Autor: Dra. Andreia Sapienza

  • Higiene menstrual: conheça os principais cuidados durante o ciclo

    Higiene menstrual: conheça os principais cuidados durante o ciclo

    Controlar o fluxo menstrual faz parte da rotina da maioria das mulheres em idade fértil, sendo um período em que a atenção ao corpo deve ser redobrada, para prevenir infecções, odores desagradáveis e desconfortos.

    De acordo com a ginecologista e obstetra Andrea Sapienza, manter hábitos de higiene adequados é simples, mas exige atenção para evitar erros comuns, como permanecer muitas horas com o mesmo absorvente ou realizar duchas vaginais internas.

    A seguir, esclarecemos as principais dúvidas sobre higiene menstrual e listamos cuidados práticos que podem ajudar a manter a saúde íntima em dia — desde a troca correta dos absorventes até a escolha de roupas adequadas. Confira!

    Por que a higiene no ciclo menstrual é tão importante?

    A menstruação é um processo natural do organismo que ocorre quando o revestimento do útero, chamado endométrio, se desprende e é expelido pela vagina, na forma de sangue, secreções naturais e restos de tecido. Isso acontece quando não há uma gravidez no período de um ciclo menstrual, que dura em média 28 dias.

    Como o ambiente é úmido, somado ao contato prolongado do sangue com a pele e a mucosa vaginal, isso cria condições favoráveis para a proliferação de bactérias e fungos. Por isso, quando a higiene íntima não é feita corretamente, aumentam os riscos de:

    • Infecções vaginais, como candidíase e vaginose bacteriana;
    • Irritações na pele da vulva devido ao contato prolongado com o sangue;
    • Mau odor e sensação de desconforto;
    • Alergias causadas por produtos inadequados.

    Leia também: Seu ciclo está bagunçado? Saiba quando a menstruação irregular é sinal de alerta

    Como deve ser feita a higiene menstrual?

    De acordo com Andrea Sapienza, as recomendações para a higiene íntima durante a menstruação são semelhantes às do dia a dia, mas com alguns cuidados a mais.

    Limpeza externa, nunca interna

    A higiene deve ser realizada apenas na parte externa da vulva, usando movimentos delicados e sem esfregar com força. As duchas vaginais internas não são recomendadas, pois podem remover a flora protetora da vagina e causar desequilíbrios no pH.

    A flora vaginal saudável é formada principalmente por lactobacilos, que atuam como uma barreira natural contra fungos e bactérias. Quando o equilíbrio é alterado, aumentam as chances de infecções como candidíase e vaginose bacteriana.

    Por isso, água corrente e sabonete suave já são suficientes para manter a saúde íntima em dia.

    Uso de sabonetes suaves

    A higiene pode ser feita com sabonete comum suave, de preferência neutro e sem perfume. O uso de sabonetes íntimos específicos não é obrigatório: eles podem ser uma opção para quem prefere ou apresenta alguma sensibilidade, mas não devem ser vistos como regra.

    O que deve ser evitado são produtos com fragrâncias intensas, corantes ou ação antibacteriana forte, que podem irritar a pele, ressecar ou alterar o equilíbrio natural da flora vaginal.

    Em algumas situações, os lenços umedecidos íntimos podem ser usados para evitar resíduo de papel higiênico. O ideal é optar pelos específicos para região íntima, mas os lenços de bebê também servem, desde que sejam suaves, sem perfume forte e que não irritem a pele.

    Frequência de higiene

    Durante o ciclo menstrual, a recomendação é que a higiene da região íntima externa seja feita ao menos duas vezes ao dia, de preferência uma pela manhã e outra antes de dormir.

    Nos dias em que o fluxo estiver mais intenso, ou após a prática de atividades físicas, você pode aumentar a frequência, mas evitando exageros — afinal, o excesso de lavagens também pode prejudicar a proteção natural da pele.

    Evite roupas apertadas ou sintéticas

    Quando a região íntima fica abafada, seja pelo uso de calças muito justas ou de tecidos sintéticos, cria-se um ambiente úmido e quente que favorece a proliferação de fungos e bactérias. Por isso, sempre que possível, é melhor optar por calcinhas de algodão, que permitem maior ventilação e absorvem melhor a umidade natural.

    Troque absorventes com frequência

    As trocas de absorventes devem ser realizadas num prazo de seis a oito horas aproximadamente, a depender do fluxo menstrual. A ginecologista Andrea Sapienza aponta alguns cuidados, dependendo do tipo de absorvente usado:

    • Absorventes externos: trocar conforme o fluxo, mas não deixar acumular sangue por muitas horas. Prefira absorventes com cobertura de algodão;
    • Absorventes internos: podem ser usados, mas não por mais de 8 horas seguidas. A troca é fundamental para evitar proliferação de bactérias;
    • Coletores menstruais: devem ser retirados, lavados e recolocados a cada 6 a 8 horas, no máximo. É importante escolher o tamanho adequado;
    • Calcinhas absorventes: podem ser utilizadas sozinhas ou combinadas com outros métodos. Devem ser trocadas a cada 8 a 12 horas, respeitando as necessidades individuais.

    É recomendado o uso de spray/perfume íntimo?

    O uso de sprays, perfumes íntimos ou qualquer produto com fragrâncias e corantes não é recomendado, já que a região é sensível e pode reagir com irritações ou alergias. A higiene íntima deve ser sempre simples, com o mínimo possível de substâncias químicas.

    Confira: Exame preventivo ginecológico: o que é e quando fazer

    Perguntas frequentes

    1. A falta de higienização correta pode causar problemas?

    Sim. O risco de desequilíbrio da flora vaginal aumenta, favorecendo infecções como candidíase, além de irritações, mau odor e até infecções urinárias.

    2. A vaginose bacteriana pode ser causada por hábitos inadequados de higiene íntima?

    Sim. A higiene inadequada, o uso de duchas vaginais ou de produtos perfumados podem favorecer a condição, que costuma causar corrimento acinzentado e odor desagradável.

