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  • Sarampo: conheça os sinais e veja o que fazer em caso de contato 

    Sarampo: conheça os sinais e veja o que fazer em caso de contato 

    Durante décadas, o sarampo foi considerado uma doença praticamente erradicada no Brasil. No entanto, a queda na cobertura vacinal nos últimos anos fez com que o vírus voltasse a circular e causasse novos surtos. Extremamente contagiosa, essa infecção viral pode provocar febre alta, manchas na pele e complicações graves, especialmente em crianças pequenas e pessoas não vacinadas.

    Transmitido pelo ar e capaz de permanecer suspenso por horas, o sarampo é uma das doenças infecciosas mais contagiosas conhecidas. A vacinação completa continua sendo a melhor forma de proteção — e também a principal maneira de evitar que o país volte a enfrentar grandes epidemias.

    O que é o sarampo

    O sarampo é uma doença infecciosa viral causada pelo paramixovírus, e se espalha facilmente pelo ar, através de gotículas expelidas ao tossir, falar ou espirrar. O vírus pode permanecer ativo no ambiente por várias horas, o que explica sua alta taxa de contágio.

    O período de incubação (tempo entre o contato com o vírus e o início dos sintomas) varia de 8 a 12 dias. A pessoa infectada começa a transmitir o vírus cerca de dois dias antes dos primeiros sintomas e permanece contagiosa até quatro dias após o surgimento das manchas na pele.

    Sintomas e evolução da doença

    O sarampo apresenta um quadro clínico clássico, dividido em duas fases principais:

    Fase inicial (prodrômica)

    Dura de 3 a 4 dias e se assemelha a uma gripe forte, com:

    • Febre alta e progressiva, que atinge o pico no início do exantema;
    • Tosse seca e persistente;
    • Mal-estar, fraqueza e cansaço;
    • Dor de cabeça;
    • Coriza (nariz escorrendo);
    • Olhos vermelhos e sensíveis à luz (fotofobia).

    Um sinal característico nessa fase são as manchas de Koplik, pequenas manchas brancas e azuladas na parte interna das bochechas, consideradas um marcador típico da doença.

    Fase das manchas na pele (exantemática)

    Nesta etapa, surgem manchas avermelhadas e levemente elevadas (exantema morbiliforme), que:

    • Começam atrás das orelhas;
    • Espalham-se para rosto, pescoço, tronco, braços e pernas;
    • Podem se unir em algumas regiões;
    • Desaparecem após 3 a 4 dias, deixando a pele com manchas acastanhadas temporárias.

    Durante essa fase, o paciente costuma ter o pior estado geral, com febre alta, tosse forte e aspecto abatido.

    Complicações possíveis

    Embora seja conhecida como uma doença da infância, o sarampo pode causar complicações graves, especialmente em:

    • Crianças pequenas;
    • Gestantes;
    • Pessoas desnutridas;
    • Indivíduos com imunidade baixa.

    Complicações mais comuns

    • Otite média (infecção no ouvido);
    • Laringite e traqueobronquite;
    • Pneumonia viral ou bacteriana;
    • Diarreia intensa e desidratação;
    • Infecções oculares, podendo causar cegueira;
    • Encefalite (inflamação cerebral);
    • Panencefalite esclerosante subaguda — que aparece anos depois e causa deterioração progressiva do sistema nervoso.

    Diagnóstico

    O diagnóstico pode ser clínico, com base nos sintomas e sinais característicos. No entanto, recomenda-se confirmação laboratorial por meio de:

    • Exame de sangue (sorologia) para detecção de anticorpos IgM;
    • Teste de PCR, que identifica o material genético do vírus.

    Esses exames são importantes para confirmar o diagnóstico e monitorar surtos da doença.

    Tratamento

    Não existe um tratamento específico contra o vírus do sarampo. O cuidado é feito com medicações para alívio dos sintomas, repouso e hidratação.

    • Uso de antitérmicos e analgésicos, conforme orientação médica;
    • Vitamina A (palmitato de retinol), recomendada pela OMS para reduzir complicações, morbidade e mortalidade da doença.

    O acompanhamento médico é essencial, especialmente em crianças pequenas, para evitar desidratação e infecções secundárias.

    Situação atual

    O Brasil recebeu, em 2016, o certificado de eliminação do sarampo pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Contudo, o vírus voltou a circular nos últimos anos devido à redução das taxas de vacinação.

    Durante a pandemia de covid-19, houve queda temporária nos casos, consequência do isolamento social. Mas, com o retorno da circulação de pessoas, os números voltaram a subir.

    Em abril de 2025, foram registrados 2.325 casos confirmados nas Américas, com quatro mortes — um aumento de 11 vezes em relação ao mesmo período de 2024.

    Diante disso, o Ministério da Saúde reintroduziu a dose zero (D0) da vacina contra sarampo em locais de maior risco, reforçando a importância da imunização.

