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  • Como saber se eu estou com diabetes gestacional? 

    Como saber se eu estou com diabetes gestacional? 

    Embora na maior parte das vezes o diabetes gestacional desapareça depois do parto, ele exige atenção especial durante a gestação. Isso porque níveis elevados de glicose podem trazer riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, muitos deles evitáveis com orientação médica, alimentação equilibrada e monitoramento regular.

    Venha entender mais sobre essa condição que atinge grávidas e como descobrir se você tem a doença.

    O que é diabetes gestacional?

    O diabetes gestacional acontece quando os níveis de açúcar no sangue ficam mais altos do que o esperado durante a gravidez.

    Ao contrário do diabetes tipo 1 ou tipo 2, que já existem antes da gestação, o diabetes gestacional surge apenas durante a gravidez e costuma desaparecer após o parto.

    Quando a mulher já tem diabetes antes de engravidar, o quadro é chamado de diabetes prévio ou pré-gestacional, e não diabetes gestacional.

    Por que o diabetes gestacional acontece?

    Durante a gestação, a placenta produz hormônios que dificultam a ação da insulina, fenômeno chamado de resistência à insulina. Essa resistência é normal, mas em algumas mulheres ela acontece de forma mais intensa.

    Quando o corpo não consegue compensar essa dificuldade, a glicose começa a se acumular no sangue, levando ao diabetes gestacional.

    Quem tem mais risco de desenvolver diabetes gestacional?

    Fatores de risco

    • Ter tido diabetes gestacional em outra gravidez;
    • Estar com sobrepeso ou obesidade;
    • Idade materna acima de 35 anos;
    • Histórico familiar de diabetes;
    • Outras doenças metabólicas (triglicérides altos, pressão alta);
    • Síndrome dos ovários policísticos (SOP).

    Alguns fatores são modificáveis; outros, não. Mas identificar o risco ajuda a planejar o acompanhamento adequado.

    Diagnóstico: como é feito?

    O diagnóstico ocorre durante o pré-natal.

    1. Primeira consulta (antes da 20ª semana)

    O médico solicita o exame de glicemia em jejum. Com esse resultado, é possível:

    • Diagnosticar diabetes prévio;
    • Diagnosticar diabetes gestacional;
    • Ou seguir avaliando até um exame confirmatório.

    2. Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) — 24ª a 28ª semana

    Indicado quando:

    • O pré-natal começou tardiamente;
    • A glicemia de jejum inicial foi normal.

    A gestante coleta o sangue em jejum, bebe uma solução de glicose, e novas coletas são feitas após 1h e 2h.

    Riscos para a mãe e para o bebê

    Riscos para a mãe

    • Pressão alta na gravidez (pré-eclâmpsia);
    • Parto prematuro;
    • Maior chance de cesariana;
    • Infecções urinárias e candidíase;
    • Risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro.

    Riscos para o bebê

    • Crescimento exagerado no útero (macrossomia), principalmente acima de 4.000 g;
    • Prematuridade;
    • Malformações congênitas;
    • Hipoglicemia ao nascer;
    • Maior risco de obesidade e diabetes na vida adulta.

    Tratamento e cuidados

    Mesmo sendo um quadro que exige atenção, o diabetes gestacional pode ser controlado.

    Alimentação equilibrada

    • Pequenas refeições ao longo do dia;
    • Priorizar frutas, legumes, verduras e integrais;
    • Evitar doces e alimentos gordurosos.

    Atividade física

    Com autorização do obstetra, atividades físicas leves ajudam a controlar a glicose.

    Monitoramento da glicose

    O médico pode orientar medições regulares em casa.

    Uso de insulina

    Pode ser necessário quando dieta e exercícios não são suficientes. Os remédios antidiabéticos orais são reservados apenas para casos específicos.

    O parto

    Diabetes gestacional controlado (sem insulina)

    • O parto pode ser normal;
    • Pode ocorrer até 40 semanas, se mãe e bebê estiverem bem;
    • Cesárea pode ser indicada se o bebê estiver muito grande.

    Uso de insulina durante a gestação

    O parto pode ser antecipado para entre 38 e 39 semanas.

