecidas. A definição exata depende dos exames e do quadro clínico.

    3. Toda pneumonia precisa de antibiótico?

    Não. Pneumonias virais não exigem antibiótico, mas essa definição deve ser feita pelo médico.

    4. Tosse persistente após a cura é normal?

    Sim. Pode permanecer por dias ou semanas, mas é sempre importante comunicar o médico desse sintoma.

    5. Quem precisa de internação?

    Geralmente idosos, pessoas com comorbidades e pacientes com sintomas graves ou sinais de complicação.

    6. As vacinas realmente ajudam a prevenir pneumonia adquirida na comunidade?

    Sim. Elas reduzem tanto a ocorrência quanto a gravidade da doença.

    Leia mais: Quando o alimento vai pelo caminho errado: entenda a pneumonia aspirativa

  • Magnésio para o coração: como o mineral ajuda no controle da pressão arterial

    Magnésio para o coração: como o mineral ajuda no controle da pressão arterial

    O magnésio é um mineral essencial para o funcionamento do organismo, atuando em centenas de reações bioquímicas que garantem o funcionamento adequado das células, dos músculos, dos nervos e do coração.

    Ele participa da produção de energia, ajuda na contração e no relaxamento dos músculos, auxilia na formação dos ossos e regula diversas reações químicas dentro das células. No coração, em especial, o magnésio atua na estabilidade elétrica das células cardíacas, ajudando a manter um ritmo regular e evitando alterações que podem levar a palpitações ou arritmias.

    Como o corpo não produz o mineral, é preciso obtê-lo diariamente por meio da alimentação ou, quando necessário, por suplementação indicada por um profissional de saúde.

    Qual a importância do magnésio para o coração?

    O magnésio participa de mais de trezentas reações que mantêm o corpo em funcionamento adequado, incluindo processos fundamentais para o sistema cardiovascular.

    A cardiologista Juliana Soares explica que o mineral consegue bloquear canais de cálcio, responsáveis por estimular a contração muscular. A regulação dessa entrada de cálcio permite que o músculo se contraia e, logo depois, relaxe de modo correto.

    No coração, o mineral ajuda o músculo cardíaco a relaxar a cada batimento, garantindo um funcionamento mais eficiente e evitando contrações excessivamente tensas. Nos vasos sanguíneos, o efeito é semelhante: ao bloquear a entrada de cálcio, o magnésio favorece o relaxamento da parede das artérias, o endotélio, promovendo a vasodilatação.

    Com os vasos mais dilatados, o sangue circula com mais facilidade, reduzindo a resistência dentro das artérias e diminuindo a sobrecarga sobre o coração. Por isso, Juliana reforça que o magnésio tem papel direto no controle da pressão arterial e no bom funcionamento do sistema cardiovascular como um todo.

    Magnésio ajuda a regular a pressão arterial e o ritmo cardíaco

    Quando o magnésio promove o relaxamento das artérias, Juliana explica que o coração passa a bombear o sangue com uma força menor, já que os vasos estão mais relaxados. Isso contribui para a redução da pressão arterial.

    Para completar, ele atua diretamente no ritmo cardíaco, pois participa de um processo essencial chamado transporte de sódio e potássio. Ao ajudar a equilibrar esse transporte, o mineral mantém o ritmo cardíaco mais estável e auxilia na prevenção de alguns tipos de arritmia.

    Quais os alimentos ricos em magnésio?

    O magnésio pode ser obtido principalmente por meio da alimentação, já que o corpo não produz o mineral e depende totalmente da ingestão diária para manter níveis adequados. A maneira mais simples e natural de garantir a reposição é incluir no dia a dia alimentos ricos no mineral, como:

    • Vegetais verde-escuros, a exemplo de espinafre, couve e brócolis;
    • Sementes variadas, como chia, linhaça, gergelim e sementes de abóbora;
    • Oleaginosas, entre elas amêndoas, castanha-do-pará e castanha-de-caju;
    • Leguminosas, como feijão, lentilha, ervilha e grão-de-bico;
    • Grãos integrais, como aveia e arroz integral;
    • Cacau e chocolate amargo;
    • Peixes como salmão e atum.

