Tag: diabetes

  • Pé diabético: o que é, sintomas e como tratar

    Pé diabético: o que é, sintomas e como tratar

    Pessoas que convivem com o diabetes sabem da necessidade de manter alguns cuidados diários. O controle inadequado da glicose no sangue ao longo dos anos pode causar complicações em diferentes partes do corpo — especialmente nos membros inferiores.

    Uma das consequências mais conhecidas é o pé diabético, uma condição que deforma, altera a circulação e também a sensibilidade do pé. Isso favorece infecções e aumenta o risco de amputação, de acordo com o cirurgião vascular Marcelo Dalio. Vamos entender mais a fundo, a seguir!

    O que é pé diabético?

    O pé diabético é uma complicação que pode acontecer quando os níveis elevados de glicose no sangue afetam os nervos e os vasos sanguíneos dos pés, comprometendo a sensibilidade e a circulação. Com o tempo, pequenos machucados que passariam despercebidos em uma pessoa sem diabetes podem evoluir para feridas graves e até infecções.

    A condição é considerada uma das principais causas de amputação não traumática no mundo. Para se ter uma ideia, o Ministério da Saúde aponta que aproximadamente um quarto dos pacientes com diabetes desenvolvem úlceras nos pés e 85% das amputações de membros inferiores ocorrem em pacientes com diabetes.

    Vale apontar que pé diabético não se manifesta de um dia para o outro, sendo resultado de anos de glicemia alta, maus hábitos e falta de acompanhamento médico adequado. Isso reforça a importância do controle rigoroso do diabetes, o cuidado diário com os pés e o acompanhamento médico regular para prevenir complicações.

    Quais são as causas do pé diabético?

    O pé diabético é causado pela combinação de dois fatores principais, sendo eles:

    Neuropatia periférica

    A neuropatia periférica é o nome dado ao dano nos nervos que ligam o cérebro e a medula espinhal ao resto do corpo. Eles são responsáveis por controlar a sensibilidade, os movimentos e as funções automáticas, como a circulação e a digestão.

    No diabetes, o excesso de glicose no sangue agride os nervos com o tempo, principalmente os dos pés e das pernas — o que causa sintomas como formigamento, dormência, queimação, dor em pontadas e perda de sensibilidade.

    Quando a pessoa deixa de sentir dor nos pés, pequenos ferimentos passam despercebidos e podem evoluir para feridas graves e infecções.

    Má circulação (doença arterial obstrutiva)

    O diabetes favorece o acúmulo de gordura e inflamação nas paredes das artérias, formando placas que podem estreitar ou bloquear os vasos sanguíneos. Quando isso acontece, o sangue circula com dificuldade, especialmente nas pernas, no coração e no cérebro.

    Nos pés, a má circulação causa dor, feridas que demoram a cicatrizar e, em casos mais graves, pode levar à perda do membro — risco que aumenta ainda mais se houver infecção.

    Outros fatores

    O risco também pode ser maior devido a fatores como:

    • Uso de calçados inadequados, que causam atrito e pressionam áreas sensíveis dos pés;
    • Cortes malfeitos nas unhas, que podem gerar pequenas lesões e infecções;
    • Ressecamento da pele, que favorece rachaduras e feridas;
    • Tabagismo, que compromete a circulação e dificulta a cicatrização.

    Quais são os sintomas do pé diabético?

    Os sintomas de pé diabético variam conforme a gravidade, mas normalmente se desenvolvem de forma lenta e silenciosa. De acordo com Marcelo Dalio, o primeiro sintoma é a sensação de formigamento, que diminui conforme a pessoa perde a sensibilidade dos dedos dos pés — o que aumenta o risco de calos, deformidades e feridas.

    Outros sinais de alerta também podem ocorrer, como:

    • Pele seca, rachada ou com fissuras;
    • Feridas que demoram a cicatrizar, uma vez que a circulação sanguínea está prejudicada;
    • Inchaço e vermelhidão local;
    • Alterações na forma dos dedos ou no arco do pé;
    • Odor forte, secreção ou coloração escurecida na pele (sinais de infecção).

    Em casos mais graves, podem surgir úlceras abertas, infecções profundas e necrose. Nesses estágios, o risco de amputação é elevado.

    O pé diabético causa dor?

    Muitas pessoas costumam perder a sensibilidade, mas a dor pode aparecer em estágios iniciais da neuropatia ou quando há inflamação e infecção. Ela tende a surgir em forma de queimação, pontadas ou choques elétricos, principalmente à noite.

    A dor neuropática é causada por nervos lesionados e costuma ser persistente. Já a dor associada a feridas e infecções indica agravamento e exige tratamento médico urgente.

    Como é feito o diagnóstico do pé diabético?

    O diagnóstico é clínico e deve ser feito por um profissional de saúde, normalmente um endocrinologista, angiologista ou cirurgião vascular. O médico examina os pés em busca de feridas, calos, alterações de sensibilidade e sinais de má circulação.

    Em alguns casos, a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) aponta que podem ser realizados exames complementares, como:

    • Exames laboratoriais: avaliam os níveis de glicemia, identificam possíveis infecções associadas e investigam doenças correlacionadas, como insuficiência renal;
    • Índice tornozelo-braço (ITB): mede a gravidade da obstrução arterial, embora possa ser impreciso em pessoas com diabetes devido à calcificação (endurecimento) das paredes arteriais;
    • Radiografia simples: auxilia na detecção de deformidades ósseas e sinais de osteomielite (infecção óssea);
    • Tomografia computadorizada e ressonância magnética: permitem diagnóstico mais detalhado das alterações ósseas e dos tecidos moles;
    • Angiotomografia computadorizada: fornece uma avaliação precisa da circulação sanguínea, sendo especialmente útil em casos de obstrução arterial.

    Tratamento de pé diabetico

    Nos casos em que já existem feridas, deformidades ou alterações estruturais nos pés, o tratamento de pé diabetico envolve medidas como:

    • Manter as feridas sempre limpas e cobertas, com curativos trocados diariamente para evitar contaminações. As lesões nunca devem ficar expostas;
    • Usar antibióticos conforme prescrição médica, em caso de infecção;
    • Evitar apoiar o pé lesionado no chão, reduzindo o risco de piora e facilitando a cicatrização;
    • Manter acompanhamento médico rigoroso, com equipe multidisciplinar (endocrinologista, angiologista, podólogo e enfermeiro).

    Quando o tratamento clínico não é suficiente ou a ferida apresenta maior gravidade, pode ser necessária intervenção cirúrgica, apontada pela SBACV:

    • Revascularização do membro, indicada quando há obstrução arterial. Pode ser realizada por meio de pontes arteriais (cirurgia aberta) ou técnicas endovasculares, como angioplastia (dilatação da artéria com balão), com ou sem colocação de stent;
    • Remoção de tecido necrosado, eliminando partes mortas ou infeccionadas para permitir a recuperação dos tecidos saudáveis;
    • Correção cirúrgica de deformidades ósseas, em casos sem infecção ativa, para estabilizar o pé e prevenir novas lesões;
    • Amputação, indicada apenas em situações extremas, como infecção óssea grave (osteomielite) ou necrose extensa. Pode envolver desde a retirada de um único dedo até a amputação parcial do pé ou abaixo do joelho, dependendo da gravidade do quadro.

    Quando procurar atendimento médico?

    Pessoas com diabetes devem procurar atendimento médico ao primeiro sinal de alteração nos pés, mesmo que pareça algo simples, como bolhas ou calos que não cicatrizam. A avaliação precoce evita complicações graves e pode impedir a evolução para infecções profundas ou amputações.

    Pessoas com histórico de úlceras, infecções anteriores ou má circulação também devem manter acompanhamento periódico com o médico.

    Convivendo com o pé diabético

    Além do acompanhamento médico, existem alguns cuidados diários que ajudam a proteger os pés e evitar complicações, como:

    • Realizar avaliações periódicas dos pés, observando a presença de feridas, rachaduras, calos, mudanças de cor ou temperatura;
    • Utilizar sapatos adequados, confortáveis e sem costuras internas, que protejam o pé contra atritos e machucados;
    • Adotar uma alimentação equilibrada, rica em fibras, vegetais e proteínas magras, ajudando no controle da glicemia e do peso corporal;
    • Praticar atividade física regular, sempre com liberação médica, para melhorar a circulação e reduzir a resistência à insulina;
    • Controlar a pressão arterial e o colesterol, fatores que influenciam diretamente a saúde vascular;
    • Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, que prejudicam a circulação e retardam a cicatrização.

