Segundo trimestre de gravidez: quando começa, sintomas e exames

Mulher grávida com camiseta branca e mãos apoiadas na barriga, destacando abdômen de segundo trimestre da gestação.

Você sabia que o segundo trimestre de gravidez é conhecido como a lua de mel da gestação? Isso porque vários dos sintomas intensos do primeiro trimestre, como náuseas, vômitos e cansaço extremo, tendem a diminuir. O corpo já se adaptou às primeiras mudanças hormonais e a placenta está plenamente formada — então o período costuma ser mais tranquilo.

Mas isso não significa que os cuidados devem diminuir! O bebê continua crescendo de forma acelerada e o organismo materno atravessa alguns ajustes importantes, como maior circulação sanguínea, alteração da postura e aumento gradual do peso uterino.

Vamos entender mais, a seguir, o que muda no segundo trimestre, os exames mais importantes e quais cuidados merecem atenção.

Quando começa o segundo trimestre de gravidez?

O segundo trimestre de gravidez começa a partir da 13ª semana completa e segue até o final da 27ª semana. É o período intermediário da gestação, marcado por uma maior estabilidade física e emocional, já que o corpo se adapta aos hormônios produzidos no início da gravidez e a placenta assume totalmente as funções.

O que acontece no segundo trimestre de gravidez?

No segundo trimestre de gravidez, o corpo entra em uma fase de maior estabilidade. A placenta assume totalmente as funções e os sintomas intensos do início tendem a diminuir.

Além disso, Andreia aponta que, como o bebê ainda não está tão grande, a gestante costuma ter mais conforto ao se movimentar e sente menos impacto na postura e no equilíbrio. A barriga cresce, mas ainda não pesa o suficiente para causar limitações — o que favorece as atividades cotidianas e até a prática de exercícios leves.

No período, o útero aumenta de tamanho, projetando o abdômen para frente e abrindo mais espaço para o crescimento fetal. Com isso, os movimentos do bebê começam a ser percebidos com nitidez, primeiro como pequenas “borboletas” no baixo-ventre e, depois, como chutes e giros mais evidentes.

A circulação sanguínea também se intensifica para sustentar o desenvolvimento fetal, o que pode levar ao surgimento de varizes, sensação de peso nas pernas e aumento natural da vontade de urinar. O apetite tende a crescer, já que o metabolismo se ajusta para suprir as necessidades energéticas da gestação, e as mamas continuam se preparando para a amamentação e podem ficar mais sensíveis.

Ganho de peso no segundo trimestre

No segundo trimestre, o bebê cresce mais rápido, e o corpo da gestante passa por mudanças mais visíveis, o que resulta em aumento gradual do peso. Para quem iniciou o pré-natal com IMC dentro da faixa considerada adequada, o ganho costuma ficar em torno de 300 g por semana. O ritmo é compatível com o desenvolvimento do bebê, do útero, da placenta e do volume de líquido amniótico.

Vale apontar que aumentos muito rápidos de peso, como 1 kg por semana, acendem sinal de alerta para retenção exagerada de líquidos ou mudanças bruscas na alimentação. Nesses casos, é necessário informar o médico.

Sintomas do segundo trimestre de gravidez

No segundo trimestre, os sintomas tendem a ser mais leves, mas o corpo continua passando por mudanças importantes, que podem causar:

  • Aumento do apetite;
  • Maior energia e disposição;
  • Redução de náuseas e vômitos;
  • Aumento da sensibilidade nas mamas;
  • Surgimento de varizes ou sensação de peso nas pernas;
  • Aumento da vontade de urinar;
  • Congestão nasal;
  • Sensação clara dos movimentos fetais;
  • Dores lombares leves, devido ao crescimento do útero;
  • Azia ocasional, relacionada ao relaxamento dos esfíncteres digestivos.

Alterações na pele, como estrias, escurecimento da aréola e uma linha escura na barriga, também são comuns nessa fase.

Síndrome do túnel do carpo

A síndrome do túnel do carpo é uma condição relativamente comum na gravidez, especialmente no segundo e no terceiro trimestres. Ela ocorre quando o nervo mediano, que passa por um pequeno canal no punho chamado túnel do carpo, sofre compressão devido ao aumento de líquido e inchaço típicos da gestação.