    Quando a suplementação de magnésio é indicada?

    A alimentação equilibrada costuma atender boa parte das necessidades diárias, mas algumas pessoas podem precisar de suplementação, segundo Juliana, principalmente em situações como:

    • Deficiência de magnésio;
    • Pacientes com hipertensão, arritmias ou outras condições cardíacas;
    • Atletas de alto rendimento, que podem perder magnésio pelo suor;
    • Uso de diuréticos, que aumenta a eliminação do mineral;
    • Situação de estresse, que consome as reservas naturais de magnésio.

    Nesses casos, o recomendado é procurar orientação de um médico, que pode definir a dose ideal para cada pessoa. Não se automedique!

    Sintomas da deficiência de magnésio

    Existe um tipo de deficiência chamada deficiência subclínica, em que a falta de um nutriente não é grande o suficiente para aparecer nos exames básicos, mas já é capaz de provocar sintomas. Isso ocorre principalmente pelo consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, que não possuem fontes naturais de magnésio, como explica Juliana.

    Alguns sinais que podem indicar baixa de magnésio no organismo incluem:

    • Cãibras;
    • Tremor na pálpebra;
    • Tensão muscular;
    • Palpitações;
    • Aumento da pressão arterial de difícil controle;
    • Insônia;
    • Ansiedade;
    • Cansaço crônico.

    Excesso de magnésio também faz mal?

    O excesso de magnésio no sangue, chamado hipermagnesemia, é difícil de ocorrer apenas pela alimentação, mas o uso de suplementação não supervisionada, especialmente em pessoas com problemas renais, pode levar ao acúmulo do mineral.

    Segundo Juliana, o excesso pode provocar queda acentuada da pressão (hipotensão), batimentos cardíacos extremamente lentos (bradicardia) e, em casos extremos, um relaxamento tão intenso do músculo cardíaco que pode ocorrer parada cardíaca. Por isso, a suplementação deve ser sempre orientada por um profissional de saúde.

    Confira: Circunferência abdominal: por que é tão importante medir?

    Perguntas frequentes

    1. O que pode causar deficiência de magnésio?

    A causa mais comum da deficiência de magnésio envolve alimentação pobre em vegetais, sementes e oleaginosas, além de uso de diuréticos, problemas gastrointestinais, consumo excessivo de álcool e perdas aumentadas pelo suor.

    2. Quem pode precisar de suplementação de magnésio?

    A suplementação pode ser indicada para pessoas com deficiência confirmada, quadros de arritmia, hipertensão difícil de controlar, uso prolongado de diuréticos, atletas de grande volume de treino ou indivíduos com dietas muito restritas.

    3. Magnésio ajuda no sono e no estresse?

    A contribuição ocorre porque o mineral participa da regulação neuromuscular e da produção de energia, favorecendo relaxamento, qualidade do sono e estabilidade emocional, principalmente em momentos de tensão prolongada.

    4. Existe diferença entre os tipos de magnésio para suplementação?

    A diferença entre os tipos ocorre na forma como cada composto é absorvido e utilizado pelo organismo, já que o magnésio glicina, malato, dimalato, treonato e citrato apresentam características próprias. Por isso, a escolha deve considerar objetivo, tolerância digestiva e orientação de um profissional de saúde.

    5. Bebidas alcoólicas interferem nos níveis de magnésio?

    Sim, porque o álcool aumenta a eliminação urinária do mineral e dificulta a absorção adequada, o que ao longo do tempo reduz níveis corporais e piora sintomas relacionados à falta de magnésio, como cansaço, cãibras e irritabilidade.

    6. Como saber a quantidade ideal de magnésio por dia?

    A definição da quantidade ideal depende da idade, do estágio da vida, das condições de saúde, do nível de atividade física e da alimentação habitual, sendo recomendada avaliação individual com um profissional para ajustar a ingestão.

    Leia também: Pressão alta: quando ir ao pronto-socorro?