    Marcelo ainda ressalta que quem já apresenta complicações, perda de sensibilidade, calos ou feridas precisa de acompanhamento mais próximo, preferencialmente com profissional especializado em pé diabético ou cirurgião vascular.

    Atualmente, nesses casos, existem palmilhas e calçados adaptados que redistribuem a pressão e ajudam a reduzir o atrito, prevenindo novas lesões. Alguns cuidados diários de higiene também fazem diferença, como secar muito bem os espaços entre os dedos após o banho, evitar micoses e inspecionar os pés regularmente para identificar qualquer alteração de pele, calo ou início de ferida antes que evolua.

    Vale lembrar que pessoas com diabetes precisam ser orientadas sobre como cuidar dos pés diariamente, identificar feridas ou alterações logo no início e reconhecer sinais de alerta que exigem avaliação médica. A educação em saúde é a principal aliada na prevenção de complicações do diabetes.

    Veja mais: Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes

    Perguntas frequentes

    O pé diabético tem cura?

    O pé diabético não tem cura definitiva, mas pode ser controlado e tratado. Com o controle rigoroso da glicemia, cuidados diários com os pés e acompanhamento médico multidisciplinar, é possível evitar novas feridas e impedir a progressão da doença.

    O tratamento adequado permite viver com segurança e conforto, reduzindo significativamente o risco de infecções e amputações.

    Por que pessoas com diabetes perdem a sensibilidade nos pés?

    A perda de sensibilidade ocorre por causa da neuropatia periférica diabética, resultado de danos aos nervos causados pelo excesso de glicose no sangue. Com o tempo, os nervos deixam de transmitir corretamente os estímulos de dor, calor e pressão.

    Assim, o paciente pode se machucar sem perceber — por exemplo, com um sapato apertado ou um corte ao aparar as unhas, e o ferimento evoluir para uma infecção grave.

    Tenho diabetes e surgiu uma ferida no pé, o que devo fazer?

    Qualquer ferida, por menor que pareça, deve ser tratada imediatamente por um profissional de saúde. É necessário manter a lesão limpa, coberta e trocada diariamente, além de evitar apoiar o pé machucado no chão. O uso de pomadas ou curativos caseiros sem orientação médica pode piorar o quadro, então não se automedique!

    Qual é o melhor sapato para quem tem pé diabético?

    O calçado ideal deve ser macio, sem costuras internas, com solado firme e bico arredondado. O objetivo é proteger o pé de traumas e evitar pontos de pressão.

    Sapatos ortopédicos sob medida, palmilhas anatômicas e meias de algodão sem costura também ajudam. Vale evitar o uso de saltos altos, sandálias abertas e chinelos, pois eles aumentam o risco de lesões.

    Quando é necessária a amputação no pé diabético?

    A amputação é indicada apenas em casos graves, quando há necrose extensa, infecção óssea irreversível (osteomielite) ou obstrução arterial severa sem possibilidade de revascularização, a fim de evitar que a infecção se espalhe para outras partes do corpo.

    Apesar de ser uma medida extrema, muitas amputações poderiam ser evitadas com diagnóstico precoce, tratamento adequado e controle do diabetes.

    Leia também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos

  • Síndrome metabólica: o que é, sintomas e como controlar 

    Síndrome metabólica: o que é, sintomas e como controlar 

    A síndrome metabólica é cada vez mais comum e silenciosa. Muitas pessoas só descobrem a condição após anos convivendo com pressão alta, açúcar elevado no sangue ou aumento da circunferência abdominal. O problema é que, quando esses fatores se somam, o impacto sobre o coração, vasos sanguíneos e metabolismo é muito maior do que cada um isoladamente.

    Hoje sabe-se que o estilo de vida é determinante para o surgimento e a evolução da síndrome metabólica, mas, mesmo sendo uma condição séria, ela é totalmente controlável e, em alguns casos, reversível, desde que feito um acompanhamento adequado.

    O que é a síndrome metabólica?

    A síndrome metabólica é a combinação de pelo menos três dos seguintes fatores:

    • Aumento da circunferência abdominal;
    • Pressão arterial elevada;
    • Glicose alta no sangue;
    • HDL baixo (colesterol “bom”);
    • Triglicerídeos elevados.

    Esses sinais mostram que o corpo está com dificuldade de controlar açúcar, gorduras e pressão arterial, e isso aumenta de forma significativa o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC.

    Por que ela é perigosa?

    A síndrome metabólica atua de forma silenciosa. Na maior parte do tempo, a pessoa não sente nada, mas o corpo já está sofrendo:

    • Excesso de açúcar circulando;
    • Inflamação crônica;
    • Sobrecarga dos vasos sanguíneos;
    • Aumento do estresse oxidativo.

    Com o tempo, essas alterações podem levar a:

    • Doenças cardíacas;
    • AVC;
    • Doença renal;
    • Esteatose hepática;
    • Diabetes tipo 2.

    O que causa a síndrome metabólica?

    O principal fator é o estilo de vida, mas a genética também tem peso.

    Entre as causas mais comuns estão:

    • Alimentação rica em gorduras ruins, açúcar e ultraprocessados;
    • Sedentarismo;
    • Sobrepeso e obesidade (especialmente gordura abdominal);
    • Histórico familiar;
    • Idade avançada.

    Como é feito o diagnóstico

    Avaliação clínica

    • História detalhada;
    • Exame físico;
    • Medida da pressão arterial;
    • Circunferência abdominal (alerta acima de 88 cm em mulheres e 102 cm em homens).

    Exames laboratoriais

    • Glicemia;
    • Colesterol;
    • Triglicerídeos.

    O médico reúne os resultados e confirma o diagnóstico quando há três ou mais fatores alterados.

    Tem cura? Como é o tratamento

    Sim, a síndrome metabólica pode ser revertida com mudanças consistentes no estilo de vida.

    As principais medidas incluem:

    • Alimentação equilibrada, rica em fibras e pobre em ultraprocessados;
    • Prática regular de exercícios físicos;
    • Perda de peso saudável;
    • Redução do consumo de álcool;
    • Abandono do tabagismo;
    • Acompanhamento médico periódico.

    Em alguns casos, o médico pode prescrever medicamentos para controlar:

    • Pressão arterial;
    • Colesterol;
    • Triglicerídeos;
    • Glicemia.

    Manifestações associadas

    Por estar relacionada à resistência à insulina e à hiperinsulinemia, outras condições podem aparecer junto com a síndrome metabólica:

    Acantose nigricans

    Manchas escurecidas, aveludadas e endurecidas, especialmente em axilas, virilhas e pescoço.

    Esteatose hepática

    Acúmulo de gordura nas células do fígado, que pode evoluir para inflamação e fibrose hepática.

    Hiperandrogenismo

    Em algumas pessoas, especialmente mulheres, pode causar hirsutismo (excesso de pelos), acne e irregularidade menstrual.

    Veja mais: 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta

    Perguntas frequentes sobre síndrome metabólica

    1. A síndrome metabólica é o mesmo que diabetes?

    Não. Mas ela aumenta muito o risco de desenvolver diabetes tipo 2.

    2. É possível reverter totalmente a síndrome metabólica?

    Sim, especialmente quando o diagnóstico é precoce e o estilo de vida é corrigido.

    3. Só pessoas acima do peso têm síndrome metabólica?

    Não. Pessoas magras com acúmulo de gordura abdominal também podem desenvolver.

    4. Quais exercícios ajudam mais?

    O ideal é combinar aeróbico (como caminhada) com musculação para aumentar a sensibilidade à insulina.

    5. Preciso tomar remédios?

    Nem sempre. Mas quando os valores estão muito altos, o uso de medicamentos pode ser necessário.

    6. A circunferência abdominal é mesmo tão importante?

    Sim. A gordura abdominal é metabolicamente ativa e libera substâncias inflamatórias.

    7. A síndrome metabólica dá sintomas?

    Quase nunca no início, por isso é tão perigosa.

    Veja também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos

  • Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes 

    Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes 

    O diabetes é uma das doenças crônicas mais conhecidas do mundo, mas existe uma forma menos falada que costuma surpreender até quem já convive com o diagnóstico: o LADA, o diabetes autoimune latente do adulto. Ele é chamado informalmente de “diabetes tipo 1,5” porque reúne características do tipo 1 e do tipo 2, e muitas vezes passa despercebido nos primeiros anos.

