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  • Deficiência de G6PD: a condição genética que exige cuidado com certos remédios e alimentos

    Deficiência de G6PD: a condição genética que exige cuidado com certos remédios e alimentos

    Pouca gente sabe, mas milhões de brasileiros convivem com uma condição genética que quase nunca dá sinais, até que algo a desperte. A deficiência de G6PD, uma das deficiências enzimáticas mais comuns do mundo, geralmente passa despercebida, mas pode causar reações graves quando a pessoa entra em contato com substâncias específicas.

    Essa alteração hereditária afeta a forma como o organismo protege os glóbulos vermelhos contra o desgaste natural. Quando expostos a certos medicamentos, infecções ou alimentos (como a fava, por exemplo), esses glóbulos podem se romper, causando uma anemia súbita e intensa. Por isso, conhecer a condição e adotar medidas preventivas é fundamental para viver bem e evitar complicações.

    O que é a deficiência de G6PD

    A G6PD (glicose-6-fosfato desidrogenase) é uma enzima presente nos glóbulos vermelhos e tem uma função essencial, que é de proteger as células contra o estresse oxidativo, ou seja, contra danos provocados por radicais livres.

    Quando há deficiência dessa enzima, as hemácias (glóbulos vermelhos) ficam mais frágeis e podem se romper com facilidade — um processo chamado hemólise, que leva à anemia hemolítica.

    Causa tem origem genética e hereditária

    A deficiência de G6PD é uma condição genética hereditária, causada por mutações no gene localizado no cromossomo X. Por esse motivo, ela é mais comum em homens, que possuem apenas um cromossomo X, enquanto as mulheres, por terem dois, costumam apresentar sintomas mais leves ou serem apenas portadoras.

    Embora não tenha cura, é uma condição controlável, desde que a pessoa saiba o que evitar.

    Quando aparecem os sintomas

    Na maioria das vezes, a pessoa com deficiência de G6PD leva uma vida normal e sem sintomas. Os sinais aparecem apenas quando há contato com fatores desencadeantes, como:

    • Uso de certos medicamentos, como antibióticos, alguns analgésicos, antimaláricos;
    • Infecções bacterianas ou virais;
    • Ingestão de favas (leguminosa que pode causar crises);
    • Contato com produtos químicos e corantes específicos.

    Principais manifestações clínicas

    A deficiência pode se manifestar em diferentes formas, dependendo da idade e da exposição ao agente causador.

    1. Icterícia neonatal:

    • Surge nas primeiras 24 horas de vida;
    • Provoca pele e olhos amarelados;
    • Pode exigir fototerapia ou, em casos graves, transfusão de sangue.

    2. Anemia hemolítica aguda:

    • Acontece após contato com um agente desencadeante;
    • Sintomas: palidez, icterícia, urina escura (cor de “coca-cola”), fraqueza e dor abdominal;
    • O baço pode aumentar de tamanho.

    3. Anemia hemolítica crônica não esferocítica (rara):

    • Causa anemia persistente e risco de cálculos biliares;
    • Pode exigir transfusões repetidas.

    Diagnóstico

    O diagnóstico costuma ser feito ainda no recém-nascido, por meio do teste do pezinho, incluído na triagem neonatal ampliada.

    Quando há suspeita ou resultado alterado, realizam-se exames confirmatórios como:

    • Dosagem enzimática da G6PD (quantitativa);
    • Testes genéticos, que identificam a mutação responsável.

    Esses exames ajudam a definir o grau de deficiência e orientar os cuidados para toda a vida.

    Tratamento e cuidados

    Não há cura para a deficiência de G6PD, mas a condição é facilmente controlável com medidas simples:

    • Evitar medicamentos e substâncias proibidas (a lista deve ser fornecida pelo médico ou geneticista);
    • Tratar infecções rapidamente para prevenir crises;
    • Acompanhamento médico regular para avaliar anemia e icterícia;
    • Transfusão de sangue em casos graves de hemólise.

    Com atenção e informação, é possível levar uma vida saudável e sem limitações.

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    Perguntas frequentes sobre deficiência de G6PD

    1. A deficiência de G6PD tem cura?

    Não. É uma condição genética, mas pode ser controlada com medidas preventivas.

    2. Quem tem G6PD pode tomar qualquer remédio?

    Não. Alguns medicamentos são proibidos, pois podem causar hemólise. O ideal é sempre avisar o médico antes de usar qualquer medicação.

    3. O que acontece se uma pessoa com G6PD comer fava?

    O consumo de fava pode provocar uma crise de anemia hemolítica, com icterícia, cansaço intenso e urina escura.

    4. A deficiência de G6PD é rara?

    Não. É uma das deficiências enzimáticas mais comuns do mundo e afeta cerca de 6 milhões de brasileiros.

    5. Como é feito o diagnóstico?

    Por meio do teste do pezinho, seguido de exames laboratoriais específicos para confirmar a deficiência.

    6. Crianças com G6PD precisam de cuidados especiais?

    Sim. Os pais devem ser orientados sobre alimentos e medicamentos proibidos e manter acompanhamento pediátrico regular.

    7. Mulheres também podem ter deficiência de G6PD?

    Sim, embora seja mais comum em homens. Mulheres portadoras podem ter sintomas leves ou nenhum.

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