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  • Alergia ocupacional tem cura? Conheça os sintomas e quando procurar um médico

    Alergia ocupacional tem cura? Conheça os sintomas e quando procurar um médico

    Você já ouviu falar em alergia ocupacional? Representando cerca de 15% das condições desencadeadas pelo trabalho, ela surge quando o organismo reage de forma exagerada a partículas, substâncias ou agentes presentes no ambiente profissional, provocando sintomas respiratórios, na pele ou oculares que podem comprometer o bem-estar e a qualidade de vida.

    Os sintomas podem surgir de forma imediata ou tardia, dependendo da intensidade da exposição, da sensibilidade de cada pessoa e do tipo de agente envolvido — o que pode dificultar o reconhecimento do quadro no início.

    Pensando nisso, conversamos com uma especialista e apontamos, a seguir, as principais profissões de risco e quando você deve procurar um médico. Confira!

    Quais trabalhos mais associados a alergia ocupacional?

    A relação entre o ambiente profissional e alergias é bastante comum porque vários setores expõem trabalhadores a substâncias que irritam pele, olhos e vias respiratórias. De acordo com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti, a divisão dos agentes considera duas categorias:

    • Alto peso molecular, formada por proteínas como alérgenos de animais, farinha, látex e enzimas;
    • Baixo peso molecular, formada por produtos químicos como isocianatos, anidridos ácidos, persulfatos, acrilatos e resinas epóxi.

    Entre os principais ramos ocupacionais com maior risco e tipos de alergias envolvidos, a alergista destaca:

    • Área da saúde costuma apresentar rinite e asma relacionadas ao látex natural, dermatite de contato por luvas e irritação causada por desinfetantes, principalmente compostos quaternários de amônio. A odontologia também apresenta casos de sensibilização a acrilatos;
    • Manipulação de animais de laboratório, em biotérios e clínicas veterinárias, pode causar rinite e asma por alérgenos de roedores, gatos e outros animais, principalmente substâncias presentes em urina, saliva e caspa;
    • Panificação e indústrias de alimentos apresentam rinite e asma causadas por farinhas, enzimas como alfa-amilase e ácaros de armazenamento, além de urticária de contato durante o manuseio de frutos do mar;
    • Atividade de cabeleireiros envolve risco de asma e rinite provocadas por persulfatos presentes em descolorantes, fragrâncias e outros produtos, além de dermatite de contato por tinturas contendo parafenilenodiamina;
    • Pintura automotiva e industrial, assim como a aplicação de espumas, costuma desencadear asma por isocianatos como MDI e TDI;
    • Marcenaria e a construção civil podem causar rinite, asma e rinossinusite devido a poeiras de madeira como cedro vermelho, resinas epóxi e formaldeído;
    • Soldagem e a eletrônica expõem trabalhadores a fumaça metálica e vapores irritantes, além de partículas de colofônia usadas em fluxos de solda, capazes de provocar sensibilização respiratória;
    • Agricultura e o trabalho em silos estão associados a poeiras orgânicas de grãos, fungos e endotoxinas, que levam a rinite, asma e pneumonite por hipersensibilidade, também chamada de alveolite alérgica extrínseca.

    Quais os sintomas da alergia ocupacional?

    Os sintomas da alergia ocupacional variam conforme a exposição e podem atingir nariz, olhos, pele e pulmões. Os mais comuns incluem:

    • Congestão nasal, espirros e coriza;
    • Coceira nos olhos, vermelhidão e lacrimejamento;
    • Tosse persistente, sensação de aperto no peito e dificuldade para respirar;
    • Chiado no peito, típico de asma ocupacional;
    • Irritação na pele, com vermelhidão, coceira ou descamação;
    • Urticária de contato após tocar na substância que provoca a reação;
    • Piora dos sintomas durante o expediente, com melhora parcial nos dias de descanso.

    Quanto os sintomas surgem?

    Os sintomas podem surgir logo depois da exposição ao alérgeno, mas Brianna explica que, na maioria dos casos, existe um intervalo de semanas a anos até que o organismo fique sensibilizado e comece a demonstrar sinais claros da alergia.

