Categoria: Saúde Mental & Emocional

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  • O que é ansiedade e por que ela está aumentando

    O que é ansiedade e por que ela está aumentando

    Sentir ansiedade de vez em quando é normal, afinal, aquele frio na barriga antes de uma apresentação importante ou a preocupação com um problema do dia a dia fazem parte da vida. Mas quando esse sentimento vira uma constante, começa a atrapalhar o sono, a rotina e até a saúde, é hora de entender se tem alguma coisa errada e se pode ser algum transtorno de ansiedade.

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos de ansiedade afetam mais de 300 milhões de pessoas no mundo. E os números não param de crescer.

    O que é ansiedade, afinal?

    A ansiedade é uma reação natural do corpo a situações de estresse, incerteza ou perigo. Ela prepara o organismo para enfrentar ou fugir de uma ameaça, como é chamado o modo “luta ou fuga”. Isso envolve alterações no corpo, como aceleração dos batimentos do coração, respiração rápida, tensão nos músculos e aumento da atenção.

    Quando essa resposta acontece com frequência, de forma intensa e sem um motivo claro, ela deixa de ser útil e passa a ser ruim. Aí, estamos falando de um transtorno de ansiedade.

    “A ansiedade patológica é um estado de alerta que não desliga, dura ao menos duas semanas, atrapalha trabalho, estudos e relações, e costuma vir com sintomas como falta de ar, palpitações, tensão muscular”, explica o psiquiatra Luiz Dieckmann. “Já a ansiedade normal some quando o problema real passa”, conta.

    Tipos de transtornos de ansiedade

    Existem vários tipos de transtornos de ansiedade reconhecidos pela medicina. Cada um tem características próprias, mas todos têm em comum o medo ou a preocupação excessiva, que interferem na qualidade de vida da pessoa. Conheça os mais comuns.

    Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)

    O transtorno de ansiedade generalizada é caracterizado por uma preocupação constante e desproporcional com várias situações do cotidiano, mesmo quando não existe um motivo concreto para isso. A pessoa vive em estado de alerta, esperando que algo ruim aconteça.

    Síndrome do pânico

    Esse transtorno envolve crises súbitas e intensas de medo, chamadas também de ataques de pânico. Os sintomas costumam ser falta de ar, dor no peito, sensação de desmaio e medo de morrer. Muitas vezes, quem sofre de síndrome do pânico evita lugares ou situações por medo de ter uma nova crise.

    Fobias específicas

    Fobias são medos intensos e irracionais de objetos, animais ou situações. Pode ser medo de altura, de avião, de injeção ou de lugares fechados, mas sem uma real ameaça. Quando esse medo é tão forte que impede a pessoa de levar uma vida normal, ele é considerado um transtorno de ansiedade.

    As fobias mais comuns são:

    • Altura (acrofobia);
    • Voar;
    • Dirigir;
    • Injeções;
    • Lugares fechados;
    • Cães;
    • Aranhas.

    “Elas aparecem pela combinação de herança genética e experiências ruins. Viram transtorno de ansiedade quando a pessoa evita situações essenciais, por exemplo deixar de trabalhar por medo de elevador”, detalha o psiquiatra.

    Porém, em alguns casos, a pessoa pode ter apenas uma fobia e não ser considerada ansiosa. “Existe fobia específica isolada. Quem só teme avião, mas vive bem fora desse contexto, não recebe diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada”, conta Dieckmann.

    Por que a ansiedade está aumentando no mundo

    Não é apenas impressão, a ansiedade está mesmo em alta. Análises da OMS e da Associação Americana de Psiquiatria mostram que os transtornos ansiosos aumentaram nas últimas décadas, e há vários motivos para isso.

    Fatores sociais e tecnológicos

    Hoje, a maioria das pessoas vive conectada o tempo todo, bombardeada por informações, notícias ruins e cobranças de produtividade. As redes sociais também são ruins para a saúde mental: a comparação constante com a vida alheia pode alimentar sentimentos de inadequação e estresse.

