Categoria: Prevenção & Longevidade

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  • Cortisol: o que é, como diminuir e sinais de que está alto

    Cortisol: o que é, como diminuir e sinais de que está alto

    Presente na maioria dos processos fisiológicos do corpo humano, o cortisol funciona como um dos principais hormônios de adaptação do organismo, porque ajuda o corpo a reagir a estímulos externos, equilibrar a produção de energia ao longo do dia e modular a forma como cada pessoa responde a situações de estresse físico ou emocional.

    Mas você sabe por que ele é conhecido como hormônio do estresse? Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender o impacto do cortisol alto na saúde, como identificar alterações nos níveis do hormônio e medidas que podem ajudar a diminuir seus efeitos.

    Afinal, o que é cortisol?

    O cortisol é um hormônio da classe dos glicocorticóides, produzido pelas glândulas adrenais (ou suprarrenais), que ficam localizadas acima dos rins. Ele participa de vários processos do organismo, contribuindo para regular a produção de energia, controlar a resposta inflamatória, manter a pressão arterial estável e ajustar a forma como o corpo reage a situações de alerta.

    De acordo com Juliana, ele é chamado de hormônio do estresse porque sua liberação aumenta principalmente diante de situações de estresse físico ou emocional. Ele ajuda o corpo a produzir mais energia, estimulando o fígado a liberar glicose e ajustando a pressão arterial para que a pessoa consiga enfrentar momentos de tensão com mais preparo.

    A cardiologista também explica que o cortisol favorece a vasoconstrição das artérias, ajudando a manter a pressão arterial — além de seguir um ritmo natural conhecido como ciclo circadiano: níveis mais altos pela manhã para estimular o despertar e níveis mais baixos à noite para facilitar o descanso.

    Cortisol alto faz mal?

    Apesar do efeito rápido do cortisol ser adequado ao organismo, ele pode trazer problemas para a saúde quando se mantém alto de forma crônica e prolongada, segundo Juliana.

    A produção aumentada mantém o corpo em estado constante de alerta, algo que deveria acontecer apenas em situações pontuais, e não diariamente.

    Entre os efeitos no coração e no sistema cardiovascular, a especialista destaca:

    • Aumento da pressão arterial, por causa da constrição dos vasos sanguíneos;
    • Maior retenção de sódio e água, o que contribui para elevar ainda mais a pressão;
    • Desequilíbrio no perfil de colesterol, com aumento do colesterol ruim e dos triglicerídeos;
    • Elevação da glicose no sangue, já que o fígado libera mais açúcar, favorecendo a resistência à insulina;
    • Maior risco de diabetes, devido ao excesso prolongado de glicose circulante;
    • Acúmulo de gordura abdominal (obesidade central), associado a maior risco cardiovascular;
    • Aumento do risco de infarto e AVC, pela soma de alterações na pressão, glicemia e colesterol;
    • Perda de massa muscular, causada pelo aumento do catabolismo e maior quebra de proteínas.

    O que pode causar o cortisol alto?

    O cortisol alto pode surgir quando o organismo permanece em estado de alerta por mais tempo do que deveria, devido a fatores do dia a dia que mantêm a liberação acelerada e desregulam o equilíbrio natural. Alguns dos principais fatores incluem:

    • Estresse crônico, ligado ao acúmulo de responsabilidades, pressão no trabalho, conflitos emocionais ou rotina sem pausas;
    • Privação de sono, já que noites curtas ou mal dormidas desorganizam o ciclo circadiano, que controla a liberação do hormônio;
    • Ansiedade persistente, que mantém o sistema nervoso em alerta e estimula a produção contínua de cortisol;
    • Treinos físicos muito intensos sem descanso adequado, que funcionam como estresse para o organismo;
    • Alimentação desregulada, com excesso de açúcar, cafeína e ultraprocessados, que favorecem maior liberação do hormônio;
    • Doenças como depressão, síndrome de Cushing ou resistência à insulina, que podem alterar o funcionamento das glândulas adrenais;
    • Uso prolongado de corticoides, já que medicamentos dessa classe interferem diretamente no eixo que regula o cortisol.

    Quais os sintomas do cortisol alto?

    A identificação dos sintomas de cortisol alto pode ser difícil no começo, porque muitos sinais aparecem de forma discreta e se confundem com cansaço comum. Entre os mais frequentes, é possível destacar:

    • Ganho de peso, especialmente na região abdominal e no rosto, conhecido como “face de lua cheia”;
    • Aumento da pressão arterial, causado pela constrição dos vasos sanguíneos;
    • Elevação da glicose no sangue (hiperglicemia), devido ao estímulo constante do fígado para liberar mais açúcar;
    • Perda de massa muscular, mesmo com aumento de peso, por causa da maior quebra de proteínas;
    • Alterações emocionais, como ansiedade, irritabilidade e dificuldade de concentração;
    • Mudanças no humor, com maior risco de depressão;
    • Distúrbios de sono, incluindo insônia e noites de sono de má qualidade.

    Ter cortisol baixo também pode ser um problema?

    Quando a produção do cortisol diminui além do esperado, o corpo perde a capacidade de responder bem ao estresse e de manter o equilíbrio de energia ao longo do dia.

    Segundo Juliana, isso pode estar relacionado a uma condição conhecida como insuficiência adrenal (ou doença de Addison), na qual as glândulas suprarrenais não conseguem produzir cortisol em quantidade suficiente.

    Os principais sinais de cortisol baixo incluem:

    • Cansaço extremo que não melhora com descanso;
    • Fraqueza muscular;
    • Perda de peso sem explicação;
    • Tontura e queda de pressão;
    • Episódios de hipoglicemia;
    • Náuseas e mal-estar;
    • Irritabilidade e dificuldade de manter o foco.

    A condição exige avaliação médica, porque o organismo depende do cortisol para manter a pressão arterial, regular a glicose e responder a situações de estresse.

    Como é feita a avaliação dos níveis de cortisol?

    A avaliação dos níveis de cortisol é feita por meio de exames que medem a quantidade do hormônio no organismo ao longo do dia, já que a produção varia naturalmente entre manhã e noite. Juliana aponta os principais exames:

    • Cortisol sérico (sangue): coletado normalmente pela manhã, quando o hormônio está no pico natural. Ele ajuda a identificar aumentos ou quedas importantes na produção;
    • Cortisol urinário de 24 horas: a urina é coletada durante um dia inteiro para medir a quantidade total de cortisol livre produzida no período. É útil para investigar aumento persistente do hormônio;
    • Cortisol salivar noturno: avalia a concentração do hormônio à noite, horário em que o nível deveria estar baixo. Valores elevados ajudam no diagnóstico de produção excessiva de cortisol.

    Vale destacar que o resultado sempre deve ser interpretado junto com a avaliação do ritmo diário do hormônio, do histórico da pessoa e de outros exames complementares.

    Como diminuir o cortisol alto e mantê-lo em equilíbrio?

    Como o cortisol é o hormônio do estresse, a melhor maneira de diminuir os níveis é ajustar hábitos diários para ajudar o organismo a sair do estado constante de alerta. Algumas mudanças na rotina já fazem diferença, como:

    • Prática regular de atividade física, que ajuda no metabolismo e na regulação hormonal;
    • Alimentação balanceada, evitando estimulantes em excesso, como cafeína e açúcar;
    • Higiene do sono, mantendo sono adequado e regular, evitando telas à noite e buscando um ambiente escuro e confortável;
    • Técnicas de relaxamento, como respiração profunda;
    • Manter vida social e momentos de lazer, que reduzem o estresse e ajudam a equilibrar os níveis de cortisol.

    Se mesmo com ajustes na rotina, técnicas de relaxamento, alimentação equilibrada e melhora do sono, os sintomas de desequilíbrio persistirem, é fundamental procurar ajuda de um médico.

    A longo prazo, o cortisol alto pode favorecer o ganho de peso, prejudicar o metabolismo, aumentar o risco cardiovascular e alterar o funcionamento de vários sistemas do organismo.

    Leia também: Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa

    Perguntas frequentes

    Dormir mal aumenta o cortisol?

    O ato de dormir pouco ou dormir com interrupções altera o ciclo circadiano, que controla a liberação natural do hormônio. O corpo interpreta a privação de sono como um estressor e mantém a liberação alta mesmo quando deveria reduzir.

    Além disso, uma noite mal dormida faz o organismo despertar cansado, menos focado e ainda mais vulnerável ao estresse do dia seguinte, criando um ciclo prejudicial. Com o tempo, o padrão interfere no humor, na memória, na regulação da glicose e na disposição física.

    O uso de café e energéticos aumenta o cortisol?

    O consumo frequente de cafeína estimula o sistema nervoso central e aumenta a liberação do hormônio, especialmente quando ingerido em grande quantidade ou próximo da hora de dormir.

    A substância prolonga o estado de alerta e prejudica o descanso, favorecendo um padrão de liberação irregular do hormônio. O uso de energéticos também interfere no ritmo natural do organismo, aumentando a sensação de tensão e contribuindo para noites mal dormidas.

    Qual vitamina regula o cortisol?

    A vitamina mais associada ao controle natural do cortisol é a vitamina C, que atua diretamente no funcionamento das glândulas adrenais, responsáveis pela produção do hormônio.