    3. Infecção urinária pode ser causada pela falta de higiene durante a menstruação?

    Sim. O canal da uretra pode ser contaminado por bactérias quando a higiene não é feita corretamente. Isso favorece infecções urinárias, que causam dor ao urinar, vontade frequente de ir ao banheiro e até febre.

    4. Ficar muitas horas com o mesmo absorvente pode trazer riscos?

    Sim. O acúmulo de sangue e umidade favorece a proliferação de microorganismos, resultando em infecções, mau odor e irritações na pele. O ideal é trocar absorventes externos a cada 6 a 8 horas.

    5. Posso usar calcinha absorvente em vez de absorventes descartáveis?

    Sim. Elas são seguras e confortáveis, podendo ser usadas sozinhas ou em conjunto com outros métodos. Devem ser trocadas a cada 8 a 12 horas e lavadas corretamente após o uso.

    6. Quais sinais indicam que preciso procurar o ginecologista durante a menstruação?

    Sinais de alerta incluem coceira intensa, ardência, corrimento com cheiro forte, dor ao urinar, fluxo muito maior do que o habitual ou sangramento fora do período menstrual.

    7. Qual o melhor sabonete íntimo?

    O melhor sabonete é o comum suave, neutro e sem perfume. Os íntimos específicos podem ser usados, mas não são obrigatórios. O mais importante é evitar fragrâncias fortes e produtos agressivos. Em caso de dúvidas, converse com o ginecologista.

    Leia mais: Causas comuns de sangramento fora do período menstrual

  • Endometriose: o que é, principais sintomas e tratamentos  

    Endometriose: o que é, principais sintomas e tratamentos  

    A endometriose é uma das doenças ginecológicas mais comuns entre mulheres em idade fértil, mas ainda é cercada de dúvidas e diagnóstico difícil. Estima-se que milhões de brasileiras convivam com a condição, muitas vezes sem saber, já que os sintomas podem ser confundidos com cólicas menstruais comuns.

    A seguir, você vai entender o que é a endometriose, quais são os principais sintomas, como ela afeta a fertilidade e quais os tratamentos disponíveis com a explicação da ginecologista e obstetra Andreia Sapienza.

    O que é endometriose?

    A especialista explica que a camada interna do útero se chama endométrio, e é ela que descama na menstruação.

    “A endometriose é a presença desse tecido em um lugar que não é o habitual. Qualquer lugar pode ter endometriose. Existem locais mais comuns e outros mais raros, mas já temos relatos até de endometriose pulmonar, ou seja, um pedacinho de endométrio no pulmão”, explica a médica.

    “Então, se está fora do útero, é endometriose. Está fora do lugar, já chamamos de endometriose”.

    A questão é que esse tecido fora do útero continua respondendo aos hormônios do ciclo menstrual.

    “Ou seja, toda vez que o endométrio no útero descama na menstruação, esse foco de endometriose que está em outro lugar também sangra, porque o hormônio chega lá e estimula esse sangramento. O problema é que ele sangra em um local onde não há extravasamento, não há um canal de liberação. Então, esse lugar forma uma inflamação e uma fibrose crônica, porque não tem para onde escoar”.

    E é daí que vêm os sintomas, que variam conforme a localização dos focos, sendo dor e infertilidade os mais comuns.

    “É uma doença que, na grande maioria das vezes, cursa com dor: cólica menstrual, dor na relação sexual, dor que pode não ter relação com o ciclo menstrual, às vezes dor para urinar, tudo depende da localização do foco. Algumas mulheres não têm dor, mas podem ter infertilidade”.

    Leia também: Tratamento para mioma uterino: opções não cirúrgicas

    Causas da endometriose

    Ainda não existe uma única explicação definitiva para a doença. Um dos fatores conhecidos é a chamada menstruação retrógrada, quando parte do sangue menstrual volta pelas trompas para a cavidade pélvica.

    Segundo a médica, quase todas as mulheres vão ter esse fenômeno. “Algumas não desenvolvem endometriose, outras sim. Existe uma teoria de que quem tem endometriose apresenta um sistema imunológico que não consegue limpar esses focos adequadamente”, conta.

    Principais sintomas da endometriose

    A endometriose é uma condição inflamatória que, na maioria das vezes, causa dor.

    Os sintomas mais comuns são:

    • Cólica menstrual intensa e progressiva;
    • Dor pélvica fora do período menstrual;
    • Dor durante a relação sexual;
    • Dor ao urinar ou evacuar, dependendo da localização dos focos;
    • Infertilidade em alguns casos.

    “Mesmo uma mulher sem dor, mas que está investigando infertilidade porque tenta engravidar e não consegue, precisa investigar endometriose”, ressalta a especialista.

    Um ponto importante destacado pela médica é que não há relação direta entre intensidade da dor e a gravidade da doença. Mulheres com poucos focos podem ter dor intensa, enquanto outras com lesões extensas podem sentir pouco desconforto.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico da endometriose pode ser desafiador, já que exames comuns muitas vezes não mostram a doença.

    O ultrassom transvaginal simples não identifica bem os focos, que podem ser pequenos e discretos. Por isso, os médicos pedem exames mais específicos, como:

    • Ultrassom transvaginal com preparo intestinal: semelhante ao preparo de colonoscopia, pois isso melhora a visualização dos focos;
    • Ressonância magnética com preparo intestinal: permite mapear lesões profundas de endometriose.

    Esses exames ajudam a definir a extensão e localização da doença, o que é essencial para planejar o tratamento.

    Endometriose e infertilidade

    Muitas mulheres descobrem a doença durante a investigação da infertilidade. Os focos podem comprometer a fertilidade de diferentes formas:

    • Obstruindo as trompas;
    • Alterando a ovulação nos ovários;
    • Distorcendo o endométrio e dificultando a implantação;
    • Criando um ambiente inflamatório desfavorável para o desenvolvimento de uma gestação.