    Cuidados após o parto

    • Manter alimentação saudável e rotina de exercícios;
    • Interromper o uso de insulina após o parto (quando usada apenas na gestação);
    • Aferir glicemia em jejum nas primeiras 24 a 72 horas;
    • Repetir o Teste Oral de Tolerância à Glicose entre 6 e 12 semanas;
    • Manter acompanhamento médico.

    O diabetes gestacional costuma desaparecer, mas há maior risco de desenvolver diabetes tipo 2 futuramente.

    Importância do acompanhamento

    O pré-natal é essencial para:

    • Diagnosticar cedo;
    • Reduzir riscos para mãe e bebê;
    • Ajustar o tratamento;
    • Monitorar o crescimento fetal.

    Seguir as orientações médicas é a melhor forma de garantir uma gestação segura.

    Leia também: Toxoplasmose: entenda a importância de evitar a doença na gestação

    Perguntas frequentes sobre diabetes gestacional

    1. O diabetes gestacional sempre desaparece depois do parto?

    Na maioria das vezes, sim. Mas o risco de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro aumenta.

    2. Ter diabetes gestacional significa que terei diabetes para sempre?

    Não. Mas é importante fazer acompanhamento.

    3. Posso ter parto normal?

    Sim, se o diabetes estiver controlado e o bebê não estiver muito grande.

    4. É possível evitar o diabetes gestacional?

    Não totalmente, mas manter peso saudável e praticar exercícios reduz o risco.

    5. O bebê sente algo durante o exame de teste oral de tolerância à glicose?

    Não. O teste é seguro.

    6. Se eu precisar de insulina, significa que meu diabetes é grave?

    Não necessariamente. Muitas vezes é apenas o método mais seguro para controlar a glicose.

    7. O diabetes gestacional pode voltar em outra gravidez?

    Sim, especialmente se houve fatores de risco persistentes.

    Confira: Perda gestacional: causas, tipos e cuidados necessários

  • Tratamento de diabetes gestacional: como é feito?

    Tratamento de diabetes gestacional: como é feito?

    O diabetes gestacional é uma alteração que acontece durante a gravidez, quando o corpo da mulher não consegue produzir insulina suficiente para controlar os níveis de açúcar no sangue. Ele normalmente aparece no segundo ou terceiro trimestre e, apesar do diagnóstico assustar, a endocrinologista Denise Orlandi aponta que ele é um sinal de alerta para cuidar da saúde da mãe e do bebê e, claro, fazer o tratamento de diabetes gestacional.

    “Após o diagnóstico, a gestante passa a ter um acompanhamento mais próximo com a equipe médica (obstetra e endocrinologista), além de orientações com nutricionista e até educador físico”, aponta a especialista. Isso inclui monitorar os níveis de glicose no sangue, fazer ajustes na alimentação e adotar um estilo de vida mais saudável.

    Com isso, é possível manter a glicemia sob controle e ter uma gestação saudável. Na maioria dos casos, a condição desaparece após o parto, mas exige cuidados durante toda a gravidez para proteger tanto a mãe quanto o bebê. Entenda mais, a seguir.

    O que é o diabetes gestacional e por que precisa de tratamento?

    O diabetes gestacional é definido como uma condição temporária em que a gestante, que não tinha diabetes antes, desenvolve níveis elevados de glicose (açúcar) no sangue durante a gravidez.

    Ela acontece porque os hormônios produzidos pela placenta podem bloquear a ação da insulina, o hormônio que ajuda a glicose a entrar nas células para ser usada como energia. O corpo tenta compensar produzindo mais insulina, mas, se não consegue, o açúcar se acumula no sangue.

    Se não for tratado, a condição pode causar complicações sérias, como:

    • Para o bebê: macrossomia (bebê grande demais), hipoglicemia neonatal, desconforto respiratório e maior risco de obesidade e diabetes no futuro;
    • Para a mãe: risco de pré-eclâmpsia, cesárea, desenvolvimento de diabetes tipo 2 e complicações cardiovasculares a longo prazo.

    O diabetes gestacional pode surgir em qualquer mulher grávida, mas é mais comum em quem já tem fatores de risco como: sobrepeso, obesidade, histórico familiar de diabetes, idade materna acima de 30 anos ou gestações anteriores com complicações.

    Como é feito o tratamento de diabetes gestacional?