    Quando o organismo enfrenta períodos longos de estresse, a demanda por vitamina C aumenta, e o corpo passa a utilizá-la mais rapidamente. Por isso, o consumo regular de alimentos ricos no nutriente ajuda a evitar uma liberação exagerada de cortisol e favorece uma recuperação mais rápida após momentos de tensão.

    Algumas boas fontes de vitamina C incluem laranja, kiwi, acerola, morango, pimentão e brócolis são boas fontes. Além da vitamina C, a vitamina D e algumas vitaminas do complexo B também contribuem para o equilíbrio emocional e para o bom funcionamento do sistema nervoso.

    Qual o melhor remédio para baixar o cortisol?

    A escolha do remédio para baixar o cortisol depende totalmente da causa do desequilíbrio, então existe um medicamento único indicado para todas as pessoas.

    O tratamento pode incluir reposição hormonal, ajuste de doses de corticoides já usados ou medicamentos específicos para condições como síndrome de Cushing.

    Quando o aumento está relacionado ao estresse, ansiedade ou depressão, o médico pode recomendar outras abordagens, como terapia, mudanças de estilo de vida ou, em alguns casos, medicamentos para estabilizar o humor e diminuir a resposta ao estresse. É fundamental não se automedicar!

    O cortisol alto afeta a imunidade?

    Quando o hormônio fica elevado por muito tempo, a resposta imunológica fica prejudicada, fazendo com que o organismo tenha mais dificuldade para combater vírus e bactérias. Como consequência, infecções simples podem surgir com mais frequência e em intervalos menores.

    A inflamação também aumenta, deixando o corpo em constante desgaste. A pessoa começa a sentir mais cansaço, demora mais para se recuperar de doenças e nota maior sensibilidade a alergias e irritações na pele.

    O cortisol muda ao longo do ciclo menstrual?

    O hormônio pode sofrer alterações durante o ciclo menstrual, especialmente em períodos de maior sensibilidade emocional ou dor. A fase pré-menstrual costuma deixar o organismo mais reativo, o que facilita o aumento temporário da resposta ao estresse.

    No entanto, quando a oscilação se torna intensa e interfere na rotina, vale conversar com um ginecologista para investigar possíveis desequilíbrios hormonais associados.

    Veja mais: Colesterol HDL: o que é, valores e como aumentar

  • Colesterol HDL: o que é, valores e como aumentar

    Colesterol HDL: o que é, valores e como aumentar

    Presente na proteção das artérias e no equilíbrio do metabolismo das gorduras, o colesterol HDL é uma lipoproteína que participa ativamente da remoção do colesterol em excesso da circulação — processo fundamental para manter os vasos saudáveis ao longo dos anos.

    Não é à toa que ele é conhecido como colesterol bom, já que contribui diretamente para reduzir o acúmulo de gordura nas paredes arteriais e ajuda a preservar a fluidez do sangue.

    Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender como o HDL protege o coração e a importância para a saúde cardiovascular. Confira!

    O que é colesterol HDL?

    O colesterol HDL, sigla para High Density Lipoprotein, é uma lipoproteína de alta densidade responsável por transportar colesterol pelo sangue de uma maneira que favorece a proteção cardiovascular.

    É uma partícula pequena, densa e altamente funcional, que atua recolhendo o colesterol acumulado nas paredes vasculares e levando-o de volta ao fígado para metabolização — evitando o acúmulo que daria origem a placas de gordura.

    Segundo Juliana, o HDL é chamado de colesterol bom justamente porque cumpre um papel de limpeza arterial: ele remove o colesterol em excesso presente nos tecidos e vasos, evitando a formação de placas, e leva esse material de volta ao fígado, onde será processado e eliminado pelo organismo.

    Como o colesterol bom atua no corpo?

    O mecanismo de proteção é conhecido como transporte reverso do colesterol, como explica Juliana.

    O fígado produz colesterol e o distribui pelo organismo — e quando há aumento de colesterol LDL (ou colesterol ruim), ocorre a deposição de gordura nos vasos, favorecendo a formação de placas que levam ao processo chamado aterosclerose, condição que aumenta o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

    O HDL realiza o transporte reverso ao recolher o colesterol acumulado nas células, nas placas e nas paredes arteriais, conduzindo tudo de volta ao fígado. No fígado, o material é metabolizado e posteriormente eliminado pelo organismo.

    Dessa maneira, o HDL impede o acúmulo de colesterol que desencadeia aterosclerose e reduz o risco de complicações cardiovasculares. Além disso, Juliana aponta que ele possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que auxiliam na proteção das paredes arteriais.

    Quais os sintomas de HDL baixo?

    Os valores baixos de colesterol HDL não causam sintomas diretos, pois é uma alteração silenciosa que só aparece em exames de sangue.

    No entanto, níveis reduzidos podem sinalizar maior tendência a doenças cardiovasculares no futuro, especialmente quando combinados com LDL elevado, triglicerídeos altos, obesidade, sedentarismo ou resistência à insulina.

    Por não causar sintomas imediatos, o diagnóstico depende exclusivamente de check-ups regulares, pois as pessoas costumam descobrir HDL baixo durante consultas de rotina. Em situações de risco acentuado, o HDL reduzido pode fazer parte de um quadro maior chamado dislipidemia aterogênica, comum em pessoas com síndrome metabólica.

    Como é feito o diagnóstico de colesterol HDL baixo?

    O diagnóstico de colesterol HDL baixo é realizado por meio do perfil lipídico, exame de sangue que mede HDL, LDL, triglicerídeos e colesterol total. A coleta é simples e, na maioria dos casos, pode ser feita sem jejum, embora alguns laboratórios ainda solicitem jejum curto para maior precisão dos triglicerídeos.

    Os valores de referência, segundo as diretrizes e consenso médico, geralmente diferem entre homens e mulheres adultos, e são expressos em miligramas por decilitro (mg/dL)

    Categoria Homens (em mg/dL) Mulheres (em mg/dL)
    Desejável/protetor Maior que 40 Maior que 50
    Excelente/ótimo Maior que 60 Maior que 60
    Baixo risco Menor que 40 Menor que 50

    Níveis que ajudam a reduzir o risco cardiovascular.

    Excelente/ótimo: níveis que conferem proteção significativa contra doenças cardíacas.

    Baixo risco: considerado um fator de risco cardiovascular. Requer atenção.

    Vale lembrar que a interpretação do perfil lipídico sempre deve ser feita por um profissional de saúde, que avaliará o conjunto de fatores de risco da pessoa.

    O que causa colesterol HDL baixo?

    Diversos fatores podem reduzir o HDL, e muitos deles estão ligados ao estilo de vida. Alguns dos principais incluem:

    • Dietas ricas em carboidratos refinados, como pães brancos, bolos e bebidas açucaradas;
    • Sedentarismo;
    • Tabagismo;
    • Obesidade, principalmente quando há acúmulo de gordura abdominal;
    • Resistência à insulina e diabetes tipo 2;
    • Hipotireoidismo;
    • Doenças hepáticas;
    • Uso de determinados medicamentos;
    • Predisposição genética.

    Leia também: Colesterol alto: entenda os riscos, causas e como prevenir

    Como aumentar o colesterol HDL?

    De acordo com Juliana, o colesterol HDL pode aumentar principalmente por meio de mudanças no estilo de vida, já que responde pouco a remédios e muito a hábitos saudáveis. Segundo estudos, o aumento do HDL decorrente de medicamentos não oferece a mesma proteção cardiovascular que o aumento obtido por hábitos saudáveis.

    Entre os hábitos que ajudam a aumentar o colesterol HDL naturalmente, é possível destacar:

    • Prática regular de atividade física: os exercícios elevam o HDL de forma consistente, especialmente os aeróbicos, como corrida, natação e ciclismo. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é de 150 a 300 minutos semanais de atividade moderada;
    • Alimentação equilibrada: reduzir gordura trans e excesso de açúcares, além de priorizar gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas. A perda de peso, principalmente quando há gordura abdominal, contribui para elevar o HDL;
    • Consumo de gorduras saudáveis: incluir azeite de oliva, abacate, amendoim, nozes, castanhas e peixes gordurosos, como salmão, sardinha e atum;
    • Aumento no consumo de fibras: optar por aveia, feijão, frutas com casca ou bagaço e vegetais variados para favorecer o equilíbrio do metabolismo lipídico;
    • Parar de fumar: o cigarro reduz o HDL, principalmente em mulheres. Abandonar o tabagismo ajuda a melhorar os níveis do colesterol bom;
    • Regularidade do exercício físico: além de elevar o HDL, atividades aeróbicas frequentes também reduzem o LDL e fortalecem o sistema cardiovascular. O recomendado é manter uma rotina semanal constante para consolidar ganhos.

    Colesterol HDL alto demais faz mal?

    Apesar do efeito protetor no sistema cardiovascular, níveis extremamente altos de colesterol HDL podem sinalizar alterações genéticas que tornam o HDL disfuncional.

    Quando isso acontece, a partícula até circula em grande quantidade, mas não cumpre adequadamente o transporte reverso do colesterol, deixando de remover o colesterol LDL acumulado nas artérias. Em vez de exercer proteção, ele se torna uma lipoproteína com funcionamento inadequado, incapaz de cumprir o papel esperado na prevenção da aterosclerose.

