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  • Como pensamentos automáticos influenciam suas escolhas de saúde 

    Como pensamentos automáticos influenciam suas escolhas de saúde 

    Nos bastidores das nossas decisões diárias, como o que comer, a hora de dormir, se vale ou não tomar um remédio, existe um mecanismo discreto que influencia muito mais do que parece: os pensamentos automáticos distorcidos da realidade, chamados de erros cognitivos. Eles surgem de forma instantânea, quase invisível, e moldam comportamentos, emoções e até nossa relação com a própria saúde.

    Criados para nos proteger de perigos reais, como acontecia com o homem das cavernas diante de um predador, esses pensamentos hoje são ativados em situações corriqueiras, como entrevistas de emprego ou consultas médicas, e podem gerar ansiedade, medo e procrastinação.

    O médico especializado em medicina comportamental e fundador do Instituto CALM, Marcelo Dratcu, conta que, quando não são reconhecidos, esses padrões mentais podem comprometer desde o sono e a alimentação até a adesão a tratamentos importantes.

    Porém, dá para identificar, compreender e treinar a mente para que esses pensamentos deixem de sabotar o corpo e se tornem aliados da saúde.

    O que são erros cognitivos e pensamentos automáticos

    Os chamados erros cognitivos são aquelas ideias espontâneas distorcidas da realidade que aparecem de repente, sem aviso. Segundo o médico Marcelo Dratcu, eles nascem do nosso “modo de sobrevivência” — o sistema córtico-talâmico-adrenal, que compreende um conjunto de estruturas cerebrais, como o sistema límbico, as amígdalas e o hipocampo, e é programado para reagir rapidamente diante de ameaças.

    No passado, ver um predador exigia fugir ou lutar, e o corpo reagia com aceleração do coração, tensionamento muscular, suor, dilatação das pupilas e um estado de alerta total. Hoje, o mesmo mecanismo aparece em situações sem risco real, como uma entrevista de emprego.

    “A pessoa está sentada, mas o cérebro age como se houvesse um leão por perto”, diz o médico. O elo entre o que acontece e a reação é o pensamento que se forma: “se eu não passar, não pago as contas e vou fracassar”.

    Essas reações são úteis quando há perigo, mas em geral viram atalhos mentais negativos — os chamados erros cognitivos. Segundo o especialista, eles moldam nossas escolhas, influenciam a forma de cuidar da saúde e podem até sabotar o tratamento de doenças.

    Exemplos de pensamentos automáticos

    O médico cita três distorções muito comuns:

    • Pressuposição: “Meu colega não me cumprimentou, deve estar com raiva de mim”;
    • Adivinhação: “Esse exame vai dar ruim, tenho certeza”;
    • Personalização: “Toda vez que eu vou à praia, chove”.

    Esses pensamentos surgem com aparência de verdade, mas raramente refletem a realidade. Eles são uma tentativa mal-adaptada do cérebro de proteger o indivíduo e acabam gerando ansiedade, estresse e decisões inadequadas.

    Como eles interferem no corpo e nos hábitos

    Os pensamentos automáticos podem afetar áreas básicas da rotina:

    • Sono: ideias como “dormir é perda de tempo” e preocupações constantes mantêm o cérebro em alerta, dificultando o descanso;
    • Alimentação: o estresse e a ansiedade aumentam a busca por comidas que trazem conforto, como doces e ultraprocessados, além de reforçar mitos que impedem escolhas equilibradas;
    • Atividade física: crenças negativas como “não vou dar conta” e “não é pra mim” criam barreiras antes mesmo de começar.

    Quando eles atrapalham a adesão a tratamentos

    Pensamentos automáticos também interferem na adesão aos cuidados com a saúde e condutas médicas. Alguns exemplos reais citados pelo médico:

    • “Se eu começar esse remédio, nunca mais vou parar”;
    • “Ouvi dizer que tem muito efeito colateral”;
    • “Esse remédio vai baixar minha pressão, então não vou tomar”.

    Muitos pacientes também são influenciados por boatos e desinformação, como ocorreu no período da vacinação contra a covid-19. O medo se estende a exames e procedimentos: há quem evite cirurgias por imaginar o pior, quem rejeite o CPAP por achar que não vai dormir e quem tema a ressonância magnética por medo de ficar sem ar.

    Tudo isso leva à interrupção de tratamentos e à piora de doenças crônicas, como diabetes e pressão alta.

    Como identificar e corrigir esses padrões

    Do ponto de vista clínico, o médico é direto: só um profissional experiente na área comportamental consegue avaliar corretamente e nomear o tipo de pensamento distorcido. Familiares e colegas, porém, podem ficar atentos a alguns sinais de alerta:

    • A pessoa evita algo que claramente a ajudaria, como exame, consulta ou uso de CPAP;
    • Muda rotinas ou cria desculpas para adiar;
    • Demonstra medo desproporcional e irritação ao falar do assunto.

    Esses comportamentos são sinais de que o pensamento automático distorcido pode estar ditando o comportamento.

    Técnicas que ajudam a driblar o pensamento automático

    O médico lista as abordagens que utiliza em consultório:

    • Reestruturação cognitiva: reconhecer o pensamento distorcido e substituí-lo por uma interpretação mais realista;
    • Aceitação e Compromisso (ACT) e atenção plena: ajudam a lidar com emoções difíceis e agir de acordo com valores pessoais;
    • Estratégias somáticas, como biofeedback de variabilidade da frequência cardíaca (HRV): sensores medem a resposta do corpo ao estresse e permitem treinar o controle fisiológico com jogos interativos.

    Segundo ele, o biofeedback não serve apenas para avaliar, mas também como uma forma de treinar o corpo e a mente ao identificar a estratégia que realmente funciona para cada pessoa.

    Por onde começar

    Reconhecer um pensamento automático já é um primeiro passo. O médico sugere nomear o que vem à mente, checar evidências e buscar uma interpretação mais realista. Se o corpo reagir, faça uma pausa, respire, beba água e caminhe, pois pequenas ações quebram o ciclo do estresse.

    Quando o padrão é frequente ou causa prejuízo, ele recomenda buscar acompanhamento especializado, especialmente com profissionais da ciência comportamental na saúde, com expertise em terapias cognitivo-comportamentais, racional-emotiva, ACT ou biofeedback.

    Leia mais: 7 dicas de um médico para ser mais produtivo e ter menos estresse

    Perguntas frequentes sobre pensamentos automáticos

    1. Pensamentos automáticos são sempre negativos?

    Não, mas os que atrapalham costumam ser. O médico cita adivinhação, personalização e pressuposição como os principais.

    2. Eles podem tirar meu sono?

    Sim. Distorções mantêm o cérebro em alerta, dificultando dormir, e isso piora tudo no dia seguinte.

    3. Como saber se estou evitando alguma coisa por medo?

    Observe esquivas sem explicação (adiar exame, fugir de consulta), medos excessivos incomuns e padrões repetidos. Familiares e colegas podem notar.

    Confira: Dopamina: como ela pode ser responsável pelas suas decisões

  • Por que cuidar da mente também é cuidar do coração? Cardiologista explica

    Por que cuidar da mente também é cuidar do coração? Cardiologista explica

    Não é preciso apenas uma alimentação saudável e a prática de exercícios para manter o coração saudável. Na verdade, sabia que o equilíbrio emocional também influencia diretamente na pressão arterial, frequência cardíaca, liberação de hormônios e processos inflamatórios?

    Quando uma pessoa vive diariamente sob estresse, ansiedade ou tristeza, o organismo permanece em estado de alerta, aumentando os níveis de cortisol e adrenalina no corpo, sobrecarregando o sistema cardiovascular.

    O resultado é um risco maior de pressão alta, aumento dos batimentos e desgaste dos vasos, deixando o coração mais vulnerável a problemas no futuro.

    Como a saúde mental afeta a saúde do coração?

