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  • Endometriose: o que é, principais sintomas e tratamentos  

    Endometriose: o que é, principais sintomas e tratamentos  

    A endometriose é uma das doenças ginecológicas mais comuns entre mulheres em idade fértil, mas ainda é cercada de dúvidas e diagnóstico difícil. Estima-se que milhões de brasileiras convivam com a condição, muitas vezes sem saber, já que os sintomas podem ser confundidos com cólicas menstruais comuns.

    A seguir, você vai entender o que é a endometriose, quais são os principais sintomas, como ela afeta a fertilidade e quais os tratamentos disponíveis com a explicação da ginecologista e obstetra Andreia Sapienza.

    O que é endometriose?

    A especialista explica que a camada interna do útero se chama endométrio, e é ela que descama na menstruação.

    “A endometriose é a presença desse tecido em um lugar que não é o habitual. Qualquer lugar pode ter endometriose. Existem locais mais comuns e outros mais raros, mas já temos relatos até de endometriose pulmonar, ou seja, um pedacinho de endométrio no pulmão”, explica a médica.

    “Então, se está fora do útero, é endometriose. Está fora do lugar, já chamamos de endometriose”.

    A questão é que esse tecido fora do útero continua respondendo aos hormônios do ciclo menstrual.

    “Ou seja, toda vez que o endométrio no útero descama na menstruação, esse foco de endometriose que está em outro lugar também sangra, porque o hormônio chega lá e estimula esse sangramento. O problema é que ele sangra em um local onde não há extravasamento, não há um canal de liberação. Então, esse lugar forma uma inflamação e uma fibrose crônica, porque não tem para onde escoar”.

    E é daí que vêm os sintomas, que variam conforme a localização dos focos, sendo dor e infertilidade os mais comuns.

    “É uma doença que, na grande maioria das vezes, cursa com dor: cólica menstrual, dor na relação sexual, dor que pode não ter relação com o ciclo menstrual, às vezes dor para urinar, tudo depende da localização do foco. Algumas mulheres não têm dor, mas podem ter infertilidade”.

    Leia também: Tratamento para mioma uterino: opções não cirúrgicas

    Causas da endometriose

    Ainda não existe uma única explicação definitiva para a doença. Um dos fatores conhecidos é a chamada menstruação retrógrada, quando parte do sangue menstrual volta pelas trompas para a cavidade pélvica.

    Segundo a médica, quase todas as mulheres vão ter esse fenômeno. “Algumas não desenvolvem endometriose, outras sim. Existe uma teoria de que quem tem endometriose apresenta um sistema imunológico que não consegue limpar esses focos adequadamente”, conta.

    Principais sintomas da endometriose

    A endometriose é uma condição inflamatória que, na maioria das vezes, causa dor.

    Os sintomas mais comuns são:

    • Cólica menstrual intensa e progressiva;
    • Dor pélvica fora do período menstrual;
    • Dor durante a relação sexual;
    • Dor ao urinar ou evacuar, dependendo da localização dos focos;
    • Infertilidade em alguns casos.

    “Mesmo uma mulher sem dor, mas que está investigando infertilidade porque tenta engravidar e não consegue, precisa investigar endometriose”, ressalta a especialista.

    Um ponto importante destacado pela médica é que não há relação direta entre intensidade da dor e a gravidade da doença. Mulheres com poucos focos podem ter dor intensa, enquanto outras com lesões extensas podem sentir pouco desconforto.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico da endometriose pode ser desafiador, já que exames comuns muitas vezes não mostram a doença.

    O ultrassom transvaginal simples não identifica bem os focos, que podem ser pequenos e discretos. Por isso, os médicos pedem exames mais específicos, como:

    • Ultrassom transvaginal com preparo intestinal: semelhante ao preparo de colonoscopia, pois isso melhora a visualização dos focos;
    • Ressonância magnética com preparo intestinal: permite mapear lesões profundas de endometriose.

    Esses exames ajudam a definir a extensão e localização da doença, o que é essencial para planejar o tratamento.

    Endometriose e infertilidade

    Muitas mulheres descobrem a doença durante a investigação da infertilidade. Os focos podem comprometer a fertilidade de diferentes formas:

    • Obstruindo as trompas;
    • Alterando a ovulação nos ovários;
    • Distorcendo o endométrio e dificultando a implantação;
    • Criando um ambiente inflamatório desfavorável para o desenvolvimento de uma gestação.

    “A infertilidade pode ter origem tubária, ovariana, uterina ou até cervical. Muitas vezes, encontramos mais de um fator ao investigar. E é fundamental lembrar: a investigação deve sempre incluir o casal, porque podem existir fatores masculinos também”, ressalta a ginecologista.

    Tratamentos para endometriose

    O tratamento depende do grau da doença, dos sintomas e do desejo de engravidar.

    Tratamento clínico

    A endometriose é uma doença que depende dos hormônios para acontecer. Por isso, o tratamento clínico busca bloquear a menstruação e reduzir a ação hormonal sobre os focos. As opções de tratamento são:

    • Anticoncepcional hormonal contínuo;
    • DIU hormonal com progesterona;
    • Implantes hormonais;
    • Pílulas específicas para endometriose;
    • Analgésicos e anti-inflamatórios para controle da dor.

    “Quando bloqueio a menstruação, evito também que os focos de menstruação retrógrada continuem acontecendo. Isso ajuda a estacionar a progressão da endometriose”, explica a médica.

    Tratamento cirúrgico

    Quando os sintomas persistem ou em casos de infertilidade, pode ser indicada a cirurgia.

    A videolaparoscopia é a técnica mais utilizada. “Ela é muito mais vantajosa porque a câmera amplia o campo de visão, permitindo ver focos escondidos em lugares difíceis de acessar”, diz a ginecologista.

    Dependendo da localização, pode ser necessário atuar também no intestino ou na bexiga, em conjunto com outros especialistas.

    Se desconfia de endometriose, procure um médico

    A endometriose é uma doença crônica que pode afetar a qualidade de vida e a fertilidade da mulher. O diagnóstico precoce ajuda a controlar os sintomas e cuidar da fertilidade. Por isso, quem tem sintomas que indiquem endometriose deve procurar o médico.

    Com tratamento adequado, seja clínico ou cirúrgico, é possível ter alívio da dor, melhora na fertilidade e mais qualidade de vida.

    Perguntas frequentes sobre endometriose

    1. Toda cólica menstrual forte é sinal de endometriose?

    Não. A cólica pode ser comum, mas se for intensa, progressiva ou incapacitante, deve ser investigada por um médico.

    2. A endometriose tem cura?

    Não existe cura definitiva, mas o tratamento ajuda a controlar a doença e os sintomas.

    3. A doença sempre causa infertilidade?

    Não. Nem todas as mulheres com endometriose vão ter dificuldade para engravidar, mas a condição aumenta o risco.

    4. O que piora a endometriose?

    A estimulação hormonal pela menstruação é o principal fator de piora para a doença.

    5. Anticoncepcional ajuda a tratar?

    Sim. O uso contínuo pode bloquear a menstruação e controlar os focos.

    Leia também: Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

  • Causas comuns de sangramento fora do período menstrual

    Causas comuns de sangramento fora do período menstrual

    Muitas mulheres já passaram pela situação de estarem tranquilas e, de repente, perceber um sangramento que não estava na programação menstrual. O susto é grande, a preocupação bate na hora, e a dúvida aparece: será que isso é normal?

    O corpo feminino tem suas particularidades, e nem todo sangramento fora do ciclo é motivo para preocupação. Mas é importante entender quando se trata de algo fisiológico, ou seja, normal, e quando pode ser um sinal de que é necessário fazer uma investigação médica.

    O que é considerado um sangramento anormal?

    Segundo a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, alguns episódios podem ser absolutamente normais.

    “Há mulheres que, no período da ovulação, apresentam pequenas alterações hormonais que fazem o endométrio descamar um pouco. Isso causa um sangramento discreto no meio do ciclo, chamado de sangramento do meio. Ele pode ser normal”, explica.

    Outra situação bem comum são os sangramentos relacionados ao uso de anticoncepcionais. “Anticoncepcionais que suspendem a menstruação podem causar esses sangramentos irregulares que chamamos de escape”, diz a ginecologista.

    Mas fora essas situações, todo sangramento fora do esperado merece atenção.

    Quando o sangramento precisa de investigação?

    De acordo com a ginecologista, qualquer sangramento recorrente fora da menstruação deve ser avaliado. Um exemplo importante é o sangramento durante a relação sexual.

    “Ele pode indicar lesões na vagina, na vulva ou no colo do útero, inclusive câncer de colo de útero”, alerta a especialista. Às vezes, a causa desse sangramento irregular também pode ser alterações no sistema de coagulação.

    Climatério e perimenopausa: fase de mudanças

    Na fase de transição para a menopausa, chamada perimenopausa, a irregularidade menstrual é a marca registrada.

    “A mulher pode sangrar a cada 15 dias, depois ficar meses sem menstruar e depois voltar a sangrar. Essa irregularidade entre os 45 e 55 anos é típica da transição para a menopausa”, explica Andreia.

    Quando os sangramentos fogem do padrão, exames podem ajudar a identificar se a menopausa está chegando.

    “O exame que usamos é o FSH (hormônio folículo-estimulante). Quando ele começa a se elevar, indica que a mulher está entrando na menopausa. Se isso ocorre em idade precoce, como aos 35 anos, não é normal, e precisamos investigar outras causas, como falência ovariana precoce”, conta ela.

    Leia também: Saiba mais sobre menstruação irregular

    Perguntas frequentes sobre sangramento fora da menstruação

    1. É normal sangrar no meio do ciclo?

    Sim, pode acontecer durante a ovulação, por alterações hormonais naturais. É o chamado “sangramento do meio”.

    2. O anticoncepcional pode causar sangramento fora do período?

    Sim. Os anticoncepcionais hormonais podem provocar escapes de vez em quando.

    3. Sangramento após a relação sexual sempre é grave?

    Não sempre, mas pode ser sinal de lesões ou doenças no colo do útero e precisa ser investigado.

    4. Na perimenopausa é comum ter sangramentos irregulares?

    Sim. Entre os 45 e 55 anos, o ciclo menstrual tende a ficar irregular, com intervalos mais curtos ou longos.