    Por isso, Juliana finaliza apontando que níveis extremamente altos também precisam de avaliação médica com cardiologista.

    Confira: Colesterol alto tem solução! Veja como é o tratamento

    Perguntas frequentes

    O HDL protege contra infarto?

    A proteção acontece por meio do transporte reverso de colesterol, pois o HDL recolhe gordura acumulada nos vasos e leva ao fígado para metabolização. Com isso, reduz a formação de placas de gordura que provocam obstruções. Quando a remoção funciona corretamente, há menor chance de desenvolver aterosclerose, processo que aumenta o risco de infarto e AVC.

    O HDL pode piorar com dietas muito restritivas?

    Sim, dietas muito pobres em gorduras boas prejudicam a formação de partículas de HDL e podem reduzir a eficiência do transporte reverso de colesterol. O organismo precisa de gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas para manter equilíbrio metabólico — e reduções drásticas podem impactar negativamente o HDL.

    Quem tem HDL baixo precisa tomar remédio?

    A indicação de remédios raramente tem como objetivo aumentar o HDL, porque estudos mostram que fármacos voltados para isso não geram o mesmo efeito protetor que mudanças no estilo de vida. Quando o HDL está baixo, o tratamento costuma focar nos fatores que causaram o desequilíbrio, como triglicerídeos altos, resistência à insulina, obesidade abdominal, hipertensão ou aumento do LDL.

    Em muitos casos, o cardiologista orienta o uso de estatinas ou outros medicamentos para controlar o LDL, já que o colesterol ruim é o principal fator ligado ao risco cardiovascular. O aumento do HDL costuma aparecer como resultado de uma melhora geral do metabolismo e não como efeito direto de remédios.

    Por que o HDL costuma ser mais baixo em quem fuma?

    O tabagismo aumenta a inflamação sistêmica, reduz atividade de enzimas protetoras e provoca dano direto ao endotélio. Além disso, as substâncias presentes no cigarro interferem na capacidade do organismo de produzir partículas funcionais de HDL. Segundo estudos, fumantes apresentam queda significativa no HDL, e mulheres sofrem impacto ainda maior.

    Quando há abandono definitivo do cigarro, ocorre recuperação progressiva do metabolismo lipídico, e o HDL tende a subir ao longo dos meses.

    Quais alimentos ajudam a elevar o HDL?

    A combinação de fibras com gorduras saudáveis favorece a remoção de gordura dos vasos e potencializa a ação do HDL:

    • Azeite de oliva;
    • Abacate;
    • Amêndoas;
    • Nozes;
    • Castanha-do-pará;
    • Sardinha;
    • Salmão;
    • Atum;
    • Sementes;
    • Feijão;
    • Aveia;
    • Frutas com casca ou bagaço;
    • Vegetais variados.

    Leia mais: Novas metas de colesterol em 2025: valores mais rígidos para proteger seu coração

  • Sistema Rh: entenda o que significa ter sangue positivo ou negativo 

    Sistema Rh: entenda o que significa ter sangue positivo ou negativo 

    O sistema Rh é um dos mais importantes grupos sanguíneos é um dos mais importantes na medicina, logo depois do sistema ABO. Ele foi descoberto há cerca de 60 anos, quando médicos perceberam que algumas pessoas tinham reações graves ao receber sangue incompatível.

    Embora pareça simples, o sistema Rh é altamente complexo, formado por dezenas de antígenos diferentes e variações genéticas que explicam por que algumas pessoas têm tipos sanguíneos raros.

    Entender o fator Rh também ajuda a prevenir reações transfusionais graves e complicações na gravidez, como a doença hemolítica do recém-nascido.

    O que é o sistema sanguíneo Rh?

    Descoberto há cerca de 60 anos, o sistema Rh é composto por mais de 50 antígenos localizados na superfície dos glóbulos vermelhos. Os mais importantes são:

    • D (o mais relevante, define Rh+ ou Rh−)
    • C
    • c
    • E
    • e

    Dentre todos, o antígeno D é o mais importante, pois determina se uma pessoa é Rh positivo ou Rh negativo.

    O que significa ser Rh positivo ou Rh negativo?

    A diferença depende da presença de uma única proteína:

    Rh positivo (Rh+): tem o antígeno D nas hemácias.

    Rh negativo (Rh−): não tem o antígeno D.

    Essa distinção importa porque uma pessoa Rh− pode reagir de forma grave ao receber sangue Rh+, produzindo anticorpos contra esse antígeno.

    Como o sistema Rh funciona?

    Os antígenos Rh são produzidos a partir de genes específicos e dependem de proteínas de suporte para se manterem estáveis na superfície das hemácias. Juntos, formam o chamado complexo Rh, que ajuda a manter:

    • A estabilidade das hemácias;
    • Sua forma;
    • A troca de substâncias essenciais.

    A função exata dessas proteínas ainda é estudada, mas sabe-se que sua ausência ou alteração pode comprometer o funcionamento das células sanguíneas.

    Diversidade genética dentro do sistema Rh

    O sistema Rh é altamente variável. Existem mais de 45 antígenos conhecidos, e muitas diferenças vêm de:

    • Mutações genéticas;
    • Rearranjos entre genes;
    • Variantes raras, como D fraco ou D parcial.

    Essa diversidade explica por que algumas pessoas reagem de forma inesperada em transfusões e por que certos fenótipos são considerados raros.

    Como é feito o teste do fator Rh?

    O teste é simples e rápido, feito com uma amostra de sangue coletada em tubo com EDTA.

    Métodos mais utilizados

    • Aglutinação direta (anti-D): principal método.
    • Lâmina: simples, porém menos preciso.
    • Tubo de ensaio: mais confiável; usado em laboratórios.
    • Gel: tecnologia moderna, leitura automatizada.
    • Microplaca: muito usada em sistemas automatizados.

    Se houver aglutinação, o resultado é Rh positivo; se não houver, Rh negativo.

    Importância do fator Rh nas transfusões

    O antígeno D é altamente imunogênico. Por isso:

    Quem é Rh+: pode receber Rh+ ou Rh−.

    Quem é Rh−: deve receber apenas Rh−.

    Se uma pessoa Rh− receber sangue Rh+, o corpo pode atacar as hemácias transfundidas, o que provoca:

    • Febre;
    • Anemia;
    • Icterícia;
    • Insuficiência renal;
    • Risco de morte.

    Por isso, o exame de Rh é obrigatório antes de qualquer transfusão.

    O fator Rh na gravidez

    A incompatibilidade Rh é um tema clássico da obstetrícia.

    O problema ocorre quando:

    • Mãe Rh−
    • Bebê Rh+

    Durante a gestação ou no parto, pequenas quantidades de sangue fetal podem entrar na circulação materna, levando o corpo da mãe a produzir anticorpos contra o antígeno D.

    Em uma próxima gestação com bebê Rh+, esses anticorpos podem destruir as hemácias do feto, causando:

    • Anemia grave;
    • Icterícia;
    • Hidropisia;
    • Risco de morte.

    Prevenção

    Hoje, tudo isso é prevenido com imunoglobulina anti-D, aplicada:

    • Durante a gestação;
    • Após o parto;
    • Após sangramentos ou procedimentos (como amniocentese).

    A junção ABO + Rh: os 8 tipos sanguíneos

    Combinando os sistemas ABO e Rh, temos:

    • A+
    • A−
    • B+
    • B−
    • AB+
    • AB−
    • O+
    • O−

    Compatibilidade sanguínea: quem pode doar para quem?

    • O−: doador universal, recebe apenas O−.
    • O+: doa para O+, A+, B+, AB+; recebe O− e O+.
    • A+: doa para A+ e AB+; recebe A+, A−, O+, O−.
    • A−: doa para A+, A−, AB+, AB−; recebe A− e O−.
    • B+: doa para B+ e AB+; recebe B+, B−, O+, O−.
    • B−: doa para B+, B−, AB+, AB−; recebe B− e O−.
    • AB+: receptor universal; doa apenas para AB+.
    • AB−: doa para AB+ e AB−; recebe A−, B−, AB− e O−.

    Veja também: Exames de rotina para homens: como cuidar da saúde urológica?

    Perguntas frequentes sobre o sistema sanguíneo Rh

    1. Rh positivo é mais comum?

    Sim. Aproximadamente 85% da população é Rh+.

    2. Uma pessoa Rh− pode engravidar sem riscos?

    Sim, desde que receba o acompanhamento adequado e a imunoglobulina anti-D quando indicada.

    3. Ser Rh− significa ter sangue raro?

    Não necessariamente, mas é menos frequente do que Rh+.

    4. Rh e ABO são a mesma coisa?

    Não. São dois sistemas diferentes que juntos definem o tipo sanguíneo completo.

    5. Existe tratamento para incompatibilidade Rh na gravidez?

    Sim. A prevenção com imunoglobulina anti-D é altamente eficaz.

    6. Pessoas Rh− podem doar para Rh+?

    Sim. O problema é o contrário: Rh+ não deve ser dado a Rh−.

    7. Variantes como D fraco mudam o resultado?

    Podem alterar a classificação e exigem testes específicos para evitar erros de transfusão.