    O tratamento para o diabetes gestacional se baseia em quatro abordagens: mudanças no estilo de vida, que incluem alimentação equilibrada, a prática de exercícios, o monitoramento da glicemia e, quando necessário, o uso de medicamentos. O objetivo é manter a glicemia dentro dos níveis considerados seguros, reduzindo complicações para a mãe e o bebê.

    Alimentação saudável

    Manter uma alimentação equilibrada é o primeiro passo no tratamento do diabetes gestacional. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a Sociedade Brasileira de Diabetes, a rotina alimentar deve ser individualizada, respeitando o peso da gestante, o trimestre da gestação e suas necessidades calóricas.

    Por isso, não é necessário realizar uma dieta restritiva, mas priorizar o consumo de alimentos in natura e ricos em fibras, como:

    • Frutas frescas: banana, laranja, pera, maçã, kiwi, morango;
    • Carnes magras: peixes, frango, ovo;
    • Vegetais: alface, tomate, rúcula, brócolis, abobrinha;
    • Leguminosas: feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha;
    • Laticínios: leite semi ou desnatado, iogurte natural, queijo branco;
    • Oleaginosas: castanha de caju, amendoim, avelãs, nozes e amêndoas;
    • Cereais integrais: arroz integral, pão integral, quinoa, aveia.

    Também é importante reduzir ao máximo o consumo de açúcares, doces, refrigerantes e alimentos ultraprocessados, já que eles provocam picos rápidos de glicose no sangue, favorecem o ganho de peso excessivo e não oferecem nutrientes de qualidade para a mãe nem para o bebê.

    “Uma nutricionista pode ajudar a montar um plano alimentar equilibrado, com foco em alimentos que mantenham a glicose estável. Pequenas mudanças já fazem uma grande diferença — como reduzir o açúcar simples, preferir alimentos integrais e fracionar melhor as refeições ao longo do dia”, esclarece Denise.

    Atividades físicas

    O movimento ajuda o corpo a usar a glicose como fonte de energia, reduzindo os níveis de açúcar no sangue e aumentando a sensibilidade à insulina. Além disso, praticar atividades físicas contribui para reduzir o estresse, melhorar a circulação e manter um ganho de peso saudável durante a gestação.

    Entre as atividades mais indicadas para gestantes com diabetes gestacional, é possível destacar:

    • Caminhadas leves;
    • Hidroginástica;
    • Bicicleta ergométrica;
    • Yoga ou pilates adaptado para gestantes;
    • Alongamentos.

    A indicação é realizar as atividades entre 20 a 30 minutos por dia, pelo menos 5 vezes por semana. Também deve-se evitar exercícios de alto impacto, atividades que exigem muito equilíbrio ou posição deitada de barriga para cima.

    A prática deve ser acompanhada por profissionais de saúde e interrompida se houver sinais de alerta, como sangramento vaginal, dor abdominal ou tontura.

    Monitoramento da glicemia

    Acompanhar os níveis de glicose no sangue pode ser feito em casa com o uso de aparelhos portáteis, como os glicosímetros. É recomendado que a gestante meça a glicemia em jejum e após as principais refeições, o que ajuda a identificar como o corpo reage à alimentação e se o tratamento está funcionando.

    Os valores de referência para o acompanhamento do diabetes gestacional são, em geral:

    • Glicemia de jejum abaixo de 95 mg/dL;
    • 1 hora após a refeição: abaixo de 140 mg/dL;
    • 2 horas após a refeição: abaixo de 120 mg/dL.

    Uso de medicamentos

    Quando as mudanças no estilo de vida não são suficientes para controlar a glicemia, pode ser necessário recorrer a medicamentos, que são indicados pelo médico de forma individualizada.

    O mais utilizado é a insulina, aplicada por meio de injeções. As doses são calculadas conforme o peso da gestante, e as aplicações normalmente são feitas 2 a 3 vezes ao dia, antes das refeições e à noite.

    “O uso de insulina é seguro na gestação e não traz riscos para o bebê — pelo contrário, ela ajuda a garantir que o desenvolvimento dele ocorra da melhor forma possível”, explica Denise.

    Em algumas situações específicas, como dificuldade de acesso ou recusa ao uso de insulina, o médico pode avaliar o uso de metformina. Ele é administrado por via oral e tem como vantagem o fato de não causar ganho de peso significativo. No entanto, como atravessa a placenta, os efeitos a longo prazo sobre a criança ainda estão sendo estudados.