    Prevenção

    A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir o sarampo. A vacina contém vírus vivo atenuado e é aplicada da seguinte forma:

    • 1ª dose: aos 12 meses (tríplice viral – sarampo, caxumba e rubéola);
    • 2ª dose: aos 15 meses (tetraviral – sarampo, caxumba, rubéola e varicela).

    Dose zero (D0)

    Devido ao aumento de casos, foi instituída uma dose adicional para crianças de 6 meses residentes em áreas de maior risco, como:

    • Roraima e Amapá;
    • Região Metropolitana de Belém e de São Paulo;
    • Municípios de fronteira e da Região Sul.

    Essa dose oferece proteção temporária, mas não substitui as doses do calendário regular.

    Cuidados com pessoas expostas ao vírus

    Quem teve contato com alguém com sarampo e não foi vacinado nem teve a doença deve seguir estas orientações:

    • Até 72 horas após a exposição: aplicar a vacina contra o sarampo;
    • Entre 3 e 6 dias após o contato: aplicar imunoglobulina humana, que oferece proteção temporária.

    Durante o período de contágio, recomenda-se isolamento respiratório, com uso de máscara, por pelo menos 4 dias após o início das manchas.

    Veja também: Escarlatina: uma infecção antiga que ainda exige atenção hoje

    Perguntas frequentes sobre sarampo

    1. O que é o sarampo?

    É uma infecção viral altamente contagiosa que provoca febre alta, manchas vermelhas na pele e pode causar complicações graves.

    2. Como o sarampo é transmitido?

    Pelo ar, através de gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou falar. O vírus pode permanecer suspenso por horas.

    3. Quais são os primeiros sintomas do sarampo?

    Febre alta, tosse seca, coriza, olhos vermelhos e pequenas manchas brancas na mucosa da boca (manchas de Koplik).

    4. Quando surgem as manchas na pele?

    Geralmente após 3 a 4 dias dos sintomas iniciais, começando atrás das orelhas e se espalhando pelo corpo.

    5. Existe tratamento para o sarampo?

    Não há tratamento específico. O cuidado é de suporte, com medicações para sintomas e vitamina A.

    6. Quem deve tomar a vacina contra o sarampo?

    Todas as pessoas conforme o calendário: 1ª dose aos 12 meses e 2ª aos 15 meses; adultos não vacinados também devem se imunizar.

    7. O que é a dose zero da vacina?

    É uma dose adicional aplicada em crianças de 6 meses em áreas com maior risco de surtos.

    8. O sarampo pode matar?

    Sim. A doença pode causar pneumonia, encefalite e outras complicações graves, especialmente em crianças pequenas.

    Veja mais: Catapora: tudo o que você precisa saber sobre sintomas e prevenção

  • Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer 

    Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer 

    Quando se fala em vacinação, muita gente ainda pensa só em criança. Mas a verdade é que o calendário vacinal não termina na infância. Mesmo depois dos 18 anos, existem vacinas muito importantes para manter a saúde em dia e se proteger contra doenças sérias que podem dar muita preocupação.

    Além das anuais, como aquela contra a gripe, por exemplo, algumas vacinas para adultos precisam estar atualizadas.

    Quais vacinas todo adulto deve manter em dia?

    Segundo a infectologista Clara Buscarini, as vacinas essenciais para adultos no Brasil são:

    • DT (difteria e tétano);
    • Hepatite B;
    • Influenza;
    • Covid-19;
    • HPV;
    • Tríplice viral (SCR);
    • Febre amarela (para áreas de risco).

    “A vacinação contra difteria e tétano (dupla adulto, dT) é indicada para todos os adultos, com reforço a cada 10 anos. Já a hepatite B deve ser feita em três doses, caso o adulto nunca tenha se vacinado”, diz a médica. Por isso, é bom checar a carteirinha de vacinação de tempos em tempos.

    Outras vacinas também entram na lista em situações específicas. “A vacinação contra coqueluche é recomendada principalmente para gestantes, não sendo universal para todos os adultos”, explica.

    E no caso da vacina contra influenza (gripe), a recomendação é que grupos prioritários a tomem anualmente. “Isso inclui gestantes, puérperas, profissionais de saúde e pessoas com comorbidades. Ela fica disponível em campanhas ampliadas ou no sistema privado”, explica a especialista.

    No caso da vacina contra covid-19, o ideal é o reforço anual. “Desde 2021, a vacinação contra o SARS-CoV-2 tornou-se recomendação universal para adultos, com diferentes plataformas vacinais e reforços periódicos (geralmente anuais)”, diz a infectologista.

    E os idosos, precisam de alguma dose de vacina a mais?

    Sim. A infectologista destaca que, para pessoas acima dos 60 anos, a vacina pneumocócica (PPV23) é indicada para ajudar a proteger contra pneumonias graves.