    “A infertilidade pode ter origem tubária, ovariana, uterina ou até cervical. Muitas vezes, encontramos mais de um fator ao investigar. E é fundamental lembrar: a investigação deve sempre incluir o casal, porque podem existir fatores masculinos também”, ressalta a ginecologista.

    Tratamentos para endometriose

    O tratamento depende do grau da doença, dos sintomas e do desejo de engravidar.

    Tratamento clínico

    A endometriose é uma doença que depende dos hormônios para acontecer. Por isso, o tratamento clínico busca bloquear a menstruação e reduzir a ação hormonal sobre os focos. As opções de tratamento são:

    • Anticoncepcional hormonal contínuo;
    • DIU hormonal com progesterona;
    • Implantes hormonais;
    • Pílulas específicas para endometriose;
    • Analgésicos e anti-inflamatórios para controle da dor.

    “Quando bloqueio a menstruação, evito também que os focos de menstruação retrógrada continuem acontecendo. Isso ajuda a estacionar a progressão da endometriose”, explica a médica.

    Tratamento cirúrgico

    Quando os sintomas persistem ou em casos de infertilidade, pode ser indicada a cirurgia.

    A videolaparoscopia é a técnica mais utilizada. “Ela é muito mais vantajosa porque a câmera amplia o campo de visão, permitindo ver focos escondidos em lugares difíceis de acessar”, diz a ginecologista.

    Dependendo da localização, pode ser necessário atuar também no intestino ou na bexiga, em conjunto com outros especialistas.

    Se desconfia de endometriose, procure um médico

    A endometriose é uma doença crônica que pode afetar a qualidade de vida e a fertilidade da mulher. O diagnóstico precoce ajuda a controlar os sintomas e cuidar da fertilidade. Por isso, quem tem sintomas que indiquem endometriose deve procurar o médico.

    Com tratamento adequado, seja clínico ou cirúrgico, é possível ter alívio da dor, melhora na fertilidade e mais qualidade de vida.

    Perguntas frequentes sobre endometriose

    1. Toda cólica menstrual forte é sinal de endometriose?

    Não. A cólica pode ser comum, mas se for intensa, progressiva ou incapacitante, deve ser investigada por um médico.

    2. A endometriose tem cura?

    Não existe cura definitiva, mas o tratamento ajuda a controlar a doença e os sintomas.

    3. A doença sempre causa infertilidade?

    Não. Nem todas as mulheres com endometriose vão ter dificuldade para engravidar, mas a condição aumenta o risco.

    4. O que piora a endometriose?

    A estimulação hormonal pela menstruação é o principal fator de piora para a doença.

    5. Anticoncepcional ajuda a tratar?

    Sim. O uso contínuo pode bloquear a menstruação e controlar os focos.

    Leia também: Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

  • Causas comuns de sangramento fora do período menstrual

    Causas comuns de sangramento fora do período menstrual

    Muitas mulheres já passaram pela situação de estarem tranquilas e, de repente, perceber um sangramento que não estava na programação menstrual. O susto é grande, a preocupação bate na hora, e a dúvida aparece: será que isso é normal?

    O corpo feminino tem suas particularidades, e nem todo sangramento fora do ciclo é motivo para preocupação. Mas é importante entender quando se trata de algo fisiológico, ou seja, normal, e quando pode ser um sinal de que é necessário fazer uma investigação médica.

    O que é considerado um sangramento anormal?

    Segundo a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, alguns episódios podem ser absolutamente normais.

    “Há mulheres que, no período da ovulação, apresentam pequenas alterações hormonais que fazem o endométrio descamar um pouco. Isso causa um sangramento discreto no meio do ciclo, chamado de sangramento do meio. Ele pode ser normal”, explica.

    Outra situação bem comum são os sangramentos relacionados ao uso de anticoncepcionais. “Anticoncepcionais que suspendem a menstruação podem causar esses sangramentos irregulares que chamamos de escape”, diz a ginecologista.

    Mas fora essas situações, todo sangramento fora do esperado merece atenção.

    Quando o sangramento precisa de investigação?

    De acordo com a ginecologista, qualquer sangramento recorrente fora da menstruação deve ser avaliado. Um exemplo importante é o sangramento durante a relação sexual.

    “Ele pode indicar lesões na vagina, na vulva ou no colo do útero, inclusive câncer de colo de útero”, alerta a especialista. Às vezes, a causa desse sangramento irregular também pode ser alterações no sistema de coagulação.

    Climatério e perimenopausa: fase de mudanças

    Na fase de transição para a menopausa, chamada perimenopausa, a irregularidade menstrual é a marca registrada.

    “A mulher pode sangrar a cada 15 dias, depois ficar meses sem menstruar e depois voltar a sangrar. Essa irregularidade entre os 45 e 55 anos é típica da transição para a menopausa”, explica Andreia.

    Quando os sangramentos fogem do padrão, exames podem ajudar a identificar se a menopausa está chegando.

    “O exame que usamos é o FSH (hormônio folículo-estimulante). Quando ele começa a se elevar, indica que a mulher está entrando na menopausa. Se isso ocorre em idade precoce, como aos 35 anos, não é normal, e precisamos investigar outras causas, como falência ovariana precoce”, conta ela.

    Leia também: Saiba mais sobre menstruação irregular

    Perguntas frequentes sobre sangramento fora da menstruação

    1. É normal sangrar no meio do ciclo?

    Sim, pode acontecer durante a ovulação, por alterações hormonais naturais. É o chamado “sangramento do meio”.

    2. O anticoncepcional pode causar sangramento fora do período?

    Sim. Os anticoncepcionais hormonais podem provocar escapes de vez em quando.

    3. Sangramento após a relação sexual sempre é grave?

    Não sempre, mas pode ser sinal de lesões ou doenças no colo do útero e precisa ser investigado.

    4. Na perimenopausa é comum ter sangramentos irregulares?

    Sim. Entre os 45 e 55 anos, o ciclo menstrual tende a ficar irregular, com intervalos mais curtos ou longos.

