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  • Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa 

    Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa 

    Acordar cansado mesmo depois de uma noite inteira de sono pode ser sinal de algo mais sério do que simplesmente dormir pouco. A apneia do sono é uma condição que interrompe a respiração diversas vezes durante a noite, prejudicando a oxigenação do corpo e roubando a qualidade do descanso.

    Muito além do ronco alto e da sonolência diurna, a apneia tem impactos que preocupam os médicos, afinal, ela pode alterar o funcionamento do coração, elevar a pressão arterial e aumentar as chances de doenças mais sérias, como infarto e AVC.

    Conversamos com a cardiologista Juliana Soares, integrante do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, que explicou como a apneia do sono interfere na saúde do coração e por que merece tanta atenção.

    O que é apneia do sono

    A cardiologista explica que a apneia do sono é uma condição em que a respiração é interrompida durante o sono, o que leva a uma queda na oxigenação do organismo. Essas pausas podem acontecer várias vezes por noite e prejudicam profundamente a qualidade do descanso.

    “A fragmentação do sono também não permite com que os estágios mais profundos do sono sejam atingidos, levando a cansaço excessivo, fadiga e sonolência durante o dia”, conta a médica.

    Segundo a especialista, existem três tipos principais de apneia do sono:

    • Apneia obstrutiva do sono: a mais comum, causada pelo relaxamento dos músculos da garganta, que bloqueiam a passagem do ar.
    • Apneia central do sono: mais rara, ocorre quando o cérebro não envia os sinais corretos para a respiração.
    • Apneia mista do sono: mistura das duas situações.

    “Embora possa atingir qualquer idade, ela é mais frequente em homens acima dos 40 anos, especialmente quando há obesidade”, diz a médica.

    Como a apneia afeta o coração

    A cada pausa na respiração, o corpo entende que está sob estresse. “Essas paradas na respiração promovem liberação dos hormônios do estresse, como a adrenalina e o cortisol, aumentando a pressão arterial e podendo levar a aumento da frequência cardíaca”, detalha a cardiologista.

    Com o tempo e o ciclo se repetindo noite após noite, acontece uma sobrecarga contínua no coração. Isso aumenta o risco de pressão alta, arritmias, aterosclerose (formação de placas de gordura nas artérias), resistência à insulina, diabetes, infarto e AVC.

    “Além disso, as pausas respiratórias demandam um esforço maior do coração podendo levar a ao enfraquecimento do músculo cardíaco e consequentemente a insuficiência cardíaca, condição na qual o coração não consegue bombear sangue suficiente para atender as necessidades do organismo”, detalha a especialista.

    “Como esse processo se repete dezenas de vezes durante a noite em quem tem apneia do sono, isso promove uma sobrecarga contínua no coração”.

    Esse processo ajuda a entender por que a apneia está tão ligada a doenças cardíacas graves.

    Leia também: Trabalha sentado o dia todo? Conheça os riscos para o coração e o que fazer

    Sinais de alerta da apneia do sono

    Como desconfiar, afinal, da apneia do sono? Muitas vezes, quem nota primeiro os sintomas é quem dorme ao lado. “Pausas na respiração durante a noite, ronco alto e frequente, sono agitado e despertar várias vezes são alguns dos sinais”, afirma a especialista.

    Durante o dia, os sintomas também aparecem:

    • Acordar cansado;
    • Sonolência excessiva;
    • Dor de cabeça ao acordar;
    • Irritabilidade;
    • Dificuldade de concentração.

    Diagnóstico de apneia do sono: como fazer

    O diagnóstico começa pela história clínica, associada a relatos de quem convive com a pessoa. O exame principal é a polissonografia, que avalia funções do organismo durante o sono, como atividade cerebral, respiração, nível de oxigênio, batimentos cardíacos e intensidade do ronco.

    “Como na maior parte das condições de saúde, quanto mais precoce o tratamento, melhores os resultados”, reforça a cardiologista.

    “Além do tratamento diminuir o risco de doenças cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida, ele também ajuda na prevenção de acidentes, visto que a sonolência excessiva durante o dia pode aumentar esse risco”.

