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  • Cortisol: o que é, como diminuir e sinais de que está alto

    Cortisol: o que é, como diminuir e sinais de que está alto

    Presente na maioria dos processos fisiológicos do corpo humano, o cortisol funciona como um dos principais hormônios de adaptação do organismo, porque ajuda o corpo a reagir a estímulos externos, equilibrar a produção de energia ao longo do dia e modular a forma como cada pessoa responde a situações de estresse físico ou emocional.

    Mas você sabe por que ele é conhecido como hormônio do estresse? Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender o impacto do cortisol alto na saúde, como identificar alterações nos níveis do hormônio e medidas que podem ajudar a diminuir seus efeitos.

    Afinal, o que é cortisol?

    O cortisol é um hormônio da classe dos glicocorticóides, produzido pelas glândulas adrenais (ou suprarrenais), que ficam localizadas acima dos rins. Ele participa de vários processos do organismo, contribuindo para regular a produção de energia, controlar a resposta inflamatória, manter a pressão arterial estável e ajustar a forma como o corpo reage a situações de alerta.

    De acordo com Juliana, ele é chamado de hormônio do estresse porque sua liberação aumenta principalmente diante de situações de estresse físico ou emocional. Ele ajuda o corpo a produzir mais energia, estimulando o fígado a liberar glicose e ajustando a pressão arterial para que a pessoa consiga enfrentar momentos de tensão com mais preparo.

    A cardiologista também explica que o cortisol favorece a vasoconstrição das artérias, ajudando a manter a pressão arterial — além de seguir um ritmo natural conhecido como ciclo circadiano: níveis mais altos pela manhã para estimular o despertar e níveis mais baixos à noite para facilitar o descanso.

    Cortisol alto faz mal?

    Apesar do efeito rápido do cortisol ser adequado ao organismo, ele pode trazer problemas para a saúde quando se mantém alto de forma crônica e prolongada, segundo Juliana.

    A produção aumentada mantém o corpo em estado constante de alerta, algo que deveria acontecer apenas em situações pontuais, e não diariamente.

    Entre os efeitos no coração e no sistema cardiovascular, a especialista destaca:

    • Aumento da pressão arterial, por causa da constrição dos vasos sanguíneos;
    • Maior retenção de sódio e água, o que contribui para elevar ainda mais a pressão;
    • Desequilíbrio no perfil de colesterol, com aumento do colesterol ruim e dos triglicerídeos;
    • Elevação da glicose no sangue, já que o fígado libera mais açúcar, favorecendo a resistência à insulina;
    • Maior risco de diabetes, devido ao excesso prolongado de glicose circulante;
    • Acúmulo de gordura abdominal (obesidade central), associado a maior risco cardiovascular;
    • Aumento do risco de infarto e AVC, pela soma de alterações na pressão, glicemia e colesterol;
    • Perda de massa muscular, causada pelo aumento do catabolismo e maior quebra de proteínas.

    O que pode causar o cortisol alto?

    O cortisol alto pode surgir quando o organismo permanece em estado de alerta por mais tempo do que deveria, devido a fatores do dia a dia que mantêm a liberação acelerada e desregulam o equilíbrio natural. Alguns dos principais fatores incluem:

    • Estresse crônico, ligado ao acúmulo de responsabilidades, pressão no trabalho, conflitos emocionais ou rotina sem pausas;
    • Privação de sono, já que noites curtas ou mal dormidas desorganizam o ciclo circadiano, que controla a liberação do hormônio;
    • Ansiedade persistente, que mantém o sistema nervoso em alerta e estimula a produção contínua de cortisol;
    • Treinos físicos muito intensos sem descanso adequado, que funcionam como estresse para o organismo;
    • Alimentação desregulada, com excesso de açúcar, cafeína e ultraprocessados, que favorecem maior liberação do hormônio;
    • Doenças como depressão, síndrome de Cushing ou resistência à insulina, que podem alterar o funcionamento das glândulas adrenais;
    • Uso prolongado de corticoides, já que medicamentos dessa classe interferem diretamente no eixo que regula o cortisol.

