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  • Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes 

    Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes 

    O diabetes é uma das doenças crônicas mais conhecidas do mundo, mas existe uma forma menos falada que costuma surpreender até quem já convive com o diagnóstico: o LADA, o diabetes autoimune latente do adulto. Ele é chamado informalmente de “diabetes tipo 1,5” porque reúne características do tipo 1 e do tipo 2, e muitas vezes passa despercebido nos primeiros anos.

    Por causa dessa evolução lenta, muitas pessoas recebem tratamento inadequado por meses ou anos. Identificar o LADA precocemente faz toda a diferença para escolher o tratamento correto, preservar a função do pâncreas por mais tempo e evitar complicações a longo prazo.

    O que é o diabetes LADA?

    O diabetes LADA é uma forma de diabetes causada por uma reação autoimune: o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis por produzir insulina. A destruição é lenta, e por isso os sintomas começam como no diabetes tipo 2, mas depois evoluem para a necessidade de insulina, como acontece no diabetes tipo 1.

    Por isso ele é considerado uma condição intermediária entre os dois tipos clássicos.

    Como é feito o diagnóstico

    A Sociedade de Imunologia para Diabetes estabelece três critérios para identificar o diabetes LADA:

    • Diagnóstico após os 30 anos;
    • Presença de anticorpos contra o pâncreas;
    • Não precisar de insulina nos primeiros 6 meses.

    No início, o LADA costuma ser confundido com diabetes tipo 2 porque:

    • A glicose sobe de forma mais leve;
    • Os medicamentos orais funcionam no começo;
    • Os sintomas podem ser discretos.

    Com o tempo, porém, o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina, e o controle da glicose começa a falhar, mesmo com tratamento adequado, um sinal de alerta importante.

    Por que o diabetes LADA acontece?

    O diabetes LADA tem origem genética e autoimune. Alguns genes aumentam o risco da doença, mas ainda não se sabe ao certo o que desencadeia a reação imunológica.

    Os fatores associados são:

    • Excesso de peso;
    • Tabagismo;
    • Sedentarismo;
    • Consumo excessivo de bebidas açucaradas;
    • Baixo peso ao nascer.

    Por outro lado, hábitos como atividade física regular, alimentação equilibrada e consumo de peixes ricos em ômega 3 parecem ter efeito protetor.

    Quão comum é o diabetes LADA?

    Mais do que se imagina: 5% a 15% dos adultos diagnosticados inicialmente com diabetes tipo 2 na verdade têm diabetes LADA.

    Em países como Reino Unido e outros da Europa, cerca de 10% dos adultos com diabetes apresentam essa forma autoimune.

    Como o corpo reage no diabetes LADA

    No LADA, o organismo produz anticorpos que atacam gradualmente as células produtoras de insulina (sem destruí-las tão rapidamente quanto no diabetes tipo 1).

    A doença mistura características dos dois tipos clássicos:

    • Autoimunidade semelhante ao tipo 1;
    • Evolução lenta inicial, semelhante ao tipo 2;
    • Ocorre em adultos, geralmente com peso normal ou levemente acima do ideal.

    Sintomas

    Os sintomas do diabetes LADA são semelhantes aos dos outros tipos de diabetes:

    • Sede excessiva;
    • Urinar com frequência;
    • Cansaço persistente;
    • Perda de peso sem motivo;
    • Visão embaçada;
    • Formigamento nos pés.

    Algumas pessoas podem permanecer sem sintomas por um tempo, descobrindo a doença apenas em exames de rotina.

    Exames para diagnosticar o diabetes LADA

    Além dos exames comuns para diabetes (glicemia, hemoglobina glicada, urina), o médico pode solicitar:

    • Anticorpos específicos, como o GADA (o mais comum);
    • Dosagem de peptídeo C, que mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.

    Pessoas com diabetes LADA costumam ter:

    • Peptídeo C em níveis intermediários;
    • Anticorpos positivos;
    • Pouca ou nenhuma resistência à insulina.

    Esses achados ajudam a diferenciar o diabetes LADA de diabetes tipo 1 e tipo 2.

    Tratamento

    O tratamento é personalizado e depende do estágio da doença.

    Inclui:

    • Alimentação equilibrada;
    • Atividade física regular;
    • Acompanhamento médico frequente.

    Medicamentos

    • Insulina: pode ser necessária logo no início ou apenas após alguns anos;
    • Agonistas de GLP-1 e inibidores de DPP-4: ajudam a preservar a função do pâncreas.

    Importante:

    Sulfonilureias devem ser evitadas, pois aceleram a perda das células produtoras de insulina.

    Por que reconhecer o diabetes LADA é tão importante?

    Um diagnóstico impreciso pode atrasar o tratamento adequado, aumentando o risco de complicações.

    Identificar o diabetes LADA permite:

    • Preservar a função do pâncreas por mais tempo;
    • Melhorar o controle da glicose;
    • Reduzir o risco de danos nos rins, olhos, coração e vasos;
    • Oferecer uma abordagem individualizada.

    Leia também: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Perguntas frequentes sobre LADA

    1. LADA é a mesma coisa que diabetes tipo 1?

    Não. Ambos são autoimunes, mas o LADA se desenvolve lentamente e aparece apenas em adultos.

    2. Quem tem LADA sempre vai precisar de insulina?

    A tendência é que sim, mas o momento varia de pessoa para pessoa.

    3. LADA pode ser confundido com diabetes tipo 2?

    Sim, e isso é muito comum. Por isso o diagnóstico correto é tão importante.

    4. LADA tem cura?

    Não, mas pode ser controlado com tratamento adequado.

    5. Exercícios ajudam no LADA?

    Sim. Atividade física melhora sensibilidade à insulina e ajuda no controle glicêmico.

    6. O que o peptídeo C indica?

    Ele mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.

    7. Alimentação pode substituir o tratamento medicamentoso?

    Não. É complementar, mas não substitui medicamentos quando o pâncreas já está comprometido.

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