  • Isotônico ajuda na pressão baixa? Saiba quando funciona 

    Isotônico ajuda na pressão baixa? Saiba quando funciona 

    Se você é uma pessoa que treina com regularidade, já deve saber que as bebidas isotônicas podem ajudar na hidratação depois de um dia quente ou de uma corrida mais intensa. Também conhecidas como bebidas esportivas, elas foram formuladas para repor água, eletrólitos e carboidratos de maneira rápida, corrigindo perdas que ocorrem pelo suor durante atividades físicas prolongadas ou muito vigorosas.

    No caso de pessoas com pressão baixa, os isotônicos podem ser úteis em algumas situações. A queda de pressão muitas vezes está ligada à perda de líquidos ou ao esforço físico em ambientes quentes, casos nos quais a reposição de eletrólitos contribui para restabelecer equilíbrio entre a circulação e a temperatura corporal.

    No entanto, existem alguns cuidados importantes antes de incluir as bebidas isotônicas na rotina com a intenção de controlar os episódios de pressão baixa. Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para esclarecer quando o consumo faz sentido e quando é necessário procurar um médico.

    Afinal, o que são bebidas isotônicas e para que servem?

    Os isotônicos são bebidas formuladas para repor, de maneira rápida, a água e os eletrólitos perdidos pelo suor durante atividades físicas intensas ou prolongadas. A composição combina água, sódio, potássio e carboidratos em concentrações semelhantes às do plasma sanguíneo, o que facilita a absorção e ajuda a manter equilíbrio entre hidratação, temperatura corporal e desempenho físico.

    Eles servem especialmente para evitar desidratação durante treinos intensos, corridas longas, esportes em clima quente ou situações em que há perda de suor muito acima do normal. Ainda, os isotônicos ajudam a manter a temperatura do corpo estável, sustentam desempenho físico e aceleram a recuperação após bastante esforço.

    Qual a diferença entre isotônicos e água?

    Para entender a diferença, é importante conhecer o conceito de osmolaridade, de acordo com Juliana. A osmolaridade é a quantidade de partículas dissolvidas em um líquido, como eletrólitos (sódio, potássio), glicose e outras moléculas. Quanto mais partículas uma solução tem, maior é a osmolaridade.

    Com base nisso, as soluções podem ser divididas em três grupos, de acordo com a quantidade de partículas dissolvidas em comparação ao sangue:

    • Hipotônicas: apresentam concentração menor de partículas do que o sangue, e a água pura é um exemplo. Por terem poucas partículas, entram nas células com mais facilidade e servem principalmente para repor líquido, não eletrólitos;
    • Isotônicas: possuem concentração de partículas muito parecida com a do sangue, como é o caso das bebidas isotônicas. Como a osmolaridade é semelhante, a absorção acontece de forma rápida e eficiente, permitindo repor água, sais minerais e energia ao mesmo tempo;
    • Hipertônicas: têm concentração maior de partículas do que o sangue. Por serem mais “concentradas”, elas puxam água das células para o líquido ao redor, e não são indicadas para hidratação pós-exercício, já que podem aumentar a sede e não corrigem perdas de suor de maneira adequada.

    Conforme explica Juliana, a água tende a se deslocar da solução menos concentrada para a mais concentrada. Por isso, a osmolaridade influencia diretamente a forma como o corpo absorve líquidos.

    A hidratação com água tem como função principal repor apenas o líquido perdido. Como a água é hipotônica em relação ao sangue, ela hidrata, mas não repõe eletrólitos.

    Por outro lado, a bebida isotônica repõe água, eletrólitos (como sódio e potássio) e carboidratos. Por ter osmolaridade semelhante à do sangue, é absorvida com mais rapidez pelo intestino e ajuda a corrigir desidratação de forma mais eficiente.

    Isotônicos são bons para pressão baixa?

    A solução isotônica pode ajudar quando a queda de pressão está relacionada à desidratação. Nesses casos, Juliana explica que a pressão baixa ocorre porque o volume de sangue circulante diminui, situação conhecida como hipovolemia. Quando o organismo perde muito líquido, seja por calor intenso, suor excessivo ou atividade física prolongada, a circulação fica comprometida e a pressão tende a cair.

    Como a solução isotônica contém água, sódio e glicose em concentração semelhante à do sangue, a absorção no intestino acontece de forma mais rápida e eficiente. Isso favorece a reposição do volume sanguíneo e melhora o mal-estar de maneira mais eficaz do que a água pura, que repõe apenas o líquido perdido.