    5. O sangramento fora do ciclo pode ser câncer?

    Em alguns casos, sim, especialmente quando ocorre após a relação sexual. É por isso que toda ocorrência deve ser avaliada.

    6. O que devo fazer ao notar sangramento fora do período menstrual?

    Consultar um ginecologista. Apenas o médico pode identificar se é algo normal ou se precisa de tratamento.

    Leia também: Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

  • Seu ciclo está bagunçado? Saiba quando a menstruação irregular é sinal de alerta 

    Seu ciclo está bagunçado? Saiba quando a menstruação irregular é sinal de alerta 

    Quando o assunto é menstruação, cada mulher tem uma história para contar. Algumas têm ciclos certinhos como um relógio, enquanto outras enfrentam atrasos misteriosos ou sangramentos que chegam sem aviso. E aí vem a dúvida: o que é normal e o que é menstruação irregular e merece ser compartilhado com um médico?

    Conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, que explicou de forma clara como funciona um ciclo menstrual saudável, o que caracteriza irregularidade e em quais situações é necessário procurar o médico.

    O que é um ciclo menstrual regular

    Antes de falar em irregularidade, é importante entender o que é considerado normal.

    “Do ponto de vista médico, o ciclo menstrual clássico é de 28 dias, marcado pela ovulação no meio do ciclo. Temos a fase folicular, nas primeiras duas semanas, quando ocorre o desenvolvimento do óvulo, seguida da ovulação, que é o rompimento do folículo no ovário com a saída do óvulo para a tuba uterina”, conta a médica.

    “Depois, há a fase lútea, em que o corpo lúteo se forma e o endométrio se prepara para receber o óvulo fecundado”, período que, se não houver óvulo fecundado, culmina na menstruação.

    Segundo a ginecologista, um ciclo normal dura de 25 a 35 dias, contando sempre do primeiro dia da menstruação até o primeiro dia da próxima. “O sangramento considerado regular deve ter entre 3 e 7 dias”.

    O fluxo também entra nessa conta. Para avaliá-lo, os médicos observam a intensidade do sangramento: número de absorventes usados, presença de coágulos, vazamentos ou necessidade de combinar absorvente interno com externo para conter o fluxo. “Isso nos dá uma ideia do volume”, conta.

    Quando o ciclo é considerado irregular?

    É considerado irregular quando o ciclo dura menos de 25 ou mais de 35 dias. Se a menstruação vem a cada 15 dias ou só aparece de três em três meses, por exemplo, é sinal de que algo não está bem.

    “Quando a mulher menstrua a cada 15 dias, geralmente é porque não ovula adequadamente. Já quando menstrua apenas a cada 3 meses, pensamos em síndrome dos ovários policísticos”, explica a ginecologista.

    A irregularidade também pode se manifestar com intervalos muito variáveis, como um ciclo de 21 dias seguido de outro de 47, por exemplo.

    “Uma menstruação irregular, com intervalos ora curtos, ora longos, pode estar ligada a alterações hormonais, disfunções da hipófise, da tireoide, ou a fases fisiológicas como a perimenopausa”, explica a especialista.

    O papel da ovulação no ciclo

    A ovulação acontece, em média, no meio do ciclo menstrual. Mas o corpo pode ter variações. “Se a ovulação atrasar para o 18º dia, o ciclo pode ter 32 dias e ainda ser normal”, explica Andreia.

    O que deve chamar atenção é a falta de padrão. “Hoje os aplicativos de monitoramento ajudam muito a observar essas variações”, lembra a especialista.

    Leia também: Saúde do coração após a menopausa: conheça os cuidados nessa fase da vida

    Estilo de vida e menstruação irregular

    O corpo responde ao ritmo de vida, e a menstruação não fica de fora. Estresse, noites mal dormidas, má alimentação, peso muito baixo ou muito alto, excesso ou falta de exercícios físicos podem bagunçar o ciclo.

    “Atletas com baixo percentual de gordura podem ter amenorreia, ou seja, ausência de menstruação. Já mulheres com obesidade podem ter maior risco de síndrome dos ovários policísticos”, explica a médica.

    Até a dieta pode influenciar. “A soja, por exemplo, contém fitoestrógenos, substâncias semelhantes ao estrogênio, que podem alterar o ciclo”, completa.

    Quando é sinal de alerta?

    Nem toda irregularidade é preocupante, mas há momentos em que é preciso investigar. “A irregularidade é o primeiro sintoma comum na menopausa, mais até que os fogachos”, diz a Dra. Andreia.

    Além disso, disfunções hormonais da hipófise e da tireoide, por exemplo, podem se manifestar primeiro com alterações menstruais. Por isso, a recomendação é que quem tem ciclos fora do padrão e que se repetem com frequência devem ser avaliados por um ginecologista.

    Confira: Tratamento para mioma uterino: opções não cirúrgicas

    Perguntas frequentes sobre menstruação irregular

    1. É normal a menstruação atrasar alguns dias?

    Sim. Pequenas variações de até alguns dias ainda podem ser consideradas normais.

    2. Menstruação irregular sempre significa problema muito sério?

    Não, nem sempre. O ciclo pode variar por estresse, sono ruim ou até mudanças na alimentação. Se essas forem as causas, quando essas questões são ajustadas o ciclo tende a se regularizar.

    3. Aplicativos de ciclo menstrual são confiáveis?

    Eles ajudam a acompanhar o padrão, como duração do ciclo, volume do fluxo menstrual, entre outros parâmetros, mas não substituem a avaliação médica.

    4. Menstruação irregular é sempre sinal de ovário policístico?

    Não. Essa é uma das causas possíveis, mas existem outras, como alterações da tireoide ou da hipófise.

    5. Quem está na perimenopausa sempre terá irregularidade menstrual?

    A maioria sim, mas a intensidade varia muito de mulher para mulher.

    7. Menstruação irregular pode afetar a fertilidade?

    Sim, especialmente se for causada por falta de ovulação.

    8. Quando procurar o ginecologista?

    Sempre que os ciclos forem muito variáveis (muito curtos ou longos) ou vierem acompanhados de sintomas importantes, como sangramento excessivo ou dor intensa.

    Leia mais: Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

  • 9 hábitos alimentares que ajudam a prevenir doenças no dia a dia 

    9 hábitos alimentares que ajudam a prevenir doenças no dia a dia 

    Entre compromissos de trabalho, estudos e vida pessoal, é comum fazer escolhas rápidas e práticas quando o assunto é alimentação. Fast-food, ultraprocessados e excesso de açúcar entram facilmente na rotina, mas o consumo a longo prazo pode trazer problemas sérios à saúde — como pressão alta, diabetes, obesidade e até complicações cardíacas.

    Por outro lado, pequenas escolhas alimentares, feitas de maneira consistente, podem fazer toda a diferença na qualidade de vida. Trocar refrigerante por água, incluir frutas no lanche, reduzir o sal e optar por refeições caseiras, por exemplo, contribuem para prevenir doenças e fortalecer o organismo.

    Pensando nisso, reunimos 7 hábitos alimentares que ajudam a prevenir doenças e que podem ser colocados em prática no dia a dia de forma simples. Confira!

    Qual a relação entre hábitos alimentares e prevenção de doenças?

    Segundo Flávia Pfeilsticker, os hábitos alimentares impactam diretamente condições como diabetes, pressão alta e problemas cardiovasculares.

    Isso acontece porque cada grupo alimentar desempenha funções específicas no organismo. Alimentos ricos em fibras ajudam a controlar o açúcar no sangue, gorduras boas protegem as artérias, frutas e verduras fortalecem o sistema imunológico e até a forma como distribuímos as refeições ao longo do dia influencia nos níveis de energia e no equilíbrio hormonal.

    Da mesma forma, uma alimentação rica em ultraprocessados, sal, açúcar e gorduras saturadas aumenta a inflamação, favorece o ganho de peso, eleva colesterol e pressão arterial — favorecendo o surgimento de doenças que poderiam ser evitadas.

    Mas afinal, quais mudanças podemos incluir no dia a dia para construir uma rotina alimentar que faça diferença real na saúde? Confira, a seguir!

    1. Aposte em frutas, verduras e legumes todos os dias

    Frutas, verduras e legumes fornecem vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes que participam de diversas funções no corpo — incluindo a defesa do organismo.

    “A vitamina C, presente em frutas cítricas, e compostos de vegetais coloridos, como betacaroteno e flavonoides, auxiliam as células de defesa e cicatrização a trabalharem melhor e reduzirem processos inflamatórios”, explica a nutróloga Flávia Pfeilsticker.

    Além disso, as fibras presentes nos alimentos ajudam a controlar o apetite, evitando exageros em outras refeições. Quanto maior a variedade de cores no prato, mais completa será a oferta de nutrientes ao corpo.

    Uma dica prática é tentar incluir pelo menos três cores diferentes de vegetais no almoço e no jantar. Já no café da manhã ou nos lanches, aposte em frutas frescas, salada de frutas ou até smoothies.

    2. Dê preferência a grãos integrais e leguminosas

    Arroz integral, aveia, feijão, lentilha e grão-de-bico são ricos em fibras, minerais e proteínas vegetais. Eles têm baixo índice glicêmico, liberando energia de forma mais lenta e evitando picos de glicose no sangue — o que é fundamental para reduzir o risco de diabetes tipo 2.

    As fibras presentes nos grãos integrais também alimentam a microbiota intestinal, o conjunto de bactérias benéficas que ajudam na digestão e na defesa do organismo.

    3. Escolha proteínas magras e boas fontes de gordura

    Carnes brancas, peixes, ovos e leguminosas oferecem proteínas de qualidade sem excesso de gordura saturada. Entre eles, os peixes ricos em ômega-3, como salmão e sardinha, ajudam a proteger o coração, controlando colesterol e triglicérides.

    Já as boas gorduras estão em alimentos como azeite de oliva, castanhas, sementes de chia e linhaça. Elas melhoram a saúde das artérias, reduzem inflamações e contribuem para o funcionamento do cérebro.

    Leia mais: Dieta mediterrânea para pressão alta: como funciona

    4. Diminua o consumo de ultraprocessados, sal e açúcar

    Produtos industrializados, como refrigerantes, biscoitos recheados, embutidos e fast food, são ricos em sódio, açúcar e aditivos químicos.