    Por causa dessa evolução lenta, muitas pessoas recebem tratamento inadequado por meses ou anos. Identificar o LADA precocemente faz toda a diferença para escolher o tratamento correto, preservar a função do pâncreas por mais tempo e evitar complicações a longo prazo.

    O que é o diabetes LADA?

    O diabetes LADA é uma forma de diabetes causada por uma reação autoimune: o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis por produzir insulina. A destruição é lenta, e por isso os sintomas começam como no diabetes tipo 2, mas depois evoluem para a necessidade de insulina, como acontece no diabetes tipo 1.

    Por isso ele é considerado uma condição intermediária entre os dois tipos clássicos.

    Como é feito o diagnóstico

    A Sociedade de Imunologia para Diabetes estabelece três critérios para identificar o diabetes LADA:

    • Diagnóstico após os 30 anos;
    • Presença de anticorpos contra o pâncreas;
    • Não precisar de insulina nos primeiros 6 meses.

    No início, o LADA costuma ser confundido com diabetes tipo 2 porque:

    • A glicose sobe de forma mais leve;
    • Os medicamentos orais funcionam no começo;
    • Os sintomas podem ser discretos.

    Com o tempo, porém, o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina, e o controle da glicose começa a falhar, mesmo com tratamento adequado, um sinal de alerta importante.

    Por que o diabetes LADA acontece?

    O diabetes LADA tem origem genética e autoimune. Alguns genes aumentam o risco da doença, mas ainda não se sabe ao certo o que desencadeia a reação imunológica.

    Os fatores associados são:

    • Excesso de peso;
    • Tabagismo;
    • Sedentarismo;
    • Consumo excessivo de bebidas açucaradas;
    • Baixo peso ao nascer.

    Por outro lado, hábitos como atividade física regular, alimentação equilibrada e consumo de peixes ricos em ômega 3 parecem ter efeito protetor.

    Quão comum é o diabetes LADA?

    Mais do que se imagina: 5% a 15% dos adultos diagnosticados inicialmente com diabetes tipo 2 na verdade têm diabetes LADA.

    Em países como Reino Unido e outros da Europa, cerca de 10% dos adultos com diabetes apresentam essa forma autoimune.

    Como o corpo reage no diabetes LADA

    No LADA, o organismo produz anticorpos que atacam gradualmente as células produtoras de insulina (sem destruí-las tão rapidamente quanto no diabetes tipo 1).

    A doença mistura características dos dois tipos clássicos:

    • Autoimunidade semelhante ao tipo 1;
    • Evolução lenta inicial, semelhante ao tipo 2;
    • Ocorre em adultos, geralmente com peso normal ou levemente acima do ideal.

    Sintomas

    Os sintomas do diabetes LADA são semelhantes aos dos outros tipos de diabetes:

    • Sede excessiva;
    • Urinar com frequência;
    • Cansaço persistente;
    • Perda de peso sem motivo;
    • Visão embaçada;
    • Formigamento nos pés.

    Algumas pessoas podem permanecer sem sintomas por um tempo, descobrindo a doença apenas em exames de rotina.

    Exames para diagnosticar o diabetes LADA

    Além dos exames comuns para diabetes (glicemia, hemoglobina glicada, urina), o médico pode solicitar:

    • Anticorpos específicos, como o GADA (o mais comum);
    • Dosagem de peptídeo C, que mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.

    Pessoas com diabetes LADA costumam ter:

    • Peptídeo C em níveis intermediários;
    • Anticorpos positivos;
    • Pouca ou nenhuma resistência à insulina.

    Esses achados ajudam a diferenciar o diabetes LADA de diabetes tipo 1 e tipo 2.

    Tratamento

    O tratamento é personalizado e depende do estágio da doença.

    Inclui:

    • Alimentação equilibrada;
    • Atividade física regular;
    • Acompanhamento médico frequente.

    Medicamentos

    • Insulina: pode ser necessária logo no início ou apenas após alguns anos;
    • Agonistas de GLP-1 e inibidores de DPP-4: ajudam a preservar a função do pâncreas.

    Importante:

    Sulfonilureias devem ser evitadas, pois aceleram a perda das células produtoras de insulina.

    Por que reconhecer o diabetes LADA é tão importante?

    Um diagnóstico impreciso pode atrasar o tratamento adequado, aumentando o risco de complicações.

    Identificar o diabetes LADA permite:

    • Preservar a função do pâncreas por mais tempo;
    • Melhorar o controle da glicose;
    • Reduzir o risco de danos nos rins, olhos, coração e vasos;
    • Oferecer uma abordagem individualizada.

    Leia também: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Perguntas frequentes sobre LADA

    1. LADA é a mesma coisa que diabetes tipo 1?

    Não. Ambos são autoimunes, mas o LADA se desenvolve lentamente e aparece apenas em adultos.

    2. Quem tem LADA sempre vai precisar de insulina?

    A tendência é que sim, mas o momento varia de pessoa para pessoa.

    3. LADA pode ser confundido com diabetes tipo 2?

    Sim, e isso é muito comum. Por isso o diagnóstico correto é tão importante.

    4. LADA tem cura?

    Não, mas pode ser controlado com tratamento adequado.

    5. Exercícios ajudam no LADA?

    Sim. Atividade física melhora sensibilidade à insulina e ajuda no controle glicêmico.

    6. O que o peptídeo C indica?

    Ele mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.

    7. Alimentação pode substituir o tratamento medicamentoso?

    Não. É complementar, mas não substitui medicamentos quando o pâncreas já está comprometido.

    Leia mais: Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar

  • Hemoglobina glicada: o exame que revela a ‘memória’ da glicose 

    Hemoglobina glicada: o exame que revela a ‘memória’ da glicose 

    No mundo do diabetes, poucos exames são tão importantes quanto a hemoglobina glicada. Simples, rápido e realizado com uma coleta de sangue, ele é essencial para diagnosticar a doença e acompanhar se o tratamento está funcionando.

    Ao contrário da glicemia em jejum, que mostra apenas um retrato momentâneo, a hemoglobina glicada reflete a média da glicose no sangue nos últimos três meses.

    O que é a hemoglobina glicada?

    A hemoglobina é a proteína dos glóbulos vermelhos que transporta oxigênio. Quando a glicose circula no sangue, parte dela se liga a essa proteína, formando a chamada hemoglobina glicada.

    O exame mede justamente essa ligação: quanto maior a glicose no sangue, maior será o valor encontrado.

    Para que serve o exame de hemoglobina glicada?

    O teste é utilizado para:

    • Diagnosticar diabetes;
    • Avaliar o controle da glicemia em pessoas com diabetes;
    • Monitorar se o tratamento está funcionando, seja com mudanças no estilo de vida ou medicamentos.

    Na prática, funciona como uma avaliação trimestral da glicemia no organismo.

    Como é feito o exame?

    Trata-se de um exame de sangue simples, feito em laboratório. Não é necessário jejum, e o resultado costuma sair em poucos dias.

    Valores de referência da hemoglobina glicada

    Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes e a American Diabetes Association (ADA):

    • Normal: abaixo de 5,7%;
    • Pré-diabetes: entre 5,7% e 6,4%;
    • Diabetes: 6,5% ou mais;
    • Meta de controle: em pessoas com diabetes, geralmente abaixo de 7% (podendo variar conforme orientação médica).

    Confira: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Perguntas frequentes sobre hemoglobina glicada

    1. Qual a diferença entre hemoglobina glicada e glicemia em jejum?

    A glicemia em jejum mostra a glicose apenas no momento da coleta. Já a hemoglobina glicada reflete a média dos últimos três meses.

    2. Quem deve fazer o exame?

    Pessoas com fatores de risco (obesidade, histórico familiar, pressão alta) e todos os já diagnosticados com diabetes.

    3. Precisa estar em jejum para fazer?

    Não. Esse é um dos diferenciais: pode ser feito em qualquer horário do dia.

    4. A hemoglobina glicada pode variar mesmo sem diabetes?

    Sim, pequenas variações são possíveis, mas valores acima de 6,5% costumam indicar diabetes.

    5. Qual é o valor ideal para quem já tem diabetes?

    Na maioria dos casos, manter abaixo de 7%. Contudo, a meta pode ser ajustada pelo médico, de acordo com idade e condições de saúde.

    6. O exame pode ser feito pelo SUS?

    Sim. O exame de hemoglobina glicada está disponível na rede pública de saúde.

    Leia também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos

  • Diabetes: quando usar medicamentos orais e quando a insulina se torna necessária? 

    Diabetes: quando usar medicamentos orais e quando a insulina se torna necessária? 

    O tratamento do diabetes é um dos maiores desafios da endocrinologia moderna. A doença, que afeta milhões de pessoas, exige estratégias individualizadas para manter a glicose sob controle e reduzir o risco de complicações cardiovasculares, renais e neurológicas. Entre as principais abordagens, estão os medicamentos orais e a insulina injetável, cada um com papel específico.

    Mas, afinal, qual a diferença entre insulina e medicamentos orais para diabetes? Em quais casos cada um é mais indicado? Para esclarecer essas dúvidas, conversamos com o endocrinologista André Colapietro, que detalhou os mecanismos de ação, as indicações e os avanços recentes nos dois tratamentos.

    Qual a diferença entre insulina e medicamentos orais no tratamento de diabetes?

    A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e sua função é permitir que a glicose no sangue entre nas células para ser usada como energia. “Todas as pessoas sem diabetes produzem insulina”. Quando essa produção falha ou quando as células não respondem bem à insulina, como em casos de diabetes, ocorre a hiperglicemia, ou seja, o excesso de açúcar no sangue.

    No tratamento do diabetes, a escolha entre insulina e medicamentos orais depende do tipo e da gravidade da doença:

    • Medicamentos orais para diabetes: usados principalmente no diabetes tipo 2 inicial, quando o pâncreas ainda consegue produzir insulina. Eles atuam de formas diferentes, estimulando a produção de insulina, aumentando a sensibilidade das células ou eliminando o excesso de glicose pela urina.
    • Insulina injetável: indispensável no diabetes tipo 1, já que o organismo não produz o hormônio. Também pode ser necessária no diabetes tipo 2 mais avançado, em casos de diabetes gestacional ou quando há glicotoxicidade (níveis muito altos de glicose que “inibem” temporariamente o pâncreas).

    Ou seja, enquanto os medicamentos orais ajudam a aproveitar a insulina que o corpo ainda produz, a insulina aplicada substitui ou complementa essa produção quando ela é insuficiente.

    Como agem os medicamentos orais para diabetes?

    Os medicamentos orais usados no tratamento de diabetes são variados e atuam em diferentes mecanismos do metabolismo da glicose. Eles podem ser divididos em famílias de substâncias, cada uma agindo em uma frente distinta:

    • Aumentam a secreção de insulina: como as sulfonilureias e glinidas.
    • Melhoram a sensibilidade à insulina: exemplos clássicos são a metformina e a pioglitazona.
    • Promovem a excreção de glicose pela urina: como os inibidores de SGLT2, que ajudam o corpo a eliminar o excesso de açúcar.

    Essas classes podem ser usadas de forma isolada, mas também usadas em conjunto, segundo orientação médica. “Eles podem ser combinados em diferentes estratégias de tratamento”, reforça Colapietro.

    Qual é a função da insulina aplicada no tratamento de diabetes?

    A insulina injetável tem a função de substituir ou complementar a insulina que o corpo não consegue mais produzir em quantidade suficiente ou que não está sendo utilizada corretamente por resistência insulínica.

    “A insulina se liga a um receptor específico na membrana das células e ‘abre’ o transportador que permite a passagem da glicose do sangue para dentro da célula (para ser utilizada como fonte energética). Na ausência de insulina, esse transporte não ocorre, o que leva ao acúmulo de glicose no sangue”, detalha o endocrinologista.

    Isso significa que, enquanto os comprimidos atuam ajudando o corpo a lidar melhor com a glicose, a insulina é uma substituição direta, essencial em alguns tipos de diabetes.

    Diabetes tipo 1 e tipo 2: as diferenças nos tratamentos

    No diabetes tipo 1, o sistema imunológico destrói as células do pâncreas que produzem insulina. Como o corpo praticamente não consegue produzir o hormônio, a aplicação de insulina é indispensável desde o diagnóstico. Em alguns casos, medicamentos orais podem ser usados como complemento, mas a base do tratamento sempre será a insulina aplicada diariamente.

    Já o diabetes tipo 2 é caracterizado pela resistência insulínica, quando as células não utilizam bem a insulina produzida pelo corpo. O tratamento inicial combina mudanças no estilo de vida, como dieta equilibrada, exercícios físicos e perda de peso. Em paralelo, usam-se medicamentos orais que ajudam a controlar a glicose por diferentes mecanismos. Com o avanço da doença, pode ser necessária a aplicação de insulina para manter o controle glicêmico adequado.

    Assim, enquanto o diabetes tipo 1 exige insulina desde o início, no tipo 2 geralmente é possível começar com medidas mais conservadoras, mas há risco de evolução para a necessidade de insulina em estágios mais avançados. “Isso pode acontecer devido à progressão da doença (muitos anos de diagnóstico), por predisposição genética (algumas pessoas evoluem mais rapidamente) ou por refratariedade ao tratamento oral isolado (não ser possível atingir as metas seguras de controle glicêmico)”, explica o médico.

    Existem avanços no tratamento de diabetes?

    Nos últimos anos, o tratamento do diabetes evoluiu muito, tanto com relação aos medicamentos orais quanto nas formulações de insulina.

    “Os grandes destaques para os medicamentos orais são os que, além de ajudarem no controle glicêmico, têm boa segurança contra hipoglicemia, auxiliam na perda de peso e, o mais importante, reduzem risco cardiovascular e de doença renal crônica significativamente (ou seja, ajudam a glicemia, o peso, o coração e os rins)”.

    Já em relação à insulina, o médico explica que surgiram novas versões de ação prolongada, capazes de manter níveis mais estáveis de glicose sem grandes oscilações, além de insulinas ultrarrápidas, que atuam de forma mais precisa logo após a aplicação.

    Essas melhorias tornaram o tratamento mais confortável, reduziram efeitos colaterais e facilitaram a rotina de quem convive com a doença.

    De qualquer forma, o mais importante é o acompanhamento contínuo e a personalização do tratamento para garantir não apenas o controle da glicose, mas também a prevenção de complicações graves.

    Veja mais: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Perguntas e respostas

    1. Qual a principal diferença entre insulina e medicamentos orais no tratamento de diabetes?

    Os comprimidos ajudam o corpo a usar melhor a insulina que ele ainda produz, enquanto a insulina aplicada substitui ou complementa a produção natural quando ela não é suficiente.

    2. Em quais casos os medicamentos orais são indicados?

    São usados principalmente no diabetes tipo 2 inicial, quando o pâncreas ainda produz insulina, ajudando a controlar a glicose por diferentes mecanismos.

    3. Quem precisa usar insulina desde o início do tratamento?

    Pessoas com diabetes tipo 1 precisam de insulina desde o diagnóstico, pois o corpo praticamente não produz mais o hormônio.

    4. Pessoas com diabetes tipo 2 podem precisar de insulina?

    Sim. Com a progressão da doença ou quando os comprimidos deixam de controlar a glicemia, a aplicação de insulina pode se tornar necessária.

    5. Quais os avanços recentes nos tratamentos?

    Os medicamentos orais mais modernos ajudam também no peso, no coração e nos rins. Já as insulinas novas são mais estáveis e rápidas, trazendo mais segurança e praticidade.

    Leia mais: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos

  • Hipoglicemia: saiba como reconhecer os sintomas e o que fazer na hora da crise 

    Hipoglicemia: saiba como reconhecer os sintomas e o que fazer na hora da crise 

    A hipoglicemia é um dos quadros clínicos que mais preocupam endocrinologistas e pacientes com diabetes. Popularmente chamada de “queda de açúcar no sangue”, a condição acontece quando a glicose atinge níveis abaixo do necessário para garantir energia suficiente para os órgãos vitais. Dependendo da gravidade, pode causar desde tremores e suor frio até perda de consciência e convulsões.

    Segundo o endocrinologista André Colapietro, a condição pode ocorrer tanto em pessoas com diabetes quanto em não diabéticos em situações específicas (como jejum prolongado). Com as orientações do médico, vamos entender como reconhecer os sintomas de hipoglicemia e o que fazer na hora da crise.

    O que é hipoglicemia e como identificar

    A hipoglicemia acontece quando a quantidade de glicose (açúcar) no sangue fica abaixo do normal. A glicose é o combustível principal do corpo, especialmente do cérebro. Sem energia suficiente, o organismo começa a dar sinais de alerta. Na prática clínica, considera-se:

    • Glicemia < 70 mg/dL: já caracteriza hipoglicemia.
    • Glicemia < 54 mg/dL: indica hipoglicemia grave, especialmente quando há alteração do nível de consciência.