    Veja mais: O que você precisa saber sobre o seu tipo de sangue

  • Trabalho noturno: conheça os riscos para a saúde do coração

    Trabalho noturno: conheça os riscos para a saúde do coração

    No Brasil, dados do IBGE apontam que aproximadamente 7 milhões de pessoas atuam em jornada noturna — principalmente em áreas como saúde, segurança pública, transporte e logística.

    Com um ritmo de trabalho que atropela o relógio biológico, eles estão mais expostos ao desbalanço hormonal, alterações metabólicas, piora da qualidade do sono e a um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares ao longo dos anos.

    Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender por que o trabalho noturno impacta tanto a saúde do coração e quais estratégias podem ajudar a reduzir os riscos. Confira!

    Como o relógio biológico funciona?

    O relógio biológico é o sistema interno que organiza os horários do corpo humano. Ele sincroniza as funções fisiológicas com o ciclo de luz e escuro do ambiente, o que é chamado de ciclo circadiano.

    Durante o dia, a luz solar estimula o cérebro a produzir hormônios ligados ao estado de alerta, como cortisol. A temperatura corporal sobe, o metabolismo acelera e o cérebro entra em modo de vigília. Já durante a noite, quando escurece, o corpo entende que é hora de descansar: a melatonina aumenta, o metabolismo desacelera e a pressão tende a cair.

    Basicamente, dormir à noite e estar acordado de dia não é apenas um hábito social, mas é um padrão fisiológico do ser humano.

    De acordo com Juliana, quando a sincronia entre o relógio biológico e o relógio cronológico é perdida, o organismo passa por uma série de alterações metabólicas. O cortisol e a adrenalina deixam de seguir o ciclo natural e o corpo permanece em estado de alerta constante, enquanto a melatonina se desregula — comprometendo a qualidade do sono, os processos de regeneração celular e a imunidade.

    Com o horário invertido, a liberação de enzimas digestivas, da insulina e dos hormônios ligados à saciedade também se altera, aumentando o risco de resistência à insulina e ganho de peso. Como o sono é o momento de reparo celular, a privação e a má qualidade do sono reduzem esse reparo e promovem inflamação crônica no organismo.

    Impacto do trabalho noturno na saúde do coração

    A inversão do padrão de sono e de vigília, assim como a alteração dos horários habituais, desregula o corpo e provoca uma série de mudanças metabólicas que aumentam o risco de doenças cardiovasculares.

    Uma revisão mais recente, publicada na revista Environmental Research em 2025, encontrou associação entre trabalho em turnos noturnos e maior risco de mortalidade cardiovascular ao longo do tempo. Os pesquisadores apontaram aumento de inflamação, pior perfil de colesterol e alterações autonômicas em quem trabalha à noite — todos marcadores claros de risco cardiovascular.

    E os riscos crescem conforme se acumulam anos de trabalho noturno. Um estudo publicado no European Heart Journal mostrou que longos períodos de trabalho em turnos noturnos se associam a maior risco de fibrilação atrial e doença arterial coronariana, com tendência proporcional ao número de anos e intensidade da exposição.

    Juliana explica que quando há privação de sono e desbalanço do ciclo circadiano, o sistema nervoso simpático permanece ativado de forma contínua, aumentando a contratilidade e o tônus das artérias, o que eleva a pressão arterial. O sono irregular também prejudica o metabolismo e favorece a piora do perfil lipídico, com aumento do colesterol ruim (LDL) e redução do colesterol bom (HDL), contribuindo para o acúmulo de gordura abdominal.

    Para completar, trabalhar em horários invertidos muitas vezes reduz a regularidade da prática de atividade física, que é uma das principais medidas para manter o sistema cardiovascular saudável, controlar o peso, melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir a inflamação.

    A alimentação na madrugada interfere na saúde cardiovascular?

    No período noturno, o metabolismo funciona de forma mais lenta, pois o organismo está fisiologicamente programado para descansar. Por esse motivo, Juliana aponta que consumir alimentos muito calóricos e pesados no horário pode ser prejudicial, já que o corpo passa a ter maior dificuldade para metabolizar gordura e carboidrato de forma eficiente.

    Consequentemente, há maior tendência de acúmulo de gordura corporal e pior metabolização dos nutrientes, o que impacta diretamente os níveis de colesterol e glicemia, favorecendo o ganho de peso e o desenvolvimento de alterações metabólicas, como diabetes tipo 2.

    Por isso, durante a noite ou na madrugada, uma medida necessária é evitar refeições muito pesadas e priorizar opções mais leves e equilibradas, que causem menor sobrecarga ao sistema digestivo e ao sistema cardiovascular.

    Quem trabalha à noite pode compensar o sono durante o dia?

    A compensação completa do sono perdido durante a noite é mais difícil, porque o ciclo circadiano regula o funcionamento dos hormônios, da temperatura corporal e do metabolismo — e as funções se organizam em torno do repouso noturno.

    Logo, mesmo que a pessoa durma a mesma quantidade de horas durante o dia, a qualidade tende a ser menor, com sono mais fragmentado e menos profundo.

    Para ter algum grau de compensação, é importante garantir a melhor qualidade possível do sono, a partir de medidas como:

    • Higiene do sono: manter hábitos regulares de descanso, evitando telas antes de dormir e criando uma rotina fixa de horários;
    • Dormir em um quarto escuro e silencioso durante o dia: cortinas blackout, tampões auriculares, máscara para os olhos e redução máxima de ruídos externos ajudam a melhorar a profundidade do sono;
    • Evitar exposição solar logo após acordar: a luz natural sinaliza para o organismo que o dia começou, o que pode dificultar o ajuste do ciclo circadiano e piorar a sonolência;
    • Tentar dormir um pouco antes de iniciar o trabalho noturno: um cochilo de preparação aumenta a reserva de energia e reduz o prejuízo metabólico durante as horas em que o corpo deveria estar naturalmente dormindo;
    • Tirar cochilos curtos durante o turno: curtos períodos de descanso (20 a 30 minutos) já são capazes de melhorar o alerta, reduzir lapsos de atenção e diminuir a pressão fisiológica do turno invertido.

    Quando for dormir, o ideal é que o sono seja ininterrupto, mesmo que dure menos tempo. Mesmo que a recuperação não seja plena, os cuidados já contribuem para preservar o funcionamento do organismo e reduzir o impacto do trabalho noturno sobre a saúde.

    Sinais da falta de sono para a saúde

    A privação de sono ou sono irregular pode manifestar uma série de sintomas, que Juliana aponta:

    • Cansaço constante;
    • Sonolência excessiva durante o dia;
    • Irritabilidade e piora do humor;
    • Ansiedade e sintomas depressivos;
    • Dificuldade de concentração e perda de memória;
    • Aumento da pressão arterial;
    • Ganho de peso ou dificuldade para emagrecer;
    • Queda da imunidade.

    Os sinais podem aparecer de maneira lenta e progressiva, mas devem ser levados em consideração, porque indicam que o organismo está entrando em desequilíbrio.

    Não posso mudar o horário de trabalho, o que fazer?

    Quando não é possível trocar o turno de trabalho, o ideal é reduzir danos, adotando uma rotina de cuidados que ajude a proteger o organismo dos efeitos do sono irregular e da vigília prolongada. Entre eles, é possível destacar:

    • Priorizar a melhor qualidade de sono possível, mesmo durante o dia;
    • Manter alimentação equilibrada e evitar refeições muito pesadas na madrugada;
    • Fazer atividade física regularmente (em qualquer horário que seja possível);
    • Controlar o estresse, evitando café em excesso e estimulantes no fim do turno;
    • Limitar o consumo de álcool e ultraprocessados;
    • Manter acompanhamento médico regular, com controle de pressão, colesterol e glicemia.

    As medidas ajudam a proteger o sistema cardiovascular e reduzem parte do impacto que o trabalho noturno provoca no organismo.

    Confira: Dormir mal prejudica a saúde do coração? Conheça os riscos

    Perguntas frequentes

    O que é um sono irregular?

    O sono irregular consiste em dormir em horários que variam muito ao longo da semana, mudar bruscamente o momento em que se dorme e se acorda, alternar noite e dia sem padrão, ou quebrar o sono em vários períodos curtos.

    Quando isso acontece, o corpo não consegue programar os processos fisiológicos de forma estável. O relógio biológico não tem previsibilidade e começa a falhar em funções básicas como regular hormônios, temperatura corporal, apetite, humor e pressão arterial. Com o tempo, a falta de constância desequilibra o metabolismo e pode aumentar o risco de problemas cardiovasculares.

    Por que dormir mal interfere no humor e na saúde mental?

    O sono profundo regula neurotransmissores importantes, como serotonina, dopamina e noradrenalina, todos envolvidos no humor e bem-estar emocional. Quando o sono é fragmentado ou insuficiente, acontece um desequilíbrio químico que pode levar a irritabilidade, ansiedade, impulsividade e sintomas depressivos.

    Ah, e o cérebro tem mais dificuldade para processar emoções, filtrar estímulos e interpretar situações sociais com clareza. Assim, quem dorme mal tem maior chance de reagir de forma exagerada a situações simples ou de sentir piora de sintomas psicológicos já existentes.

    Por que telas atrapalham o sono?

    A luz azul emitida por celulares, tablets e computadores inibe a produção de melatonina, o hormônio que sinaliza ao corpo que está na hora de dormir. O conteúdo consumido nas telas também costuma ser estimulante, deixando o cérebro em alerta e prolongando o estado de vigília. Por isso, o recomendado é evitar telas pelo menos uma hora antes de deitar.

