Meningite bacteriana: veja tipos, sintomas e como se prevenir 

Menina com suspeita de meningite bacteriana usa máscara é examinada por médicos.

A meningite bacteriana é uma das infecções mais temidas na medicina, e com toda a razão. Ela afeta as meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, e pode agravar de forma muito rápida, levando a sequelas neurológicas ou até à morte em poucas horas se não for tratada a tempo.

Apesar da gravidade, a boa notícia é que grande parte dos casos pode ser prevenida por meio da vacinação. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece vacinas gratuitas contra os principais tipos de bactérias que causam a doença, incluindo a meningite meningocócica e a meningite pneumocócica, duas das formas mais agressivas.

O que é meningite bacteriana

A meningite bacteriana é uma infecção causada por bactérias que invadem o líquido que circula entre as meninges, as membranas que protegem o cérebro e a medula espinhal. Essa invasão desencadeia uma inflamação intensa, que pode comprometer o funcionamento do sistema nervoso central.

Ela é considerada uma emergência médica, já que pode progredir rapidamente e causar complicações como convulsões, surdez, sequelas neurológicas e até óbito.

As principais bactérias responsáveis são:

  • Neisseria meningitidis (meningococo);
  • Streptococcus pneumoniae (pneumococo);
  • Haemophilus influenzae tipo b (Hib).

Entre elas, a meningite meningocócica é a mais comum e a que preocupa mais os especialistas devido ao potencial de surtos e à evolução rápida.

O Haemophilus influenzae tipo b (Hib) era uma causa importante, mas os casos foram drasticamente reduzidos após a vacinação em massa no país

Meningite meningocócica causada por Neisseria meningitidis

A meningite meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis e pode se espalhar por gotículas de saliva e secreções respiratórias, como, por exemplo, ao tossir, espirrar ou compartilhar copos e talheres.

Existem diferentes tipos da bactéria, sendo os principais os identificados pelas letras A, B, C, W e Y. Cada um deles pode circular de forma diferente em cada região do mundo, e a vacinação é direcionada para os mais frequentes:

  • Meningococo C: foi o tipo mais comum no Brasil nas últimas décadas;
  • Meningococo B: vem crescendo em alguns estados, especialmente em crianças pequenas;
  • Meningococos W e Y: têm aumentado entre adolescentes e adultos jovens;
  • Meningococo A: mais frequente na África e em surtos internacionais.

A forma meningocócica é extremamente grave e pode causar, além da meningite, uma infecção generalizada chamada meningococcemia, que compromete a circulação sanguínea e pode levar à falência múltipla de órgãos.

Meningite pneumocócica causada por Streptococcus pneumoniae

Outro tipo importante é a meningite pneumocócica, causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae, também chamada de pneumococo. Ela pode afetar pessoas de todas as idades, mas é mais comum em crianças pequenas, idosos e pessoas com imunidade baixa, como aquelas portadoras de doenças crônicas ou imunossuprimidas.

O pneumococo é uma bactéria versátil, pois além da meningite também pode causar pneumonia, sinusite e otite média, e em alguns casos leva a quadros graves de infecção generalizada, também conhecida como sepse.

Os sintomas são semelhantes aos da meningite meningocócica, ou seja, febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca e sonolência, mas a evolução pode ser ainda mais rápida e deixar sequelas como perda auditiva, convulsões e déficits neurológicos.

Sintomas da meningite bacteriana

Os sintomas costumam aparecer de forma súbita, nas primeiras 24 a 48 horas da infecção. Os mais comuns são:

  • Febre alta;
  • Dor de cabeça intensa;
  • Rigidez no pescoço (dificuldade de encostar o queixo no peito);
  • Náuseas e vômitos;
  • Sensibilidade à luz;
  • Sonolência ou confusão mental;
  • Manchas roxas pelo corpo (em casos de meningococcemia).

Em bebês e crianças pequenas, os sinais podem ser diferentes, como choro inconsolável, irritabilidade, recusa alimentar, moleira abaulada e sonolência excessiva.

Qualquer suspeita de meningite deve ser tratada como urgência. O diagnóstico é feito por punção lombar (coleta do líquor) e exames laboratoriais, e o tratamento deve começar o mais rápido possível com antibióticos.

Transmissão da meningite bacteriana

A meningite bacteriana se transmite de pessoa para pessoa por gotículas respiratórias, especialmente em locais fechados ou com aglomeração, como escolas, creches, universidades e alojamentos.

O período de incubação varia de 2 a 10 dias, e a pessoa pode transmitir a bactéria mesmo antes de apresentar sintomas. Por isso, familiares e pessoas que tiveram contato próximo com o doente podem precisar receber antibióticos preventivos.

Tipos de vacinas que protegem contra meningite

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece vacinas específicas contra as principais bactérias causadoras da meningite:

  • Meningocócica C (conjugada): protege contra o meningococo tipo C. Disponível no SUS;
  • Meningocócica ACWY (conjugada): protege contra os tipos A, C, W e Y. Disponível no SUS;
  • Meningocócica B: disponível na rede privada, indicada a partir dos 2 meses de idade;
  • Pneumocócicas 10, 13 e 20-valentes: protegem contra o Streptococcus pneumoniae. A vacina pneumocócica 10-valente está disponível no SUS. As vacinas 13 e 20-valentes, que protegem contra mais sorotipos, estão disponíveis na rede privada e em Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), em casos específicos;
  • Haemophilus influenzae tipo b (Hib): incluída na pentavalente infantil. Disponível no SUS.

Essas vacinas são seguras e reduzem drasticamente os casos e as complicações da meningite bacteriana.

Complicações e sequelas

Mesmo com tratamento, cerca de 10% dos casos de meningite bacteriana podem evoluir para óbito, e até 20% dos sobreviventes podem ter sequelas, como:

  • Perda auditiva;
  • Dificuldades de aprendizagem;
  • Convulsões;
  • Problemas motores;
  • Déficits cognitivos.

Por isso, o diagnóstico e o início precoce do tratamento são extremamente importantes para aumentar as chances de recuperação completa.

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Perguntas frequentes sobre meningite bacteriana

1. Meningite bacteriana é contagiosa?

Sim. Ela pode ser transmitida por gotículas de saliva e secreções respiratórias.

2. Qual é o tipo mais grave de meningite?

A meningite meningocócica, causada pela Neisseria meningitidis, é uma das mais graves e pode evoluir rapidamente.

3. Quais vacinas protegem contra meningite?

As principais são as vacinas meningocócicas C e ACWY, além das que protegem contra Haemophilus influenzae tipo b e pneumococos, como as vacinas pneumocócicas 10, 13 e 20-valentes.

4. Qual a diferença entre meningite bacteriana e viral?

A bacteriana é mais grave e requer antibióticos. A viral costuma ser mais leve e se resolve sozinha, mas com suporte e acompanhamento médico.

5. Crianças e adolescentes precisam de reforço da vacina?

Sim. O reforço da vacina meningocócica ACWY é essencial na adolescência, quando o risco de transmissão aumenta.

6. Como saber se é meningite?

Febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez no pescoço e manchas roxas na pele são sinais de alerta. Procure atendimento imediato.

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