    Segundo a cardiologista Juliana Soares, o organismo possui um eixo neuro-hormonal (hipotálamo-hipófise-adrenal), que orquestra a liberação de uma série de hormônios — incluindo os hormônios do estresse, como cortisol e adrenalina.

    Quando ocorre alguma alteração emocional no dia a dia, como estresse ou nervosismo, os hormônios são liberados na corrente sanguínea, causando o aumento da pressão arterial, acelerando os batimentos cardíacos e preparando o corpo para situações de alerta. Eles também alteram a liberação de glicose, o que afeta diretamente a saúde cardiovascular.

    Além disso, em situações de estresse intenso, o organismo permanece em estado de luta ou fuga, causada pela ativação do sistema nervoso simpático. Quando a situação é constante, pode acontecer uma sobrecarga do sistema cardiovascular.

    Ansiedade e depressão podem aumentar o risco de doenças cardíacas?

    Tanto a depressão quanto a ansiedade estão associadas a um maior risco cardiovascular. Quando uma pessoa vive em estado de alerta constante, como ocorre na ansiedade, o corpo libera mais adrenalina, noradrenalina e cortisol, hormônios que elevam a pressão arterial, aceleram os batimentos e aumentam a inflamação no organismo.

    Quando o estado é constante, o coração fica sobrecarregado, favorecendo alterações metabólicas que aumentam o risco de doenças cardiovasculares.

    No caso da depressão, Juliana explica que a doença é reconhecida como um fator de risco independente para o desenvolvimento de doença arterial coronariana, associada a infarto e AVC.

    Nesses quadros, o organismo tende a permanecer em um padrão de inflamação contínua, que prejudica a saúde dos vasos sanguíneos e facilita a formação de placas de gordura nas artérias.

    Além dos efeitos químicos diretos, a ansiedade e a depressão favorecem um estilo de vida não saudável:

    • É comum que pessoas deprimidas ou muito ansiosas parem de se exercitar, o que é fundamental para um coração saudável;
    • Muitas vezes, elas recorrem a comidas não saudáveis (ricas em açúcar e gordura) como conforto;
    • O uso de cigarro e o álcool pode aumentar, hábitos que são terríveis inimigos do coração;
    • O cansaço e a falta de energia fazem com que seja mais difícil seguir os tratamentos médicos (como tomar remédios para pressão ou diabetes) de forma correta.

    Emoções intensas podem ser perigosas?

    De acordo com Juliana, emoções intensas ativam rapidamente os eixos neuro-hormonais do cérebro e o sistema nervoso autônomo, provocando uma liberação maciça de cortisol, adrenalina e noradrenalina na corrente sanguínea.

    Em pessoas com predisposição, especialmente aquelas que já apresentam placas nas artérias, o aumento súbito da pressão arterial e da frequência cardíaca pode servir como gatilho para um infarto.

    Em alguns casos mais raros, pode acontecer o enfraquecimento súbito do músculo cardíaco, conhecido como síndrome do coração partido, ou cardiomiopatia de Takotsubo. Os sintomas são quase iguais aos de um infarto, com dor súbita e intensa no peito, falta de ar e arritmias.

    Mas, na maioria das vezes, a síndrome é transitória e o músculo cardíaco costuma voltar à sua forma e função normal dentro de algumas semanas (normalmente de 7 a 30 dias).

    Como é possível reduzir o risco cardíaco?

    Além da prática regular de atividades físicas e uma alimentação equilibrada, uma das principais medidas para reduzir o risco de problemas cardíacos é cuidar da saúde mental e emocional. Isso pode ser feito de diversas formas, como:

    • Praticar técnicas de relaxamento, como meditação ou respiração profunda;
    • Manter uma rotina de sono adequada e de boa qualidade;
    • Reservar momentos de lazer e descanso ao longo da semana;
    • Buscar apoio psicológico, seja por terapia ou acompanhamento especializado;
    • Uso de medicamentos, quando indicado pelo médico;
    • Manter um sono adequado, dormindo horas suficientes e garantindo um ambiente tranquilo;
    • Cultivar vínculos sociais positivos, com familiares, amigos ou grupos de convivência;
    • Reduzir o excesso de estímulos e sobrecarga no dia a dia, organizando melhor as demandas.

    Pequenos ajustes na rotina, acompanhados de atenção aos próprios limites, já podem fazer grande diferença ao longo do tempo. Mas é importante reconhecer que, em alguns momentos, lidar sozinho com a ansiedade, a tristeza profunda ou a sensação de esgotamento pode ser difícil.

    Se você começar a sentir que perdeu a capacidade de enfrentar o dia a dia, procure um serviço de emergência de saúde mental imediatamente ou ligue para o CVV no número 188.

    Confira: 7 sinais de que seu cansaço não é apenas falta de sono

    Perguntas frequentes

    Como o sono ruim prejudica o coração?

    O sono é o momento em que o corpo regula hormônios, controla a pressão e estabiliza batimentos. Quando a pessoa dorme mal por vários dias, o organismo entra em desequilíbrio, aumentando inflamação, resistência à insulina e tensão muscular. A longo prazo, isso eleva o risco de hipertensão, obesidade, diabetes e doenças coronárias.

    Existe ligação entre burnout e problemas cardíacos?

    A síndrome de burnout mantém o organismo em estado de exaustão emocional e física, o que sobrecarrega o coração de forma contínua. O corpo passa semanas ou meses liberando hormônios de estresse, alterando o sono e prejudicando o metabolismo, fatores que elevam o risco de hipertensão, arritmias e eventos cardíacos importantes.

    Como diferenciar crises de ansiedade de problemas cardíacos?

    A crise de ansiedade costuma surgir de forma abrupta, acompanhada de medo intenso, mãos suadas, tremores e sensação de perda de controle, melhorando após alguns minutos.

    Já os problemas cardíacos tendem a causar dor mais contínua e profunda, que pode irradiar para braço, mandíbula ou costas, além de não melhorar com respiração lenta.

    Como as sensações podem confundir, a avaliação médica é fundamental quando os episódios são repetidos, intensos ou acompanhados de fatores de risco.

    O coração pode sofrer com sobrecarga emocional sem que exista doença cardíaca?

    O coração pode reagir intensamente a períodos de estresse, susto, luto ou ansiedade prolongada, mesmo quando está estruturalmente saudável. Os batimentos acelerados, dor no peito e sensação de desmaio podem surgir sem lesão física, porque o corpo interpreta emoções fortes como ameaças reais.

    O mecanismo natural de defesa causa sintomas cardíacos que desaparecem quando o equilíbrio emocional retorna.

    Como o ambiente de trabalho influencia a mente e o coração?

    Os ambientes de trabalho muito exigentes, com prazos constantes e pouco tempo de descanso, mantêm o corpo em alerta contínuo. Isso aumenta o estresse, altera o sono e favorece comportamentos como comer rápido ou pular refeições. Com o passar dos meses, o coração sente o impacto da sobrecarga, que eleva pressão e desgaste cardiovascular.

    Leia também: Crise de ansiedade: o que fazer e como controlar os sintomas

  • Esquizofrenia: o que é e como identificar os primeiros sinais 

    Esquizofrenia: o que é e como identificar os primeiros sinais 

    A esquizofrenia costuma ser lembrada com medo e estigma, mas o conhecimento atual mostra uma realidade muito diferente. Muitas pessoas diagnosticadas estudam, trabalham, mantêm vínculos afetivos e levam uma vida plena quando recebem o tratamento correto. Entender o que a doença é, reconhecer seus sinais e saber como funciona o cuidado ajuda a reduzir o medo e aproxima quem precisa de suporte.

    O que é esquizofrenia?

    A esquizofrenia é um transtorno mental crônico que altera a forma como a pessoa pensa, sente, percebe o mundo e organiza o comportamento. Costuma começar no fim da adolescência ou no início da vida adulta. Surge pela soma de vários fatores, como predisposição genética, alterações neurobiológicas, infecções na infância e situações adversas importantes.

