Categoria: Prevenção & Longevidade

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  • Dormir mal prejudica a saúde do coração? Conheça os riscos

    Dormir mal prejudica a saúde do coração? Conheça os riscos

    Você já deve saber que a qualidade do sono é um dos principais pilares para manter o corpo funcionando — e que uma noite mal dormida não provoca só olheiras e mau humor.

    Na verdade, quando o sono é interrompido ou insuficiente com frequência, o corpo entra num modo de alerta constante, liberando hormônios como o cortisol e a adrenalina, que podem prejudicar o sistema cardiovascular e aumentar o risco de problemas cardíacos, como pressão alta e até infarto.

    Mas afinal, quantas horas devemos dormir por dia? Conversamos com uma especialista para esclarecer as principais dúvidas.

    Por que o sono é tão importante para a saúde do coração?

    A maior parte da regulação metabólica do organismo acontece durante o sono. Nesse período, o corpo entra em um estado de recuperação que permite que o coração e os vasos sanguíneos descansem e se regenerem. A atividade do sistema nervoso simpático diminui e o parassimpático assume, sendo ele responsável por manter o corpo em estado de repouso e recuperação.

    Como resultado, há uma redução natural da pressão arterial, os batimentos cardíacos ficam mais lentos e o sistema cardiovascular trabalha com menor esforço — o que é importante para evitar sobrecarga ao longo do tempo.

    Quando o sono não é de qualidade, o corpo não completa os ciclos de recuperação e ocorre uma desregulação entre os sistemas simpático e parassimpático. Assim, acontece a liberação constante de hormônios relacionados ao estresse, como adrenalina e cortisol, que mantêm a pressão arterial elevada e aumentam a carga de trabalho do coração. Com o tempo, isso favorece o desenvolvimento de hipertensão, arritmias e outras complicações cardiovasculares.

    Vale lembrar que o sono irregular não se limita apenas à redução de horas dormidas. De acordo com a cardiologista Juliana Soares, ele envolve um padrão inconsistente, que engloba tanto alterações na duração quanto nos horários de dormir e acordar — além das interrupções noturnas.

    Riscos do sono irregular para a saúde do coração

    Mesmo quando a quantidade total de sono parece suficiente, dormir em horários irregulares ou ter um sono fragmentado prejudica o sistema cardiovascular. O corpo depende de um ritmo constante de descanso para manter o equilíbrio hormonal e metabólico, e quando esse padrão é rompido, aumenta o risco de problemas como:

    • Aterosclerose: a irregularidade do sono está ligada ao acúmulo de placas de gordura nas artérias, processo conhecido como aterosclerose, de acordo com Juliana. As placas dificultam a passagem do sangue e aumentam o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC);
    • Alteração dos hormônios do estresse: a privação crônica de sono, seja pela má qualidade ou pela quantidade insuficiente, eleva os níveis de cortisol e adrenalina, hormônios que aumentam a pressão arterial e forçam o coração a trabalhar com mais intensidade. O esforço constante provoca desgaste dos vasos sanguíneos e favorece a hipertensão;
    • Inflamação e estresse contínuos: um sono ruim, curto, interrompido ou com horários desordenados impede que o corpo entre em seu estado de recuperação natural. Com isso, a pressão arterial não diminui durante a noite e há aumento de substâncias inflamatórias, como as citocinas, que danificam as artérias;
    • Impacto metabólico e hormonal: a falta de sono interfere na regulação da insulina e dos hormônios ligados à saciedade, o que pode levar ao ganho de peso, à obesidade e ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. Os fatores, em conjunto, ampliam significativamente o risco de doenças cardiovasculares.

    Os riscos são ainda maiores para pessoas que trabalham em turnos, de acordo com Juliana. Isso porque o corpo humano é regulado por um relógio biológico natural, conhecido como ciclo circadiano, que controla funções como o sono e a liberação hormonal. A melatonina, hormônio do sono, é produzida à noite, enquanto o cortisol, hormônio do estresse, tem pico pela manhã.

    Quando uma pessoa dorme em horários contrários ao ciclo biológico, ocorre um desequilíbrio nesses hormônios, comprometendo a pressão arterial, a glicemia e o metabolismo. A cardiologista complementa que o desequilíbrio favorece o surgimento de diabetes, obesidade, arritmias, hipertensão e aumenta o risco de infarto e AVC.

    Quantas horas dormir por dia?

    Cada pessoa possui um relógio biológico próprio e necessita de uma quantidade de sono específica. A liberação hormonal ocorre de acordo com o ritmo circadiano individual, que determina os períodos naturais de vigília e descanso do organismo.

    Mas, de forma geral, a National Sleep Foundation (Fundação Nacional do Sono), dos Estados Unidos, elaborou uma tabela com os períodos médios de sono recomendados para cada faixa etária:

    • Recém-nascidos: de 0 a 3 meses, 14 a 17 horas por dia (inclui cochilos). De 4 a 11 meses, 12 a 15 horas por dia;
    • Crianças pequenas: entre 1 e 2 anos, 11 a 14 horas por dia (sono noturno + cochilos);
    • Crianças: pré-escolar (3 a 5 anos): 10 a 13 horas/dia; escolar (6 a 13 anos): 9 a 11 horas/noite;
    • Adolescentes: 14 a 17 anos: 8 a 10 horas/noite;
    • Adultos: 18 a 64 anos: 7 a 9 horas/noite; a partir de 65 anos: 7 a 8 horas/noite.

    Além da duração, Juliana ressalta que a regularidade dos horários de dormir e acordar também é importante, pois ajuda a manter o equilíbrio hormonal e o bom funcionamento do sistema cardíaco.

    O sono, mesmo que não seja muito longo, precisa ser restaurador, isto é, deve permitir que o corpo complete seus ciclos naturais de descanso. Uma pessoa com sono de qualidade acorda sentindo-se disposta, com a mente alerta e o corpo relaxado, e não deve sentir sonolência excessiva durante o dia.

    Como saber se dormir mal está prejudicando a saúde?

    Diversos sinais podem indicar que o sono insuficiente ou irregular está impactando o organismo, e Juliana aponta os principais:

    • Acordar com sensação de cansaço;
    • Sonolência excessiva durante o dia;
    • Dificuldade de concentração;
    • Lapsos de memória;
    • Irritabilidade;
    • Ronco alto ou pausas na respiração durante o sono;
    • Dores de cabeça ao despertar;
    • Aumento da pressão arterial.

    Se os sintomas persistirem, é recomendado procurar um médico, pois além de prejudicar a qualidade de vida, o sono de má qualidade pode comprometer seriamente a saúde do coração.

    Confira: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde

    Perguntas frequentes

    1. Roncar é sempre sinal de problema cardíaco?

    Nem sempre, mas o ronco pode indicar apneia do sono, especialmente quando é alto e acompanhado de pausas na respiração. A apneia interfere na oxigenação e mantém o corpo em alerta durante a noite, o que impede o descanso adequado do coração e dos vasos sanguíneos.

    Quando o oxigênio no sangue cai repetidamente, o sistema nervoso reage liberando adrenalina e aumentando a pressão arterial. O processo se repete várias vezes ao longo da noite, sobrecarregando o coração e elevando o risco de hipertensão, arritmias, infarto e AVC.

    Por isso, o ronco persistente, principalmente se vier acompanhado de sonolência diurna, cansaço excessivo, dores de cabeça ao acordar ou pausas observadas na respiração, deve ser avaliado por um médico.

    2. O que é considerado um sono de qualidade?

    Um sono de qualidade deve ser contínuo (sem interrupções), profundo e restaurador. A pessoa acorda com sensação de descanso, sem sonolência excessiva durante o dia.

    No sono adequado, o corpo completa todas as fases, incluindo o sono profundo e o REM, que são fundamentais para o equilíbrio hormonal, a recuperação muscular e o funcionamento cardiovascular.

    3. O que é o ciclo circadiano?

    O ciclo circadiano é o relógio interno que regula o sono, a temperatura corporal, a liberação de hormônios e o metabolismo — e ele se ajusta à luz e à escuridão do ambiente. Quando existe um desajuste, como em quem trabalha à noite ou dorme em horários variados, o corpo perde o ritmo natural e os hormônios do sono e do estresse se desregulam, prejudicando o coração.

    4. Como o sono ruim afeta o metabolismo?

    A falta de sono reduz a sensibilidade à insulina e eleva a glicose no sangue, o que facilita o ganho de peso e aumenta o risco de diabetes. O metabolismo de gorduras também sofre alterações significativas, com aumento do colesterol ruim (LDL) e redução do colesterol bom (HDL). Esse desequilíbrio favorece o acúmulo de gordura nas artérias e eleva o risco de aterosclerose.

    Com o tempo, o corpo passa a responder de forma menos eficiente aos processos metabólicos, o que impacta diretamente a saúde do coração e o controle da pressão arterial.

    5. Praticar exercícios físicos ajuda a dormir melhor?

    Com certeza! A prática regular de atividade física ajuda a regular o sono, melhora a circulação, reduz o estresse e controla o peso corporal. Exercícios aeróbicos, como caminhada, natação e ciclismo, por exemplo, estimulam a liberação de endorfina e serotonina, que ajudam o corpo a relaxar.

    Porém, é importante evitar treinos intensos nas horas próximas de dormir, pois eles podem manter o corpo em estado de alerta e dificultar o sono.

    6. Como tratar a insônia?

    O tratamento da insônia depende da causa, mas normalmente envolve mudanças de comportamento e hábitos de sono. O primeiro passo é a higiene do sono, que consiste em manter horários regulares para dormir e acordar, evitar cafeína e bebidas alcoólicas à noite, desligar telas antes de deitar e criar um ambiente escuro e silencioso no quarto.

    Quando as medidas não são suficientes, o médico pode indicar terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a controlar pensamentos e comportamentos que atrapalham a pessoa de dormir bem.

    Em casos específicos, podem ser usados medicamentos para indução do sono por um período curto, sempre com prescrição médica.

    Leia mais: Insônia na menopausa: 4 medidas para melhorar o sono

  • Qual a diferença entre mamografia e ultrassom das mamas?

    Qual a diferença entre mamografia e ultrassom das mamas?

    O câncer de mama é o tipo de tumor mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois apenas do câncer de pele não melanoma. Por esse motivo, a partir de uma determinada idade, é recomendado manter uma rotina de exames de rastreamento, uma vez que o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de um tratamento eficaz e de cura.