    “Conexão constante a telas, pressão por responder mensagens fora do expediente, sono curto e poucas atividades de lazer de verdade somam forças para o crescimento da ansiedade”, explica o médico.

    Impacto da pandemia

    Quando a covid-19 virou o mundo de cabeça para baixo, além do medo do vírus, milhões de pessoas enfrentaram luto, desemprego, isolamento social e incertezas. Isso foi uma combinação perfeita para desencadear ou piorar quadros de ansiedade.

    Segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), ligada à OMS, os atendimentos por transtornos mentais cresceram bastante durante e depois da pandemia.

    Pressões da vida moderna

    A pressão por sucesso, a sobrecarga de trabalho, a falta de tempo para lazer e descanso e o ritmo acelerado da vida moderna também são responsáveis pelo aumento da ansiedade. Em muitos casos, as pessoas não têm tempo nem para perceber que estão esgotadas.

    Sintomas físicos e psicológicos da ansiedade

    A ansiedade pode se manifestar de várias formas, e nem sempre de maneira óbvia. Veja alguns dos sintomas mais comuns:

    Sintomas físicos da ansiedade

    • Coração acelerado;
    • Falta de ar;
    • Suor em excesso;
    • Tensão nos músculos;
    • Dor no peito ou no estômago;
    • Boca seca;
    • Tontura ou sensação de desmaio;
    • Problemas para dormir.

    Sintomas emocionais e comportamentais da ansiedade

    • Medo constante de que algo ruim aconteça;
    • Irritação;
    • Pensamentos acelerados;
    • Dificuldade de concentração;
    • Sensação de que vai “perder o controle”;
    • Fuga de situações sociais ou mais difíceis.

    “Muitos sentem o pacote completo (preocupação, insônia, tensão), mas outros mostram só queixas físicas, como dor de estômago crônica sem motivo clínico detectável”, explica Dieckmann.

    Crise de ansiedade: o que é e o que fazer

    Uma crise de ansiedade pode surgir de repente, mesmo sem um motivo claro. O coração dispara, a respiração fica curta, pode faltar o ar, as mãos suam, e a sensação é de que algo muito ruim está para acontecer. Muita gente confunde esse momento com um infarto, de tão intensa que a reação do corpo pode ser.

    Essa é uma resposta exagerada do organismo a uma situação de estresse, medo ou preocupação. É como se o cérebro apertasse um alarme de emergência, mesmo quando não há um perigo real.

    “Taquicardia, dor no peito e sudorese podem, de fato, imitar infarto. Como o leigo não diferencia, a regra é procurar pronto-socorro se a dor for forte ou se houver histórico cardíaco”, aconselha o psiquiatra.

    O bom é que existem formas de controlar uma crise de ansiedade. Aprender a respirar profundamente, focar no momento presente e repetir frases de tranquilização mentalmente, como “isso vai passar” e “estou seguro”, podem ajudar durante a crise. Técnicas de respiração lenta e consciente costumam ser muito eficazes.

    Quando buscar ajuda médica

    Sentir ansiedade de vez em quando é normal. Mas se ela interfere nas suas atividades, relações ou qualidade de vida, é bem importante procurar ajuda. O tratamento para ansiedade pode envolver psicoterapia, remédios, mudanças no estilo de vida ou uma combinação dessas abordagens.

    Alguns sinais de alerta para procurar um médico são:

    • Ansiedade frequente sem motivo claro;
    • Crises intensas com sintomas físicos;
    • Dificuldade para dormir por causa da preocupação;
    • Evitar compromissos por medo ou vergonha;
    • Sentimento de que não consegue controlar o que sente;
    • Ter crises de ansiedade frequentes.

    “Se os sintomas durarem mais de duas semanas ou limitarem vida social, vale marcar consulta. Clínico geral e psicólogo podem ser a porta de entrada, mas o psiquiatra faz diagnóstico preciso e decide se há necessidade de remédio”, explica o psiquiatra.

