Categoria: Saúde Mental & Emocional

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  • Burnout pode causar infarto? Veja como o desgaste emocional afeta o coração

    Burnout pode causar infarto? Veja como o desgaste emocional afeta o coração

    Dificuldades de concentração, dores de cabeça frequentes e cansaço excessivo são apenas alguns sinais que podem indicar um quadro de síndrome de burnout, comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes.

    A condição, que surge quando o corpo permanece em estado de alerta por longos períodos, provoca um desgaste emocional e físico capaz de interferir em diversos aspectos da saúde — especialmente no sistema cardiovascular.

    O organismo passa a liberar grandes quantidades de hormônios do estresse, como cortisol, adrenalina e noradrenalina, que, com o tempo, podem gerar uma sobrecarga contínua no coração e nos vasos sanguíneos.

    Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender como o estresse crônico afeta a saúde cardíaca, os principais sinais que indicam quando o organismo está sobrecarregado e como proteger o coração, mesmo com uma rotina corrida. Confira!

    Afinal, o que é síndrome de burnout?

    A síndrome de burnout, conhecida também como síndrome do esgotamento profissional, é um quadro emocional marcado por exaustão intensa, estresse persistente e desgaste físico significativo decorrente de rotinas profissionais extremamente exigentes, competitivas ou de grande responsabilidade.

    O quadro aparece com maior frequência em pessoas que trabalham sob pressão contínua e que lidam diariamente com demandas elevadas, como profissionais da saúde, educação, segurança pública, comunicação e diversas outras áreas.

    De acordo com o Ministério da Saúde, a condição também pode surgir quando o trabalhador é exposto a metas excessivamente complexas ou a demandas que despertam a sensação de incapacidade para cumpri-las. A pressão constante para alcançar resultados inalcançáveis favorece um desgaste emocional profundo, que pode evoluir para quadros de depressão.

    Como o estresse crônico altera o funcionamento do coração?

    Além de afetar a saúde mental, diminuir a imunidade e comprometer o equilíbrio hormonal, o estresse crônico também prejudica o funcionamento do sistema cardiovascular.

    De acordo com a cardiologista Juliana Soares, durante uma situação de estresse constante, o corpo entra em um estado conhecido como luta e fuga. A resposta provoca alterações em uma série de hormônios associados ao estresse, em especial o cortisol, além de mudanças na liberação de catecolaminas, como adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina).

    Como preparação para a reação de luta ou fuga, ocorrem alterações metabólicas amplas, com picos glicêmicos, liberação acentuada de glicose, vasoconstrição das artérias e aceleração dos batimentos cardíacos. Isso pode levar a uma frequência cardíaca continuamente elevada, aumentando a probabilidade de arritmias e impondo maior esforço ao músculo do coração ao longo do tempo.

    Além disso, alterações hormonais frequentemente se associam a comportamentos de enfrentamento pouco saudáveis, como compulsão alimentar, sedentarismo, aumento do consumo de álcool e tabagismo.

    Para completar, a cardiologista aponta que o estresse prolongado desencadeia um estado inflamatório sistêmico crônico, considerado fator de risco para a formação de placas de gordura nas artérias (aterosclerose), aumentando a probabilidade de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

    Riscos do estresse crônico para o coração

    Sem tratamento adequado, o estresse prolongado no dia a dia pode desencadear:

    • Aumento sustentado da pressão arterial;
    • Frequência cardíaca constantemente elevada;
    • Maior probabilidade de arritmias;
    • Inflamação crônica que favorece aterosclerose;
    • Formação acelerada de placas de gordura nas artérias;
    • Redução da flexibilidade dos vasos sanguíneos;
    • Maior risco de infarto do miocárdio;
    • Aumento do risco de acidente vascular cerebral (AVC).

    O burnout também pode interferir no sono, já que o corpo permanece em estado de alerta e tem dificuldade para relaxar. A dificuldade para dormir e o descanso de má qualidade mudam o equilíbrio dos hormônios, aumentam o cortisol e fazem a fome oscilar ao longo do dia, favorecendo o consumo de alimentos mais calóricos.

    O aumento de peso também pode surgir por causa do cansaço extremo, que reduz a disposição para se mover e manter uma rotina ativa. O sono de má qualidade e o ganho de peso são fatores de risco para o desenvolvimento de problemas cardiovasculares.

    Sinais cardiovasculares associados ao burnout

    É fundamental observar como o corpo reage ao estresse, porque alguns sinais podem indicar que o coração já está sendo afetado, especialmente em períodos de grande pressão no trabalho ou burnout. Entre os sintomas, Juliana aponta:

    Sintomas emocionais

    • Exaustão profunda;
    • Irritabilidade;
    • Ansiedade;
    • Dificuldade de concentração.

    Sintomas físicos

    • Taquicardia;
    • Palpitações;
    • Sensação de coração acelerado ou irregular;
    • Dor no peito;
    • Tontura;
    • Sudorese intensa mesmo em repouso.

    Como identificar a síndrome de burnout?

    A síndrome de burnout costuma se manifestar por meio de um conjunto de sintomas emocionais, mentais e físicos que vão se acumulando ao longo do tempo. A pessoa pode perceber um aumento do nervosismo, sensação de esgotamento, mal-estares frequentes e dificuldade para realizar tarefas simples do dia a dia.

    Entre alguns dos sintomas para identificar a condição, o Ministério da Saúde aponta:

    • Cansaço muito grande, físico e mental;
    • Dificuldade para se concentrar;
    • Sensação de que não consegue fazer nada direito;
    • Dor de cabeça frequente;
    • Mudanças no apetite;
    • Sentimentos de insegurança e fracasso;
    • Alterações de humor ao longo do dia;
    • Problemas para dormir;
    • Pensamentos negativos constantes;
    • Vontade de se isolar;
    • Sensação de derrota ou desânimo profundo.

    O diagnóstico da síndrome de burnout é feito por um profissional especialista após análise clínica do paciente. O psiquiatra ou o psicólogo são os especialistas que conseguem identificar o quadro, entender como ele afeta a rotina e indicar o tratamento mais adequado para cada pessoa.

    Como é feito o tratamento de burnout?

    O tratamento da síndrome de burnout começa, na maior parte das vezes, com sessões de psicoterapia, e em alguns casos pode incluir o uso de medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos, quando indicado pelo médico.

    A melhora costuma aparecer entre um e três meses, embora algumas pessoas precisem de um período maior, dependendo da gravidade do quadro e do ritmo de recuperação.

    Segundo Juliana, o principal foco do tratamento é diminuir o que causa estresse no dia a dia, com ajustes nos horários, na rotina de trabalho e nos limites pessoais. A redução da pressão diária ajuda o corpo a voltar ao equilíbrio, porque os níveis de cortisol e de outras substâncias ligadas ao estresse começam a se normalizar.

    A recuperação também envolve mudanças simples no estilo de vida, como fazer atividade física com regularidade, dormir bem e manter uma alimentação mais organizada.

    Como proteger o coração mesmo tendo uma rotina estressante?

    A proteção do coração pede cuidados em diferentes frentes, segundo Juliana. A rotina precisa ser ajustada, com sono de boa qualidade, prática regular de atividade física, exercícios de relaxamento, respiração mais consciente e organização do tempo ao longo do dia.

    A imposição de limites no dia a dia, tanto no trabalho quanto nos estudos, também é importante, porque aceitar tarefas em excesso aumenta a sobrecarga e piora o estresse.

    A busca por apoio profissional faz parte do cuidado: profissionais de saúde podem auxiliar na recuperação do burnout, enquanto um cardiologista deve ser procurado quando surgem sintomas relacionados ao coração.

    Juliana finaliza ressaltando que a vulnerabilidade feminina merece uma atenção especial, pois mulheres apresentam maior chance de desenvolver problemas cardiovasculares quando vivem longos períodos de estresse intenso, o que torna o cuidado ainda mais necessário para esse grupo.

    Leia também: 7 dicas de um médico para ser mais produtivo e ter menos estresse

    Perguntas frequentes

    O burnout pode desencadear infarto?

    A inflamação crônica, a pressão arterial elevada e a formação acelerada de placas nas artérias criam um cenário altamente favorável ao infarto, porque o coração passa longos períodos funcionando acima do limite.