    É importante saber que no serviço privado já estão disponíveis vacinas que não fazem parte do calendário do SUS ou não fazem parte para todos os grupos da população, mas podem ser recomendadas em casos específicos, como a da dengue e a do herpes zoster.

    Vacinas são iguais para homens e mulheres?

    Sim. “Não há esquemas vacinais distintos para homens e mulheres, exceto no contexto de gestantes”, explica a médica.

    Isso significa que, de modo geral, homens e mulheres seguem o mesmo calendário, mas as gestantes precisam receber orientações especiais para proteger também o bebê.

    Por que alguns adultos precisam repetir vacinas que já tomaram?

    Muita gente acredita que estar vacinado na infância é garantia de proteção para a vida toda. Mas não é bem assim.

    “A imunidade conferida por algumas vacinas pode diminuir ao longo do tempo. Além disso, mudanças nos calendários vacinais ao longo das décadas podem deixar lacunas de proteção em adultos”, explica a infectologista.

    Ela dá um exemplo importante: “Indivíduos vacinados contra sarampo entre 1963 e 1989 podem ter recebido vacinas menos eficazes ou esquemas incompletos. Por isso, em grupos de risco, como profissionais de saúde e viajantes internacionais, é recomendada a revacinação”.

    Outra situação mais específica é quando acontece um transplante de medula óssea. “A imunossupressão induzida pelo transplante exige a revacinação completa de adultos, independentemente do histórico vacinal, pois a imunidade adquirida anteriormente pode ser perdida após o procedimento”, detalha a médica.

    Vacinas para adultos quem têm doenças crônicas

    Pessoas que têm determinadas doenças crônicas precisam de uma atenção ainda mais especial para a vacinação, e a recomendação depende da condição clínica.

    “Pessoas com pressão alta e com diabetes devem seguir o calendário já mencionado. Mas pacientes com hepatopatias graves, por exemplo, precisam se vacinar também contra meningite C (ACWY preferencialmente) e meningite B”, orienta.

    Ou seja, nesses casos a avaliação deve ser individualizada pelo médico.

    É seguro tomar várias vacinas no mesmo dia?

    Muita gente tem receio, mas a resposta é sim, é seguro.

    “A administração de várias vacinas no mesmo dia é segura, não compromete a eficácia imunológica e é recomendada para garantir proteção oportuna contra doenças preveníveis”, diz a infectologista Clara Buscarini.

    A única exceção são as vacinas vivas atenuadas (como tríplice viral e febre amarela, por exemplo). “Se não forem aplicadas no mesmo dia, precisam ter um intervalo de pelo menos 28 dias entre elas para evitar interferência na resposta imunológica”, diz a especialista.

    O risco de não completar o calendário vacinal

    Segundo a médica, deixar vacinas de lado pode trazer várias consequências sérias:

    • Maior risco de ficar doente e ter complicações graves, especialmente no caso de pessoas com saúde mais vulnerável, como idosos e quem tem outras doenças;
    • Diminuição da proteção coletiva, também conhecida como imunidade de rebanho. Isso aumenta a chance de doenças já erradicadas ou controladas voltarem (como sarampo, rubéola e poliomielite), e coloca em risco quem não está vacinado ainda ou pessoas imunossuprimidas;
    • Transmissão para pessoas vulneráveis, como bebês, crianças, idosos e pessoas com problemas de imunidade;
    • Impacto no sistema de saúde: o tratamento de doenças preveníveis com vacina onera o sistema de saúde, aumenta o custo e sobrecarrega o sistema.

    “A manutenção de um esquema vacinal completo ao longo da vida adulta é muito importante para prevenir doenças imunopreveníveis e suas complicações”, reforça a infectologista.

    Perguntas frequentes sobre vacinação em adultos

    1. Adultos precisam vacinar todos os anos?

    Sim. Especialmente contra influenza e covid-19, que têm reforços anuais. Mas é importante ficar de olho no calendário vacinal para eventuais reforços de outras vacinas, como a de tétano, por exemplo.

    2. Qual vacina é obrigatória para viajar?

    A vacina contra febre amarela é exigida em viagens para áreas de risco ou países que solicitam o certificado internacional.

    3. Vacina contra HPV é só para adolescentes?

    Não. “Adultos com 20 anos ou mais, não vacinados anteriormente, podem receber três doses da HPV9”, lembra a médica.

    4. Posso tomar vacinas mesmo gripado?

    Depende. Quadros leves não contraindicam, mas em caso de febre alta é melhor adiar.

    5. Se eu perder uma dose, preciso reiniciar a vacinação?

    Não. O esquema pode ser retomado de onde parou, sem necessidade de começar tudo de novo.

    Leia também: HPV: o que é, riscos e como a vacina pode proteger sua saúde