Categoria: Saúde Mental & Emocional

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  • TDAH em adultos: 7 dicas para viver com mais foco

    TDAH em adultos: 7 dicas para viver com mais foco

    O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição que afeta a capacidade de concentração, organização e controle da impulsividade. Ele pode se manifestar desde a infância e seguir pela vida adulta, e isso impacta aspectos como estudos, carreira e relacionamentos.

    De acordo com a neurologista Paula Dieckmann, no adulto o TDAH pode se manifestar de forma diferente da infância: em vez da hiperatividade física, é comum ter dificuldades em se organizar, em manter o foco em tarefas prolongadas e em lembrar de compromissos.

    “Nos adultos, a hiperatividade pode ser mais sutil – como uma sensação de ansiedade, impaciência ou necessidade de estar sempre ocupado”, complementa a especialista.

    Mas, apesar dos desafios, com mudanças de hábitos e acompanhamento médico, é possível viver bem com TDAH e tornar o dia a dia mais leve e produtivo. Confira!

    Quais os sintomas de TDAH em adultos?

    Identificar o TDAH na vida adulta pode ser difícil, já que muitos sintomas se confundem com estresse, cansaço ou excesso de demandas da rotina. Segundo Paula, os sinais mais comuns incluem:

    • Facilidade em se distrair com estímulos ao redor;
    • Esquecimento frequente de tarefas, compromissos ou datas;
    • Dificuldade em concluir projetos iniciados;
    • Tendência a procrastinar, adiando tarefas importantes;
    • Tomar decisões sem pensar nas consequências (como compras por impulso ou comentários inadequados);
    • Dificuldade em esperar a sua vez em conversas ou filas;
    • Mudança repentina de planos ou atitudes sem planejamento;
    • Sensação interna de inquietude, como se “não conseguisse desligar”;
    • Necessidade constante de movimento, como balançar pernas, roer unhas ou mexer no cabelo;
    • Dificuldade em relaxar mesmo em momentos de descanso.

    Além disso, mudanças de humor podem ocorrer, como irritabilidade e ansiedade, especialmente quando a pessoa se sente sobrecarregada tentando manter a concentração.

    É importante destacar que cada indivíduo pode apresentar uma combinação diferente desses sintomas, em intensidades variadas. Ter apenas um ou outro sinal não significa necessariamente ter TDAH. O diagnóstico deve ser feito por psiquiatra ou neurologista, por meio de entrevistas clínicas, questionários e histórico pessoal. O mais importante é não se autodiagnosticar.

    TDAH em adultos: como manter o foco?

    Em pessoas que convivem com TDAH, o cérebro tende a buscar estímulos o tempo todo, o que torna complicado manter a atenção em atividades mais monótonas.

    Por isso, é necessário adaptação: além do acompanhamento médico, mudanças no estilo de vida e psicoterapia, o ideal é organizar o dia a dia com técnicas práticas que ajudam a treinar o foco e organizar a rotina.

    Técnica de pomodoro

    O método Pomodoro é simples: divida o tempo em blocos de foco total e pausas curtas. Tradicionalmente, são 25 minutos de concentração intensa seguidos de 5 minutos de descanso. Após quatro ciclos, faça uma pausa mais longa, de 15 a 30 minutos.

    A técnica ajuda porque o cérebro com TDAH costuma operar melhor em curtos períodos de atenção. Paula explica que funciona como um jogo contra o relógio, tornando as tarefas menos assustadoras e aumentando a motivação. Além disso, saber que haverá uma pausa logo em seguida acalma a ansiedade de “estar perdendo algo”.

    “Também é útil priorizar as tarefas do dia logo pela manhã, escolhendo 2 ou 3 mais importantes para fazer primeiro, antes que a mente se canse ou apareçam imprevistos”, sugere a especialista.

    Ambiente minimalista

    O excesso de estímulos visuais e digitais pode intensificar a dispersão em pessoas com TDAH, tornando ainda mais difícil manter o foco. Nesse sentido, organizar um ambiente de estudo ou trabalho mais minimalista e limpo faz toda a diferença nas atividades do cotidiano. Algumas dicas simples incluem:

    • Deixar apenas o que é necessário sobre a mesa;
    • Fechar abas e programas não relacionados à tarefa;
    • Silenciar notificações do celular;
    • Usar cores neutras e organização simples para reduzir distrações.

    Segundo Paula, quanto menos estímulos competindo pela atenção, mais fácil manter a mente alinhada à tarefa principal.

    Bloqueadores de sites e distrações

    Os bloqueadores de sites são ferramentas (aplicativos, extensões ou programas) criadas para ajudar a manter o foco, restringindo o acesso a páginas, apps ou conteúdos que tiram a atenção.

    Na prática, eles funcionam assim: você configura quais sites ou aplicativos quer bloquear (geralmente redes sociais, jogos online ou até plataformas de vídeo) e define por quanto tempo ficará sem acesso. Alguns bloqueadores permitem até criar janelas de produtividade, liberando o uso só em horários específicos.

    “Para quem tem dificuldade em controlar o impulso de, no meio do trabalho, abrir o Instagram ou notícias, esses apps são ótimos porque criam uma barreira extra. É como se você estivesse tornando o estímulo inacessível temporariamente”, explica Paula.

    Técnica dos fones de ouvido

    Se o ambiente é barulhento ou cheio de conversas paralelas, como pode ser comum em escritórios de trabalho, usar um bom fone (com música instrumental, barulhos da natureza ou ruído branco, por exemplo) pode ajudar a abafar os estímulos externos e facilitar a concentração.

    Para quem prefere silêncio absoluto, os tampões de ouvido também são uma alternativa eficaz. O importante é reduzir interferências para manter a linha de raciocínio.

    Tempo e local determinados para distrações

    Pode parecer contraditório, mas a neurologista Paula Dieckmann explica que reservar momentos específicos para se distrair ajuda o cérebro a não buscar estímulos na hora errada.

    Uma estratégia prática é negociar consigo mesmo: “Vou estudar por 1 hora e, depois, tiro 15 minutos para ver vídeos ou redes sociais.”

    “Ao ter essa promessa de recompensa, às vezes fica mais fácil segurar a onda durante a atividade. É uma negociação com o cérebro: ‘fique quieto agora, que depois eu te dou estímulos’. E cumprir essa recompensa depois reforça o acordo”, esclarece.

    Mindfulness

    O mindfulness, ou atenção plena, é uma prática que consiste em treinar a mente para estar totalmente presente no momento. Ele pode ser exercitado de várias formas: por meio de meditação, respiração consciente, caminhadas atentas ou até em atividades cotidianas, como comer ou tomar banho, prestando atenção nos detalhes da experiência.

    “Isso acalma a mente e melhora a capacidade de voltar a atenção para onde queremos quando ela desvia. Com o tempo e prática consistente, muitas pessoas com TDAH relatam ganhos em consciência do próprio pensamento”, conta Paula.

    Monotarefa

    A monotarefa é a prática de focar em uma atividade por vez, evitando alternar constantemente entre diferentes tarefas. No caso de pessoas com TDAH, ela é especialmente útil porque reduz a dispersão, evita a frustração e aumenta a produtividade. Algumas dicas incluem:

    • Finalize ou avance bastante uma tarefa antes de começar outra;
    • Agrupe atividades semelhantes no mesmo bloco de tempo;
    • Evite alternar constantemente entre e-mails, mensagens e projetos.

    De acordo com Paula, cada troca de contexto custa energia mental e aumenta a chance de erros ou procrastinação. A monotarefa ajuda a manter a clareza e a sensação de progresso.

    Confira: TDAH: o que é, como diferenciar e tratar

    TDAH: como equilibrar a vida pessoal e o trabalho?

    Para pessoas com TDAH, conciliar a vida profissional e pessoal pode ser ainda mais complexa devido a dificuldades como desatenção, impulsividade e hiperfoco. No entanto, com organização e estratégias adequadas, é possível alcançar maior equilíbrio entre as duas áreas. A neurologista Paula Dieckmann aponta:

    • Defina limites claros entre trabalho e descanso: estabeleça horário para encerrar o expediente e crie um ritual de transição, como fechar o laptop ou dar uma volta. Desligue notificações fora do horário;
    • Agende momentos pessoais: marque na agenda compromissos de lazer e família, tratando-os como reuniões importantes;
    • Aprenda a dizer “não” (ou “não agora”): evite aceitar mais tarefas do que consegue cumprir; negociar prazos ajuda a proteger seu tempo pessoal;
    • Use o hiperfoco com hora marcada: aproveite a produtividade intensa, mas coloque alarmes para não ultrapassar o limite do expediente;
    • No lazer, desligue do trabalho: evite checar e-mails e mensagens fora do horário. Se necessário, use aplicativos separados ou silenciados;
    • Invista em hobbies e atividade física: escolha atividades prazerosas, como esportes, música ou culinária, que ajudem a relaxar e recarregar;
    • Converse com a família sobre o TDAH: compartilhar sua realidade ajuda no apoio e na criação de soluções conjuntas, como momentos “sem telas”;
    • Pratique autocompaixão: equilíbrio não é perfeição, e haverá dias em que o trabalho exigirá mais e outros em que a vida pessoal será prioridade. O importante é manter constância e ajustes contínuos.

    Hábitos saudáveis numa rotina com TDAH

    Além das técnicas de organização e foco, adotar hábitos saudáveis é indispensável para controlar os sintomas do TDAH, como:

    • Alimentação balanceada: evite excesso de açúcar e cafeína, que podem intensificar a agitação. Prefira refeições ricas em proteínas e fibras;
    • Exercícios físicos: a atividade física libera neurotransmissores ligados ao bem-estar e melhora a capacidade de concentração;
    • Sono regular: dormir bem é fundamental para a memória e o foco, então o ideal é criar uma rotina de sono consistente;
    • Acompanhamento profissional: o tratamento do TDAH pode incluir psicoterapia e, em alguns casos, medicação prescrita por especialistas.

    Perguntas frequentes sobre TDAH em adultos

    1. Como é feito o diagnóstico de TDAH em adultos?

    Não existe exame de sangue ou de imagem que detecte o TDAH. O diagnóstico é clínico e feito por psiquiatras ou neurologistas, que realizam entrevistas detalhadas para entender os sintomas atuais e o histórico de vida.

    É importante avaliar se os sinais já estavam presentes na infância, além de descartar outras condições como depressão, ansiedade, distúrbios do sono ou problemas hormonais. Questionários específicos e relatos de familiares podem ajudar a complementar a avaliação.

    2. O TDAH pode aparecer apenas na vida adulta?

    Segundo a neurologista Paula Dieckmann, o TDAH geralmente começa na infância, mesmo que os sintomas sejam mais sutis e só se tornem evidentes na vida adulta.

    O que acontece muitas vezes é que a criança desenvolve estratégias de compensação ou tem ambientes que mascaram as dificuldades. Com as demandas mais complexas da vida adulta, como trabalho e estudos, responsabilidades, os sinais ficam mais evidentes.

    3. O TDAH tem cura?

    Não, o TDAH não tem cura, mas pode ser controlado com uma combinação de medicamentos, psicoterapia, mudanças de estilo de vida e técnicas de organização. O objetivo não é eliminar totalmente os sintomas, mas sim reduzir o impacto negativo deles e ensinar a pessoa a conviver com o transtorno de forma equilibrada e produtiva.

    4. A atividade física realmente ajuda quem tem TDAH?

    Sim! A prática de exercícios físicos é considerada uma das melhores aliadas no controle dos sintomas. Atividades como corrida, caminhada, natação ou dança liberam dopamina, noradrenalina e endorfina — os mesmos neurotransmissores que a medicação busca regular.

    O resultado é mais clareza mental, melhora do humor, redução da ansiedade e aumento da capacidade de concentração. Além disso, a prática regular ajuda a estruturar uma rotina mais estável.

    5. O sono influencia no TDAH?

    Bastante! O sono funciona como um “carregador de bateria” do cérebro. Em pessoas com TDAH, dormir mal piora consideravelmente a atenção, a impulsividade e o humor. A falta de sono de qualidade também pode gerar sensação de confusão mental, aumentar a irritabilidade e reduzir a memória de curto prazo.

    Por outro lado, noites bem dormidas (de 7 a 9 horas, em horários regulares) melhoram significativamente a capacidade de foco e de autocontrole.

    6. Mindfulness realmente funciona para TDAH?

    Sim. O mindfulness é uma prática de atenção plena que ajuda a perceber quando a mente se distrai e a trazê-la de volta ao presente.

    Técnicas simples de respiração, meditação guiada ou até mesmo atenção plena em atividades cotidianas (como comer ou tomar banho) podem treinar o cérebro a aumentar o controle sobre a atenção. No início pode parecer difícil, mas até 5 minutos por dia já fazem diferença no dia a dia.

    Leia mais: TDAH em adultos: saiba mais sobre os sintomas e como descobrir se você tem

  • Autismo em adultos: sinais que você pode não saber e quando buscar diagnóstico 

    Autismo em adultos: sinais que você pode não saber e quando buscar diagnóstico 

    O Transtorno do Espectro Autista (TEA) costuma ser associado à infância, mas ele não desaparece com o tempo. Muitas pessoas só identificam características autísticas na vida adulta, porque os sinais foram sutis ou confundidos com timidez, introversão ou “manias”.

    A neurologista Paula Dieckmann explica: “O autismo é uma condição do neurodesenvolvimento, o que significa que está presente desde a infância, mesmo que não tenha sido identificado nessa época”.

    Em outras palavras, o cérebro da pessoa autista funciona de forma característica desde cedo. Vamos entender!

    O autismo em adultos sem diagnóstico precoce

    Quando o diagnóstico não acontece na infância, geralmente é porque os sinais eram discretos. Muitos adultos aprenderam a “camuflar” comportamentos ou criar estratégias de compensação.

    Segundo Paula: “Podem ter desenvolvido roteiros de conversação, imitado comportamentos de pessoas sociáveis ou evitado eventos difíceis. O autismo estava presente, mas foi invisibilizado”.

    Isso traz sofrimento e sensação de “não pertencimento”. Alguns relatam desde cedo dificuldades em fazer amigos, incômodo exagerado com estímulos sensoriais, apego a rotinas ou interesses muito específicos.

    Leia também: ‘Acordava com a sensação de que não conseguia respirar’: o relato de quem convive com ansiedade

    Sinais de autismo em adultos

    Alguns sinais passam despercebidos porque se confundem com características de personalidade. Entre os mais comuns estão:

    • Dificuldade em entender ironias, sarcasmo e entrelinhas sociais;
    • Preferência por rotinas rígidas e ansiedade com mudanças;
    • Hiperfoco em interesses específicos, que podem parecer apenas hobbies intensos;
    • Cansaço após interações sociais;
    • Sensibilidade a luzes, sons ou texturas;
    • Dificuldade em manter conversas longas;
    • Sensação constante de “não pertencer”.

    “Essas manifestações podem não ser óbvias para os outros, mas são muito significativas para a própria pessoa”, reforça a médica.

    Autismo, introversão e timidez: como diferenciar

    Muitos acreditam ser apenas tímidos ou introvertidos, mas existem diferenças claras:

    • Introversão: preferência por menos estímulo social, mas entendimento das regras sociais.
    • Timidez: desejo de interagir, mas com ansiedade em iniciar contatos.
    • Autismo: diferenças qualitativas na socialização, dificuldades em decodificar sinais sociais, interesses restritos, padrões repetitivos e sensibilidades sensoriais.

    Paula exemplifica: “Um introvertido percebe que o outro está entediado, mas continua falando. Já um autista pode não perceber esse sinal. A pessoa tímida quer se enturmar, mas fica nervosa. O autista, muitas vezes, não sabe como se enturmar ou não vê sentido em certas convenções”.

    Veja mais: Crise de ansiedade: o que fazer e como controlar os sintomas

    Diagnóstico de autismo na vida adulta

    O diagnóstico em adultos é cada vez mais comum, muitas vezes após episódios de esgotamento ou pela percepção de um padrão de dificuldades ao longo da vida.

    O processo inclui entrevistas clínicas detalhadas, análise de histórico desde a infância, aplicação de questionários como o Autism Quotient (AQ) e o SRS-2, e, sempre que possível, a participação de familiares. O médico deve diferenciar o TEA de outras condições, como ansiedade, depressão ou TDAH.

    “Às vezes, testes neuropsicológicos aprofundados são solicitados, avaliando habilidades cognitivas e de comunicação. Mesmo na vida adulta, o diagnóstico traz autoconhecimento, reduz culpa e melhora a autoestima”, diz Paula.