    5. O sangramento fora do ciclo pode ser câncer?

    Em alguns casos, sim, especialmente quando ocorre após a relação sexual. É por isso que toda ocorrência deve ser avaliada.

    6. O que devo fazer ao notar sangramento fora do período menstrual?

    Consultar um ginecologista. Apenas o médico pode identificar se é algo normal ou se precisa de tratamento.

    Leia também: Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

  • Seu ciclo está bagunçado? Saiba quando a menstruação irregular é sinal de alerta 

    Seu ciclo está bagunçado? Saiba quando a menstruação irregular é sinal de alerta 

    Quando o assunto é menstruação, cada mulher tem uma história para contar. Algumas têm ciclos certinhos como um relógio, enquanto outras enfrentam atrasos misteriosos ou sangramentos que chegam sem aviso. E aí vem a dúvida: o que é normal e o que é menstruação irregular e merece ser compartilhado com um médico?

    Conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, que explicou de forma clara como funciona um ciclo menstrual saudável, o que caracteriza irregularidade e em quais situações é necessário procurar o médico.

    O que é um ciclo menstrual regular

    Antes de falar em irregularidade, é importante entender o que é considerado normal.

    “Do ponto de vista médico, o ciclo menstrual clássico é de 28 dias, marcado pela ovulação no meio do ciclo. Temos a fase folicular, nas primeiras duas semanas, quando ocorre o desenvolvimento do óvulo, seguida da ovulação, que é o rompimento do folículo no ovário com a saída do óvulo para a tuba uterina”, conta a médica.

    “Depois, há a fase lútea, em que o corpo lúteo se forma e o endométrio se prepara para receber o óvulo fecundado”, período que, se não houver óvulo fecundado, culmina na menstruação.

    Segundo a ginecologista, um ciclo normal dura de 25 a 35 dias, contando sempre do primeiro dia da menstruação até o primeiro dia da próxima. “O sangramento considerado regular deve ter entre 3 e 7 dias”.

    O fluxo também entra nessa conta. Para avaliá-lo, os médicos observam a intensidade do sangramento: número de absorventes usados, presença de coágulos, vazamentos ou necessidade de combinar absorvente interno com externo para conter o fluxo. “Isso nos dá uma ideia do volume”, conta.

    Quando o ciclo é considerado irregular?

    É considerado irregular quando o ciclo dura menos de 25 ou mais de 35 dias. Se a menstruação vem a cada 15 dias ou só aparece de três em três meses, por exemplo, é sinal de que algo não está bem.

    “Quando a mulher menstrua a cada 15 dias, geralmente é porque não ovula adequadamente. Já quando menstrua apenas a cada 3 meses, pensamos em síndrome dos ovários policísticos”, explica a ginecologista.

    A irregularidade também pode se manifestar com intervalos muito variáveis, como um ciclo de 21 dias seguido de outro de 47, por exemplo.

    “Uma menstruação irregular, com intervalos ora curtos, ora longos, pode estar ligada a alterações hormonais, disfunções da hipófise, da tireoide, ou a fases fisiológicas como a perimenopausa”, explica a especialista.

    O papel da ovulação no ciclo

    A ovulação acontece, em média, no meio do ciclo menstrual. Mas o corpo pode ter variações. “Se a ovulação atrasar para o 18º dia, o ciclo pode ter 32 dias e ainda ser normal”, explica Andreia.

    O que deve chamar atenção é a falta de padrão. “Hoje os aplicativos de monitoramento ajudam muito a observar essas variações”, lembra a especialista.

    Leia também: Saúde do coração após a menopausa: conheça os cuidados nessa fase da vida

    Estilo de vida e menstruação irregular

    O corpo responde ao ritmo de vida, e a menstruação não fica de fora. Estresse, noites mal dormidas, má alimentação, peso muito baixo ou muito alto, excesso ou falta de exercícios físicos podem bagunçar o ciclo.

    “Atletas com baixo percentual de gordura podem ter amenorreia, ou seja, ausência de menstruação. Já mulheres com obesidade podem ter maior risco de síndrome dos ovários policísticos”, explica a médica.

    Até a dieta pode influenciar. “A soja, por exemplo, contém fitoestrógenos, substâncias semelhantes ao estrogênio, que podem alterar o ciclo”, completa.

    Quando é sinal de alerta?

    Nem toda irregularidade é preocupante, mas há momentos em que é preciso investigar. “A irregularidade é o primeiro sintoma comum na menopausa, mais até que os fogachos”, diz a Dra. Andreia.

    Além disso, disfunções hormonais da hipófise e da tireoide, por exemplo, podem se manifestar primeiro com alterações menstruais. Por isso, a recomendação é que quem tem ciclos fora do padrão e que se repetem com frequência devem ser avaliados por um ginecologista.

    Confira: Tratamento para mioma uterino: opções não cirúrgicas

    Perguntas frequentes sobre menstruação irregular

    1. É normal a menstruação atrasar alguns dias?

    Sim. Pequenas variações de até alguns dias ainda podem ser consideradas normais.

    2. Menstruação irregular sempre significa problema muito sério?

    Não, nem sempre. O ciclo pode variar por estresse, sono ruim ou até mudanças na alimentação. Se essas forem as causas, quando essas questões são ajustadas o ciclo tende a se regularizar.

    3. Aplicativos de ciclo menstrual são confiáveis?

    Eles ajudam a acompanhar o padrão, como duração do ciclo, volume do fluxo menstrual, entre outros parâmetros, mas não substituem a avaliação médica.

    4. Menstruação irregular é sempre sinal de ovário policístico?

    Não. Essa é uma das causas possíveis, mas existem outras, como alterações da tireoide ou da hipófise.

    5. Quem está na perimenopausa sempre terá irregularidade menstrual?

    A maioria sim, mas a intensidade varia muito de mulher para mulher.

    7. Menstruação irregular pode afetar a fertilidade?

    Sim, especialmente se for causada por falta de ovulação.