    Perguntas frequentes sobre ansiedade

    1. Ansiedade tem cura?

    A ansiedade pode ser controlada com tratamento certo. Em muitos casos, os sintomas desaparecem por completo com acompanhamento médico e psicoterapia.

    2. Crianças e adolescentes também podem ter transtornos de ansiedade

    Sim, a ansiedade pode aparecer em qualquer idade. Em crianças, pode aparecer como medo constante, muita timidez ou recusa de frequentar a escola.

    3. Atividade física ajuda na ansiedade?

    Sim. Os exercícios físicos liberam substâncias que melhoram o humor, como a serotonina, e ajudam a diminuir o estresse e a tensão muscular.

    4. Medicamentos são sempre necessários?

    Não. Muitas pessoas conseguem ficar bem apenas fazendo psicoterapia. Em casos mais intensos, o uso de remédios pode ser indicado por um psiquiatra.

    5. Dormir mal pode piorar a ansiedade?

    Sim. Dormir pouco ou mal aumenta a irritação e diminui a capacidade do cérebro de lidar com o estresse.

  • Síndrome do pânico: saiba o que é e como tratar

    Síndrome do pânico: saiba o que é e como tratar

    Palpitações, tontura, suor frio, sensação de morte iminente. Para quem já viveu uma crise de pânico, esses sintomas não são exagero. Mas o que acontece no cérebro durante esse episódio intenso? E por que ele reage com tanta força mesmo quando não há perigo real?

    O psiquiatra Luiz Antonio Vesco Gaiotto, referência em transtornos de ansiedade e autor das diretrizes brasileiras sobre o tema, explica como o cérebro dispara alarmes falsos e quais caminhos a ciência oferece para o controle das crises.

    Diferença entre medo, ansiedade e pânico

    Antes de tudo, é importante entender a diferença entre essas três reações.

    “O medo é uma reação instintiva e saudável diante de um perigo real e imediato. A ansiedade é um estado de alerta útil para lidar com desafios. Já o ataque de pânico é uma reação súbita, intensa e desproporcional, sem ameaça real presente”, esclarece o médico.

    Quando as crises se tornam frequentes e causam medo constante de novos episódios, pode-se falar em transtorno de pânico, ou síndrome do pânico, como a condição é popularmente conhecida.

    Como o cérebro dispara alarmes falsos

    Na síndrome do pânico, o cérebro se comporta como um alarme exageradamente sensível. Estímulos inofensivos, como uma leve aceleração dos batimentos cardíacos, ambientes fechados ou uma respiração mais curta podem ser interpretados como ameaças graves.

    “É como se o cérebro ligasse o modo emergência sem necessidade, gerando reações intensas e desproporcionais”, explica Luiz Antonio.

    Fatores de risco para síndrome do pânico

    A chance de ter síndrome do pânico vem, muitas vezes, da genética.

    “Cerca de 40% da vulnerabilidade ao transtorno do pânico é de origem genética, especialmente em genes ligados à serotonina e noradrenalina. Um temperamento mais ansioso desde a infância também pode predispor ao transtorno”, explica Luiz Antonio.

    Estudos recentes mostraram que pessoas com transtorno do pânico apresentam maior sensibilidade ao gás carbônico, o que explica crises que acontecem por alterações na respiração. Elas também podem ter alterações em substâncias do cérebro que faz com que tenham mais dificuldade na regulação das emoções.

    Tratamentos para síndrome do pânico

    O tratamento do transtorno de pânico envolve várias especialidades médicas e deve ser tratado caso a caso. As formas mais comuns de tratar são:

    Psicoterapia

    Com destaque para a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a pessoa a identificar e modificar pensamentos distorcidos e padrões de comportamento.

    Remédios

    Especialmente antidepressivos como os ISRS (inibidores seletivos da recaptação de serotonina), IRSN (inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina) e, em alguns casos, antidepressivos tricíclicos. A classe de remédios benzodiazepínicos também pode ser usada em curto prazo com indicação e supervisão médica.