    Tratamentos de autismo e terapias para adultos

    Não existe cura para o autismo, mas há apoios eficazes para promover autonomia e qualidade de vida. Entre eles:

    • Psicoterapia adaptada: especialmente Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), voltada para habilidades sociais e manejo da ansiedade.
    • Terapia ocupacional: ajuda na organização prática e na adaptação sensorial.
    • Grupos de habilidades sociais: para treinar conversas e interações.
    • Medicação: apenas para condições associadas, como depressão, ansiedade ou TDAH.
    • Psicoeducação: acesso a grupos de apoio e troca com autistas adultos.
    • Hábitos saudáveis: sono, alimentação equilibrada e atividade física regular.

    “A saúde física impacta diretamente a saúde mental. Dormir bem, se exercitar e manter alimentação equilibrada também beneficiam pessoas autistas”, reforça a médica.

    Perguntas e respostas sobre autismo em adultos

    1. O autismo pode surgir na vida adulta?

    Não. Ele está presente desde a infância, mas pode ser diagnosticado tardiamente.

    2. Quais os sinais mais comuns em adultos?

    Dificuldade em compreender sinais sociais sutis, preferência por rotinas, hiperfoco, fadiga após interações, sensibilidade sensorial e sensação de não pertencimento.

    3. Como diferenciar autismo de timidez ou introversão?

    Timidez e introversão envolvem preferência ou ansiedade, mas preservam o entendimento social. No autismo, há dificuldade em decodificar interações e presença de padrões repetitivos e sensibilidades.

    4. Como é feito o diagnóstico?

    Com entrevistas clínicas, questionários padronizados (AQ, SRS-2), análise de histórico desde a infância e diferenciação de outras condições.

    5. O diagnóstico tardio traz benefícios?

    Sim. Ele promove autoconhecimento, melhora autoestima, facilita acesso a terapias e adaptações no trabalho e amplia redes de apoio.

    6. Existe cura?

    Não. O autismo não tem cura, mas terapias e estratégias ajudam a melhorar autonomia e bem-estar.

    7. Medicamentos fazem parte do tratamento?

    Não há remédios específicos para o TEA, mas eles podem ser usados para tratar condições associadas, como depressão, ansiedade ou TDAH.

    Leia também: Psicoterapia: entenda quando é hora de começar

    Este conteúdo é informativo e não substitui avaliação médica. Para diagnóstico ou tratamento do TEA, procure acompanhamento especializado.

  • TDAH em adultos: saiba mais sobre os sintomas e como descobrir se você tem 

    TDAH em adultos: saiba mais sobre os sintomas e como descobrir se você tem 

    O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é geralmente lembrado como um diagnóstico da infância, mas o TDAH em adultos também é comum. Muitos convivem com sintomas sem saber, o que afeta trabalho, relacionamentos e qualidade de vida.

    A neurologista Paula Dieckmann explica: “Trata-se de um transtorno neurobiológico, que se inicia na infância e pode persistir na vida adulta”.

    A seguir, veja como o TDAH se manifesta em adultos, como é diagnosticado e quais tratamentos e estratégias ajudam a lidar com os sintomas.

    O que é o TDAH na vida adulta

    Nos adultos, o TDAH se apresenta de forma diferente da infância. Em vez de hiperatividade física, predomina uma inquietação interna, descrita como a sensação de “não conseguir desligar a mente”.

    Segundo Paula: “No adulto, o TDAH se manifesta principalmente por dificuldades persistentes de atenção, concentração e controle de impulsos. Muitas vezes a agitação é interna, mesmo sem movimentos físicos evidentes”.

    Isso interfere na organização pessoal, na capacidade de manter foco em tarefas prolongadas e na memória de compromissos.

    Principais sintomas de TDAH em adultos

    Os sintomas se agrupam em três eixos: desatenção, impulsividade e hiperatividade interna. Entre eles:

    • Desatenção: distração fácil, esquecimento frequente, dificuldade em concluir projetos, procrastinação.
    • Impulsividade: decisões precipitadas, compras por impulso, falar sem filtrar, mudanças de planos repentinas.
    • Hiperatividade interna: inquietude constante, balançar pernas, roer unhas, mexer no cabelo.

    “Mudanças de humor, irritabilidade ou ansiedade podem ocorrer quando a pessoa se sente sobrecarregada. É a persistência do conjunto de sinais, e não sintomas isolados, que caracteriza o transtorno”, reforça a neurologista.

    Veja também: Psicoterapia: entenda quando é hora de começar

    Como é feito o diagnóstico de TDAH em adultos

    O diagnóstico é clínico — não há exame de sangue ou imagem que confirme a condição. O processo envolve:

    • Entrevista clínica detalhada (sintomas atuais e histórico desde a infância).
    • Exclusão de outras condições (ansiedade, depressão, distúrbios de sono, alterações da tireoide).
    • Questionários padronizados para mapear frequência e intensidade dos sintomas.
    • Conversa com familiares ou pessoas próximas (com consentimento).

    “O diagnóstico é feito pela conversa e observação clínica, aplicando critérios formais e descartando outras doenças”, resume Paula.

    Impacto do TDAH no trabalho e nos relacionamentos

    No trabalho, o desempenho pode ser inconsistente: picos de alta produtividade em tarefas estimulantes seguidos de quedas de concentração em atividades repetitivas.

    Nos relacionamentos, a impulsividade pode gerar discussões, e a desatenção pode ser interpretada como falta de interesse. Pesquisas mostram maior taxa de conflitos conjugais e divórcios entre pessoas com TDAH, mas o tratamento adequado reduz esses impactos.

    Tratamento de TDAH: abordagem multidisciplinar

    O tratamento combina estratégias médicas e comportamentais. As principais incluem:

    • Medicação: estimulantes (metilfenidato, lisdexanfetamina) e não estimulantes (atomoxetina, antidepressivos específicos).
    • Terapia: especialmente Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ensina técnicas de organização, gestão de tempo e autoestima.
    • Educação e suporte: grupos de apoio e orientação familiar.
    • Estilo de vida saudável: sono adequado, exercícios físicos e alimentação equilibrada.

    “A escolha depende da intensidade dos sintomas, das atividades do paciente e até do acesso a tratamentos. Casos leves podem ser controlados apenas com terapia e mudanças de rotina. Já quadros mais intensos podem se beneficiar da combinação com medicação”, explica Paula.

    Hábitos e estratégias que ajudam no dia a dia

    Além do tratamento formal, rotinas práticas trazem ganhos significativos. Algumas recomendações:

    • Estabelecer rotina fixa (horários regulares para acordar, trabalhar, dormir).
    • Usar ferramentas de organização (agendas, aplicativos, lembretes).
    • Quebrar tarefas grandes em partes menores.
    • Reduzir distrações no ambiente de estudo ou trabalho.
    • Manter hábitos saudáveis: sono regular, exercícios, alimentação equilibrada.
    • Aplicar técnicas de gestão do tempo (ex.: método Pomodoro).

    No trabalho, vale conversar com colegas ou gestores de confiança para estabelecer prazos claros e lembretes. Em casa, dividir responsabilidades e pedir apoio em lembretes também pode ajudar.

    Leia também: Depressão não é frescura ou falta de fé: veja mitos sobre a doença

    Perguntas e respostas sobre TDAH em adultos

    1. O que é o TDAH em adultos?

    É um transtorno neurobiológico que afeta atenção, concentração e impulsividade, manifestando-se mais como inquietação mental do que hiperatividade física.

    2. Quais são os principais sintomas de TDAH em adultos?

    Incluem distração fácil, esquecimento, procrastinação, impulsividade e sensação constante de inquietude interna.

    3. Como é feito o diagnóstico de TDAH em adultos?

    É clínico, baseado em entrevistas, questionários e exclusão de outras condições. Deve ser feito por neurologista ou psiquiatra.

    4. O TDAH pode impactar trabalho e relacionamentos?

    Sim. No trabalho, pode gerar dificuldades com prazos e organização. Nos relacionamentos, pode causar conflitos por impulsividade ou distração.

    5. Quais são os principais tratamentos de TDAH em adultos?

    Medicação (quando indicada), terapia cognitivo-comportamental, suporte familiar e mudanças de estilo de vida.

    6. A medicação é sempre necessária?

    Não. Casos leves podem ser controlados com terapia e hábitos saudáveis. Casos intensos geralmente exigem medicação.

    7. Quais hábitos ajudam no dia a dia?

    Rotina estruturada, ferramentas de organização, divisão de tarefas, sono regular, exercícios físicos e técnicas de gestão do tempo.