    Principais sintomas da esquizofrenia

    Sintomas positivos

    Representam um acréscimo ao funcionamento mental típico.

    • Delírios, como acreditar em algo sem base na realidade.
    • Alucinações, principalmente ouvir vozes quando não há fonte externa.
    • Pensamento desorganizado, dificuldade em seguir uma linha lógica.
    • Comportamentos agitados ou incoerentes.

    Sintomas negativos

    Indicam perda ou redução de funções importantes.

    • Menor expressão emocional.
    • Pouca motivação.
    • Redução da fala espontânea.
    • Dificuldade para iniciar tarefas do dia a dia.

    Essas manifestações podem ser confundidas com desinteresse ou preguiça, mas fazem parte da doença e têm base neurológica.

    Sintomas cognitivos

    Aparecem na rotina.

    • Dificuldade de concentração.
    • Falhas de memória recente.
    • Problemas para organizar atividades simples.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico é clínico e feito por um psiquiatra. A avaliação considera:

    • Quais sintomas estão presentes.
    • Há quanto tempo eles acontecem, geralmente seis meses ou mais.
    • Como afetam o funcionamento da pessoa.

    Exames de sangue ou imagem não confirmam a esquizofrenia. Eles servem apenas para descartar outras causas.

    Uma observação importante: um episódio psicótico isolado não define esquizofrenia. O diagnóstico depende da evolução ao longo do tempo.

    Sinais precoces que merecem atenção

    • Mudanças bruscas de comportamento.
    • Isolamento repentino.
    • Perda de interesse por atividades antes prazerosas.
    • Desconfiança excessiva.
    • Percepção de vozes ou sons inexistentes.

    Identificar cedo facilita o tratamento e melhora muito o prognóstico.

    Como é o tratamento da esquizofrenia?

    Medicamentos antipsicóticos

    São a base do manejo e reduzem delírios, alucinações e desorganização.

    • Antipsicóticos de primeira geração.
    • Antipsicóticos de segunda geração, mais modernos e com menos efeitos motores.

    A resposta costuma ser gradual. O psiquiatra ajusta doses e troca medicamentos quando necessário. Podem ocorrer efeitos colaterais como sonolência, rigidez ou ganho de peso, mas existem alternativas seguras.

    Psicoterapia

    A Terapia Cognitivo Comportamental ajuda a lidar com sintomas persistentes, identificar gatilhos, organizar rotina e treinar habilidades sociais.

    Reabilitação psicossocial

    Favorece autonomia e funcionamento diário.

    • Atenção multiprofissional.
    • Treinamento ocupacional.
    • Orientação familiar.
    • Ajustes de rotina, sono e autocuidado.

    Hábitos que ajudam

    • Manter sono regular.
    • Evitar álcool e drogas.
    • Atividade física leve.
    • Pequenas metas diárias.
    • Família bem informada e presente no cuidado.

    Vida a longo prazo

    Com tratamento contínuo, muitas pessoas trabalham, estudam, constroem família e levam vida independente. O maior risco é interromper o tratamento, pois isso aumenta a chance de recaídas.

    Por que ainda existe tanto estigma?

    Mitos ainda circulam:

    • Pessoas com esquizofrenia seriam violentas.
    • Não poderiam trabalhar.
    • Seriam imprevisíveis.

    A ciência mostra outra realidade:

    • Quem está em tratamento tem baixa taxa de violência.
    • Pode estudar, trabalhar e manter relações estáveis.
    • Pode planejar, assumir responsabilidades e ter autonomia.

    O estigma afasta do cuidado e atrasa o diagnóstico.

    Casos extremos não representam a maioria

    Situações raras de comportamento arriscado chamam atenção da mídia, como o episódio do rapaz que entrou na jaula de uma leoa e morreu. Esses casos não refletem o cotidiano de quem vive com esquizofrenia. Geralmente envolvem combinação de vários fatores:

    • Tratamento interrompido.
    • Sintomas psicóticos intensos.
    • Uso de substâncias.
    • Ausência de acompanhamento.
    • Estresse extremo.

    Casos assim são exceção. O que não aparece nos jornais são milhares de pessoas estáveis que vivem normalmente.

    Confira: Autismo em adultos: sinais que você pode não saber e quando buscar diagnóstico

    Perguntas frequentes sobre esquizofrenia

    1. A esquizofrenia tem cura?

    Não, mas o tratamento controla os sintomas e garante boa qualidade de vida.

    2. Esquizofrenia causa múltiplas personalidades?

    Não. Múltiplas personalidades pertencem a outro transtorno.

    3. O tratamento é só com remédios?

    Não. Medicamentos são essenciais, mas psicoterapia e reabilitação ajudam muito.

    4. A esquizofrenia pode surgir de repente?

    Pode, mas muitos apresentam sinais precoces.

    5. Quem tem esquizofrenia pode trabalhar?

    Sim. Muitas pessoas mantêm emprego, estudam e vivem de forma independente.

    6. Drogas podem desencadear esquizofrenia?

    Podem aumentar o risco, principalmente em pessoas predispostas.

    7. É possível prevenir?

    Não há prevenção garantida, mas evitar drogas e buscar ajuda cedo reduz bastante o impacto.

    Veja mais: Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite

  • TDAH em adultos: saiba mais sobre os sintomas e como descobrir se você tem 

    TDAH em adultos: saiba mais sobre os sintomas e como descobrir se você tem 

    O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é geralmente lembrado como um diagnóstico da infância, mas o TDAH em adultos também é comum. Muitos convivem com sintomas sem saber, o que afeta trabalho, relacionamentos e qualidade de vida.

    A neurologista Paula Dieckmann explica: “Trata-se de um transtorno neurobiológico, que se inicia na infância e pode persistir na vida adulta”.

    A seguir, veja como o TDAH se manifesta em adultos, como é diagnosticado e quais tratamentos e estratégias ajudam a lidar com os sintomas.

    O que é o TDAH na vida adulta

    Nos adultos, o TDAH se apresenta de forma diferente da infância. Em vez de hiperatividade física, predomina uma inquietação interna, descrita como a sensação de “não conseguir desligar a mente”.

    Segundo Paula: “No adulto, o TDAH se manifesta principalmente por dificuldades persistentes de atenção, concentração e controle de impulsos. Muitas vezes a agitação é interna, mesmo sem movimentos físicos evidentes”.

    Isso interfere na organização pessoal, na capacidade de manter foco em tarefas prolongadas e na memória de compromissos.

    Principais sintomas de TDAH em adultos

    Os sintomas se agrupam em três eixos: desatenção, impulsividade e hiperatividade interna. Entre eles:

    • Desatenção: distração fácil, esquecimento frequente, dificuldade em concluir projetos, procrastinação.
    • Impulsividade: decisões precipitadas, compras por impulso, falar sem filtrar, mudanças de planos repentinas.
    • Hiperatividade interna: inquietude constante, balançar pernas, roer unhas, mexer no cabelo.

    “Mudanças de humor, irritabilidade ou ansiedade podem ocorrer quando a pessoa se sente sobrecarregada. É a persistência do conjunto de sinais, e não sintomas isolados, que caracteriza o transtorno”, reforça a neurologista.

    Veja também: Psicoterapia: entenda quando é hora de começar

    Como é feito o diagnóstico de TDAH em adultos

    O diagnóstico é clínico — não há exame de sangue ou imagem que confirme a condição. O processo envolve:

    • Entrevista clínica detalhada (sintomas atuais e histórico desde a infância).
    • Exclusão de outras condições (ansiedade, depressão, distúrbios de sono, alterações da tireoide).
    • Questionários padronizados para mapear frequência e intensidade dos sintomas.
    • Conversa com familiares ou pessoas próximas (com consentimento).

    “O diagnóstico é feito pela conversa e observação clínica, aplicando critérios formais e descartando outras doenças”, resume Paula.