    Por isso, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a metformina não deve ser a primeira escolha quando há disponibilidade de insulina.

    Leia também: Bronquiolite em bebês: sintomas e quando procurar o médico

    Cuidados após o parto

    Após o nascimento, na maioria dos casos, os níveis de glicose da mulher voltam ao normal. Porém, ela apresenta risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro, o que torna importante alguns cuidados:

    • Reavaliação da glicemia: semanas após o parto, é importante realizar exames para verificar se os níveis de glicose voltaram ao normal;
    • Prevenção do diabetes tipo 2: mulheres que tiveram diabetes gestacional têm maior risco de desenvolver diabetes no futuro. Por isso, manter hábitos saudáveis de alimentação e atividade física continua sendo importante;
    • Atenção ao bebê: crianças de mães com diabetes gestacional podem nascer com peso maior que o esperado ou apresentar hipoglicemia nos primeiros dias de vida. Por isso, é recomendado manter o acompanhamento pediátrico;
    • Amamentação: além de todos os benefícios já conhecidos para o bebê, o aleitamento materno exclusivo nos primeiros meses ajuda a mãe a reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e contribui para a perda de peso após a gestação;
    • Sono e descanso: sempre que possível, aproveitar os momentos de sono do bebê para descansar ajuda na regulação hormonal, na cicatrização do corpo e também no equilíbrio emocional da mãe.

    O pós-parto também é um momento de adaptação emocional e física para a nova mamãe, então ter apoio familiar e acompanhamento médico contínuo ajuda a mulher a atravessar a fase com mais tranquilidade.

    “Manter hábitos saudáveis após a gestação pode ser uma grande oportunidade de cuidar da saúde para a vida toda”, finaliza Denise.

    Perguntas frequentes sobre tratamento de diabetes gestacional

    1. Quais são os sintomas do diabetes gestacional?

    Na maioria das vezes, o diabetes gestacional não causa sintomas visíveis, o que torna os exames de pré-natal tão necessários. Algumas mulheres podem sentir mais sede, urinar com frequência ou apresentar cansaço excessivo, mas são sinais comuns na gravidez e nem sempre estão ligados ao diabetes. Por isso, apenas os exames de sangue podem confirmar o diagnóstico.

    2. Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico geralmente acontece entre a 24ª e a 28ª semana de gestação, por meio do teste oral de tolerância à glicose (TOTG). No exame, a gestante bebe uma solução açucarada e faz coletas de sangue em diferentes momentos para verificar como o corpo reage à glicose.

    Se os valores estiverem acima do recomendado, o médico confirma o diabetes gestacional. Em alguns casos, a glicemia de jejum já pode indicar a condição.

    3. O bebê pode nascer com diabetes?

    Não, o bebê não nasce com diabetes por causa do diabetes gestacional da mãe. O que pode acontecer é o bebê apresentar hipoglicemia (níveis de açúcar baixos no sangue) logo após o parto, já que durante a gestação ele produziu mais insulina em resposta à glicemia elevada da mãe.

    Mas com acompanhamento adequado, a alteração é temporária e costuma ser corrigida sem maiores complicações.

    4. O diabetes gestacional desaparece depois do parto?

    Na maioria das vezes, sim. Após o nascimento do bebê, os hormônios da gestação diminuem e os níveis de glicose tendem a voltar ao normal.

    No entanto, é fundamental fazer exames algumas semanas depois do parto para confirmar. Mesmo que a glicemia normalize, ainda há um risco maior de diabetes tipo 2 no futuro.

    5. É possível evitar o diabetes gestacional?

    Não existe uma forma totalmente capaz de evitar o diabetes gestacional, já que ele está ligado também a fatores hormonais da gestação, mas adotar hábitos saudáveis antes e durante a gravidez reduz muito o risco, como:

    • Manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, legumes, verduras, grãos integrais e proteínas magras;
    • Evitar o consumo excessivo de açúcares, doces, refrigerantes e ultraprocessados;
    • Praticar atividade física regular antes e durante a gravidez, com exercícios leves e seguros;
    • Manter o peso adequado antes da gestação e controlar o ganho de peso durante os meses de gravidez;
    • Realizar o pré-natal corretamente, seguindo todas as orientações médicas e nutricionais;
    • Dormir bem e controlar o estresse, já que o excesso pode afetar o metabolismo;
    • Evitar o sedentarismo, procurando se movimentar ao longo do dia, mesmo que em pequenas caminhadas.