    Quais os sintomas do cortisol alto?

    A identificação dos sintomas de cortisol alto pode ser difícil no começo, porque muitos sinais aparecem de forma discreta e se confundem com cansaço comum. Entre os mais frequentes, é possível destacar:

    • Ganho de peso, especialmente na região abdominal e no rosto, conhecido como “face de lua cheia”;
    • Aumento da pressão arterial, causado pela constrição dos vasos sanguíneos;
    • Elevação da glicose no sangue (hiperglicemia), devido ao estímulo constante do fígado para liberar mais açúcar;
    • Perda de massa muscular, mesmo com aumento de peso, por causa da maior quebra de proteínas;
    • Alterações emocionais, como ansiedade, irritabilidade e dificuldade de concentração;
    • Mudanças no humor, com maior risco de depressão;
    • Distúrbios de sono, incluindo insônia e noites de sono de má qualidade.

    Ter cortisol baixo também pode ser um problema?

    Quando a produção do cortisol diminui além do esperado, o corpo perde a capacidade de responder bem ao estresse e de manter o equilíbrio de energia ao longo do dia.

    Segundo Juliana, isso pode estar relacionado a uma condição conhecida como insuficiência adrenal (ou doença de Addison), na qual as glândulas suprarrenais não conseguem produzir cortisol em quantidade suficiente.

    Os principais sinais de cortisol baixo incluem:

    • Cansaço extremo que não melhora com descanso;
    • Fraqueza muscular;
    • Perda de peso sem explicação;
    • Tontura e queda de pressão;
    • Episódios de hipoglicemia;
    • Náuseas e mal-estar;
    • Irritabilidade e dificuldade de manter o foco.

    A condição exige avaliação médica, porque o organismo depende do cortisol para manter a pressão arterial, regular a glicose e responder a situações de estresse.

    Como é feita a avaliação dos níveis de cortisol?

    A avaliação dos níveis de cortisol é feita por meio de exames que medem a quantidade do hormônio no organismo ao longo do dia, já que a produção varia naturalmente entre manhã e noite. Juliana aponta os principais exames:

    • Cortisol sérico (sangue): coletado normalmente pela manhã, quando o hormônio está no pico natural. Ele ajuda a identificar aumentos ou quedas importantes na produção;
    • Cortisol urinário de 24 horas: a urina é coletada durante um dia inteiro para medir a quantidade total de cortisol livre produzida no período. É útil para investigar aumento persistente do hormônio;
    • Cortisol salivar noturno: avalia a concentração do hormônio à noite, horário em que o nível deveria estar baixo. Valores elevados ajudam no diagnóstico de produção excessiva de cortisol.

    Vale destacar que o resultado sempre deve ser interpretado junto com a avaliação do ritmo diário do hormônio, do histórico da pessoa e de outros exames complementares.

    Como diminuir o cortisol alto e mantê-lo em equilíbrio?

    Como o cortisol é o hormônio do estresse, a melhor maneira de diminuir os níveis é ajustar hábitos diários para ajudar o organismo a sair do estado constante de alerta. Algumas mudanças na rotina já fazem diferença, como:

    • Prática regular de atividade física, que ajuda no metabolismo e na regulação hormonal;
    • Alimentação balanceada, evitando estimulantes em excesso, como cafeína e açúcar;
    • Higiene do sono, mantendo sono adequado e regular, evitando telas à noite e buscando um ambiente escuro e confortável;
    • Técnicas de relaxamento, como respiração profunda;
    • Manter vida social e momentos de lazer, que reduzem o estresse e ajudam a equilibrar os níveis de cortisol.

    Se mesmo com ajustes na rotina, técnicas de relaxamento, alimentação equilibrada e melhora do sono, os sintomas de desequilíbrio persistirem, é fundamental procurar ajuda de um médico.

    A longo prazo, o cortisol alto pode favorecer o ganho de peso, prejudicar o metabolismo, aumentar o risco cardiovascular e alterar o funcionamento de vários sistemas do organismo.