    Educação sobre o transtorno do pânico

    Muito importante para que a pessoa entenda o que está acontecendo durante uma crise de pânico. Isso reduz o medo e melhora a adesão ao tratamento.

    Dicas práticas para crises de pânico

    Além das abordagens clínicas, algumas outras mudanças de vida podem reduzir os gatilhos:

    • Evitar excesso de cafeína, bebidas alcoólicas e cigarro (nicotina);
    • Reduzir o estresse;
    • Dormir bem;
    • Fazer atividade física regularmente;
    • Reconhecer que os sintomas, embora intensos, não representam um risco real.

    Perguntas frequentes sobre síndrome do pânico

    1. O que é uma crise de pânico?

    É uma reação súbita e intensa do organismo que simula uma emergência, com sintomas físicos como taquicardia, suor, tontura e sensação de morte iminente, mesmo sem ameaça real.

    2. Crise de pânico é o mesmo que ansiedade?

    Não. A ansiedade é uma resposta a situações estressantes, enquanto a crise de pânico é uma reação extrema e desproporcional, muitas vezes sem gatilho claro.

    3. Como saber se tive um ataque de pânico?

    Se você teve sintomas físicos intensos e repentinos, acompanhados de medo intenso, e não havia um perigo real, é possível que tenha sido uma crise de pânico.

    4. O transtorno do pânico tem cura?

    Com o tratamento certo, como psicoterapia, remédios indicados pelo médico e mudança de hábitos, dá para controlar os sintomas e ter mais qualidade de vida.

    5. Quem tem transtorno do pânico precisa tomar remédio para sempre?

    Nem sempre. O uso de medicação varia conforme o caso e deve ser avaliado pelo médico. Em muitos casos, pode ser temporário.

    6. Estímulos como cafeína e redes sociais podem piorar as crises?

    Sim. Estímulos excessivos, privação de sono e hábitos como o consumo de cafeína podem agravar os sintomas e aumentar a frequência das crises.

    7. Onde buscar ajuda se eu tiver crises de pânico?

    O ideal é procurar um psiquiatra ou psicólogo com experiência em transtornos de ansiedade. Em caso de urgência, um pronto atendimento pode acolher e orientar os primeiros cuidados.

  • TDAH: o que é, como diferenciar e tratar 

    TDAH: o que é, como diferenciar e tratar 

    No mundo acelerado em que vivemos, é comum se sentir distraído, esquecer compromissos ou ter dificuldade para manter o foco. Mas quando isso passa do limite e começa a atrapalhar a vida pessoal, profissional ou emocional, pode ser sinal de algo mais sério: o TDAH, ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.

    Segundo a neurologista Paula Dieckmann, distração e procrastinação são comportamentos comuns, especialmente em contextos com excesso de estímulos. “No TDAH, no entanto, esses sintomas são intensos, frequentes, começam na infância e causam prejuízos reais na vida da pessoa”, explica.

    O que é TDAH? Principais sintomas e características

    O TDAH é um transtorno neurobiológico que afeta funções cerebrais relacionadas à atenção, ao controle da impulsividade, ao planejamento e à regulação emocional. Estima-se que o TDAH afete entre 5% e 8% da população mundial, segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).

    Ele pode se manifestar de três formas:

    • Desatenção;
    • Hiperatividade;
    • Impulsividade.

    Os principais sintomas de TDAH, segundo a médica, são:

    • Desatenção: dificuldade de manter o foco, cometer erros por descuido, perder objetos, esquecer compromissos;
    • Hiperatividade: inquietação motora, sensação de “motor ligado”, falar demais;
    • Impulsividade: interromper conversas, agir sem pensar, dificuldade de esperar.

    “Esses sintomas precisam durar pelo menos seis meses, ocorrer em diferentes contextos — como escola, trabalho e casa — e causar prejuízo significativo”.