    “Menos sal diminui o risco de hipertensão e, consequentemente, de complicações cardíacas e renais. Já o menor consumo de açúcar previne obesidade, diabetes e doenças metabólicas. Pequenos ajustes no dia a dia, como evitar refrigerantes e produtos ultraprocessados, já trazem grandes benefícios”, aponta Flávia Pfeilsticker.

    5. Coma com regularidade e evite longos jejuns

    Pular refeições pode parecer uma solução para “controlar calorias”, mas na prática desequilibra o metabolismo. Longos jejuns favorecem a compulsão alimentar e aumentam a chance de fazer escolhas menos saudáveis ao longo do dia.

    Manter refeições regulares, com intervalos de 3 a 4 horas, ajuda a estabilizar os níveis de glicose no sangue e evita sobrecarga no organismo. Isso também dá ao corpo a energia necessária para o dia a dia.

    6. Beba bastante água (todos os dias)

    A água está presente em todas as funções do corpo: transporte de nutrientes, regulação da temperatura, funcionamento dos rins e manutenção da pele. Mesmo uma leve desidratação já pode causar fadiga, dor de cabeça e dificuldade de concentração.

    A recomendação geral costuma ser de 2 litros por dia, mas a quantidade ideal varia de pessoa para pessoa. Uma forma prática de calcular é multiplicar o seu peso corporal por 0,03. Isso significa que cada quilo corresponde a cerca de 30 ml de água.

    Na prática, uma pessoa com 70 quilos, por exemplo, precisa de aproximadamente 2,1 litros de líquidos por dia para manter o corpo bem hidratado. No entanto, é importante lembrar que cada organismo é diferente, e fatores como idade, nível de atividade física, clima e até condições de saúde podem aumentar ou reduzir essa necessidade.

    7. Coma com calma e em boa companhia

    Fazer as refeições correndo, em frente à TV ou ao celular, atrapalha a digestão e aumenta o risco de comer mais do que o necessário. Mastigar devagar permite sentir melhor os sabores e dá tempo para o cérebro registrar a saciedade.

    8. Compre em locais que valorizam alimentos naturais

    Feiras livres, sacolões e hortifrutis oferecem mais variedade de frutas, legumes e verduras frescas — além de preços geralmente melhores, tornando-os uma ótima opção para encher a geladeira com opções in natura.

    Outra dica é planejar as compras semanais: quando a despensa está bem abastecida de alimentos naturais, as chances de recorrer a comidas industrializadas diminuem.

    9. Desconfie de propagandas “milagrosas”

    Produtos que prometem emagrecimento rápido, energia imediata ou resultados quase mágicos normalmente escondem fórmulas cheias de aditivos e açúcares. É importante questionar propagandas e não se deixar levar apenas por embalagens chamativas.

    Sempre que surgir dúvida sobre um alimento ou suplemento, busque a opinião de profissional de saúde ou consulte fontes confiáveis.

    Veja mais: Creatina: benefícios, como tomar e cuidados importantes

    Como começar a mudar hoje?

    A mudança de hábitos não precisa acontecer de uma vez. Mesmo numa rotina agitada, você pode adotar pequenas metas, que se tornam consistentes ao longo do tempo. Veja algumas dicas:

    • Substitua refrigerantes por água saborizada com frutas;
    • Inclua uma fruta no café da manhã ou no lanche da tarde;
    • Troque pães e massas brancas por versões integrais;
    • Reduza gradualmente o açúcar no café ou no chá;
    • Planeje refeições semanais para evitar recorrer a ultraprocessados;
    • Mantenha uma garrafa de água sempre por perto.

    “O corpo responde positivamente a mudanças em qualquer fase da vida. Substituir gradualmente alimentos ultraprocessados por opções naturais, incluir mais vegetais, reduzir o consumo de álcool e manter atividade física são passos que, com o tempo, melhoram exames laboratoriais e diminuem o risco de doenças crônicas”, finaliza a nutróloga Flávia Pfeilsticker.

    Perguntas frequentes

    1. É verdade que reduzir o sal diminui a pressão alta?

    Sim! O excesso de sódio é um dos principais fatores de risco para aumentar a pressão arterial, que, por sua vez, aumenta a chance de infarto, AVC e problemas renais. Mas, reduzir o sal não significa perder o sabor: temperos naturais como alho, cebola, ervas frescas, pimenta e limão realçam o gosto dos alimentos sem prejudicar a saúde.

    2. Comer de 3 em 3 horas é obrigatório?

    Na verdade, não existe uma regra única. O mais importante é não passar longos períodos em jejum, porque isso pode causar compulsão alimentar e descontrole da glicemia em algumas pessoas. Para quem sente fome com mais frequência, fracionar a alimentação em 5 ou 6 refeições pequenas pode ser útil.

    3. Proteínas são importantes só para quem treina?

    As proteínas são importantes para todos, pois participam da formação de músculos, tecidos, hormônios e enzimas. Elas também ajudam na recuperação do corpo e no fortalecimento do sistema imunológico.

    Fontes magras como frango, peixe, ovos, feijão e lentilha devem estar presentes diariamente no prato. Quem pratica atividade física tem uma demanda maior, mas mesmo pessoas que não treinam precisam de proteína para manter a saúde em dia.

    4. É possível reverter hábitos alimentares ruins depois de anos?

    Sim! Mesmo que a pessoa tenha passado anos se alimentando mal, o corpo responde positivamente quando mudanças são feitas. Substituir ultraprocessados por alimentos frescos, incluir mais legumes e reduzir o consumo de açúcar e álcool já mostra resultados em exames laboratoriais em poucos meses. A longo prazo, essas mudanças diminuem o risco de doenças crônicas e aumentam a expectativa de vida.

    5. O café faz mal à saúde?

    Depende. Em doses moderadas (2 a 3 xícaras por dia), o café pode ser benéfico para a saúde, pois contém antioxidantes e auxilia na concentração. O problema está no excesso, que pode causar insônia, ansiedade, palpitações e até refluxo.

    Outro ponto importante é evitar adicionar muito açúcar ou consumir versões industrializadas, como cafés prontos e cheios de aditivos.

    6. Posso beber líquidos durante as refeições?

    Sim, mas com moderação. Quantidades pequenas de água não atrapalham a digestão. O que pode causar desconforto é beber em excesso durante as refeições, principalmente refrigerantes e bebidas gaseificadas, que aumentam a distensão abdominal. Se possível, priorize a hidratação ao longo do dia e não apenas nos horários das refeições.

    7. É verdade que comer fibras ajuda a emagrecer?

    Sim. As fibras aumentam a sensação de saciedade, retardam a digestão e ajudam a controlar a absorção de gorduras e açúcares. Isso evita picos de glicose e reduz a vontade de beliscar. Além disso, as fibras favorecem o trânsito intestinal, o que melhora a saúde digestiva. Boas fontes são frutas, verduras, legumes, cereais integrais e leguminosas.

    8. Comer rápido demais faz mal?

    Sim. Mastigar pouco e engolir rápido pode causar má digestão, azia, refluxo e maior ingestão de calorias, já que o cérebro demora alguns minutos para registrar a saciedade. Criar o hábito de comer devagar, mastigar bem e prestar atenção na refeição ajuda o corpo a processar melhor os alimentos e controlar o apetite.

    Leia também: Qual a diferença entre nutricionista e nutrólogo?

  • Alimentação saudável: o que é, benefícios e como ter  

    Alimentação saudável: o que é, benefícios e como ter  

    Do café da manhã corrido até o jantar em família, tudo o que você coloca no prato tem impacto direto na saúde, energia e bem-estar. Afinal, a alimentação é um dos principais pilares da qualidade de vida e, quando feita de forma adequada, pode prevenir doenças, aumentar a disposição e até melhorar o humor. Mas, na prática, o que significa ter uma alimentação saudável?

    Conversamos com a nutróloga Flávia Pfeilsticker para entender melhor os benefícios de uma rotina alimentar equilibrada, aprender na prática como adotar uma alimentação saudável e identificar os sinais de que algo pode não estar indo bem. Confira!

    O que é uma alimentação saudável?

    Uma alimentação saudável é aquela que garante todos os nutrientes necessários para o corpo funcionar bem, sem excessos ou deficiências. Isso significa oferecer energia, vitaminas, minerais, fibras e proteínas na medida certa — priorizando alimentos naturais ou minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, cereais, feijões, carnes, ovos e leite.

    Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, uma alimentação saudável e equilibrada deve:

    • Atender às necessidades do corpo: cada pessoa tem exigências nutricionais diferentes, seja uma criança em fase de crescimento, uma gestante, um idoso ou um atleta;
    • Respeitar a cultura alimentar: valorizar a comida típica da região, receitas de família e modos de preparo que fazem parte da identidade cultural;
    • Ser acessível: a comida saudável precisa ser possível de manter no dia a dia, usando ingredientes disponíveis no mercado ou feira local;
    • Basear-se em práticas sustentáveis: dar preferência a alimentos locais, da estação e produzidos de forma que causem menos impacto ambiental.

    No geral, uma rotina alimentar saudável é comer de um jeito que nutre o corpo, mas também traz prazer, preserva tradições e cabe na rotina de cada pessoa.

    Quais os benefícios da alimentação saudável?

    1. Prevenção de doenças crônicas

    O Brasil vive uma transição nutricional significativa: se por um lado a desnutrição infantil diminuiu, por outro o sobrepeso e a obesidade avançaram em todas as idades. Hoje, segundo a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um em cada dois adultos e uma em cada três crianças já estão acima do peso.

    Adotar uma dieta equilibrada é fundamental para reverter a tendência, ajudar a manter o peso sob controle e reduzir o risco de doenças crônicas como hipertensão, diabetes tipo 2, obesidade e até alguns tipos de câncer.

    2. Mais energia e disposição

    Alimentos frescos, ricos em fibras e nutrientes, ajudam a regular o metabolismo e manter a energia estável ao longo do dia. Em contrapartida, produtos ultraprocessados costumam provocar picos de glicose seguidos de quedas bruscas, o que deixa a pessoa cansada e sem disposição.

    3. Melhora da saúde mental

    Estudos mostram que dietas ricas em vegetais, frutas e grãos estão ligadas a menores índices de depressão e ansiedade. Além disso, o simples ato de compartilhar refeições em família ou em grupo fortalece vínculos sociais e aumenta a sensação de bem-estar.