    Leia também: Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa

    Perguntas frequentes

    Dormir mal aumenta o cortisol?

    O ato de dormir pouco ou dormir com interrupções altera o ciclo circadiano, que controla a liberação natural do hormônio. O corpo interpreta a privação de sono como um estressor e mantém a liberação alta mesmo quando deveria reduzir.

    Além disso, uma noite mal dormida faz o organismo despertar cansado, menos focado e ainda mais vulnerável ao estresse do dia seguinte, criando um ciclo prejudicial. Com o tempo, o padrão interfere no humor, na memória, na regulação da glicose e na disposição física.

    O uso de café e energéticos aumenta o cortisol?

    O consumo frequente de cafeína estimula o sistema nervoso central e aumenta a liberação do hormônio, especialmente quando ingerido em grande quantidade ou próximo da hora de dormir.

    A substância prolonga o estado de alerta e prejudica o descanso, favorecendo um padrão de liberação irregular do hormônio. O uso de energéticos também interfere no ritmo natural do organismo, aumentando a sensação de tensão e contribuindo para noites mal dormidas.

    Qual vitamina regula o cortisol?

    A vitamina mais associada ao controle natural do cortisol é a vitamina C, que atua diretamente no funcionamento das glândulas adrenais, responsáveis pela produção do hormônio.

    Quando o organismo enfrenta períodos longos de estresse, a demanda por vitamina C aumenta, e o corpo passa a utilizá-la mais rapidamente. Por isso, o consumo regular de alimentos ricos no nutriente ajuda a evitar uma liberação exagerada de cortisol e favorece uma recuperação mais rápida após momentos de tensão.

    Algumas boas fontes de vitamina C incluem laranja, kiwi, acerola, morango, pimentão e brócolis são boas fontes. Além da vitamina C, a vitamina D e algumas vitaminas do complexo B também contribuem para o equilíbrio emocional e para o bom funcionamento do sistema nervoso.

    Qual o melhor remédio para baixar o cortisol?

    A escolha do remédio para baixar o cortisol depende totalmente da causa do desequilíbrio, então existe um medicamento único indicado para todas as pessoas.

    O tratamento pode incluir reposição hormonal, ajuste de doses de corticoides já usados ou medicamentos específicos para condições como síndrome de Cushing.

    Quando o aumento está relacionado ao estresse, ansiedade ou depressão, o médico pode recomendar outras abordagens, como terapia, mudanças de estilo de vida ou, em alguns casos, medicamentos para estabilizar o humor e diminuir a resposta ao estresse. É fundamental não se automedicar!

    O cortisol alto afeta a imunidade?

    Quando o hormônio fica elevado por muito tempo, a resposta imunológica fica prejudicada, fazendo com que o organismo tenha mais dificuldade para combater vírus e bactérias. Como consequência, infecções simples podem surgir com mais frequência e em intervalos menores.

    A inflamação também aumenta, deixando o corpo em constante desgaste. A pessoa começa a sentir mais cansaço, demora mais para se recuperar de doenças e nota maior sensibilidade a alergias e irritações na pele.

    O cortisol muda ao longo do ciclo menstrual?

    O hormônio pode sofrer alterações durante o ciclo menstrual, especialmente em períodos de maior sensibilidade emocional ou dor. A fase pré-menstrual costuma deixar o organismo mais reativo, o que facilita o aumento temporário da resposta ao estresse.

    No entanto, quando a oscilação se torna intensa e interfere na rotina, vale conversar com um ginecologista para investigar possíveis desequilíbrios hormonais associados.

    Veja mais: Colesterol HDL: o que é, valores e como aumentar

  • Como o contato com a natureza ajuda a reduzir o estresse 

    Como o contato com a natureza ajuda a reduzir o estresse 

    Caminhar ao ar livre, observar o verde das árvores ou simplesmente ouvir o som de pássaros parece um prazer simples, mas para o corpo, é terapia. A ciência vem comprovando o que a intuição humana já sabia há séculos: o contato com a natureza tem um impacto importante e mensurável na saúde do corpo e da mente.