    Com o tempo, a sobrecarga constante reduz a capacidade do músculo cardíaco de se recuperar, agrava o desgaste natural dos vasos e facilita a ruptura de placas, que podem bloquear totalmente a passagem do sangue, causando o infarto.

    O burnout aumenta o risco de AVC?

    A pressão arterial constantemente elevada e o acúmulo de placas que estreitam os vasos sanguíneos elevam de maneira significativa a probabilidade de obstruções capazes de interromper o fluxo de sangue para o cérebro. A resposta inflamatória do organismo, mantida por longos períodos, também facilita a formação de coágulos que podem migrar e causar um bloqueio súbito.

    A combinação de inflamação, alteração hormonal e sobrecarga cardíaca transforma o burnout em um fator importante para o aumento do risco de AVC.

    Quando procurar ajuda médica?

    A presença de dor no peito, falta de ar súbita, palpitações intensas, tontura forte ou desmaio exige atendimento imediato. A busca por acompanhamento psicológico ou psiquiátrico também deve acontecer assim que surgirem sinais de exaustão persistente, dificuldade para dormir ou perda significativa de motivação, pois tratar o burnout cedo protege o coração e o bem-estar geral.

    Como o cortisol afeta o coração?

    O cortisol funciona como um sinal de alerta para o corpo, mas quando permanece elevado por muito tempo passa a causar danos. O hormônio estimula a liberação de glicose no sangue, aumenta a pressão arterial e interfere no metabolismo, criando um ambiente de inflamação contínua.

    Tudo isso exige esforço constante do coração e favorece o surgimento de hipertensão, arritmias e até eventos mais graves, como infarto.

    Burnout pode afetar a memória?

    Sim, pois o excesso de cortisol prejudica áreas do cérebro responsáveis por atenção, memória e tomada de decisões. A pessoa pode esquecer tarefas simples, perder o fio da conversa com facilidade e ter dificuldade para organizar pensamentos.

    A perda de clareza mental é resultado direto do desgaste prolongado, que afeta tanto o raciocínio quanto a capacidade de foco e aprendizado.

    Pessoas jovens também podem ter burnout?

    Sim, porque a síndrome não está ligada apenas à idade, mas à intensidade do estresse e da pressão vivida no dia a dia. Pessoas mais jovens, especialmente estudantes universitários, trabalhadores em início de carreira e profissionais que acumulam várias funções, podem desenvolver burnout devido à cobrança interna, jornadas longas e dificuldade para estabelecer limites.

    Como prevenir a síndrome de burnout?

    Uma forma prática e eficaz de evitar a síndrome de burnout é adotar hábitos que reduzam o estresse diário e tornem a rotina mais leve. Quando o corpo e a mente contam com períodos reais de descanso e atividades que trazem bem-estar, o risco de esgotamento diminui de forma importante.

    Entre as estratégias mais recomendadas estão:

    • Criar metas pequenas e possíveis, tanto na vida profissional quanto na pessoal;
    • Reservar momentos para estar com amigos e familiares, fortalecendo vínculos positivos;
    • Inserir atividades prazerosas na semana, como passeios, refeições fora de casa ou cinema;
    • Diminuir a convivência com pessoas muito negativas ou que alimentam reclamações constantes;
    • Dividir preocupações e sentimentos com alguém de confiança;
    • Praticar exercícios com regularidade, seja caminhada, corrida, bicicleta, academia, natação ou qualquer atividade que mova o corpo;
    • Evitar álcool, cigarro e outras substâncias que aumentam a confusão mental e pioram o cansaço;
    • Nunca usar remédios sem orientação médica, para não mascarar sintomas e atrasar o cuidado correto.

    Confira: Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite

  • Esquizofrenia: o que é e como identificar os primeiros sinais 

    Esquizofrenia: o que é e como identificar os primeiros sinais 

    A esquizofrenia costuma ser lembrada com medo e estigma, mas o conhecimento atual mostra uma realidade muito diferente. Muitas pessoas diagnosticadas estudam, trabalham, mantêm vínculos afetivos e levam uma vida plena quando recebem o tratamento correto. Entender o que a doença é, reconhecer seus sinais e saber como funciona o cuidado ajuda a reduzir o medo e aproxima quem precisa de suporte.

    O que é esquizofrenia?

    A esquizofrenia é um transtorno mental crônico que altera a forma como a pessoa pensa, sente, percebe o mundo e organiza o comportamento. Costuma começar no fim da adolescência ou no início da vida adulta. Surge pela soma de vários fatores, como predisposição genética, alterações neurobiológicas, infecções na infância e situações adversas importantes.

    Principais sintomas da esquizofrenia

    Sintomas positivos

    Representam um acréscimo ao funcionamento mental típico.

    • Delírios, como acreditar em algo sem base na realidade.
    • Alucinações, principalmente ouvir vozes quando não há fonte externa.
    • Pensamento desorganizado, dificuldade em seguir uma linha lógica.
    • Comportamentos agitados ou incoerentes.

    Sintomas negativos

    Indicam perda ou redução de funções importantes.

    • Menor expressão emocional.
    • Pouca motivação.
    • Redução da fala espontânea.
    • Dificuldade para iniciar tarefas do dia a dia.

    Essas manifestações podem ser confundidas com desinteresse ou preguiça, mas fazem parte da doença e têm base neurológica.

    Sintomas cognitivos

    Aparecem na rotina.

    • Dificuldade de concentração.
    • Falhas de memória recente.
    • Problemas para organizar atividades simples.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico é clínico e feito por um psiquiatra. A avaliação considera:

    • Quais sintomas estão presentes.
    • Há quanto tempo eles acontecem, geralmente seis meses ou mais.
    • Como afetam o funcionamento da pessoa.

    Exames de sangue ou imagem não confirmam a esquizofrenia. Eles servem apenas para descartar outras causas.

    Uma observação importante: um episódio psicótico isolado não define esquizofrenia. O diagnóstico depende da evolução ao longo do tempo.

    Sinais precoces que merecem atenção

    • Mudanças bruscas de comportamento.
    • Isolamento repentino.
    • Perda de interesse por atividades antes prazerosas.
    • Desconfiança excessiva.
    • Percepção de vozes ou sons inexistentes.

    Identificar cedo facilita o tratamento e melhora muito o prognóstico.

    Como é o tratamento da esquizofrenia?

    Medicamentos antipsicóticos

    São a base do manejo e reduzem delírios, alucinações e desorganização.

    • Antipsicóticos de primeira geração.
    • Antipsicóticos de segunda geração, mais modernos e com menos efeitos motores.

    A resposta costuma ser gradual. O psiquiatra ajusta doses e troca medicamentos quando necessário. Podem ocorrer efeitos colaterais como sonolência, rigidez ou ganho de peso, mas existem alternativas seguras.

    Psicoterapia

    A Terapia Cognitivo Comportamental ajuda a lidar com sintomas persistentes, identificar gatilhos, organizar rotina e treinar habilidades sociais.

    Reabilitação psicossocial

    Favorece autonomia e funcionamento diário.

    • Atenção multiprofissional.
    • Treinamento ocupacional.
    • Orientação familiar.
    • Ajustes de rotina, sono e autocuidado.

    Hábitos que ajudam

    • Manter sono regular.
    • Evitar álcool e drogas.
    • Atividade física leve.
    • Pequenas metas diárias.
    • Família bem informada e presente no cuidado.

    Vida a longo prazo

    Com tratamento contínuo, muitas pessoas trabalham, estudam, constroem família e levam vida independente. O maior risco é interromper o tratamento, pois isso aumenta a chance de recaídas.

    Por que ainda existe tanto estigma?

    Mitos ainda circulam:

    • Pessoas com esquizofrenia seriam violentas.
    • Não poderiam trabalhar.
    • Seriam imprevisíveis.

    A ciência mostra outra realidade:

    • Quem está em tratamento tem baixa taxa de violência.
    • Pode estudar, trabalhar e manter relações estáveis.
    • Pode planejar, assumir responsabilidades e ter autonomia.

    O estigma afasta do cuidado e atrasa o diagnóstico.