    Contudo, vale lembrar que a solução isotônica não é um tratamento para hipotensão crônica. Ela apenas auxilia em quedas de pressão causadas por desidratação ou redução temporária do volume sanguíneo, como em dias muito quentes ou após exercícios intensos. Quadros de hipotensão crônica devem ser avaliados por um médico.

    Quando as bebidas isotônicas são indicadas?

    As bebidas isotônicas são indicadas quando há perda significativa de líquidos e eletrólitos, situação em que o corpo precisa de reposição mais completa do que a água oferece. Assim, podem ser úteis em situações como:

    • Exercícios intensos ou prolongados, como treinos de mais de uma hora, corridas longas, ciclismo, futebol e treinos de alta temperatura;
    • Atividades em ambientes muito quentes, que provocam suor excessivo e maior risco de desidratação;
    • Competições ou treinos repetidos no mesmo dia, em que o corpo não tem tempo suficiente para recuperar eletrólitos apenas com água e alimentação;
    • Episódios de grande sudorese, como após trabalhar sob sol forte ou praticar exercícios ao ar livre;

    Elas não são indicadas para consumo diário, nem para tratar pressão baixa crônica ou sintomas que aparecem sem relação com calor ou esforço físico. Os isotônicos também não são necessários em atividades físicas curtas, leves ou quando o objetivo é apenas manter a hidratação do dia a dia. Substituir água por isotônico sem necessidade não é recomendado, porque isso aumenta o consumo de açúcar e eletrólitos de forma desnecessária.

    Quem tem pressão baixa crônica pode beber isotônicos no dia a dia?

    A pressão baixa crônica (hipotensão crônica) acontece quando a pressão arterial fica baixa o tempo todo, e não só em momentos isolados. Por isso, é importante procurar um médico para descobrir por que a pressão está sempre baixa.

    Segundo Juliana, quando a queda de pressão é causada por mecanismos neuromediados, como na hipotensão postural (situação em que a pessoa está deitada ou sentada, levanta rápido e sente mal-estar), normalmente é indicado o aumento da ingestão de líquidos e de sódio.

    Nesses casos, as bebidas isotônicas até podem ajudar, porque fornecem água e eletrólitos como sódio e potássio, o que melhora o volume de sangue circulante. Contudo, além de sais minerais, os isotônicos também contêm carboidratos e açúcares, o que pode ser prejudicial a longo prazo quando é consumido sem necessidade. Por isso, o consumo não deve ser diário nem usado como substituto de uma hidratação adequada com água.

    Cuidados com o consumo excessivo

    O uso de isotônicos frequentemente, sem necessidade, pode causar alguns efeitos metabólicos indesejáveis. No caso do açúcar, Juliana explica que o uso constante pode provocar picos repetidos de glicemia, que ao longo do tempo favorecem resistência insulínica e podem, em algumas pessoas, evoluir para diabetes tipo 2. Eles também contribuírem para ganho de peso e outras alterações metabólicas que se instalam de forma gradual.

    Quanto ao sódio, o excesso prolongado pode alterar níveis de pressão arterial e sobrecarregar os rins. No entanto, para que isso ocorra, seria necessário um consumo muito elevado por longos períodos, bem acima do que costuma acontecer no uso ocasional de isotônicos.

    Em todos os casos, o ideal é que o consumo ocorra apenas em situações em que realmente fazem diferença, como durante exercícios prolongados, em dias muito quentes ou após grande perda de suor, evitando incluí-los na rotina diária sem orientação.

    Em todos os outros momentos, a hidratação com água continua sendo a forma mais segura e adequada de manter o equilíbrio do organismo.

    Como evitar crises de pressão baixa?

    Primeiro de tudo, pessoas com hipotensão devem consultar um médico para entender por que a pressão está sempre baixa e definir quais medidas fazem sentido para cada caso. Normalmente, para evitar crises de pressão baixa, alguns cuidados simples podem ajudar bastante no dia a dia, como:

    • Beber água ao longo do dia: a hidratação adequada evita queda do volume sanguíneo, que é uma das causas mais comuns de tontura e mal-estar em quem tem pressão baixa;
    • Fazer refeições menores e mais frequentes: grandes volumes de comida desviam sangue para o sistema digestivo e podem piorar a sensação de fraqueza; ajustar o consumo de sal, quando o médico indicar, também ajuda a manter a pressão mais estável;
    • Levantar-se lentamente: ao sair da cama ou de uma cadeira, fazer movimentos graduais evita a hipotensão postural, que acontece quando a pressão cai repentinamente ao mudar de posição;
    • Evitar ambientes quentes e abafados: o calor provoca vasodilatação, o que facilita quedas de pressão, especialmente quando a pessoa já está desidratada ou ficou muito tempo em pé;
    • Não permanecer longos períodos em pé parado: movimentar as pernas, caminhar um pouco ou contrair a panturrilha melhora o retorno venoso e ajuda a prevenir tonturas;
    • Considerar meias elásticas quando houver orientação médica: elas podem ajudar a impulsionar o sangue de volta ao coração, reduzindo a chance de queda de pressão, mas só devem ser usadas após avaliação profissional.

    No caso de tontura ou mal-estar por queda de pressão, Juliana orienta que é importante se deitar imediatamente ou sentar e colocar a cabeça entre os joelhos. Se estiver deitado, elevar as pernas ajuda no retorno venoso e melhora o fluxo de sangue para o cérebro.

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    Perguntas frequentes

    Quais são os sintomas mais comuns de pressão baixa?

    Os sintomas de pressão baixa incluem:

    • Tontura;
    • Visão embaçada;
    • Fraqueza súbita;
    • Suor frio;
    • Palidez;
    • Náusea ou confusão mental.

    Os sinais surgem porque o cérebro recebe menos sangue por alguns instantes, gerando respostas rápidas do organismo. Em quadros mais intensos, a pessoa pode desmaiar, especialmente quando está desidratada ou permanece muito tempo em pé sem se mover.

    Pressão baixa é perigosa?

    A pressão baixa ocasional normalmente não representa risco, principalmente quando está ligada ao calor, a desidratação ou a mudanças bruscas de posição. Porém, quedas frequentes, desmaios repetidos ou sintomas intensos merecem investigação de um médico, porque podem indicar distúrbios hormonais, anemia, arritmias ou efeitos de medicamentos.

    Por que levantar rápido pode provocar pressão baixa?

    Quando a pessoa se levanta abruptamente, o sangue se desloca para as pernas por ação da gravidade. O corpo precisa contrair vasos rapidamente para manter circulação adequada no cérebro, e se essa resposta demora alguns segundos, ocorre a hipotensão postural. É por isso que algumas pessoas levantam e sentem escurecimento da visão, zumbido e instabilidade.

    Quem tem pressão baixa deve evitar exercícios físicos?

    Não, pois os exercícios regulares fortalecem o sistema cardiovascular e melhoram a capacidade de resposta do corpo. Mas, o ideal é que a pessoa evite treinos em ambientes muito quentes, se hidrate antes e durante a atividade e se levante lentamente após exercícios no chão. Um profissional pode ajustar a intensidade e duração do treino.

    Tomar café ajuda a subir a pressão?

    O café pode melhorar temporariamente a disposição e a sensação de alerta, mas não é um tratamento para pressão baixa. A cafeína causa leve vasoconstrição e pode reduzir a sensação de mal-estar por alguns minutos, mas o efeito é curto e não atua sobre as causas reais da queda. Na verdade, em algumas pessoas, excesso de café pode até piorar sintomas como ansiedade e palpitações.

    Quem tem pressão baixa pode tomar banhos quentes?

    A água quente provoca vasodilatação, o que reduz a pressão arterial e pode causar tontura ao sair do banho, então é importante evitar banhos muito quentes. Para quem tem tendência à hipotensão, é recomendado manter temperatura morna e evitar duchas muito prolongadas em ambientes abafados.

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  • O que muda no coração quando você se exercita? Veja os principais efeitos

    O que muda no coração quando você se exercita? Veja os principais efeitos

    Diminuição da pressão arterial, melhora na circulação e fortalecimento do músculo cardíaco são apenas alguns dos benefícios que a prática regular de exercícios físicos oferece ao sistema cardiovascular.