    Entre os exames de imagem disponíveis, os mais conhecidos são mamografia e ultrassom das mamas, cada um com suas indicações e limitações específicas. Para entender as diferenças entre eles e quando é necessário realizar cada um, conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza.

    O que é mamografia e para que serve?

    A mamografia é um exame de imagem realizado por meio de raios-X de baixa dose, capaz de identificar alterações muito pequenas na mama, mesmo antes de serem palpáveis, como nódulos, cistos, microcalcificações e alterações nos tecidos mamários.

    De acordo com Andreia Sapienza, a mamografia é considerada o padrão-ouro para o rastreamento do câncer de mama, pois é o único exame que comprovadamente reduz a mortalidade da doença em estudos de longo prazo.

    Isso significa que, quando realizada de forma regular, a mamografia aumenta as chances de detectar tumores em estágios iniciais, quando o tratamento costuma ser mais eficaz e menos agressivo.

    Como a mamografia é feita?

    Durante a mamografia, o aparelho faz imagens das mamas usando raio-X. Para isso, cada mama é colocada no equipamento e levemente pressionada por alguns segundos, o que ajuda a deixar o tecido mais visível. A etapa pode ser um pouco incômoda e dolorosa, mas dura poucos minutos.

    Todo o processo costuma durar de 10 a 15 minutos. Depois, as imagens são avaliadas pelo médico radiologista, que verifica se existe alguma alteração nas mamas que precise de investigação. Quando há suspeita, pode ser indicada uma biópsia para confirmar o diagnóstico.

    O que é o ultrassom das mamas e quando ele é indicado?

    O ultrassom das mamas é um exame que utiliza ondas sonoras (sem radiação) para produzir imagens internas da mama. Ele é totalmente indolor e pode ser feito em qualquer idade.

    De acordo com Andreia Sapienza, o ultrassom é mais útil em mulheres jovens, que possuem mamas densas — ou seja, com mais tecido glandular e menos gordura. Nessas situações, a mamografia pode ter limitações na visualização de algumas áreas, e o ultrassom ajuda a complementar o diagnóstico.

    Além disso, o ultrassom é indicado para:

    • Investigar nódulos palpáveis que não aparecem na mamografia;
    • Avaliar cistos e diferenciar se uma alteração é sólida ou líquida;
    • Complementar o rastreamento em casos de mamas densas;
    • Acompanhar próteses mamárias.

    No entanto, é importante destacar: o ultrassom não substitui a mamografia.

    Como a ultrassom das mamas é feita?

    A ultrassonografia das mamas é um exame rápido e indolor. A mulher deita em uma maca, normalmente de barriga para cima e com os braços apoiados atrás da cabeça, para facilitar o acesso às mamas.

    Depois, o médico aplica um gel transparente sobre a pele, que ajuda na transmissão das ondas de som. Com um aparelho chamado transdutor, ele desliza sobre a mama e também sobre a região das axilas, gerando imagens em tempo real em uma tela.

    O exame dura em média de 10 a 20 minutos e não envolve radiação, sendo considerado totalmente seguro para qualquer mulher.

    Mamografia x ultrassom das mamas: quais as principais diferenças?

    Característica Mamografia Ultrassom das mamas
    Tipo de imagem Raios-X (baixa dose) Ondas sonoras de alta frequência (sem radiação)
    Indicação Mulheres a partir dos 40 anos (rastreamento anual ou bienal) Mulheres jovens (abaixo de 40) e complemento em mamas densas
    O que detecta Microcalcificações, muitas vezes primeiro sinal de câncer inicial Natureza de nódulos: sólido (potencialmente maligno) ou cístico (geralmente benigno)
    Função principal Rastreamento (detecção precoce em assintomáticas). Único exame com redução comprovada de mortalidade Diagnóstico complementar e avaliação de nódulos/cistos. Rastreamento auxiliar em mamas densas

    De acordo com Andreia Sapienza, a melhor estratégia é a associação dos dois exames, especialmente em mulheres com mamas densas. A mamografia atua no rastreamento, e o ultrassom complementa em casos de achados duvidosos.

    A partir de que idade devo começar a fazer mamografia?

    A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a realização de mamografia anual a partir dos 40 anos de idade. Já o Ministério da Saúde, por meio do SUS, atualizou recentemente seus protocolos e definiu faixas etárias com orientações diferentes:

    • 40 a 49 anos: acesso garantido ao exame, mas sem rastreamento populacional obrigatório. Nessa faixa, a mamografia é feita “sob demanda”, quando há vontade da paciente e indicação médica;
    • 50 a 74 anos: rastreamento populacional bienal, a cada dois anos, mesmo sem sinais ou sintomas;
    • Acima de 74 anos: decisão individualizada, considerando comorbidades e expectativa de vida.

    Antes da mudança, o protocolo oficial do SUS previa mamografia apenas entre 50 e 69 anos, também a cada dois anos, o que deixava de fora mulheres mais jovens que poderiam se beneficiar do rastreamento antecipado.

    Além disso, de acordo com Andreia, mulheres com histórico familiar de câncer de mama em parentes de primeiro grau, como mãe ou irmã, devem iniciar a mamografia 10 anos antes da idade em que a doença foi diagnosticada no familiar.

    De acordo com o Ministério da Saúde, 22,6% dos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres entre 40 e 49 anos.

    A radiação da mamografia é perigosa?

    Segundo Andreia, a dose utilizada na mamografia é mínima e não representa risco para as pacientes. O cuidado maior é para os profissionais de saúde, que lidam diariamente com a radiação e, por isso, utilizam aventais de chumbo e protocolos de proteção.

    E a ressonância magnética das mamas, é recomendada?

    A ressonância magnética das mamas é um exame de imagem avançado, que utiliza um campo magnético e ondas de rádio para gerar imagens detalhadas do tecido mamário. Diferente da mamografia, ela não envolve radiação, e, ao contrário do ultrassom, consegue mostrar com mais precisão a vascularização e as características internas de possíveis lesões.

    Por ser mais caro e exigir preparo específico (como o uso de contraste endovenoso), a ressonância não é indicada como exame de rotina para todas as mulheres. Ela tem papel importante em situações muito específicas, como:

    • Mulheres com alto risco genético;
    • Avaliação de próteses;
    • Esclarecimento de achados inconclusivos em outros exames.

    No entanto, como explica Andreia, a ressonância não substitui a mamografia, pois não há evidências de que reduza a mortalidade. Ela deve ser indicada apenas em casos selecionados.

    Veja também: Ozempic e similares podem reduzir risco de câncer ligado à obesidade?

    Perguntas frequentes

    1. Qual exame é mais confiável para detectar o câncer de mama?

    O exame mais confiável para detectar o câncer de mama é a mamografia, porque é o único que mostrou, em estudos de longo prazo, a capacidade de reduzir a mortalidade pela doença. Ela consegue identificar alterações muito pequenas, como microcalcificações, que podem ser sinais iniciais de câncer ainda invisíveis ao toque ou a outros exames.

    2. A mamografia dói?

    A mamografia pode causar desconforto porque a mama precisa ser comprimida durante alguns segundos para que a imagem seja captada com clareza. A compressão é necessária para achatar o tecido mamário e permitir a detecção de pequenas alterações.

    Algumas mulheres relatam dor, mas na maioria das vezes é apenas de um incômodo rápido. O desconforto pode ser maior em quem tem mamas mais sensíveis, especialmente no período pré-menstrual, mas não há nenhum risco associado ao procedimento.

    3. Grávidas e lactantes podem fazer mamografia?

    Durante a gestação, a mamografia não é recomendada por envolver radiação, mesmo em doses muito baixas. Nessa fase, quando há necessidade de investigar alguma alteração, o ultrassom é o exame mais seguro e utilizado pelos médicos.

    No caso das mulheres que estão amamentando, a mamografia pode ser realizada se houver indicação médica, sem oferecer riscos para a mãe ou para o bebê e sem necessidade de interromper a amamentação. No entanto, a interpretação das imagens pode ser dificultada devido ao aumento da densidade mamária.

    Por isso, em algumas situações, o médico pode optar também pelo ultrassom das mamas como exame complementar.

    4. Qual é a frequência ideal para repetir a mamografia?

    A frequência depende da idade e do protocolo seguido. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda o exame anual a partir dos 40 anos. O Ministério da Saúde, por meio do SUS, recomenda a cada dois anos entre 50 e 74 anos.

    Mulheres de 40 a 49 anos podem fazer sob demanda, quando há indicação médica. Já mulheres com risco aumentado, por histórico familiar ou fatores genéticos, podem precisar de intervalos menores, sempre definidos pelo médico.

    Veja também: Câncer de mama: o que é, sintomas, causa e como identificar

  • Câncer: quais os principais fatores de risco?

    Câncer: quais os principais fatores de risco?

    O câncer é uma das principais causas de morte em todo o mundo: a cada ano 8,2 milhões de pessoas morrem devido à doença. Ela é resultado de uma combinação de fatores internos, como predisposição genética, condições imunológicas e alterações hormonais, e de fatores externos, como poluição, tabagismo, radiação e exposição a agentes infecciosos.

    Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% dos casos de câncer estão associados a fatores externos. Isso significa que, em grande parte, a doença está ligada a comportamentos e exposições ambientais que podem ser evitados ou controlados.

    Mas o que é um fator de risco?

    Um fator de risco é qualquer característica, exposição ou hábito que aumenta a chance de uma pessoa saudável desenvolver uma doença. Eles podem ser ambientais, hereditários ou comportamentais.

    Vale lembrar que um mesmo fator pode aumentar o risco de várias doenças ao mesmo tempo. O tabagismo e a obesidade, por exemplo, estão relacionados não apenas ao câncer, mas também a doenças cardiovasculares e respiratórias.

    Além disso, nem sempre a exposição a um fator de risco resulta em câncer imediato. Muitas vezes, os efeitos só aparecem após anos de exposição contínua, como no caso do tabaco, da radiação solar ou da poluição.

    Quais os fatores de risco do câncer?

    Poluição e exposição ambiental

    A poluição atmosférica é um dos maiores problemas da saúde pública no Brasil. Ela contém uma série de substâncias cancerígenas, como material particulado fino, óxidos de nitrogênio e compostos voláteis.

    Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) publicado na revista Environmental Research, por exemplo, apontou que uma hora de trânsito em São Paulo equivale a fumar cinco cigarros.