    Casos extremos não representam a maioria

    Situações raras de comportamento arriscado chamam atenção da mídia, como o episódio do rapaz que entrou na jaula de uma leoa e morreu. Esses casos não refletem o cotidiano de quem vive com esquizofrenia. Geralmente envolvem combinação de vários fatores:

    • Tratamento interrompido.
    • Sintomas psicóticos intensos.
    • Uso de substâncias.
    • Ausência de acompanhamento.
    • Estresse extremo.

    Casos assim são exceção. O que não aparece nos jornais são milhares de pessoas estáveis que vivem normalmente.

    Confira: Autismo em adultos: sinais que você pode não saber e quando buscar diagnóstico

    Perguntas frequentes sobre esquizofrenia

    1. A esquizofrenia tem cura?

    Não, mas o tratamento controla os sintomas e garante boa qualidade de vida.

    2. Esquizofrenia causa múltiplas personalidades?

    Não. Múltiplas personalidades pertencem a outro transtorno.

    3. O tratamento é só com remédios?

    Não. Medicamentos são essenciais, mas psicoterapia e reabilitação ajudam muito.

    4. A esquizofrenia pode surgir de repente?

    Pode, mas muitos apresentam sinais precoces.

    5. Quem tem esquizofrenia pode trabalhar?

    Sim. Muitas pessoas mantêm emprego, estudam e vivem de forma independente.

    6. Drogas podem desencadear esquizofrenia?

    Podem aumentar o risco, principalmente em pessoas predispostas.

    7. É possível prevenir?

    Não há prevenção garantida, mas evitar drogas e buscar ajuda cedo reduz bastante o impacto.

    Veja mais: Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite

  • Drogas Z: o que são, como funcionam e quando são seguras

    Drogas Z: o que são, como funcionam e quando são seguras

    Nos últimos anos, o nome zolpidem se tornou comum nas conversas sobre insônia. Esses medicamentos, conhecidos como “drogas Z”, foram apresentados como uma solução moderna e menos arriscada do que os calmantes tradicionais usados por gerações anteriores — os famosos benzodiazepínicos, como clonazepam, alprazolam e bromazepam.

    Mas será que as drogas Z cumprem essa promessa? Segundo o psiquiatra Luiz Dieckmann e a neurologista Paula Dieckmann, o segredo não está em demonizar ou glorificar os medicamentos, e sim em entender quando, como e por quanto tempo eles devem ser usados.

    O que são as drogas Z e para que servem

    As chamadas “drogas Z” são uma classe de medicamentos hipnóticos, usados para tratar a insônia e ajudar o corpo a adormecer. Os principais representantes são:

    • Zolpidem (de liberação imediata ou prolongada);
    • Zopiclona;
    • Eszopiclona.

    Elas foram desenvolvidas para promover o sono com menos efeitos colaterais do que os benzodiazepínicos. Atuam em áreas do cérebro ligadas ao relaxamento e ao sono, estimulando principalmente os receptores do adormecimento — e não aqueles ligados ao relaxamento muscular ou efeito anticonvulsivante.

    Assim, tendem a causar menos sonolência diurna, fraqueza muscular e menor risco de dependência em comparação com alguns benzodiazepínicos. Ainda assim, são medicamentos controlados, indicados apenas por tempo limitado e sob acompanhamento médico, pois também podem causar tolerância e dependência se usados de forma prolongada.

    Por que elas surgiram e o que mudou em relação aos benzodiazepínicos

    Durante décadas, fármacos como alprazolam (Frontal), bromazepam (Lexotan) e clonazepam (Rivotril) foram amplamente usados para ansiedade e insônia.

    “Essas drogas causam tolerância e dependência, o que significa que o corpo vai se acostumando e exigindo doses cada vez maiores”, explica a neurologista Paula Dieckmann.

    Foi nesse contexto que surgiram as drogas Z, com a promessa de menor risco de dependência e ação mais direcionada ao sono. No entanto, o psiquiatra Luiz Dieckmann faz um alerta:

    “Não existe remédio ruim, existe medicamento mal utilizado. Assim como os benzodiazepínicos não são vilões, as drogas Z também não são. Quando bem indicadas, na dose certa e pelo tempo adequado, podem ser aliadas valiosas no tratamento desses pacientes”.

    Riscos e cuidados no uso das drogas Z

    Apesar dos benefícios, o uso prolongado ou inadequado pode trazer riscos. Entre os efeitos colaterais descritos em estudos estão:

    • Sonolência excessiva no dia seguinte;
    • Tontura e confusão mental;
    • Alterações de memória;
    • Comportamentos automáticos (andar ou comer dormindo);
    • Dependência e tolerância com o uso prolongado.

    Esses medicamentos devem ser prescritos com cautela, especialmente em idosos, devido ao risco aumentado de quedas e prejuízos cognitivos. Jamais use sem orientação médica.

    Tratamentos alternativos e complementares

    Além dos medicamentos, há estratégias que melhoram o sono de forma natural e duradoura:

    • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para insônia — considerada o tratamento mais eficaz a longo prazo;
    • Atividade física regular;
    • Redução de cafeína, nicotina e álcool;
    • Rotina de sono consistente, com horários regulares para dormir e acordar.

    Essas medidas reduzem a necessidade de medicamentos e promovem um sono mais natural e restaurador.

    Leia mais: Tem insônia? Veja o que fazer para voltar a dormir bem

    Veja mais aqui:

     

    Perguntas frequentes sobre drogas Z

    1. O que são as drogas Z?

    São medicamentos hipnóticos usados para tratar insônia. Os principais são zolpidem, zopiclona e eszopiclona.

    2. Elas causam dependência?

    Sim. Embora o risco seja menor que o dos benzodiazepínicos, podem causar dependência se usadas por períodos longos ou sem supervisão médica.

    3. Posso tomar zolpidem todos os dias?

    Não sem orientação médica. O uso contínuo aumenta o risco de tolerância (necessidade de doses maiores) e dependência.

    4. Drogas Z são mais seguras que calmantes como Rivotril?

    Depende do caso. Elas têm menor potencial de dependência, mas podem causar sonolência diurna e outros efeitos. Ambas requerem acompanhamento profissional.

    5. O que é melhor para tratar insônia: remédio ou terapia?

    A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é o tratamento de primeira escolha para insônia crônica. Os medicamentos devem ser usados por tempo limitado e apenas quando indicados.

    6. Por que algumas pessoas fazem coisas dormindo ao usar zolpidem?

    Esse é um efeito colateral chamado automatismo do sono, quando a pessoa realiza ações (como andar ou comer) sem consciência. O uso precisa ser reavaliado imediatamente.

    7. É perigoso misturar drogas Z com álcool ou outros remédios?

    Sim. A combinação aumenta a sedação e pode causar confusão mental, quedas ou até parada respiratória.

    Veja também: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde

  • Como o cérebro decide o que lembrar e o que esquecer 

    Como o cérebro decide o que lembrar e o que esquecer 

    Você já se perguntou por que algumas lembranças parecem eternas, enquanto outras somem em minutos? Há uma explicação científica para isso e, ao contrário do que muitos imaginam, esquecer faz parte de um cérebro saudável.

    De acordo com o psiquiatra Luiz Dieckmann, o esquecimento não é uma falha, e sim um processo ativo que ajuda a manter o equilíbrio mental.

    “Durante o sono, principalmente na fase mais profunda, nós literalmente limpamos a nossa casinha”, explica o médico. Essa “faxina cerebral” é feita pelo sistema glinfático, uma descoberta recente da neurociência que ajudou os cientistas a entender melhor como o sono protege a memória.

    Lembrar e esquecer são duas faces da mesma moeda

    A memória humana não é uma biblioteca infinita, mas sim seletiva. O cérebro precisa decidir o que vale a pena guardar e o que deve ser apagado para evitar sobrecarga.

    Essa filtragem ocorre principalmente no hipocampo, estrutura responsável pela formação e consolidação das memórias. Ele atua como um curador interno, escolhendo quais experiências serão enviadas ao córtex cerebral, onde ficam armazenadas as lembranças de longo prazo.