    Como diferenciar TDAH da distração normal

    Nem toda distração é sinal de TDAH. A diferença está na intensidade, na frequência e no impacto na vida da pessoa.

    “Uma pessoa com TDAH enfrenta uma dificuldade real e persistente de autorregulação, o que afeta o desempenho escolar ou profissional, a autoestima e os relacionamentos”, afirma Paula.

    O transtorno começa na infância, mesmo que o diagnóstico de TDAH só venha mais tarde — como na adolescência ou na vida adulta.

    Diagnóstico de TDAH: processo e profissionais indicados

    O diagnóstico do TDAH é clínico e deve ser feito por profissionais capacitados, como neurologistas, psiquiatras ou psicólogos.

    “Não existe um exame de sangue ou uma ressonância que confirme o TDAH. A avaliação precisa ser criteriosa, porque outras condições, como ansiedade, depressão ou problemas de sono, podem ter sintomas parecidos”, alerta a médica.

    A jornada para o diagnóstico de TDAH pode usar:

    • Entrevistas estruturadas;
    • Questionários validados (como ASRS, SNAP-IV, DIVA-5);
    • Histórico de vida;
    • Testes neuropsicológicos (quando necessários).

    “Sem uma avaliação adequada, a pessoa pode mascarar outros problemas, usar medicamentos de forma incorreta ou deixar de buscar o tratamento mais adequado”, explica.

    E mais: o diagnóstico correto pode trazer alívio. “A pessoa entende que não é preguiça, mas um funcionamento neurológico que pode ser tratado”, complementa a especialista.

    TDAH em adultos: sinais e peculiaridades

    O TDAH começa na infância, mas pode persistir na vida adulta em até 70% dos casos.

    “A hiperatividade visível da infância muitas vezes se transforma em inquietação interna ou dificuldade de relaxar. Muitos adultos só descobrem que têm o transtorno ao buscar ajuda para si ou ao acompanharem os filhos em um diagnóstico semelhante”, explica a Dra. Paula.

    Na vida adulta, o impacto pode aparecer de várias formas:

    • Dificuldade de concentração no trabalho;
    • Falta de organização;
    • Procrastinação constante;
    • Ansiedade, baixa autoestima e frustração.

    Tratamento de TDAH: abordagens e medicamentos

    O tratamento de TDAH envolve várias estratégias combinadas:

    • Psicoeducação: para entender o funcionamento do cérebro com TDAH;
    • Terapia cognitivo-comportamental: estratégias práticas para organização e regulação emocional;
    • Apoio escolar ou profissional: adaptações na rotina para facilitar o dia a dia;
    • Medicação: estimulantes (como metilfenidato e lisdexanfetamina) ou não-estimulantes (como atomoxetina) podem ser indicados pelo médico quando necessário.

    “A medicação não cura, mas reduz sintomas como desatenção e impulsividade, facilitando o uso das estratégias aprendidas”, esclarece a médica.

    Redes sociais pioram os sintomas de TDAH?

    Segundo a neurologista Paula Dieckmann, o uso constante de celular e redes sociais pode, sim, agravar os sintomas do TDAH. Isso porque reforça um padrão de busca por recompensas rápidas, com liberação de dopamina a cada nova curtida, notificação ou estímulo.

    “Isso não causa TDAH, mas pode agravar os sintomas e dificultar o diagnóstico. Parte do tratamento, inclusive, envolve mudanças no estilo de vida e reeducação digital”, explica a médica.

    Como buscar ajuda profissional para TDAH

    Se você desconfia que tem TDAH, o primeiro passo é procurar um profissional com experiência em transtornos do neurodesenvolvimento.

    “Em crianças, o pediatra pode fazer o encaminhamento. Evite se autodiagnosticar ou seguir receitas prontas da internet. Cada caso é único e merece avaliação cuidadosa”, recomenda a psiquiatra.