    Mais importante do que o número isolado é o conjunto de sintomas. Muitas vezes, o paciente sente os sinais de glicemia baixa antes mesmo de confirmar no aparelho, e isso deve ser levado a sério. Afinal, é uma condição que pode se agravar rapidamente.

    Quem pode ter hipoglicemia?

    A maioria dos casos de hipoglicemia ocorre em pessoas com diabetes em tratamento com insulina ou medicamentos que aumentam o risco de quedas de glicose. No entanto, não se trata de uma condição exclusiva desse grupo.

    “Em não diabéticos, pode ocorrer em situações de jejum prolongado, prática intensa de exercícios, consumo excessivo de álcool ou, raramente, em alguns distúrbios hormonais ou tumores pancreáticos”, explica o endocrinologista.

    Em resumo, qualquer pessoa pode, em determinadas circunstâncias, apresentar uma queda de glicose e ter hipoglicemia. Por isso, conhecer os sinais e saber como agir é fundamental.

    Sintomas de hipoglicemia mais comuns

    A glicemia baixa geralmente dá sinais visíveis que podem ser reconhecidos precocemente. Esses sintomas de hipoglicemia aparecem porque o corpo tenta compensar a falta de glicose, acionando hormônios como a adrenalina.

    Os sinais mais típicos incluem:

    • Tremores
    • Sudorese (suor frio)
    • Palpitações
    • Fome intensa
    • Ansiedade
    • Tontura e fraqueza

    “Atenção, porque alguns desses sintomas de hipoglicemia podem ser semelhantes aos da pressão baixa, então é importante, sempre que possível, aferir a pressão e também a glicemia capilar para evitar confusão com a causa dos sintomas”, enfatiza André.

    Após os primeiros sinais, se a glicemia continuar caindo, o paciente pode até evoluir para sintomas neurológicos mais sérios, como dificuldade de raciocínio, alteração da fala e desmaio.

    Leia também: Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar

    Hipoglicemia assintomática: o risco silencioso

    Nem todos percebem os sintomas de hipoglicemia. Alguns pacientes, principalmente aqueles com diabetes de longa duração, podem ter episódios sem qualquer sintoma perceptível.

    “Principalmente pacientes que apresentaram múltiplos episódios de hipoglicemia ao longo da vida podem se tornar menos sensíveis e evoluir com hipoglicemias assintomáticas”, explica Colapietro.

    Esse fenômeno, chamado de hipoglicemia inadvertida, é particularmente perigoso porque aumenta o risco de crises graves sem aviso prévio. Para esses pacientes, o monitoramento frequente da glicemia é indispensável.

    O que fazer na hora da crise de hipoglicemia

    Uma crise de hipoglicemia exige ação imediata, com medidas simples que podem salvar vidas. O protocolo inicial inclui três passos básicos:

    1. Medir a glicemia, se possível. Essa confirmação ajuda a diferenciar de outras condições.
    2. Consumir carboidratos de ação rápida. Os líquidos doces são os mais indicados, pois são rapidamente absorvidos pelo organismo. Entre as opções estão suco de fruta, refrigerante comum, água com açúcar ou mel.
    3. Ficar em local seguro. Evitar dirigir, operar máquinas ou realizar atividades que ofereçam risco até que a glicemia esteja normalizada.

    “Depois disso, deve-se repetir a medição da glicemia capilar em 15 minutos. Se não melhorar, é indicado repetir a ingestão de carboidrato e procurar um serviço de pronto-atendimento”. Na prática, recomenda-se a chamada regra dos 15: ingerir cerca de 15 g de glicose rápida. Isso pode ser feito com:

    • 3 a 4 balas de doce
    • Meio copo de suco de fruta
    • 1 colher de sopa de açúcar ou mel

    “Depois, a pessoa pode comer um lanche com carboidrato + proteína (um misto quente, por exemplo) para manter a glicemia estável”. Esse cuidado evita um novo episódio pouco tempo depois da correção inicial, garantindo que a glicemia se mantenha equilibrada.

    Veja mais: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Hipoglicemia grave: quais os sinais?

    Algumas crises podem ser corrigidas em casa seguindo essas indicações do médico, porém, em alguns casos, a hipoglicemia se torna uma emergência médica.

    Situações que caracterizam hipoglicemia grave incluem:

    • Perda ou rebaixamento da consciência
    • Convulsões
    • Incapacidade de ingerir alimentos sozinho

    “Em casos graves, pode ser necessário glucagon injetável ou atendimento hospitalar”, afirma Colapietro. O uso de glucagon, que eleva a glicose rapidamente, deve ser prescrito e ensinado pelo médico para situações de emergência.

    Como prevenir episódios em pessoas com diabetes

    Para quem vive com diabetes, a prevenção é o pilar central do cuidado. Pequenas mudanças no dia a dia reduzem muito o risco de quedas de glicose. Entre as principais medidas estão:

    • Monitoramento regular da glicemia: ajuda a identificar quedas antes que causem sintomas.
    • Ajuste da medicação: sempre em parceria com o médico, para usar o menor número possível de fármacos de alto risco.
    • Padrão estável de atividade física: manter rotina equilibrada, evitando mudanças bruscas de intensidade.
    • Alimentação adequada: evitar jejum prolongado e manter horários regulares de refeição.
    • Reconhecimento precoce dos sintomas: agir rápido assim que aparecerem os primeiros sinais.

    Para pessoas com diabetes, a prevenção deve ser parte do cuidado diário, enquanto para a população em geral, conhecer os sinais é uma forma de evitar emergências.

    Embora seja uma condição comum, nunca deve ser banalizada. O acompanhamento médico é essencial para ajustar o tratamento, orientar condutas de emergência e reduzir os riscos a longo prazo.

    Perguntas e respostas sobre hipoglicemia

    1. O que é hipoglicemia?

    É a queda do nível de glicose no sangue abaixo de 70 mg/dL. Quando chega a menos de 54 mg/dL, já pode ser considerada grave.

    2. Quem pode ter hipoglicemia?

    É mais comum em pessoas com diabetes que usam insulina ou certos medicamentos, mas pode ocorrer em não diabéticos em casos como jejum prolongado, exercício intenso ou consumo excessivo de álcool.

    3. Quais são os sintomas mais comuns?

    Tremores, suor frio, palpitações, fome intensa, ansiedade, tontura e fraqueza. Em casos mais graves, pode causar dificuldade de raciocínio e até desmaios.

    4. Existe hipoglicemia sem sintomas?

    Sim. Pacientes com diabetes de longa duração podem perder a sensibilidade aos sinais, apresentando crises silenciosas, o que aumenta o risco de complicações.

    5. O que fazer durante uma crise?

    Consumir carboidratos de rápida absorção, como suco, refrigerante comum, açúcar ou mel. Depois, repetir a glicemia em 15 minutos e reforçar a alimentação com carboidrato e proteína.

    6. Quando a hipoglicemia é considerada grave?

    Quando causa perda de consciência, convulsões ou incapacidade de se alimentar sozinho. Nessas situações, pode ser necessário glucagon injetável ou atendimento hospitalar.

    7. Como prevenir novos episódios?

    Monitorar a glicemia com frequência, ajustar medicamentos com orientação médica, evitar jejum prolongado, manter alimentação regular e reconhecer os sintomas logo no início.

    Leia também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos

  • Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar 

    Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar 

    Durante a gestação, o corpo da mulher passa por mudanças importantes, incluindo na forma como utiliza a glicose. Para ajudar no crescimento do bebê, a placenta libera hormônios que podem reduzir a ação da insulina, que é o hormônio responsável por controlar o açúcar no sangue.

    Como consequência, o pâncreas precisa produzir quantidades maiores de insulina para compensar essa resistência. Contudo, quando ele não consegue dar conta da demanda, a glicose começa a se acumular no sangue, resultando no diabetes gestacional, uma condição que exige atenção devido aos riscos que pode causar ao bebê e à mãe.

    “Ele acontece porque o corpo da mulher passa por muitas mudanças hormonais — além do ganho de peso e da tendência genética que elas podem ter para o diabetes. A gravidez é um momento de maior resistência à insulina para a mulher, o que dificulta o controle do açúcar no sangue”, explica a endocrinologista Denise Orlandi.