    Segundo Dieckmann, as memórias com forte carga emocional têm prioridade. “Você precisa lembrar do seu primeiro beijo, mas não necessariamente do que almoçou na terça-feira passada”, comenta o psiquiatra.

    Durante o sono, o cérebro faz uma verdadeira faxina

    O esquecimento saudável acontece principalmente durante o sono profundo. É nesse momento que o sistema glinfático entra em ação — uma rede descoberta há pouco mais de 10 anos que funciona como o sistema linfático do cérebro.

    Enquanto dormimos, o sistema glinfático remove toxinas e resíduos metabólicos, além de “descartar” informações desnecessárias acumuladas durante o dia. Por isso, dormir bem não apenas melhora a memória, como também previne esquecimentos e protege o cérebro a longo prazo.

    Repetição e emoção: os segredos da lembrança duradoura

    O cérebro interpreta a repetição como um sinal de importância. É por isso que você lembra da letra de uma música antiga ou da senha do Wi-Fi que digita todos os dias. Segundo Dieckmann, informações repetidas ganham prioridade, pois o cérebro entende que aquilo merece ser reforçado.

    A emoção também é um fator determinante. Situações que envolvem alegria, medo ou surpresa fixam a lembrança com mais força no hipocampo. Isso explica por que recordamos eventos marcantes, mas esquecemos rotinas comuns.

    Confira: Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite

    Esquecer também é importante para a saúde mental

    Esquecer é tão importante quanto lembrar. O esquecimento ativo permite ao cérebro se adaptar a novas informações, evita o acúmulo de dados irrelevantes e reduz o estresse cognitivo.

    Ou seja: quando você esquece onde deixou as chaves, o cérebro não está “falhando”, mas priorizando o que considera mais útil para a sobrevivência, o aprendizado e o equilíbrio emocional.

    A memória é dinâmica: o hipocampo seleciona, o sistema glinfático limpa, o sono consolida e a emoção dá peso às recordações. Em resumo, esquecer é sinal de que o cérebro está funcionando bem — e que você está dormindo bem também.

    Veja mais aqui:

     

    Perguntas frequentes sobre memória

    1. O que é o sistema glinfático?

    É o sistema de drenagem do cérebro responsável por remover toxinas e resíduos durante o sono, ajudando na limpeza e manutenção da função cerebral.

    2. O hipocampo é o centro da memória?

    Ele é uma das principais estruturas envolvidas na formação e consolidação das memórias, mas o armazenamento de longo prazo ocorre no córtex cerebral.

    3. Dormir pouco atrapalha a memória?

    Sim. A privação de sono reduz a atividade do sistema glinfático e prejudica a consolidação da memória, aumentando o risco de esquecimentos.

    4. Repetir algo muitas vezes ajuda a decorar?

    Sim. A repetição indica ao cérebro que a informação é importante, fortalecendo as conexões neurais responsáveis pela memória de longo prazo.

    5. É normal esquecer coisas simples no dia a dia?

    Sim, especialmente quando estamos cansados, estressados ou distraídos. Esquecer pequenas coisas faz parte do funcionamento normal da memória.

    6. Quando o esquecimento deixa de ser normal?

    Quando se torna frequente, interfere na rotina e vem acompanhado de confusão mental. Nesses casos, é importante buscar avaliação médica.

    Leia mais: Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas

  • Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite 

    Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite 

    Cansaço constante, irritabilidade e sensação de estar “no limite” são sinais que merecem atenção. A síndrome de Burnout, também chamada de esgotamento profissional, é uma condição emocional grave provocada pelo estresse prolongado e intenso relacionado ao trabalho.

    Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional, ela não é apenas um estado de fadiga. O burnout representa o ponto em que o corpo e a mente não conseguem mais se recuperar, exigindo apoio psicológico e mudanças reais na rotina para evitar consequências sérias, como depressão e isolamento.

    O que é a síndrome de Burnout

    A síndrome de Burnout é um distúrbio emocional causado pelo estresse crônico no ambiente de trabalho. O termo vem do inglês burn out, que significa “queimar até o fim”, uma metáfora para o esgotamento físico e mental extremo.

    A pessoa afetada sente que não tem mais energia para lidar com as exigências do dia a dia e perde o prazer nas atividades que antes eram gratificantes.

    Quem pode ser afetado

    Embora qualquer pessoa possa desenvolver burnout, ele é mais frequente em profissionais sob pressão constante ou que trabalham diretamente com o público. Entre os mais afetados estão:

    • Profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, psicólogos);
    • Professores;
    • Gestores e executivos;
    • Policiais e bombeiros;
    • Atendentes e profissionais de suporte ao cliente.

    Com o avanço da tecnologia e o trabalho remoto, tornou-se ainda mais difícil desconectar-se das demandas profissionais, o que aumenta o risco de esgotamento.

    Causas e fatores de risco

    Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome:

    • Desequilíbrio entre esforço e reconhecimento;
    • Jornadas longas e falta de pausas;
    • Ambientes competitivos e com cobranças excessivas;
    • Falta de apoio de chefes ou colegas;
    • Insegurança profissional;
    • Dificuldade em separar vida pessoal e profissional;
    • Perfeccionismo e autoexigência exagerada;
    • Sensação de não corresponder às expectativas.

    Esses fatores, quando persistentes, desgastam a capacidade de recuperação emocional e física do indivíduo.

    Principais sintomas

    O burnout afeta corpo e mente, gerando sintomas físicos, emocionais e comportamentais.

    Sintomas físicos

    • Cansaço extremo que não melhora com o descanso;
    • Dores de cabeça, musculares ou nas costas;
    • Problemas digestivos e dor abdominal;
    • Alterações no sono (insônia ou sono excessivo);
    • Pressão alta e palpitações.

    Sintomas emocionais e mentais

    • Irritabilidade e crises de ansiedade;
    • Sensação de fracasso, culpa ou impotência;
    • Falta de prazer no trabalho e nas atividades diárias;
    • Dificuldade de concentração e lapsos de memória;
    • Isolamento social e vontade de se afastar das pessoas.

    Consequências da síndrome de Burnout

    Sem tratamento, a síndrome de burnout pode evoluir para depressão, crises de pânico, dependência de substâncias e outras doenças mentais. O impacto vai além do trabalho, pois pode afetar relacionamentos, autoestima e qualidade de vida.

    O esgotamento também pode comprometer a saúde física, aumentar o risco de doenças cardiovasculares e provocar o afastamento das atividades por longos períodos.

    Diagnóstico da síndrome de Burnout

    O diagnóstico deve ser feito por profissionais de saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras, com base nos sintomas e no histórico de exposição ao estresse profissional.

    Muitas pessoas não percebem que estão adoecendo e continuam tentando dar conta de tudo. O apoio de familiares e amigos, portanto, é importante para reconhecer os sinais e incentivar a busca por ajuda.

    Tratamento

    A recuperação da síndrome de burnout exige tempo, cuidado e mudanças de rotina. O tratamento pode incluir:

    • Psicoterapia, para identificar causas, reconhecer limites e desenvolver estratégias de enfrentamento;
    • Medicamentos, quando há sintomas de ansiedade, depressão ou distúrbios do sono;
    • Mudanças na rotina, com descanso adequado, lazer, exercícios físicos e hábitos saudáveis;
    • Apoio no ambiente de trabalho, com revisão de metas, redistribuição de tarefas e incentivo à comunicação aberta.

    Com acompanhamento adequado, a maioria das pessoas se recupera totalmente.

    Como prevenir

    A prevenção do burnout passa por autocuidado e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

    Medidas individuais

    • Estabelecer limites claros entre trabalho e descanso;
    • Fazer pausas regulares durante o dia;
    • Aprender a dizer não a demandas excessivas;
    • Manter atividade física, alimentação saudável e lazer;
    • Buscar apoio psicológico diante de sinais de sobrecarga.

    Medidas organizacionais

    As empresas também têm papel essencial na prevenção. Elas devem:

    • Promover ambientes saudáveis e colaborativos;
    • Incentivar diálogo e reconhecimento profissional;
    • Oferecer suporte emocional e programas de bem-estar.