    Em adultos sedentários, o sistema circulatório trabalha com maior esforço para realizar tarefas simples. Já em pessoas que se exercitam, o músculo cardíaco se torna mais resistente, eficiente e econômico — o que reduz o risco de doenças crônicas e melhora a qualidade de vida.

    Vamos entender, a seguir, os principais benefícios da atividade física para o coração, a quantidade recomendada de exercícios e como treinar com segurança.

    Quais os benefícios para o coração de se exercitar com frequência?

    De acordo com a cardiologista Juliana Soares, assim como ocorre com outros músculos do corpo, a prática regular de atividade física torna o coração mais eficiente.

    O treinamento, especialmente aeróbico, promove um condicionamento cardíaco e melhora a capacidade de bombeamento do sangue, permitindo que o coração trabalhe com menor esforço para atender às demandas do organismo.

    Com o tempo, os benefícios se acumulam, como:

    • Redução da pressão arterial, favorecendo menor sobrecarga cardíaca;
    • Melhora da circulação sanguínea, com maior suprimento de oxigênio para órgãos e tecidos;
    • Aumento da eficiência do músculo cardíaco, que passa a bombear sangue com menor esforço;
    • Redução da frequência cardíaca de repouso, indicando melhor condicionamento;
    • Diminuição da inflamação sistêmica, contribuindo para proteção vascular;
    • Controle do colesterol, com aumento do HDL e redução do LDL;
    • Redução do risco de infarto, AVC e insuficiência cardíaca;
    • Melhora da sensibilidade à insulina, auxiliando no controle glicêmico;
    • Redução do estresse e melhora da regulação hormonal, importantes para a saúde cardiovascular;
    • Controle do peso corporal.

    Atividade física fortalece o coração?

    Durante a prática de atividade física, Juliana explica que ocorre uma contração dos músculos e dos vasos sanguíneos. O coração precisa bater com mais força para assegurar que o sangue circule por todo o organismo e que os órgãos recebam oxigênio de maneira adequada.

    Com o tempo, a necessidade de o coração trabalhar com mais força faz o ventrículo esquerdo, que envia o sangue para o corpo, se adaptar. Ele pode até aumentar um pouco de tamanho, como parte de um processo natural de fortalecimento.

    O resultado é um ventrículo que passa a receber mais sangue e a bombeá-lo de maneira mais eficiente a cada batida.

    Além do coração, quais outros sistemas se beneficiam das atividades físicas?

    A atividade física regular traz benefícios para todo o organismo e, segundo Juliana, é possível observar os efeitos positivos em diversos órgãos e funções:

    • No sistema nervoso, há melhora do humor, redução do estresse e diminuição da ansiedade, graças à liberação de endorfinas durante o exercício;
    • No sistema vascular, ocorre melhora da dilatação dos vasos, preservando a elasticidade das artérias, que se tornam menos propensas à hipertensão e ao acúmulo de placas de gordura;
    • No sistema respiratório, há aumento da capacidade pulmonar, favorecendo maior absorção de oxigênio;
    • No metabolismo, a prática regular contribui para o controle dos níveis de açúcar no sangue e melhora a sensibilidade à insulina;
    • No sistema músculo-esquelético, ocorre fortalecimento de músculos e ossos, o que ajuda a prevenir condições como osteoporose e sarcopenia (perda de massa muscular).

    Qual é a quantidade recomendada de exercícios físicos?

    A quantidade recomendada de atividade física depende da faixa etária e do estado de saúde de cada pessoa. No entanto, de acordo com orientações da Organização Mundial da Saúde para adultos entre 18 e 64 anos, os parâmetros são:

    • 150 a 300 minutos por semana de exercícios físicos moderados, como caminhada acelerada, bicicleta leve, dança, natação em ritmo confortável;
    • ou 75 a 150 minutos por semana de atividade vigorosa, como corrida, ciclismo rápido, esportes de quadra, HIIT.

    Além disso, a OMS orienta incluir exercícios de fortalecimento muscular que trabalhem grandes grupos musculares pelo menos duas vezes por semana. A prática ajuda a preservar massa magra, melhora a postura, reduz dores articulares e contribui para um envelhecimento independente.