    E o recado final da médica: “Se a desatenção, a impulsividade ou a desorganização estão atrapalhando sua vida, autoestima ou relações, vale investigar. O diagnóstico pode ser o começo de uma virada. Buscar ajuda não é fraqueza — é coragem”.

    Perguntas frequentes sobre TDAH

    1. Como saber se tenho TDAH?

    Se os sintomas como distração, impulsividade ou desorganização são frequentes, intensos e atrapalham sua vida, vale procurar avaliação especializada.

    2. Qual a diferença entre TDAH e distração comum?

    A distração comum é ocasional. No TDAH, os sintomas são persistentes desde a infância e causam problemas no dia a dia.

    3. Quais são os sintomas de TDAH em adultos?

    Dificuldade de concentração, desorganização, atraso em tarefas, ansiedade, impulsividade e baixa autoestima são comuns.

    4. Como é feito o diagnóstico do TDAH?

    A partir de entrevistas, questionários e, às vezes, testes neuropsicológicos. Não existe um exame único para confirmar.

    5. O TDAH tem cura?

    Não, mas tem tratamento eficaz que ajuda a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

    6. Quais são os remédios usados para TDAH?

    Os mais comuns são estimulantes como metilfenidato e lisdexanfetamina, além de não-estimulantes como atomoxetina, mas sempre indicados por um médico.

    7. Celular e redes sociais pioram o TDAH?

    Sim, o uso excessivo reforça padrões de distração e pode piorar os sintomas.

  • Depressão adolescente: sinais e como ajudar com empatia

    Depressão adolescente: sinais e como ajudar com empatia

    A tristeza profunda que dura semanas, o isolamento repentino e o silêncio atrás de portas fechadas. Será que é só uma fase? A depressão na adolescência é real e está mais presente do que muitos adultos imaginam.

    Com o apoio da psiquiatra Graccielle Asevedo, hoje você vai entender os sinais de alerta, o papel das séries adolescentes nessa conversa e como os adultos podem ajudar de verdade.

    Por que a depressão na adolescência está aumentando?

    Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a saúde mental de adolescentes preocupa. O número de jovens com sintomas depressivos tem crescido, inclusive em idades cada vez mais jovens. Um estudo feito em Recife apontou que quase 60% dos adolescentes de 14 a 16 anos apresentavam sintomas importantes de depressão.

    Esse aumento pode estar ligado a fatores como:

    • Poucas horas de sono;
    • Muito tempo de exposição a telas e conteúdos violentos;
    • Falta de tempo ao ar livre ou de convivência com amigos;
    • Pressão, cobranças e traumas vividos na infância.

    Ou seja: a rotina de hoje tem deixado pouco espaço para o descanso emocional dos jovens.

    7 sinais de depressão em adolescentes que pais devem observar

    Nem sempre o adolescente vai dizer que está sofrendo, mas o corpo e o comportamento dão pistas. Fique atento a mudanças como:

    • Isolamento social;
    • Irritabilidade constante;
    • Queda no rendimento escolar;
    • Distúrbios no sono e apetite;
    • Queixas físicas frequentes sem causa definida;
    • Automutilação;
    • Postagens com tom ambíguo sobre morte ou suicídio.

    “Mesmo sinais discretos, se durarem mais de duas semanas, precisam ser levados a sério”, alerta a psiquiatra Graccielle Asevedo.

    Bullying e suas marcas invisíveis

    Bullying na adolescência não é só brincadeira de mau gosto. Os efeitos podem durar bastante tempo e envolver autoestima abalada, medo de socializar, ansiedade, depressão e, em casos mais graves, pensamentos suicidas.

    “Muitos adolescentes evitam ambientes sociais por medo de novas agressões. E o mais grave: quando esse sofrimento não é validado, pode durar por toda a vida adulta”, afirma Graccielle.

