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    Perda gestacional: causas, tipos e cuidados necessários 

    A perda gestacional, também chamada de abortamento, é um tema sensível, mas essencial de ser discutido com informação e acolhimento. Ela ocorre quando a gestação é interrompida antes de o bebê ter condições de sobreviver fora do útero.

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), considera-se aborto quando a perda ocorre antes de 22 semanas, e o feto pesa menos de 500 g ou mede menos de 16,5 cm.

    Embora seja relativamente comum, muitos casos ainda são rodeados de silêncio, dúvida e culpa. No Brasil, o abortamento inseguro permanece como uma das principais causas de morte materna, reforçando a importância do acesso ao pré-natal adequado e à assistência médica segura.

    Quando o abortamento pode acontecer

    A perda gestacional pode ocorrer em diferentes momentos:

    • Abortamento precoce: até a 12ª semana (mais comum).
    • Abortamento tardio: entre a 13ª e 20ª semana, geralmente associado a causas específicas, como infecções ou alterações uterinas.

    Principais causas

    O abortamento pode ser classificado conforme sua causa:

    Abortamento provocado

    Quando a interrupção da gestação é intencional, com uso de medicamentos ou métodos externos.

    Abortamento espontâneo

    Acontece naturalmente. As causas mais frequentes incluem:

    • Alterações genéticas do embrião (responsáveis por cerca de 60% dos casos precoces);
    • Infecções maternas;
    • Alterações anatômicas do útero (miomas, malformações);
    • Doenças maternas não controladas (diabetes, hipertensão, doenças autoimunes);
    • Trombofilias e fatores imunológicos.

    Em muitos casos, a causa não é identificada e não é culpa da mulher.

    Tipos de abortamento

    1. Ameaça de abortamento

    Pequeno sangramento e cólicas leves, sem dilatação do colo. A gestação pode seguir normalmente. Conduta: repouso relativo, evitar relações sexuais, acompanhamento.

    2. Abortamento inevitável

    Sangramento intenso, dor forte e colo uterino dilatado. O ultrassom mostra o saco gestacional em expulsão.

    3. Abortamento incompleto

    Parte do conteúdo gestacional é expulsa; restos permanecem no útero. Pode haver sangramento persistente e risco de infecção. O tratamento, neste caso, é com um medicamento específico ou AMIU (aspiração manual intrauterina), método recomendado pela OMS.

    4. Abortamento completo

    Todo o conteúdo gestacional é eliminado naturalmente. Sangramento diminui e o útero volta ao tamanho normal. É necessário ultrassom para confirmar.

    5. Abortamento retido

    O embrião falece, mas não é expulso espontaneamente. Diagnóstico por ultrassom, sem batimentos cardíacos. O tratamento é feito com medicamentos ou procedimentos de esvaziamento uterino.

    6. Abortamento infectado

    Complicação grave. Pode surgir após qualquer tipo, especialmente em casos inseguros. Sintomas: febre, dor intensa, corrimento com mau cheiro, mal-estar. É uma emergência médica — requer internação, antibióticos e, às vezes, cirurgia.

    Tratamento

    O tratamento depende do tipo de abortamento e das condições clínicas da mulher. Pode envolver:

    • Uso de medicamentos;
    • AMIU, curetagem uterina ou aspiração a vácuo;
    • Internação em casos de infecção, hemorragia ou complicações;
    • Acompanhamento emocional após a perda.

    A conduta deve sempre ser definida por um profissional médico.

    Sinais de alerta: quando procurar o hospital

    Procure atendimento imediato se houver:

    • Sangramento vaginal intenso (um absorvente cheio por hora);
    • Dor abdominal forte e contínua;
    • Febre, corrimento fétido ou calafrios;
    • Fraqueza, tontura ou desmaio.

    Esses sinais indicam risco de complicações.

    Cuidado e acolhimento

    A perda gestacional é uma experiência dolorosa física e emocionalmente. O acompanhamento médico e psicológico é fundamental. Também é importante conversar sobre planejamento reprodutivo, prevenção de novas perdas e cuidados futuros.

    Leia também: Gravidez ectópica: saiba o que é e os sinais da gestação fora do útero

    Perguntas frequentes sobre perda gestacional

    1. Exercício físico pode causar abortamento?

    Não. Atividades comuns e seguras não provocam aborto espontâneo.

    2. Estresse pode causar perda gestacional?

    O estresse isoladamente não causa abortamento espontâneo.

    3. Após um abortamento, quando posso tentar engravidar novamente?

    Depois da recuperação física e emocional, com orientação médica. Muitas vezes, é possível tentar após um ou dois ciclos menstruais.

    4. Perda gestacional é hereditária?

    Na maioria dos casos, não. Mas algumas trombofilias podem ter componente familiar.

    5. Há como evitar um aborto espontâneo?

    Nem sempre. Mas manter doenças controladas, acompanhar no pré-natal e evitar infecções reduz riscos.

    6. Ter um aborto aumenta o risco de outros?

    Depende da causa. Muitas mulheres têm apenas um episódio e depois engravidam normalmente.

    7. Hemorragia sempre indica aborto?

    Não. Sangramentos leves no início da gestação são relativamente comuns — mas sempre devem ser avaliados.

    Veja também: Insuficiência istmocervical: o que é e por que merece atenção na gravidez