    Para pessoas acima de 65 anos, as recomendações permanecem parecidas, porém com atenção maior ao equilíbrio e à prevenção de quedas:

    • 150 a 300 minutos por semana de atividade moderada ou 75 a 150 minutos de vigorosa;
    • Fortalecimento muscular duas vezes por semana;
    • Atividades de equilíbrio (como tai chi ou exercícios funcionais) três vezes por semana são recomendadas para reduzir risco de quedas.

    Pessoas com problemas cardíacos podem se exercitar?

    Quem convive com doenças cardíacas deve se exercitar, segundo Juliana, desde que tudo aconteça após uma avaliação médica e com orientação adequada. Quando o treino é bem planejado e acompanhado por profissionais, a pessoa consegue ganhar condicionamento de forma mais segura.

    Para quem já passou por um evento grave, como infarto, a atividade física regular ajuda na recuperação e faz parte do tratamento. É por isso que existe a reabilitação cardiovascular: um programa organizado e acompanhado de perto por profissionais de educação física, fisioterapeutas e equipe médica.

    Durante as sessões, cada detalhe é acompanhado com atenção — desde a frequência cardíaca até o nível de esforço e sinais de cansaço. O treino combina exercícios aeróbicos e movimentos de força, sempre evoluindo aos poucos, para que o corpo ganhe confiança, resistência e segurança a cada passo.

    Veja mais: Por que o café acelera o coração? Veja quantas xícaras você pode tomar

    Perguntas frequentes

    Quem tem pressão alta pode treinar?

    Com certeza! Atividades aeróbicas moderadas ajudam a reduzir a pressão, aumentar elasticidade das artérias e melhorar a circulação sanguínea. Antes de começar, é fundamental consultar um profissional de saúde para ajustar medicamentos, avaliar riscos individuais e definir intensidade segura.

    O que acontece no coração durante os exercícios físicos?

    Durante exercícios físicos, o coração acelera batimentos e aumenta a força das contrações para enviar mais sangue e oxigênio aos músculos. Os vasos se dilatam, a circulação melhora e o corpo trabalha de forma mais eficiente.

    Com a prática regular, o coração fica mais forte e aprende a funcionar com menos esforço, aumentando a proteção contra problemas cardiovasculares ao longo dos anos.

    Exercícios físicos em excesso podem prejudicar o coração?

    Quando o corpo é colocado em treinos intensos todos os dias, sem tempo para se recuperar, ele passa a funcionar em estado de alerta constante. O coração, que reage diretamente a qualquer mudança de esforço, começa a lidar com uma carga maior do que consegue suportar por longos períodos.

    Com o tempo, isso pode elevar a pressão, favorecer arritmias e dificultar a recuperação após atividades mais pesadas. Em situações mais intensas, o corpo pode entrar em cansaço prolongado, afetando a imunidade, a qualidade do sono e o funcionamento dos hormônios.

    O que devo observar durante o treino para evitar riscos?

    É importante prestar atenção em sinais como dor no peito, falta de ar intensa, palpitações, enjoo, suor frio e tontura. Se eles surgirem, é importante parar imediatamente o treino e procurar ajuda médica.

    Medidas como boa hidratação, usar roupas leves, escolher horários menos quentes e evoluir o treino aos poucos também ajudam na prevenção de problemas.

    É normal sentir o coração acelerar durante o treino?

    É esperado sentir o coração acelerado no treino, pois o corpo precisa de mais oxigênio para sustentar o movimento. A aceleração ocorre de forma controlada e tende a se estabilizar conforme o condicionamento melhora.

    Contudo, se você apresentar palpitações muito intensas, dor no peito, tontura ou falta de ar, é importante interromper o treino e procurar avaliação médica.

    O que é treinamento intervalado e ele faz bem ao coração?

    O treinamento intervalado funciona alternando momentos curtos de esforço mais intenso com períodos de descanso ou esforço leve. Quando feito com orientação profissional, ele melhora o condicionamento cardiorrespiratório, aumenta resistência e acelera o gasto energético.

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