    4. Melhor sono

    Alimentos ricos em magnésio, como sementes, oleaginosas, espinafre e abacate, ajudam a relaxar os músculos e reduzir a ansiedade — favorecendo o descanso. Já refeições muito pesadas, com excesso de gordura saturada e ultraprocessados no jantar, dificultam a digestão e podem provocar insônia ou sono agitado.

    5. Fortalecimento da imunidade

    Um dos principais benefícios da alimentação saudável é a melhora do sistema imunológico. Nutrientes como vitamina C, vitamina D, ferro, zinco e probióticos são fundamentais para que o corpo esteja preparado para enfrentar vírus e bactérias. Uma dieta rica em frutas cítricas, vegetais variados, leguminosas e alimentos fermentados ajuda a reduzir o risco de gripes recorrentes, infecções e inflamações.

    6. Mais concentração e memória

    Alimentos ricos em ômega-3, como peixes de água fria (salmão, sardinha, atum), ajudam a proteger as células cerebrais e favorecem a memória. Castanhas, nozes e vegetais de folhas verdes fornecem antioxidantes e vitaminas que melhoram a circulação sanguínea e a oxigenação do cérebro — melhorando o foco e a concentração.

    7. Melhora da digestão

    Uma dieta rica em fibras, presente em frutas, verduras, legumes, cereais integrais e sementes, ajuda a regular o trânsito intestinal e evitar problemas como constipação e inchaço abdominal. Além disso, beber água regularmente potencializa o efeito das fibras.

    Por outro lado, o excesso de ultraprocessados, fast food e bebidas açucaradas tende a desequilibrar a flora intestinal, prejudicando não só a digestão, mas também a absorção de nutrientes.

    Como classificar os alimentos?

    Para facilitar, o Guia Alimentar para a População Brasileira divide os alimentos em quatro grupos principais, sendo eles:

    • Alimentos in natura ou minimamente processados: frutas, verduras, legumes, grãos, ovos, leite, carnes, arroz, feijão. Eles devem ser a base da alimentação;
    • Ingredientes culinários processados: óleos, manteiga, sal, açúcar. Podem ser usados em pequenas quantidades para temperar ou cozinhar;
    • Alimentos processados: pães, queijos, conservas podem fazer parte da dieta, mas com moderação;
    • Alimentos ultraprocessados: refrigerantes, biscoitos recheados, embutidos, salgadinhos devem ser evitados, pois contêm excesso de sal, açúcar, gorduras ruins e aditivos.

    Como ter uma alimentação saudável no dia a dia

    Adotar uma alimentação mais saudável não significa começar com mudanças radicais, e sim dar passos consistentes no dia a dia, afirma a nutróloga Flávia Pfeilsticker.

    “Muitas pessoas acreditam que é preciso cortar totalmente açúcar e frituras para se alimentar bem. Na prática, não se trata de proibição absoluta, mas de moderação: a restrição gera compulsão. O consumo eventual de doces ou frituras não compromete a saúde, desde que a base da alimentação seja equilibrada”, explica a especialista.

    Pequenas mudanças no dia a dia já são suficientes para transformar o seu relacionamento com a comida, como:

    1. Monte pratos coloridos

    O primeiro passo é olhar para o prato e avaliar se há variedade, pois quanto mais colorida for a refeição, maior será a diversidade de nutrientes ingeridos.

    Cada tonalidade indica a presença de vitaminas e minerais específicos: o laranja da cenoura e da abóbora, por exemplo, contêm betacaroteno, importante para os olhos e a pele. Já o verde-escuro das folhas, como couve e espinafre, é rico em ferro, cálcio e fibras, que auxiliam na formação dos ossos, na prevenção da anemia e no bom funcionamento do intestino.

    “Incluir mais frutas, verduras e legumes, reduzir ultraprocessados e preferir alimentos frescos já é um grande começo. Planejar as compras e organizar a rotina de refeições também ajuda a evitar escolhas por impulso”, aponta Flávia Pfeilsticker.

    2. Priorize alimentos in natura ou minimamente processados

    A base de uma alimentação saudável deve ser composta por alimentos de verdade: frutas, verduras, legumes, cereais integrais, arroz, feijão, carnes frescas, peixes, ovos e leite.

    Eles fornecem vitaminas, minerais, fibras e proteínas que o corpo aproveita melhor. Ao contrário dos ultraprocessados, não têm excesso de aditivos, corantes ou conservantes. Quanto mais natural for o alimento, mais saudável e nutritivo ele será no prato.

    3. Reduza o consumo de ultraprocessados

    Refrigerantes, biscoitos, salgadinhos, embutidos, macarrão instantâneo e cereais açucarados são ricos em açúcar, sódio, gorduras ruins e aditivos artificiais. Além de pouco nutritivos, são formulados para serem consumidos em excesso.

    O consumo frequente está diretamente ligado ao aumento de obesidade, hipertensão, diabetes e outras doenças crônicas. Isso não significa nunca mais consumir os alimentos, mas entender que eles não devem estar presentes no dia a dia.

    4. Beba água

    A água é fundamental para o transporte de nutrientes, regulação da temperatura do corpo, bom funcionamento do intestino e até da pele. Muitas vezes, a sensação de cansaço ou dor de cabeça tem relação com a falta de hidratação.

    O ideal é beber água ao longo do dia, sem esperar a sede aparecer. Substituir a água por refrigerantes ou sucos artificiais não traz o mesmo benefício, já que essas bebidas carregam açúcar e aditivos que aumentam as calorias da dieta e podem favorecer o ganho de peso.

    5. Planeje as refeições

    A correria do dia a dia faz com que muitas pessoas recorram a lanches rápidos, fast food e pedidos de aplicativo. Uma forma prática de evitar isso é planejar a semana: organizar a lista de compras, cozinhar em casa quando possível e até preparar marmitas para levar ao trabalho ou à faculdade. Ter sempre alimentos frescos e prontos ajuda a tomar decisões mais saudáveis.

    6. Coma com atenção e prazer

    Fazer as refeições com calma, sentado à mesa e, de preferência, acompanhado, melhora a digestão e favorece a sensação de saciedade. O chamado “comer consciente” evita exageros, já que você percebe melhor os sinais de fome e satisfação.

    Além disso, compartilhar refeições com familiares ou amigos fortalece vínculos sociais e torna a alimentação um momento de prazer e convivência.

    7. Evite dietas restritivas

    De acordo com Flávia, um dos principais riscos para quem está começando são os modismos alimentares e as dietas extremamente restritivas.

    Uma dieta restritiva é aquela que corta de forma intensa ou até elimina totalmente determinados grupos de alimentos ou nutrientes da alimentação diária. Normalmente, ela reduz drasticamente calorias, carboidratos, gorduras ou até proteínas.

    Apesar de oferecerem resultados rápidos, essas estratégias não são sustentáveis e podem gerar deficiências nutricionais importantes — além de queda de energia, fraqueza, perda de massa muscular e até problemas hormonais. Em muitos casos, também pode levar ao “efeito sanfona”, em que a pessoa emagrece rápido, mas recupera o peso logo depois por não conseguir manter as restrições.

    Alimentação saudável de crianças e adolescentes

    Para crianças, a alimentação saudável é essencial para crescer bem, fortalecer a imunidade e ajudar no desenvolvimento do cérebro. Nessa fase, o corpo está em formação e cada nutriente é importante para garantir energia, saúde e boa concentração.

    Vale lembrar que nenhum alimento isolado é capaz de oferecer tudo o que o organismo precisa — por isso, a variedade é fundamental.

    • Nos primeiros dois anos de vida, a orientação é que o bebê seja mantido em amamentação exclusiva até os seis meses de vida, seguido da introdução alimentar com frutas, legumes, cereais e proteínas de forma natural, sem açúcar ou ultraprocessados;
    • Na infância, a base da alimentação deve ser feita de alimentos frescos e preparados em casa. Comer em família também ajuda, já que as crianças aprendem pelo exemplo. Quando os pais valorizam frutas, verduras e refeições caseiras, os filhos tendem a seguir o mesmo caminho.

    O consumo frequente de ultraprocessados na infância, como refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados e fast food, está diretamente associado ao aumento dos índices de obesidade infantil e ao desenvolvimento precoce de doenças crônicas já na adolescência, como hipertensão e diabetes tipo 2.

    Por isso, investir numa rotina alimentar desde cedo é fundamental para garantir o crescimento adequado da criança, bom desempenho escolar e proteção contra problemas de saúde no futuro.

    Como saber se a alimentação atual está prejudicando a saúde?

    Segundo a nutróloga Flávia Pfeilsticker, alguns sinais simples já mostram quando a alimentação não vai bem. Cansaço frequente, dificuldade de concentração, ganho de peso sem explicação, prisão de ventre ou diarreia são indícios de que os hábitos alimentares precisam de ajustes.

    Além dos sintomas do dia a dia, exames laboratoriais com alterações, como colesterol, glicemia e triglicérides, podem indicar que a alimentação está favorecendo o desenvolvimento de doenças crônicas.

    “Embora seja possível começar sozinho, o acompanhamento médico e nutricional é muito útil, especialmente para quem já tem doenças como diabetes, hipertensão ou obesidade”, finaliza Flávia.

    Perguntas frequentes

    1. Preciso cortar totalmente doces e frituras para ser saudável?

    A resposta é não. A alimentação saudável é sobre equilíbrio, não sobre restrição. Doces e frituras podem estar presentes em momentos específicos, desde que não façam parte da rotina diária. O problema surge quando esses alimentos ocupam mais espaço que frutas, verduras, legumes e proteínas.

    2. Como montar um prato saudável no dia a dia?

    Uma forma prática de montar um prato saudável é pensar em equilíbrio: metade com vegetais, um quarto com carboidratos como arroz integral, batata ou mandioca e o outro quarto com proteínas, que podem ser carne, frango, peixe, ovos ou leguminosas como feijão e lentilha.

    3. Qual a diferença entre processados e ultraprocessados?

    Os processados são alimentos que passam por alterações para ganhar maior durabilidade, mas ainda preservam boa parte de suas características originais, como queijos, conservas e pães. Eles podem fazer parte da alimentação, desde que consumidos com moderação.