    Leia também: Palpitações no coração: o que pode ser e quando procurar atendimento médico

    Tratamento de apneia do sono

    Hoje, pode-se usar alguns aparelhos ou dispositivos para tratar a apneia do sono, como o CPAP, que é um aparelho que envia ar sob pressão através de uma máscara nasal e mantém as vias aéreas sempre abertas. Há também outros aparelhos que podem ajudar, mas somente um médico pode indicar para cada caso.

    “Tratar a apneia ajuda a estabilizar a pressão arterial e a frequência cardíaca, diminuindo risco cardiovascular”, afirma a médica.

    Outra forma de tratar apneia é diminuir os fatores de risco para ela. Um dos principais é a obesidade.

    “O excesso de gordura na região do pescoço pode provocar obstrução das vias respiratórias durante o sono”, explica a especialista. Por isso, perder peso ajuda a controlar a apneia e a saúde cardiovascular.

    Além disso, a médica recomenda:

    • Praticar atividade física regularmente;
    • Diminuir o consumo de álcool (que relaxa a garganta e piora a apneia);
    • Parar de fumar, já que o cigarro inflama as vias aéreas.

    Perguntas frequentes sobre apneia do sono e coração

    1. Todo ronco é sinal de apneia?

    Não. Porém, quando o ronco vem acompanhado de pausas respiratórias, merece investigação.

    2. A apneia pode causar pressão alta?

    Sim. As pausas respiratórias ativam hormônios do estresse que elevam a pressão arterial.

    3. Quem tem apneia sempre precisa usar CPAP?

    O CPAP é um dos tratamentos mais comuns, mas a escolha depende de uma avaliação médica. Em alguns casos, mudanças no estilo de vida já ajudam.

    4. Apneia pode levar a insuficiência cardíaca?

    Sim. O esforço extra exigido do coração ao longo do tempo pode enfraquecer o músculo cardíaco.

    5. Existe cura para a apneia do sono?

    Não há uma cura definitiva, mas o tratamento controla os sintomas e previne complicações.

    6. Perder peso melhora a apneia do sono?

    De forma geral, sim. O emagrecimento reduz a obstrução das vias aéreas e pode diminuir muito os episódios.

    Confira: Como o estresse afeta o coração e o que fazer para proteger a saúde cardiovascular

  • Palpitações no coração: o que pode ser e quando procurar atendimento médico 

    Palpitações no coração: o que pode ser e quando procurar atendimento médico 

    Sentir o coração acelerar, bater mais forte ou até parecer que está “tremendo” dentro do peito é algo que quase todo mundo já viveu em algum momento. Uma corrida para pegar o ônibus, uma notícia inesperada, um café forte ou até mesmo uma noite mal dormida podem acelerar os batimentos e causar aquela sensação estranha no peito: as palpitações.

    Na maioria dos casos, as palpitações são benignas e passageiras, ligadas a situações de ansiedade ou estresse. Mas se vierem acompanhadas de falta de ar ou dor no peito, podem indicar arritmias e exigem avaliação médica.

    Conversamos com a cardiologista Juliana Soares, que integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein, para esclarecer as principais dúvidas sobre o sintoma e quando procurar atendimento médico.

    Afinal, o que são palpitações no coração?

    As palpitações não são uma doença em si, mas um sintoma percebido pela pessoa. Normalmente elas surgem em situações cotidianas, como após atividade física, em momentos de estresse ou até após o consumo de bebidas com cafeína. Nesses casos, o coração apenas responde a um estímulo externo e volta ao normal em seguida.

    As palpitações podem se manifestar de várias maneiras:

    • Coração batendo mais rápido;
    • Coração batendo mais forte;
    • Sensação de vibração na região do peito ou até mesmo no pescoço.

    Segundo a cardiologista Juliana Soares, muitas vezes a sensação é benigna, ou seja, não indica um problema de saúde. “Porém, se a sensação de palpitação vier acompanhada de outros sintomas como falta de ar, tontura, desmaio, dor no peito ou suor frio, ela pode ser decorrente de uma arritmia, sendo necessária avaliação médica imediata”, afirma a especialista.

    O que pode causar palpitação no coração?

    A principal causa das palpitações é a taquicardia sinusal, um aumento normal da frequência cardíaca que ocorre em resposta a estímulos cotidianos. Entre os principais desencadeadores, Juliana aponta:

    • Atividade física;
    • Estresse e ansiedade;
    • Cafeína em excesso;
    • Febre e desidratação.

    Normalmente, os fatores não representam risco, mas podem causar desconforto significativo no dia a dia. Contudo, quando vêm acompanhados de sintomas como falta de ar, dor no peito ou desmaios, é necessário procurar atendimento médico imediato, pois podem indicar quadros mais sérios, como:

    • Arritmias cardíacas: como taquicardia supraventricular, fibrilação atrial ou taquicardia ventricular;
    • Alterações nos minerais do sangue: como potássio e magnésio em níveis anormais;
    • Doenças cardíacas: insuficiência cardíaca, cardiopatias estruturais ou doença arterial coronariana;
    • Outros fatores clínicos: anemia, distúrbios da tireoide ou uso de determinados medicamentos.

    Quando as palpitações são sinais de alerta?

    De acordo com Juliana, os sintomas que exigem atenção imediata são:

    • Falta de ar;
    • Dor, pressão ou desconforto no peito;
    • Suor frio;
    • Tontura ou sensação de desmaio;
    • Desmaio efetivo;
    • Náusea;
    • Batimentos muito rápidos (acima de 120 batimentos por minuto [bpm] em repouso) ou muito baixos (abaixo de 45 bpm).

    Se o coração disparado vier acompanhado de algum desses sintomas, é importante procurar atendimento médico imediatamente.

    Confira: Saúde do coração após a menopausa: conheça os cuidados nessa fase da vida

    Como é feito o diagnóstico das palpitações no coração?

    Quando uma pessoa procura o médico relatando episódios de palpitações, a investigação costuma incluir diferentes exames para entender o que está acontecendo. Os mais solicitados são:

    • Eletrocardiograma (ECG): registra a atividade elétrica do coração em repouso;
    • Holter de 24 horas: monitora o ritmo cardíaco durante um dia inteiro, captando alterações que ocorrem ao longo das atividades normais;
    • Ecocardiograma: avalia a estrutura e o funcionamento do coração;
    • Teste ergométrico (teste de esforço): analisa o comportamento cardíaco durante atividade física.

    Além disso, os exames de sangue são muito importantes para verificar se há um desequilíbrio de minerais como potássio e magnésio, checar distúrbios hormonais ou identificar condições como anemia, que também podem estar relacionadas às palpitações.

    Como prevenir ou reduzir as palpitações no dia a dia

    Nem sempre é possível evitar as palpitações, contudo, adotar hábitos de vida mais saudáveis ajuda a reduzir os episódios e melhora a saúde do coração como um todo. Veja o que fazer:

    • Evite refeições muito pesadas, principalmente à noite;
    • Beba bastante água para manter-se hidratado;
    • Reduza ou evite o consumo de álcool e cafeína;
    • Durma bem, buscando manter horários regulares;
    • Pratique exercícios físicos regularmente, respeitando seus limites e sob orientação médica;
    • Encontre formas de controlar o estresse, como meditação, respiração profunda, yoga ou caminhadas.

    Leia também: Falta de ar: quando pode ser problema do coração

    Ansiedade, estresse e palpitações: qual a relação?

    Primeiro, é importante entender que o coração é sensível ao estado emocional. Em momentos de estresse, ansiedade ou até mesmo após um susto, o corpo libera hormônios como adrenalina e cortisol, que aceleram os batimentos cardíacos. Isso explica por que tantas pessoas sentem palpitações em dias de nervosismo ou pressão emocional.

    Por outro lado, a própria palpitação pode gerar ansiedade, criando um ciclo vicioso: quanto mais a pessoa se preocupa, mais palpitações sente. Nesse sentido, buscar apoio psicológico, adotar técnicas de relaxamento e praticar atividades que proporcionem prazer e bem-estar são igualmente importantes para manter a qualidade de vida.

    Perguntas frequentes sobre palpitações no coração

    1. Quem tem palpitações no coração pode praticar exercícios físicos?

    Sim! A atividade física pode trazer diversos benefícios para o coração e pode ser praticada por pessoas com palpitações — desde que devidamente avaliadas por um médico. A escolha do tipo e da intensidade do treino deve respeitar a condição individual de cada pessoa. Alguns exercícios que costumam ser bem tolerados incluem:

    • Caminhadas leves ou moderadas;
    • Yoga e alongamentos;
    • Musculação em intensidade controlada.

    Durante a prática, é fundamental estar atento a sinais como dor no peito, tontura ou falta de ar. Caso eles surjam, a atividade deve ser interrompida imediatamente e o médico deve ser consultado.

    2. Palpitação é o mesmo que arritmia?

    Não. Palpitação é apenas a sensação do batimento cardíaco alterado, percebida pela própria pessoa. A arritmia, por sua vez, é um diagnóstico médico: significa que há uma alteração real no ritmo do coração.

    Nem toda palpitação corresponde a uma arritmia. Muitas vezes, o coração está batendo normalmente, mas o indivíduo o percebe de forma mais intensa. Apenas exames, como o eletrocardiograma e o Holter de 24h, podem confirmar a presença de arritmia.

    3. Ansiedade pode causar palpitações no coração?

    Sim. A ansiedade é uma das causas mais comuns de palpitações benignas. Em momentos de nervosismo, o corpo libera adrenalina, que acelera os batimentos cardíacos. Isso pode gerar a sensação de coração disparado, mesmo sem uma arritmia real. Técnicas de respiração, meditação e terapia podem ajudar a aliviar os episódios.

    4. Palpitações podem acontecer durante o sono?

    Sim, e isso é relativamente comum. Elas podem ocorrer por ansiedade, apneia do sono, refluxo gastroesofágico, consumo de estimulantes antes de dormir ou até alterações hormonais. Se forem frequentes, atrapalharem o descanso ou vierem acompanhadas de sintomas como falta de ar noturna e despertares súbitos, é fundamental investigar com um médico.

    5. Palpitações são mais comuns em alguma faixa etária?

    As palpitações podem aparecer em qualquer idade. Em jovens, costumam estar ligadas a ansiedade, desidratação ou consumo de bebidas estimulantes, como energéticos. Já em adultos de meia-idade e idosos, a chance de que estejam relacionadas a arritmias e doenças cardíacas é maior.

    Por isso, em pessoas acima dos 40 anos, principalmente com histórico familiar ou fatores de risco cardiovascular, é recomendada avaliação médica mesmo em palpitações aparentemente benignas.

    6. Palpitações no coração podem estar ligadas ao uso de medicamentos?

    Sim. Alguns medicamentos, como broncodilatadores (usados em crises de asma), antidepressivos e alguns remédios para tireoide, podem provocar palpitações como efeito colateral. Se o sintoma surge após iniciar um novo medicamento, é importante relatar ao médico, que poderá ajustar a dose ou substituir o tratamento.

    7. Quem tem palpitações precisa tomar remédio?

    Nem sempre. Muitas vezes, a palpitação não exige tratamento medicamentoso, apenas mudanças de hábitos. O uso de remédios é indicado apenas quando há diagnóstico de arritmia ou outra doença cardíaca. Nesses casos, o médico pode prescrever antiarrítmicos, betabloqueadores ou outros medicamentos específicos.

    8. Existe exame caseiro para identificar palpitações perigosas?

    Não existe um exame caseiro confiável. Algumas pessoas usam relógios inteligentes e pulseiras fitness para monitorar os batimentos, mas os dispositivos não substituem exames médicos. Eles podem ajudar a registrar a frequência cardíaca e mostrar irregularidades, mas apenas o cardiologista poderá interpretar corretamente e indicar o tratamento adequado.

    9. Quando devo marcar consulta com cardiologista por causa de palpitações?

    Sempre que as palpitações forem frequentes, atrapalharem a qualidade de vida ou vierem acompanhadas de sintomas como dor no peito, falta de ar, tontura ou desmaio. Mesmo sem sintomas associados, se o episódio se repete com frequência ou causa ansiedade, vale marcar uma consulta para investigar e ter tranquilidade sobre a saúde do coração.

    Leia também: Trabalha sentado o dia todo? Conheça os riscos para o coração e o que fazer