    Além da poluição do ar, a exposição constante a fumaça, vapores e gases tóxicos pode causar irritação nas vias respiratórias, reduzir a capacidade pulmonar e aumentar as chances de desenvolver câncer de pulmão.

    Então, mesmo pessoas que nunca fumaram, mas trabalham em ambientes de trabalho com presença de produtos químicos, poeiras industriais, metais pesados ou solventes, estão vulneráveis a danos respiratórios significativos ao longo do tempo.

    Alimentação não saudável

    De acordo com pesquisas, 60% a 70% dos casos de câncer estão diretamente relacionados ao estilo de vida — incluindo uma alimentação inadequada. O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, que são ricos em açúcares, gorduras, aditivos químicos e conservantes, favorece o aumento da inflamação no organismo e o risco de mutações celulares.

    Isso porque eles passam por processos industriais que modificam suas propriedades naturais, liberando substâncias nocivas que podem comprometer a saúde intestinal e favorecer o aparecimento de tumores.

    O oncologista Thiago Chadid também destaca a dieta pobre em fibras como fator de risco, uma vez que as fibras alimentam a microbiota intestinal, que, equilibrada, atua como fator protetivo contra neoplasias. Para adultos saudáveis, a recomendação é consumir de 25 g a 30 g de fibras por dia — o equivalente a, no mínimo, cinco porções de frutas e vegetais.

    Fatores genéticos

    A herança genética é responsável por apenas 5% a 10% de todos os casos de câncer, de acordo com o Ministério da Saúde. No entanto, quando mutações genéticas específicas estão presentes em uma família, o risco pode ser muito elevado.

    As alterações podem comprometer os mecanismos naturais de reparo do DNA ou dificultar a detecção precoce de células tumorais, permitindo que mutações evoluam para câncer.

    Normalmente, casos de câncer hereditário apresentam histórico familiar de diagnósticos em diferentes gerações. Hoje, existem testes genéticos que permitem identificar mutações associadas, como os genes BRCA1 e BRCA2 no câncer de mama e ovário.

    Radiação

    A radiação faz parte do dia a dia e pode ter efeitos diferentes no corpo, dependendo do tipo e da intensidade da exposição.

    As radiações ionizantes, como os raios X e a radioatividade, são as que merecem maior atenção. Elas possuem energia suficiente para alterar o DNA das células, o que, segundo o Ministério da Saúde, eleva o risco de desenvolver câncer.

    Por outro lado, as radiações não ionizantes (como a solar) não têm a mesma capacidade de alterar os átomos – mas podem causar danos a longo prazo quando em excesso. A exposição prolongada ao sol, por exemplo, é o principal fator de risco para o câncer de pele, o tipo de câncer mais comum no Brasil e no mundo, representando cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país.

    Contaminação ambiental

    Quando ocorre uma contaminação ambiental, o ar, a água, o solo ou até os alimentos podem ser afetados por substâncias tóxicas, como metais pesados, agrotóxicos, resíduos industriais, esgoto ou radiação. Ao serem inaladas, elas podem causar danos e alterações genéticas nas células dos pulmões, facilitando o surgimento do câncer de pulmão.

    O oncologista Thiago Chadid relembrou um caso que ocorreu em Paulínia, em São Paulo, após vazamentos de refinaria, que resultaram em contaminação do solo e da água. Os moradores da região apresentaram aumento de casos de câncer hematológico e de tumores sólidos.

    Nesses casos, a exposição a poluentes ambientais é difícil de medir e muitas vezes só é detectada após anos de convivência em áreas afetadas.

    Obesidade

    De acordo com o Ministério da Saúde, o sobrepeso, obesidade e ganho de peso na fase adulta estão associados a diversos tipos de câncer, incluindo mama, próstata, rim, intestino e ovário.

    O excesso de gordura corporal provoca resistência à insulina, inflamação crônica, alteração na produção hormonal e outros processos que favorecem mutações celulares. Ele também compromete a resposta imunológica, diminuindo a capacidade do corpo de identificar e eliminar células tumorais.

    Álcool

    O álcool é classificado como uma substância cancerígena pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC). O risco de desenvolver a doença aumenta conforme cresce o consumo — e não existe uma dose considerada segura. Ele está associado a diferentes tipos de câncer, como os de boca, faringe, esôfago, estômago, intestino, fígado e pulmão.

    Isso acontece porque o etanol, presente em todas as bebidas alcoólicas, é transformado no corpo em uma substância chamada acetaldeído, que é altamente tóxica e cancerígena. Ela ataca diretamente o DNA das células, causando danos e mutações que podem levar ao crescimento descontrolado de um tumor. Inclusive, Thiago ressalta que mesmo beber “socialmente” pode ser prejudicial.

    Agrotóxicos

    Os agrotóxicos são substâncias químicas, físicas ou biológicas usadas para controlar pragas, doenças e plantas daninhas em lavouras, pastagens e outros ecossistemas. Apesar do uso regulado por lei no Brasil, estudos científicos apontam que a exposição está associada a diversos tipos de câncer, como leucemia, linfoma não-Hodgkin, câncer de cérebro, de mama, de próstata e digestivo.

    De acordo com Thiago, o risco depende especialmente do tipo de substância, da forma de contato e até da fruta consumida. Frutas de casca fina, como morangos, tendem a acumular mais resíduos, enquanto as de casca grossa apresentam menor risco, por exemplo.

    Sedentarismo

    O sedentarismo favorece a obesidade, reduz a imunidade e aumenta processos inflamatórios no organismo, sendo um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento de câncer.

    Desse modo, é indispensável limitar hábitos sedentários, como assistir à televisão e usar por muito tempo o celular, e adotar mais atividades físicas no dia a dia. Elas ajudam a equilibrar os hormônios, fortalecer a imunidade, melhorar o funcionamento do intestino e controlar o peso.

    A recomendação geral é de pelo menos 30 minutos de exercício moderado por dia, mas mesmo em menor tempo já traz benefícios para a saúde e para a prevenção do câncer. O mais importante é se manter ativo, escolhendo uma atividade que você goste de praticar.

    Tabagismo

    O tabagismo é a principal causa evitável de câncer no mundo. Ele está ligado a mais de 15 tipos de câncer, incluindo pulmão, boca, esôfago, estômago e bexiga.

    A fumaça do cigarro contém mais de 7 mil substâncias tóxicas, muitas delas comprovadamente cancerígenas. O tabagismo passivo também representa risco, já que não fumantes expostos à fumaça inalam as mesmas toxinas.

    Infecções

    Alguns vírus e bactérias estão diretamente associados ao câncer, como é o caso do Papilomavírus Humano (HPV), responsável por até 70% dos casos de câncer do colo do útero. Além dele, outros agentes infecciosos também representam riscos, como os vírus da hepatite B e C, associados ao câncer de fígado, e a bactéria Helicobacter pylori, ligada ao câncer de estômago.

    Nesses casos, a vacinação contra HPV e hepatite, que está disponível gratuitamente no SUS, é a medida mais eficaz de prevenção. Manter exames de rotina também é fundamental para detectar lesões precocemente.

    É possível prevenir o câncer?

    Nem todos os casos de câncer podem ser evitados, mas cerca de 60% a 70% poderiam ser prevenidos com mudanças de hábitos. Isso implica não fumar, manter o peso corporal adequado, praticar atividades físicas, ter uma alimentação equilibrada e rica em frutas e vegetais, evitar o consumo de álcool e proteger-se da exposição solar.

    Ah, e também é fundamental realizar exames de rastreamento, como mamografia, papanicolau e colonoscopia, que aumentam as chances de diagnóstico precoce. Detectar a doença em estágios iniciais contribui para um tratamento mais eficaz e aumenta as chances de cura.

    Veja mais: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

    Perguntas frequentes

    1. Se meus pais tiverem câncer, eu também terei?

    Não necessariamente, pois apenas 5% a 10% dos casos de câncer estão ligados a fatores genéticos herdados. Isso significa que ter histórico familiar aumenta o risco, mas não garante que a doença vai se manifestar.

    Muitas vezes, hábitos de vida saudáveis, como alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares e abandono do tabagismo, podem neutralizar parte da predisposição. Testes genéticos também podem identificar mutações específicas e auxiliar na prevenção personalizada.

    2. Radiação de exames médicos aumenta o risco de câncer?

    Exames como radiografias e tomografias utilizam radiação ionizante em doses muito baixas, geralmente seguras quando feitas sob indicação médica. No entanto, a exposição excessiva e repetida pode acumular riscos. Por isso, médicos avaliam a real necessidade de cada exame antes de solicitar.

    3. Existe uma quantidade segura de álcool para consumo?

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde, não existe dose segura de álcool. Mesmo pequenas quantidades aumentam o risco de câncer, em especial de boca, garganta, esôfago, fígado e intestino.

    O consumo combinado com tabaco potencializa ainda mais os efeitos cancerígenos. Portanto, a recomendação mais segura é reduzir ao máximo ou evitar completamente o consumo de bebidas alcoólicas.

    4. O estresse pode causar câncer?

    O estresse em si não é considerado um fator de risco direto para o câncer. No entanto, o estresse crônico pode enfraquecer o sistema imunológico, aumentar a inflamação no organismo e induzir comportamentos de risco, como má alimentação, tabagismo, abuso de álcool e sedentarismo, que, por sua vez, aumentam a probabilidade da doença.

    Portanto, ainda que indiretamente, o estresse pode contribuir para um ambiente mais favorável ao surgimento da doença.

    5. O câncer é contagioso?

    Não, o câncer não é uma doença transmissível de uma pessoa para outra. O que pode ser transmitido são os vírus e bactérias que aumentam o risco da doença, como o HPV e o vírus da hepatite. Por isso, vacinas e cuidados com a saúde sexual são medidas importantes de prevenção. Mas o tumor em si, as células cancerígenas, não são contagiosas em nenhuma circunstância.

    6. O bronzeamento artificial em câmaras aumenta o risco de câncer?

    Com certeza! As câmaras de bronzeamento artificial emitem radiação ultravioleta em níveis muito superiores aos encontrados no sol, de modo que a exposição intensa e concentrada danifica o DNA das células da pele, aumentando significativamente o risco de câncer de pele, especialmente o melanoma, que é a forma mais agressiva da doença.