    Já os ultraprocessados passam por diversas etapas industriais, são feitos com ingredientes artificiais e geralmente contêm aditivos químicos, excesso de sal, açúcar e gorduras ruins. Entre eles, podemos citar os refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote e embutidos como salsicha e presunto. Eles devem ser evitados no dia a dia.

    4. Comer à noite engorda?

    Na verdade, o que importa é a qualidade e a quantidade dos alimentos ingeridos ao longo do dia, não apenas o horário. Comer à noite só será um problema se houver exagero ou escolhas muito calóricas e pesadas, que atrapalham a digestão e o sono.

    5. Preciso comer de três em três horas?

    Não existe uma regra universal. Algumas pessoas se adaptam bem a refeições mais frequentes e menores, enquanto outras preferem intervalos maiores. O importante é não passar longos períodos em jejum para evitar exageros depois e, principalmente, respeitar os sinais de fome e saciedade.

  • Ciática: o que é e como aliviar a dor no nervo ciático

    Ciática: o que é e como aliviar a dor no nervo ciático

    A dor no nervo ciático, também conhecida como dor ciática ou ciatalgia, é uma das dores mais comuns que afetam a coluna e os membros inferiores. Ela pode surgir de repente, irradiando da lombar até a perna — e, devido a intensidade, pode interferir em atividades simples, como caminhar, sentar ou dormir.

    Para esclarecer dúvidas sobre a ciática, as causas, sintomas e tratamentos, conversamos com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, da Escola Paulista de Medicina.

    O que é nervo ciático?

    O nervo ciático é o maior e mais espesso nervo do corpo humano. Ele começa na parte inferior da coluna vertebral, passa pelas nádegas e desce pela parte de trás de cada perna até os pés. Ele é responsável por grande parte dos membros inferiores, transmitindo informações sensoriais e motoras entre a medula e as pernas e pés.

    Por ser tão longo e desempenhar várias funções importantes, o nervo ciático está sujeito a diferentes formas de alteração, compressão ou inflamação, que podem provocar desde sinais leves até crises intensas e incapacitantes.

    O nervo ciático é fundamental para os movimentos do dia a dia, como levantar da cadeira, agachar, subir escadas, caminhar e manter o equilíbrio. Por isso, qualquer problema nele afeta diretamente a rotina e a qualidade de vida.

    O que causa dor no nervo ciático?

    A causa mais comum da dor no nervo ciático é a compressão de suas raízes na coluna lombar, que pode ser provocada pelos seguintes fatores:

    • Hérnia de disco: é a causa mais frequente da dor no nervo ciático, e ocorre quando o material gelatinoso dentro de um disco que fica entre as vértebras da coluna (que funciona como um amortecedor) se desgasta ou se rompe, fazendo com que seu material interno pressione a raiz do nervo ciático;
    • Estenose espinhal: é o estreitamento do canal espinhal na região lombar, que pode comprimir os nervos, incluindo o ciático. Isso geralmente ocorre em pessoas mais velhas;
    • Síndrome do piriforme: o músculo piriforme, localizado nas nádegas, pode ter espasmos e pressionar o nervo ciático, que passa por baixo ou através dele;
    • Lesões ou fraturas: traumas na coluna ou na pelve podem danificar ou comprimir o nervo;
    • Tumores: embora menos comum, um tumor na coluna vertebral pode crescer e exercer pressão sobre o nervo ciático.

    Além dessas condições, a neurocirurgiã Ana Gandolfi aponta que pessoas com fraqueza muscular, especialmente na região glútea, ou algumas condições — como gestantes ou pacientes que perderam peso muito rápido — tendem a desenvolver um processo inflamatório no nervo ciático, o que aumenta a dor.

    “Qualquer dor que seja decorrente de um processo inflamatório próximo ao nervo é muito intensa”, complementa a especialista.

    Quais os sintomas de ciática?

    O principal sintoma da ciática é a dor que irradia da região lombar ou glútea para a parte de trás da perna, podendo chegar até o pé. Ela apresenta algumas características típicas, como:

    • Pode ser em choque, fisgada ou queimação;
    • Muitas vezes piora ao permanecer sentado por muito tempo;
    • Aumenta ao espirrar, tossir ou fazer esforço;
    • Em alguns casos, vem acompanhada de formigamento, dormência ou fraqueza muscular.

    É importante destacar que nem toda dor na lombar é ciática. A ciática é um tipo específico de dor, que segue o trajeto do nervo ciático. Por isso, a avaliação médica é fundamental para diferenciar de outras dores lombares comuns.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da dor no nervo ciático é feito por um médico, geralmente um ortopedista ou neurocirurgião, e envolve inicialmente uma avaliação médica – para entender sobre os sintomas, os fatores de risco e o histórico médico do paciente.

    Depois, o especialista realiza o exame físico, verificando reflexos, força muscular, sensibilidade e movimentos que desencadeiam dor.

    Em muitos casos, só a avaliação clínica já é suficiente para direcionar o tratamento. Mas exames de imagem podem ser necessários para confirmar a causa, como:

    • Ressonância magnética: é o exame mais eficaz para visualizar a compressão do nervo ciático, pois oferece imagens detalhadas dos tecidos moles, como discos intervertebrais, músculos e o próprio nervo;
    • Tomografia computadorizada: útil em casos de suspeita de fraturas ou alterações ósseas;
    • Raio-X: geralmente não é suficiente para diagnosticar a causa da dor ciática, mas pode ajudar a identificar problemas ósseos, como osteófitos (bicos de papagaio).

    Vale ressaltar que a escolha do exame depende da suspeita clínica. Só pedir uma ressonância da coluna, sem analisar o paciente como um todo, pode mostrar alterações que não explicam a dor. Por isso, o diagnóstico correto precisa juntar o exame físico detalhado com os exames de imagem certos.

    Como é feito o tratamento de dor ciática?

    O tratamento da dor ciática depende da gravidade e da causa dos sintomas. Mas, na maioria dos casos, um tratamento conservador é suficiente para aliviar a dor, reduzir a inflamação e fortalecer a musculatura para prevenir novas crises.

    Entre algumas das abordagens, é possível apontar:

    • Remédios, como analgésicos e anti-inflamatórios, para aliviar a dor e a inflamação. Em casos mais graves, pode ser usadas injeções de analgésicos ou corticosteroides para reduzir a dor e o inchaço ao redor do nervo;
    • Fisioterapia, que ajuda a fortalecer os músculos que dão suporte à coluna, melhoram a flexibilidade e corrigem a postura, o que alivia a pressão sobre o nervo;
    • Compressas frias nas primeiras 48 horas podem ajudar a diminuir a inflamação. Depois disso, compressas quentes podem relaxar os músculos e aumentar o fluxo sanguíneo na área, aliviando a dor;
    • Exercícios leves, como caminhada e natação, podem ser benéficos. Alongamentos suaves, como os de yoga, também ajudam a manter a flexibilidade e a mobilidade.

    Quando a cirurgia é necessária?

    De acordo com Ana, a indicação de cirurgia geralmente surge quando a dor não melhora, mesmo com o uso adequado da medicação em dose máxima e sob acompanhamento médico, ou quando o paciente apresenta perda de força, especialmente no pé.

    Contudo, a especialista reforça que é fundamental identificar com precisão a origem do problema para definir o tratamento correto.

    Confira: 8 dicas para prevenir a dor nas costas no dia a dia

    Como aliviar a dor no nervo ciático?

    Além do tratamento médico, alguns hábitos ajudam a aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida, como:

    • Fortalecer a musculatura glútea e abdominal: exercícios de baixo impacto, como pilates, yoga e caminhadas leves, reduzem a sobrecarga da coluna e mantêm o nervo protegido;
    • Adotar boa postura: evite permanecer muitas horas na mesma posição. Ao sentar, mantenha a coluna ereta, e ao levantar peso, faça movimentos corretos para não sobrecarregar a lombar;
    • Controlar o peso corporal: o excesso de peso aumenta a pressão sobre a coluna, mas perder peso muito rápido também prejudica, pois enfraquece a sustentação muscular;
    • Investir em hábitos de vida saudáveis: dormir bem, manter uma alimentação equilibrada e reduzir o estresse ajudam a diminuir processos inflamatórios e a prevenir crises de dor.

    É possível prevenir a dor no nervo ciático?

    Nem sempre é possível prevenir totalmente a ciática, mas adotar alguns cuidados reduz bastante o risco de desenvolver o problema. Entre eles:

    • Praticar atividade física regularmente, com foco no fortalecimento muscular;
    • Cuidar da postura ao sentar, levantar e carregar peso;
    • Manter um peso saudável, evitando tanto o excesso quanto a perda muito rápida;
    • Investir em ergonomia, especialmente para quem trabalha muitas horas sentado;
    • Consultar um médico ao perceber sinais persistentes, como dor irradiada, formigamento ou fraqueza nas pernas.

    Segundo Ana, a prevenção também envolve olhar para grupos de risco, como gestantes, pacientes que perderam peso rápido ou têm fraqueza muscular — e investir em fortalecimento e avaliação médica.

    Perguntas frequentes sobre dor ciática

    1. A dor ciática é considerada uma doença?

    Não. É importante deixar claro que a dor ciática é um sintoma de outra condição, como hérnia de disco, síndrome do piriforme, alterações musculares, inflamações ou até processos infecciosos. Por isso, o tratamento não deve focar apenas em aliviar a dor, mas em investigar a causa do problema.

    2. Onde dói quando o nervo ciático está inflamado?

    A dor geralmente começa na lombar ou no glúteo e segue o trajeto do nervo, descendo pela parte de trás da coxa e podendo chegar até a panturrilha, tornozelo e planta do pé.

    A dor pode ser sentida como choque, fisgada, queimação ou até sensação de facada. Muitas vezes piora quando a pessoa está sentada por muito tempo, tosse ou faz esforço.

    3. A dor ciática pode afetar as duas pernas ao mesmo tempo?

    Na maioria das vezes, a ciática afeta apenas uma perna. Isso acontece porque a compressão geralmente ocorre em apenas uma raiz nervosa da coluna lombar.

    No entanto, em casos mais raros, como em estenose de canal lombar avançada ou grandes hérnias de disco centrais, a dor pode se manifestar nos dois lados, causando desconforto bilateral.