    Esclarecemos, a seguir, as principais dúvidas sobre o diabetes gestacional, desde os sintomas, tratamento e como prevenir. Confira!

    Afinal, o que é diabetes gestacional?

    O diabetes gestacional é uma condição caracterizada pelo aumento nos níveis de açúcar no sangue durante a gravidez.

    Normalmente, ela é diagnosticada a partir do segundo trimestre, que é quando os os hormônios produzidos pela placenta aumentam a resistência à insulina. É uma adaptação natural para garantir que o bebê receba glicose o suficiente para se desenvolver, no entanto, em algumas pessoas, o pâncreas não consegue produzir insulina em quantidade adequada, resultando no diabetes.

    A condição geralmente desaparece após o parto, mas representa um alerta importante para a saúde da mãe e do filho, já que ambos ficam mais propensos a desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida.

    Causas da diabetes gestacional

    A causa principal do diabetes gestacional está associada à resistência insulínica provocada pelos hormônios da gravidez, mas alguns outros fatores podem contribuir para o desenvolvimento da condição, como:

    • Mudanças hormonais da gravidez, uma vez que a placenta produz hormônios que dificultam a ação da insulina;
    • Predisposição genética, de modo que mulheres com histórico familiar de diabetes têm mais chance de desenvolver a condição;
    • Excesso de peso;
    • Condições de saúde pré-existentes, como síndrome dos ovários policísticos (SOP) e resistência à insulina

    Fatores de risco da diabetes gestacional

    De acordo com a endocrinologista Denise Orlandi, alguns dos fatores de risco que aumentam a chance de ter diabetes gestacional incluem:

    • Idade materna acima de 25 anos;
    • Sobrepeso ou obesidade antes da gestação;
    • Histórico familiar de diabetes (pai, mãe ou irmãos);
    • Ter tido diabetes gestacional em gravidez anterior.
    • Já ter tido um bebê com mais de 4 kg ao nascer;
    • Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP);
    • Histórico de parto prematuro, abortos ou complicações sem causa aparente.

    Quais os sintomas de diabetes gestacional?

    Na maioria dos casos, o diabetes gestacional não manifesta sintomas evidentes, então muitas mulheres só descobrem a condição em exames de rotina do pré-natal. Quando os sintomas aparecem, podem incluir:

    • Sede excessiva.
    • Aumento da frequência urinária.
    • Cansaço.
    • Visão embaçada.

    Uma vez que os sintomas podem ser confundidos com sinais comuns da gravidez, é fundamental manter um acompanhamento pré-natal adequado, para identificar a condição precocemente.

    Como é feito o diagnóstico?

    O rastreamento do diabetes gestacional faz parte do pré-natal e costuma ser realizado entre a 24ª e 28ª semanas de gestação. Os exames mais utilizados no diagnóstico incluem:

    Curva glicêmica: é capaz de medir a velocidade com que o corpo absorve a glicose após a ingestão. Nele, a gestante ingere uma solução açucarada e é feita uma nova coleta de sangue (normalmente após 1 ou duas horas) após a ingestão.

    Glicemia de jejum: é um exame de sangue feito após jejum de 8 horas. Ele mostra a quantidade de glicose circulando no sangue em repouso, sendo o primeiro passo para identificar alterações no metabolismo da gestante.

    Diabetes gestacional: valores de referência

    Os exames feitos no pré-natal têm limites específicos para indicar se a gestante apresenta ou não diabetes gestacional. Eles variam de acordo com o tipo de teste realizado.

    No teste de curva glicêmica, os valores de referência são:

    • Jejum: resultado deve ser menor que 92 mg/dL;
    • Após 1 hora da ingestão: deve estar abaixo de 180 mg/dL;
    • Após 2 horas: precisa estar inferior a 153 mg/dL.

    Se em qualquer momento os valores forem iguais ou superiores a 200 mg/dL, o quadro de diabetes gestacional já é confirmado.

    Já na glicemia de jejum isolada, os valores de referência são:

    • Entre 92 mg/dL e 100 mg/dL: resultado alterado, mas próximo ao limite, e exige repetição do exame;
    • Acima de 100 mg/dL: é fortemente sugestivo de diabetes, devendo também ser reavaliado em nova coleta.

    Tratamento de diabetes gestacional

    O tratamento do diabetes gestacional tem como principal objetivo manter a glicose dentro de níveis adequados, e envolve especialmente mudanças no estilo de vida:

    Dieta para diabetes gestacional

    Seguir uma dieta para diabetes gestacional adequada é uma das principais maneiras de controlar os níveis de glicose no sangue. O ideal é que a gestante priorize o consumo de alimentos in natura e ricos em fibras, como:

    • Frutas frescas (banana, laranja, pera, maçã, kiwi, morango);
    • Laticínios (leite semi ou desnatado, iogurte natural, queijo branco);
    • Oleaginosas (castanha de caju, amendoim, avelãs, nozes e amêndoas);
    • Leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha);
    • Carnes magras (peixes, frango, ovo);
    • Vegetais (alface, tomate, rúcula, brócolis, abobrinha);
    • Cereais integrais (arroz integral, pão integral, quinoa, aveia).

    Também é importante reduzir o consumo de açúcares, doces, refrigerantes e ultraprocessados, além de distribuir as refeições em pequenas porções ao longo do dia. Assim, é possível evitar picos de glicemia, controlar o peso e garantir energia constante para mãe e bebê.

    Exercícios físicos para diabetes gestacional

    A prática de atividade física, quando orientada pelo médico, contribui para para o bem-estar emocional, reduz o estresse e favorece o preparo do corpo para o parto.

    Caminhadas leves, hidroginástica e até mesmo aulas de yoga específicas para gestantes também podem ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina e a manter o peso sob controle.

    Remédios para diabetes gestacional

    Na maioria dos casos, uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios físicos são suficientes para manter a glicemia em níveis adequados. No entanto, quando isso não acontece, o médico pode prescrever o uso de insulina para baixar o açúcar no sangue.

    Em alguns casos, pode ser indicado o uso de medicamentos via oral, como hipoglicemiantes, mas apenas um especialista pode definir a abordagem mais segura para a mãe e o bebê.

    Monitoramento da glicemia

    A gestante precisa realizar exames de sangue periódicos ou até medir a glicose em casa, com glicosímetro, conforme a orientação médica. O ideal é que o nível de açúcar no sangue seja verificado de quatro a cinco vezes por dia, de manhã em jejum e após as refeições.

    Isso permite ajustes imediatos no plano alimentar ou no tratamento sempre que necessário.

    O diabetes gestacional some depois do parto?

    Na maioria dos casos, sim. Contudo, a endocrinologista Denise Orlandi aponta que o risco não acabou.

    “A mulher deve continuar monitorando seus níveis de açúcar com exames periódicos, pois existe uma chance maior de desenvolver diabetes tipo 2 mais adiante”, explica.

    Riscos da diabetes gestacional

    Se não diagnosticada e tratada adequadamente, o diabetes gestacional pode causar complicações para a mãe e o bebê.

    Entre os riscos para o bebê, Denise ressalta:

    • Macrossomia (bebê muito grande);
    • Maior risco de parto cesárea ou traumatismos no parto;
    • Hipoglicemia logo após o nascimento;
    • Prematuridade;
    • Maior risco de obesidade e diabetes tipo 2 na vida adulta.

    Já para a mãe, o diabetes gestacional pode aumentar o risco de:

    • Maior risco de pré-eclâmpsia (pressão alta grave);
    • Infecções urinárias e candidíase recorrente;
    • Necessidade de parto cesárea;
    • Maior chance de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro.

    “Por isso, é importante manter o acompanhamento médico mesmo depois da gestação”, complementa Denise.

    Leia também: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Como evitar a diabetes gestacional?

    Nem sempre é possível prevenir, mas algumas atitudes no dia a dia contribuem para diminuir o risco, como:

    • Manter peso saudável antes da gestação;
    • Praticar atividade física regular;
    • Seguir uma alimentação equilibrada, rica em vegetais, frutas, grãos integrais e proteínas magras;
    • Evitar ganho de peso excessivo durante a gravidez;
    • Fazer acompanhamento médico regular e seguir todas as orientações do pré-natal.

    “Mulheres que tiveram diabetes gestacional têm um risco até 50% maior de desenvolver diabetes tipo 2 nos anos seguintes, especialmente se não adotarem hábitos saudáveis. Por isso, manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas e ter acompanhamento médico regular são atitudes importantes para prevenir o problema”, finaliza Denise.

    Leia também: 7 cuidados que você deve ter antes de engravidar

    Perguntas frequentes sobre diabetes gestacional

    1. O diabetes gestacional pode acontecer em qualquer gravidez?

    Sim, qualquer gestante pode apresentar diabetes gestacional. Isso acontece porque, mesmo mulheres jovens, sem histórico familiar e com peso adequado, estão suscetíveis às alterações hormonais típicas da gestação que aumentam a resistência à insulina.

    Por isso, todas as grávidas devem passar pelos exames de rastreamento entre a 24ª e a 28ª semana, mesmo que não tenham risco aparente.

    2. Existe diferença entre diabetes gestacional e diabetes tipo 2?

    Apesar de ambos envolverem resistência à insulina e níveis elevados de açúcar no sangue, eles não são a mesma doença. O diabetes gestacional aparece apenas durante a gravidez e costuma desaparecer após o parto.

    Já o diabetes tipo 2 é uma condição crônica, permanente, que exige tratamento contínuo. No entanto, ter diabetes gestacional aumenta significativamente o risco de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida.

    3. O diabetes gestacional pode causar parto prematuro?

    Sim, pode. O excesso de glicose no sangue pode levar a complicações como polidrâmnio (aumento do líquido amniótico), que favorece a ruptura precoce da bolsa e, consequentemente, o parto prematuro.

    Além disso, a necessidade de antecipar o parto pode ser indicada pelo médico em casos de macrossomia ou de risco para a saúde materna.

    4. Mulheres magras também podem ter diabetes gestacional?

    Sim! A obesidade e o sobrepeso aumentam o risco de desenvolver diabetes gestacional, mas gestantes magras também estão suscetíveis, já que a condição não depende apenas do peso corporal, mas também de fatores hormonais e genéticos.

    Por isso, mesmo quem tem IMC considerado normal deve realizar os exames de rastreamento no pré-natal.

    5. Quem já teve diabetes gestacional pode ter novamente em outra gravidez?

    Sim. Mulheres que já tiveram diabetes gestacional em uma gravidez anterior têm mais chance de desenvolver o problema em outras gestações e também de apresentar diabetes tipo 2 no futuro.

    Nesse sentido, é importante manter hábitos saudáveis, priorizando uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividade física e o controle do peso.

    Leia também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos

  • Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos 

    Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos 

    O diabetes é considerado uma epidemia mundial pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas sua detecção ainda representa um desafio. Afinal, na maioria dos casos, os sintomas iniciais são sutis, inespecíficos e facilmente confundidos com sinais de estresse, rotina cansativa ou até envelhecimento natural.

    “O diabetes, especialmente o tipo 2, pode não causar dor ou qualquer sintoma evidente no começo. Por isso, ele é considerado uma doença silenciosa”, explica a endocrinologista Denise Orlandi.

    Nesta reportagem, detalhamos os sintomas mais comuns e os menos conhecidos, explicamos a diferença entre os tipos de diabetes e mostramos por que identificar cedo faz toda a diferença.

    Sintomas clássicos e sintomas silenciosos do diabetes

    Quando pensamos em diabetes, logo vêm à mente os sinais mais clássicos: sede em excesso, mesmo bebendo bastante água, vontade de urinar várias vezes, especialmente à noite, e aumento do apetite, principalmente por massas e doces.

    Esses são, de fato, os sintomas mais conhecidos. “Mas há outros sintomas menos conhecidos e, por isso, ignorados, que podem acontecer em outras situações do dia a dia”, fala a médica.

    A lista de sintomas silenciosos do diabetes pode incluir:

    • Cansaço constante, sem motivo aparente;
    • Perda de peso inexplicável, mesmo sem fazer dieta;
    • Mal-estar logo após uma refeição;
    • Infecções frequentes, como infecção urinária, candidíase ou resfriados.

    Esses sintomas não surgem de forma abrupta. Eles se instalam lentamente, fazendo com que muitos pacientes acreditem que se trata apenas de reflexo da idade ou de um período estressante. Esse mascaramento natural é um dos motivos pelos quais tanta gente demora a procurar ajuda médica.

    Por que o diabetes é chamado de doença silenciosa

    O diabetes tipo 2 pode evoluir por anos sem manifestar sintomas claros. Isso ocorre porque a resistência à insulina e a elevação progressiva da glicose são processos graduais que o corpo tenta compensar.

    “Às vezes, o diagnóstico só acontece anos depois do início da doença, quando já houve algum tipo de complicação, como problemas nos rins, nos olhos, nos nervos ou até infarto”, explica a médica.

    Esse caráter silencioso reforça a necessidade de exames periódicos, especialmente para pessoas com fatores de risco. Além disso, é importante ter atenção a outros sinais, como ressecamento ou coceira na pele (principalmente nas pernas), alterações na visão e urina com espuma ou presença de formigas no vaso sanitário.

    “Nem sempre todos esses sintomas significam que a pessoa tem diabetes, mas eles devem ser investigados”, enfatiza Denise. Muitos também podem ocorrer em situações como calor intenso, desidratação, infecções urinárias ou efeitos de medicamentos. A diferença está na persistência e na combinação dos sinais.

    “Quando sede intensa, urina frequente e cansaço se tornam constantes, especialmente se vêm acompanhados de perda de peso ou visão embaçada, o ideal é procurar um endocrinologista e fazer exames para descartar diabetes. O importante é não normalizar esses sintomas se eles persistirem no dia a dia”.

    Diferenças entre diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2

    O diabetes tipo 1 tem origem autoimune, quando o sistema imunológico ataca as células do pâncreas que produzem insulina. Já o diabetes tipo 2 tem relação mais forte com a hereditariedade, somada ao estilo de vida (alimentação, obesidade, sedentarismo).

    Embora ambos tenham em comum a elevação da glicose no sangue, os sintomas aparecem em velocidades distintas. O tipo 1, mais comum em crianças e adolescentes, costuma surgir de forma rápida e intensa, com sede extrema, urina excessiva, dor abdominal e emagrecimento acelerado. O diagnóstico acontece em poucas semanas.

    Já o tipo 2, o mais prevalente entre adultos, é lento e silencioso. Os sintomas podem levar anos para se manifestar e, quando aparecem, são leves e progressivos. Nesse caso, é possível prevenir: alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, manutenção do peso saudável e acompanhamento médico são medidas essenciais para reduzir os riscos.

    Leia mais: 9 hábitos alimentares que ajudam a prevenir doenças no dia a dia

    O perigo de viver com diabetes sem diagnóstico

    No caso do diabetes tipo 2, é possível conviver com a doença por anos sem saber. Estima-se que 1 em cada 3 pessoas não saiba que tem diabetes. Esse atraso é perigoso porque, durante esse tempo, a glicose elevada danifica silenciosamente órgãos importantes.

    Sem diagnóstico, o risco de complicações aumenta significativamente:

    • Cegueira: provocada por retinopatia diabética;
    • Insuficiência renal: que pode levar à necessidade de diálise;
    • Infartos e AVCs: resultado do comprometimento dos vasos sanguíneos;
    • Amputações: decorrentes de neuropatia diabética e má cicatrização de feridas;
    • Complicações na gravidez: que afetam tanto a mãe quanto o bebê.

    “O diagnóstico precoce faz toda a diferença. Ele permite controlar a doença e evitar complicações. E o mais importante: controlar o diabetes não significa perder qualidade de vida, pelo contrário, a pessoa ganha mais saúde, energia e bem-estar”, reforça Denise.

    Exames como glicemia de jejum e hemoglobina glicada são os principais métodos para identificar alterações nos níveis de açúcar no sangue e devem ser realizados periodicamente, especialmente em pessoas com fatores de risco. Muitas vezes, esses exames são solicitados em check-ups anuais, mas em casos de suspeita clínica devem ser feitos o quanto antes.

    Perguntas e respostas

    1. Por que o diabetes é chamado de doença silenciosa?

    Porque, principalmente no tipo 2, ele pode evoluir por anos sem sintomas claros. Muitas vezes, o diagnóstico só ocorre após complicações como problemas nos rins, visão, nervos ou até um infarto.

    2. Quais são os sintomas clássicos do diabetes?

    Sede em excesso, vontade frequente de urinar (especialmente à noite) e aumento do apetite, sobretudo por massas e doces.

    3. E quais são os sintomas silenciosos que costumam ser ignorados?

    Cansaço sem motivo, visão embaçada que vai e volta, perda de peso inexplicável, mal-estar após refeições, infecções frequentes, formigamentos nas mãos e pés e alterações de pele, como coceira ou ressecamento.

    4. Qual a diferença entre o diabetes tipo 1 e o tipo 2?

    O tipo 1 é autoimune, surge de forma rápida e intensa, mais comum em jovens. Já o tipo 2 está fortemente ligado à hereditariedade e ao estilo de vida, evolui lentamente e pode levar anos para dar sinais.

    5. Por que é perigoso viver com diabetes sem diagnóstico?

    Porque o excesso de glicose danifica órgãos de forma silenciosa, podendo causar cegueira, insuficiência renal, infartos, AVCs, amputações e complicações na gravidez.

    6. Como identificar precocemente a doença?

    Com exames de rotina, como glicemia de jejum e hemoglobina glicada, especialmente em pessoas com fatores de risco.

    Leia também: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

  • Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração 

    Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração 

    Você provavelmente já ouviu falar de diabetes, mas talvez não saiba exatamente o que é ou por que os médicos batem tanto na tecla da importância de controlar a glicemia. O fato é que a doença pode afetar toda a saúde, inclusive o coração.

    Apesar de muita gente associar o diabetes apenas ao açúcar alto no sangue, ele é bem mais complexo. A condição mexe com todo o metabolismo, pode afetar órgãos importantes e, quando não controlada, abrir caminho para problemas sérios.

    O que é diabetes

    Quando comemos alimentos que contêm carboidratos, como pães, massas, arroz, frutas e doces, eles são digeridos e transformados em glicose, um tipo de açúcar que serve de combustível para as células do corpo.

    Em condições normais, a glicose passa do intestino para a corrente sanguínea e, com a ajuda da insulina (um hormônio produzido pelo pâncreas), entra nas células para ser usada como energia.

    Quando a pessoa tem diabetes, esse processo é prejudicado. Ou o corpo não produz insulina suficiente, ou a insulina não consegue fazer o seu papel direito. Como resultado, a glicose não consegue entrar nas células e se acumula no sangue. Esse excesso, com o tempo, pode danificar vasos sanguíneos, nervos e órgãos.

    Tipos de diabetes

    Existem diferentes tipos de diabetes, mas todos exigem cuidado e acompanhamento médico.

    • Diabetes tipo 1: de origem autoimune, costuma aparecer na infância ou adolescência, embora também possa surgir em adultos.
    • Diabetes tipo 2: mais comum em adultos, mas está cada vez mais frequente em jovens por conta de hábitos ruins de vida;
    • Diabetes gestacional: aparece durante a gravidez e exige atenção redobrada.

    Por que controlar o diabetes é tão importante para o coração

    O diabetes não tratado, segundo a cardiologista Juliana Soares, que integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein, é um grande problema.

    “Ele aumenta consideravelmente o risco do desenvolvimento de outras condições de saúde, em especial as doenças cardiovasculares. A doença cardiovascular ainda é a principal causa de morte nos pacientes diabéticos”, conta a especialista.

    Quando o açúcar no sangue fica alto por muito tempo, ele favorece o acúmulo de gordura e placas nas artérias, processo conhecido como aterosclerose, que pode levar a infarto e AVC.

    “Além disso, o diabetes não tratado pode levar a alterações nos nervos e vasos sanguíneos com diminuição de sensibilidade, um processo chamado neuropatia, e que pode inclusive dificultar a percepção de infarto, pois o paciente com diabetes pode ter um infarto sem dor”, detalha a médica.

    Quem tem diabetes tipo 1 precisa ainda ficar mais atento. Além do endocrinologista, Juliana Soares recomenda acompanhamento com:

    • Nefrologista: para a saúde dos rins;
    • Oftalmologista: para prevenir retinopatia diabética que pode provocar perda de visão;
    • Cardiologista: para avaliar e proteger o coração;
    • Nutricionista: para ajustar a alimentação.

    A médica explica que portadores de diabetes tipo 1 têm mais risco de desenvolver doenças cardiovasculares, principalmente quando os controles dos níveis de glicose são inadequados.

    “Isso leva ao aumento do processo de formação das placas nas artérias e a lesão nos vasos sanguíneos e nervos. A doença cardiovascular é a principal causa de morte em adultos com diabetes tipo 1”, alerta.

    E o pré-diabetes?

    Se o diabetes é o sinal vermelho, o pré-diabetes é o sinal amarelo. Os níveis de açúcar já estão acima do normal, mas ainda não chegaram ao ponto de ser diabetes.

    A boa notícia, segundo Juliana Soares, é que mudanças no estilo de vida como melhora da alimentação, prática de atividade física e perda de peso são altamente eficazes.

    “Em algumas situações o uso de remédios, em especial a metformina, é muito benéfico e ajuda a conter a evolução para o diabetes”.

    Novos remédios: os agonistas do GLP-1

    Hoje há novos remédios que podem tratar diabetes, sendo que o mais falado atualmente é a semaglutida (Ozempic). Esse remédio pertence ao grupo dos agonistas do GLP-1, um hormônio que, como explica Juliana Soares, estimula a liberação de insulina quando o açúcar no sangue está alto, reduz o apetite e retarda o esvaziamento do estômago, evitando picos de glicose no sangue.

    Esses remédios também ajudam a reduzir risco de infarto e AVC, melhorando colesterol, pressão arterial e até a saúde dos vasos sanguíneos.

    Novos remédios: os agonistas do GLP-1

    Nos últimos anos, uma classe de remédios ganhou destaque no tratamento do diabetes tipo 2: os agonistas do GLP-1, como a semaglutida (Ozempic). O GLP-1 é um hormônio que o próprio corpo produz e que ajuda a regular a glicose no sangue de forma inteligente.

    A cardiologista explica que, quando os níveis de açúcar estão altos, os remédios agonistas do GLP-1 estimulam a liberação de insulina pelo pâncreas e, ao mesmo tempo, inibem a liberação de um hormônio chamado glucagon, que atua na liberação de glicose pelo fígado. Ou seja, eles não só ajudam a colocar a glicose para dentro das células, mas também evitam que o fígado jogue mais açúcar na corrente sanguínea.

    Esse tipo de remédio também age no cérebro. Eles diminuem o apetite, aumentam a sensação de saciedade e ainda reduzem a velocidade com que o estômago esvazia após as refeições. Esse conjunto de ações faz com que a glicose seja absorvida mais devagar e evita picos de açúcar no sangue.

    “Os agonistas do GLP-1 podem reduzir o risco de eventos cardiovasculares como infarto e AVC e até mesmo morte por causas cardiovasculares”, conta a médica. “A ação no controle dos níveis de açúcar e no peso são, por si, fatores protetores e que reduzem o risco cardiovascular através da melhora metabólica”.

    Como viver bem com diabetes tipo 2

    O diagnóstico de diabetes não precisa ser sinônimo de uma qualidade de vida ruim. “A vida do portador de diabetes pode ser saudável desde que um estilo de vida adequado e os cuidados necessários sejam seguidos. O foco no autocuidado, no tratamento adequado e na prevenção das complicações é fundamental”, reforça Juliana Soares.

    O tratamento conta com:

    • Alimentação equilibrada;
    • Atividade física regular;
    • Controle do colesterol e da pressão;
    • Monitoramento da glicemia;
    • Uso correto dos remédios;
    • Exames regulares.

    Perguntas frequentes sobre diabetes

    1. O diabetes pode ser curado?

    Não, mas pode ser controlado com tratamento e mudanças no estilo de vida.

    2. O que é hipoglicemia?

    É quando o açúcar no sangue fica muito baixo. Isso pode causar tontura, suor frio, desmaio e, se a queda de açúcar for muito intensa e não for revertida a tempo, pode levar até à morte.

    3. Como prevenir o diabetes tipo 2?

    Mantendo um peso saudável, fazendo exercícios e comendo de forma equilibrada.

    5. O que é pré-diabetes?

    É quando a glicose está acima do normal, mas ainda não ao ponto de ser caracterizada diabetes.

    6. Diabetes afeta só o açúcar no sangue?

    Não, pode atingir coração, rins, olhos e nervos, por isso é importante tratar a doença.

    7. O que é resistência à insulina?

    É quando o corpo não consegue usar a insulina de forma eficiente, e isso faz com que o açúcar no sangue fique mais alto.

    8. Quem tem diabetes pode comer doce?

    Sim, mas com moderação e dentro de um plano alimentar equilibrado.