    Por isso, a utilização, o fabrico e a comercialização de câmaras de bronzeamento artificial são proibidos no Brasil desde 2009 pela Anvisa.

    Veja também: Câncer ocupacional: o que é e quais as profissões de risco?

  • Suplemento alimentar: o que é, para que serve e quando tomar

    Suplemento alimentar: o que é, para que serve e quando tomar

    Indicados para complementar a alimentação e equilibrar o consumo de nutrientes, os suplementos alimentares fornecem vitaminas, minerais, proteínas e outras substâncias que nem sempre são ingeridas em quantidade suficiente na rotina.

    Com o uso correto e indicado por um profissional da saúde, eles podem melhorar a disposição, fortalecer a imunidade, apoiar o desempenho físico e até corrigir deficiências nutricionais.

    No entanto, são necessários alguns cuidados antes de começar qualquer suplementação — o que inclui entender quando ela realmente é necessária e como utilizá-la da forma mais segura.

    Afinal, o que é um suplemento alimentar?

    Um suplemento alimentar é um produto formulado para complementar a dieta e fornecer nutrientes que, por algum motivo, não estão sendo ingeridos em quantidade suficiente. Ele pode conter vitaminas, minerais, proteínas, fibras, aminoácidos, enzimas ou outras substâncias com valor nutricional.

    Os suplementos podem ser encontrados em várias formas, como cápsulas, comprimidos, pó, líquidos ou gomas — e são utilizados tanto por pessoas com carências nutricionais quanto por quem busca melhorar o desempenho físico, fortalecer a imunidade ou manter o equilíbrio do organismo.

    Apesar de úteis, os suplementos não substituem uma alimentação equilibrada, eles apenas complementam a dieta quando há uma necessidade comprovada. Somente um especialista pode indicar o uso, o tipo adequado e a dose segura.

    Para que serve?

    A principal função do suplemento alimentar é complementar a nutrição e ajudar o corpo a atingir suas necessidades diárias de nutrientes. Assim, ele pode ser utilizado para:

    Corrigir deficiências de vitaminas e minerais;

    Melhorar a recuperação muscular após exercícios;

    Apoiar o sistema imunológico;

    Aumentar a disposição e o foco;

    Ajudar na manutenção do peso corporal, quando associado a uma dieta balanceada.

    Em casos específicos, como gestação, lactação, envelhecimento ou dietas restritivas (como vegetarianismo ou veganismo), o uso de suplementos pode ser necessário para evitar carências nutricionais.

    Tipos de suplemento alimentar

    Os suplementos alimentares são divididos em categorias com base em sua composição e finalidade, sendo os principais:

    Suplementos vitamínicos e minerais: fornecem micronutrientes essenciais, como ferro, cálcio, magnésio, zinco e vitaminas do complexo B, C, D e E. São indicados para quem tem deficiências comprovadas ou dificuldade em manter uma dieta variada;

    Suplementos proteicos: são os mais conhecidos entre quem pratica atividades físicas. O whey protein, por exemplo, é uma fonte concentrada de proteína que ajuda na reconstrução e no crescimento muscular. Há também versões vegetais, como proteína de ervilha e arroz;

    Suplementos energéticos e de performance: contêm substâncias que aumentam a energia e melhoram o rendimento físico, como creatina, cafeína, BCAA e maltodextrina. Devem ser usados com cautela, já que o excesso pode causar efeitos indesejados, como taquicardia e insônia;

    Suplementos naturais e fitoterápicos: feitos com ingredientes de origem vegetal, como cúrcuma, gengibre, ginseng e maca peruana. Podem ajudar na imunidade, na disposição e no controle hormonal. Mesmo sendo naturais, também exigem acompanhamento profissional;

    Suplementos de fibras e probióticos: ajudam na digestão, no controle do colesterol e na saúde intestinal. Fibras solúveis, como a aveia e o psyllium, e probióticos com lactobacilos são exemplos bastante usados.

    Qual a diferença entre suplemento e medicamento?

    A diferença entre o suplemento e o medicamento está na forma como cada um age no organismo.

    O suplemento alimentar é usado para complementar a dieta e prevenir deficiências nutricionais. Ele atua de forma mais leve, sem objetivo de curar doenças;

    O medicamento, por outro lado, tem função terapêutica, sendo indicado para tratar, curar ou controlar doenças e condições de saúde, com composição e dosagem controladas.

    Outra diferença é que os medicamentos passam por testes clínicos rigorosos antes da comercialização, enquanto os suplementos seguem normas específicas da Anvisa, mas sem exigência de comprovação de eficácia terapêutica.

    Quando o suplemento alimentar é indicado?

    De acordo com a nutricionista Serena Del Favero, o uso de suplementos é indicado quando a alimentação sozinha não consegue suprir todas as necessidades nutricionais do corpo. Isso pode acontecer em várias situações, como:

    Deficiências nutricionais comprovadas por exames, como falta de vitamina B12, vitamina D ou ferro;

    Dietas restritivas, como vegetarianas ou veganas, que podem levar à carência de ferro e B12;

    Condições de saúde que comprometem a absorção de nutrientes, como a doença de Crohn e outros distúrbios intestinais;

    Gestação e amamentação, períodos em que o corpo exige mais nutrientes, como ácido fólico, ferro e cálcio;

    Atividade física intensa, quando há necessidade de repor proteínas, carboidratos e eletrólitos perdidos no treino;

    Idade avançada, fase em que o organismo absorve menos cálcio e vitamina D, aumentando o risco de osteoporose.

    “Nesses contextos, a suplementação ajuda a prevenir ou corrigir carências, sempre como complemento a uma alimentação equilibrada e sob orientação profissional”, explica a especialista.

    ⁠Como o nutricionista avalia a real necessidade de um suplemento?

    Na prática clínica, Serena explica que o nutricionista avalia a necessidade de suplementação de forma criteriosa, considerando sinais e sintomas clínicos, resultados de exames laboratoriais, hábitos alimentares e o contexto individual de cada paciente.

    “A prioridade é sempre ajustar a dieta para suprir as necessidades nutricionais, utilizando suplementos apenas como recurso complementar quando a alimentação, sozinha, não é suficiente”, esclarece.

    Crianças e idosos podem usar suplementos?

    Crianças e idosos podem usar suplementos, mas somente com indicação médica ou nutricional. Em crianças, a suplementação é indicada apenas quando há deficiências comprovadas por exames ou condições específicas que dificultam a absorção de nutrientes.

    Em muitos casos, uma alimentação variada e colorida já é suficiente para suprir o que o organismo precisa durante o crescimento.

    Nos idosos, o uso de suplementos é mais frequente, pois com o passar do tempo o corpo absorve menos nutrientes, especialmente cálcio, vitamina D, B12 e ferro. O apetite também tende a diminuir e certas doenças crônicas podem interferir na digestão e no aproveitamento dos alimentos.

    Mas, lembre-se: tanto em crianças quanto em idosos, o uso deve ser individualizado e sempre acompanhado por um profissional de saúde!

    Existe risco em usar suplemento sem orientação?

    O uso de suplementos sem orientação de um profissional de saúde, como médico ou nutricionista, pode ser arriscado. O uso excessivo de vitaminas e minerais, por exemplo, pode sobrecarregar o fígado e os rins, causar intoxicação e provocar desequilíbrios no organismo.

    “A ideia de que ‘quanto mais, melhor’ não se aplica à nutrição, pois o corpo precisa de um equilíbrio. Um consumo exagerado pode levar a quadros de toxicidade, que são tão prejudiciais quanto às deficiências”, diz a nutricionista.

    Além disso, certos suplementos podem interagir com medicamentos, reduzir o efeito de tratamentos em andamento ou até mascarar sintomas de doenças, dificultando o diagnóstico correto.

    Para completar, Serena aponta que muitos produtos no mercado não são regulamentados, o que aumenta o risco de contaminação com substâncias não declaradas. Por isso, a supervisão de um especialista é crucial para garantir a segurança e a eficácia da suplementação.

    Suplementos alimentares funcionam para emagrecer?

    Nenhum suplemento é responsável, por si só, pela perda de peso. Contudo, alguns podem ajudar como apoio dentro de um plano alimentar equilibrado, como termogênicos (como cafeína e chá-verde), fibras solúveis e proteínas em pó — normalmente indicados para essa finalidade.

    Os termogênicos aumentam levemente o gasto calórico, as fibras ajudam a prolongar a saciedade e as proteínas mantêm a massa magra durante o emagrecimento. No entanto, o efeito só aparece quando há déficit calórico, ou seja, quando a pessoa consome menos calorias do que gasta.

    Usar suplementos sem reeducação alimentar e acompanhamento profissional não traz resultados duradouros e pode ser perigoso para a saúde. Um emagrecimento saudável depende de alimentação equilibrada, atividade física regular e sono de qualidade.

    Suplementos não substituem uma alimentação saudável

    O mais importante é entender que o suplemento alimentar deve ser utilizado como um complemento, não um substituto. A alimentação continua sendo a principal fonte de energia, vitaminas e minerais que o corpo precisa para funcionar bem. Nenhum produto industrializado consegue reproduzir a complexidade e a combinação natural de nutrientes presentes em frutas, verduras, legumes, grãos e proteínas.

    O suplemento apenas é considerado quando a dieta não dá conta sozinha — por exemplo, em pessoas com deficiências nutricionais, restrições alimentares ou necessidades específicas, como atletas e gestantes. Mesmo nesses casos, ele deve ser usado com orientação profissional e sempre aliado a uma rotina alimentar equilibrada.

    Por isso, antes do uso de qualquer suplemento, marque uma consulta com um nutricionista ou médico para avaliar o real estado nutricional e identificar se há necessidade de suplementação.

    Veja também: O que acontece no corpo quando falta vitamina A

    Perguntas frequentes sobre suplemento alimentar

    1. Todo mundo precisa tomar suplemento alimentar?

    Não! A maioria das pessoas consegue suprir suas necessidades nutricionais apenas com uma alimentação equilibrada. O uso de suplemento é indicado apenas quando há carência de vitaminas, minerais ou proteínas comprovada por exames, ou quando a rotina alimentar e o estilo de vida dificultam o consumo adequado de nutrientes.

    2. Como saber se estou precisando de suplemento alimentar?

    O primeiro passo é realizar exames de sangue e passar por avaliação profissional. Só assim é possível identificar o que realmente está em falta no organismo e evitar o uso desnecessário de produtos.