    8. Quando procurar o ginecologista?

    Sempre que os ciclos forem muito variáveis (muito curtos ou longos) ou vierem acompanhados de sintomas importantes, como sangramento excessivo ou dor intensa.

    Leia mais: Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

  • Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

    Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

    A endometriose é uma doença que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva e, muitas vezes, impacta diretamente a qualidade de vida. Dados do Ministério da Saúde mostram que 1 a cada 10 mulheres sofre com a doença, que provoca dor intensa, cólicas que não passam com analgésicos comuns e até mesmo dificuldade para engravidar.

    Embora o tratamento clínico seja a primeira escolha, em alguns casos a cirurgia se torna necessária para aliviar sintomas e preservar a fertilidade.

    O que é a endometriose e quais são os sintomas

    A ginecologista e obstetra Andreia Sapienza explica que a endometriose acontece quando o tecido que normalmente reveste o útero, chamado endométrio, aparece em locais fora dele. Esses focos de tecido continuam respondendo aos hormônios do ciclo menstrual, o que pode gerar inflamação e dor.

    Segundo a médica, os sintomas mais comuns são cólicas menstruais intensas, dor durante a relação sexual, desconforto para urinar ou evacuar e, em alguns casos, dificuldade para engravidar. “Algumas mulheres não sentem dor, mas podem enfrentar infertilidade”, destaca Andreia.

    Quando a cirurgia de endometriose é indicada

    Em um primeiro momento, o tratamento de endometriose pode ser feito com medicamentos que bloqueiam a menstruação e estabilizam os níveis hormonais, além do uso de analgésicos e anti-inflamatórios. Mas, quando os sintomas não são controlados ou há infertilidade, o tratamento cirúrgico para endometriose é considerado.

    “A cirurgia consiste em buscar os focos de endometriose, que muitas vezes causam fibrose. Às vezes, a gente nem enxerga os focos, porque estão escondidos dentro dessas fibroses. Então, precisamos abrir essas fibroses, retirar todos os focos e limpar o local”.

    Os focos podem atingir diferentes órgãos. “Às vezes, a endometriose está no ovário, formando endometriomas (cistos com conteúdo sanguinolento), às vezes em ligamentos atrás do útero, às vezes no intestino ou na bexiga. Quando acomete o intestino, pode ser necessário operar em conjunto com o cirurgião coloproctologista para retirar o pedaço afetado”.

    Como a cirurgia de endometriose é feita

    A videolaparoscopia, método menos invasivo, é a mais utilizada. “A maioria das cirurgias de endometriose é feita por videolaparoscopia. Ela é muito mais vantajosa porque a câmera amplia o campo de visão do cirurgião, permitindo ver focos escondidos em lugares difíceis de acessar”, detalha a médica.

    “Com os instrumentos da laparoscopia, conseguimos chegar atrás do útero, perto dos ligamentos – locais comuns de lesão – com muito mais precisão do que na cirurgia aberta. Por isso, para endometriose, a cirurgia é sempre laparoscópica”.

    Em alguns casos, após a cirurgia, a menstruação pode ser bloqueada temporariamente com medicamentos que simulam uma menopausa induzida, geralmente por seis meses, para reduzir o risco de recorrência da doença.

    Recuperação e cuidados após a cirurgia de endometriose

    O pós-operatório é um momento de dúvidas para muitas pacientes, mas tende a ser bem mais simples do que em procedimentos abertos. “A recuperação da laparoscopia é sempre mais tranquila do que a da cirurgia aberta, porque não há necessidade de cicatrizar todas as camadas da parede abdominal”.

    O tempo de internação é curto. “Em geral, a alta acontece entre 24 e 48 horas. A paciente precisa manter repouso relativo por até 14 dias, não dirigir, não pegar peso, não fazer exercício físico. Depois disso, é liberada gradualmente para as atividades diárias. Normalmente, entre 7 e 14 dias já está retomando as tarefas mais simples”, conta a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza.

    Endometriose e infertilidade: por que a cirurgia pode ajudar

    Além do controle da dor, uma das razões para operar é a preservação da fertilidade. A médica explica que a endometriose pode comprometer diferentes partes do sistema reprodutor da mulher.

    “A infertilidade pode acontecer porque o foco de endometriose na tuba uterina obstrui a passagem do espermatozoide ou do óvulo, porque o ovário altera a ovulação ou porque o útero distorce o endométrio e atrapalha a implantação. Também pode ser pelo processo inflamatório crônico que altera a qualidade do ambiente reprodutivo”, detalha a especialista.

    Por isso, a cirurgia é, em muitos casos, importante para mulheres que desejam engravidar e não conseguem. A médica lembra, porém, que a busca pelas causas da infertilidade devem ir além da endometriose.

    “A investigação de infertilidade deve sempre incluir o casal, porque podem existir fatores masculinos também”.

    Perguntas frequentes sobre cirurgia de endometriose

    1. Quando a cirurgia de endometriose é indicada?

    A cirurgia é indicada quando os sintomas são intensos, não melhoram com medicamentos ou quando há comprometimento da fertilidade. Também pode ser recomendada em casos de endometriose profunda, que atinge órgãos como intestino e bexiga.

    2. Qual a diferença entre cirurgia aberta e videolaparoscopia para endometriose?

    A cirurgia aberta é mais invasiva, com cortes maiores e recuperação mais lenta. Já a videolaparoscopia é feita com pequenas incisões e câmera, e isso permite que o médico consiga visualizar melhor o local de cirurgia, uma recuperação mais rápida e um risco menor de complicações.

    3. Quanto tempo dura a recuperação da cirurgia de endometriose?

    Depende da técnica utilizada e da gravidade dos focos de endometriose retirados. Em geral, na videolaparoscopia a recuperação inicial leva de 2 a 4 semanas.

    4. A cirurgia de endometriose cura a doença definitivamente?

    Não. A cirurgia ajuda a remover os focos da endometriose e aliviar os sintomas, mas a doença pode voltar. Por isso, em muitos casos é necessário tratamento complementar com acompanhamento médico.