    O que as séries revelam (e escondem)

    As séries adolescentes têm abordado temas como bullying, depressão e suicídio com cada vez mais intensidade. Para Graccielle, isso pode ter dois efeitos:

    • Positivo, quando ajudam a dar nome ao sofrimento e incentivam o diálogo
    • Negativo, quando dão foco apenas a casos extremos, silenciando dores mais sutis.

    “As séries funcionam como espelhos. Tentam traduzir sentimentos que os próprios adolescentes muitas vezes não conseguem nomear”, explica a psiquiatra. “Quando bem construídas, as séries podem ser um canal poderoso de empatia e conscientização. Mas quando tratam o sofrimento apenas como recurso dramático, sem mostrar caminhos de apoio, podem reforçar a sensação de desamparo.”

    Por que os adolescentes trancam as portas?

    Bilhetes, músicas e portas trancadas são, muitas vezes, sinais silenciosos de que algo não vai bem. “Esses ‘sinais cifrados’ são tentativas reais de se fazer entender sem se expor totalmente. São como testes silenciosos: ‘Se alguém perceber, talvez valha a pena falar’”, diz Graccielle.

    Trancar a porta pode significar “quero ficar sozinho”, mas também pode ser um “me veja, sem me invadir”. O papel dos adultos é escutar com presença, sem julgamento.

    Como ajudar um adolescente com depressão

    Nem sempre os adolescentes pedem ajuda de forma direta. Mas perceber que há alguém disponível para escutar, e não apenas corrigir, já é um grande passo.

    “Olhos serão revirados. Portas serão batidas. Mas isso não significa que devam permanecer fechadas”, lembra Graccielle.

    A presença emocional de um adulto confiável é um dos maiores fatores de proteção contra a depressão na adolescência. Criar espaço para conversas simples, sem pressão, pode fazer diferença.

    Dica para os pais: use as séries como ponte

    Assistir junto as séries adolescentes pode ser uma chance de aproximação. “O mais importante não é apenas o que está na tela, mas como o adolescente reage àquilo”, diz. “Qual personagem ele defende? Qual cena ele revê em silêncio? Tudo isso são pistas emocionais”, sugere Graccielle.

    Perguntar com curiosidade sobre as reações do adolescente pode abrir portas importantes. “Trocar um ‘isso é exagero’ por ‘deve ser difícil enfrentar isso sozinho’ pode mudar tudo”, orienta a psiquiatra.

    O sofrimento do adolescente é real

    “A adolescência não é só uma fase de transição. É onde se constroem os alicerces da autoestima, da confiança, da sensação de pertencimento”, afirma Graccielle. Saber reconhecer os sinais é importante, mas mais ainda é ser uma presença acolhedora.

    “Porque um adolescente que encontra um adulto que o escuta, mesmo no caos, aprende algo fundamental: que não precisa atravessar tudo sozinho… que pode ser imperfeito, confuso, em construção — e ainda assim ser amado”, conclui.

    Tratamento para depressão adolescente

    Quando um adolescente está enfrentando a depressão, é muito importante que ele receba apoio e tratamento adequado. O primeiro passo é que os pais ou responsáveis o levem para uma avaliação com um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra especializado em adolescentes.

    Esses profissionais estão preparados para entender o que o jovem está sentindo e, se for necessário, recomendarão o tratamento mais adequado, que pode incluir psicoterapia, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, o uso de medicação.

    Se o médico recomendar o uso de remédios, é importante que a família acompanhe com atenção e confiança, respeitando as orientações e evitando interromper o tratamento por conta própria. Tudo deve ser feito com diálogo, paciência e muito cuidado, sempre ouvindo o adolescente e incluindo-o nas decisões.

    Acolher com carinho, levar a sério o que o jovem está vivendo e buscar ajuda profissional sem demora são medidas muito importantes para que ele possa se recuperar e reencontrar o equilíbrio emocional.

    Prevenção do suicídio adolescente: como fortalecer os vínculos

    O suicídio é hoje a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil, segundo a SBP, e os sinais de alerta podem aparecer ainda mais cedo, entre os 10 e 14 anos. Por isso, falar sobre o tema com cuidado, mas sem tabu, é uma forma importante de proteger o adolescente.

