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  • Como o cérebro decide o que lembrar e o que esquecer 

    Como o cérebro decide o que lembrar e o que esquecer 

    Você já se perguntou por que algumas lembranças parecem eternas, enquanto outras somem em minutos? Há uma explicação científica para isso e, ao contrário do que muitos imaginam, esquecer faz parte de um cérebro saudável.

    De acordo com o psiquiatra Luiz Dieckmann, o esquecimento não é uma falha, e sim um processo ativo que ajuda a manter o equilíbrio mental.

    “Durante o sono, principalmente na fase mais profunda, nós literalmente limpamos a nossa casinha”, explica o médico. Essa “faxina cerebral” é feita pelo sistema glinfático, uma descoberta recente da neurociência que ajudou os cientistas a entender melhor como o sono protege a memória.

    Lembrar e esquecer são duas faces da mesma moeda

    A memória humana não é uma biblioteca infinita, mas sim seletiva. O cérebro precisa decidir o que vale a pena guardar e o que deve ser apagado para evitar sobrecarga.

    Essa filtragem ocorre principalmente no hipocampo, estrutura responsável pela formação e consolidação das memórias. Ele atua como um curador interno, escolhendo quais experiências serão enviadas ao córtex cerebral, onde ficam armazenadas as lembranças de longo prazo.

    Segundo Dieckmann, as memórias com forte carga emocional têm prioridade. “Você precisa lembrar do seu primeiro beijo, mas não necessariamente do que almoçou na terça-feira passada”, comenta o psiquiatra.

    Durante o sono, o cérebro faz uma verdadeira faxina

    O esquecimento saudável acontece principalmente durante o sono profundo. É nesse momento que o sistema glinfático entra em ação — uma rede descoberta há pouco mais de 10 anos que funciona como o sistema linfático do cérebro.

    Enquanto dormimos, o sistema glinfático remove toxinas e resíduos metabólicos, além de “descartar” informações desnecessárias acumuladas durante o dia. Por isso, dormir bem não apenas melhora a memória, como também previne esquecimentos e protege o cérebro a longo prazo.

    Repetição e emoção: os segredos da lembrança duradoura

    O cérebro interpreta a repetição como um sinal de importância. É por isso que você lembra da letra de uma música antiga ou da senha do Wi-Fi que digita todos os dias. Segundo Dieckmann, informações repetidas ganham prioridade, pois o cérebro entende que aquilo merece ser reforçado.

    A emoção também é um fator determinante. Situações que envolvem alegria, medo ou surpresa fixam a lembrança com mais força no hipocampo. Isso explica por que recordamos eventos marcantes, mas esquecemos rotinas comuns.

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    Esquecer também é importante para a saúde mental

    Esquecer é tão importante quanto lembrar. O esquecimento ativo permite ao cérebro se adaptar a novas informações, evita o acúmulo de dados irrelevantes e reduz o estresse cognitivo.

    Ou seja: quando você esquece onde deixou as chaves, o cérebro não está “falhando”, mas priorizando o que considera mais útil para a sobrevivência, o aprendizado e o equilíbrio emocional.

    A memória é dinâmica: o hipocampo seleciona, o sistema glinfático limpa, o sono consolida e a emoção dá peso às recordações. Em resumo, esquecer é sinal de que o cérebro está funcionando bem — e que você está dormindo bem também.

    Veja mais aqui:

     

    Perguntas frequentes sobre memória

    1. O que é o sistema glinfático?

    É o sistema de drenagem do cérebro responsável por remover toxinas e resíduos durante o sono, ajudando na limpeza e manutenção da função cerebral.

    2. O hipocampo é o centro da memória?

    Ele é uma das principais estruturas envolvidas na formação e consolidação das memórias, mas o armazenamento de longo prazo ocorre no córtex cerebral.

    3. Dormir pouco atrapalha a memória?

    Sim. A privação de sono reduz a atividade do sistema glinfático e prejudica a consolidação da memória, aumentando o risco de esquecimentos.

    4. Repetir algo muitas vezes ajuda a decorar?

    Sim. A repetição indica ao cérebro que a informação é importante, fortalecendo as conexões neurais responsáveis pela memória de longo prazo.

    5. É normal esquecer coisas simples no dia a dia?

    Sim, especialmente quando estamos cansados, estressados ou distraídos. Esquecer pequenas coisas faz parte do funcionamento normal da memória.

    6. Quando o esquecimento deixa de ser normal?

    Quando se torna frequente, interfere na rotina e vem acompanhado de confusão mental. Nesses casos, é importante buscar avaliação médica.

    Leia mais: Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas

  • Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas 

    Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas 

    Você já viu por aí alguém falando de uma vitamina para a memória que é capaz de turbinar a cognição e quis logo experimentar? Você foi enganado.

    “Existe uma crença de que existe uma vitamina milagrosa que melhorar ou previne este problema, mas não existe nenhuma vitamina em específico que vá curar perda de memória de ninguém”, explica a neurologista Paula Dieckmann.

    Venha entender mais o problema de tomar vitaminas sem orientação médica ou nutricional para melhorar a memória e o que de fato ajuda a manter o cérebro saudável.

    Quando as vitaminas importam de verdade

    A falta de vitaminas é, de fato, prejudicial para a memória. “Mas isso não quer dizer que a reposição delas para pessoas saudáveis vá ter algum tipo de benefício”, diz o psiquiatra.

    “Na nossa investigação médica, descartamos sempre a hipovitaminose, que são deficiências de vitaminas específicas que podem estar ligadas a algum problema”, explica o psiquiatra Luiz Dieckmann.

    Em outras palavras, não existe “vitamina mágica”. Agora, se faltar alguma, sim, isso pode ter impacto no funcionamento do cérebro, inclusive na memória.

    Veja quais vitaminas, quando em falta, podem afetar a memória:

    • Vitamina B12: deficiência de B12 está associada em vários estudos com prejuízo da memória, confusão mental e até demência reversível em idosos;
    • Ácido fólico (vitamina B9): participa de processos que mantêm o cérebro saudável; aliado com B12, contribui para evitar acúmulo de homocisteína (uma substância que, em excesso, pode ser danosa);
    • Vitaminas C, D e antioxidantes em geral: embora não haja evidência de que façam “explodir” a memória, baixos níveis de vitamina C ou D e de antioxidantes estão associados a declínio cognitivo em pessoas mais velhas.

    Esses déficits são corrigíveis com avaliação médica, exames de sangue, dieta adequada ou suplementação quando necessário.

    Fique atento ao que não funciona para a memória

    • A reposição de vitaminas em pessoas sem deficiência não garante memória superior, melhoria milagrosa ou proteção absoluta contra doenças como Alzheimer;
    • Muitos suplementos são promovidos na internet com promessas exageradas, sem respaldo científico rigoroso ou aprovação técnica;
    • Suplementos vitamínicos têm variação de composição, dosagem e pureza. Interações com outros remédios ou efeitos adversos podem existir — é importante usar sempre com orientação médica ou nutricional.

    “Existem inúmeras coisas que vemos na internet prometendo milagres que não existem”, alerta o psiquiatra.

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    Práticas que realmente ajudam sua memória

    Mesmo não havendo uma vitamina mágica, há medidas comprovadas para cuidar bem da memória:

    • Alimentação balanceada, rica em proteínas, frutas, vegetais e gorduras boas (como ômega-3);
    • Exercícios físicos regulares, que melhoram o fluxo sanguíneo cerebral e promovem saúde dos neurônios;
    • Sono de qualidade, pois durante o sono o cérebro consolida memórias;
    • Aprender coisas novas (idiomas, instrumentos, hobbies) para estimular a plasticidade cerebral;
    • Vida social ativa, com convívio entre amigos, família e estímulos cognitivos.

    Assista ao vídeo dos especialistas a respeito de vitaminas e memória:

    Perguntas frequentes sobre vitaminas e memória

    1. Existe alguma vitamina milagrosa para turbinar a memória?

    Não. Especialistas são unânimes: não há vitamina que garanta aumento cognitivo acima do normal em pessoas saudáveis, ou seja, pessoas que já têm níveis adequados de vitaminas.

    2. Se eu tiver deficiência de vitaminas como B12, posso melhorar a memória ao repor?

    Sim. Em casos de deficiência, como baixa B12, a reposição pode reverter prejuízos cognitivos. É por isso que exames médicos são tão importantes.

    3. Posso tomar suplementos apenas supondo que estou com deficiência de vitaminas?

    Não. É importante fazer exames antes para evitar a hipervitaminose, que também pode fazer mal à saúde. Lembre-se: suplementos não são garantia de memória melhor se seus níveis vitamínicos já estiverem normais.

    4. Vitamina D ou C ajudam?

    Em parte, sim, mas apenas se a pessoa tiver deficiência delas. Elas colaboram para a saúde geral do cérebro e, em pessoas com deficiência, podem melhorar aspectos cognitivos. Mas não substituem boas práticas como sono, alimentação e exercício.

    5. Qual é o papel das vitaminas do complexo B (B1, B6, B9, B12)?

    Essas vitaminas participam da produção de energia no cérebro, da manutenção dos neurônios, da regulação da homocisteína, da síntese de DNA e da condução nervosa. Tudo isso pode impactar a memória se houver deficiência.

    6. Há risco em tomar vitaminas demais?

    Sim. O excesso pode causar efeitos adversos. Além disso, suplementos não seguem o mesmo rigor médico dos medicamentos — por isso, a orientação de um médico ou nutricionista é essencial.

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