    5. É possível engravidar após a cirurgia de endometriose?

    Sim. Muitas mulheres conseguem engravidar após a cirurgia, especialmente quando era a endometriose que estava dificultando a fertilidade. No entanto, cada caso deve ser avaliado individualmente pelo ginecologista.

    6. Quais cuidados devo ter após a cirurgia de endometriose?

    É importante seguir as orientações médicas, evitar esforços físicos nas primeiras semanas e fazer as consultas médicas de acompanhamento. Em alguns casos, pode ser indicado tratamento hormonal para reduzir as chances de retorno da doença.

  • Tratamento para mioma uterino: opções não cirúrgicas

    Tratamento para mioma uterino: opções não cirúrgicas

    A mulher que descobre um mioma uterino em algum exame de rotina e não sabe bem o que é pode imaginar algo assustador. Mas calma: eles são tumores benignos que podem ser tratados de várias formas, e nem sempre a cirurgia é necessária.

    Para entender melhor o assunto, conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, que explicou como funcionam os tratamentos clínicos e quais as opções para quem quer evitar o centro cirúrgico.

    O que são miomas e quais sintomas causam?

    Os miomas são tumorações benignas, nódulos bem enrijecidos que são compostos de células musculares da camada muscular do útero, explica a ginecologista. “Ninguém sabe muito bem por que eles se formam, mas existe uma tendência genética, e a prevalência é maior em mulheres negras”.

    Eles podem crescer em ritmos diferentes, e isso depende da presença de receptores hormonais no mioma. “Quando têm menos receptores, costumam ficar menores”, explica a médica.

    Principais sintomas de miomas

    • Sangramento uterino anormal: fluxo menstrual mais intenso, cólicas fortes e menstruação prolongada.
    • Compressão pélvica: quando o útero cresce e pressiona órgãos vizinhos, como bexiga e intestino. Isso pode causar dor e desconforto.

    “Em casos raros, os miomas degeneram ou crescem a ponto de causar necrose. A necrose é caracterizada por muita dor, sendo uma urgência ginecológica que precisa ser resolvida rápido. Mas isso é bem menos comum”, diz a médica.

    Quando é preciso tratar?

    Apesar de serem benignos, os miomas precisam de acompanhamento médico. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo do caso.

    A cirurgia é indicada quando:

    • O sangramento é tão intenso que não melhora com tratamentos clínicos;
    • O útero está muito aumentado e comprimindo outros órgãos;
    • A dor é constante e limitante.

    Antes disso, porém, há várias formas de controle sem precisar encarar o bisturi.

    Tratamentos clínicos para miomas

    Quando a escolha é pelo tratamento não cirúrgico, o objetivo principal costuma ser controlar o sangramento.

    “A grande maioria vai ter como sintoma o aumento do sangramento genital. Então, temos algumas opções. Podemos bloquear o sangramento com contraceptivos hormonais, e há várias opções de pílulas”, explica a médica.

    • Pílula só de progesterona;
    • Pílula combinada de estrogênio e progesterona;
    • Implantes hormonais.

    O DIU hormonal nem sempre funciona bem. “O DIU é menos indicado, porque muitas vezes o mioma altera a cavidade interna do útero, e o dispositivo pode não ficar bem colocado”, comenta a especialista.

    Outro ponto é tratar a anemia causada pelo excesso de sangramento. Mas isso só resolve se o fluxo for controlado. “É preciso ‘fechar a torneirinha’. Nunca vamos conseguir manter a hemoglobina e o ferro bons se a mulher não parar de sangrar”.

    Além disso, quando há dor associada, entram em cena analgésicos e estratégias de controle. Se o quadro avança, a cirurgia passa a ser discutida.

    Embolização: uma alternativa menos invasiva

    Existe também a chamada embolização dos miomas, um procedimento realizado por um radiologista intervencionista.

    “O médico entra por um vaso da perna (artéria femoral) e vai até a artéria uterina e faz a embolização, ou seja, fecha o vaso que nutre o mioma”, explica a ginecologista.

    Sem sangue, o mioma tende a reduzir ou até desaparecer. É uma boa opção para quem não quer cirurgia, mas há ressalvas:

    • Nem todos os miomas respondem bem;
    • Existe risco de necrose uterina, o que pode levar à necessidade de retirar o útero, ou seja, não é uma opção boa para quem quer engravidar.

    E a fertilidade de quem tem mioma, como fica?

    Miomas podem ou não atrapalhar uma gravidez, e isso depende do tamanho e da localização deles. “Se distorcem internamente o endométrio, atrapalham a implantação do embrião. Alguns ficam perto das tubas uterinas e podem obstruir a passagem do espermatozoide”, explica a médica.

    Há três tipos de miomas, sendo que cada um pode causar um impacto:

    • Submucosos: mais problemáticos, aumentam o sangramento e podem dificultar a gravidez. Eles ficam na parte interna do útero;
    • Intramurais: o impacto varia conforme o tamanho. Miomas muito grandes podem causar problemas. Eles se localizam na parede muscular do útero;
    • Subserosos: crescem para fora do útero, costumam dar menos sintomas e raramente prejudicam a fertilidade.

    O tratamento para mioma uterino vai muito além da cirurgia. Há opções de medicamentos, implantes hormonais, embolização e até estratégias combinadas para controlar sangramento e dor. O mais importante é conversar com um ginecologista e avaliar qual é a melhor alternativa para cada caso.

    Perguntas Frequentes sobre mioma uterino e tratamentos

    1. Mioma sempre precisa de cirurgia?

    Não. Muitos casos podem ser controlados com tratamento clínico, como anticoncepcionais hormonais ou embolização.

    2. O DIU pode ser usado em quem tem mioma?

    Depende. Se o mioma alterar muito a cavidade uterina, o DIU pode não se fixar corretamente.

    3. Miomas podem virar câncer?

    Não. São tumores benignos. Em raríssimos casos, podem sofrer degeneração, mas não se transformam em câncer.