    6. O que causa diabetes gestacional?

    O diabetes gestacional é causado por uma combinação de fatores hormonais e predisposição individual. Durante a gravidez, a placenta produz hormônios que reduzem a ação da insulina no corpo, o que é chamado de resistência insulínica. Isso é natural e serve para garantir energia suficiente para o bebê em crescimento.

    Porém, em algumas mulheres, o pâncreas não consegue produzir insulina extra suficiente para compensar essa resistência — e, como consequência, os níveis de glicose no sangue aumentam.

    Além disso, fatores como excesso de peso, idade materna acima de 30 anos, histórico familiar de diabetes, síndrome dos ovários policísticos e gestações anteriores com complicações podem aumentar o risco de desenvolver a condição.

    Leia também: Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar

  • Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar 

    Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar 

    Durante a gestação, o corpo da mulher passa por mudanças importantes, incluindo na forma como utiliza a glicose. Para ajudar no crescimento do bebê, a placenta libera hormônios que podem reduzir a ação da insulina, que é o hormônio responsável por controlar o açúcar no sangue.

    Como consequência, o pâncreas precisa produzir quantidades maiores de insulina para compensar essa resistência. Contudo, quando ele não consegue dar conta da demanda, a glicose começa a se acumular no sangue, resultando no diabetes gestacional, uma condição que exige atenção devido aos riscos que pode causar ao bebê e à mãe.

    “Ele acontece porque o corpo da mulher passa por muitas mudanças hormonais — além do ganho de peso e da tendência genética que elas podem ter para o diabetes. A gravidez é um momento de maior resistência à insulina para a mulher, o que dificulta o controle do açúcar no sangue”, explica a endocrinologista Denise Orlandi.

    Esclarecemos, a seguir, as principais dúvidas sobre o diabetes gestacional, desde os sintomas, tratamento e como prevenir. Confira!

    Afinal, o que é diabetes gestacional?

    O diabetes gestacional é uma condição caracterizada pelo aumento nos níveis de açúcar no sangue durante a gravidez.

    Normalmente, ela é diagnosticada a partir do segundo trimestre, que é quando os os hormônios produzidos pela placenta aumentam a resistência à insulina. É uma adaptação natural para garantir que o bebê receba glicose o suficiente para se desenvolver, no entanto, em algumas pessoas, o pâncreas não consegue produzir insulina em quantidade adequada, resultando no diabetes.

    A condição geralmente desaparece após o parto, mas representa um alerta importante para a saúde da mãe e do filho, já que ambos ficam mais propensos a desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida.

    Causas da diabetes gestacional

    A causa principal do diabetes gestacional está associada à resistência insulínica provocada pelos hormônios da gravidez, mas alguns outros fatores podem contribuir para o desenvolvimento da condição, como:

    • Mudanças hormonais da gravidez, uma vez que a placenta produz hormônios que dificultam a ação da insulina;
    • Predisposição genética, de modo que mulheres com histórico familiar de diabetes têm mais chance de desenvolver a condição;
    • Excesso de peso;
    • Condições de saúde pré-existentes, como síndrome dos ovários policísticos (SOP) e resistência à insulina

    Fatores de risco da diabetes gestacional

    De acordo com a endocrinologista Denise Orlandi, alguns dos fatores de risco que aumentam a chance de ter diabetes gestacional incluem:

    • Idade materna acima de 25 anos;
    • Sobrepeso ou obesidade antes da gestação;
    • Histórico familiar de diabetes (pai, mãe ou irmãos);
    • Ter tido diabetes gestacional em gravidez anterior.
    • Já ter tido um bebê com mais de 4 kg ao nascer;
    • Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP);
    • Histórico de parto prematuro, abortos ou complicações sem causa aparente.

    Quais os sintomas de diabetes gestacional?

    Na maioria dos casos, o diabetes gestacional não manifesta sintomas evidentes, então muitas mulheres só descobrem a condição em exames de rotina do pré-natal. Quando os sintomas aparecem, podem incluir:

    • Sede excessiva.
    • Aumento da frequência urinária.
    • Cansaço.
    • Visão embaçada.