    Estudos mostram que estar em ambientes naturais reduz os níveis de estresse, melhora o humor, fortalece o coração e até protege o cérebro. Mas não é preciso viver em meio à floresta: pequenas pausas em espaços verdes, parques ou praças já trazem benefícios interessantes.

    O que a ciência descobriu sobre o contato com a natureza

    Pesquisas confirmam que a exposição regular à natureza modula o sistema nervoso, equilibra hormônios e reduz inflamações.

    Um estudo publicado no periódico científico Nature mostrou, com base em exames de imagem cerebral, que o contato com áreas verdes ativa regiões do cérebro relacionadas ao bem-estar e diminui a atividade em áreas ligadas ao estresse e à ansiedade.

    Outro estudo, da Occupational and Environmental Medicine, analisou milhares de participantes e concluiu que quanto mais tempo as pessoas passavam em ambientes naturais, menor era o risco de desenvolver pressão alta, depressão e esgotamento mental.

    Esses efeitos combinam fatores fisiológicos e psicológicos e explicam por que estar perto da natureza faz tão bem.

    Como a natureza atua no corpo e na mente

    Reduz o estresse e equilibra o sistema nervoso

    A exposição a ambientes naturais diminui os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Com menos cortisol circulando, o corpo entra em um estado de relaxamento fisiológico: o coração desacelera, a pressão arterial cai e os músculos relaxam.

    Além disso, sons naturais e a visão de paisagens verdes ativam o sistema parassimpático, responsável por acalmar o organismo e restaurar o equilíbrio interno.

    Faz bem para o coração

    O coração é beneficiado com essa redução do estresse. Pessoas que têm contato regular com áreas verdes apresentam menor frequência cardíaca de repouso e melhor controle da pressão arterial.

    E tem o fator movimento: o simples ato de caminhar em parques ou jardins melhora a circulação, reduz a inflamação e contribui para a saúde cardiovascular.

    Melhora o humor e a clareza mental

    O contato com a natureza é capaz de agir sobre o cérebro. Ele aumenta a liberação de serotonina e dopamina, neurotransmissores ligados ao prazer e à motivação. Pesquisas também mostram que pessoas que fazem caminhadas ao ar livre têm menor risco de ansiedade e depressão.

    Além disso, estar em meio à natureza reduz a sobrecarga cognitiva, pois o cérebro descansa das telas, do ruído e do excesso de estímulos urbanos.

    Fortalece o sistema imunológico

    A exposição moderada ao sol (com proteção adequada e atenção aos horários) estimula a produção de vitamina D, essencial para a imunidade e a saúde óssea.

    Como trazer mais natureza para o seu dia a dia

    A boa notícia é que não é preciso morar no campo para aproveitar os efeitos benéficos do verde. Veja algumas orientações médicas simples para integrar a natureza à sua rotina:

    • Passe ao menos 20 a 30 minutos por dia ao ar livre: caminhar em praças, cuidar de plantas ou até sentar-se próximo a uma árvore já ajuda;
    • Aproveite a luz natural: abra janelas, deixe o sol entrar e evite ambientes totalmente fechados com luz artificial durante o dia;
    • Leve o verde para dentro de casa: vasos de plantas, flores ou pequenas hortas em varandas podem melhorar o humor e a qualidade do ar;
    • Desconecte-se das telas: substitua alguns minutos de celular por momentos de observação da natureza, mesmo que seja o céu ou o canto dos pássaros.

    Combine natureza e movimento: caminhadas, pedaladas ou yoga ao ar livre unem os benefícios do exercício físico e do contato com o verde.

    O equilíbrio está na rotina

    Do ponto de vista médico, o contato com a natureza atua como um modulador natural do organismo. Ele reduz o estresse oxidativo, melhora o sono e auxilia na regulação da frequência cardíaca e da pressão arterial. Pequenas pausas verdes ao longo da semana têm efeitos cumulativos e fortalecem o corpo e a mente a longo prazo. Reservar um tempo para estar ao ar livre é cuidar da própria saúde.