    • Alergia mediada por IgE, ligada a proteínas de alto peso molecular, costuma aparecer depois de um período longo de exposição, que pode durar meses ou anos. Os sintomas mais comuns incluem rinite, coceira nos olhos, urticária de contato e asma, normalmente piorando nos dias de trabalho e melhorando quando o trabalhador se afasta do ambiente;
    • Sensibilização por produtos de baixo peso molecular, como isocianatos, também costuma surgir após um período de latência. A manifestação mais frequente é uma asma de início lento, marcada por irritação constante das vias aéreas e dificuldade respiratória que persiste mesmo fora do trabalho;
    • Asma induzida por irritantes (RADS) aparece de forma súbita, sem período de latência, após um único episódio de exposição intensa a uma substância irritante. Depois da crise inicial, alguns sintomas podem permanecer por muito tempo.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da alergia ocupacional é feito a partir das informações clínicas, detalhes do ambiente de trabalho e exames que ajudam a mostrar se os sintomas realmente estão ligados à rotina profissional.

    O especialista precisa entender sobre as tarefas diárias, substâncias usadas no dia a dia, tempo de exposição, uso de proteção individual e comparação entre sintomas nos dias de expediente e nos períodos de folga. Além disso, ele avalia condições pré-existentes, como rinite, dermatite ou refluxo, porque elas podem interferir no quadro.

    De acordo com Brianna, podem ser feitos os seguintes exames:

    • Exame físico e testes de função respiratória, como espirometria com broncodilatador. Quando o resultado é normal, podem ser feitos testes de hiper-responsividade, como metacolina ou manitol;
    • Monitorização do pico de fluxo expiratório (PEF) por duas a três semanas, registrando valores em dias de trabalho e em dias de descanso. Esse método é considerado o melhor exame de triagem para suspeita de asma ocupacional no dia a dia;
    • Avaliação de inflamação respiratória com medidas como FeNO (óxido nítrico exalado) e indução de escarro, quando disponível;
    • Testes alérgicos, incluindo testes cutâneos ou IgE específica para alérgenos do ambiente profissional, como farinha, látex, enzimas ou epitélios de animais;
    • Avaliação de rinite ocupacional com rinoscopia e, quando necessário, citologia nasal ou prova de provocação nasal específica em centros especializados;
    • Prova de inalação específica, considerada o padrão ouro em centros de referência, indicada quando a suspeita de asma ocupacional permanece mesmo após outros testes.

    “O afastamento temporário do agente suspeito (dias a poucas semanas) pode auxiliar no diagnóstico: melhora dos sintomas e da função respiratória fora do ambiente de trabalho é um forte indício de relação causal”, explica a alergista.

    Tratamento de alergia ocupacional

    Depois de identificar o que está causando a alergia, algumas medidas podem ser adotadas para controlar os sintomas do dia a dia. Em casos de rinite, podem ser usados corticoides nasais e anti-histamínicos para aliviar nariz entupido, coceira e espirros, sempre com orientação médica.

    A situação muda um pouco quando há asma, porque o tratamento costuma incluir corticoide inalatório para manter o pulmão controlado e evitar crises durante o expediente. A avaliação para imunoterapia pode ser considerada em alguns casos, principalmente quando é claro o alérgeno responsável pelo quadro.

    Também podem ser feitas adaptações no local de trabalho para diminuir as crises alérgicas, como aponta Brianna:

    Eliminação ou substituição do agente

    • Retirar o agente que causa alergia sempre que possível, é a principal medida de tratamento e prevenção de crises;
    • Substituir luvas de látex com pó por modelos sem pó e com baixo teor de proteínas;
    • Trocar substâncias sensibilizantes, como isocianatos e persulfatos, por alternativas menos irritantes.

    Controles de engenharia no ambiente de trabalho

    • Usar processos fechados ou com barreiras físicas;
    • Instalar exaustores no ponto onde a substância é liberada (exaustão local);
    • Garantir ventilação adequada;
    • Reduzir a formação de aerossóis;
    • Evitar picos de exposição;
    • Realizar limpeza úmida ou com filtro HEPA para diminuir partículas no ar.

    Controles administrativos e organização das atividades

    • Treinar equipes sobre riscos e prevenção;
    • Utilizar sinalização clara em áreas de risco;
    • Revezar tarefas para diminuir tempo direto de exposição;
    • Limitar permanência em áreas de maior risco;
    • Criar protocolos de emergência;
    • Incentivar a notificação rápida de sintomas pelos trabalhadores.

    Equipamentos de proteção individual (EPI)

    • Usar respiradores adequados, como PFF2/N95 ou modelos superiores;
    • Utilizar luvas apropriadas, avental e barreiras de proteção;
    • Proteger os olhos quando houver risco de respingos ou partículas;
    • Lembrar que o EPI é complementar e não substitui melhorias no ambiente de trabalho.

    Quando ir ao médico?

    A busca por atendimento médico deve acontecer quando surgem sinais de alerta que indicam que o problema respiratório pode estar relacionado ao ambiente de trabalho, como:

    • Os sintomas de rinite ou asma pioram durante o expediente ou melhoram nos fins de semana e férias;
    • Há falta de ar, chiado no peito, tosse persistente ou sensação de aperto no tórax;
    • O uso de broncodilatador de alívio se torna frequente;
    • Quando acorda de noite por dificuldade respiratória;
    • Queda na função pulmonar, medida por exames como espirometria ou PEF seriado;
    • O quadro não melhora mesmo após evitar gatilhos conhecidos e seguir o tratamento indicado;
    • Quando há suspeita de exposição a substâncias como farinha, látex, pelos de animais, poeiras químicas, isocianatos ou produtos de limpeza.

    A avaliação precoce com alergologista ou pneumologista do trabalho diminui o risco de que o quadro se agrave, ajudando a melhorar a qualidade de vida do trabalhador.

    Afinal, quando devo considerar mudar de profissão?

    Mudar a profissão ou função pode ser uma decisão difícil de considerar, já que envolve a rotina, estabilidade e anos de dedicação a uma área específica. Ainda assim, existem momentos em que o corpo sinaliza que o ambiente de trabalho realmente deixou de ser seguro, como:

    • Confirmação de asma causada por um sensibilizante específico, como farinha, látex, isocianatos, pelos de animais ou produtos químicos, mesmo após tentativas de reduzir ou evitar a exposição;
    • Impossibilidade de controle adequado do ambiente, seja por falhas de ventilação, falta de barreiras físicas, ausência de exaustão ou inviabilidade de realocação para outra função menos arriscada;
    • Permanência de sintomas intensos, apesar do tratamento correto e da redução de contatos, mostrando que o organismo continua reagindo ao ambiente;
    • Afastamentos frequentes e o impacto na capacidade funcional, deixando claro que trabalhar naquele local já está prejudicando a saúde de forma repetida;
    • Presença de RADS (síndrome de disfunção reativa das vias aéreas) com tosse, chiado e falta de ar persistentes mesmo após diminuição da exposição.

    Em situações como essas, conversar com um pneumologista ou alergologista do trabalho ajuda a avaliar os riscos e a planejar uma mudança que preserve a saúde no longo prazo.

    Confira: Alergia a níquel de bijuterias: por que acontece, como tratar e se tem cura

    Perguntas frequentes

    O que diferencia a rinite ocupacional de rinite alérgica comum?

    A rinite ocupacional surge quando o gatilho alérgico está presente no ambiente de trabalho, enquanto a rinite alérgica comum costuma ser provocada por fatores domésticos, sazonais ou ambientais gerais. A principal diferença está no padrão temporal: a pessoa melhora nos fins de semana e piora durante o expediente.

    O diagnóstico é feito por meio da análise da rotina, testes alérgicos e, muitas vezes, pela comparação direta entre dias de trabalho e períodos de folga. A persistência da exposição aos alérgenos pode intensificar crises e aumentar o risco de progressão para bronquite ou asma.

    Como a asma ocupacional se desenvolve?

    A asma ocupacional se instala depois de repetidas exposições a substâncias inaladas no local de trabalho, que ativam o sistema imunológico e provocam inflamação dos brônquios. A pessoa pode não ter histórico respiratório prévio e, mesmo assim, desenvolver chiado, tosse e falta de ar ao longo de meses ou anos de contato profissional.

    A evolução costuma ocorrer em duas etapas: primeiro vem a fase de sensibilização, quando quase não há sintomas; depois surge a fase de desencadeamento, quando o organismo começa a reagir até a pequenas quantidades do agente. Quanto mais tempo a exposição continua, mais grave e difícil de controlar o quadro se torna.

    O que é RADS e como se diferencia da asma ocupacional comum?

    A síndrome de disfunção reativa das vias aéreas (RADS) surge após uma única exposição intensa a irritantes, como fumaça química, vapores tóxicos ou derramamentos acidentais. A pessoa desenvolve sintomas imediatos e persistentes, mesmo sem histórico alérgico prévio.

    A asma ocupacional comum, por outro lado, ocorre após meses ou anos de exposição repetida. Casos de RADS costumam causar sintomas intensos e precisam de acompanhamento rigoroso.

    Tenho alergia ocupacional, preciso me afastar do trabalho?

    A alergia ocupacional não exige afastamento imediato em todos os casos. A maioria das situações melhora com ajustes ambientais, uso correto de EPIs, trocas de produtos, ventilação adequada e reorganização de tarefas.

    A decisão de afastar depende da gravidade dos sintomas, da identificação do agente e da capacidade da empresa em reduzir a exposição. Uma avaliação médica orienta quando o afastamento é necessário, especialmente em situações de asma causada por sensibilizantes potentes ou quando não existem alternativas seguras de realocação.

    Como aliviar a congestão nasal causada pela alergia ocupacional?

    A congestão nasal pode ser aliviada com lavagem nasal diária usando solução salina, porque a limpeza remove partículas irritantes que ficam presas na mucosa após a exposição ao ambiente de trabalho. A prática reduz a inflamação, melhora a passagem de ar e diminui a necessidade de medicamentos.

    Em alguns casos, o médico pode prescrever o uso de um corticoide nasal para ajudar a controlar o inchaço interno da mucosa.

    Para acelerar a recuperação, a ventilação adequada nos ambientes, aliada ao afastamento temporário do gatilho, também ajuda e aumenta o conforto ao longo do dia.

    Veja mais: Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

  • Asma alérgica: o que é, sintomas, tratamentos e remédios

    Asma alérgica: o que é, sintomas, tratamentos e remédios

    Você sabe o que é asma alérgica? A condição, que é comum durante a infância e adolescência, acontece quando o organismo reage de forma exagerada a substâncias normalmente inofensivas, como poeira, pólen, mofo ou pelos de animais. Isso causa inflamação das vias aéreas, deixando a respiração mais difícil.

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a asma afeta mais de 260 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, a estimativa é que cerca de 20 milhões de brasileiros convivam com a doença, sendo a asma alérgica uma das formas mais comuns.

    Apesar de crônica, a condição pode ser controlada a partir de acompanhamento médico, tratamento adequado e mudanças no estilo de vida. Entenda mais, a seguir.

    O que causa a asma alérgica?

    A asma alérgica, também chamada de asma atópica, é desencadeada quando o sistema imunológico identifica como perigosa uma substância inofensiva, chamada de alérgeno. Ao entrar em contato com o agente, o corpo reage liberando substâncias químicas que causam inflamação nos brônquios e estreitamento das vias respiratórias.

    Entre alguns dos principais alérgenos, estão:

    • Ácaros da poeira doméstica, encontrados em colchões, travesseiros, cortinas e tapetes;
    • Mofo e umidade, que são comuns em casas pouco arejadas;
    • Pelos e epitélio de animais de estimação, como gatos, cães e até roedores;
    • Cheiros fortes, como perfumes, produtos de limpeza, tintas e solventes;
    • Fumaça de cigarro;
    • Poluição do ar;
    • Pólen.

    Além dos alérgenos clássicos, alguns alimentos podem provocar reações em pessoas sensíveis, como leite, ovos, frutos do mar, amendoim e nozes. Eles são menos comuns do que alérgenos inalados, mas crises causadas por alimentos podem ser mais graves.

    Quais os sintomas de asma alérgica?

    Os sintomas da asma alérgica podem variar de pessoa para pessoa. De acordo com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti, eles podem variar ao longo do tempo e tendem a surgir ou piorar em situações específicas, como exposição a alérgenos, prática de esforço físico, contato com ar frio ou durante infecções respiratórias.

    Os sinais mais comuns incluem:

    • Falta de ar;
    • Chiado no peito (som semelhante a um assobio ao respirar);
    • Tosse persistente, especialmente à noite ou de manhã cedo;
    • Aperto no peito;
    • Respiração rápida e cansada.

    Se a pessoa também tiver rinite ou outras alergias, podem surgir sintomas como coriza constante, coceira nos olhos, nariz entupido e irritação na pele.

    Além disso, em situações mais graves, quando o alérgeno é ingerido (por exemplo, alimentos), os sintomas podem evoluir para:

    • Urticária;
    • Inchaço nos lábios, rosto ou língua;
    • Dificuldade para engolir;
    • Anafilaxia: uma reação alérgica grave, que exige atendimento médico imediato.

    Como diferenciar a falta de ar da asma alérgica de outras condições?

    A falta de ar é um sintoma que pode estar presente em diversas doenças respiratórias e cardíacas — então, para evitar confusão, é importante estar atento a alguns sinais.

    Em casos de asma alérgica, Brianna aponta que é possível observar que:

    • A falta de ar geralmente vem acompanhada de chiado no peito e tosse;
    • Os sintomas melhoram após o uso de broncodilatadores (medicações inalatórias);
    • Pode haver piora durante a noite, esforço físico ou contato com alérgenos.

    Já em outras condições, como doenças cardíacas ou DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), a falta de ar tem características diferentes: além de não responder tão bem ao broncodilatador, ela pode estar associada a inchaço nas pernas, dor no peito ou histórico de tabagismo prolongado.

    Leia também: 5 causas de alergia dentro de casa e o que fazer para evitar

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico de asma alérgica é feito por um médico, geralmente pneumologista ou alergista, a partir de uma avaliação clínica, histórico de sintomas e exames complementares.

    Segundo Brianna, entre os exames que ajudam na identificação da condição, estão:

    • Espirometria: mede a quantidade de ar que entra e sai dos pulmões, verificando se existe obstrução das vias aéreas;
    • Pico de fluxo expiratório: teste simples para acompanhar a variação da respiração ao longo do tempo;
    • Testes alérgicos (cutâneos ou IgE específica): ajudam a identificar quais alérgenos desencadeiam as crises;
    • Exames de inflamação tipo 2: como FeNO e eosinofilia, que ajudam a mostrar quando a asma tem origem alérgica.

    Como é feito o tratamento de asma alérgica?

    O tratamento da asma alérgica é feito para controlar a inflamação dos pulmões, aliviar os sintomas e evitar crises. De acordo com Brianna e o Ministério da Saúde, os principais cuidados são:

    1. Remédios de controle

    O uso de corticoides inalatórios é a forma mais eficaz de reduzir a inflamação das vias aéreas. Em alguns casos, podem ser combinados com o formoterol, um broncodilatador de ação prolongada. Eles devem ser utilizados de forma contínua, mesmo em períodos sem sintomas, pois ajudam a manter a doença sob controle.

    2. Remédios para aliviar os sintomas

    Os remédios broncodilatadores de curta duração são usados em situações de crise, quando há falta de ar ou chiado no peito. Eles promovem melhora rápida da respiração, mas não substituem o tratamento clínico indicado pelo médico.

    3. Evitar gatilhos e tratar comorbidades

    Identificar e reduzir o contato com alérgenos como poeira, mofo, pólen e pelos de animais é um dos principais passos para evitar crises. Além disso, Brianna destaca que o tratamento de condições associadas, como rinite alérgica e dermatite atópica, pode melhorar significativamente o controle da asma.

    4. Imunoterapia (vacinas de alergia)

    Em alguns casos, a imunoterapia sublingual (SLIT) ou subcutânea (SCIT) pode ser indicada. O tratamento consiste na aplicação gradual de doses do alérgeno, ajudando o organismo a desenvolver tolerância. A abordagem pode reduzir os sintomas, a frequência das crises e até a necessidade de remédio.

    Asma alérgica tem cura?

    Segundo explica a alergista Brianna Nicoletti, a asma é uma doença crônica, o que significa que ela não tem cura. Contudo, algumas pessoas podem passar anos sem sintomas ou com sintomas muito leves — isso é chamado de remissão clínica. Mesmo assim, existe a chance de a doença voltar, por isso é importante manter o acompanhamento médico.

    Perguntas frequentes

    1. Posso praticar atividade física mesmo tendo asma alérgica?

    Sim! A prática regular de exercícios físicos é recomendada, pois melhora a capacidade pulmonar e fortalece o organismo. O ideal é conversar com o médico para ajustar o tratamento e, se necessário, usar a medicação preventiva antes das atividades. Alguns esportes, como natação, costumam ser bem tolerados.

    2. A asma alérgica pode piorar à noite?

    Sim. Muitas pessoas percebem que a tosse e o chiado ficam mais intensos durante a madrugada — e isso pode estar relacionado à posição de dormir, à exposição a ácaros nos travesseiros ou ao maior contato com poeira acumulada no quarto. Algumas medidas simples no dia a dia, como trocar a roupa de cama semanalmente e manter o ambiente limpo, ajudam com os sintomas.

    3. O cigarro pode piorar a asma alérgica?

    Com certeza. A fumaça do cigarro é um dos principais irritantes das vias respiratórias, mesmo para pessoas que não têm asma. Em pessoas alérgicas, ela aumenta as crises e reduz o efeito dos medicamentos. Por isso, evitar o tabagismo ativo e passivo é uma das recomendações mais importantes no tratamento.

    4. O que fazer em caso de crise de asma alérgica?

    Durante uma crise, a pessoa deve usar imediatamente o medicamento de alívio prescrito pelo médico, geralmente o broncodilatador inalatório. É importante manter a calma, sentar-se ereto para facilitar a respiração e evitar esforço físico.

    Se não melhorar após o uso da medicação ou se os sintomas forem muito intensos, é fundamental procurar atendimento de emergência.

    5. A asma alérgica pode desaparecer com o tempo?

    Em algumas pessoas, principalmente crianças e adolescentes, os sintomas podem diminuir ou até desaparecer por alguns anos, o que é conhecido como remissão clínica. No entanto, como a asma é crônica, existe sempre a possibilidade de os sintomas voltarem em algum momento da vida.

    6. Mudanças climáticas influenciam na asma alérgica?

    O frio intenso, a mudança repentina de temperatura e até períodos de baixa umidade podem agravar os sintomas de asma. Por isso, é comum que as crises aumentem durante o inverno ou em dias muito secos.

    7. Existe relação entre rinite e asma alérgica?

    Pessoas com rinite alérgica têm maior chance de desenvolver asma, já que ambas as condições estão ligadas ao mesmo mecanismo inflamatório das vias respiratórias. Além disso, tratar a rinite é fundamental para melhorar o controle da asma, pois elas compartilham os mesmos gatilhos, como poeira, mofo, pólens e pelos de animais.

    Quando a rinite está bem controlada, a frequência e a intensidade das crises de asma tendem a diminuir, facilitando o tratamento.

    8. Qual a diferença entre bronquite e asma alérgica?

    A bronquite é a inflamação dos brônquios, que pode ser aguda (curta duração) ou crônica (geralmente em fumantes). Já a asma alérgica é uma doença crônica de origem alérgica, caracterizada por crises repetidas de falta de ar e chiado, que melhoram com tratamento específico.

    Leia também: Asma infantil: sintomas, diagnóstico e tratamento

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    Quem já teve um filho que vive tossindo ou aparenta estar com falta de ar sabe a angústia que é. Será só uma gripe, alergia ou pode ser asma? A dúvida é bem comum, já que muitos sintomas de asma se confundem com problemas respiratórios frequentes na infância. A diferença é que, na asma, esses sinais se repetem e podem atrapalhar a qualidade de vida da criança.

    Para esclarecer o assunto, conversamos com a pneumologia pediátrica Juliana Sencini, que explicou como identificar os sintomas, de que forma o diagnóstico é feito e quais os caminhos para o tratamento.

    O que é a asma infantil

    A asma é uma doença inflamatória crônica que afeta as pequenas vias aéreas, dificultando a passagem do ar. Antigamente, inclusive, muitos chamavam a asma de bronquite.

    “Os principais sinais sugestivos de asma são episódios recorrentes, geralmente relacionados a resfriados, mudanças climáticas, contato com alérgenos ou desencadeados pelo exercício”, diz Juliana Sencini.

    Ela destaca que o sintoma mais comum é a tosse seca e persistente, mas também podem aparecer o chiado no peito (ou sibilos) e a falta de ar, às vezes acompanhada da sensação de aperto no peito.

    “Não é normal a criança tossir durante brincadeiras, corridas ou até quando dá risada. Isso já acende o alerta para asma”, completa.

    Diferença entre asma e outras doenças respiratórias

    Nem sempre é simples diferenciar as crises de asma de outros problemas respiratórios.

    “Um resfriado pode causar tosse e febre, mas em poucos dias a criança melhora. Já na asma, a tosse e o chiado são recorrentes e vêm acompanhados de falta de ar”, explica a médica.

    Outras condições também podem confundir: pneumonia, que tem sintomas mais agudos, e até aspiração de corpo estranho, quando a criança engole um pedaço de alimento ou brinquedo e passa a ter tosse súbita e persistente.

    Existe idade mínima para diagnóstico?

    A pneumologista pediátrica explica que não há uma idade mínima definida para diagnosticar a asma. O diagnóstico é clínico, baseado na repetição dos sintomas e na resposta ao tratamento.

    “Em crianças menores, o diagnóstico da asma é mais desafiador, pois não há exames específicos. O que se leva em consideração é a história clínica e como a criança responde ao corticoide inalatório”, diz.

    Quais exames ajudam a confirmar

    Embora não exista um único exame que dê certeza, alguns ajudam o médico a entender se é ou não asma:

    • Exames de alergia, para identificar sensibilização a alérgenos;
    • Raio-X de tórax, que descarta outras condições;
    • Prova de função pulmonar, feita em crianças a partir de 5 anos, que avalia a função respiratória;
    • Exame FeNO (fração exalada de óxido nítrico), ainda restrito a pesquisas, mas promissor para avaliar inflamação das vias aéreas.

    Tratamento da asma infantil

    O tratamento tem dois pilares principais:

    • Controle da inflamação crônica: feito com corticoides inalatórios em bombinhas;
    • Tratamento das crises: com broncodilatadores de longa duração.

    “Em crises mais graves, pode ser necessário o uso de corticoide oral. Para casos específicos, já temos os imunobiológicos, que são uma grande ajuda no controle da doença”, explica a especialista.

    Ela reforça que manter o tratamento contínuo é muito importante. “Se o pulmão permanece inflamado, pode haver perda de função respiratória na vida adulta”, aconselha a médica.

    O que pode desencadear uma crise

    Segundo a especialista, os principais gatilhos são vírus respiratórios, poeira, ácaros, pelos de animais, mudanças bruscas de temperatura, exercícios físicos e até refluxo.

    “Identificar e evitar os desencadeadores é tão importante quanto usar o remédio corretamente”, orienta.

    A asma tem cura?

    Depende. “A asma não tem cura definitiva, mas pode entrar em remissão. Algumas crianças melhoram dos sintomas ao longo da infância e adolescência, chegando a ficar anos sem manifestações da doença”, explica a médica. Em outros casos, porém, os sintomas podem retornar na vida adulta.

    Como a família e a escola podem ajudar

    O papel dos cuidadores e da escola é fundamental. “A família precisa reconhecer os sintomas precocemente e entender que o tratamento contínuo é essencial, mesmo sem crises. O uso diário do remédio deve ser visto como o remédio de uma doença crônica, como pressão alta ou diabetes, que precisa ser usado todos os dias”, reforça a pneumologista pediátrica.

    Professores e funcionários da escola também devem estar informados sobre os gatilhos e saber como agir em uma crise.

    Perguntas frequentes sobre asma infantil

    1. Tosse noturna sempre é sinal de asma?

    Não, mas se for recorrente e acompanhada de chiado ou falta de ar, merece avaliação médica.

    2. Criança com asma pode praticar esportes?

    Sim. O tratamento adequado permite vida ativa. Apenas é importante observar os gatilhos e ter acompanhamento médico.

    3. Toda criança que usa bombinha tem asma grave?

    Não. A bombinha é a forma mais eficaz de administrar o medicamento, inclusive em casos leves.

    4. A asma some na adolescência?

    Alguns adolescentes entram no que se chama de remissão, ou seja, não manifestam mais os sintomas, mas a doença pode retornar na vida adulta.

    5. A asma é hereditária?

    Existe, de fato, predisposição genética, mas fatores do ambiente que a criança vive também influenciam.

    6. O que fazer em uma crise?

    Usar o broncodilatador de resgate prescrito pelo médico e, se não houver melhora, procurar atendimento de urgência.