    4. Dor ciática e dor lombar são a mesma coisa?

    Não. A dor lombar é um termo genérico para qualquer dor na região baixa das costas. Já a dor ciática é uma dor que pode se iniciar na região lombar, mas que segue o trajeto do nervo ciático.

    5. A ciática pode surgir em pessoas jovens?

    É mais comum a partir dos 30 ou 40 anos, mas jovens também podem ter crises de ciática, principalmente atletas ou pessoas que treinam sem orientação, gestantes ou quem passa muitas horas sentado em má postura.

    6. O que posso fazer em casa para aliviar a dor ciática?

    Algumas medidas podem ajudar a aliviar a dor enquanto a pessoa aguarda a consulta médica:

    • Aplicar calor local (bolsa de água morna);
    • Alongamentos leves da lombar e glúteos;
    • Evitar longos períodos sentado;
    • Dormir em colchão firme, de lado, com travesseiro entre os joelhos.

    Mas é fundamental procurar atendimento médico se a dor persistir por mais de alguns dias.

    Leia também: Hérnia de disco: o que é, causas, sintomas e como tratar

  • Hérnia de disco: o que é, causas, sintomas e como tratar 

    Hérnia de disco: o que é, causas, sintomas e como tratar 

    A hérnia de disco é um dos problemas mais comuns da coluna, e está entre as principais causas de afastamento do trabalho, já que provoca dores incapacitantes e limitações físicas que afetam desde tarefas simples, como se abaixar, até atividades profissionais.

    A condição preocupa porque, além de frequente, pode comprometer a qualidade de vida se não for diagnosticada e tratada de forma adequada. Pensando nisso, conversamos com a neurocirurgiã Ana Camila Gandolfi para esclarecer as principais dúvidas sobre a condição e como tratá-la.

    O que é hérnia de disco?

    Para entender a hérnia de disco, é importante compreender como funciona a coluna vertebral. Ela é formada por várias vértebras (os ossos da coluna) empilhadas uma sobre a outra. Entre elas existe o disco intervertebral, que funciona como um amortecedor. Ele é composto por um anel fibroso, mais resistente, e um núcleo interno mais gelatinoso, justamente para absorver impactos.

    Quando esse anel sofre desgaste ou se rompe, o núcleo pode se deslocar ou extravasar, comprimindo estruturas próximas, como nervos e raízes nervosas. É aí que surge a hérnia de disco, que provoca sintomas como dor, formigamento, fraqueza e limitação de movimentos.

    Segundo Ana Camila Gandolfi, a hérnia pode aparecer por sobrecarga (excesso de exercícios ou levantamento de peso), após um trauma na coluna, ou até de forma espontânea em pessoas com alterações no colágeno, já que o anel fibroso do disco é formado por essa proteína.

    Em alguns casos, há ainda uma predisposição genética, ou seja, pessoas com histórico familiar de hérnia de disco têm mais chances de desenvolver o problema.

    Causas da hérnia de disco

    Normalmente, a hérnia de disco é resultado de um processo de desgaste natural, associado a fatores de risco que aceleram ou intensificam esse processo, como:

    • Envelhecimento natural: com o passar dos anos, os discos intervertebrais perdem água e elasticidade, ficando mais suscetíveis a fissuras e deslocamentos;
    • Movimentos repetitivos e esforços físicos: profissões que exigem levantar peso, carregar cargas ou movimentos repetitivos de torção da coluna aumentam a chance de lesão;
    • Postura inadequada: passar horas sentado de maneira incorreta, dormir de mal jeito ou permanecer muito tempo em pé sem apoio adequado pode sobrecarregar a coluna;
    • Sedentarismo: a falta de exercícios enfraquece a musculatura que dá suporte à coluna, aumentando o risco de problemas nos discos;
    • Excesso de peso: o sobrepeso e a obesidade aumentam a pressão sobre toda a coluna, especialmente na região lombar, que já suporta naturalmente a maior parte do peso do corpo;
    • Fatores genéticos: alterações no colágeno, na estrutura dos discos ou até no formato da coluna podem ser herdadas, tornando algumas pessoas mais vulneráveis, mesmo com hábitos de vida saudáveis;
    • Traumas e acidentes: quedas, pancadas diretas ou impactos fortes, como os que ocorrem em esportes de contato ou em acidentes automobilísticos, podem provocar lesões na coluna e levar ao surgimento de hérnias.

    Quais os sintomas de hérnia de disco?

    Os sintomas de hérnia de disco variam conforme a região afetada e o grau da compressão nervosa. Algumas pessoas, por exemplo, sequer apresentam sintomas. O problema só existe se a hérnia provoca sinais clínicos, como:

    • Dor lombar que irradia para a perna (ciatalgia);
    • Dor cervical que se espalha para o braço;
    • Dor intensa e incapacitante;
    • Formigamento ou dormência em faixa (na perna ou no braço, dependendo da raiz nervosa atingida);
    • Perda de força, que é o sinal mais grave, pois indica comprometimento neurológico.

    Normalmente, a perda de força na hérnia cervical afeta mãos e dedos; já na hérnia lombar, pode atingir o pé.

    É importante observar a intensidade e a persistência dos sintomas. Uma dor nas costas passageira não significa hérnia de disco, mas se os sinais se mantêm por semanas ou pioram com o tempo, é fundamental buscar avaliação médica.

    Diagnóstico de hérnia de disco

    O diagnóstico de hérnia de disco é feito, inicialmente, com avaliação clínica, em que o médico estuda a história do paciente e examina força, sensibilidade e reflexos.

    De acordo com Ana Camila Gandolfi, é importante ter uma hipótese diagnóstica primeiro, pois atualmente, estudos mostram que boa parte das pessoas acima de 40 anos apresentará alguma hérnia de disco nos exames — mas sem sintomas. Nesses casos, não é necessário tratamento.

    Se realmente houver suspeita clínica de hérnia de disco, podem ser solicitados dois exames principais:

    • Tomografia computadorizada: mostra melhor a parte óssea e pode evidenciar redução do espaço entre vértebras e calcificações próximas à hérnia;
    • Ressonância magnética: é o exame mais completo, pois mostra em detalhe as estruturas moles, como o próprio disco e os nervos. Ela permite identificar se há compressão nervosa associada.

    Como é feito o tratamento de hérnia de disco?

    Na maioria dos casos, a hérnia de disco pode ser tratada de forma conservadora, ou seja, não é preciso fazer cirurgia — e o quadro pode ser revertido com algumas abordagens, como:

    • Remédios: o uso de analgésicos e anti-inflamatórios pode ajudar a reduzir a dor e a inflamação. Dependendo do quadro, corticoides orais ou injetáveis podem ser indicados;
    • Fisioterapia: os exercícios fortalecem a musculatura de suporte da coluna, melhoram a postura e aumentam a flexibilidade. Técnicas de acupuntura, pilates e hidroterapia também podem ajudar, com orientação médica;
    • Mudanças de hábito: além de manter o peso adequado, alguns hábitos, como corrigir a postura no trabalho, usar cadeira ergonômica e evitar levantar peso de forma incorreta ajudam no dia a dia.

    O tempo de recuperação varia de pessoa para pessoa. Algumas melhoram em semanas, enquanto outras precisam de meses para se sentirem completamente bem.

    Quando a cirurgia é necessária?

    A cirurgia para hérnia de disco é indicada em casos específicos, quando o tratamento conservador não traz resultados ou quando há risco de danos neurológicos. As principais situações, segundo Ana, incluem:

    • Perda de força: é uma urgência médica e, nesses casos, o paciente precisa operar rapidamente, em até 24 horas, para evitar sequelas permanentes;
    • Perda de sensibilidade: não é sempre indicação imediata, mas exige acompanhamento de perto, já que pode evoluir para perda de força. Além disso, a sensibilidade pode demorar meses para voltar ao normal;
    • Dor intratável: quando o paciente já tentou várias medicações de uso contínuo, associadas ou não, e mesmo assim não consegue controlar a dor.

    É possível prevenir a hérnia de disco?

    Qualquer pessoa pode desenvolver hérnia de disco em algum momento da vida. Embora fatores como idade e genética não possam ser controlados, adotar hábitos de vida saudáveis faz diferença e pode ajudar a proteger a coluna, reduzindo o risco de desgaste precoce.

    Entre as medidas preventivas, é possível citar:

    • Praticar atividade física regularmente: manter uma rotina de exercícios ajuda a fortalecer os músculos abdominais, dorsais e das pernas;
    • Manter o peso adequado: controlar o peso corporal diminui a pressão constante sobre os discos intervertebrais, especialmente na região lombar;
    • Cuidar da postura: ao sentar, é importante manter os pés totalmente apoiados no chão e as costas eretas, preferencialmente com apoio lombar;
    • Evitar movimentos bruscos: ao carregar peso, a forma correta é sempre dobrar os joelhos, manter a carga próxima ao corpo e evitar torções repentinas da coluna;
    • Escolher colchão e travesseiro adequados: dormir bem alinhado é fundamental para que a coluna descanse corretamente;
    • Fazer pausas no trabalho: quem fica muito tempo sentado deve se levantar a cada hora, andar um pouco e alongar.

    Vale lembrar que mesmo quem já tem hérnia pode se beneficiar do fortalecimento muscular. Músculos fortes ajudam a reduzir os sintomas e, em muitos casos, evitam a necessidade de cirurgia.

    Perguntas frequentes sobre hérnia de disco

    1. Toda dor nas costas significa hérnia de disco?

    Não. A dor nas costas pode ter muitas causas, desde má postura até contraturas musculares. A hérnia de disco é apenas uma das possibilidades. O diagnóstico correto depende da avaliação médica e de exames de imagem.

    2. Quais são os sintomas mais preocupantes da hérnia de disco?

    Os sinais de alerta incluem: dor que desce para a perna ou braço, perda de sensibilidade em áreas específicas, fraqueza muscular e dificuldade para realizar movimentos simples, como segurar objetos ou andar. Eles indicam compressão nervosa mais importante e exigem atenção médica rápida.

    3. A hérnia de disco pode sumir sozinha?

    Em alguns casos, sim. O organismo consegue reabsorver parte do material que extravasou do disco. Isso não acontece em todos os pacientes, mas pode explicar por que algumas pessoas melhoram apenas com tratamento conservador, sem necessidade de cirurgia.