    É normal acordar várias vezes durante a noite?

    Acordar várias vezes durante a noite pode acontecer de vez em quando, mas quando isso vira rotina, pode indicar um problema chamado insônia de manutenção.

    Isso pode acontecer devido a fatores emocionais, como estresse e ansiedade, a hábitos inadequados de sono e a condições físicas, como refluxo ou apneia do sono, além de ambientes pouco favoráveis ao descanso. Como os despertares fragmentam os ciclos de sono e prejudicam o descanso profundo, podem afetar diretamente a disposição, o humor e a saúde ao longo do dia.

    Por isso, se o problema é constante e está impactando a qualidade de vida, procure atendimento médico para identificar a causa e definir o tratamento mais adequado.

    Tomar melatonina é seguro?

    A melatonina pode ser útil em situações específicas, como jet lag, adaptação temporária de horários ou alguns distúrbios de ritmo circadiano. Porém, ela não deve ser usada sem orientação médica, já que as doses encontradas em suplementos variam muito e, em alguns casos, são mais altas do que o necessário. Isso pode causar sonolência residual no dia seguinte, alterações de humor e piora do ciclo sono–vigília a longo prazo.

    Veja mais: Sono leve ou agitado? Veja 7 hábitos noturnos que podem ser os culpados

  • Desidratação aumenta o risco de infarto? Conheça os riscos e como evitar 

    Desidratação aumenta o risco de infarto? Conheça os riscos e como evitar 

    Durante períodos de calor intenso ou prática de atividades físicas prolongadas, como treinos de resistência e corridas, é bastante comum o corpo perder água e sais minerais por meio do suor — sendo importante repor adequadamente os líquidos para evitar a desidratação. Desequilíbrios podem comprometer o funcionamento de órgãos vitais, especialmente o coração.

    Quando o organismo perde líquidos em excesso, o sangue se torna mais espesso e o volume circulante diminui. Como consequência, o coração precisa bater com mais força e rapidez para manter a pressão arterial e garantir que o oxigênio chegue aos tecidos.

    O esforço extra aumenta a sobrecarga cardíaca, o que pode ser perigoso sobretudo para pessoas com doenças cardiovasculares, hipertensão ou histórico de infarto. Vamos entender mais, a seguir.

    Mas como ocorre a hidratação?

    A desidratação acontece quando o corpo perde mais líquidos do que consome, provocando um desequilíbrio entre água e sais minerais, especialmente sódio e potássio, que são fundamentais para o bom funcionamento das células. A perda pode acontecer de forma gradual ou rápida, dependendo da causa e da intensidade.

    Normalmente, o organismo elimina líquidos por meio do suor, urina, fezes e respiração. Mas, em situações como exposição prolongada ao calor, prática intensa de exercícios, febre, vômitos ou diarreia, a perda de água e eletrólitos tende a ser muito maior. Quando você não faz a reposição adequada de líquidos, o volume de sangue circulante diminui e os tecidos passam a receber menos oxigênio e nutrientes.

    Como há menos líquido disponível, o corpo tenta se adaptar: os rins reduzem a produção de urina, a pele fica seca e a temperatura corporal tende a aumentar. O sangue, mais espesso, circula com dificuldade, exigindo maior esforço do coração para manter o fluxo.

    Se a desidratação ficar mais grave, podem surgir sintomas como tontura, fraqueza, queda de pressão, batimentos acelerados e confusão mental, caracterizando um quadro de risco que precisa de reposição imediata de líquidos e, em casos graves, atendimento médico urgente.

    Desidratação afeta a pressão arterial?

    De acordo com a cardiologista Juliana Soares, a desidratação pode causar um quadro de hipotensão, que é a queda na pressão arterial. Ela ocorre porque a redução do volume sanguíneo leva à diminuição da pressão exercida pelo sangue nas paredes dos vasos, comprometendo o fluxo adequado para os órgãos vitais — o que pode causar sintomas como tonturas, náuseas e desmaios.

    Em alguns casos, pode acontecer um aumento transitório e discreto da pressão, pois o organismo tenta compensar a perda de líquido liberando hormônios que causam o estreitamento dos vasos sanguíneos.

    Embora seja uma forma de defesa do corpo, ele pode sobrecarregar o sistema cardiovascular, ainda mais em quem convive com hipertensão ou doenças cardíacas pré-existentes.

    Desidratação é perigosa para o coração?

    Em quadros de desidratação, há risco de queda acentuada da pressão arterial, aceleração dos batimentos, arritmias, tontura, fraqueza e desmaios. A sobrecarga cardíaca também pode desencadear crises hipertensivas, infarto e AVC, sobretudo em pessoas com histórico de doenças cardiovasculares, insuficiência cardíaca ou hipertensão.

    Além dos distúrbios de ritmo, a perda de líquidos e sais minerais intensifica o esforço do coração e reduz a oxigenação dos tecidos, o que pode causar sensação de cansaço extremo e mal-estar generalizado. O desequilíbrio de eletrólitos, principalmente de sódio e potássio, agrava o risco de irregularidades na condução elétrica cardíaca, elevando as chances de complicações graves.

    De acordo com Juliana, os idosos são mais vulneráveis à desidratação porque apresentam alterações naturais do envelhecimento, como a diminuição da sensação de sede e, muitas vezes, a função renal menos eficiente. Isso dificulta a reposição adequada de líquidos e aumenta o risco de desidratação.

    Em pessoas com doenças cardíacas, a cardiologista explica que o coração já tem dificuldade em manter um fluxo sanguíneo adequado. A desidratação exige esforço adicional para bombear um sangue mais espesso e em menor quantidade, o que pode provocar complicações graves. Pacientes com insuficiência cardíaca, por exemplo, podem ter maior risco de infarto e AVC.

    Sinais de desidratação para ficar atento

    Os primeiros sintomas de desidratação incluem:

    • Sede intensa e boca seca;
    • Urina escura e em pequena quantidade;
    • Cansaço e fraqueza generalizada;
    • Dor de cabeça e tontura;
    • Pele e lábios ressecados;
    • Confusão mental ou dificuldade de concentração;
    • Ausência de urina por várias horas.

    Em casos moderados a graves, podem surgir palpitações, aceleração dos batimentos cardíacos, queda de pressão, náusea, confusão mental e desmaios. Os sintomas indicam que o corpo já perdeu quantidade significativa de líquidos e sais minerais, o que compromete a circulação e o funcionamento do coração.

    Entre idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas, a desidratação pode evoluir rapidamente. A ausência de suor em dias quentes, a falta de urina por muitas horas ou a sonolência excessiva são sinais de alerta que exigem avaliação médica imediata.

    Como prevenir a desidratação e proteger o coração?

    Manter o corpo hidratado é uma das principais medidas para prevenir a desidratação e garantir o bom funcionamento do coração, especialmente durante períodos de calor intenso ou em situações que aumentam a perda de líquidos, como atividade física ou febre.

    Outras medidas importantes para adotar no dia a dia incluem:

    • Prefira água, água de coco ou bebidas isotônicas em casos de suor excessivo;
    • Evite o consumo exagerado de café, álcool e refrigerantes, que favorecem a perda de líquidos;
    • Use roupas leves, claras e de tecidos que permitam ventilação;
    • Evite exposição solar entre 10h e 16h;
    • Mantenha ambientes ventilados e frescos, com uso de ventilador ou ar-condicionado quando possível;
    • Faça pausas durante atividades físicas em dias quentes;
    • Observe sinais como urina escura, tontura, fraqueza ou palpitações e procure atendimento se persistirem;
    • Pessoas com doenças cardíacas devem seguir orientação médica sobre a quantidade ideal de líquidos e possíveis ajustes de medicamentos.

    Beber água em excesso também é perigoso?

    Tudo em excesso pode prejudicar a saúde, inclusive o consumo de água. Segundo Juliana, o consumo exagerado de líquidos em um curto período pode causar hiponatremia, condição em que o sangue se torna muito diluído e o nível de sódio cai. O sódio, inclusive, é fundamental para o funcionamento adequado do organismo e para a manutenção dos batimentos cardíacos.

    O excesso de água também pode provocar inchaço das células, inclusive das cerebrais, causando alterações neurológicas e cardíacas graves. Em situações extremas, a diluição excessiva compromete o funcionamento do sistema nervoso e pode levar a uma parada cardíaca.

    Existe uma quantidade ideal de líquidos por dia?

    A quantidade ideal de líquidos deve ser individualizada e determinada pelo médico, segundo Juliana. Para a maioria das pessoas, o recomendado é a ingestão de 2 a 2,5 litros de líquidos por dia.

    Entretanto, pacientes com insuficiência cardíaca podem apresentar dificuldade em eliminar o excesso de líquidos, o que favorece a retenção e o acúmulo, especialmente nos pulmões, agravando o quadro clínico.

    Nessas situações, a cardiologista explica que pode ser orientado uma restrição hídrica, limitando a ingestão diária (em alguns casos, a aproximadamente 1 litro) conforme a gravidade e as necessidades específicas de cada paciente, como finaliza a cardiologista.

    Veja também: Por que beber água é tão importante para os rins e a bexiga?