    Leia também: TDAH: o que é, como diferenciar e tratar

    Este conteúdo é informativo e não substitui a avaliação médica. Se houver suspeita de TDAH, procure acompanhamento especializado.

  • Testes genéticos para remédios contra depressão: saiba o que são e como funcionam 

    Testes genéticos para remédios contra depressão: saiba o que são e como funcionam 

    Encontrar o antidepressivo adequado costuma ser um caminho de tentativas e erros. Para muitos pacientes, o processo exige semanas até que a resposta clínica seja avaliada — período em que podem surgir efeitos colaterais, ajustes de dose e, às vezes, troca do medicamento. Com o avanço da medicina de precisão, surgiram os testes genéticos para antidepressivos, que prometem encurtar esse percurso.

    Segundo o psiquiatra Luiz Dieckmann, a ideia é analisar previamente como o organismo do paciente metaboliza e responde a diferentes remédios. “Esses testes funcionam como um mapa: mostram não só como o corpo processa o medicamento, mas também dão pistas de como o cérebro pode reagir”.

    Testes genéticos para antidepressivos: farmacocinéticos e farmacodinâmicos

    A farmacogenética estuda a relação entre genes e resposta a medicamentos. Na psiquiatria, o foco recai especialmente sobre os antidepressivos, usados em depressão, transtornos de ansiedade e outros quadros.

    Nesse contexto, avaliam-se dois conjuntos de genes:

    • Genes farmacocinéticos (metabolismo do fármaco);
    • Genes farmacodinâmicos (alvos e efeito do fármaco no sistema nervoso).

    A maior parte dos testes disponíveis hoje enfatiza os farmacocinéticos, pois analisam como o fígado “quebra” e elimina as substâncias. Os mais estudados são:

    • CYP2D6 e CYP2C19: codificam enzimas hepáticas que metabolizam muitos antidepressivos.

    Pessoas com variantes que aceleram o metabolismo podem eliminar o remédio rápido demais, reduzindo o efeito. Já variantes que lentificam o metabolismo elevam o risco de acúmulo e efeitos colaterais.

    Há também os farmacodinâmicos, que não tratam da metabolização, mas da ação no sistema nervoso, por exemplo:

    • SLC6A4 (transportador de serotonina);
    • HTR2A (receptor de serotonina).

    Esses marcadores ajudam a explicar por que algumas pessoas respondem melhor a certos fármacos ou têm maior propensão a determinados efeitos.

    Diretrizes internacionais e evidências de testes genéticos para antidepressivos

    De acordo com diretrizes do Clinical Pharmacogenetics Implementation Consortium (CPIC), já há recomendações claras para o uso clínico de resultados relacionados a genes de metabolismo (farmacocinéticos). Já os farmacodinâmicos exigem cautela porque:

    • O metabolismo se relaciona diretamente às concentrações do fármaco no sangue (mensuráveis);
    • O efeito cerebral envolve múltiplos mecanismos, ambiente e interação de vários genes simultaneamente.

    Assim, os achados farmacodinâmicos devem ser interpretados de forma complementar e sempre no contexto clínico.

    Leia mais: Tratamento da depressão em 2025: o que tem de novo

    Como funcionam os testes na prática

    Os testes genéticos para antidepressivos basicamente funcionam da seguinte forma:

    • Coleta: geralmente por saliva com swab bucal (ou sangue, quando indicado);
    • Análise: o laboratório pesquisa variantes nos genes de interesse;
    • Laudo: classifica fármacos e orienta ajustes que o médico irá interpretar.

    Relatórios comerciais costumam agrupar medicamentos em categorias:

    • Uso normal: sem variantes relevantes;
    • Uso com cautela: possível baixa eficácia ou maior risco de efeitos, exigindo ajuste de dose/monitorização;
    • Uso não recomendado: alta chance de ineficácia ou toxicidade.

    Exemplo: se um paciente é metabolizador ultrarrápido para um antidepressivo, a probabilidade de benefício é baixa — o que permite ajustar a escolha logo no início e evitar tentativas infrutíferas.

    Conclusão do especialista: “Os testes não dão uma resposta definitiva, mas encurtam o caminho até um tratamento mais eficaz, com menos tentativas frustradas e menos efeitos indesejados”.

    Perguntas e respostas sobre testes genéticos para antidepressivos

    1. O que são testes genéticos para antidepressivos?

    Exames que avaliam variações no DNA para entender como o corpo metaboliza e responde aos medicamentos. Ajudam a personalizar o tratamento e podem acelerar a escolha do antidepressivo mais eficaz.

    2. Quais genes costumam ser avaliados?

    Principalmente CYP2D6 e CYP2C19 (metabolismo) e marcadores como SLC6A4 e HTR2A (ação no sistema nervoso).

    3. Qual a diferença entre farmacocinéticos e farmacodinâmicos?

    Farmacocinéticos: mostram como e quão rápido o organismo metaboliza o fármaco.
    Farmacodinâmicos: indicam como o cérebro e os neurotransmissores reagem ao medicamento.

    4. Esses testes já são recomendados em diretrizes?

    orientações consolidadas para genes de metabolismo. Para os farmacodinâmicos, o uso é mais cauteloso e complementar.

    5. Como é feito o exame?

    Coleta simples e pouco invasiva, geralmente por saliva com cotonete estéril (ou por sangue, quando necessário).

    6. Qual o principal benefício para o paciente?

    Reduzir tentativas e erros, evitar longos períodos sem resposta, minimizar efeitos colaterais e chegar mais rápido ao tratamento adequado.

    Leia mais: Depressão não é frescura ou falta de fé: veja mitos sobre a doença

  • Café: amigo do foco ou vilão da ansiedade? Descubra os efeitos no cérebro 

    Café: amigo do foco ou vilão da ansiedade? Descubra os efeitos no cérebro 

    Amado por uns e ignorado por outros, o café é uma das bebidas mais consumidas do mundo. Para muitos, é indispensável para começar o dia ou enfrentar a fadiga da tarde. Mas afinal: o café faz bem ou mal para a saúde mental? Dois especialistas ajudam a responder.

    A neurologista Paula Dieckmann explica que a cafeína atua bloqueando os receptores de adenosina — uma molécula que induz sono e relaxamento.

    “Quando a adenosina se liga aos seus receptores, você se sente relaxado e cansado. A cafeína, por sua vez, se encaixa nesses receptores, mas não os ativa — e ainda impede que a adenosina aja. Como resultado, há redução da sensação de fadiga, aumento do estado de alerta e maior disposição”, explica a médica.

    É por isso que, depois de um café, você pode se sentir mais focado, desperto e até de melhor humor.

    Leia também: ‘Acordava com a sensação de que não conseguia respirar’: o relato de quem convive com ansiedade

    Quando o café pode virar problema

    O psiquiatra Luiz Dieckmann lembra que o excesso pode trazer efeitos indesejados.

    “O consumo excessivo de café pode levar a efeitos adversos, que chamamos de cafeinismo: ansiedade, insônia e irritabilidade. E, com o uso contínuo, o cérebro pode acabar desenvolvendo tolerância, ou seja, você vai precisar de mais e mais cafeína para sentir o mesmo efeito de antes”, explica.

    Ou seja, se o café atrapalha o sono, aumenta a ansiedade ou causa irritação, pode ser hora de rever a quantidade consumida.

    Hoje, recomenda-se não ultrapassar 400 mg/dia de cafeína, que equivale a cerca de 3–5 xícaras de café filtrado.

    Café não é a única fonte de cafeína

    Quem resolve diminuir o café para evitar efeitos negativos deve ficar atento a outras fontes de cafeína.

    “Muita gente coloca toda a culpa no cafezinho, mas a cafeína está presente em mais de 60 plantas diferentes”, afirma o psiquiatra.

    Ele reforça: “Chá preto, chá mate, chá verde e várias outras bebidas também contêm cafeína. Então, não coloque a culpa só no cafezinho”, brinca o Dr. Dieckmann.

    Ou seja, mesmo sem café, é possível ingerir cafeína em quantidades significativas por meio de chás, refrigerantes e energéticos.

    Assista ao vídeo com a explicação dos médicos.

    Equilíbrio é o melhor caminho

    O café pode ser tanto amigo quanto inimigo. Em doses moderadas, melhora foco, disposição e humor. Em excesso, prejudica o sono, aumenta a ansiedade e pode causar tolerância.

    “Tudo o que é moderado pode ser bom. O café pode melhorar o humor e a atenção”, resume o psiquiatra.

    Perguntas frequentes sobre café e saúde mental

    1. O café pode ajudar na concentração?

    Sim, a bebida pode ajudar a pessoa a se concentrar melhor. A cafeína bloqueia a adenosina e aumenta o estado de alerta e favorece o foco e a disposição.

    2. Beber muito café pode causar ansiedade?

    Sim. O consumo exagerado pode gerar sintomas como ansiedade, irritabilidade e insônia.

    3. Só o café contém cafeína?

    Não. Chás como mate, verde e preto, além de refrigerantes e energéticos, também contêm cafeína.

    4. O café vicia?

    O café pode levar à tolerância — o organismo se acostuma e precisa de doses maiores para o mesmo efeito. Mas isso não equivale à dependência de drogas ilícitas.

    Leia mais: Tratamento da depressão em 2025: o que tem de novo

  • Depressão não é frescura ou falta de fé: veja mitos sobre a doença 

    Depressão não é frescura ou falta de fé: veja mitos sobre a doença 

    Você já ouviu algo como “depressão é frescura” ou “é só ter força de vontade”? Frases assim não apenas machucam, como também não têm qualquer fundamento científico. A neurociência desmonta esses preconceitos e mostra que a depressão é uma condição real, com alterações cerebrais e biológicas bem documentadas.

    Depressão não é tristeza passageira, não é preguiça e definitivamente não é frescura”, afirma o psiquiatra Luiz Dieckmann.

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a depressão como a principal causa de incapacidade no mundo, afetando quase 300 milhões de pessoas. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 15,5% da população terá depressão ao longo da vida.

    Por que os mitos sobre depressão fazem tanto mal

    Quando alguém diz que a depressão é “frescura” ou “falta de Deus”, ignora todos os mecanismos biológicos envolvidos e desvaloriza o sofrimento de quem passa por isso. Esse preconceito aumenta o isolamento, dificulta a busca por ajuda e atrasa o tratamento — o que pode agravar os sintomas.

    O psiquiatra Luiz Dieckmann faz uma comparação: “Você não diria para uma pessoa com asma: ‘nossa, tem tanto ar para você respirar e você está aí com falta de ar’, certo?”.

    Na depressão, há desequilíbrio em diversos neurotransmissores, como serotonina, dopamina, noradrenalina e glutamato. “Os estudos mostram que pessoas com depressão têm inflamação crônica de baixo grau no cérebro, alteração no sistema imunológico e até mudanças na expressão genética”, detalha o médico especialista.

    Por que quebrar o preconceito sobre depressão é essencial

    O preconceito faz com que muitos não procurem tratamento, o que pode agravar o quadro. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) considera a psicofobia um crime. “Temos que quebrar esse preconceito”, alerta Dieckmann.

    Quanto antes a depressão é diagnosticada e tratada, melhores os resultados: menos sofrimento, menor risco de agravamento e recuperação mais rápida. A empatia, a informação correta e o acolhimento são fundamentais desde o início.

    Veja também: Depressão adolescente: sinais e como ajudar com empatia

    Perguntas frequentes sobre depressão

    1. A depressão é só tristeza?

    Não. A tristeza pode ser um dos sintomas, mas a depressão envolve alterações bioquímicas, genéticas, imunológicas e ainda influencia o sono, o apetite e o funcionamento no dia a dia.

    2. Depressão é preguiça ou falta de força de vontade?

    Não. Esses mitos não têm base científica. A depressão é uma condição médica real, com causas neurobiológicas e fatores de risco complexos.

    3. Quantas pessoas no Brasil têm depressão?

    Segundo o Ministério da Saúde, 15,5% dos brasileiros terão depressão ao longo da vida. Isso é um número bem alto, considerando o volume da população brasileira.

    4. Por que só algumas pessoas com depressão recebem diagnóstico?

    Por causa de barreiras como estigma, falta de informação, dificuldade de reconhecer sintomas, acesso limitado a serviços de saúde e desigualdades regionais.

    5. Se a depressão tem componentes biológicos, significa que não há tratamento?

    Pelo contrário. Entender os aspectos biológicos orienta o tratamento adequado, que pode incluir medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida. A genética mostra caminhos, mas não define o destino.

    6. Vale a pena procurar ajuda médica mesmo que os sintomas pareçam leves?

    Sim. Buscar apoio desde o início ajuda a evitar agravamentos e facilita encontrar o tratamento certo.

    7. Como posso ajudar alguém que está sofrendo?

    Sem julgamentos: ouça, demonstre compreensão, incentive a busca por ajuda profissional e evite reforçar mitos como “isso é frescura” ou “é só ter força de vontade”.

    Leia também: Tratamento da depressão em 2025: o que tem de novo

  • Psicoterapia: entenda quando é hora de começar

    Psicoterapia: entenda quando é hora de começar

    Em um mundo cada vez mais acelerado, exigente e conectado, os sinais de esgotamento emocional têm se tornado cada vez mais comuns. Buscar apoio psicológico não precisa (e nem deve) ser o último recurso.

    Em vez de esperar o sofrimento chegar ao limite, cada vez mais pessoas têm entendido que a psicoterapia pode ser uma ferramenta poderosa de autoconhecimento, equilíbrio emocional e prevenção de doenças mentais.

    Sinais de que é hora de buscar ajuda psicológica

    Para o psicólogo Bruno Sini Scarpato, professor de pós-graduação do Instituto de Ensino Superior Albert Einstein, cuidar da saúde mental não é luxo, mas sim uma prioridade.

    “Estudos apontam que 1 a cada 4 pessoas será afetada por algum transtorno mental ao longo da vida”, afirma. “Quanto maior for a demora no início do tratamento, maior será a perda de funcionalidade e o risco de adoecimento físico.”

    Sintomas que indicam a necessidade de apoio psicológico:

    • Tristeza persistente;
    • Irritabilidade constante;
    • Ansiedade fora do controle;
    • Alterações no sono ou apetite;
    • Cansaço sem causa aparente;
    • Dificuldade de concentração;
    • Isolamento social;
    • Comportamentos autodestrutivos;
    • Uso abusivo de substâncias;
    • Pensamentos sobre desaparecer.

    “É possível buscar terapia mesmo quando se está apenas enfrentando dúvidas sobre um relacionamento, carreira ou tomada de decisões”, acrescenta Bruno.

    O que é a terapia cognitivo-comportamental (TCC)?

    Entre as abordagens mais procuradas de psicoterapia, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) se destaca pela praticidade e foco em soluções no presente.

    “A TCC parte da ideia de que pensamentos, emoções e comportamentos estão interligados. Ao identificar e modificar padrões de pensamento distorcidos, conseguimos reduzir o sofrimento emocional e mudar comportamentos disfuncionais”, explica o psicólogo.

    Diferente de abordagens voltadas ao passado, como a psicanálise, a TCC tem sessões estruturadas e metas claras.

    “As sessões são estruturadas, com uso de técnicas ativas e tarefas entre os encontros”, completa Bruno.

    Benefícios da psicoterapia no dia a dia

    A psicoterapia não é apenas para quem tem um diagnóstico. De acordo com Bruno, todos podem se beneficiar. “Não é preciso esperar por um diagnóstico para começar o acompanhamento terapêutico”, afirma.

    De acordo com o psicólogo, a psicoterapia pode ajudar a:

    • Lidar melhor com emoções;
    • Melhorar o autoconhecimento;
    • Aumentar a autoestima;
    • Ajudar a tomar decisões com mais clareza;
    • Construir limites saudáveis;
    • Fortalecer a comunicação;
    • Contribuir para enfrentar desafios do dia a dia, como trabalho, estudos e relações.

    Em casos de transtornos mentais, o acompanhamento também ajuda a reconhecer padrões e manejar os sintomas.

    Como encontrar psicoterapia gratuita ou acessível

    A questão financeira ainda é uma das maiores barreiras, mas há alternativas. “Muitas universidades oferecem atendimento gratuito ou a preços simbólicos em clínicas-escola. O SUS também disponibiliza apoio psicológico nas UBS e nos CAPS”, orienta Bruno.

    Durante a pandemia, surgiram plataformas online que democratizaram ainda mais o acesso. Além disso, planos de saúde são obrigados a cobrir sessões de psicoterapia se houver pedido médico, conforme resolução atual da ANS.

    Quanto tempo dura uma terapia?

    A duração de uma sessão de terapia varia conforme a abordagem, os objetivos e o ritmo da pessoa.

    “Saber se é hora de encerrar envolve avaliar se os sintomas diminuíram, se os objetivos foram alcançados e se a pessoa se sente mais preparada para lidar com os desafios sozinha”, explica o psicólogo.

    Algumas terapias duram entre 12 e 20 sessões, enquanto outras podem durar meses ou até anos. Não existe um tempo certo, cada jornada é única.

    Medos e resistências: o que trava o início?

    “Muitas pessoas não sabem o que esperar ou têm crenças negativas sobre a terapia. Algumas resistem à mudança mesmo que estejam em sofrimento”, comenta Bruno.

    Medo de se expor, insegurança com o processo e desinformação são barreiras comuns. O crescimento da terapia online, porém, tem ajudado a romper esses obstáculos.

    Terapia online ou presencial: qual escolher?

    A pandemia digitalizou o cuidado com a saúde mental. Hoje, é já dá para escolher entre atendimento online ou presencial, conforme a preferência e necessidade.

    “A terapia online ganhou força e ampliou o acesso, além de facilitar o contato com conteúdos sobre saúde emocional nas redes”, afirma o especialista.

    O mais importante é criar vínculo com o profissional. Se não houver conexão, vale tentar com outro. “Isso não é sinal de fracasso. O vínculo terapêutico é construído com tempo, empatia e confiança”, reforça.

    Psicoterapia é um gesto de coragem

    “Muitas pessoas associam o sofrimento emocional à fraqueza, loucura ou instabilidade. Isso gera vergonha e medo de julgamento”, explica Bruno.

    Além disso, o preconceito muitas vezes impede que os transtornos mentais sejam reconhecidos como questões de saúde, como se não merecessem o mesmo cuidado que um diagnóstico de diabetes ou arritmia cardíaca, por exemplo.

    Portanto, cuidar da mente com a mesma seriedade com que cuidamos do corpo é uma atitude importante e, por que não, corajosa. “A psicoterapia não é apenas tratamento. É também prevenção, fortalecimento e investimento em si mesmo”, diz Bruno.

    Perguntas frequentes sobre psicoterapia

    1. Como saber se está na hora de procurar um psicólogo?

    Sinais como tristeza constante, ansiedade, insônia, irritabilidade ou dificuldade de lidar com desafios são indicativos importantes para fazer psicoterapia.

    2. Psicoterapia é só para quem tem transtorno mental?

    Não. Qualquer pessoa pode se beneficiar da terapia, mesmo sem um diagnóstico clínico.

    3. O que é TCC e como ela funciona?

    A terapia cognitivo-comportamental ajuda a modificar pensamentos e comportamentos que causam sofrimento por meio de técnicas práticas e objetivos claros.

    4. Existe atendimento psicológico gratuito?

    Sim. Universidades, UBS, CAPS e algumas plataformas online oferecem serviços gratuitos ou a preços reduzidos.

    5. A psicoterapia online funciona?

    Sim. É uma alternativa válida, segura e eficaz, especialmente para quem tem dificuldades de deslocamento ou horários restritos.

    6. Quanto tempo dura a terapia?

    Depende do caso. Pode durar algumas sessões ou se estender por meses ou anos, de acordo com os objetivos e o progresso do paciente.

    7. E se eu não me sentir confortável com o terapeuta?

    Trocar de profissional é comum. A relação terapêutica precisa ser baseada em confiança e empatia.

  • ‘Acordava com a sensação de que não conseguia respirar’: o relato de quem convive com ansiedade 

    ‘Acordava com a sensação de que não conseguia respirar’: o relato de quem convive com ansiedade 

    O executivo comercial Gabriel Fernandes tinha 32 anos quando, pela primeira vez, entendeu que seu problema não era apenas estresse ou nervosismo. Durante a recuperação da covid-19, começou a ter dificuldade para dormir, dificuldade que veio acompanhada de sintomas assustadores, como taquicardia, tremores e sensação de morte iminente. Era ansiedade.

    “Percebi que estava tendo uma crise de ansiedade quando o problema começou a afetar drasticamente meu sono. Toda vez que eu pegava no sono, acordava com a sensação de que não conseguia respirar. Isso durou cerca de três noites seguidas, nas quais eu praticamente não dormia”, lembra.

    Sem saber o que estava acontecendo, ele entrou em pânico. “Meus pensamentos aceleravam, sentia tremores, sudorese, taquicardia e, mesmo extremamente exausto, o sono simplesmente não vinha”.

    Quando o corpo grita o que a mente já sente

    A experiência mais marcante, no entanto, veio algum tempo depois, quando Gabriel se tornou pai. Seu filho nasceu com alguns problemas de saúde, e a ansiedade voltou com força total. Embora a falta de ar não se repetisse, a mente não dava trégua.

    “Voltei a não conseguir dormir. Embora não tivesse mais a falta de ar como antes, ao deitar, minha mente disparava pensamentos negativos sobre o que poderia acontecer. Fiquei muitas noites sem dormir.”

    Na tentativa de aliviar o sofrimento, ele recorreu ao uso diário de um medicamento, porém sem indicação médica, por cerca de um mês. “Esse remédio me fazia dormir porque eu literalmente ‘apagava’. Até que, um dia, tive uma crise psicótica — perdi completamente o senso de realidade e entrei em um estado de pânico profundo.”

    Esse episódio se tornou um divisor de águas. “Foi nesse momento que decidi, definitivamente, buscar ajuda médica.”

    Sintomas que se repetem

    Hoje, depois de anos de terapia, Gabriel consegue perceber alguns sinais da ansiedade se aproximando. “Fica muito claro para mim quando uma crise está prestes a começar”, conta.

    Entre os sintomas físicos, estão sudorese nas mãos, boca seca, dificuldade para dormir, náuseas e taquicardia. “Quando começo a pegar no sono, acordo subitamente — é uma sensação parecida com quando somos crianças e lutamos contra o sono. Em seguida, vêm os pensamentos acelerados, geralmente envolvendo medo de morrer ou de ter um ataque cardíaco.”

    O que vem depois da crise de ansiedade

    O fim da crise traz alívio, mas também um certo esgotamento. “É um misto de sensações. Primeiro vem o alívio por ter conseguido controlar a crise. Depois, surge um sentimento de fragilidade emocional. Fico mais triste, emotivo ou, em alguns casos, mais irritado e impaciente. Mas a constante é a sensação de insegurança”.

    Para ele, situações ligadas à saúde, relacionamentos, trabalho e dinheiro são os maiores gatilhos. E sim, a ansiedade já o impediu de aproveitar momentos importantes.

    “Já perdi momentos importantes com minha família, especialmente com minha esposa e meu filho. Também já precisei me ausentar do trabalho por conta de crises.”

    Como Gabriel fez o tratamento

    Gabriel fez tratamento com psiquiatra por cerca de dois anos. Hoje, usa medicamentos apenas em situações mais intensas, mas mantém a terapia semanal. “Faço terapia há quatro anos e não penso em parar”.

    Ele também colocou novos hábitos na rotina, como exercícios físicos, leitura, técnicas de respiração (como a 4-7-8) e caminhadas. “Mudar o foco da crise me ajuda muito. Ler, caminhar ou conversar com alguém costuma aliviar os sintomas”.

    O que ele gostaria que o mundo entendesse sobre ansiedade

    Um dos maiores desafios, segundo Gabriel, é o julgamento. “Gostaria que as pessoas entendessem que a ansiedade pode afetar qualquer um. Não é frescura”.

    A ansiedade, em níveis moderados, faz parte da vida, mas pode se tornar problemática quando paralisa ou provoca sofrimento intenso. “Em muitos casos, ela faz parte da nossa vida de forma natural, é uma emoção importante. Mas quando passa a gerar reações físicas intensas e crises de pânico, torna-se uma doença”.

    Ao longo da vida, ouviu frases como “isso é coisa de gente fraca” ou “você pensa muito negativo”. Para ele, esses comentários vêm da ignorância. “Acho que esse tipo de julgamento acontece por falta de vivência ou conhecimento sobre o tema. Quando não passamos por algo ou não convivemos com alguém que passou, é fácil minimizar a dor do outro”.

    O que fazer para tratar ansiedade

    A ansiedade e as crises de ansiedade (ou ataques de pânico) podem ser tratadas com uma combinação de estratégias, que envolvem cuidados com o estilo de vida, psicoterapia e, em alguns casos, medicação prescrita por um profissional de saúde mental.

    Segundo o psiquiatra Luiz Dieckman, as crises de ansiedade não são algo que começaram a acontecer apenas nas últimas décadas. “Ataques de pânico são citados em textos médicos desde o século XIX. O termo ‘pânico’ vem do deus Pan da mitologia greco-romana, uma figura que assustava viajantes em florestas escuras”, conta.

    “A questão é que vida moderna não tem florestas sombrias, porém soma pequenos gatilhos o dia inteiro: sobrecarga de tarefas, estímulos digitais, falta de sono. O organismo interpreta esse estresse contínuo como perigo constante, elevando a frequência das crises”, explica.

    Por isso, o tratamento também envolve reduzir esses gatilhos diários, cuidar da saúde do sono, diminuir o consumo de cafeína e buscar momentos de pausa.

    A psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental, ajuda a identificar padrões de pensamento que alimentam a ansiedade e ensina formas práticas de enfrentamento. Em quadros mais intensos, o uso de medicamentos pode ser indicado pelo médico.

    *Cada caso é único. Consulte sempre um médico.

  • O que é depressão e quais são os principais sintomas 

    O que é depressão e quais são os principais sintomas 

    Sentir tristeza de vez em quando faz parte da vida. Quem nunca passou por dias difíceis, se sentiu para baixo ou sem vontade de fazer nada? Quando essa sensação se prolonga por semanas, interfere na rotina, nos relacionamentos e até na saúde do corpo, pode ser sinal de algo mais sério: a depressão.

    A depressão é uma condição de saúde mental comum, mas ainda cercada de preconceitos. No Brasil, por exemplo, estima-se que 15,5% das pessoas tenham depressão, o que equivale a aproximadamente 31,5 milhões de pessoas.

    Entender o que é depressão, como se manifesta e quais os caminhos para o tratamento é muito importante para ajudar quem está sofrendo, seja você ou alguém próximo.

    Depressão: definição médica e tipos

    A depressão é um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente, perda de interesse em atividades do dia a dia e outros sintomas que afetam a vida da pessoa. Ela não é frescura, preguiça ou fraqueza, mas uma condição clínica que exige atenção e tratamento adequado.

    Existem diferentes tipos de depressão, que variam em intensidade, duração e causa.

    Episódio depressivo maior

    É o tipo mais conhecido. “A depressão maior acontece quando a tristeza profunda ou a perda de prazer, chamada anedonia, dominam por no mínimo duas semanas e se somam a sinais como alteração de sono, apetite, energia e pensamento”, explica o psiquiatra Luiz Dieckmann.

    Transtorno depressivo persistente ou distimia

    O psiquiatra explica que a distimia, hoje chamada transtorno depressivo persistente, mantém humor baixo de maneira mais branda, porém contínua, durante dois anos ou mais, gerando cansaço crônico e baixa autoestima.

    Depressão sazonal

    Costuma acontecer em determinadas épocas do ano, especialmente no outono e inverno, quando há menos exposição à luz do sol. Pode causar alterações de humor, cansaço e isolamento.

    “A forma sazonal surge entre o fim do outono e o inverno, período com menos luz natural, o que bagunça o relógio biológico e eleva a melatonina, hormônio que induz sono”, detalha o médico.

    Depressão pós-parto

    O especialista explica que a depressão pós-parto aparece até quatro semanas depois do nascimento do bebê, momento de queda brusca dos hormônios da gravidez, poucas horas de sono e forte responsabilidade emocional.

    Principais sintomas da depressão

    A depressão pode se manifestar de várias formas. Os sinais podem ser emocionais, físicos ou comportamentais, e nem sempre são fáceis de identificar.

    Sintomas emocionais da depressão

    • Tristeza profunda e persistente;
    • Perda de interesse ou prazer nas atividades do dia a dia;
    • Sensação de vazio ou desesperança;
    • Sentimento de culpa ou inutilidade;
    • Irritabilidade ou crises de choro.

    Sintomas físicos da depressão

    • Fadiga o tempo todo;
    • Dores no corpo sem explicação médica;
    • Alterações no sono (insônia ou sono excessivo);
    • Mudança no apetite e no peso;
    • Problemas gastrointestinais, como indigestão, dor abdominal, náuseas ou diarreia.

    Sintomas comportamentais da depressão

    • Vontade de ficar isolado;
    • Dificuldade de se concentrar;
    • Desempenho ruim no trabalho ou nos estudos;
    • Falta de cuidado com a própria aparência;
    • Pensamentos de morte ou suicídio.

    “Existem quadros de depressão sem tristeza declarada. A pessoa relata desânimo, irritabilidade, dores de cabeça, problemas gastrointestinais e sensação de vazio, mas diz não estar triste”, explica o médico.

    “Esse tipo de depressão ‘mascarada’ confunde familiares e até profissionais de saúde porque se apresenta como queixas físicas ou mau humor constante”.

    Diferença entre tristeza e depressão

    Estar triste por um motivo específico, como o fim de um relacionamento ou a perda de um emprego, é uma reação emocional esperada. A tristeza geralmente tem um motivo claro, é passageira e não impede a pessoa de seguir com a vida.

    Já a depressão é persistente, mais intensa e pode surgir mesmo sem um motivo aparente. Ela afeta o funcionamento do corpo e da mente, e costuma durar semanas ou até meses, e precisa de ajuda de um médico ou psicólogo para o tratamento.

    Avalie o que você sente com um médico para entender se é tristeza ou depressão.

    Causas da depressão

    A depressão pode ser causada por uma combinação de coisas, entre elas fatores biológicos, genéticos, ambientais e psicológicos. Não existe uma causa de depressão única, e é por isso que o tratamento deve ser personalizado.

    Fatores genéticos

    Pessoas com histórico familiar de depressão têm mais chance de desenvolver a doença, mas isso não significa que seja inevitável.

    “Quem tem pai, mãe ou irmãos com depressão diminui o próprio risco ao adotar três pilares: sono regular de sete a oito horas, atividade física aeróbica que libera endorfinas protetoras e uma rede de apoio de amigos ou família para dividir preocupações. Essas medidas modulam o eixo cortisol, principal via de resposta ao estresse”, aconselha o psiquiatra.

    Fatores ambientais

    Estresse constante, traumas, violência, perdas e até condições ruins de vida podem estar ligados ao desenvolvimento da depressão.

    “Experiências adversas, violência cotidiana e isolamento social elevam o cortisol, hormônio que prepara o corpo para lutar ou fugir. Em doses altas e prolongadas o cortisol inflama o cérebro, prejudica a formação de novas conexões neurais e aumenta vulnerabilidade à depressão”, conta Dieckmann.

    “Algumas pessoas carregam variantes genéticas que reforçam a proteção dos neurônios, resultado em maior resiliência, enquanto outras nascem com variantes que amplificam o impacto do estresse”.

    Desequilíbrios químicos

    Alterações nos neurotransmissores do cérebro, como serotonina e dopamina, também estão relacionadas ao aparecimento da depressão.

    O psiquiatra explica que a serotonina, noradrenalina e dopamina são mensageiros químicos que regulam humor, motivação e energia.

    “Seus níveis variam em resposta a gatilhos como alterações hormonais da tireoide, uso de certas medicações, inflamações sistêmicas e sobrecarga emocional. Esses gatilhos desajustam os circuitos cerebrais ligados à recompensa, causando apatia ou tristeza”, diz.

    Diagnóstico da depressão

    O diagnóstico da depressão é feito por um médico psiquiatra ou outro profissional de saúde mental. Ele considera os sintomas, a duração e o impacto na vida da pessoa.

    Não existem exames laboratoriais que comprovem a depressão, mas testes e conversas com o médico ajudam a avaliar o problema. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de recuperação e menor o tempo de sofrimento da pessoa.

    “Deixar de tratar a depressão permite que sintomas se prolonguem e se tornem mais resistentes. Estudos mostram risco dobrado de infarto e derrame, piora de memória e concentração, maior probabilidade de abuso de álcool ou drogas e aumento expressivo da chance de suicídio”, diz o médico.

    “Além disso, a doença rouba anos de vida produtiva e prejudica relações pessoais”.

    Quando buscar ajuda para depressão

    O psiquiatra recomenda buscar ajuda médica se os sintomas durarem mais de duas semanas e começarem a atrapalhar a vida, como o trabalho, os estudos, ou se surgirem pensamentos de morte ou incapacidade de cuidar de si.

    “Um clínico, psicólogo ou psiquiatra consegue confirmar o diagnóstico e iniciar tratamento que abrange psicoterapia, ajustes no estilo de vida e, quando necessário, medicação. Quanto mais cedo o cuidado, maior a chance de remissão completa”, diz.

    Perguntas frequentes sobre depressão

    1. Depressão tem cura?

    Sim. Com o tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e ter qualidade de vida.

    2. O que fazer quando um amigo está com depressão?

    Ouça sem julgar, incentive a buscar ajuda profissional e esteja presente.

    3. Remédio para depressão vicia?

    Não. Antidepressivos não causam dependência química, mas devem ser usados somente com orientação médica.

    4. Posso tratar a depressão só com terapia?

    Em alguns casos leves, sim. Em outros, pode ser necessário combinar terapia e medicamentos.

    5. Crianças e adolescentes podem ter depressão?

    Sim. E o diagnóstico precoce é ainda mais importante nessa fase.

    Leia Mais: Depressão adolescente: sinais e como ajudar com empatia

    6. Existe depressão pós-parto?

    Sim. Ela pode surgir alguns dias após o parto ou até semanas depois e precisa de atenção médica.

    7. Atividades físicas ajudam na depressão?

    Sim. Elas liberam substâncias que melhoram o humor e reduzem a ansiedade.

    8. Como diferenciar preguiça de depressão?

    A depressão vai muito além da falta de vontade. Ela afeta o corpo e a mente, e precisa de tratamento.

  • Crise de ansiedade: o que fazer e como controlar os sintomas

    Crise de ansiedade: o que fazer e como controlar os sintomas

    Você está em casa, tudo parece normal. De repente, o coração dispara, a respiração fica curta, a mente corre sem parar e parece que algo muito ruim vai acontecer. Essa sensação intensa e repentina pode ser uma crise de ansiedade.

    Se você já passou por isso ou convive com alguém que sofre com isso, saiba que não está sozinho e, mais importante, que é possível lidar com essa situação.

    Hoje você vai entender o que é uma crise de ansiedade, quais são os sintomas mais comuns, o que fazer na hora da crise e como cuidar da sua saúde mental no dia a dia com hábitos que ajudam a reduzir a ansiedade.

    O que é uma crise de ansiedade

    Uma crise de ansiedade é um episódio súbito e intenso de muito medo ou desconforto, geralmente sem causa aparente, que provoca sintomas físicos como falta de ar, coração acelerado, tontura, suor em excesso e sensação de perda de controle.

    O psiquiatra Luiz Dieckmann explica que a crise começa no cérebro, quando a amígdala, estrutura pequena em formato de amêndoa que vigia perigos, aperta o botão de alarme sem existir ameaça real.

    “Pensamentos catastróficos como ‘vou desmaiar’ ou ‘vou enlouquecer’ criam um circuito fechado entre cérebro racional e emocional, mantendo o disparo. Quanto mais a pessoa tenta ‘não pensar’, maior o foco no medo, reforçando o ciclo”, detalha.

    A crise de ansiedade costuma durar alguns minutos e pode parecer, para quem sente, uma emergência médica, embora não ofereça risco real à vida.

    “Assim que esse alarme cerebral dispara, o corpo despeja adrenalina, hormônio que deixa coração e respiração mais rápidos, mãos úmidas, visão embaçada, nó na garganta, dor de barriga, náusea e tremor”, conta o médico.

    “Esse combo faz sentido se precisássemos correr de um predador, só que hoje o ‘leão’ pode ser um e-mail inesperado ou uma notificação de mensagem fora de horário. A descarga dura minutos e se dissipa, mas a lembrança do susto alimenta o medo de uma nova crise”, conta.

    Sintomas de uma crise de ansiedade

    Nem todo mundo sente uma crise de ansiedade da mesma forma. Mas os sintomas mais comuns são:

    • Coração acelerado ou palpitações;
    • Falta de ar ou sensação de sufocamento;
    • Tremores, formigamento ou mãos suadas;
    • Dor ou aperto no peito;
    • Sensação de desmaio ou tontura;
    • Medo intenso de perder o controle ou “ficar louco”;
    • Vontade de fugir do local;
    • Sensação de que algo muito ruim vai acontecer.

    O que fazer durante uma crise de ansiedade

    Técnicas de respiração

    Respirar devagar e profundamente é uma das melhores maneiras de interromper uma crise de ansiedade. Uma dica é inspirar pelo nariz contando até 4, segurar o ar por 4 segundos e expirar lentamente pela boca contando até 6. Repetir isso por alguns minutos ajuda a desacelerar os batimentos do coração e diminuir a sensação de sufocamento.

    Primeiros socorros emocionais

    • Focar em objetos ao redor (prestar atenção em cores, formas e texturas);
    • Lembrar-se de que é só uma crise e que vai passar;
    • Repetir mentalmente frases de tranquilidade (“estou em segurança” ou “isso é só ansiedade”);
    • Se possível, sair do ambiente que provocou o estresse e buscar um lugar mais calmo;
    • Pedir apoio a alguém de confiança.

    7 técnicas práticas para domar uma crise de ansiedade

    1. Respiração diafragmática 4-2-6: respirar durante 4 segundos, segurar a respiração por 2 segundos e soltar o ar durante 6 segundos. Essa respiração que expande o abdômen ajuda a baixar a frequência cardíaca.
    2. Checagem dos cinco sentidos: nomear algo que você vê, ouve, toca, cheira e prova, trazendo a mente para o presente.
    3. Relaxamento muscular progressivo: contrair por cinco segundos e soltar grupos musculares da testa aos pés.
    4. Auto-fala racional: lembrar que o pico de adrenalina dura em média dez minutos e não causa danos permanentes.
    5. Movimento leve: caminhar devagar ou alongar ombros e pescoço ativa o sistema parassimpático, o “freio” fisiológico.
    6. Temperatura fria: lavar rosto ou mãos em água fria reduz atividade do nervo vago e acalma.
    7. Diário de gatilhos: anotar horário, local e pensamentos para mapear padrões e planejar enfrentamento.

    7 maneiras de diminuir a ansiedade e evitar crises

    1. Exercícios físicos regulares

    Movimentar o corpo libera endorfinas, substâncias que melhoram o humor e reduzem a tensão. Pode ser caminhada, dança, natação, corrida etc. O importante é achar algo que você goste.

    2. Técnicas de mindfulness e meditação

    Meditação guiada, respiração consciente e atenção plena (mindfulness) ajudam a manter o foco no momento presente e a controlar os pensamentos acelerados da ansiedade.

    3. Alimentação saudável

    Alimentar-se com vegetais, frutas, grãos e proteínas leves ajuda no funcionamento do cérebro e na regulação das emoções.

    4. Sono de qualidade

    Dormir mal piora a ansiedade. Criar uma rotina de sono e evitar telas antes de dormir ajuda o corpo a descansar.

    5. Menos café

    Bebidas com cafeína estimulam o sistema nervoso e podem aumentar a ansiedade. Observe sua reação e, se necessário, reduza o consumo.

    6. Psicoterapia (TCC e ACT)

    A TCC ensina a identificar pensamentos distorcidos e substituí-los por interpretações mais realistas. Já a ACT trabalha aceitação dos sintomas e foco em ações alinhadas aos valores pessoais.

    7. Apoio de amigos e família

    Conversar com pessoas de confiança pode trazer acolhimento e ajudar a lidar com as emoções difíceis.

    Quando procurar tratamento médico

    Se as crises de ansiedade são frequentes, intensas ou atrapalham sua vida, procure ajuda médica. Psicólogos e psiquiatras podem orientar o tratamento, que pode incluir terapia, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, medicação.

    Perguntas frequentes sobre crise de ansiedade

    1. A crise de ansiedade pode levar à morte?

    Não. Apesar dos sintomas intensos, a crise de ansiedade não é fatal. Mas ela precisa de cuidado para não se tornar frequente e incapacitante.

    2. Existe remédio para crise de ansiedade?

    Sim. Em alguns casos, o médico pode indicar remédios de uso pontual ou contínuo. Mas nem todo mundo precisa de remédio.

    3. Crianças podem ter crise de ansiedade?

    Sim. Crianças e adolescentes também podem sofrer com ansiedade, embora os sintomas possam se manifestar de forma diferente.

    4. A crise de ansiedade tem cura?

    A crise de ansiedade pode ser controlada e, em muitos casos, não se manifestar mais. A melhor coisa a se fazer é buscar ajuda e manter bons hábitos de vida.

    5. O que fazer se alguém próximo estiver em crise?

    Fique ao lado da pessoa, converse com calma, incentive a respiração lenta e leve-a para um ambiente tranquilo. Evite minimizar o que ela está sentindo.