    Confira: 7 dicas para equilibrar a vida pessoal e o trabalho

    Perguntas frequentes sobre a síndrome de Burnout

    1. O que é síndrome de burnout?

    É o esgotamento físico e emocional causado pelo estresse prolongado no trabalho.

    2. Quais são os primeiros sinais de burnout?

    Cansaço extremo, irritabilidade, insônia, desmotivação e sensação de incapacidade são os sintomas mais comuns.

    3. O burnout é considerado uma doença mental?

    A OMS o reconhece como um fenômeno ocupacional, mas ele pode levar a transtornos mentais se não for tratado.

    4. Qual profissional faz o diagnóstico?

    Psicólogos e psiquiatras são os profissionais indicados para avaliar e confirmar o quadro.

    5. O burnout tem cura?

    Sim. Com tratamento adequado, descanso e mudança nas condições de trabalho, a recuperação é possível.

    6. Quais profissões correm mais risco?

    Profissionais da saúde, professores, gestores e atendentes estão entre os mais afetados.

    7. O que diferencia burnout de estresse comum?

    O estresse é uma resposta pontual a situações desafiadoras; o burnout é crônico e causa exaustão profunda e perda de motivação.

    8. Como prevenir o burnout?

    Estabelecer limites, cuidar da saúde física e emocional e buscar ajuda profissional diante dos primeiros sinais são as principais medidas preventivas.

    Leia mais: 7 dicas de um médico para ser mais produtivo e ter menos estresse

  • Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas 

    Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas 

    Você já viu por aí alguém falando de uma vitamina para a memória que é capaz de turbinar a cognição e quis logo experimentar? Você foi enganado.

    “Existe uma crença de que existe uma vitamina milagrosa que melhorar ou previne este problema, mas não existe nenhuma vitamina em específico que vá curar perda de memória de ninguém”, explica a neurologista Paula Dieckmann.

    Venha entender mais o problema de tomar vitaminas sem orientação médica ou nutricional para melhorar a memória e o que de fato ajuda a manter o cérebro saudável.

    Quando as vitaminas importam de verdade

    A falta de vitaminas é, de fato, prejudicial para a memória. “Mas isso não quer dizer que a reposição delas para pessoas saudáveis vá ter algum tipo de benefício”, diz o psiquiatra.

    “Na nossa investigação médica, descartamos sempre a hipovitaminose, que são deficiências de vitaminas específicas que podem estar ligadas a algum problema”, explica o psiquiatra Luiz Dieckmann.

    Em outras palavras, não existe “vitamina mágica”. Agora, se faltar alguma, sim, isso pode ter impacto no funcionamento do cérebro, inclusive na memória.

    Veja quais vitaminas, quando em falta, podem afetar a memória:

    • Vitamina B12: deficiência de B12 está associada em vários estudos com prejuízo da memória, confusão mental e até demência reversível em idosos;
    • Ácido fólico (vitamina B9): participa de processos que mantêm o cérebro saudável; aliado com B12, contribui para evitar acúmulo de homocisteína (uma substância que, em excesso, pode ser danosa);
    • Vitaminas C, D e antioxidantes em geral: embora não haja evidência de que façam “explodir” a memória, baixos níveis de vitamina C ou D e de antioxidantes estão associados a declínio cognitivo em pessoas mais velhas.

    Esses déficits são corrigíveis com avaliação médica, exames de sangue, dieta adequada ou suplementação quando necessário.

    Fique atento ao que não funciona para a memória

    • A reposição de vitaminas em pessoas sem deficiência não garante memória superior, melhoria milagrosa ou proteção absoluta contra doenças como Alzheimer;
    • Muitos suplementos são promovidos na internet com promessas exageradas, sem respaldo científico rigoroso ou aprovação técnica;
    • Suplementos vitamínicos têm variação de composição, dosagem e pureza. Interações com outros remédios ou efeitos adversos podem existir — é importante usar sempre com orientação médica ou nutricional.

    “Existem inúmeras coisas que vemos na internet prometendo milagres que não existem”, alerta o psiquiatra.

    Confira: Tem insônia? Veja o que fazer para voltar a dormir bem

    Práticas que realmente ajudam sua memória

    Mesmo não havendo uma vitamina mágica, há medidas comprovadas para cuidar bem da memória:

    • Alimentação balanceada, rica em proteínas, frutas, vegetais e gorduras boas (como ômega-3);
    • Exercícios físicos regulares, que melhoram o fluxo sanguíneo cerebral e promovem saúde dos neurônios;
    • Sono de qualidade, pois durante o sono o cérebro consolida memórias;
    • Aprender coisas novas (idiomas, instrumentos, hobbies) para estimular a plasticidade cerebral;
    • Vida social ativa, com convívio entre amigos, família e estímulos cognitivos.

    Assista ao vídeo dos especialistas a respeito de vitaminas e memória:

    Perguntas frequentes sobre vitaminas e memória

    1. Existe alguma vitamina milagrosa para turbinar a memória?

    Não. Especialistas são unânimes: não há vitamina que garanta aumento cognitivo acima do normal em pessoas saudáveis, ou seja, pessoas que já têm níveis adequados de vitaminas.

    2. Se eu tiver deficiência de vitaminas como B12, posso melhorar a memória ao repor?

    Sim. Em casos de deficiência, como baixa B12, a reposição pode reverter prejuízos cognitivos. É por isso que exames médicos são tão importantes.

    3. Posso tomar suplementos apenas supondo que estou com deficiência de vitaminas?

    Não. É importante fazer exames antes para evitar a hipervitaminose, que também pode fazer mal à saúde. Lembre-se: suplementos não são garantia de memória melhor se seus níveis vitamínicos já estiverem normais.

    4. Vitamina D ou C ajudam?

    Em parte, sim, mas apenas se a pessoa tiver deficiência delas. Elas colaboram para a saúde geral do cérebro e, em pessoas com deficiência, podem melhorar aspectos cognitivos. Mas não substituem boas práticas como sono, alimentação e exercício.

    5. Qual é o papel das vitaminas do complexo B (B1, B6, B9, B12)?

    Essas vitaminas participam da produção de energia no cérebro, da manutenção dos neurônios, da regulação da homocisteína, da síntese de DNA e da condução nervosa. Tudo isso pode impactar a memória se houver deficiência.

    6. Há risco em tomar vitaminas demais?

    Sim. O excesso pode causar efeitos adversos. Além disso, suplementos não seguem o mesmo rigor médico dos medicamentos — por isso, a orientação de um médico ou nutricionista é essencial.

    Leia também: Anemia carencial: o que acontece quando faltam nutrientes no sangue

  • Dopamina: como ela pode ser responsável pelas suas decisões

    Dopamina: como ela pode ser responsável pelas suas decisões

    Se você pensa que todas as suas decisões são 100% racionais e tomadas com muita consciência, você está enganado. A dopamina, um neurotransmissor importante para o cérebro, também é capaz de influenciar suas decisões e hábitos.

    “Você sabia que muitas das suas decisões — o que você vai comer, com quem você vai sair — tem tudo a ver com a dopamina?”, diz a neurologista Paula Dieckmann.

    Venha entender mais sobre o tema e o que acontece quando a dopamina está desregulada no cérebro.

    O que é dopamina?

    O psiquiatra Luiz Dieckmann explica que a dopamina é um neurotransmissor importantíssimo para o cérebro.

    “Todo mundo pensa que ela está ligada diretamente (e necessariamente) ao prazer, mas na verdade, ela está muito mais envolvida com a motivação e com a antecipação da recompensa que virá”.

    É importante dizer que a dopamina não atua sozinha, mas faz parte de várias vias dopaminérgicas responsáveis por motivar, antecipar recompensas, regular o humor, ajudar na atenção, nos movimentos e em decisões.

    Como a dopamina influencia decisões e hábitos

    Sinais associados a recompensas podem trazer respostas dopaminérgicas, sobretudo quando há expectativa ou surpresa.

    “Quando você vê uma comida gostosa ou quando você recebe uma notificação do celular de alguém que você gosta muito, tudo isso libera dopamina. Isso motiva você a agir, como comer, clicar, sair ou comprar. A dopamina ajuda o cérebro a calcular: ‘vale a pena ou não vale a pena fazer isso?’”, detalha a neurologista.