Durante a gestação, o corpo tende a reter mais líquido, o volume de sangue aumenta e os hormônios passam por mudanças que facilitam o aparecimento de inchaço. Como o túnel do carpo é uma estrutura rígida, qualquer aumento de volume no local comprime o nervo mediano, causando sintomas como:

  • Formigamento nas mãos, especialmente à noite;
  • Dormência nos dedos polegar, indicador, médio e metade do anelar;
  • Dor que pode irradiar para o antebraço;
  • Dificuldade para segurar objetos ou fraqueza ao pinçar;
  • Sensação de “choque” no punho ou nos dedos;

Algumas medidas podem ajudar a aliviar os sintomas, como compressas frias, alongamentos leves e o uso de talas noturnas, orientadas pelo médico. Normalmente, a síndrome melhora espontaneamente após o parto, quando a retenção de líquido diminui.

Se houver dor intensa, perda de força ou agravamento rápido, é importante consultar o médico para avaliação e condutas específicas.

Como está o bebê no segundo trimestre?

O segundo trimestre é um período marcado por amadurecimento dos órgãos, ganho de peso e muita movimentação dentro do útero. Entre as principais mudanças, destacamos:

  • O sistema nervoso avança, coordenando melhor os movimentos;
  • Os pulmões evoluem estruturalmente, embora ainda não funcionem para respirar ar;
  • O sistema digestivo inicia seu funcionamento básico;
  • Sobrancelhas, cílios, cabelos e unhas começam a se formar;
  • Movimentos coordenados surgem, percebidos como chutes, estiramentos e giros;
  • A audição amadurece, permitindo que o bebê reaja a sons externos;
  • A força muscular aumenta, deixando os movimentos mais firmes e perceptíveis;
  • As glândulas sebáceas produzem o vérnix, camada que protege a pele delicada.

No começo do segundo trimestre, o bebê costuma medir em torno de 10 centímetros e pesar pouco mais de 20 gramas, ainda muito pequeno e leve. Conforme as semanas avançam, o ritmo de crescimento se intensifica e, ao final do trimestre, ele pode chegar a cerca de 35 centímetros de comprimento e pesar entre 1 e 2 quilos.

Exames recomendados no primeiro segundo de gravidez

No segundo trimestre, o acompanhamento inclui exames simples, como urina tipo I, urocultura e hemograma, que ajudam a identificar infecções urinárias, anemia e outras alterações frequentes na gestação.

De acordo com Andreia, o ponto central da fase é o ultrassom morfológico de segundo trimestre, realizado entre 20 e 24 semanas. Diferente do morfológico inicial, ele avalia a anatomia detalhada do bebê, permitindo observar cérebro, coluna, coração, rins, face, membros e outros órgãos com nitidez. Como o feto ainda não ocupa toda a tela do exame, essa é a melhor janela para identificar possíveis malformações estruturais.

No final do segundo trimestre, a ginecologista aponta que também é feito o rastreamento do diabetes gestacional por meio do teste oral de tolerância à glicose (TOTG). Nele, a gestante ingere um líquido concentrado em açúcar e, em seguida, são medidas as glicemias em intervalos específicos para avaliar como o organismo lida com a sobrecarga de glicose.

A investigação é importante porque, nessa fase, a placenta já está maior e produz hormônios que aumentam a resistência à insulina, elevando o risco de diabetes gestacional. Por isso, mesmo mulheres com exames normais no início da gravidez podem apresentar alterações apenas agora, quando o impacto hormonal se torna mais significativo.

Em alguns casos, outros exames sorológicos (como toxoplasmose, rubéola, HIV e hepatite) também podem ser solicitados. A indicação exata varia conforme o histórico da gestante, sintomas apresentados e resultados dos exames anteriores.

Cuidados no segundo trimestre de gravidez

As recomendações para o segundo trimestre seguem as mesmas, e como muitas gestantes sentem mais energia e conforto no período, é mais fácil manter hábitos saudáveis de forma regular, como:

  • Fracionar as refeições, evitando longos períodos em jejum;
  • Priorizar alimentos naturais, ricos em fibras, vitaminas e proteínas;
  • Beber entre 2 e 3 litros de água por dia para auxiliar a digestão e a circulação;
  • Manter caminhadas, alongamentos e exercícios leves orientados pelo médico;
  • Incluir atividades físicas leves, como hidroginástica ou yoga, para aliviar dores lombares;
  • Dormir preferencialmente de lado, com apoio de travesseiros entre as pernas;
  • Criar uma rotina de sono com horários estáveis;
  • Evitar ficar muito tempo sentada ou muito tempo em pé;
  • Elevar as pernas ao final do dia para diminuir o inchaço;
  • Usar roupas confortáveis e sutiãs adequados, evitando peças apertadas;
  • Manter cuidados com a pele, hidratando áreas mais suscetíveis a estrias;
  • Reservar momentos para descanso, leitura ou atividades relaxantes.