    4. A embolização substitui a cirurgia?

    Para algumas mulheres, sim. Mas há risco de complicações e não é indicada para quem deseja engravidar.

    5. O mioma sempre causa sintomas?

    Não. Alguns passam despercebidos e só são descobertos em exames de rotina.

    6. Quem tem mioma pode engravidar?

    Pode, apenas em alguns casos os miomas podem dificultar a gestação, dependendo do tamanho e da localização.

    7. O mioma pode voltar depois do tratamento clínico?

    Sim. Enquanto o útero for preservado, novos miomas podem aparecer.

  • Exame preventivo ginecológico: o que é e quando fazer

    Exame preventivo ginecológico: o que é e quando fazer

    Você provavelmente já ouviu falar do exame preventivo ginecológico. A questão é que muita gente associa esse cuidado apenas ao papanicolau, sendo que a prevenção vai muito além disso. Esse conjunto de exames ajuda a detectar alterações ginecológicas e é uma oportunidade de cuidar da saúde da mulher de forma integral.

    A ginecologista e obstetra Andreia Sapienza explica que o ginecologista é reconhecido como médico generalista que cuida da saúde da mulher.

    “É claro que temos um foco na saúde feminina geniturinária, principalmente passando por três funções, a menstrual, a obstétrica e a sexual, mas na prevenção nós olhamos de forma mais abrangente e holística”, conta a especialista.

    O que é o exame preventivo ginecológico

    O exame preventivo é uma consulta voltada para avaliar diferentes aspectos da saúde feminina em cada fase da vida. Ele envolve desde a coleta do papanicolau, exame que identifica lesões causadas pelo HPV que podem evoluir para câncer de colo do útero, até exames de imagem e laboratoriais, de acordo com a idade e os fatores de risco de cada mulher.

    “O papanicolau é um exame para prevenção de uma doença, mas o preventivo é quando falamos de tudo da parte ginecológica, ou seja, vamos pensar em câncer de mama, câncer de útero, câncer de colo de útero e outros menos frequentes, como câncer de vagina e câncer de vulva”, explica a médica.

    O preventivo ginecológico também vai olhar outras doenças, como risco cardiovascular e risco de osteoporose. “Isso pensando na mulher que já tem uma certa idade de climatério”, explica a ginecologista.

    Quando começar a fazer o exame preventivo

    A recomendação é que toda mulher inicie o acompanhamento ginecológico após o início da vida sexual. Os exames solicitados, no entanto, variam de acordo com a idade e histórico familiar.

    “Nas mulheres mais jovens, o principal foco de atenção é naquelas doenças com maior prevalência na idade, como câncer de colo do útero. Já entre as mulheres que estão próximas do climatério, a prevenção se volta também para outras doenças, cuja incidência começa a aumentar nesse período da vida”.

    Ou seja, cada fase da vida tem seus focos de atenção e o acompanhamento deve ser adaptado.

    “Mulheres que começam a fazer o acompanhamento cedo costumam se manter nele ao longo das fases da vida: início da vida sexual, fase reprodutiva, filhos, climatério e menopausa. Em cada etapa, a forma de olhar muda, mas o acompanhamento é contínuo”, explica Andreia.

    Principais exames do preventivo

    • Papanicolau e HPV: para rastreamento de câncer de colo de útero;
    • Colposcopia e vulvoscopia: quando há alterações ou HPV positivo, permitem analisar lesões invisíveis a olho nu;
    • Ultrassom transvaginal: avalia útero, endométrio, miomas, ovários, cistos e pólipos;
    • Exames de mama: ultrassonografia em mulheres jovens e mamografia somada ao ultrassom a partir dos 40 anos;
    • Ressonância de mamas: em casos de prótese ou necessidade de avaliação detalhada;
    • Exames de sangue: hemograma, vitaminas, colesterol e glicemia;
    • Exames complementares no climatério: densitometria óssea (a partir de 50 anos), endoscopia e colonoscopia (a partir de 45 anos).

    Para mulheres com prótese de silicone, às vezes o ultrassom ou a mamografia são complementados com a ressonância magnética. “Usamos para ver principalmente detalhes na parte posterior da prótese ou mesmo da integridade da prótese”, explica a médica.

    Diferença entre SUS e saúde privada

    Os protocolos de rastreamento podem mudar dependendo se a mulher faz acompanhamento pelo sistema público ou privado.

    No setor privado, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda mamografia anual a partir dos 40 anos. Já no SUS, a oferta é diferente.

    “Como o SUS tem a preocupação em ser o melhor equilíbrio entre universal e integral, ele acaba oferecendo a mamografia a cada dois anos a partir dos 50 anos. Como não tem recurso para oferecer para todo mundo todo ano, essa é uma forma de garantir que esse exame seja oferecido para mais pessoas”, explica a médica.

    Como se preparar para o exame preventivo

    Não existe um grande mistério na preparação para o exame.

    “Orientamos que a mulher não tenha relação sexual 72 horas antes da coleta e não esteja menstruada, pois essas situações alteram o resultado”, diz a médica. “Isso não quer dizer que exista uma alteração real, mas pode mascarar o resultado normal e atrapalhar a investigação”.

    No climatério, pode haver atrofia genital intensa. “Se não houver contraindicação, às vezes é prudente preparar a vagina com estrogênio antes do papanicolau para evitar alterações nos resultados”, explica a especialista.

    Perguntas frequentes sobre o exame preventivo ginecológico

    1. A partir de que idade devo ir ao ginecologista?

    A ginecologista recomenda que a menina tenha pelo menos uma consulta inicial quando menstrua, para receber orientações. O outro momento é quando tem ou está prestes a ter a primeira relação sexual, para receber orientações sobre contracepção e começar os exames preventivos.

    2. Preciso ir ao ginecologista todo ano?

    Sim, o ideal é passar em consulta anualmente, pois o ginecologista consegue olhar a saúde da mulher de forma integral e solicitar os exames necessários para cada fase.