    Impacto do TDAH no trabalho e nos relacionamentos

    No trabalho, o desempenho pode ser inconsistente: picos de alta produtividade em tarefas estimulantes seguidos de quedas de concentração em atividades repetitivas.

    Nos relacionamentos, a impulsividade pode gerar discussões, e a desatenção pode ser interpretada como falta de interesse. Pesquisas mostram maior taxa de conflitos conjugais e divórcios entre pessoas com TDAH, mas o tratamento adequado reduz esses impactos.

    Tratamento de TDAH: abordagem multidisciplinar

    O tratamento combina estratégias médicas e comportamentais. As principais incluem:

    • Medicação: estimulantes (metilfenidato, lisdexanfetamina) e não estimulantes (atomoxetina, antidepressivos específicos).
    • Terapia: especialmente Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ensina técnicas de organização, gestão de tempo e autoestima.
    • Educação e suporte: grupos de apoio e orientação familiar.
    • Estilo de vida saudável: sono adequado, exercícios físicos e alimentação equilibrada.

    “A escolha depende da intensidade dos sintomas, das atividades do paciente e até do acesso a tratamentos. Casos leves podem ser controlados apenas com terapia e mudanças de rotina. Já quadros mais intensos podem se beneficiar da combinação com medicação”, explica Paula.

    Hábitos e estratégias que ajudam no dia a dia

    Além do tratamento formal, rotinas práticas trazem ganhos significativos. Algumas recomendações:

    • Estabelecer rotina fixa (horários regulares para acordar, trabalhar, dormir).
    • Usar ferramentas de organização (agendas, aplicativos, lembretes).
    • Quebrar tarefas grandes em partes menores.
    • Reduzir distrações no ambiente de estudo ou trabalho.
    • Manter hábitos saudáveis: sono regular, exercícios, alimentação equilibrada.
    • Aplicar técnicas de gestão do tempo (ex.: método Pomodoro).

    No trabalho, vale conversar com colegas ou gestores de confiança para estabelecer prazos claros e lembretes. Em casa, dividir responsabilidades e pedir apoio em lembretes também pode ajudar.

    Leia também: Depressão não é frescura ou falta de fé: veja mitos sobre a doença

    Perguntas e respostas sobre TDAH em adultos

    1. O que é o TDAH em adultos?

    É um transtorno neurobiológico que afeta atenção, concentração e impulsividade, manifestando-se mais como inquietação mental do que hiperatividade física.

    2. Quais são os principais sintomas de TDAH em adultos?

    Incluem distração fácil, esquecimento, procrastinação, impulsividade e sensação constante de inquietude interna.

    3. Como é feito o diagnóstico de TDAH em adultos?

    É clínico, baseado em entrevistas, questionários e exclusão de outras condições. Deve ser feito por neurologista ou psiquiatra.

    4. O TDAH pode impactar trabalho e relacionamentos?

    Sim. No trabalho, pode gerar dificuldades com prazos e organização. Nos relacionamentos, pode causar conflitos por impulsividade ou distração.

    5. Quais são os principais tratamentos de TDAH em adultos?

    Medicação (quando indicada), terapia cognitivo-comportamental, suporte familiar e mudanças de estilo de vida.

    6. A medicação é sempre necessária?

    Não. Casos leves podem ser controlados com terapia e hábitos saudáveis. Casos intensos geralmente exigem medicação.

    7. Quais hábitos ajudam no dia a dia?

    Rotina estruturada, ferramentas de organização, divisão de tarefas, sono regular, exercícios físicos e técnicas de gestão do tempo.

    Leia também: TDAH: o que é, como diferenciar e tratar

    Este conteúdo é informativo e não substitui a avaliação médica. Se houver suspeita de TDAH, procure acompanhamento especializado.

  • Testes genéticos para remédios contra depressão: saiba o que são e como funcionam 

    Testes genéticos para remédios contra depressão: saiba o que são e como funcionam 

    Encontrar o antidepressivo adequado costuma ser um caminho de tentativas e erros. Para muitos pacientes, o processo exige semanas até que a resposta clínica seja avaliada — período em que podem surgir efeitos colaterais, ajustes de dose e, às vezes, troca do medicamento. Com o avanço da medicina de precisão, surgiram os testes genéticos para antidepressivos, que prometem encurtar esse percurso.

    Segundo o psiquiatra Luiz Dieckmann, a ideia é analisar previamente como o organismo do paciente metaboliza e responde a diferentes remédios. “Esses testes funcionam como um mapa: mostram não só como o corpo processa o medicamento, mas também dão pistas de como o cérebro pode reagir”.

    Testes genéticos para antidepressivos: farmacocinéticos e farmacodinâmicos

    A farmacogenética estuda a relação entre genes e resposta a medicamentos. Na psiquiatria, o foco recai especialmente sobre os antidepressivos, usados em depressão, transtornos de ansiedade e outros quadros.

    Nesse contexto, avaliam-se dois conjuntos de genes:

    • Genes farmacocinéticos (metabolismo do fármaco);
    • Genes farmacodinâmicos (alvos e efeito do fármaco no sistema nervoso).

    A maior parte dos testes disponíveis hoje enfatiza os farmacocinéticos, pois analisam como o fígado “quebra” e elimina as substâncias. Os mais estudados são:

    • CYP2D6 e CYP2C19: codificam enzimas hepáticas que metabolizam muitos antidepressivos.

    Pessoas com variantes que aceleram o metabolismo podem eliminar o remédio rápido demais, reduzindo o efeito. Já variantes que lentificam o metabolismo elevam o risco de acúmulo e efeitos colaterais.

    Há também os farmacodinâmicos, que não tratam da metabolização, mas da ação no sistema nervoso, por exemplo:

    • SLC6A4 (transportador de serotonina);
    • HTR2A (receptor de serotonina).

    Esses marcadores ajudam a explicar por que algumas pessoas respondem melhor a certos fármacos ou têm maior propensão a determinados efeitos.

    Diretrizes internacionais e evidências de testes genéticos para antidepressivos

    De acordo com diretrizes do Clinical Pharmacogenetics Implementation Consortium (CPIC), já há recomendações claras para o uso clínico de resultados relacionados a genes de metabolismo (farmacocinéticos). Já os farmacodinâmicos exigem cautela porque:

    • O metabolismo se relaciona diretamente às concentrações do fármaco no sangue (mensuráveis);
    • O efeito cerebral envolve múltiplos mecanismos, ambiente e interação de vários genes simultaneamente.

    Assim, os achados farmacodinâmicos devem ser interpretados de forma complementar e sempre no contexto clínico.

    Leia mais: Tratamento da depressão em 2025: o que tem de novo

    Como funcionam os testes na prática

    Os testes genéticos para antidepressivos basicamente funcionam da seguinte forma:

    • Coleta: geralmente por saliva com swab bucal (ou sangue, quando indicado);
    • Análise: o laboratório pesquisa variantes nos genes de interesse;
    • Laudo: classifica fármacos e orienta ajustes que o médico irá interpretar.

    Relatórios comerciais costumam agrupar medicamentos em categorias:

    • Uso normal: sem variantes relevantes;
    • Uso com cautela: possível baixa eficácia ou maior risco de efeitos, exigindo ajuste de dose/monitorização;
    • Uso não recomendado: alta chance de ineficácia ou toxicidade.

    Exemplo: se um paciente é metabolizador ultrarrápido para um antidepressivo, a probabilidade de benefício é baixa — o que permite ajustar a escolha logo no início e evitar tentativas infrutíferas.

    Conclusão do especialista: “Os testes não dão uma resposta definitiva, mas encurtam o caminho até um tratamento mais eficaz, com menos tentativas frustradas e menos efeitos indesejados”.