    4. Quem tem hérnia de disco pode praticar exercícios físicos?

    Sim, e muitas vezes deve! Exercícios de baixo impacto, como caminhada, pilates, natação e fortalecimento muscular orientado, são fundamentais para a recuperação e prevenção do quadro. O importante é evitar exercícios de impacto ou que sobrecarreguem a coluna sem orientação profissional.

    5. Quem faz cirurgia de hérnia de disco pode voltar ao normal?

    Na maioria dos casos, sim. Muitos pacientes voltam a ter qualidade de vida, sem dor e com mobilidade preservada. No entanto, a recuperação depende de fisioterapia, fortalecimento muscular e mudanças de hábitos. Importante lembrar que a cirurgia não impede o surgimento de novas hérnias em outros discos.

    6. A hérnia de disco tem cura?

    A hérnia de disco pode ser controlada na maioria dos casos, especialmente quando o tratamento é iniciado precocemente e de forma adequada. O objetivo do tratamento é eliminar a dor, a inflamação e outros sintomas, permitindo que a pessoa volte à sua rotina.

    7. Quando a hérnia de disco é considerada grave?

    A hérnia é grave quando causa perda de força muscular, dificuldade para andar, alterações na sensibilidade ou problemas para controlar urina e fezes (síndrome da cauda equina). Nesses casos, deve haver atendimento médico imediato, muitas vezes com cirurgia de urgência.

    Leia também: 8 dicas para prevenir a dor nas costas no dia a dia

  • 8 dicas para prevenir a dor nas costas no dia a dia

    8 dicas para prevenir a dor nas costas no dia a dia

    Passar horas sentado diante do computador, dirigir por muito tempo ou carregar peso de forma errada são alguns dos principais fatores que causam dores nas costas. É um incômodo tão comum que, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% da população mundial terá ao menos um episódio significativo de dor nas costas ao longo da vida.

    Como a maioria dos casos está ligada a hábitos do dia a dia, pequenas mudanças na rotina (como corrigir a postura e praticar exercícios físicos regularmente) podem reduzir significativamente a ocorrência de dores e melhorar a qualidade de vida.

    Pensando nisso, listamos as principais causas da dor nas costas e as orientações práticas para preveni-la, com dicas que podem ser aplicadas tanto no trabalho quanto em casa. Confira!

    Afinal, o que causa dor nas costas?

    O ortopedista Caio Gonçalves de Souza explica que as dores nas costas podem ser causadas por diversos fatores, podendo atingir jovens, adultos e idosos. Entre os fatores mais comuns estão:

    • Má postura nas atividades diárias: sentar-se curvado, ficar horas no celular ou trabalhar com o monitor na altura errada sobrecarrega a coluna;
    • Levantamento incorreto de peso: pegar objetos no chão sem dobrar os joelhos aumenta o risco de lesões;
    • Sedentarismo: a falta de exercícios enfraquece a musculatura de sustentação da coluna;
    • Uso excessivo de dispositivos eletrônicos: olhar para baixo por horas mexendo no celular causa sobrecarga na cervical;
    • Movimentos repetitivos: atividades como varrer, carregar caixas ou digitar por longos períodos geram fadiga muscular;
    • Estresse e tensão emocional: aumentam a contração muscular e agravam as dores, principalmente na região cervical;
    • Envelhecimento: o desgaste natural dos discos intervertebrais e articulações leva a episódios mais frequentes de dor;
    • Traumas e quedas: desde pequenos impactos até acidentes maiores, podem desencadear dores importantes.

    Como prevenir a dor nas costas no dia a dia?

    Pequenas mudanças de postura, de rotina e de ambiente podem reduzir muito os episódios de dor, como:

    1. Mantenha uma boa postura

    Ao sentar, o ideal é apoiar totalmente as costas no encosto da cadeira, manter os ombros relaxados e os dois pés firmes no chão. Cruzar as pernas pode parecer confortável, mas favorece o desalinhamento da pelve e aumenta a sobrecarga lombar.

    2. Levante-se com frequência

    Ficar muito tempo sentado, em especial diante do computador, reduz a circulação sanguínea e aumenta a rigidez muscular. O recomendado é levantar por intervalos, dar alguns passos e realizar movimentos simples de alongamento.

    Você pode ir buscar um café, ir ao banheiro ou aproveitar o momento para esticar as pernas. O hábito reduz (e muito!) a fadiga dos músculos de sustentação e previne contraturas.

    3. Saiba como pegar peso

    O esforço sempre deve ser feito com as pernas, nunca com a coluna. Isso significa dobrar os joelhos, manter as costas retas e segurar o objeto bem perto do corpo. Também vale respeitar o próprio limite, não querer carregar mais do que aguenta e, sempre que possível, dividir a carga com outra pessoa.

    4. Pratique atividade física

    O sedentarismo está entre os principais fatores de risco para dor nas costas. “A ausência de movimento leva ao enfraquecimento muscular – especialmente dos músculos responsáveis por estabilizar a coluna (core) – e à perda de flexibilidade das articulações”, explica Caio.

    Exercícios que fortalecem a musculatura do abdômen, lombar e pelve (como pilates, yoga, musculação, caminhada e natação) contribuem para estabilizar a coluna e reduzir a chance de sobrecarga. A recomendação mínima é de 150 minutos de atividade física por semana, segundo orientações da OMS.

    “Antes de iniciar qualquer atividade física, principalmente pessoas com histórico de dor crônica ou limitações, é recomendável avaliação com profissional de saúde qualificado (médico, fisioterapeuta ou educador físico)”, aponta o ortopedista.

    5. Evite sobrecargas

    Carregar peso em um só braço ou usar mochilas de alças finas favorece o desequilíbrio postural e aumenta a sobrecarga na coluna e nos ombros. Quando o hábito se repete por muito tempo, pode causar dores musculares e até alterações na curvatura da coluna.

    O ideal é dividir o peso entre os dois lados do corpo e preferir mochilas de duas alças largas, acolchoadas e firmes, que distribuem melhor a carga e reduzem o risco de lesões. Também é importante evitar o excesso de peso em bolsas e mochilas para preservar a saúde da coluna no dia a dia.

    6. Adapte o ambiente de trabalho

    Um espaço mal ajustado faz com que o corpo compense de forma errada, adotando posições prejudiciais à coluna. Para evitar isso, recomenda-se o uso de cadeiras ergonômicas, que apoiem toda a região lombar, e mesas na altura correta, de modo que os braços fiquem relaxados ao digitar.

    O monitor deve estar alinhado à altura dos olhos, evitando que a cabeça se incline para frente. Para pessoas que utilizam notebooks, uma dica é utilizar suportes para erguer o aparelho.

    7. Inclua alongamentos na rotina

    Alongamentos leves de pescoço, ombros, braços e pernas são fáceis de fazer e ajudam a evitar rigidez muscular. Praticá-los logo ao acordar prepara o corpo para o dia, e repetir durante pequenas pausas no trabalho diminui a tensão acumulada. Não é necessário muito tempo: cinco minutos já fazem diferença para o bem-estar.

    8. Controle o estresse

    O estresse emocional também impacta o corpo, provocando contrações involuntárias na região cervical e lombar. Técnicas de respiração profunda, pausas curtas durante o dia, meditação guiada e atividades prazerosas, como caminhar ao ar livre ou ouvir música, ajudam a aliviar a tensão muscular.

    Orientações para pessoas que dirigem

    Ficar muito tempo ao volante exige que o corpo permaneça na mesma posição, com movimentos limitados. Isso aumenta a pressão sobre os discos intervertebrais, dificulta a circulação sanguínea e favorece contraturas musculares, principalmente na lombar e no pescoço.

    Por isso, quem dirige por longos períodos precisa adotar alguns cuidados básicos. Caio orienta:

    • Ajuste o banco: mantenha o encosto levemente inclinado (100 a 110 graus), permitindo apoio total das costas;
    • Apoio lombar: use uma almofada ou toalha enrolada, se o carro não oferecer suporte;
    • Altura dos joelhos: devem estar levemente dobrados, em um nível ligeiramente mais alto que o quadril;
    • Evite objetos nos bolsos: carteira ou celular podem desalinhar o quadril;
    • Faça pausas a cada 2 horas: caminhe, alongue as pernas e movimente a coluna por, pelo menos, 15 minutos;
    • Controle o estresse no trânsito: respiração profunda e calma ajudam a evitar contrações musculares, causadas pelo nervosismo ao volante.

    Como o colchão e travesseiro podem ajudar na dor nas costas?

    Um colchão e travesseiro inadequados podem causar ou agravar dores ao manter a coluna desalinhada por várias horas seguidas, o que também prejudica a qualidade do sono.

    O colchão deve ser firme o suficiente para sustentar a coluna, sem ser excessivamente duro ou mole, já que ambos os extremos favorecem pontos de pressão e desconforto. Já o travesseiro precisa manter o pescoço alinhado ao restante da coluna:

    • Quem dorme de lado deve usar um modelo que preencha o espaço entre o ombro e a cabeça;
    • Quem dorme de barriga para cima deve escolher um travesseiro que preserve a posição neutra do pescoço.

    A posição de bruços, por outro lado, deve ser evitada, pois sobrecarrega a cervical e a lombar. O uso de almofadas pode ser um recurso complementar, ajudando a aliviar a pressão — entre os joelhos, no caso de quem dorme de lado, ou sob os joelhos, para quem prefere dormir de barriga para cima.

    De acordo com Caio, o colchão e o travesseiro devem ser trocados periodicamente, à medida que perdem a capacidade de suporte.

    Quando a dor nas costas é preocupante?

    Na maioria das vezes, a dor nas costas é passageira e melhora com repouso, mudanças de hábito e exercícios. No entanto, existem sinais de alerta que indicam a necessidade de avaliação médica urgente, já que podem estar relacionados a condições mais graves, como hérnias de disco avançadas, compressão nervosa, fraturas, infecções ou até tumores.