    Essa antecipação — que algo bom vai acontecer — gera motivação. E quando algo dá certo, o reforço dopaminérgico registra isso como algo a repetir.

    Quando o sistema dopaminérgico sai do equilíbrio

    Uma desregulação nesse sistema da dopamina pode levar a uma disfunção no sistema da recompensa e da motivação.

    “Transtorno por uso de substâncias e quadros depressivos são exemplos de condições psiquiátricas que podem estar associadas a uma disfunção do sistema dopaminérgico”, explica o psiquiatra.

    Ou seja, se há pouca dopamina ou se ela não está sendo usada direito, podemos sentir falta de motivação, desinteresse pelas coisas que antes nos davam prazer, bem como cansaço mental.

    Em outros casos, níveis muito altos ou desequilíbrio podem favorecer dependência, impulsividade ou alteração de humor.

    Confira: Autismo em adultos: sinais que você pode não saber e quando buscar diagnóstico

    Dicas práticas para manter a dopamina saudável

    Aqui vão algumas práticas simples que ajudam seu cérebro a equilibrar bem o sistema dopaminérgico:

    • Mantenha hábitos regulares de sono: uma rotina de sono consistente ajuda no humor, na atenção e na autorregulação. O sistema de recompensa é sensível à privação e ao estresse;
    • Faça exercícios físicos: caminhar, correr e praticar esportes podem modular dopamina e melhorar humor e motivação;
    • Procure atividades que você goste: como um hobby, música ou algo criativo. Recompensas naturais ajudam a manter o equilíbrio;
    • Evite estímulos extremos: como o uso excessivo de redes sociais, álcool em demasia e estimulantes, que forçam o sistema de dopamina de forma banal.

    Assista ao vídeo com a explicação dos especialistas sobre a dopamina:

    Perguntas frequentes sobre dopamina

    1. Dopamina é o mesmo que “hormônio da felicidade”?

    Não exatamente. Ela está envolvida no prazer, mas seu papel maior é motivar, dar antecipação de recompensa e induzir a ação — não apenas fazer você “se sentir feliz”.

    2. Se uma pessoa está sem vontade pra nada, isso pode estar ligado à dopamina?

    Sim. A baixa liberação ou desregulação dopaminérgica pode estar presente em quadros depressivos ou falta de motivação intensa.

    3. Comer chocolate libera dopamina?

    Sim — ver, comer ou imaginar algo prazeroso, como chocolate, pode recrutar circuitos de recompensa.

    4. Café, redes sociais e estimulação digital aumentam a dopamina?

    Sim, eles podem modular a dopamina e ativar circuitos de recompensa. Mas o uso excessivo pode levar à tolerância, em que se precisa de estímulos cada vez maiores para sentir o mesmo efeito.

    5. Dopamina está relacionada a doenças neurológicas?

    Sim. Doença de Parkinson (quando há redução na produção de dopamina), TDAH, dependência de substâncias e alguns transtornos de humor estão ligados a desequilíbrios dopaminérgicos.

    6. Dá para “testar” seus níveis de dopamina no dia a dia?

    Não de forma simples. Não existe exame de sangue cotidiano que revele exatamente o que o cérebro está fazendo. Médicos usam sinais clínicos e, em casos especiais, exames especializados.

    Leia mais: TOC não é só mania de limpeza: veja os sintomas reais do transtorno

  • Anorexia nervosa: entenda o papel da nutrição na recuperação e na prevenção de recaídas 

    Anorexia nervosa: entenda o papel da nutrição na recuperação e na prevenção de recaídas 

    A anorexia nervosa é um dos transtornos alimentares mais graves e complexos, afetando não apenas a relação do paciente com a comida, mas também a sua saúde física, emocional e social. A perda significativa de peso, o medo intenso de engordar e a distorção da imagem corporal estão entre os sinais mais marcantes.

    Apesar de envolver diferentes áreas da saúde, como psiquiatria, psicologia e endocrinologia, a nutrição tem um papel central na recuperação. Segundo a nutricionista Fernanda Pacheco, a reconstrução da alimentação, feita de forma gradual e cuidadosa, é fundamental para restabelecer o equilíbrio, corrigir deficiências nutricionais e devolver qualidade de vida ao paciente com anorexia.

    Vamos entender nesta reportagem como é feito o tratamento da anorexia e como é a recuperação completa do quadro com a ajuda da nutrição.

    O que é anorexia nervosa

    A anorexia vai muito além de “comer pouco” ou “fazer dieta restritiva”. Trata-se de um transtorno alimentar reconhecido pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e marcado por três elementos principais:

    • Restrição alimentar severa;
    • Medo intenso de ganhar peso;
    • Distorção da autoimagem.

    “A pessoa pode se enxergar acima do peso, mesmo estando muito magra, e desenvolve comportamentos que levam a perdas importantes de nutrientes e energia, afetando todo o organismo”, enfatiza a nutricionista.

    Complicações da anorexia nervosa

    A anorexia impacta praticamente todos os sistemas do corpo. A falta de nutrientes compromete músculos, ossos, hormônios e até funções básicas, como a imunidade e o ciclo menstrual.

    • Desnutrição e perda de massa muscular;
    • Fraqueza óssea e risco de osteopenia/osteoporose;
    • Alterações hormonais, incluindo infertilidade temporária;
    • Problemas gastrointestinais, como constipação;
    • Queda da imunidade e maior suscetibilidade a infecções.

    Segundo Fernanda, o papel do atendimento de um nutricionista é corrigir as deficiências nutricionais. “A nutrição adequada ajuda a reverter a carência de vitaminas e minerais, restabelece o equilíbrio energético e contribui para a melhora de funções vitais, como o ciclo menstrual, a imunidade e a saúde óssea”.

    Porém, vale reforçar que o tratamento é multidisciplinar, sendo necessária também a consulta com psicólogos e médicos.

    Reintrodução alimentar: um processo gradual no tratamento da anorexia

    Um dos maiores desafios do tratamento nutricional é reintroduzir a alimentação de forma segura. Após longos períodos de restrição, o corpo não está preparado para receber grandes quantidades de comida de uma só vez.

    “A reintrodução é feita de forma gradual e planejada, respeitando a tolerância do paciente e evitando complicações metabólicas, como a síndrome da realimentação”, fala Fernanda.

    A síndrome da realimentação é uma complicação que pode surgir quando uma pessoa desnutrida retoma a alimentação de forma rápida e descontrolada. Nesses casos, a entrada súbita de nutrientes faz o corpo liberar insulina em excesso, o que pode reduzir drasticamente minerais importantes no sangue. Por isso, a reintrodução alimentar em pacientes com anorexia ou desnutrição deve ser sempre gradual e acompanhada por profissionais de saúde.

    O plano geralmente começa com pequenas porções de alimentos de fácil digestão, partindo do que o paciente já consegue comer. Aos poucos, a variedade e a quantidade vão aumentando até atingir um padrão alimentar balanceado.

    “Os nutrientes mais importantes são os que corrigem déficits graves e sustentam as funções vitais, como proteínas, carboidratos, além de vitaminas do complexo B, cálcio, ferro, zinco e eletrólitos, como potássio e magnésio”, completa a nutricionista.

    O medo de ganhar peso: um dos maiores desafios

    O processo de tratamento da anorexia vai além do físico. O medo intenso de engordar acompanha quase todos os pacientes e exige muita sensibilidade do nutricionista.

    “O nutricionista busca mostrar que recuperar o peso não significa perder o controle sobre o próprio corpo, mas sim conquistar de volta saúde, energia e qualidade de vida”, indica Fernanda.

    Ela explica que o acompanhamento é feito passo a passo, com metas realistas e alcançáveis, sempre explicando ao paciente que cada mudança é planejada de forma segura, o que ajuda a reduzir a sensação de ameaça.

    Entre as estratégias mais usadas:

    • Incluir calorias extras em alimentos já aceitos pelo paciente;
    • Priorizar alimentos mais calóricos em pequenas porções;
    • Ajustar preparações de forma individualizada.

    Além disso, a nutricionista acrescenta que o aumento de peso deve ser progressivo e planejado, evitando riscos metabólicos e diminuindo a ansiedade em torno da recuperação da anorexia nervosa.