Planejamento do parto e amamentação

De acordo com Andreia, a preparação para o parto já pode começar no segundo trimestre. O médico verifica se há alguma contraindicação para parto vaginal e, se estiver tudo bem, inicia a conversa sobre preferências da mãe: desejo pela via vaginal, possibilidade de indução e escolha da maternidade. Isso ajuda a organizar o plano de parto com calma, tirar dúvidas e alinhar expectativas desde cedo.

Ao mesmo tempo, também começa a preparação para a amamentação. Apesar do bebê ter reflexo de sucção, isso não garante uma pega correta — que exige que o mamilo e parte da aréola alcancem o fundo do palato.

Como cada gestante tem necessidades diferentes, é importante esclarecer dúvidas e confirmar todas as orientações com a equipe de pré-natal, que pode avaliar o formato da aréola, orientar posições e indicar cuidados adequados para prevenir dor e fissuras quando o aleitamento começar.

Sinais que exigem atenção médica no segundo trimestre

Os principais sinais de alerta que exigem atendimento imediato incluem qualquer sangramento, indícios de trabalho de parto prematuro e ruptura da bolsa.

Também existem casos raros de hiperêmese, em que a gestante continua vomitando durante toda a gravidez; embora não seja comum, pode se estender até o segundo trimestre. O mesmo vale para doenças pré-existentes, que precisam de acompanhamento contínuo ao longo de toda a gestação.

Veja mais: Exames no pré-natal: entenda quais são e quando fazer

Perguntas frequentes

Quando os movimentos do bebê começam a ser percebidos?

A percepção dos primeiros movimentos do bebê, chamados de “quickening”, normalmente surge entre a 18ª e a 22ª semana, embora mulheres que já tiveram filhos possam identificar movimentos mais cedo.

No início, a sensação se parece com pequenas bolhas ou leves toques internos. Com o passar das semanas, os movimentos ganham força e se tornam uma parte importante do vínculo emocional e da avaliação da vitalidade fetal.

Por que a fome aumenta tanto durante o segundo trimestre?

A demanda energética cresce porque o bebê se desenvolve em ritmo acelerado, a placenta se torna mais ativa e o corpo materno trabalha intensamente na produção de novos tecidos.

A sensação de fome mais frequente é natural, mas a orientação é priorizar refeições equilibradas e fracionadas, com alimentos ricos em fibras, proteínas e nutrientes que contribuem para a saciedade sem causar desconforto.

O segundo trimestre de gravidez é mais tranquilo?

Muitas mulheres relatam mais disposição e bem-estar por causa da redução das náuseas, melhora do humor e adaptação do organismo ao novo estado fisiológico. Ainda assim, podem surgir sintomas como prisão de ventre, congestão nasal, dores lombares e azia, que resultam do crescimento do útero e da ação dos hormônios na musculatura lisa.

O que muda nos exames durante o segundo trimestre?

A fase inclui avaliação detalhada do desenvolvimento fetal, especialmente por meio da ultrassonografia morfológica, que examina órgãos internos, coluna, medidas de membros, formato craniano e quantidade de líquido amniótico. Os exames laboratoriais complementares avaliam anemia, glicemia e possíveis infecções, garantindo que a gestação siga em condições adequadas.

Como aliviar a prisão de ventre do segundo trimestre?

A constipação está relacionada à ação da progesterona e ao suplemento de ferro, de modo que aumentar fibras na alimentação, priorizar frutas ricas em água, manter hidratação abundante e caminhar diariamente favorece o funcionamento intestinal. Em alguns casos, ajustes no tipo de ferro ou uso de probióticos são indicados pelo médico.

Veja também: Eritroblastose Fetal: entenda o que é e o que ela pode causar no bebê