    Uma vez que os sintomas podem ser confundidos com sinais comuns da gravidez, é fundamental manter um acompanhamento pré-natal adequado, para identificar a condição precocemente.

    Como é feito o diagnóstico?

    O rastreamento do diabetes gestacional faz parte do pré-natal e costuma ser realizado entre a 24ª e 28ª semanas de gestação. Os exames mais utilizados no diagnóstico incluem:

    Curva glicêmica: é capaz de medir a velocidade com que o corpo absorve a glicose após a ingestão. Nele, a gestante ingere uma solução açucarada e é feita uma nova coleta de sangue (normalmente após 1 ou duas horas) após a ingestão.

    Glicemia de jejum: é um exame de sangue feito após jejum de 8 horas. Ele mostra a quantidade de glicose circulando no sangue em repouso, sendo o primeiro passo para identificar alterações no metabolismo da gestante.

    Diabetes gestacional: valores de referência

    Os exames feitos no pré-natal têm limites específicos para indicar se a gestante apresenta ou não diabetes gestacional. Eles variam de acordo com o tipo de teste realizado.

    No teste de curva glicêmica, os valores de referência são:

    • Jejum: resultado deve ser menor que 92 mg/dL;
    • Após 1 hora da ingestão: deve estar abaixo de 180 mg/dL;
    • Após 2 horas: precisa estar inferior a 153 mg/dL.

    Se em qualquer momento os valores forem iguais ou superiores a 200 mg/dL, o quadro de diabetes gestacional já é confirmado.

    Já na glicemia de jejum isolada, os valores de referência são:

    • Entre 92 mg/dL e 100 mg/dL: resultado alterado, mas próximo ao limite, e exige repetição do exame;
    • Acima de 100 mg/dL: é fortemente sugestivo de diabetes, devendo também ser reavaliado em nova coleta.

    Tratamento de diabetes gestacional

    O tratamento do diabetes gestacional tem como principal objetivo manter a glicose dentro de níveis adequados, e envolve especialmente mudanças no estilo de vida:

    Dieta para diabetes gestacional

    Seguir uma dieta para diabetes gestacional adequada é uma das principais maneiras de controlar os níveis de glicose no sangue. O ideal é que a gestante priorize o consumo de alimentos in natura e ricos em fibras, como:

    • Frutas frescas (banana, laranja, pera, maçã, kiwi, morango);
    • Laticínios (leite semi ou desnatado, iogurte natural, queijo branco);
    • Oleaginosas (castanha de caju, amendoim, avelãs, nozes e amêndoas);
    • Leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha);
    • Carnes magras (peixes, frango, ovo);
    • Vegetais (alface, tomate, rúcula, brócolis, abobrinha);
    • Cereais integrais (arroz integral, pão integral, quinoa, aveia).

    Também é importante reduzir o consumo de açúcares, doces, refrigerantes e ultraprocessados, além de distribuir as refeições em pequenas porções ao longo do dia. Assim, é possível evitar picos de glicemia, controlar o peso e garantir energia constante para mãe e bebê.

    Exercícios físicos para diabetes gestacional

    A prática de atividade física, quando orientada pelo médico, contribui para para o bem-estar emocional, reduz o estresse e favorece o preparo do corpo para o parto.

    Caminhadas leves, hidroginástica e até mesmo aulas de yoga específicas para gestantes também podem ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina e a manter o peso sob controle.

    Remédios para diabetes gestacional

    Na maioria dos casos, uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios físicos são suficientes para manter a glicemia em níveis adequados. No entanto, quando isso não acontece, o médico pode prescrever o uso de insulina para baixar o açúcar no sangue.

    Em alguns casos, pode ser indicado o uso de medicamentos via oral, como hipoglicemiantes, mas apenas um especialista pode definir a abordagem mais segura para a mãe e o bebê.

    Monitoramento da glicemia

    A gestante precisa realizar exames de sangue periódicos ou até medir a glicose em casa, com glicosímetro, conforme a orientação médica. O ideal é que o nível de açúcar no sangue seja verificado de quatro a cinco vezes por dia, de manhã em jejum e após as refeições.

    Isso permite ajustes imediatos no plano alimentar ou no tratamento sempre que necessário.

    O diabetes gestacional some depois do parto?