    Confira: O que é ansiedade e por que ela está aumentando

    Perguntas frequentes sobre o contato com a natureza

    1. É preciso fazer atividade física para ter os benefícios?

    Não necessariamente. A atividade física é muito importante para a saúde, mas os benefícios de estar em contato com a natureza acontecem independentemente se uma atividade física é feita naquele local. Apenas estar em um ambiente natural, caminhando, lendo ou observando a paisagem, já traz efeitos positivos.

    2. A natureza realmente ajuda a controlar a pressão arterial?

    De forma indireta, sim. A exposição regular a ambientes verdes reduz a pressão e a frequência cardíaca, especialmente em pessoas com hipertensão leve.

    3. O contato com a natureza pode ajudar na ansiedade e depressão?

    Sim. Estudos mostram melhora no humor e redução de sintomas depressivos em pessoas que frequentam áreas verdes.

    4. Há contraindicações?

    Nenhuma. O importante é adotar medidas de segurança, como uso de protetor solar, hidratação e repelente de insetos quando necessário.

    6. Crianças e idosos também se beneficiam?

    Sim. Em todas as idades, o contato com a natureza melhora o humor, o sono e a disposição.

    Veja mais: Crise de ansiedade: o que fazer e como controlar os sintomas

  • Como o estresse afeta o coração e o que fazer para proteger a saúde cardiovascular 

    Como o estresse afeta o coração e o que fazer para proteger a saúde cardiovascular 

    Viver sob pressão constante virou quase regra no mundo moderno. Trabalho, boletos, responsabilidades, problemas familiares e outras demandas. A questão é que tudo isso ativa no corpo uma espécie de modo de alerta, que pode até ajudar em situações de emergência, mas se mantido por muito tempo cobra um preço alto.

    Além de afetar humor e sono, o estresse crônico mexe com o coração e os vasos sanguíneos, e isso aumenta a pressão arterial, as inflamações e o risco de doenças mais graves, como infarto e AVC. Ou seja, estresse e coração não combinam.

    O que acontece com o corpo quando estamos estressados

    De acordo com a cardiologista Juliana Soares, que integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein, o estresse ativa uma resposta conhecida como “luta ou fuga”, liberando hormônios como adrenalina e cortisol.

    “Esses hormônios promovem de forma imediata a contração dos vasos sanguíneos e o aumento da frequência dos batimentos do coração. A longo prazo, essa situação pode levar à pressão alta, danos nos vasos sanguíneos e ao aumento do processo inflamatório no organismo, favorecendo a formação de placas de gordura dentro das artérias”, explica a médica.

    Estresse e coração: existe mesmo risco de infarto?

    Infelizmente, sim. “As alterações hormonais promovidas pelo estresse fazem com que o coração e os vasos sanguíneos trabalhem em uma situação de sobrecarga, levando a consequências graves como pressão alta, arritmias, alterações metabólicas e maior risco de infarto e acidente vascular cerebral”, afirma Juliana.

    Além disso, ela conta que o estresse crônico aumenta a chance de formação de coágulos no sangue, deixando a pessoa ainda mais vulnerável a AVC e infarto.

    Em outras palavras, não é apenas nervoso. O estresse pode desencadear processos fisiológicos que literalmente sobrecarregam o coração.

    O papel dos hormônios e do sistema nervoso

    O corpo humano é completamente conectado, e o estresse mexe com diversos sistemas ao mesmo tempo.

    “O estresse ativa uma parte do sistema nervoso chamada simpático, que libera adrenalina e noradrenalina. Esses hormônios aumentam a frequência cardíaca, a força de contração do coração e a pressão arterial. Já o sistema parassimpático, responsável por ‘acalmar’ o organismo, fica menos ativo durante o estresse”, explica a cardiologista.