    Perguntas frequentes

    A falta de água pode causar arritmia cardíaca?

    Pode, sim. A desidratação causa desequilíbrio de eletrólitos, como sódio e potássio, fundamentais para a condução elétrica que regula os batimentos cardíacos. Quando há carência de minerais, o coração pode apresentar ritmo irregular, palpitações e arritmias. Em quadros mais severos, essa instabilidade elétrica pode gerar complicações graves e até risco de parada cardíaca.

    O que fazer para se hidratar corretamente?

    A melhor forma é beber água em pequenas quantidades ao longo do dia, sem esperar sentir sede. Os alimentos ricos em água, como frutas, verduras e sopas, também ajudam. Em situações de calor ou transpiração intensa, é indicado repor sais minerais com água de coco ou bebidas isotônicas. A hidratação deve ser constante, e não concentrada em grandes volumes de uma só vez.

    Quando procurar atendimento médico por desidratação?

    O atendimento deve ser buscado sempre que houver sinais de desidratação moderada ou grave, como sede intensa, urina escura ou ausente, tontura, fraqueza extrema, confusão mental, dor no peito ou palpitações.

    Crianças, idosos e pessoas com doenças cardíacas devem ser avaliadas mais rapidamente, pois o risco de complicações é maior. O tratamento pode incluir reposição de líquidos por via oral ou intravenosa, dependendo da gravidade do quadro.

    O café e o álcool favorecem a desidratação?

    Sim, tanto o café quanto o álcool têm efeito diurético, estimulando o corpo a eliminar mais líquidos pela urina. Quando consumidos em excesso, aumentam o risco de desidratação, especialmente em dias de calor ou durante atividades físicas intensas.

    Como identificar a desidratação leve antes que piore?

    Os primeiros sinais leves de desidratação são sede, boca seca, urina mais escura e sensação de cansaço. Se não houver reposição de líquidos, surgem tontura, dor de cabeça e palpitações. Observar a cor da urina é uma boa forma de monitorar o nível de hidratação: quanto mais clara, melhor.

    Qual é o melhor tipo de bebida para hidratação?

    A água é sempre a melhor opção para se hidratar, no entanto, em situações de grande perda de líquidos, bebidas isotônicas ou água de coco ajudam a repor eletrólitos. Sucos naturais também contribuem para melhorar o quadro, desde que sem excesso de açúcar.

    Confira: Descubra quanto de água você deve tomar por dia

  • Vacinas contra o câncer: o que está sendo testado (e o que esperar)

    Vacinas contra o câncer: o que está sendo testado (e o que esperar)

    Nos últimos anos, pesquisas em universidades e centros científicos ao redor do mundo têm mostrado resultados animadores no desenvolvimento de vacina contra câncer. Diferente das vacinas convencionais, que atuam prevenindo infecções ao expor o corpo a fragmentos ou versões enfraquecidas de vírus e bactérias, essas novas terapias são criadas para tratar tumores já existentes ou evitar que a doença volte — usando as próprias células do paciente para ativar o sistema imunológico e fazer com que ele reconheça e combata o câncer.

    O oncologista Thiago Chadid explica que o processo é bastante complexo: o sangue do paciente é coletado, as células tumorais são isoladas e os cientistas identificam nelas marcadores genéticos específicos. A partir disso, é criado um vetor viral (um vírus modificado em laboratório) que carrega essa informação genética.

    O vírus é injetado em células do próprio paciente, modificando o DNA delas para que o sistema imunológico aprenda a reconhecer e combater o tumor. Depois, essas células modificadas são reintroduzidas no corpo — e é isso que chamamos de vacina personalizada.

    Como uma vacina funciona normalmente?

    As vacinas tradicionais funcionam apresentando ao corpo uma amostra inofensiva do agente causador da doença (seja um fragmento de vírus, bactéria ou proteína), estimulando o sistema imunológico a produzir uma resposta de defesa. Ele cria uma memória imunológica — de modo que o corpo aprende a reconhecer o invasor e reage rapidamente se ele aparecer de novo.

    No caso da vacina contra câncer, a ideia é semelhante, mas em vez de vírus ou bactérias, ela ensina o corpo a atacar células tumorais. O imunizante pode conter neoantígenos, moléculas específicas que aparecem nas células cancerígenas, mas não nas saudáveis. Assim, o sistema imune aprende a identificá-las como ameaças e a destruí-las.

    A seguir, veja algumas das vacinas que estão em desenvolvimento e sendo testadas em estudos clínicos e experimentais.

    Vacina universal do câncer

    Um dos avanços recentes mais notáveis decorre do conceito de uma vacina universal contra o câncer. Em 2024, pesquisadores publicaram na revista Nature Biomedical Engineering um estudo mostrando uma vacina experimental baseada em RNA mensageiro (mRNA) que, quando combinada com imunoterapia, eliminou tumores resistentes em ratos.

    A proposta, no geral, é criar um imunizante que funcione contra diferentes tipos de tumores, usando o mesmo princípio das vacinas de Covid-19. O mRNA carrega instruções genéticas que fazem as células do corpo produzirem proteínas que simulam o comportamento do tumor. Isso desperta o sistema imunológico, que aprende a reconhecer e atacar essas proteínas anormais.

    Nos testes, a vacina aumentou a eficácia da imunoterapia e conseguiu eliminar completamente tumores que até então não respondiam a tratamentos convencionais. Apesar de ainda estar em fase experimental, a pesquisa abre caminho para uma geração de vacinas que podem tratar múltiplos tipos de câncer com um único mecanismo molecular.

    Vacina bacteriana para câncer colorretal avançado e melanoma

    Cientistas da Universidade Columbia criaram uma vacina composta por bactérias probióticas geneticamente modificadas que educam o sistema imunológico a destruir células cancerígenas.

    Segundo o estudo, publicado na revista Nature, as bactérias foram programadas para produzir neoantígenos tumorais, fazendo com que o sistema imune ataque as células com essas proteínas — e poupe as células normais. Em modelos de ratos com câncer colorretal avançado e melanoma, a vacina eliminou o crescimento dos tumores e impediu metástases, mantendo as áreas saudáveis intactas.

    O mais interessante é que a vacina usa o comportamento natural das bactérias, que migram e se instalam dentro dos tumores, onde há menos oxigênio. Isso permite uma resposta imunológica direta no coração do tumor.

    De acordo com o pesquisador Nicholas Arpaia, da Columbia, a terapia foi projetada para ser segura e personalizada: as bactérias são rapidamente eliminadas se não encontrarem o tumor, reduzindo o risco de efeitos adversos. Agora, o próximo passo será testar a técnica em humanos.

    Vacina contra o câncer de pele

    Chamada de mRNA-4157 (V940), a vacina contra o câncer de pele está sendo desenvolvida pela Moderna em parceria com a MSD (Merck). O imunizante, feito com a tecnologia de RNA mensageiro, está sendo testado em pacientes com melanoma avançado.

    Nos estudos de fase 2, a vacina combinada com o medicamento Keytruda (pembrolizumabe), uma imunoterapia amplamente usada, reduziu em 44% o risco de recidiva ou morte em comparação com o tratamento isolado.

    Cada dose é feita sob medida, com base nas mutações específicas encontradas no tumor do paciente. Ela induz o corpo a reconhecer essas mutações e a eliminar células que as contenham.

    Vacina contra o câncer de pâncreas

    O Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSK) está testando uma vacina de mRNA para tratar o câncer de pâncreas. O imunizante é feito de forma personalizada, com base nas características de cada paciente — e tem como objetivo reduzir o risco de o câncer voltar após a cirurgia para remover o tumor.

    Os resultados do ensaio clínico de fase 1, publicados na revista Nature, indicam que a vacina terapêutica contra o câncer foi capaz de ativar células imunológicas específicas do tumor, que permaneceram ativas no organismo por quase quatro anos em alguns pacientes.

    Além disso, aqueles que apresentaram resposta imune à vacina tiveram menor risco de recidiva após três anos de acompanhamento, em comparação com os que não responderam ao tratamento. Se comprovada, a abordagem pode aumentar significativamente a sobrevida de pacientes com câncer pancreático em estágios iniciais.

    Vacina contra o câncer de cabeça e pescoço

    Outro estudo liderado pelo MSK está testando uma vacina terapêutica para cânceres de cabeça e pescoço causados pelo HPV. Os tumores se originam de uma infecção viral, o que torna a vacina especialmente estratégica.

    O imunizante é baseado em proteínas virais expressas nas células infectadas que se tornam cancerígenas. A ideia é ensinar o sistema imune a reconhecer essas proteínas e eliminá-las, destruindo as células doentes.

    No futuro, essa vacina do câncer pode complementar o papel preventivo da vacina contra HPV, agindo como uma forma de tratamento para quem já desenvolveu o câncer. Os ensaios clínicos iniciais mostram respostas imunes positivas e segurança adequada, o que reforça o potencial da abordagem.

    Vacina personalizada contra câncer de intestino

    Em junho de 2024, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) iniciou os primeiros testes com vacinas personalizadas contra o câncer de intestino, também utilizando a tecnologia do mRNA.

    O processo começa com a análise genética do tumor de cada paciente. A partir daí, os cientistas identificam mutações exclusivas e criam uma vacina sob medida. Cada imunizante é único, fabricado de acordo com o “perfil genético” do câncer daquela pessoa.