    O ortopedista Caio Gonçalves de Souza aponta alguns deles:

    • Dor intensa e de início súbito, sem causa aparente;
    • Dor que não melhora com repouso e persiste por mais de quatro a seis semanas;
    • Dores crônicas que não respondem a medidas simples;
    • Perda de força, dormência, formigamento ou sensação de choque elétrico nos braços ou pernas;
    • Alterações urinárias ou intestinais, como perda de controle da bexiga ou do intestino (pode indicar compressão da medula e é uma emergência);
    • Emagrecimento sem explicação associado a dor;
    • Febre persistente acompanhada de dor lombar, sinal possível de infecção;
    • Histórico de trauma recente, especialmente em idosos ou pessoas com osteoporose;
    • Histórico prévio de câncer, HIV ou uso crônico de corticoides, que aumenta o risco de complicações ósseas.

    Quando procurar ajuda médica?

    Buscar atendimento médico é fundamental sempre que a dor for incapacitante, persistente ou vier acompanhada de sinais de alerta. Ademais, qualquer sintoma neurológico novo, como perda de sensibilidade, fraqueza nos membros ou dificuldade para andar, deve ser considerado motivo para procurar um especialista com urgência.

    Perguntas frequentes

    1. Qual é o melhor exercício para prevenir dor nas costas?

    Não existe um exercício único para prevenir a dor nas costas. O ideal é combinar fortalecimento, alongamento e atividades aeróbicas.

    Pilates e yoga, por exemplo, melhoram a flexibilidade e a consciência postural. Já a musculação fortalece a região abdominal e lombar, conhecida como core, e caminhadas e natação mantêm o corpo ativo sem sobrecarregar as articulações.

    2. Como saber se a dor é muscular ou algo mais grave?

    As dores musculares geralmente aparecem após esforço ou má postura e tendem a melhorar com repouso, alongamento e analgésicos simples.

    Já as dores persistentes, que não melhoram após semanas, ou que vêm acompanhadas de formigamento, fraqueza ou perda de sensibilidade, exigem investigação médica, pois podem estar relacionadas a problemas estruturais na coluna.

    3. A dor nas costas pode ser sintoma de hérnia de disco?

    Sim. A hérnia de disco acontece quando o disco intervertebral sofre desgaste ou deslocamento e acaba comprimindo nervos próximos. Isso pode gerar dor intensa, muitas vezes irradiando para braços ou pernas, além de sintomas como formigamento e perda de força.

    No entanto, destaca-se que nem toda dor lombar é sinal de hérnia. Existem várias outras causas possíveis, então é essencial procurar um médico para uma investigação adequada e identificar o tratamento correto para cada caso.

    4. Sentir dor nas costas depois de exercícios físicos é normal?

    A dor leve após atividades pode estar relacionada ao esforço muscular e tende a desaparecer em poucos dias. No entanto, dores intensas, persistentes ou acompanhadas de formigamento e limitação de movimentos não são normais e devem ser avaliadas. Isso pode indicar lesão ou execução inadequada do exercício.

    5. Gravidez aumenta o risco de dor nas costas?

    Sim! Durante a gestação, o aumento de peso e as alterações hormonais modificam o centro de gravidade da mulher e alteram a postura, o que sobrecarrega especialmente a coluna lombar e a região pélvica.

    Além disso, os ligamentos ficam mais frouxos para preparar o corpo para o parto, deixando as articulações menos estáveis e mais suscetíveis a dor. Exercícios leves, fisioterapia e orientações de postura podem ajudar bastante a aliviar o desconforto, desde que feitos sempre com acompanhamento médico.

    6. Dormir de bruços faz mal?

    Dormir de bruços não é recomendado porque força o pescoço e a região lombar, deixando a coluna em desalinhamento por várias horas. As posições mais indicadas são de lado, com um travesseiro entre os joelhos, ou de barriga para cima, com apoio sob os joelhos.

    7. Os analgésicos resolvem a dor nas costas?

    Os analgésicos podem aliviar a dor momentaneamente, mas não tratam a causa do problema. O uso frequente sem orientação médica também não é recomendado, já que pode mascarar problemas mais graves. O ideal é associar alívio da dor a mudanças de hábitos e acompanhamento profissional, quando necessário.

    Leia também: Trabalha sentado o dia todo? Conheça os riscos para o coração e o que fazer

  • Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa 

    Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa 

    Acordar cansado mesmo depois de uma noite inteira de sono pode ser sinal de algo mais sério do que simplesmente dormir pouco. A apneia do sono é uma condição que interrompe a respiração diversas vezes durante a noite, prejudicando a oxigenação do corpo e roubando a qualidade do descanso.

    Muito além do ronco alto e da sonolência diurna, a apneia tem impactos que preocupam os médicos, afinal, ela pode alterar o funcionamento do coração, elevar a pressão arterial e aumentar as chances de doenças mais sérias, como infarto e AVC.

    Conversamos com a cardiologista Juliana Soares, integrante do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, que explicou como a apneia do sono interfere na saúde do coração e por que merece tanta atenção.

    O que é apneia do sono

    A cardiologista explica que a apneia do sono é uma condição em que a respiração é interrompida durante o sono, o que leva a uma queda na oxigenação do organismo. Essas pausas podem acontecer várias vezes por noite e prejudicam profundamente a qualidade do descanso.

    “A fragmentação do sono também não permite com que os estágios mais profundos do sono sejam atingidos, levando a cansaço excessivo, fadiga e sonolência durante o dia”, conta a médica.

    Segundo a especialista, existem três tipos principais de apneia do sono:

    • Apneia obstrutiva do sono: a mais comum, causada pelo relaxamento dos músculos da garganta, que bloqueiam a passagem do ar.
    • Apneia central do sono: mais rara, ocorre quando o cérebro não envia os sinais corretos para a respiração.
    • Apneia mista do sono: mistura das duas situações.

    “Embora possa atingir qualquer idade, ela é mais frequente em homens acima dos 40 anos, especialmente quando há obesidade”, diz a médica.

    Como a apneia afeta o coração

    A cada pausa na respiração, o corpo entende que está sob estresse. “Essas paradas na respiração promovem liberação dos hormônios do estresse, como a adrenalina e o cortisol, aumentando a pressão arterial e podendo levar a aumento da frequência cardíaca”, detalha a cardiologista.

    Com o tempo e o ciclo se repetindo noite após noite, acontece uma sobrecarga contínua no coração. Isso aumenta o risco de pressão alta, arritmias, aterosclerose (formação de placas de gordura nas artérias), resistência à insulina, diabetes, infarto e AVC.

    “Além disso, as pausas respiratórias demandam um esforço maior do coração podendo levar a ao enfraquecimento do músculo cardíaco e consequentemente a insuficiência cardíaca, condição na qual o coração não consegue bombear sangue suficiente para atender as necessidades do organismo”, detalha a especialista.

    “Como esse processo se repete dezenas de vezes durante a noite em quem tem apneia do sono, isso promove uma sobrecarga contínua no coração”.

    Esse processo ajuda a entender por que a apneia está tão ligada a doenças cardíacas graves.

    Leia também: Trabalha sentado o dia todo? Conheça os riscos para o coração e o que fazer

    Sinais de alerta da apneia do sono

    Como desconfiar, afinal, da apneia do sono? Muitas vezes, quem nota primeiro os sintomas é quem dorme ao lado. “Pausas na respiração durante a noite, ronco alto e frequente, sono agitado e despertar várias vezes são alguns dos sinais”, afirma a especialista.

    Durante o dia, os sintomas também aparecem:

    • Acordar cansado;
    • Sonolência excessiva;
    • Dor de cabeça ao acordar;
    • Irritabilidade;
    • Dificuldade de concentração.

    Diagnóstico de apneia do sono: como fazer

    O diagnóstico começa pela história clínica, associada a relatos de quem convive com a pessoa. O exame principal é a polissonografia, que avalia funções do organismo durante o sono, como atividade cerebral, respiração, nível de oxigênio, batimentos cardíacos e intensidade do ronco.

    “Como na maior parte das condições de saúde, quanto mais precoce o tratamento, melhores os resultados”, reforça a cardiologista.

    “Além do tratamento diminuir o risco de doenças cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida, ele também ajuda na prevenção de acidentes, visto que a sonolência excessiva durante o dia pode aumentar esse risco”.

    Leia também: Palpitações no coração: o que pode ser e quando procurar atendimento médico

    Tratamento de apneia do sono

    Hoje, pode-se usar alguns aparelhos ou dispositivos para tratar a apneia do sono, como o CPAP, que é um aparelho que envia ar sob pressão através de uma máscara nasal e mantém as vias aéreas sempre abertas. Há também outros aparelhos que podem ajudar, mas somente um médico pode indicar para cada caso.

    “Tratar a apneia ajuda a estabilizar a pressão arterial e a frequência cardíaca, diminuindo risco cardiovascular”, afirma a médica.

    Outra forma de tratar apneia é diminuir os fatores de risco para ela. Um dos principais é a obesidade.

    “O excesso de gordura na região do pescoço pode provocar obstrução das vias respiratórias durante o sono”, explica a especialista. Por isso, perder peso ajuda a controlar a apneia e a saúde cardiovascular.

    Além disso, a médica recomenda:

    • Praticar atividade física regularmente;
    • Diminuir o consumo de álcool (que relaxa a garganta e piora a apneia);
    • Parar de fumar, já que o cigarro inflama as vias aéreas.

    Perguntas frequentes sobre apneia do sono e coração

    1. Todo ronco é sinal de apneia?

    Não. Porém, quando o ronco vem acompanhado de pausas respiratórias, merece investigação.

    2. A apneia pode causar pressão alta?

    Sim. As pausas respiratórias ativam hormônios do estresse que elevam a pressão arterial.

    3. Quem tem apneia sempre precisa usar CPAP?

    O CPAP é um dos tratamentos mais comuns, mas a escolha depende de uma avaliação médica. Em alguns casos, mudanças no estilo de vida já ajudam.

    4. Apneia pode levar a insuficiência cardíaca?

    Sim. O esforço extra exigido do coração ao longo do tempo pode enfraquecer o músculo cardíaco.

    5. Existe cura para a apneia do sono?

    Não há uma cura definitiva, mas o tratamento controla os sintomas e previne complicações.

    6. Perder peso melhora a apneia do sono?

    De forma geral, sim. O emagrecimento reduz a obstrução das vias aéreas e pode diminuir muito os episódios.

    Confira: Como o estresse afeta o coração e o que fazer para proteger a saúde cardiovascular