    Outro ponto importante é a liberação contínua de cortisol. “Esse hormônio aumenta os níveis de açúcar no sangue, eleva o colesterol ruim (LDL), promove inflamação e retenção de líquidos. Esses fatores contribuem para hipertensão, diabetes, aterosclerose e, consequentemente, risco de infarto e AVC”.

    Quem é mais vulnerável?

    Embora o estresse seja prejudicial a todos, alguns grupos estão mais expostos. “Estudos mostram que as mulheres podem ser altamente impactadas pelo estresse em relação à saúde cardiovascular. Flutuações hormonais, dupla jornada de trabalho e pressão social aumentam esse risco”, explica a especialista.

    Também entram na lista pessoas com doenças crônicas, como pressão alta e diabetes, indivíduos com depressão ou ansiedade e aqueles em situações de vulnerabilidade social. “O estresse constante pela falta de acesso a serviços de saúde, moradia e alimentação adequada aumenta ainda mais o risco de doenças cardíacas”, acrescenta a médica.

    Sinais de que o estresse já está prejudicando o coração

    Segundo a cardiologista, é preciso prestar bastante atenção em sintomas como:

    • Pressão alta;
    • Batimentos cardíacos acelerados;
    • Sensação de cansaço constante.

    “O estresse crônico nos deixa em constante estado de alerta, e essa desregulação hormonal que ele provoca pode afetar diretamente o sistema cardiovascular”, alerta a especialista.

    Leia também: Palpitações no coração: o que pode ser e quando procurar atendimento médico

    Como reduzir os efeitos do estresse no coração

    Embora não seja possível eliminar completamente o estresse, dá, sim, para reduzir o impacto dele.

    “Hábitos simples, como alimentação adequada, prática regular de atividade física, rotina de sono de qualidade e momentos para atividades relaxantes, ajudam a minimizar os efeitos do estresse no coração”, explica a cardiologista.

    Ela destaca ainda a importância de evitar álcool em excesso, parar de fumar e priorizar momentos de descanso.

    Meditação, sono e exercício são amigos do coração

    A tríade sono de qualidade, exercício físico e técnicas de relaxamento pode ser poderosa.

    “O exercício físico fortalece a musculatura cardiovascular, controla pressão arterial, colesterol e açúcar no sangue, além de liberar endorfinas, que promovem bem-estar”, diz a médica.

    Sobre meditação, ela destaca que a prática reduz a liberação de hormônios do estresse e melhora a capacidade do organismo em lidar com situações estressantes.

    E não dá para esquecer do sono. “Durante o sono ocorre parte da regulação da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, fundamental para a saúde do coração”.

    Perguntas frequentes sobre o impacto do estresse no coração

    1. Estresse pode causar infarto?

    Sim. O estresse crônico favorece aumento da pressão arterial, arritmias e inflamações, e tudo isso aumenta o risco de infarto.

    2. Estresse momentâneo também faz mal ao coração?

    O estresse pontual pode acelerar os batimentos e a pressão, mas o risco maior vem da exposição contínua, ou o chamado estresse crônico.

    3. Mulheres correm mais risco de problemas cardíacos relacionados ao estresse?

    Sim. Segundo a cardiologista Juliana Soares, fatores hormonais e sociais aumentam a vulnerabilidade feminina, bem como o excesso de trabalho.

    4. O estresse pode causar diabetes?

    Indiretamente, sim. O cortisol em excesso aumenta a resistência à insulina, e isso aumenta o risco de diabetes tipo 2.

    5. Dormir mal aumenta os efeitos do estresse no coração?

    Sim. O sono ruim impede a regulação da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, e isso aumenta o risco para o coração.

    6. Quais hábitos ajudam a controlar o estresse e proteger o coração?

    Alimentação equilibrada, exercícios físicos, sono de qualidade, meditação e diminuir ou abandonar álcool e cigarro.

    7. Quem já tem pressão alta deve se preocupar ainda mais com o estresse?

    Com certeza. O estresse descontrolado pode piorar a pressão arterial e aumentar o risco de complicações no coração.

    Saiba mais: Trabalha sentado o dia todo? Conheça os riscos para o coração e o que fazer