    3. O exame preventivo ginecológico inclui só o papanicolau?

    Não. Ele envolve também avaliação das mamas, útero, ovários e outros exames, dependendo da idade da mulher.

    4. Mulheres que nunca tiveram relação sexual precisam fazer?

    Não precisam fazer o papanicolau, mas devem ir ao ginecologista. A consulta é necessária de qualquer forma, porque não se previne só câncer de colo uterino, mas também câncer de mama, de útero, de ovários, além de avaliar vulva e vagina, incontinência urinária e outras condições.

    5. Quem tem prótese mamária precisa de exames diferentes?

    Sim. Às vezes, a ressonância é indicada para avaliar detalhes da prótese e integridade.

    6. O SUS oferece todos os exames do preventivo?

    O SUS segue protocolos próprios, que incluem papanicolau e mamografia a cada dois anos a partir dos 50, além de outros exames conforme a necessidade.

  • Reposição hormonal na menopausa: benefícios e riscos

    Reposição hormonal na menopausa: benefícios e riscos

    A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, mas que pode causar desconfortos como ondas de calor, insônia e alterações de humor. Para aliviar esses sintomas, muitas mulheres consideram a terapia de reposição hormonal. Mas será que toda mulher pode fazer?

    Neste artigo, você vai entender o que realmente acontece no corpo durante a menopausa, os principais sintomas, os riscos e benefícios da reposição hormonal e os cuidados necessários para tomar uma decisão segura.

    O que é reposição hormonal na menopausa

    A reposição hormonal é um tratamento indicado para aliviar os sintomas da menopausa, fase marcada pela queda na produção dos hormônios femininos, principalmente o estrogênio. Essa redução pode trazer sintomas físicos e emocionais que afetam profundamente a qualidade de vida de cada mulher.

    De acordo com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, o tratamento deve sempre ser tratado caso a caso. “A reposição não é para todas as mulheres. É preciso avaliar os riscos, os benefícios e o histórico de saúde de cada paciente antes de indicar o uso dos hormônios”, explica.

    A mulher que está com sintomas pode, inclusive, começar a reposição hormonal na perimenopausa, período antes da menopausa. “O ideal é iniciar até 10 anos depois da menopausa, o que chamamos de janela de oportunidade”.

    E não há idade fixa para parar o tratamento. “Avaliamos ano a ano. Se a mulher não sente mais sintomas ou deseja parar, pode testar. Se ela ainda se beneficia, por exemplo, no controle da osteoporose, pode continuar sem data limite”, diz a médica.

    Sintomas da menopausa que podem indicar reposição hormonal

    Os sintomas da menopausa vão muito além das famosas ondas de calor, que atingem até 80% das mulheres. É comum que elas também apresentem alterações no sono, irritabilidade, fadiga, palpitações e mudanças no metabolismo.

    A ginecologista explica que as mulheres têm receptores de estrogênio no corpo todo, mas principalmente no cérebro, e é lá que estarão os maiores efeitos da queda hormonal.

    “As ondas de calor, por exemplo, acontecem porque o ‘termostato’ cerebral perde a regulação normal, e pequenas variações de temperatura, que não deveriam ser sentidas, são interpretadas como se fossem grandes mudanças, causando suor e sensação de calor intenso”, explica.

    Outro sintoma importante é a chamada síndrome geniturinária da menopausa. “Muitas mulheres relatam ressecamento vaginal, dor nas relações sexuais, infecções urinárias de repetição e urgência para urinar. Esses sintomas podem ser bastante incapacitantes e, muitas vezes, são subestimados”, reforça a especialista.

    Como funciona a reposição hormonal

    A reposição hormonal pode ser feita de diferentes maneiras, e a escolha depende tanto dos sintomas quanto do perfil de saúde da mulher.

    “Se a mulher tem útero, não posso dar o hormônio estradiol sozinho, porque ele estimula o endométrio e pode levar a hiperplasia ou até câncer. Por isso, junto com o estrogênio, é necessário repor também progesterona, que protege o endométrio”, conta a médica. Já mulheres sem útero precisam apenas do estrogênio.

    A via oral é prática, mas pode causar efeitos colaterais por passar pelo fígado. Já a via transdérmica (adesivos, géis, sprays) é considerada mais segura. Para sintomas genitais e urinários, pode-se usar estradiol local (via vaginal).

    Benefícios da reposição hormonal

    • Redução das ondas de calor e suor noturno;
    • Melhora do sono e da disposição;
    • Redução da irritabilidade e melhora do humor;
    • Prevenção e tratamento da síndrome geniturinária;
    • Risco menor de osteoporose.

    Riscos da reposição hormonal

    Apesar dos benefícios, a reposição não é indicada para todas. É contraindicada em casos de:

    • Histórico de trombose;
    • Hipertensão ou diabetes descontrolados;
    • Câncer de mama ou histórico familiar de primeiro grau.

    Acompanhamento e individualização do tratamento

    Não existe uma fórmula única. O acompanhamento médico anual é essencial, com exames como a mamografia, para garantir a segurança do tratamento.

    Perguntas frequentes sobre reposição hormonal na menopausa

    1. Toda mulher na menopausa precisa fazer reposição hormonal?

    Não. A indicação depende dos sintomas, do histórico de saúde e da avaliação médica individual.

    2. A reposição engorda?

    Não. O ganho de peso está mais ligado à menopausa em si, que reduz o metabolismo e altera a distribuição de gordura.

    3. Quem já teve câncer de mama pode fazer reposição?

    Geralmente, não. Nestes casos, médicos buscam alternativas não hormonais.

    4. A reposição hormonal ajuda a prevenir osteoporose?

    Sim. O estrogênio protege os ossos e reduz o risco de fraturas.

    5. Existe tempo limite para usar a reposição?

    Não há prazo fixo, mas deve ser reavaliado anualmente.

    6. A reposição pode melhorar sintomas emocionais?

    Sim. Muitas mulheres relatam melhora no sono, no humor e na disposição.