    O primeiro paciente a receber a vacina foi Elliot Pfebve, de 55 anos, em um hospital na cidade de Birmingham. A expectativa é que a tecnologia reduza as chances de o câncer voltar após cirurgia ou tratamento convencional.

    Vacina contra o câncer renal

    Pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute, ligado à Harvard Medical School, divulgaram resultados iniciais de uma vacina personalizada para câncer renal em estágio III e IV.

    O estudo, publicado na Nature, incluiu nove pacientes com carcinoma renal de células claras, todos com alto risco de recorrência. A vacina foi administrada após cirurgia, com o objetivo de eliminar células tumorais remanescentes.

    Todos os pacientes permaneceram sem sinais de câncer por mais de 40 meses após o tratamento. A vacina foi feita com base em neoantígenos extraídos do próprio tumor, permitindo que o sistema imunológico reconhecesse e destruísse células com a mesma assinatura genética.

    Terapias combinadas contra o câncer

    Nos últimos anos, pesquisadores têm avançado não apenas na criação de novas vacinas terapêuticas contra o câncer, mas também na forma de potencializá-las por meio de terapias combinadas.

    Uma vacina sozinha pode não ser suficiente para conter o crescimento tumoral, especialmente em casos de câncer avançado. À medida que os tumores se desenvolvem, eles passam a produzir moléculas que inibem ativamente o sistema imunológico, bloqueando a ação das células de defesa.

    Por isso, cientistas têm apostado em combinar vacinas com imunoterapias, como os inibidores de ponto de controle imunológico — medicamentos que “liberam os freios” do sistema de defesa. Remédios como o Keytruda (pembrolizumabe) atuam impedindo que as células tumorais se escondam, permitindo que o sistema imunológico as ataque com mais força.

    Os avanços em sequenciamento genético também estão ajudando a identificar neoantígenos, proteínas anormais criadas pelas mutações das células cancerígenas. Esses alvos específicos permitem desenvolver vacinas mais precisas, capazes de estimular o sistema imune de forma direcionada e duradoura.

    Com essa combinação, o tratamento se torna mais inteligente: o corpo aprende a reconhecer, atacar e lembrar do tumor — reduzindo as chances de recidiva.

    O que esperar para os próximos anos?

    Apesar da maioria dos estudos ainda estar em fases iniciais, os resultados têm sido consistentes, seguros e cheios de potencial.

    Os próximos passos envolvem ampliar os testes clínicos em humanos e avaliar a combinação das vacinas com tecnologias de RNA mensageiro junto a tratamentos já consolidados, como a imunoterapia. A proposta é unir diferentes estratégias para aumentar a eficácia e reduzir as chances de o câncer voltar.

    Por enquanto, o oncologista Thiago Chadid explica que essa tecnologia apresenta melhores resultados em cânceres hematológicos. Nos tumores sólidos, o desafio é maior porque o tumor cria uma espécie de barreira protetora, chamada estroma, que dificulta o acesso da vacina.

    As pesquisas atuais buscam entender como romper esse “escudo”, permitindo que o tratamento atinja diretamente as células tumorais.

    Confira: Metástase: o que é, sintomas, como surge e se tem cura

    Perguntas frequentes

    O que são vacinas terapêuticas contra o câncer?

    As vacinas terapêuticas são imunizantes desenvolvidos não para prevenir o câncer, mas para tratar pacientes que já têm a doença. Elas estimulam o sistema imunológico a reconhecer e atacar as células tumorais, identificando-as por meio de proteínas específicas chamadas neoantígenos — presentes apenas nas células cancerígenas. Assim, o corpo aprende a reconhecer o tumor e pode impedir que ele cresça ou volte a aparecer.

    Qual é a diferença entre vacinas preventivas e vacinas terapêuticas?

    As vacinas preventivas evitam o surgimento de um câncer causado por um agente infeccioso, como o HPV (responsável pelo câncer de colo de útero) e a hepatite B (que pode causar câncer de fígado). Já as vacinas terapêuticas são usadas em pacientes que já têm a doença, com o objetivo de ativar o sistema imune para combater o tumor ou reduzir as chances de ele retornar após o tratamento.

    O que é imunoterapia?

    A imunoterapia é um tipo de tratamento que estimula o próprio sistema imunológico a combater o câncer. Diferente da quimioterapia, que ataca diretamente as células tumorais, a imunoterapia fortalece as defesas naturais do corpo, permitindo que ele mesmo destrua as células doentes.

    Há diferentes categorias de imunoterápicos, entre elas os inibidores de ponto de verificação imunológico, que removem os mecanismos de bloqueio do sistema imunológico, permitindo uma resposta mais intensa contra as células tumorais.

    As vacinas contra o câncer podem substituir a quimioterapia ou a radioterapia?

    Não. As vacinas terapêuticas não substituem os tratamentos convencionais, mas podem complementá-los. A ideia é que sejam usadas em conjunto com terapias já estabelecidas, como imunoterapia, quimioterapia ou cirurgia, para aumentar a eficácia e reduzir o risco de recidiva.

    Apesar de ainda estarem em fase de testes para o tratamento de tumores, as vacinas personalizadas têm potencial para proporcionar uma abordagem mais precisa e eficaz, com menor risco de efeitos colaterais em comparação aos tratamentos convencionais.

    Vacinas contra o câncer podem ser usadas para prevenir a doença?

    Algumas, sim. As vacinas preventivas já são realidade e têm um papel importante na redução de certos tipos de câncer, como é o caso da vacina contra o HPV, que previne cânceres de colo do útero, ânus, garganta e pênis, e da vacina contra hepatite B, que ajuda a evitar o câncer de fígado.

    Já as vacinas terapêuticas ainda estão sendo estudadas e visam tratar o câncer já existente, não preveni-lo.

    Leia mais: Câncer: quais os principais fatores de risco?

  • Papanicolau: o exame que ajuda a prevenir o câncer de colo do útero 

    Papanicolau: o exame que ajuda a prevenir o câncer de colo do útero 

    A colpocitologia oncótica, conhecida popularmente como exame de Papanicolau, é um dos testes mais importantes da saúde feminina. Simples, rápido e amplamente disponível no SUS, ele permite detectar alterações celulares no colo do útero antes mesmo que se tornem lesões pré-cancerosas. Ou seja: é um exame que salva vidas.

    Mesmo sendo um procedimento essencial e de fácil acesso, muitas mulheres ainda têm dúvidas ou deixam de fazê-lo com regularidade. Entender como ele funciona e por que é tão valioso é o primeiro passo para manter a prevenção em dia.

    Como é feito o exame?

    O Papanicolau é rápido e, na maioria das vezes, indolor. Durante a consulta:

    • A mulher se deita na maca ginecológica;
    • O profissional introduz um espéculo, que permite visualizar o colo do útero;
    • Com uma escovinha e uma espátula, coleta amostras de células do colo do útero e da vagina;
    • O material é colocado em lâmina ou em meio líquido e enviado ao laboratório.

    Todo o processo leva poucos minutos e é muito seguro.

    Tipos de exame

    Existem duas formas principais de realizar a colpocitologia:

    • Citologia convencional: as células coletadas são depositadas diretamente em uma lâmina de vidro. É o modelo oferecido pelo SUS;
    • Citologia em meio líquido: as células são colocadas em uma solução conservante, o que melhora a qualidade da amostra e permite testes complementares, como o de HPV.

    Ambos têm o mesmo objetivo: identificar precocemente alterações que podem evoluir para câncer.

    O que o exame detecta?

    O Papanicolau pode identificar:

    • Infecções (candidíase, vaginose, tricomoníase);
    • Inflamações;
    • Presença de HPV;
    • Alterações celulares pré-cancerosas.

    A detecção precoce permite tratamentos mais simples, eficazes e menos invasivos.

    Quando fazer o exame

    Segundo o Ministério da Saúde, devem fazer o exame:

    • Mulheres entre 25 e 64 anos que já tiveram relação sexual;
    • A cada três anos, após dois exames anuais consecutivos normais.

    Mesmo após a menopausa, o exame continua essencial.

    Precisa de preparo?

    Sim. Alguns cuidados deixam o resultado mais confiável:

    • Evitar relações sexuais nas 72 horas anteriores;
    • Não usar duchas, cremes ou medicamentos vaginais no período;
    • Evitar realizar o exame durante a menstruação.

    O que significam os resultados?

    Os resultados podem ser:

    • Normal — sem alterações;
    • Alterações benignas — inflamações ou infecções;
    • Alterações suspeitas — células anormais que exigem investigação.

    A classificação segue o Sistema Bethesda, que organiza desde pequenas alterações até lesões de alto grau ou câncer.

    Quando há alterações, o médico pode solicitar repetição do exame, colposcopia ou teste de HPV.

    Por que o exame é tão importante?

    O câncer do colo do útero é um dos tumores mais preveníveis. Com o Papanicolau, é possível identificar alterações antes que evoluam, permitindo tratamento precoce e evitando casos graves.

    É uma ferramenta barata, acessível e extremamente eficaz na prevenção.

    Leia mais: Odor vaginal: quando é normal, sinais de alerta e cuidados

    Perguntas frequentes sobre o exame de Papanicolau

    1. O exame de Papanicolau dói?

    Geralmente não. Pode haver leve desconforto, mas o procedimento é rápido.