    “O ganho de peso não deve ser brusco, mas progressivo, geralmente de 0,5 a 1 kg por semana, o que diminui riscos metabólicos e a ansiedade em torno da recuperação”, detalha Fernanda.

    Acompanhamento contínuo e suporte familiar: pilares contra recaídas

    A anorexia é um transtorno marcado por recaídas frequentes, o que torna essencial um acompanhamento nutricional constante.

    “O foco é ajudar o paciente a estruturar uma rotina alimentar regular e equilibrada, evitando novos ciclos de restrição”, fala Fernanda. Nesse processo, o nutricionista atua identificando gatilhos, corrigindo crenças distorcidas sobre comida e observando sinais precoces de recaída.

    O suporte familiar também se torna indispensável, já que os maiores desafios acontecem em ambiente familiar, especialmente nos momentos de refeição.

    “O processo de recuperação não acontece apenas no consultório, mas principalmente no dia a dia do paciente. Muitas vezes, os momentos de comer são carregados de tensão e resistência, e a presença de familiares preparados para lidar com essas situações torna o ambiente mais acolhedor e menos conflituoso”.

    Ou seja, o apoio familiar não é apenas um complemento, mas um elemento ativo no tratamento, capaz de sustentar o paciente nos momentos de fragilidade e aumentar significativamente as chances de recuperação da anorexia nervosa.

    Leia também: Qual o papel do nutricionista no tratamento de transtornos alimentares?

    Perguntas e respostas sobre anorexia nervosa

    1. O que é a anorexia nervosa?

    Anorexia nervosa é um transtorno alimentar grave caracterizado por restrição severa de alimentos, medo intenso de ganhar peso e distorção da autoimagem. A pessoa pode se enxergar acima do peso mesmo estando muito magra.

    2. Quais complicações a anorexia pode causar?

    A doença afeta praticamente todo o organismo. Entre as complicações estão desnutrição, perda muscular e óssea, alterações hormonais, problemas gastrointestinais e queda da imunidade.

    3. Como funciona a reintrodução alimentar?

    Ela deve ser gradual e planejada, com pequenas porções e alimentos de fácil digestão. Esse cuidado evita complicações como a síndrome da realimentação e ajuda a corrigir déficits de nutrientes essenciais.

    4. Quais nutrientes são prioritários no início do tratamento?

    Proteínas, carboidratos, vitaminas do complexo B, cálcio, ferro, zinco, potássio e magnésio, fundamentais para funções vitais como saúde óssea, imunidade e equilíbrio energético.

    5. Por que o medo de ganhar peso é um desafio na recuperação?

    Porque gera resistência ao tratamento. O nutricionista precisa mostrar que o ganho de peso significa recuperar saúde e qualidade de vida, e não perder o controle sobre o corpo.

    6. Quanto peso se recomenda ganhar por semana?

    O aumento deve ser gradual, entre 0,5 e 1 kg por semana, para reduzir riscos metabólicos e diminuir a ansiedade do paciente.

    7. Como o acompanhamento nutricional ajuda a evitar recaídas?

    Ele cria uma rotina alimentar equilibrada, identifica gatilhos emocionais e observa sinais precoces de recaída, permitindo intervenções rápidas.

    8. Qual é o papel da família no tratamento?

    Apoiar o paciente nas refeições, reduzir a tensão à mesa, incentivar a adesão ao plano alimentar e reconhecer sinais de recaída. Esse suporte aumenta significativamente as chances de recuperação.

    Leia também: Compulsão alimentar ou exagero pontual? Entenda as diferenças e quando procurar ajuda profissional

  • Compulsão alimentar ou exagero pontual? Entenda as diferenças e quando procurar ajuda profissional 

    Compulsão alimentar ou exagero pontual? Entenda as diferenças e quando procurar ajuda profissional 

    Comer mais do que o habitual em situações sociais é algo comum e faz parte da vida. Mas, quando a ingestão de grandes quantidades de comida acontece de forma repetida, rápida e acompanhada da sensação de perda de controle, o quadro pode ser bem diferente: trata-se da compulsão alimentar, um transtorno que vai além do exagero ocasional e que merece atenção profissional.

    De acordo com a nutricionista Fernanda Pacheco, é fundamental diferenciar os dois contextos. Segundo ela, a confusão é frequente, mas o impacto na vida de quem sofre com compulsão alimentar é muito maior, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. Vamos entender.

    O que é compulsão alimentar e como é diagnosticada

    A compulsão alimentar é caracterizada por episódios em que a pessoa consome grandes quantidades de comida em um curto espaço de tempo.

    “Essa ingestão é equivalente à que uma pessoa com características físicas semelhantes não comeria em contexto similar, acompanhada da sensação de perda de controle, ou seja, a pessoa sente que não consegue parar de comer”, adiciona Fernanda.

    Além da perda de controle, outro ponto marcante é o sofrimento emocional. Esses episódios de compulsão geralmente são seguidos de culpa, vergonha e sofrimento intenso, diferentemente de um exagero pontual em um evento social.

    Por ser um transtorno alimentar, a compulsão precisa de diagnóstico clínico, feito por um médico com base em critérios estabelecidos pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), que incluem:

    • Frequência: episódios ocorrem, em média, pelo menos uma vez por semana durante três meses;
    • Intensidade da ingestão: a quantidade de comida ingerida é significativamente maior do que o esperado para o contexto e vem acompanhada da sensação de perda de controle;
    • Impacto na vida pessoal, social e profissional: a compulsão não afeta apenas a relação com a comida, mas compromete rotinas, relacionamentos e até o desempenho no trabalho ou nos estudos.

    Esses três pontos mostram que a compulsão alimentar não é apenas um excesso pontual, mas um transtorno que causa sofrimento e exige acompanhamento especializado. Diferentemente de um exagero ocasional, a compulsão traz repercussões amplas e recorrentes, que vão além do ato de comer em si.

    Comer em excesso ocasionalmente é normal?

    É importante deixar claro que apenas “comer demais” não significa compulsão alimentar.

    “Comer em excesso em um evento social, como uma festa ou almoço de família, pode fazer parte da vida e não é considerado compulsão. A diferença central está no contexto: na compulsão, o ato de comer não está associado ao prazer social ou ao momento, mas a uma necessidade interna incontrolável.”

    Em situações sociais, exagerar pode acontecer, mas na maioria das vezes a rotina alimentar é retomada logo depois, sem impacto emocional relevante. Já no caso da compulsão, a pessoa carrega sentimentos de vergonha, tenta esconder o comportamento e, muitas vezes, se isola.

    Um bom critério é observar a proporção. Se todos à mesa estão comendo de forma semelhante, o exagero pode ser normal. Se a quantidade ingerida está muito além do padrão coletivo, é preciso atenção.

    Outro ponto central é a repetição. Enquanto comer em excesso em um jantar especial pode ser pontual, a compulsão se caracteriza por episódios que se repetem com frequência e que causam sofrimento significativo.

    “O comer em excesso ocasionalmente não tem essa frequência nem provoca o mesmo impacto”.

    Sintomas da compulsão alimentar: quando procurar ajuda profissional

    Nem sempre é fácil perceber que o que está acontecendo vai além de um simples exagero e passa a ser um transtorno alimentar. No entanto, alguns sintomas da compulsão alimentar são claros e devem acender o alerta:

    • Comer grandes quantidades mesmo sem sentir fome;
    • Vergonha do próprio comportamento e necessidade de comer escondido;
    • Sensação de perda de controle ao iniciar a refeição;
    • Esconder alimentos ou comer sozinho para que ninguém perceba;
    • Sofrimento emocional intenso após o episódio.

    “Esses sinais indicam que é hora de buscar ajuda profissional, pois a compulsão não é apenas falta de força de vontade, mas um transtorno de saúde”, explica Fernanda.

    Tratamento da compulsão alimentar: como é a abordagem do nutricionista?

    O tratamento da compulsão alimentar exige acolhimento e uma abordagem livre de julgamentos. O primeiro passo no atendimento é criar um espaço seguro para que o paciente consiga falar abertamente sobre suas dificuldades.