    Os principais fatores de risco para suicídio adolescente estão:

    • Depressão e ansiedade não diagnosticadas ou não tratadas;
    • Uso de álcool e drogas;
    • Histórico de abuso sexual ou violência doméstica;
    • Pais ausentes emocionalmente ou com baixa escuta ativa;
    • Bullying e exclusão social, principalmente no ambiente escolar;
    • Pressão por sucesso, aparência ou desempenho;
    • Falta de autoestima e de um projeto de vida com sentido;
    • Sensação de não pertencimento, como se não houvesse espaço para ser quem se é.

    Mas há também fatores de proteção que fazem uma enorme diferença. O mais importante, segundo a SBP, é o sentimento de esperança no futuro, algo que pode ser construído a partir de relações saudáveis e significativas.

    Vínculos afetivos fortes com pais, amigos e professores são uma das principais formas de proteção emocional. Quando o adolescente sente que pode contar com alguém, mesmo nos momentos difíceis, ele tende a enfrentar melhor os desafios.

    Por isso:

    • Esteja presente no dia a dia com escuta verdadeira e sem julgamentos;
    • Crie oportunidades de diálogo, mesmo que seja em momentos informais, como ver um filme juntos ou conversar no carro;
    • Ajude o adolescente a visualizar caminhos futuros com pequenas metas e projetos;
    • Fortaleça o vínculo com a escola e incentive as amizades saudáveis;
    • Evite frases como “isso é frescura”, “você não tem motivo para estar assim” ou apoios vagos, como “vai ficar tudo bem”. Prefira: “eu também já passei por algo parecido e te entendo. Vamos entender juntos o que está acontecendo”.

    A SBP também reforça que a prevenção começa na escuta e na convivência. Quando o adolescente tem espaço para se expressar e encontra adultos disponíveis emocionalmente, o risco de desenvolver pensamentos suicidas diminui.

    E, se surgir qualquer sinal de alerta, como falas frequentes sobre morte, tristeza persistente, isolamento ou mudanças bruscas de comportamento, busque apoio profissional imediatamente. Falar sobre isso pode salvar vidas.

    Falar é importante: o CVV está pronto para ouvir, sempre

    Quando a tristeza parece não passar ou as emoções ficam difíceis de entender, conversar com alguém pode fazer toda a diferença. E isso vale tanto para adolescentes quanto para quem cuida deles.

    O CVV (Centro de Valorização da Vida) é um canal gratuito, sigiloso e que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. Lá, voluntários preparados estão prontos para ouvir e dar orientações, sem julgamentos. Basta ligar 188 ou acessar o site cvv.org.br.

    E atenção: os pais também podem ligar, caso estejam preocupados com o filho e não saibam como agir. O CVV acolhe qualquer pessoa que precise conversar, seja para aliviar o sofrimento, seja para entender melhor como ajudar alguém que está passando por um momento difícil.

    Perguntas frequentes sobre depressão na adolescência

    1. É normal adolescentes se isolarem?

    Sim, até certo ponto. Mas o isolamento constante, quando vem acompanhado de tristeza, agressividade ou queda de rendimento, pode indicar depressão.

    2. Séries sobre saúde mental ajudam ou atrapalham?

    Depende. Algumas séries trazem reflexões importantes, outras exageram ou romantizam a dor. Assistir junto e conversar é a melhor forma de mediação.

    3. Como abordar o assunto depressão com meu filho sem parecer invasivo?

    Comece com perguntas abertas, sem julgamento. Mostrar disponibilidade sincera para escutar é mais importante do que acertar as palavras certas.

    4. Como saber se um adolescente está com depressão?

    Isolamento, queda no rendimento escolar, alterações no sono, irritabilidade e automutilação podem ser sinais. Busque ajuda médica se durarem mais de duas semanas.