    Perguntas e respostas sobre testes genéticos para antidepressivos

    1. O que são testes genéticos para antidepressivos?

    Exames que avaliam variações no DNA para entender como o corpo metaboliza e responde aos medicamentos. Ajudam a personalizar o tratamento e podem acelerar a escolha do antidepressivo mais eficaz.

    2. Quais genes costumam ser avaliados?

    Principalmente CYP2D6 e CYP2C19 (metabolismo) e marcadores como SLC6A4 e HTR2A (ação no sistema nervoso).

    3. Qual a diferença entre farmacocinéticos e farmacodinâmicos?

    Farmacocinéticos: mostram como e quão rápido o organismo metaboliza o fármaco.
    Farmacodinâmicos: indicam como o cérebro e os neurotransmissores reagem ao medicamento.

    4. Esses testes já são recomendados em diretrizes?

    orientações consolidadas para genes de metabolismo. Para os farmacodinâmicos, o uso é mais cauteloso e complementar.

    5. Como é feito o exame?

    Coleta simples e pouco invasiva, geralmente por saliva com cotonete estéril (ou por sangue, quando necessário).

    6. Qual o principal benefício para o paciente?

    Reduzir tentativas e erros, evitar longos períodos sem resposta, minimizar efeitos colaterais e chegar mais rápido ao tratamento adequado.

    Leia mais: Depressão não é frescura ou falta de fé: veja mitos sobre a doença

  • Café: amigo do foco ou vilão da ansiedade? Descubra os efeitos no cérebro 

    Café: amigo do foco ou vilão da ansiedade? Descubra os efeitos no cérebro 

    Amado por uns e ignorado por outros, o café é uma das bebidas mais consumidas do mundo. Para muitos, é indispensável para começar o dia ou enfrentar a fadiga da tarde. Mas afinal: o café faz bem ou mal para a saúde mental? Dois especialistas ajudam a responder.

    A neurologista Paula Dieckmann explica que a cafeína atua bloqueando os receptores de adenosina — uma molécula que induz sono e relaxamento.

    “Quando a adenosina se liga aos seus receptores, você se sente relaxado e cansado. A cafeína, por sua vez, se encaixa nesses receptores, mas não os ativa — e ainda impede que a adenosina aja. Como resultado, há redução da sensação de fadiga, aumento do estado de alerta e maior disposição”, explica a médica.

    É por isso que, depois de um café, você pode se sentir mais focado, desperto e até de melhor humor.

    Leia também: ‘Acordava com a sensação de que não conseguia respirar’: o relato de quem convive com ansiedade

    Quando o café pode virar problema

    O psiquiatra Luiz Dieckmann lembra que o excesso pode trazer efeitos indesejados.

    “O consumo excessivo de café pode levar a efeitos adversos, que chamamos de cafeinismo: ansiedade, insônia e irritabilidade. E, com o uso contínuo, o cérebro pode acabar desenvolvendo tolerância, ou seja, você vai precisar de mais e mais cafeína para sentir o mesmo efeito de antes”, explica.

    Ou seja, se o café atrapalha o sono, aumenta a ansiedade ou causa irritação, pode ser hora de rever a quantidade consumida.

    Hoje, recomenda-se não ultrapassar 400 mg/dia de cafeína, que equivale a cerca de 3–5 xícaras de café filtrado.

    Café não é a única fonte de cafeína

    Quem resolve diminuir o café para evitar efeitos negativos deve ficar atento a outras fontes de cafeína.

    “Muita gente coloca toda a culpa no cafezinho, mas a cafeína está presente em mais de 60 plantas diferentes”, afirma o psiquiatra.

    Ele reforça: “Chá preto, chá mate, chá verde e várias outras bebidas também contêm cafeína. Então, não coloque a culpa só no cafezinho”, brinca o Dr. Dieckmann.

    Ou seja, mesmo sem café, é possível ingerir cafeína em quantidades significativas por meio de chás, refrigerantes e energéticos.

    Assista ao vídeo com a explicação dos médicos.

    Equilíbrio é o melhor caminho

    O café pode ser tanto amigo quanto inimigo. Em doses moderadas, melhora foco, disposição e humor. Em excesso, prejudica o sono, aumenta a ansiedade e pode causar tolerância.

    “Tudo o que é moderado pode ser bom. O café pode melhorar o humor e a atenção”, resume o psiquiatra.

    Perguntas frequentes sobre café e saúde mental

    1. O café pode ajudar na concentração?

    Sim, a bebida pode ajudar a pessoa a se concentrar melhor. A cafeína bloqueia a adenosina e aumenta o estado de alerta e favorece o foco e a disposição.

    2. Beber muito café pode causar ansiedade?

    Sim. O consumo exagerado pode gerar sintomas como ansiedade, irritabilidade e insônia.

    3. Só o café contém cafeína?

    Não. Chás como mate, verde e preto, além de refrigerantes e energéticos, também contêm cafeína.

    4. O café vicia?

    O café pode levar à tolerância — o organismo se acostuma e precisa de doses maiores para o mesmo efeito. Mas isso não equivale à dependência de drogas ilícitas.

    Leia mais: Tratamento da depressão em 2025: o que tem de novo

  • Psicoterapia: entenda quando é hora de começar

    Psicoterapia: entenda quando é hora de começar

    Em um mundo cada vez mais acelerado, exigente e conectado, os sinais de esgotamento emocional têm se tornado cada vez mais comuns. Buscar apoio psicológico não precisa (e nem deve) ser o último recurso.

    Em vez de esperar o sofrimento chegar ao limite, cada vez mais pessoas têm entendido que a psicoterapia pode ser uma ferramenta poderosa de autoconhecimento, equilíbrio emocional e prevenção de doenças mentais.

    Sinais de que é hora de buscar ajuda psicológica

    Para o psicólogo Bruno Sini Scarpato, professor de pós-graduação do Instituto de Ensino Superior Albert Einstein, cuidar da saúde mental não é luxo, mas sim uma prioridade.

    “Estudos apontam que 1 a cada 4 pessoas será afetada por algum transtorno mental ao longo da vida”, afirma. “Quanto maior for a demora no início do tratamento, maior será a perda de funcionalidade e o risco de adoecimento físico.”

    Sintomas que indicam a necessidade de apoio psicológico:

    • Tristeza persistente;
    • Irritabilidade constante;
    • Ansiedade fora do controle;
    • Alterações no sono ou apetite;
    • Cansaço sem causa aparente;
    • Dificuldade de concentração;
    • Isolamento social;
    • Comportamentos autodestrutivos;
    • Uso abusivo de substâncias;
    • Pensamentos sobre desaparecer.

    “É possível buscar terapia mesmo quando se está apenas enfrentando dúvidas sobre um relacionamento, carreira ou tomada de decisões”, acrescenta Bruno.

    O que é a terapia cognitivo-comportamental (TCC)?

    Entre as abordagens mais procuradas de psicoterapia, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) se destaca pela praticidade e foco em soluções no presente.

    “A TCC parte da ideia de que pensamentos, emoções e comportamentos estão interligados. Ao identificar e modificar padrões de pensamento distorcidos, conseguimos reduzir o sofrimento emocional e mudar comportamentos disfuncionais”, explica o psicólogo.

    Diferente de abordagens voltadas ao passado, como a psicanálise, a TCC tem sessões estruturadas e metas claras.

    “As sessões são estruturadas, com uso de técnicas ativas e tarefas entre os encontros”, completa Bruno.

    Benefícios da psicoterapia no dia a dia

    A psicoterapia não é apenas para quem tem um diagnóstico. De acordo com Bruno, todos podem se beneficiar. “Não é preciso esperar por um diagnóstico para começar o acompanhamento terapêutico”, afirma.

    De acordo com o psicólogo, a psicoterapia pode ajudar a:

    • Lidar melhor com emoções;
    • Melhorar o autoconhecimento;
    • Aumentar a autoestima;
    • Ajudar a tomar decisões com mais clareza;
    • Construir limites saudáveis;
    • Fortalecer a comunicação;
    • Contribuir para enfrentar desafios do dia a dia, como trabalho, estudos e relações.

    Em casos de transtornos mentais, o acompanhamento também ajuda a reconhecer padrões e manejar os sintomas.

    Como encontrar psicoterapia gratuita ou acessível

    A questão financeira ainda é uma das maiores barreiras, mas há alternativas. “Muitas universidades oferecem atendimento gratuito ou a preços simbólicos em clínicas-escola. O SUS também disponibiliza apoio psicológico nas UBS e nos CAPS”, orienta Bruno.

    Durante a pandemia, surgiram plataformas online que democratizaram ainda mais o acesso. Além disso, planos de saúde são obrigados a cobrir sessões de psicoterapia se houver pedido médico, conforme resolução atual da ANS.

    Quanto tempo dura uma terapia?

    A duração de uma sessão de terapia varia conforme a abordagem, os objetivos e o ritmo da pessoa.

    “Saber se é hora de encerrar envolve avaliar se os sintomas diminuíram, se os objetivos foram alcançados e se a pessoa se sente mais preparada para lidar com os desafios sozinha”, explica o psicólogo.

    Algumas terapias duram entre 12 e 20 sessões, enquanto outras podem durar meses ou até anos. Não existe um tempo certo, cada jornada é única.

    Medos e resistências: o que trava o início?

    “Muitas pessoas não sabem o que esperar ou têm crenças negativas sobre a terapia. Algumas resistem à mudança mesmo que estejam em sofrimento”, comenta Bruno.

    Medo de se expor, insegurança com o processo e desinformação são barreiras comuns. O crescimento da terapia online, porém, tem ajudado a romper esses obstáculos.

    Terapia online ou presencial: qual escolher?

    A pandemia digitalizou o cuidado com a saúde mental. Hoje, é já dá para escolher entre atendimento online ou presencial, conforme a preferência e necessidade.

    “A terapia online ganhou força e ampliou o acesso, além de facilitar o contato com conteúdos sobre saúde emocional nas redes”, afirma o especialista.

    O mais importante é criar vínculo com o profissional. Se não houver conexão, vale tentar com outro. “Isso não é sinal de fracasso. O vínculo terapêutico é construído com tempo, empatia e confiança”, reforça.

    Psicoterapia é um gesto de coragem

    “Muitas pessoas associam o sofrimento emocional à fraqueza, loucura ou instabilidade. Isso gera vergonha e medo de julgamento”, explica Bruno.

    Além disso, o preconceito muitas vezes impede que os transtornos mentais sejam reconhecidos como questões de saúde, como se não merecessem o mesmo cuidado que um diagnóstico de diabetes ou arritmia cardíaca, por exemplo.

    Portanto, cuidar da mente com a mesma seriedade com que cuidamos do corpo é uma atitude importante e, por que não, corajosa. “A psicoterapia não é apenas tratamento. É também prevenção, fortalecimento e investimento em si mesmo”, diz Bruno.

    Perguntas frequentes sobre psicoterapia

    1. Como saber se está na hora de procurar um psicólogo?

    Sinais como tristeza constante, ansiedade, insônia, irritabilidade ou dificuldade de lidar com desafios são indicativos importantes para fazer psicoterapia.

    2. Psicoterapia é só para quem tem transtorno mental?

    Não. Qualquer pessoa pode se beneficiar da terapia, mesmo sem um diagnóstico clínico.

    3. O que é TCC e como ela funciona?

    A terapia cognitivo-comportamental ajuda a modificar pensamentos e comportamentos que causam sofrimento por meio de técnicas práticas e objetivos claros.

    4. Existe atendimento psicológico gratuito?

    Sim. Universidades, UBS, CAPS e algumas plataformas online oferecem serviços gratuitos ou a preços reduzidos.

    5. A psicoterapia online funciona?

    Sim. É uma alternativa válida, segura e eficaz, especialmente para quem tem dificuldades de deslocamento ou horários restritos.

    6. Quanto tempo dura a terapia?

    Depende do caso. Pode durar algumas sessões ou se estender por meses ou anos, de acordo com os objetivos e o progresso do paciente.

    7. E se eu não me sentir confortável com o terapeuta?

    Trocar de profissional é comum. A relação terapêutica precisa ser baseada em confiança e empatia.

  • ‘Acordava com a sensação de que não conseguia respirar’: o relato de quem convive com ansiedade 

    ‘Acordava com a sensação de que não conseguia respirar’: o relato de quem convive com ansiedade 

    O executivo comercial Gabriel Fernandes tinha 32 anos quando, pela primeira vez, entendeu que seu problema não era apenas estresse ou nervosismo. Durante a recuperação da covid-19, começou a ter dificuldade para dormir, dificuldade que veio acompanhada de sintomas assustadores, como taquicardia, tremores e sensação de morte iminente. Era ansiedade.

    “Percebi que estava tendo uma crise de ansiedade quando o problema começou a afetar drasticamente meu sono. Toda vez que eu pegava no sono, acordava com a sensação de que não conseguia respirar. Isso durou cerca de três noites seguidas, nas quais eu praticamente não dormia”, lembra.

    Sem saber o que estava acontecendo, ele entrou em pânico. “Meus pensamentos aceleravam, sentia tremores, sudorese, taquicardia e, mesmo extremamente exausto, o sono simplesmente não vinha”.

    Quando o corpo grita o que a mente já sente

    A experiência mais marcante, no entanto, veio algum tempo depois, quando Gabriel se tornou pai. Seu filho nasceu com alguns problemas de saúde, e a ansiedade voltou com força total. Embora a falta de ar não se repetisse, a mente não dava trégua.

    “Voltei a não conseguir dormir. Embora não tivesse mais a falta de ar como antes, ao deitar, minha mente disparava pensamentos negativos sobre o que poderia acontecer. Fiquei muitas noites sem dormir.”

    Na tentativa de aliviar o sofrimento, ele recorreu ao uso diário de um medicamento, porém sem indicação médica, por cerca de um mês. “Esse remédio me fazia dormir porque eu literalmente ‘apagava’. Até que, um dia, tive uma crise psicótica — perdi completamente o senso de realidade e entrei em um estado de pânico profundo.”

    Esse episódio se tornou um divisor de águas. “Foi nesse momento que decidi, definitivamente, buscar ajuda médica.”

    Sintomas que se repetem

    Hoje, depois de anos de terapia, Gabriel consegue perceber alguns sinais da ansiedade se aproximando. “Fica muito claro para mim quando uma crise está prestes a começar”, conta.

    Entre os sintomas físicos, estão sudorese nas mãos, boca seca, dificuldade para dormir, náuseas e taquicardia. “Quando começo a pegar no sono, acordo subitamente — é uma sensação parecida com quando somos crianças e lutamos contra o sono. Em seguida, vêm os pensamentos acelerados, geralmente envolvendo medo de morrer ou de ter um ataque cardíaco.”

    O que vem depois da crise de ansiedade

    O fim da crise traz alívio, mas também um certo esgotamento. “É um misto de sensações. Primeiro vem o alívio por ter conseguido controlar a crise. Depois, surge um sentimento de fragilidade emocional. Fico mais triste, emotivo ou, em alguns casos, mais irritado e impaciente. Mas a constante é a sensação de insegurança”.

    Para ele, situações ligadas à saúde, relacionamentos, trabalho e dinheiro são os maiores gatilhos. E sim, a ansiedade já o impediu de aproveitar momentos importantes.

    “Já perdi momentos importantes com minha família, especialmente com minha esposa e meu filho. Também já precisei me ausentar do trabalho por conta de crises.”

    Como Gabriel fez o tratamento

    Gabriel fez tratamento com psiquiatra por cerca de dois anos. Hoje, usa medicamentos apenas em situações mais intensas, mas mantém a terapia semanal. “Faço terapia há quatro anos e não penso em parar”.

    Ele também colocou novos hábitos na rotina, como exercícios físicos, leitura, técnicas de respiração (como a 4-7-8) e caminhadas. “Mudar o foco da crise me ajuda muito. Ler, caminhar ou conversar com alguém costuma aliviar os sintomas”.

    O que ele gostaria que o mundo entendesse sobre ansiedade

    Um dos maiores desafios, segundo Gabriel, é o julgamento. “Gostaria que as pessoas entendessem que a ansiedade pode afetar qualquer um. Não é frescura”.

    A ansiedade, em níveis moderados, faz parte da vida, mas pode se tornar problemática quando paralisa ou provoca sofrimento intenso. “Em muitos casos, ela faz parte da nossa vida de forma natural, é uma emoção importante. Mas quando passa a gerar reações físicas intensas e crises de pânico, torna-se uma doença”.

    Ao longo da vida, ouviu frases como “isso é coisa de gente fraca” ou “você pensa muito negativo”. Para ele, esses comentários vêm da ignorância. “Acho que esse tipo de julgamento acontece por falta de vivência ou conhecimento sobre o tema. Quando não passamos por algo ou não convivemos com alguém que passou, é fácil minimizar a dor do outro”.

    O que fazer para tratar ansiedade

    A ansiedade e as crises de ansiedade (ou ataques de pânico) podem ser tratadas com uma combinação de estratégias, que envolvem cuidados com o estilo de vida, psicoterapia e, em alguns casos, medicação prescrita por um profissional de saúde mental.

    Segundo o psiquiatra Luiz Dieckman, as crises de ansiedade não são algo que começaram a acontecer apenas nas últimas décadas. “Ataques de pânico são citados em textos médicos desde o século XIX. O termo ‘pânico’ vem do deus Pan da mitologia greco-romana, uma figura que assustava viajantes em florestas escuras”, conta.

    “A questão é que vida moderna não tem florestas sombrias, porém soma pequenos gatilhos o dia inteiro: sobrecarga de tarefas, estímulos digitais, falta de sono. O organismo interpreta esse estresse contínuo como perigo constante, elevando a frequência das crises”, explica.

    Por isso, o tratamento também envolve reduzir esses gatilhos diários, cuidar da saúde do sono, diminuir o consumo de cafeína e buscar momentos de pausa.

    A psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental, ajuda a identificar padrões de pensamento que alimentam a ansiedade e ensina formas práticas de enfrentamento. Em quadros mais intensos, o uso de medicamentos pode ser indicado pelo médico.

    *Cada caso é único. Consulte sempre um médico.

  • Dicas para equilibrar a vida pessoal e o trabalho

    Dicas para equilibrar a vida pessoal e o trabalho

    Ter uma vida equilibrada entre as responsabilidades profissionais e a vida pessoal parece um sonho distante para muita gente. A tecnologia trouxe flexibilidade, mas também a sensação de estar sempre disponível, e isso tem afetado a saúde física e mental de muitas pessoas.

    Equilibrar vida pessoal e trabalho, no entanto, é muito importante para viver bem e manter a mente em ordem. Veja como identificar os sinais de desequilíbrio e o que fazer para cuidar melhor de você.

    Por que é tão difícil separar trabalho e vida pessoal hoje em dia?

    A rotina acelerada, as metas apertadas e a cultura da hiperprodutividade criaram uma linha tênue entre o momento de trabalho e o de lazer. Com o celular ao alcance o tempo todo, fica difícil se desconectar, e o corpo e a mente sentem isso.

    Impacto do excesso de trabalho na saúde mental

    Trabalhar demais ou além dos próprios limites pode parecer sinal de dedicação, mas na verdade é um caminho perigoso para transtornos mentais, como ansiedade, estresse, depressão e burnout, como é chamada a síndrome do esgotamento profissional.

    Os números são altos no Brasil. A Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), por exemplo, estima que 30% dos trabalhadores brasileiros sofram com algum tipo de doença mental.

    “Trabalhar horas demais mantém o organismo sob descarga constante de cortisol, hormônio que prepara o corpo para situações de perigo. Quando o cortisol fica alto dia após dia, ele eleva a pressão arterial, piora a qualidade do sono e enfraquece o sistema imunológico, abrindo caminho para infecções e doenças cardiovasculares”, explica o psiquiatra Luiz Dieckmann.

    “Além disso, o cérebro em modo ‘luta ou fuga’ sacrifica funções superiores, como memória e criatividade, em favor de tarefas básicas de sobrevivência, o que reduz produtividade e aumenta a chance de erros”, completa.

    Como o estresse crônico afeta o corpo e a mente

    Quando estamos sempre sob pressão, o corpo libera determinados hormônios, como o cortisol, de forma contínua. Isso pode desequilibrar o sono, a alimentação e o humor, além de aumentar o risco de doenças do coração, obesidade e questões mentais.

    “Reservar tempo para relaxar devolve o controle ao sistema parassimpático, o conjunto de nervos que age como freio e reduz batimentos cardíacos, diminui a tensão muscular e melhora a digestão”, explica o médico.

    “Esse estado de repouso favorece a liberação de substâncias como serotonina, ligadas ao bem-estar, e fortalece a consolidação das lembranças do dia, etapa essencial da memória. Sem esse intervalo, o cérebro continua a rodar em segundo plano, gastando energia e deixando a mente nublada”, detalha.

    Sinais de que sua vida está em desequilíbrio

    O corpo costuma dar alguns sinais de que está no limite físico ou emocional. Saber reconhecê-los é muito importante para fugir do esgotamento.

    Sintomas físicos e emocionais de estresse

    • Cansaço constante
    • Insônia ou sono agitado
    • Dores musculares
    • Falta de concentração nas atividades
    • Irritabilidade e alterações de humor
    • Ansiedade ou sensação de estar “no limite”

    Sintomas físicos e emocionais do burnout

    Os sinais iniciais de burnout, a síndrome de esgotamento profissional, incluem exaustão que não passa com o fim de semana, cinismo crescente em relação ao trabalho e sensação de ineficácia, como se nenhum esforço fosse suficiente.

    “Ao identificar esses sinais, a pessoa deve conversar com a liderança sobre ajustes de carga, procurar psicoterapia e rever hábitos de sono, exercício e alimentação”, explica o psiquiatra.

    Ele conta que o afastamento temporário do trabalho é indicado quando não há espaço para adaptar a rotina nem suporte adequado.

    “Mudar de emprego pode ajudar, mas só se acompanhada de tratamento, pois a raiz do esgotamento (padrão de perfeccionismo, incapacidade de dizer não ou falta de limites claros) pode acompanhar o profissional para o novo ambiente”, relata.

    Quando procurar ajuda profissional

    Se os sintomas persistem ou começam a atrapalhar sua rotina, é hora de buscar apoio. Psicólogos e psiquiatras podem ajudar a entender o que está acontecendo e indicar o melhor tratamento para reverter os problemas já causados pela rotina atribulada.

  • O que é depressão e quais são os principais sintomas 

    O que é depressão e quais são os principais sintomas 

    Sentir tristeza de vez em quando faz parte da vida. Quem nunca passou por dias difíceis, se sentiu para baixo ou sem vontade de fazer nada? Quando essa sensação se prolonga por semanas, interfere na rotina, nos relacionamentos e até na saúde do corpo, pode ser sinal de algo mais sério: a depressão.

    A depressão é uma condição de saúde mental comum, mas ainda cercada de preconceitos. No Brasil, por exemplo, estima-se que 15,5% das pessoas tenham depressão, o que equivale a aproximadamente 31,5 milhões de pessoas.

    Entender o que é depressão, como se manifesta e quais os caminhos para o tratamento é muito importante para ajudar quem está sofrendo, seja você ou alguém próximo.

    Depressão: definição médica e tipos

    A depressão é um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente, perda de interesse em atividades do dia a dia e outros sintomas que afetam a vida da pessoa. Ela não é frescura, preguiça ou fraqueza, mas uma condição clínica que exige atenção e tratamento adequado.