    3. Quem faz academia precisa tomar whey protein obrigatoriamente?

    Não! O whey protein é uma forma prática de ingerir proteína, mas não é obrigatório para quem treina. Se a alimentação já oferece proteína suficiente (por exemplo, através de carnes, ovos, leguminosas e laticínios), o suplemento pode ser dispensável.

    Ele se torna útil apenas quando a rotina não permite refeições completas ou quando a necessidade proteica é alta, como em atletas ou pessoas em fase de ganho de massa muscular.

    4. Suplementos naturais são mais seguros?

    O fato de um suplemento ser natural não significa que ele esteja livre de riscos. Na verdade, os produtos fitoterápicos, como maca peruana, ginseng e cúrcuma, também podem causar reações adversas, principalmente se forem usados em excesso ou sem controle de qualidade.

    Além disso, suplementos vendidos pela internet podem conter substâncias não declaradas no rótulo. Por isso, sempre procure marcas confiáveis e consulte um profissional antes de iniciar o uso.

    5. Como saber se um suplemento é seguro e autorizado pela Anvisa?

    Todo suplemento regularizado no Brasil precisa ter o número de registro ou notificação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no rótulo. Ele também deve conter informações claras sobre composição, fabricante e dosagem recomendada.

    Produtos vendidos sem procedência, com promessas milagrosas de emagrecimento ou ganho de massa rápida, são grandes sinais de alerta. Por isso, sempre compre de marcas conhecidas e lojas confiáveis.

    6. Como ter uma alimentação saudável para obter todas as vitaminas e minerais sem precisar de suplemento?

    Na rotina alimentar, é importante variar os alimentos e priorizar o que vem da natureza. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, a base da alimentação deve ser composta por comidas de verdade, ou seja, alimentos in natura ou minimamente processados — como frutas, verduras, legumes, cereais integrais, grãos, ovos, carnes, leite e feijões.

    Também é recomendado evitar ultraprocessados, refrigerantes e fast food, que possuem alto teor de sódio e gordura e quase nenhum valor nutricional. Comer bem todos os dias, beber água e ter horários regulares para as refeições é o meio mais eficaz para obter todos os nutrientes sem depender de suplementação.

    Se você possui dificuldade em manter uma alimentação equilibrada no dia a dia, vale buscar a ajuda de um nutricionista. O profissional pode montar um plano alimentar personalizado, levando em conta a sua rotina, preferências e necessidades individuais.

    Leia mais: Vitamina B12: o que é, para que serve e como identificar carência ou excesso

  • Cálcio: saiba o que esse mineral faz no seu corpo 

    Cálcio: saiba o que esse mineral faz no seu corpo 

    Quando se fala em cálcio, a maioria das pessoas pensa logo nos ossos, e com razão. Esse mineral é o principal componente estrutural do esqueleto humano. Mas o papel do cálcio vai além disso, pois ele é importante para contração muscular, transmissão de impulsos nervosos e coagulação do sangue.

    Dada a importância dele e o fato de não ser produzido naturalmente pelo organismo, o cálcio precisa ser obtido todos os dias pela alimentação, mas o equilíbrio é muito importante. Faltas ou excessos podem trazer consequências importantes para a saúde dos ossos e saúde metabólica.

    Por que o cálcio é essencial para o corpo

    O cálcio é responsável por fortalecer ossos e dentes, mas também está envolvido em diversas funções vitais. Veja abaixo algumas delas:

    Contração muscular: o cálcio permite que músculos, incluindo o coração, contraiam e relaxem de forma coordenada;

    Transmissão nervosa: atua como mensageiro nas sinapses entre os neurônios;

    Coagulação do sangue: ajuda a estancar sangramentos por ter ação na ativação das plaquetas;

    Equilíbrio hormonal: importante para a liberação de hormônios e enzimas envolvidos em várias reações metabólicas;

    Saúde cardiovascular: ajuda a manter a pressão arterial dentro dos níveis normais.

    Fontes de cálcio na alimentação

    O cálcio pode ser encontrado em diversos alimentos, tanto de origem animal quanto vegetal. As principais fontes são:

    Laticínios: leite, queijos e iogurtes são os mais conhecidos;

    Vegetais verde-escuros: brócolis, couve e espinafre;

    Peixes: sardinha e salmão enlatado;

    Leguminosas: feijão, grão-de-bico e soja;

    Oleaginosas e sementes: amêndoas, chia e gergelim;

    A absorção do cálcio pode ser influenciada por outros nutrientes. A vitamina D, por exemplo, é essencial para que o corpo consiga absorver o mineral de forma eficiente.

    Fatores que afetam os níveis de cálcio

    Alguns hábitos e condições podem interferir na absorção ou aumentar a perda de cálcio pelo corpo. Veja alguns:

    Consumo muito alto de de cafeína e álcool;

    Dietas muito ricas em sal;

    Baixa ingestão de vitamina D;

    Sedentarismo;

    Alterações hormonais, especialmente em mulheres após a menopausa.

    O equilíbrio entre cálcio, fósforo e magnésio também é importante. Um excesso de um desses minerais pode atrapalhar a absorção dos outros.

    Deficiência de cálcio: o que pode acontecer

    A carência de cálcio, chamada de hipocalcemia, pode causar sintomas leves no início, mas, a longo prazo, traz sérias consequências.

    Sinais e sintomas possíveis:

    Câimbras e fraqueza muscular;

    Dormência ou formigamento nas mãos e pés;

    Irritabilidade e insônia;

    Enfraquecimento dos ossos, que pode causar osteopenia ou osteoporose.

    A deficiência é mais comum em idosos, mulheres na pós-menopausa, pessoas com intolerância à lactose ou que fazem dietas restritivas.

    Cálcio, hormônios e metabolismo ósseo

    O cálcio no sangue é regulado por três hormônios principais:

    Paratormônio (PTH): aumenta os níveis de cálcio no sangue ao retirá-lo dos ossos quando há deficiência;

    Calcitonina: faz o oposto, ajudando a armazenar cálcio nos ossos;

    Vitamina D: melhora a absorção intestinal do cálcio.

    Esse equilíbrio faz com que o organismo sempre tenha cálcio disponível para funções importantes sem comprometer a densidade óssea.

    Veja mais: Vitamina K: importante para coagulação do sangue e ossos fortes

    Perguntas frequentes sobre cálcio

    1. Quanto cálcio devo consumir por dia?

    Adultos precisam de cerca de 1.000 mg por dia, enquanto mulheres acima de 50 anos e idosos devem ingerir até 1.200 mg diários.

    2. Posso ter cálcio alto no sangue?

    Sim. O excesso, chamado de hipercalcemia, pode acontecer por doenças hormonais ou uso de suplementos em excesso, e deve ser avaliado por um médico.

    3. É verdade que só leite tem cálcio?

    Não. Vegetais verde-escuros, determinados peixes e sementes também são excelentes fontes.

    4. Cálcio e vitamina D têm relação?

    Sim. A vitamina D é importante para que o intestino consiga absorver o cálcio da alimentação.

    5. O que acontece se eu não consumir cálcio suficiente?

    A falta de cálcio por períodos longos pode causar perda de massa óssea e aumentar o risco de osteoporose e fraturas.

    6. Crianças e adolescentes precisam de mais cálcio?

    Sim, é uma fase de crescimento ósseo intenso, e a ingestão adequada ajuda a garantir ossos fortes na vida adulta.

    7. Como manter o cálcio equilibrado naturalmente?

    Com alimentação variada, exposição moderada ao sol (para ativar a vitamina D), exercícios com impacto e consumo adequado de proteínas e minerais.

    Leia também: Café da manhã sem lactose: saiba o que comer numa dieta saudável

  • Zinco: conheça a importância desse mineral para a saúde 

    Zinco: conheça a importância desse mineral para a saúde 

    Em meio a outras vitaminas e minerais tão conhecidos, como vitamina C, D e ferro, o zinco nem sempre está no centro das atenções, mas a importância dele não é menor por isso. Presente em cada célula do corpo humano, o zinco age como co-fator de centenas de enzimas e ajuda em funções como imunidade, crescimento, cicatrização e saúde reprodutiva.

    Com a alimentação moderna, às vezes pobre em alimentos de origem animal ou rica em processados, garantir zinco suficiente muitas vezes é difícil, e a deficiência, embora menos visível do que a de ferro ou vitamina D, pode ter impactos silenciosos e graves.

    O que é o zinco e por que ele é essencial

    O zinco é um micronutriente do tipo mineral que o corpo não produz, ou seja, é preciso obtê-lo por meio da alimentação. Ele está envolvido em mais de 300 reações enzimáticas, segundo estudos.

    As principais funções são:

    Síntese de proteínas e DNA, importante para crescimento, divisão e reparo celular;

    Função imunológica: o zinco é vital para a maturação de linfócitos, defesa contra infecções e funcionamento geral do sistema imunológico;

    Saúde da pele, cicatrização e integridade dos tecidos;

    Crescimento, desenvolvimento durante infância, adolescência e gestação;

    Sentidos do paladar e olfato. A deficiência de zinco pode reduzir essa capacidade sensorial.

    Principais benefícios do zinco para a saúde

    1. Fortalecer o sistema imunológico

    Pessoas com níveis adequados de zinco apresentam maior resistência a infecções e melhor recuperação de doenças.

    2. Cicatrização de feridas e saúde da pele

    O zinco ajuda na regeneração dos tecidos, por isso é importante em casos de feridas que demoram a fechar, úlceras ou problemas de pele.

    3. Crescimento e desenvolvimento

    Durante a infância, adolescência e gestação, o zinco faz parte de processos de multiplicação e maturação celular, importantes para ossos, tecidos, órgãos e sistemas.

    4. Função sensorial e metabólica

    Ele ajuda no funcionamento do paladar e do olfato, e também age na regulação de hormônios, crescimento ósseo e metabolismo de carboidratos.

    Fontes alimentares de zinco e absorção

    Para garantir zinco suficiente, inclua em sua alimentação:

    Carnes vermelhas, aves e peixes, pois têm boa biodisponibilidade;

    Mariscos e frutos do mar (ostras são especialmente ricas em zinco);

    Leguminosas, nozes, sementes e grãos integrais, fontes vegetais de zinco porém com absorção menor devido a fitatos que bloqueiam o mineral.