    Na maioria dos casos, sim. Contudo, a endocrinologista Denise Orlandi aponta que o risco não acabou.

    “A mulher deve continuar monitorando seus níveis de açúcar com exames periódicos, pois existe uma chance maior de desenvolver diabetes tipo 2 mais adiante”, explica.

    Riscos da diabetes gestacional

    Se não diagnosticada e tratada adequadamente, o diabetes gestacional pode causar complicações para a mãe e o bebê.

    Entre os riscos para o bebê, Denise ressalta:

    • Macrossomia (bebê muito grande);
    • Maior risco de parto cesárea ou traumatismos no parto;
    • Hipoglicemia logo após o nascimento;
    • Prematuridade;
    • Maior risco de obesidade e diabetes tipo 2 na vida adulta.

    Já para a mãe, o diabetes gestacional pode aumentar o risco de:

    • Maior risco de pré-eclâmpsia (pressão alta grave);
    • Infecções urinárias e candidíase recorrente;
    • Necessidade de parto cesárea;
    • Maior chance de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro.

    “Por isso, é importante manter o acompanhamento médico mesmo depois da gestação”, complementa Denise.

    Leia também: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Como evitar a diabetes gestacional?

    Nem sempre é possível prevenir, mas algumas atitudes no dia a dia contribuem para diminuir o risco, como:

    • Manter peso saudável antes da gestação;
    • Praticar atividade física regular;
    • Seguir uma alimentação equilibrada, rica em vegetais, frutas, grãos integrais e proteínas magras;
    • Evitar ganho de peso excessivo durante a gravidez;
    • Fazer acompanhamento médico regular e seguir todas as orientações do pré-natal.

    “Mulheres que tiveram diabetes gestacional têm um risco até 50% maior de desenvolver diabetes tipo 2 nos anos seguintes, especialmente se não adotarem hábitos saudáveis. Por isso, manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas e ter acompanhamento médico regular são atitudes importantes para prevenir o problema”, finaliza Denise.

    Leia também: 7 cuidados que você deve ter antes de engravidar

    Perguntas frequentes sobre diabetes gestacional

    1. O diabetes gestacional pode acontecer em qualquer gravidez?

    Sim, qualquer gestante pode apresentar diabetes gestacional. Isso acontece porque, mesmo mulheres jovens, sem histórico familiar e com peso adequado, estão suscetíveis às alterações hormonais típicas da gestação que aumentam a resistência à insulina.

    Por isso, todas as grávidas devem passar pelos exames de rastreamento entre a 24ª e a 28ª semana, mesmo que não tenham risco aparente.

    2. Existe diferença entre diabetes gestacional e diabetes tipo 2?

    Apesar de ambos envolverem resistência à insulina e níveis elevados de açúcar no sangue, eles não são a mesma doença. O diabetes gestacional aparece apenas durante a gravidez e costuma desaparecer após o parto.

    Já o diabetes tipo 2 é uma condição crônica, permanente, que exige tratamento contínuo. No entanto, ter diabetes gestacional aumenta significativamente o risco de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida.

    3. O diabetes gestacional pode causar parto prematuro?

    Sim, pode. O excesso de glicose no sangue pode levar a complicações como polidrâmnio (aumento do líquido amniótico), que favorece a ruptura precoce da bolsa e, consequentemente, o parto prematuro.

    Além disso, a necessidade de antecipar o parto pode ser indicada pelo médico em casos de macrossomia ou de risco para a saúde materna.

    4. Mulheres magras também podem ter diabetes gestacional?

    Sim! A obesidade e o sobrepeso aumentam o risco de desenvolver diabetes gestacional, mas gestantes magras também estão suscetíveis, já que a condição não depende apenas do peso corporal, mas também de fatores hormonais e genéticos.

    Por isso, mesmo quem tem IMC considerado normal deve realizar os exames de rastreamento no pré-natal.

    5. Quem já teve diabetes gestacional pode ter novamente em outra gravidez?

    Sim. Mulheres que já tiveram diabetes gestacional em uma gravidez anterior têm mais chance de desenvolver o problema em outras gestações e também de apresentar diabetes tipo 2 no futuro.

    Nesse sentido, é importante manter hábitos saudáveis, priorizando uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividade física e o controle do peso.

    Leia também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos