Tag: apneia obstrutiva do sono

  • Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa 

    Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa 

    A tirzepatida, medicamento originalmente desenvolvido para o tratamento do diabetes tipo 2 e do controle da obesidade, recebeu também aprovação para tratar a apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade. A decisão, validada por agências internacionais e reconhecida pela Anvisa, representa um avanço no manejo de um dos distúrbios do sono mais comuns e potencialmente perigosos.

    Até pouco tempo, o tratamento da apneia se baseava principalmente em aparelhos como o CPAP, usados para manter as vias respiratórias abertas durante o sono. Agora, com a nova indicação da tirzepatida, a medicina ganha uma abordagem medicamentosa capaz de atuar na raiz do problema em muitos pacientes — o excesso de peso.

    O que é a tirzepatida?

    A tirzepatida é um medicamento injetável que atua como agonista duplo: dos receptores de GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1) e de GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose). Em termos simples, ela ajuda a controlar o açúcar no sangue, reduzir o apetite e promover perda de peso.

    O que é apneia obstrutiva do sono (AOS)?

    A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por pausas repetidas ou reduções do fluxo de oxigênio durante o sono, causadas por uma obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores.

    Essas interrupções provocam quedas na oxigenação do sangue, despertares frequentes, sono fragmentado, sonolência diurna e aumento do risco de pressão alta, doenças cardiovasculares, derrame e outras complicações. Um dos principais fatores de risco é a obesidade, já que o acúmulo de gordura na região do pescoço e das vias aéreas pode agravar a obstrução.

    Por que a tirzepatida agora é utilizada para apneia obstrutiva do sono?

    Pesquisas recentes demonstraram que a tirzepatida reduz significativamente os episódios de apneia durante o sono em pessoas com obesidade e apneia moderada a grave. Nos estudos clínicos, os participantes que usaram o medicamento tiveram menos pausas respiratórias por hora do que aqueles que receberam placebo.

    Além disso, os pacientes tratados apresentaram melhora na perda de peso, melhor oxigenação durante o sono, redução da pressão arterial e melhora da qualidade de vida, com relatos de noites mais tranquilas e menos cansaço durante o dia.

    Aprovações regulatórias

    Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou a tirzepatida em 20 de dezembro de 2024 para o tratamento de adultos com apneia obstrutiva do sono moderada a grave associada à obesidade, em conjunto com dieta de baixa caloria e aumento da atividade física.

    No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também aprovou a nova indicação do Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da apneia do sono em adultos com obesidade.

    Até então, o tratamento era baseado principalmente em medidas mecânicas, como o uso do CPAP, ou cirúrgicas. A introdução de uma terapia medicamentosa representa um avanço importante na abordagem integrada da doença.

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    Benefícios e cuidados

    Quem pode se beneficiar

    • Adultos com apneia obstrutiva do sono moderada a grave e obesidade (IMC elevado) ou sobrepeso com comorbidades;
    • Pessoas com dificuldade em usar ou tolerar o CPAP, ou que desejam uma estratégia combinada de perda de peso e melhora respiratória.

    Quem deve ter cuidado

    • A eficácia depende de adesão à dieta e atividade física, que fazem parte da recomendação oficial;
    • Podem ocorrer efeitos adversos gastrointestinais, como náuseas, vômitos, diarreia ou constipação;
    • Pessoas sem obesidade ou cuja apneia tenha causas anatômicas podem não ter o mesmo benefício;
    • É necessária avaliação médica especializada em sono, obesidade e endocrinologia.

    O que muda no tratamento da apneia obstrutiva do sono com essa nova opção

    • Surge a primeira alternativa medicamentosa aprovada para apneia associada à obesidade, além dos aparelhos tradicionais como o CPAP;
    • Permite uma abordagem mais abrangente, tratando simultaneamente obesidade e apneia, com impacto positivo na saúde cardiovascular e metabólica;
    • Reflete a importância do acompanhamento multidisciplinar — com especialistas em pneumologia, sono, endocrinologia e nutrição;
    • Não substitui totalmente o CPAP, mas pode atuar de forma complementar ou alternativa em casos selecionados.

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    Perguntas frequentes sobre tirzepatida e apneia obstrutiva do sono

    1. Tirzepatida já está disponível para apneia no Brasil?

    Sim. A Anvisa aprovou a indicação de Mounjaro (tirzepatida) para apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade.

    2. Significa que posso parar de usar CPAP se começar tirzepatida?

    Não necessariamente. O CPAP continua sendo o tratamento padrão para muitos casos. A tirzepatida pode ser usada de forma complementar ou alternativa, com supervisão médica.

    3. Como a tirzepatida melhora a apneia do sono?

    Principalmente por induzir perda de peso e reduzir o acúmulo de gordura corporal, que é um dos principais fatores da apneia obstrutiva do sono.

    4. Quais são os efeitos colaterais mais comuns?

    Os mais frequentes são náuseas, vômitos, diarreia e constipação. É essencial usar o medicamento com prescrição e acompanhamento médico.

    5. Todos os pacientes com apneia obstrutiva do sono podem usar tirzepatida?

    Não. A indicação é para adultos com obesidade e apneia moderada a grave. Pacientes com apneia leve, sem obesidade ou com causas anatômicas específicas devem discutir o caso com um especialista.

    6. A tirzepatida cura a apneia obstrutiva do sono?

    Não cura de forma definitiva, mas pode reduzir significativamente os eventos de apneia-hipopneia. A condição ainda precisa de acompanhamento e controle dos fatores de risco.

    7. Preciso perder peso para que o medicamento funcione?

    Sim. A perda de peso faz parte do mecanismo de ação da tirzepatida e foi uma das condições de aprovação. O tratamento deve ser associado a dieta balanceada e atividade física regular.

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  • Apneia do sono: quando o ronco é sinal de algo mais sério

    Apneia do sono: quando o ronco é sinal de algo mais sério

    Roncar alto pode parecer apenas um incômodo para quem dorme ao lado, mas, em muitos casos, é sinal de um problema que vai muito além do barulho. A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio que interrompe a respiração diversas vezes durante a noite, fragmentando o descanso e sobrecarregando o coração e o cérebro.

    Embora comum, a apneia ainda é pouco diagnosticada. Identificar os sintomas, buscar avaliação médica e iniciar o tratamento correto podem reduzir o risco de doenças graves e melhorar radicalmente a qualidade de vida.

    O que é a apneia obstrutiva do sono

    A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por pausas repetidas na respiração durante o sono, causadas pelo estreitamento ou colapso das vias aéreas superiores.

    • Apneias (completas): o fluxo de ar cessa totalmente;
    • Hipopneias (parciais): o fluxo de ar reduz significativamente.

    Com a queda do oxigênio, o cérebro provoca microdespertares para retomar a respiração, resultando em sono fragmentado e não reparador.

    Principais sintomas

    • Ronco alto e frequente (geralmente notado pelo parceiro);
    • Pausas respiratórias observadas durante o sono;
    • Sonolência excessiva diurna, mesmo após “dormir muitas horas”;
    • Fadiga, cefaleia matinal, irritabilidade e dificuldade de concentração;
    • Engasgos noturnos, despertar com falta de ar, boca seca e/ou nictúria (urinar à noite).

    Por que a apneia é preocupante

    A apneia não causa apenas cansaço: ela está associada a desfechos clínicos relevantes, como:

    • Doenças cardiovasculares: hipertensão, arritmias, insuficiência cardíaca, infarto;
    • Acidente vascular cerebral (AVC);
    • Diabetes e síndrome metabólica;
    • Alterações de humor, memória e atenção;
    • Maior risco de acidentes (especialmente ao volante) por sonolência.

    Fatores de risco

    Fatores anatômicos (estruturais)

    • Retrognatia/micrognatia (queixo pequeno ou recuado);
    • Hipertrofia de amígdalas ou adenóides;
    • Língua volumosa, palato mole alongado;
    • Pescoço grosso/excesso de tecidos na orofaringe.

    Outros fatores

    • Obesidade (principal causa modificável);
    • Idade > 50 anos, sobretudo em homens;
    • Dormir em decúbito dorsal (barriga para cima);
    • Uso de álcool, cigarro e sedativos;
    • Gravidez.

    Doenças associadas

    • Hipotireoidismo, acromegalia;
    • Diabetes;
    • Síndrome de Down, síndrome de Prader–Willi;
    • Insuficiência cardíaca, fibrilação atrial;
    • História de AVC.

    Frequência na população

    Estima-se que cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo tenham algum grau de apneia obstrutiva do sono. A prevalência é maior em homens e aumenta com a idade e com o ganho de peso.

    Diagnóstico

    Etapas da avaliação

    • Histórico e sintomas: ronco, pausas respiratórias, sonolência, fadiga;
    • Exame físico: IMC, circunferência do pescoço, anatomia de face/garganta;
    • STOP-BANG: questionário de triagem que estima risco de AOS.

    Exames confirmatórios

    • Polissonografia em laboratório: padrão-ouro (respiração, oxigenação, batimentos, movimentos);
    • Teste domiciliar do sono: opção com equipamento portátil em casos selecionados.

    A gravidade é definida pelo Índice de Apneia-Hipopneia (IAH) (eventos/hora): leve 5–15; moderada 15–30; grave > 30.

    Tratamento da apneia obstrutiva do sono

    Objetiva melhorar a qualidade do sono e reduzir riscos cardiovasculares e metabólicos.

    Mudanças no estilo de vida

    • Perda de peso (quando indicado);
    • Dormir de lado (terapia posicional);
    • Evitar álcool, tabaco e sedativos;
    • Higiene do sono: horários regulares, ambiente escuro e silencioso.

    Terapias principais

    • CPAP: pressão positiva contínua por máscara; tratamento mais eficaz para casos moderados/graves;
    • Aparelhos orais de avanço mandibular: úteis em casos leves a moderados e em intolerância ao CPAP;
    • Fonoterapia/terapia miofuncional orofacial: exercícios para musculatura da via aérea;
    • Cirurgias (casos selecionados): correção de alterações anatômicas (ex.: amigdalectomia, avanço maxilomandibular) ou neuroestimulador do nervo hipoglosso.

    Por que tratar é importante

    • Reduz risco de infarto e AVC;
    • Diminui acidentes por sonolência e melhora desempenho;
    • Atenua déficits cognitivos, depressão e irritabilidade;
    • Auxilia no controle da pressão arterial e da resistência à insulina;
    • Melhora a qualidade de vida, energia e disposição.

    Leia também: Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa

    Perguntas frequentes sobre apneia obstrutiva do sono

    1. Roncar sempre significa ter apneia?

    Não. O ronco pode ser apenas ruído respiratório. Porém, se houver pausas na respiração ou sonolência excessiva, é essencial investigar.

    2. A apneia é perigosa?

    Sim. Está associada a doenças cardiovasculares, AVC e a maior risco de acidentes.

    3. Existe cura para a apneia?

    Casos leves podem melhorar com perda de peso e medidas comportamentais. Nos moderados/graves, CPAP e outras terapias controlam a doença de forma eficaz.

    4. CPAP é desconfortável?

    Há estranhamento inicial, mas com ajuste de máscara e acomodação gradual, a maioria se adapta bem.

    5. Crianças também podem ter apneia?

    Sim. Em pediatria, a causa mais comum é a hipertrofia de amígdalas/adenóides; o tratamento precoce previne impactos no crescimento e aprendizado.

    6. Quando devo procurar um especialista?

    Se você ronca alto, tem sono diurno excessivo ou alguém notou pausas respiratórias durante seu sono, procure um otorrinolaringologista ou médico de medicina do sono.

    Confira: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde