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  • Úlcera no estômago: quando é grave e como é tratada 

    Úlcera no estômago: quando é grave e como é tratada 

    As úlceras pépticas (no estômago ou no duodeno) são mais comuns do que muita gente imagina e, apesar de parecerem algo distante do dia a dia, podem surgir silenciosamente e só dar sinais quando já estão causando desconforto.

    A úlcera péptica ocorre quando o ácido do estômago agride a parede interna do órgão ou do duodeno, formando pequenas feridas que nem sempre doem, e é justamente isso que torna importante entender como elas acontecem e quais sinais devem chamar atenção.

    Com o avanço dos estudos sobre a bactéria Helicobacter pylori e o impacto dos anti-inflamatórios no sistema digestivo, ficou mais fácil identificar as causas das úlceras e tratá-las de forma eficaz.

    Hoje, a maior parte dos casos tem bom prognóstico quando o tratamento é iniciado rapidamente, mas reconhecer sintomas, fatores de risco e possíveis complicações ainda é essencial para evitar problemas mais sérios.

    O que são úlceras pépticas?

    As úlceras pépticas são feridas que se formam na parede do estômago ou do duodeno devido à ação do ácido gástrico sobre uma mucosa fragilizada. Elas podem cicatrizar sozinhas, mas quando não tratadas, aumentam o risco de complicações como sangramentos e perfuração intestinal.

    Principais sintomas

    Cerca de 70% dos casos não apresentam sintomas. Quando os sintomas surgem, o mais comum é a dor abdominal na região do epigástrio (boca do estômago).

    O padrão da dor ajuda a diferenciar os tipos de úlcera:

    • Úlcera gástrica: piora com a alimentação e melhora em jejum.
    • Úlcera duodenal: dor costuma surgir 2 a 5 horas após comer.

    Outros sintomas são:

    • Inchaço abdominal
    • Empachamento
    • Enjoos
    • Sensação de saciedade precoce

    Complicações possíveis

    Sangramento (mais comum)

    Pode aparecer como:

    • Enjoo
    • Vômito com sangue (hematêmese)
    • Fezes escuras com odor forte (melena)

    Obstrução da saída gástrica

    Úlceras próximas ao piloro podem bloquear a passagem dos alimentos. Os sintomas são saciedade precoce, náuseas, vômitos, dor após comer e perda de peso.

    Penetração ou fistulização

    A úlcera pode atingir outros órgãos, formando fístulas ou abscessos. O sinal mais marcante é mudança brusca no padrão de sintomas.

    Perfuração

    Complicação grave marcada por:

    • Dor abdominal súbita e intensa
    • Aumento da frequência cardíaca
    • Abdome rígido (“abdome em tábua”)

    Requer atendimento emergencial.

    Causas

    As principais causas são:

    Infecção por H. pylori

    A bactéria Helicobacter pylori altera a produção de ácido e diminui a defesa natural da mucosa, favorecendo o aparecimento da úlcera.

    Uso de anti-inflamatórios (AINEs)

    Medicamentos como aspirina e ibuprofeno aumentam em até quatro vezes o risco de úlceras e complicações.

    Outros fatores de risco

    • Tabagismo
    • Consumo de álcool
    • Estresse crônico
    • Dieta inadequada
    • Fatores genéticos
    • Apneia do sono

    Diagnóstico

    O diagnóstico é suspeitado em pacientes com indigestão e dor abdominal superior, especialmente quando há histórico de:

    • H. pylori
    • Uso de AINEs

    Endoscopia digestiva alta

    É o exame mais eficaz, pois permite:

    • Visualizar a úlcera
    • Realizar biópsia

    O diagnóstico também pode ser confirmado quando os sintomas desaparecem após tratamento empírico (início do tratamento sem endoscopia prévia).

    Tratamento

    O tratamento depende da causa e da gravidade.

    Mudanças de hábitos

    • Parar de fumar
    • Reduzir ou evitar álcool
    • Ajustar dieta

    Tratamento para H. pylori

    Quando a infecção é confirmada, utiliza-se combinação de antibióticos, geralmente:

    • Amoxicilina
    • Claritromicina

    A erradicação cura mais de 90% das úlceras relacionadas à bactéria.

    Suspensão de AINEs

    Se possível, o paciente deve interromper o uso desses medicamentos.

    Redução da acidez

    Todos os pacientes precisam de terapia com inibidores da bomba de prótons (IBP), como omeprazol. A duração varia conforme a causa e a presença de complicações.

    Antiácidos

    Podem aliviar sintomas, mas não tratam a úlcera.

    Tratamento cirúrgico

    Reservado para complicações graves, como perfuração e obstrução.

    Prevenção

    Para prevenir úlceras pépticas:

    • Evite uso abusivo de anti-inflamatórios
    • Trate H. pylori quando detectado
    • Siga corretamente o uso de medicamentos inibidores da bomba de prótons (como omeprazol) quando indicados pelo médico
    • Mantenha hábitos saudáveis de alimentação e rotina

    O que esperar

    O prognóstico é geralmente positivo:

    • Cerca de 60% das úlceras cicatrizam espontaneamente
    • Com tratamento para H. pylori, a taxa de cura ultrapassa 90%

    Entre 5% e 10% das úlceras não respondem ao tratamento, geralmente associadas a:

    • Uso contínuo de anti-inflamatórios
    • Falha no tratamento para H. pylori
    • Outras causas mais raras

    Confira: Azia constante: o que pode ser e como melhorar

    Perguntas frequentes sobre úlcera péptica

    1. Úlcera e gastrite são a mesma coisa?

    Não. Gastrite é inflamação da mucosa; úlcera é uma ferida mais profunda.

    2. Estresse causa úlcera?

    O estresse crônico pode contribuir, mas geralmente há outros fatores associados, como H. pylori ou uso de AINEs.

    3. Posso continuar tomando anti-inflamatório se tiver úlcera?

    Não é recomendado. Eles aumentam o risco de sangramento e piora da lesão.

    4. H. pylori sempre causa úlcera?

    Não. Muitas pessoas têm a bactéria sem desenvolver lesões.

    5. Alimentação influencia nas úlceras?

    Sim. Dietas irritativas e consumo excessivo de álcool podem agravar os sintomas.

    6. Antiácidos resolvem a úlcera?

    Não. Eles aliviam desconforto, mas não tratam a causa.

    7. Preciso de cirurgia se tiver úlcera?

    Raramente. A cirurgia é indicada apenas para complicações graves.

    Leia também: Endoscopia: como é o exame que vê o estômago por dentro