    Existem diferentes tipos de depressão, que variam em intensidade, duração e causa.

    Episódio depressivo maior

    É o tipo mais conhecido. “A depressão maior acontece quando a tristeza profunda ou a perda de prazer, chamada anedonia, dominam por no mínimo duas semanas e se somam a sinais como alteração de sono, apetite, energia e pensamento”, explica o psiquiatra Luiz Dieckmann.

    Transtorno depressivo persistente ou distimia

    O psiquiatra explica que a distimia, hoje chamada transtorno depressivo persistente, mantém humor baixo de maneira mais branda, porém contínua, durante dois anos ou mais, gerando cansaço crônico e baixa autoestima.

    Depressão sazonal

    Costuma acontecer em determinadas épocas do ano, especialmente no outono e inverno, quando há menos exposição à luz do sol. Pode causar alterações de humor, cansaço e isolamento.

    “A forma sazonal surge entre o fim do outono e o inverno, período com menos luz natural, o que bagunça o relógio biológico e eleva a melatonina, hormônio que induz sono”, detalha o médico.

    Depressão pós-parto

    O especialista explica que a depressão pós-parto aparece até quatro semanas depois do nascimento do bebê, momento de queda brusca dos hormônios da gravidez, poucas horas de sono e forte responsabilidade emocional.

    Principais sintomas da depressão

    A depressão pode se manifestar de várias formas. Os sinais podem ser emocionais, físicos ou comportamentais, e nem sempre são fáceis de identificar.

    Sintomas emocionais da depressão

    • Tristeza profunda e persistente;
    • Perda de interesse ou prazer nas atividades do dia a dia;
    • Sensação de vazio ou desesperança;
    • Sentimento de culpa ou inutilidade;
    • Irritabilidade ou crises de choro.

    Sintomas físicos da depressão

    • Fadiga o tempo todo;
    • Dores no corpo sem explicação médica;
    • Alterações no sono (insônia ou sono excessivo);
    • Mudança no apetite e no peso;
    • Problemas gastrointestinais, como indigestão, dor abdominal, náuseas ou diarreia.

    Sintomas comportamentais da depressão

    • Vontade de ficar isolado;
    • Dificuldade de se concentrar;
    • Desempenho ruim no trabalho ou nos estudos;
    • Falta de cuidado com a própria aparência;
    • Pensamentos de morte ou suicídio.

    “Existem quadros de depressão sem tristeza declarada. A pessoa relata desânimo, irritabilidade, dores de cabeça, problemas gastrointestinais e sensação de vazio, mas diz não estar triste”, explica o médico.

    “Esse tipo de depressão ‘mascarada’ confunde familiares e até profissionais de saúde porque se apresenta como queixas físicas ou mau humor constante”.

    Diferença entre tristeza e depressão

    Estar triste por um motivo específico, como o fim de um relacionamento ou a perda de um emprego, é uma reação emocional esperada. A tristeza geralmente tem um motivo claro, é passageira e não impede a pessoa de seguir com a vida.

    Já a depressão é persistente, mais intensa e pode surgir mesmo sem um motivo aparente. Ela afeta o funcionamento do corpo e da mente, e costuma durar semanas ou até meses, e precisa de ajuda de um médico ou psicólogo para o tratamento.

    Avalie o que você sente com um médico para entender se é tristeza ou depressão.

    Causas da depressão

    A depressão pode ser causada por uma combinação de coisas, entre elas fatores biológicos, genéticos, ambientais e psicológicos. Não existe uma causa de depressão única, e é por isso que o tratamento deve ser personalizado.

    Fatores genéticos

    Pessoas com histórico familiar de depressão têm mais chance de desenvolver a doença, mas isso não significa que seja inevitável.

    “Quem tem pai, mãe ou irmãos com depressão diminui o próprio risco ao adotar três pilares: sono regular de sete a oito horas, atividade física aeróbica que libera endorfinas protetoras e uma rede de apoio de amigos ou família para dividir preocupações. Essas medidas modulam o eixo cortisol, principal via de resposta ao estresse”, aconselha o psiquiatra.

    Fatores ambientais

    Estresse constante, traumas, violência, perdas e até condições ruins de vida podem estar ligados ao desenvolvimento da depressão.

    “Experiências adversas, violência cotidiana e isolamento social elevam o cortisol, hormônio que prepara o corpo para lutar ou fugir. Em doses altas e prolongadas o cortisol inflama o cérebro, prejudica a formação de novas conexões neurais e aumenta vulnerabilidade à depressão”, conta Dieckmann.

    “Algumas pessoas carregam variantes genéticas que reforçam a proteção dos neurônios, resultado em maior resiliência, enquanto outras nascem com variantes que amplificam o impacto do estresse”.

    Desequilíbrios químicos

    Alterações nos neurotransmissores do cérebro, como serotonina e dopamina, também estão relacionadas ao aparecimento da depressão.

    O psiquiatra explica que a serotonina, noradrenalina e dopamina são mensageiros químicos que regulam humor, motivação e energia.

    “Seus níveis variam em resposta a gatilhos como alterações hormonais da tireoide, uso de certas medicações, inflamações sistêmicas e sobrecarga emocional. Esses gatilhos desajustam os circuitos cerebrais ligados à recompensa, causando apatia ou tristeza”, diz.

    Diagnóstico da depressão

    O diagnóstico da depressão é feito por um médico psiquiatra ou outro profissional de saúde mental. Ele considera os sintomas, a duração e o impacto na vida da pessoa.

    Não existem exames laboratoriais que comprovem a depressão, mas testes e conversas com o médico ajudam a avaliar o problema. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de recuperação e menor o tempo de sofrimento da pessoa.

    “Deixar de tratar a depressão permite que sintomas se prolonguem e se tornem mais resistentes. Estudos mostram risco dobrado de infarto e derrame, piora de memória e concentração, maior probabilidade de abuso de álcool ou drogas e aumento expressivo da chance de suicídio”, diz o médico.

    “Além disso, a doença rouba anos de vida produtiva e prejudica relações pessoais”.

    Quando buscar ajuda para depressão

    O psiquiatra recomenda buscar ajuda médica se os sintomas durarem mais de duas semanas e começarem a atrapalhar a vida, como o trabalho, os estudos, ou se surgirem pensamentos de morte ou incapacidade de cuidar de si.

    “Um clínico, psicólogo ou psiquiatra consegue confirmar o diagnóstico e iniciar tratamento que abrange psicoterapia, ajustes no estilo de vida e, quando necessário, medicação. Quanto mais cedo o cuidado, maior a chance de remissão completa”, diz.

    Perguntas frequentes sobre depressão

    1. Depressão tem cura?

    Sim. Com o tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e ter qualidade de vida.

    2. O que fazer quando um amigo está com depressão?

    Ouça sem julgar, incentive a buscar ajuda profissional e esteja presente.

    3. Remédio para depressão vicia?

    Não. Antidepressivos não causam dependência química, mas devem ser usados somente com orientação médica.

    4. Posso tratar a depressão só com terapia?

    Em alguns casos leves, sim. Em outros, pode ser necessário combinar terapia e medicamentos.

    5. Crianças e adolescentes podem ter depressão?

    Sim. E o diagnóstico precoce é ainda mais importante nessa fase.

    Leia Mais: Depressão adolescente: sinais e como ajudar com empatia

    6. Existe depressão pós-parto?

    Sim. Ela pode surgir alguns dias após o parto ou até semanas depois e precisa de atenção médica.

    7. Atividades físicas ajudam na depressão?

    Sim. Elas liberam substâncias que melhoram o humor e reduzem a ansiedade.

    8. Como diferenciar preguiça de depressão?

    A depressão vai muito além da falta de vontade. Ela afeta o corpo e a mente, e precisa de tratamento.