    Uma dica é combinar alimentos vegetais fonte de zinco com fontes de proteína animal ou técnicas de preparo que reduzam fitatos, como deixar grãos de molho por algumas horas antes de cozinhar.

    Sinais e riscos de deficiência de zinco

    Quando a ingestão ou absorção de zinco não é suficiente, podem aparecer sinais como:

    Sistema imunológico enfraquecido, o que reflete em infecções frequentes;

    Cicatrização lenta, lesões de pele persistentes;

    Perda de paladar ou olfato;

    Retardo de crescimento ou maturação em crianças ou adolescentes;

    Em gestantes, maior risco de complicações fetais.

    Se você tiver uma dieta restrita, consumo muito baixo de alimentos de origem animal, ou condições que dificultem absorção intestinal, o risco de deficiência é maior.

    Quanto zinco precisamos?

    As recomendações variam conforme idade, sexo, gestação ou período de amamentação. De forma geral:

    Adultos homens: cerca de 11 mg por dia;

    Adultos mulheres: cerca de 8 mg por dia, podendo variar de acordo com a orientação médica ou nutricional.

    Vale lembrar que o excesso de zinco também pode trazer problemas, como interferência na absorção de cobre.

    Confira: Potássio ajuda a reduzir a pressão alta? Cardiologista explica

    Perguntas frequentes sobre zinco

    1. O zinco ajuda no resfriado ou gripe?

    Sim. Ter níveis adequados de zinco no corpo ajuda o organismo a lutar melhor contra infecções. Por isso, pode reduzir a duração e a gravidade de infecções respiratórias, embora não seja cura.

    2. Posso suplementar zinco por conta própria?

    Não. É melhor consultar médico ou nutricionista, já que doses elevadas podem interferir em outros minerais e órgãos.

    3. Vegetarianos precisam de atenção extra para zinco?

    Sim, porque as fontes vegetais têm absorção menor. Uma boa estratégia pode ser definida por um nutricionista, como a ingestão de leguminosas, sementes, grãos germinados e, se necessário, suplementação.

    4. Posso ter zinco demais no corpo?

    Sim, a ingestão excessiva pode causar deficiências de cobre, náuseas, imunossupressão e outros efeitos nada agradáveis.

    5. Durante a gravidez, o zinco é importante?

    Muito. Gestantes têm maior demanda, e o zinco é importante no crescimento fetal, formação de tecidos e sistema imunológico.

    6. Uma dieta equilibrada cobre o zinco necessário?

    Na maioria dos casos, sim, se incluir boas fontes animais ou combinação de vegetais bem preparados. Suplemento só se houver necessidade comprovada e prescrito por um médico ou nutricionista.

    Veja mais: Ferro: saiba mais sobre o papel do ferro no organismo

  • Vitamina B9 (ácido fólico): importância na gestação e produção de células sanguíneas 

    Vitamina B9 (ácido fólico): importância na gestação e produção de células sanguíneas 

    Quando se fala de nutrição na gravidez, um nome aparece com frequência: ácido fólico. Esse nutriente, também chamado de vitamina B9, entrou em destaque pela sua capacidade de prevenir defeitos graves no feto e melhorar a saúde da mãe.

    Mesmo assim, muitas mulheres desconhecem que a função do ácido fólico vai muito além da gestação, pois ela também é essencial para a formação das células sanguíneas.

    Em meio à rotina corrida, às dietas restritivas ou aos alimentos ultraprocessados, garantir a ingestão adequada de vitamina B9 é um cuidado simples, mas com impacto muito grande para a saúde. Com conhecimento e atenção, é possível usar essa vitamina para fortalecer o organismo, proteger o bebê em desenvolvimento e evitar quadros como anemia megaloblástica.

    O que é a vitamina B9 (ácido fólico)?

    A vitamina B9, chamada folato em sua forma natural nos alimentos e ácido fólico na forma sintética de suplemento, é uma vitamina hidrossolúvel, ou seja, aquele tipo de vitamina que se dissolve em água e não é armazenada em grandes quantidades no corpo, por isso precisa de ingestão regular.

    Sua principal tarefa no organismo é participar de reações de multiplicação celular, produção de DNA e síntese de glóbulos vermelhos, o que a torna essencial tanto em fases de crescimento (como gravidez) quanto no funcionamento do sangue.

    Funções principais da vitamina B9

    1. Produção de células sanguíneas

    O ácido fólico age com outras vitaminas do complexo B para formar glóbulos vermelhos saudáveis. A falta de folato pode levar à anemia megaloblástica, em que as células ficam grandes, imaturas e não funcionam bem.

    2. Formação e divisão celular

    Como participa da síntese de DNA e RNA, o folato é muito importante em situações de renovação celular intensa, como o crescimento fetal, o revestimento intestinal, a medula óssea e outros tecidos.

    3. Saúde na gestação

    Na gravidez, o ácido fólico é um dos micronutrientes mais estudados e recomendados. Suplementações pré-concepcionais e no início da gestação reduzem de forma significativa o risco de defeitos do tubo neural no bebê, como espinha bífida e anencefalia.

    Além disso, pode ajudar a formação da placenta, melhorar a divisão celular fetal e reduzir risco de parto prematuro ou má formação.

    Deficiência de vitamina B9: o que causa?

    Quando a ingestão ou absorção do folato é insuficiente, os efeitos podem ser:

    Cansaço, fraqueza e palidez (devido à anemia);

    Alterações no crescimento ou no desenvolvimento fetal se a deficiência ocorrer na gravidez;

    Potencial aumento dos níveis de homocisteína, que é um marcador associado ao risco cardiovascular.

    Fatores de risco para deficiência são dietas pobres em folato (por exemplo, falta de verduras folhosas), alcoolismo, doenças que comprometem absorção intestinal, uso de medicamentos que interferem no folato e gravidez com alta demanda.

    Quanto e como tomar (gestantes e adultos saudáveis)

    Mulheres em idade fértil são geralmente orientadas a tomar 0,4 mg (400 µg) de ácido fólico por dia antes da concepção e nos primeiros meses de gravidez para prevenir defeitos do tubo neural.

    Durante a gravidez, as necessidades de ácido fólico aumentam, e as recomendações variam conforme o país. Em adultos saudáveis, assegurar ingestão suficiente por meio de alimentos ricos em folato é forma básica de manutenção.

    As fontes alimentares são folhas verdes escuras (espinafre, couve), leguminosas (feijão, lentilha), frutas cítricas, fígado e alimentos fortificados.

    Importância prática na gestação

    Suplementar antes da gravidez: o tubo neural do feto se fecha geralmente nas primeiras semanas de gestação, momento em que muitas mulheres ainda nem sabem que estão grávidas. Por isso a recomendação de usar ácido fólico antes de engravidar;

    Acompanhamento nutricional: a gestação com bom aporte de folato ajuda a mãe e o bebê a terem melhor resultado, menos complicações e bom desenvolvimento;

    Complemento ao ferro: enquanto o ácido fólico previne anemia por falha de divisão celular, o ferro trata deficiência na hemoglobina. Os dois podem atuar em conjunto na gestação.

    Saiba mais: 7 cuidados que você deve ter antes de engravidar

    Perguntas frequentes sobre ácido fólico

    1. Por que tomar ácido fólico antes de engravidar?

    Porque muitos defeitos fetais (como no tubo neural) acontecem nos primeiros dias de gestação, antes mesmo de a gravidez ser descoberta, e o folato reduz esse risco.

    2. Adultos não grávidos também precisam de vitamina B9?

    Sim. A vitamina B9 está envolvida em divisão celular e produção de sangue, por isso manter níveis adequados previne anemia e ajuda na saúde como um todo.

    3. A suplementação substitui uma alimentação saudável?

    Não. Suplementos ajudam, mas uma dieta rica em folatos naturais é essencial para cobrir necessidades e favorecer outros nutrientes.

    4. É possível ter folato em excesso?

    Níveis muito altos podem mascarar deficiência de vitamina B12 e outros problemas, por isso a suplementação deve seguir orientação médica ou nutricional.

    5. Quem tem uma dieta com pouca verdura está em risco de deficiência?

    Sim. Verduras folhosas e leguminosas são as fontes mais comuns de folato. Sem uma ingestão adequada, o risco de deficiência aumenta.

    6. O ácido fólico previne anemia sempre?

    Ele previne o tipo de anemia causado por falha de divisão celular (anemia megaloblástica). Mas anemia por ferro ou outros minerais têm causas diferentes e exigem tratamento específico.

    7. Qual a dose recomendada durante a gravidez no Brasil?

    Depende do sistema de saúde e das diretrizes locais, mas costuma ser de 400 µg/dia no período pré-concepção e nos primeiros meses, com variações conforme acompanhamento médico.

    Veja mais: Gravidez ectópica: saiba o que é e os sinais da gestação fora do útero

  • Cobre: para que serve e qual a importância para a saúde 

    Cobre: para que serve e qual a importância para a saúde 

    Você talvez nunca tenha parado para pensar no cobre, mas ele está presente em quase tudo o que mantém o corpo funcionando bem. Esse mineral essencial participa da formação do sangue, da estrutura dos ossos, da produção de energia e até do bom funcionamento do cérebro.

    Com a alimentação moderna cada vez mais baseada em alimentos processados e pobre em minerais traço, garantir cobre suficiente é um cuidado importante no dia a dia. A seguir, entenda por que o cobre é fundamental, como o corpo o utiliza, quais sinais indicam deficiência e onde encontrá-lo nos alimentos.

    O que é o cobre e por que é essencial

    O cobre é um mineral que o corpo não produz — portanto, precisa ser obtido pela alimentação. Embora seja necessário em pequenas quantidades, é vital para diversas funções do organismo:

    • Atua como cofator de enzimas envolvidas na produção de energia, no metabolismo do ferro e na síntese de neurotransmissores;
    • Ajuda na absorção de ferro, na formação da hemoglobina (células vermelhas do sangue) e no transporte de oxigênio;
    • É importante para a formação de tecidos conjuntivos (ossos e cartilagens), na proteção antioxidante e no funcionamento do sistema nervoso.

    Principais benefícios do cobre para a saúde

    1. Formação de sangue e metabolismo do ferro

    O cobre é essencial para o metabolismo do ferro. Quando há deficiência, a absorção de ferro é prejudicada e a produção de células vermelhas do sangue diminui, podendo causar anemia e fadiga.

    2. Sistema imunológico e defesa antioxidante

    O cobre participa da maturação dos glóbulos brancos e da formação de enzimas antioxidantes, que protegem as células contra os radicais livres e fortalecem o sistema imunológico.

    3. Ossos, articulações e tecido conjuntivo

    Esse mineral é necessário para a integridade dos ossos e das articulações. Bons níveis de cobre contribuem para um sistema esquelético mais resistente e saudável.

    4. Saúde cerebral e nervosa

    O cobre auxilia no desenvolvimento e manutenção do sistema nervoso e participa da síntese de neurotransmissores ligados à memória, ao aprendizado e ao equilíbrio emocional.

    Fontes alimentares de cobre e absorção

    Uma alimentação equilibrada é suficiente para suprir as necessidades de cobre. As principais fontes são:

    • Fígado, ostras e outros frutos do mar;
    • Nozes e castanhas;
    • Sementes (girassol, abóbora);
    • Leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico);
    • Grãos integrais;
    • Chocolate amargo.

    A absorção do cobre pode ser reduzida quando há excesso de outros minerais, como o zinco, ou em dietas muito restritivas.

    Deficiência de cobre: sinais e fatores de risco

    Quando o consumo ou a absorção de cobre é insuficiente, podem surgir sintomas como:

    • Palidez, fadiga e anemia;
    • Neutropenia (redução de glóbulos brancos);
    • Problemas ósseos e articulares;
    • Crescimento comprometido em crianças;
    • Alterações neurológicas e imunológicas em casos graves.

    Os fatores de risco incluem dietas muito restritivas, absorção intestinal prejudicada, excesso de zinco e doenças que afetam a nutrição.

    Quanto cobre precisamos e quando suplementar

    Em adultos saudáveis, a ingestão diária recomendada é de aproximadamente 0,9 mg (900 µg). Gestantes e lactantes têm necessidades maiores.

    A suplementação deve ser feita somente com indicação médica. O excesso de cobre pode causar intoxicação, náuseas, danos hepáticos e até desequilíbrios neurológicos. Se houver suspeita de deficiência, é importante buscar orientação de um médico ou nutricionista antes de usar suplementos.

    Veja mais: Anemia carencial: o que acontece quando faltam nutrientes no sangue

    Perguntas frequentes sobre cobre

    1. O que acontece se eu tiver deficiência de cobre?

    A falta de cobre pode causar anemia, baixa imunidade, problemas ósseos e, em casos graves, alterações neurológicas.

    2. Posso tomar suplemento de cobre “só para garantir”?

    Não. A maioria das pessoas obtém o cobre necessário pela alimentação. A suplementação só é indicada em casos de deficiência comprovada ou risco específico, pois o excesso pode ser tóxico.

    3. Vegetarianos ou veganos têm mais risco de deficiência?

    Sim, pois as fontes vegetais de cobre podem ter absorção menor. A solução é garantir variedade na dieta e, se necessário, buscar acompanhamento nutricional.

    4. Como o cobre ajuda no cérebro?

    Ele participa da formação de neurotransmissores, protege as células cerebrais contra a oxidação e mantém o bom funcionamento do sistema nervoso.

    5. O que interfere na absorção de cobre?

    O excesso de zinco, dietas muito restritivas, distúrbios intestinais e algumas doenças podem reduzir a absorção do mineral.

    6. Cobre ajuda na cicatrização?

    Sim. O cobre faz parte de enzimas que participam da formação de colágeno e da regeneração dos tecidos, favorecendo a cicatrização.

    7. Quando devo me preocupar com excesso de cobre?

    O excesso ocorre principalmente por suplementação inadequada ou por doenças genéticas, como a doença de Wilson, que impede o corpo de eliminar o cobre. Nesses casos, há risco de danos hepáticos e neurológicos. Sempre consulte um profissional de saúde.

    Veja mais: Ferro: saiba mais sobre o papel do ferro no organismo

  • Melasma: o que é, causas, sintomas e como tratar

    Melasma: o que é, causas, sintomas e como tratar

    Afetando cerca de 35% das mulheres brasileiras em idade reprodutiva, o melasma é uma condição de pele caracterizada pelo surgimento de manchas escuras, acastanhadas ou amarronzadas, que aparecem principalmente nas áreas mais expostas ao sol, como o rosto, o colo e os antebraços.

    Apesar de ser benigna e não indicar riscos para a saúde, o melasma pode causar grande desconforto estético e emocional — e requer acompanhamento dermatológico e cuidados contínuos no dia a dia, já que tende a retornar com facilidade. Vem entender mais os detalhes sobre a condição!

    O que é melasma?

    O melasma é uma condição crônica da pele caracterizada por manchas escuras ou acastanhadas que surgem, principalmente, nas bochechas, testa, nariz e buço.

    Elas têm bordas bem definidas e formato irregular, e podem variar de intensidade conforme o tipo de pele e o nível de exposição solar. As manchas acontecem em função do aumento da produção de melanina, pigmento responsável pela cor da pele, cabelo e olhos.

    Vale ressaltar que o melasma não causa dor, coceira ou descamação — e nem representa risco de câncer, de acordo com a dermatologista Gabriela Capareli. No entanto, as manchas podem afetar profundamente a autoconfiança e o bem-estar emocional de quem convive com a condição.

    Causas do melasma

    A causa exata do melasma ainda não é totalmente compreendida, mas Gabriela e a Sociedade Brasileira de Dermatologia apontam especialmente os seguintes fatores:

    • Predisposição genética: histórico familiar aumenta a tendência.
    • Exposição solar e luz visível: estimulam melanina e agravam as manchas; mesmo pequenas exposições (dirigir, caminhar) pioram o quadro.
    • Alterações hormonais: comum na gravidez (cloasma), com anticoncepcionais e TRH.
    • Estresse e sono ruim: elevação do cortisol pode desregular melanócitos.
    • Calor e inflamações: saunas, banhos muito quentes e inflamação cutânea podem desencadear/escurecer manchas.

    Quais os sintomas do melasma?

    • Manchas acastanhadas/amarronzadas;
    • Formato irregular e muitas vezes simétrico (em ambos os lados da face);
    • Localização predominante na face (bochechas, testa, nariz, lábio superior);
    • Possibilidade em áreas expostas (braços, pescoço e colo – melasma extrafacial).

    As manchas tendem a intensificar no verão e clarear no inverno. Em casos mais profundos, podem ter coloração acinzentada.

    O que piora o melasma?

    • Exposição solar sem proteção (inclusive em dias nublados);
    • Calor excessivo (saunas, banhos muito quentes, cozinhas industriais);
    • Tratamentos agressivos (peelings profundos, lasers inadequados);
    • Uso incorreto de clareadores/ácidos;
    • Falta de fotoproteção diária;
    • Uso contínuo de anticoncepcionais hormonais;
    • Estresse, sono irregular e dieta pró-inflamatória.

    Até entrar em um carro muito quente pode piorar as manchas. O acompanhamento com dermatologista é essencial para definir a melhor conduta.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico é clínico. Na maioria dos casos, o dermatologista identifica pela avaliação direta da pele; quando necessário, utiliza dermatoscopia.

    Classificação:

    • Epidérmico: superficial, responde melhor.
    • Dérmico: mais profundo, mais resistente.
    • Misto: pigmentação em múltiplas camadas.

    A definição do tipo orienta o tratamento e evita procedimentos que possam agravar o quadro.

    Tratamentos de melasma

    O plano terapêutico é individualizado e combina rotina, histórico de tratamentos, hábitos e possíveis alergias. A base é fotoproteção rigorosa (UV e luz visível) e, quando indicado, clareadores e procedimentos.

    Fotoproteção

    • Uso contínuo de protetor com FPS ≥ 50 e filtro com cor (protege também da luz visível);
    • Reaplicar a cada 4 horas, inclusive em ambientes internos;
    • Barreiras físicas: viseiras, chapéus, óculos; proteção corporal também;
    • Queimaduras em outras áreas do corpo podem induzir inflamação sistêmica e piorar o melasma.

    Clareadores tópicos

    Atuam inibindo a tirosinase e/ou acelerando a renovação celular. Opções comuns (conforme SBD): hidroquinona, ácido glicólico, retinoico e azeláico. Resultados geralmente começam a aparecer em ~2 meses. A combinação é frequente, mas o excesso irrita e pode gerar rebote.

    Peelings químicos

    • Superficiais (glicólico, mandélico, lático): bons para peles sensíveis e clareamento gradual;
    • Médios (retinoico, TCA): uso cauteloso, atingem camadas mais profundas;
    • Combinados: associações de ácidos/antioxidantes.

    Em geral, 3–6 sessões mensais. Fotoproteção rigorosa no pós-procedimento é obrigatória.

    Laser e Luz Intensa Pulsada (LIP)

    Podem fragmentar o pigmento e acelerar o clareamento. Nem todo laser é indicado para melasma: o calor pode escurecer a área. Indicação e parâmetros devem ser definidos por dermatologista experiente.

    Microagulhamento

    Microperfura a pele para induzir colágeno e facilitar a penetração de clareadores (drug delivery). Exige avaliação criteriosa quanto a tipo de pele, profundidade e histórico.

    Melasma tem cura?

    Não há cura definitiva. É crônico e recidivante, mas pode ser mantido sob controle com tratamento contínuo, disciplina e seguimento dermatológico — deixando as manchas quase imperceptíveis por longos períodos.

    Como prevenir o melasma?

    • Protetor diário FPS 50+ com proteção UVA/UVB/IV/luz visível (preferir com cor);
    • Reaplicar a cada 3–4 horas e sempre que suar/lavar o rosto;
    • Barreiras físicas: chapéus, viseiras, óculos; roupas com proteção UV;
    • Buscar sombra/guarda-sóis; evitar sol direto, especialmente 10h–16h;
    • Alimentação anti-inflamatória, manejo do estresse e sono de qualidade;
    • Evitar anticoncepcionais hormonais sem orientação médica.

    Veja também: Espinhas na vida adulta: entenda as causas os principais tratamentos

    Perguntas frequentes

    O melasma aparece só no rosto?

    Não. Embora a face seja a área mais afetada, pode surgir em pescoço, colo e braços (melasma extrafacial), geralmente mais resistente. A fotoproteção corporal é indispensável.

    Como saber se é melasma ou outro tipo de mancha?

    O diagnóstico é clínico/dermatoscópico. Outras manchas (acne pós-inflamatória, queimaduras, dano solar, lentigos) podem confundir. Em casos complexos, a luz de Wood ajuda a estimar a profundidade do pigmento.

    Grávidas podem tratar o melasma?

    O cloasma gravídico é comum. Na gestação, evitar procedimentos agressivos; o foco é fotoproteção rigorosa (filtros com cor, barreiras físicas). Após o parto/amamentação, o dermatologista pode introduzir clareadores e peelings suaves.

    O melasma pode desaparecer sozinho?

    Não. Pode clarear em épocas de menor exposição, mas retorna sem tratamento. Há “memória celular” do pigmento; por isso, manter cuidados diários mesmo quando as manchas estão controladas.

    O melasma pode ser tratado em casa?

    Sim, com orientação médica. Há clareadores domiciliares, ácidos leves, hidratantes calmantes e protetores com cor. Evite misturar produtos por conta própria para não irritar e agravar o quadro.

    Veja mais: Dermatite atópica: o que é, sintomas e cuidados

  • Cardiodesfibrilador implantável: o que é, quando é indicado e como é implantado

    Cardiodesfibrilador implantável: o que é, quando é indicado e como é implantado

    Você sabe o que é uma arritmia cardíaca? Ela acontece quando o coração sai do seu ritmo natural e começa a bater mais rápido, mais devagar ou de forma totalmente desorganizada. Em algumas pessoas, o coração acelera tanto que não consegue mais bombear sangue suficiente para o corpo — o que pode causar tontura, desmaios e, em casos mais graves, até uma parada cardíaca súbita.

    Quando esse risco existe, o cardiologista pode indicar o uso de um cardiodesfibrilador implantável (CDI), um pequeno aparelho que fica sob a pele do peito e monitora o coração 24 horas por dia. Se ele percebe que o ritmo ficou perigoso, aplica automaticamente um choque elétrico que faz o coração voltar ao normal.

    Na prática, ele oferece uma nova chance de vida para quem vive com doenças cardíacas graves ou já teve episódios de arritmia ventricular que poderiam ter sido fatais. Vamos entender, a seguir, como ele funciona, a implantação e os cuidados no dia a dia.

    O que é um cardiodesfibrilador implantável (CDI)?

    O cardiodesfibrilador implantável, também chamado de CDI, é um dispositivo médico de alta tecnologia projetado para monitorar continuamente o ritmo cardíaco e intervir em situações de risco. Ele atua de forma automática, identificando quando o coração passa a bater de maneira rápida e desorganizada a ponto de comprometer o bombeamento adequado de sangue para o corpo.

    Nesses casos, o aparelho libera um impulso elétrico controlado, restabelecendo o ritmo normal em questão de segundos.

    Cardiodesfibrilador implantável e marcapasso: qual a diferença?

    O marcapasso e o cardiodesfibrilador implantável (CDI) são dispositivos cardíacos eletrônicos, mas com finalidades diferentes:

    • O marcapasso é indicado para corrigir batimentos lentos ou irregulares (bradicardias), emitindo pequenos impulsos elétricos que mantêm o coração batendo no ritmo certo. Alguns modelos modernos ajustam automaticamente o ritmo conforme o esforço físico.
    • O CDI, por outro lado, é voltado para pacientes com risco de arritmias graves e fatais, como taquicardias ventriculares. Ele monitora continuamente o coração e aplica um choque interno automático se detectar uma arritmia perigosa.

    Em alguns casos, o paciente pode precisar de um CDI com marcapasso integrado, capaz de atuar em batimentos lentos e rápidos, oferecendo uma proteção mais completa. A escolha depende da avaliação do cardiologista, que considera o tipo de arritmia, o estado clínico e o risco de parada cardíaca súbita.

    Para que serve o cardiodesfibrilador implantável

    O objetivo principal do CDI é evitar a morte súbita cardíaca, que ocorre quando o coração para de bater por causa de uma arritmia grave. Ele monitora o coração 24 horas por dia e reconhece quando o batimento está normal, lento, rápido ou completamente irregular.

    Se o dispositivo percebe uma taquicardia ventricular (batimento muito acelerado), tenta corrigir o ritmo com pequenos estímulos elétricos. Mas se for uma fibrilação ventricular — quando o coração treme e deixa de bombear sangue — o CDI aplica um choque mais intenso para restaurar o ritmo normal em segundos.

    De acordo com o cardiologista Rodrigo Caligaris Cagi, o CDI funciona como um “backup” do coração — um sistema de segurança que entra em ação quando há uma arritmia potencialmente fatal, mantendo o coração funcionando até que o atendimento médico seja realizado. Ele salva vidas, mas não trata a causa da arritmia.

    Quem precisa usar um cardiodesfibrilador implantável?

    Segundo Rodrigo, o CDI é indicado para dois perfis de pacientes:

    • Prevenção secundária: quem já teve uma arritmia grave, desmaios sem explicação ou sobreviveu a uma parada cardíaca — o CDI evita que isso aconteça novamente.
    • Prevenção primária: pessoas com alto risco de morte súbita por doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca avançada, cardiomiopatia dilatada ou condições genéticas que alteram o ritmo do coração.

    Em ambos os casos, a decisão é feita após uma avaliação detalhada do cardiologista, considerando fatores clínicos e individuais.

    Como é feita a cirurgia para colocar o CDI?

    O implante do CDI é um procedimento seguro e relativamente simples, feito em hospital com sedação e anestesia local. O passo a passo inclui:

    • Pequena incisão na parte superior do tórax;
    • Introdução de um ou mais cabos até o coração (no caso do CDI tradicional);
    • Colocação do gerador sob a pele e conexão aos cabos;
    • Teste e programação do sistema;
    • Fechamento da incisão com pontos e curativo.

    A cirurgia dura entre 1 e 2 horas e, geralmente, o paciente pode ir para casa no dia seguinte. Nos primeiros dias, é comum sentir leve desconforto no local ou notar um pequeno volume sob a pele — o que é normal.

    Cuidados após a cirurgia

    Após o implante, alguns cuidados ajudam na recuperação:

    • Evitar levantar o braço esquerdo acima da cabeça nas primeiras semanas;
    • Não carregar peso com o braço do lado do implante;
    • Manter o local limpo e seco até a retirada dos pontos;
    • Evitar esportes de contato;
    • Realizar as revisões conforme orientação médica.

    Em cerca de 4 a 8 semanas, o corpo já se adapta ao CDI, permitindo retomar atividades normais, inclusive exercícios leves e o trabalho — com liberação do cardiologista.

    Possíveis riscos e complicações

    Embora seguro, o procedimento pode ter alguns riscos, como:

    • Infecção no local da cirurgia;
    • Sangramento ou inchaço;
    • Deslocamento do cabo ou gerador;
    • Perfuração de vasos ou músculo cardíaco (raro);
    • Reações a anestésicos ou medicamentos.

    Mesmo com o CDI, ainda existe risco de algo acontecer?

    O CDI é ajustado de forma personalizada conforme o tipo de arritmia e o estado do coração. Ainda assim, em casos muito graves, o coração pode não responder ao choque elétrico, especialmente quando há danos cardíacos extensos. Nesses casos, mesmo com a ação imediata, o paciente pode não resistir.

    Como é o acompanhamento com o cardiodesfibrilador implantável

    Após a cirurgia, o acompanhamento é feito periodicamente — geralmente a cada 6 meses — para verificar o funcionamento do aparelho e o estado do coração.

    O médico usa um computador que se comunica com o CDI por ondas de rádio, permitindo visualizar o histórico de batimentos e ajustar a programação. Modelos modernos têm monitoramento remoto, enviando dados automaticamente para o hospital ou clínica.

    Quanto tempo dura a bateria do CDI?

    A bateria de lítio do CDI dura, em média, de 5 a 7 anos, podendo chegar a 10 em modelos modernos. Quando está perto do fim, o gerador é trocado em uma cirurgia rápida, sem necessidade de substituir os cabos.

    Cuidados no dia a dia com o CDI

    Ter um CDI permite levar uma vida normal, desde que o paciente siga as orientações médicas e mantenha o acompanhamento. É possível praticar atividades leves, viajar e trabalhar normalmente.

    Alguns cuidados importantes incluem:

    • Evitar colocar o celular perto do peito (manter 15 cm de distância);
    • Apresentar o cartão do CDI em aeroportos e detectores de metal;
    • Avisar médicos antes de fazer exames de imagem (como ressonância magnética);
    • Evitar ímãs, motores potentes e soldas elétricas;
    • Continuar o tratamento clínico prescrito pelo cardiologista.

    Confira: Holter 24h: como o exame ajuda a flagrar arritmias ocultas

    Perguntas frequentes

    É possível dirigir com cardiodesfibrilador implantável?

    Sim, mas depende da indicação. Se o CDI foi colocado por prevenção primária, geralmente é possível dirigir após uma semana, com liberação médica. Já quem passou por uma parada cardíaca precisa esperar alguns meses sem choques antes de voltar a dirigir, conforme avaliação do cardiologista.

    O CDI pode interferir com outros aparelhos?

    De modo geral, o CDI é bem protegido, mas deve-se evitar:

    • Ímãs e alto-falantes potentes;
    • Ferramentas elétricas industriais;
    • Aparelhos de solda ou motores grandes;
    • Fones de ouvido com ímãs próximos ao peito.

    Micro-ondas, TVs, Wi-Fi e computadores não oferecem risco — basta seguir as orientações básicas.

    O CDI pode ser desligado em situações de fim de vida?

    Sim. O CDI pode ser desligado em casos de fim de vida, mediante decisão médica e consentimento do paciente ou família. Isso evita choques desnecessários e garante conforto, sendo parte do cuidado humanizado.

    O choque do CDI dói?

    O choque de alta energia pode ser sentido como uma pancada forte e rápida no peito, mas dura apenas um segundo. Apesar do susto, ele salva vidas e restaura o ritmo cardíaco. Em arritmias leves, o CDI corrige o ritmo com estímulos menores, sem causar dor.

    O CDI emite algum som ou sinal?

    Normalmente, não. O aparelho funciona silenciosamente. Modelos mais modernos podem emitir vibrações ou sinais discretos quando há alertas, como bateria baixa ou necessidade de revisão. Caso o paciente perceba algum som, deve procurar a equipe médica para avaliação.

    Leia mais: Marcapasso: para que serve, como funciona e como é colocado