    “A partir daí, o profissional busca compreender os gatilhos que levam à compulsão, como situações emocionais ou padrões alimentares desorganizados”, acrescenta a especialista.

    Segundo ela, a estratégia não é impor restrições rígidas, mas ajudar a construir um padrão alimentar regular, com horários definidos e escolhas equilibradas, diminuindo os períodos de jejum que aumentam a vulnerabilidade a novos episódios.

    “Esse processo envolve também trabalhar a consciência alimentar e comer com atenção plena, estimulando o paciente a reconhecer sinais de fome e saciedade”.

    Entre as estratégias, estão:

    • Fracionamento das refeições ao longo do dia, evitando longos períodos em jejum;
    • Escolha de alimentos que promovem maior saciedade, como os ricos em fibras e proteínas;
    • Evitar dietas extremamente restritivas, que aumentam o risco de descontrole alimentar.

    “O objetivo é resgatar o prazer em comer, valorizando a experiência da refeição de forma consciente, o que ajuda a diminuir o comportamento automático de buscar comida como resposta imediata a tensões emocionais”, detalha a nutricionista.

    Para reduzir episódios de compulsão, é importante evitar dietas muito restritivas, que aumentam o risco de descontrole. Além disso, a base da alimentação deve incluir alimentos ricos em fibras, além de garantir boas fontes de proteína em cada refeição, o que contribui para maior saciedade e equilíbrio ao longo do dia.

    Fatores emocionais nem sempre são a causa da compulsão alimentar

    Embora os fatores emocionais sejam os mais evidentes, eles não são os únicos envolvidos. É fato que a compulsão alimentar está frequentemente associada a fatores emocionais, como ansiedade, tristeza, solidão ou estresse, que funcionam como gatilhos para os episódios.

    “No entanto, ela também pode estar relacionada a outros aspectos, como hábitos alimentares inadequados, longos períodos de jejum, desequilíbrios hormonais e até predisposição genética”, fala Fernanda

    Por isso, o tratamento desse transtorno alimentar é geralmente multidisciplinar, envolvendo nutricionistas, psicólogos e médicos. O objetivo é tratar tanto as consequências físicas quanto as origens emocionais do problema.

    Veja mais: Proteína para ganhar massa muscular: veja quanto você precisa por dia

    Perguntas e respostas sobre compulsão alimentar

    1. O que diferencia a compulsão alimentar de um simples exagero?

    A compulsão envolve episódios repetidos de ingestão de grandes quantidades de comida em pouco tempo, com perda de controle e sofrimento emocional. Já o comer em excesso ocasionalmente, como em festas, não tem essa frequência nem impacto.

    2. Quais critérios clínicos são usados para diagnosticar a compulsão alimentar?

    É considerado diagnóstico quando os episódios ocorrem ao menos uma vez por semana durante três meses, acompanhados de perda de controle e impacto na vida pessoal, social ou profissional.

    3. Quais sinais indicam que é hora de procurar ajuda profissional?

    Comer sem fome, sentir vergonha do comportamento, esconder alimentos, comer sozinho e sofrer emocionalmente após os episódios são sinais claros de alerta.

    4. Como o nutricionista atua no tratamento?

    O foco é acolher o paciente sem julgamentos, identificar gatilhos, organizar a rotina alimentar e trabalhar a consciência alimentar. O objetivo é reduzir o jejum prolongado, evitar restrições rígidas e resgatar uma relação saudável com a comida.

    5. Que ajustes alimentares ajudam a reduzir os episódios de compulsão?

    Manter refeições fracionadas ao longo do dia, incluir alimentos ricos em fibras, garantir boas fontes de proteína e evitar dietas muito restritivas, que aumentam o risco de descontrole.

    6. A compulsão alimentar sempre tem origem emocional?

    Não. Embora fatores como ansiedade, tristeza e estresse sejam comuns, o problema também pode estar ligado a hábitos alimentares inadequados, desequilíbrios hormonais ou predisposição genética.

    Leia também: Lanches práticos para levar para a academia: saiba como escolher os melhores

  • TOC não é só mania de limpeza: veja os sintomas reais do transtorno 

    TOC não é só mania de limpeza: veja os sintomas reais do transtorno 

    Quando você escuta alguém dizer “acho que tenho TOC porque gosto de tudo limpinho”, provavelmente essa pessoa está usando a expressão de forma equivocada. O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um problema de saúde mental sério, que gera sofrimento intenso e vai muito além da busca por organização.

    A neurologista Paula Dieckmann explica que TOC não é apenas gostar de tudo limpinho e organizado. “Muitas vezes as pessoas sabem que os comportamentos não fazem sentido algum, mas elas não conseguem parar”, conta.

    O que é TOC?

    O TOC é um transtorno psiquiátrico caracterizado por obsessões (pensamentos recorrentes, indesejados e intrusivos) e compulsões (rituais ou comportamentos repetitivos que a pessoa sente que precisa realizar).

    Embora as compulsões tragam um alívio temporário, logo toda aquela ansiedade retorna e gera um ciclo difícil de interromper. Esse transtorno afeta o dia a dia, os relacionamentos e a qualidade de vida da pessoa.

    Exemplos de rituais do TOC

    A neurologista explica que nem sempre o TOC se apresenta da mesma forma. Os rituais e pensamentos obsessivos variam de pessoa para pessoa, mas alguns exemplos são comuns:

    • Verificação exagerada: checar se a porta está trancada 10, 20 ou até 50 vezes;
    • Lavagem compulsiva: lavar as mãos repetidamente, muito além do necessário, por medo de contaminação;
    • Contagem e simetria: tocar ou contar objetos em ordem específica;
    • Rituais mentais: repetir frases ou pensamentos para evitar que algo ruim aconteça.

    O psiquiatra Luiz Dieckmann reforça que os conteúdos das obsessões podem variar.

    “Podem ser sobre infecção, simetria, medo de agir e machucar alguém ou a si mesmo. Mas o ponto central é que tudo isso gera sofrimento importante para a pessoa”.

    TOC não é exagero

    Chamar o TOC de “mania” ou “exagero” é não reconhecer a gravidade do problema.

    “TOC não é exagero, nem mania de organização. É um transtorno que gera sofrimento real, com pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos difíceis de controlar”, explica a neurologista.

    Confira: Psicoterapia: entenda quando é hora de começar

    Tratamento do TOC

    A boa notícia é que o TOC tem tratamento. As abordagens geralmente são:

    • Psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a reduzir obsessões e compulsões;
    • Remédios, como antidepressivos específicos, que podem equilibrar neurotransmissores e ajudar nas obsessões e compulsões;
    • Apoio familiar e social, fundamentais para acolher a pessoa e ajudar no processo de recuperação.

    Falar sobre o TOC é essencial para quebrar preconceitos e encorajar quem sofre a procurar ajuda. Quanto mais cedo o diagnóstico, menor é o sofrimento.

    Assista ao vídeo em que os especialistas contam mais sobre a condição: ver no Instagram

    Perguntas frequentes sobre TOC

    1. TOC é o mesmo que mania de limpeza?

    Não. O TOC pode até envolver comportamentos ligados à limpeza, mas é muito mais amplo. Envolve obsessões e compulsões que geram sofrimento e atrapalham a vida.

    2. Quem tem TOC percebe que algo está errado?

    Na maioria das vezes, sim. Muitas pessoas sabem que seus rituais são irracionais, mas não conseguem parar de repeti-los.

    3. O TOC tem cura?

    Não se fala em cura definitiva, mas o tratamento pode reduzir drasticamente os sintomas e melhorar muito a qualidade de vida.

    4. Crianças também podem ter TOC?

    Sim. O transtorno pode aparecer ainda na infância ou adolescência, e deve ser tratado desde cedo.

    5. O TOC é comum?

    Estima-se que entre 1% e 3% da população tenha TOC em algum momento da vida.

    6. O que acontece se o TOC não for tratado?

    Sem tratamento, os sintomas tendem a se agravar, causando maior sofrimento, prejuízo social, profissional e emocional.

    7. Quando procurar ajuda médica?

    Se obsessões e compulsões estão ocupando muito tempo do seu dia ou causando sofrimento intenso, é hora de buscar atendimento com um psiquiatra ou psicólogo.

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