    2. Mulheres virgens podem fazer o exame?

    Em geral, ele é recomendado apenas para quem já iniciou atividade sexual. Em casos específicos, o médico pode avaliar a necessidade.

    3. Menstruação atrapalha o exame?

    Sim. O ideal é fazer fora do período menstrual para melhorar a análise das células.

    4. O exame detecta todas as infecções?

    Ele identifica algumas infecções vaginais, mas não substitui testes específicos para ISTs.

    5. Fiz histerectomia. Ainda preciso fazer Papanicolau?

    Depende do tipo de cirurgia e se o colo do útero foi removido. O médico orientará conforme o caso.

    6. Posso fazer o exame grávida?

    Sim. O exame é seguro durante a gestação.

    7. O exame substitui a vacina contra HPV?

    Não. A vacina e o Papanicolau se complementam na prevenção do câncer do colo do útero.

    Leia também: Exame preventivo ginecológico: o que é e quando fazer

  • Capacete protege mesmo contra lesões cerebrais?

    Capacete protege mesmo contra lesões cerebrais?

    Em uma queda, batida ou colisão, a cabeça é uma das partes mais vulneráveis do corpo humano — e os danos podem ser irreversíveis se não houver proteção adequada. É justamente por isso que o uso de capacetes é obrigatório em várias situações, desde o ciclismo até o motociclismo, além de ser altamente recomendado em esportes de impacto.

    Os números não deixam dúvidas: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso do capacete reduz em até 70% o risco de ferimentos graves na cabeça e em 40% o risco de morte. Isso acontece porque o capacete atua como uma barreira física e tecnológica, absorvendo a energia do impacto e diminuindo a força transmitida ao crânio e ao cérebro.

    A seguir, entenda em detalhes como o capacete protege o cérebro, quais tipos existem e como escolher o ideal.

    Como o capacete protege a cabeça?

    O capacete é projetado para absorver e dissipar a energia de um impacto, reduzindo o risco de ferimentos graves. Quando ocorre uma queda ou colisão, a energia do choque é distribuída entre as diferentes camadas do capacete, em vez de ser totalmente transferida para o crânio.

    A estrutura de um capacete costuma ter duas partes principais, sendo elas:

    • Casca externa rígida, normalmente feita de policarbonato ou fibra de vidro, que forma a primeira barreira de proteção do capacete. Ela serve para dissipar a força do impacto e evitar impactos diretos na cabeça, prevenindo lesões como ferimentos cortantes no couro cabeludo e fraturas cranianas. Com isso, ajuda a evitar fraturas, hemorragias e hematomas intracranianos e traumatismos de maior gravidade.
    • Camada interna de espuma (EPS — poliestireno expandido), que funciona como um amortecedor de choques, comprimindo-se no momento da batida para absorver parte da energia e reduzir a desaceleração brusca da cabeça, minimizando o risco de lesões cerebrais.

    Quando o corpo sofre uma queda, o cérebro, que tem consistência macia, se movimenta dentro do crânio. O capacete não impede totalmente esse deslocamento, mas reduz significativamente a força do impacto, diminuindo a chance de o cérebro colidir com as paredes ósseas da cabeça.

    Com isso, ele ajuda a evitar fraturas cranianas, hemorragias internas e traumatismos graves — principais causas de morte em acidentes de trânsito e esportes com impacto.

    Capacete previne lesões cerebrais?

    O capacete reduz drasticamente o risco de lesões cerebrais estruturais, como hemorragias e traumas cranianos graves. No entanto, ele não impede completamente lesões funcionais, como a concussão, de acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi.

    Para entender isso, é preciso compreender o que acontece dentro da cabeça durante um impacto:

    • Movimento translacional (para frente e para trás): o cérebro se desloca dentro do crânio e pode colidir contra suas paredes internas, provocando hematomas, sangramentos e danos ao tecido cerebral;
    • Movimento rotacional (de torção): o cérebro gira de forma brusca dentro do crânio, fazendo com que os neurônios se friccionem entre si — esse atrito pode causar lesões difusas e concussões.

    Os capacetes são mais eficazes contra o primeiro tipo de movimento, o translacional, já que dissipam a força e evitam fraturas ou sangramentos. No entanto, eles ainda têm limitações contra os movimentos rotacionais, responsáveis pela maioria das concussões.

    Ana Gandolfi destaca que a concussão não ocorre apenas após uma batida direta na cabeça — um impacto forte no tórax ou em qualquer outra parte do corpo também pode causar o deslocamento brusco do cérebro dentro do crânio, resultando na lesão.

    Mesmo assim, estudos mostram que o uso do capacete reduz o risco de lesões cerebrais em até 85%. Ou seja, embora ele não elimine completamente o risco, ele transforma um trauma grave em um trauma leve.

    Riscos de não usar capacete

    O traumatismo craniano é uma das maiores causas de morte em acidentes de trânsito no mundo. Segundo a OMS, 1,3 milhão de pessoas morrem todos os anos em decorrência de acidentes, e boa parte dessas mortes poderia ser evitada com o uso correto do capacete.

    Entre os principais riscos de não usar capacete, destacam-se:

    • Fraturas cranianas: quando o impacto é direto e o crânio se quebra, expondo o cérebro a danos irreversíveis;
    • Hemorragias intracranianas: o golpe faz os vasos sanguíneos do cérebro se romperem, causando sangramento interno;
    • Concussão cerebral: mesmo sem fratura, a pancada pode gerar confusão mental, perda de memória e tontura;
    • Lesões permanentes: sequelas motoras, cognitivas e emocionais podem ocorrer em traumas graves.

    Além das mortes, há as sequelas permanentes. Um traumatismo craniano pode deixar a pessoa com dificuldade para falar, andar, se lembrar ou até se reconhecer. A reabilitação é longa, custosa e, muitas vezes, não devolve todas as funções perdidas no acidente.

    Vale apontar que o risco não existe apenas em altas velocidades. Quedas simples, de bicicleta ou patinete, mesmo a 10 km/h, podem causar traumas moderados a graves — especialmente em crianças.

    A neurocirurgiã Ana Gandolfi explica que, nos pequenos, a cabeça tem uma proporção maior em relação ao corpo, o que aumenta significativamente a probabilidade de ela ser a primeira parte a atingir o chão em uma queda.

    Além disso, o equilíbrio infantil ainda não está totalmente desenvolvido, o que torna as quedas mais frequentes. Por isso, mesmo em trajetos curtos, o capacete é necessário no uso de patins, bicicleta ou patinete.

    Quando é necessário usar capacete?

    É necessário usar capacete sempre que houver risco de queda ou colisão envolvendo a cabeça, e isso inclui:

    • Motos e ciclomotores: uso obrigatório por lei no Brasil;
    • Bicicletas: é preciso mesmo em baixas velocidades;
    • Patinetes elétricos e patins: quedas a 10 km/h já podem causar traumatismos;
    • Esportes radicais: skate, mountain bike, snowboard e outros exigem proteção constante.

    No caso de crianças, aliado ao capacete, é recomendado o uso de acessórios como joelheiras, cotoveleiras e roupas adequadas para a prática de esportes com rodas.

    Como escolher o melhor capacete?

    O primeiro passo ao escolher o capacete é garantir que ele tenha o selo do INMETRO (no Brasil) ou certificações internacionais equivalentes, como CPSC, ASTM ou Snell, que atestam a conformidade do produto com testes de impacto e resistência. Eles indicam que o capacete passou por rigorosos ensaios de segurança e é capaz de proteger o cérebro em caso de queda ou colisão.

    Depois, atente-se ao modelo certo para o tipo de atividade, já que cada modalidade tem riscos e necessidades específicas:

    • Ciclismo e patinete: modelos leves, com boa ventilação e cobertura total do crânio;
    • Skate, patins e esportes radicais: capacetes com laterais e parte traseira mais reforçadas, capazes de absorver múltiplos impactos;
    • Esportes na neve (esqui, snowboard): capacetes térmicos, com isolamento e presilhas compatíveis com óculos e equipamentos de frio;
    • Motocicletas e trânsito urbano: obrigatório capacete fechado ou com viseira, com certificação Denatran/INMETRO, que cubra toda a cabeça e o queixo.

    O tamanho e o ajuste também precisam ser exatos — o capacete deve ficar firme, mas confortável, sem balançar ou apertar demais. As fitas laterais devem formar um “V” sob as orelhas, e o fecho do queixo deve permitir apenas um ou dois dedos de folga.

    Fique de olho para que o fecho fique firme, pois se não estiver preso, o equipamento pode sair no momento do impacto, deixando a cabeça vulnerável a um segundo choque.

    Também vale priorizar o conforto e a ventilação, já que crianças tendem a rejeitar capacetes quentes ou pesados. Modelos com aberturas de ar, acolchoamento removível e peso leve aumentam a chance de uso constante.

    Por fim, é recomendável trocar o capacete a cada 3 a 5 anos, mesmo sem quedas, já que o material interno se desgasta com o tempo.

    Capacete no trânsito é obrigatório

    No Brasil, o uso do capacete é obrigatório para condutores e passageiros de motocicletas e ciclomotores, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O não cumprimento da regra é considerado infração gravíssima, com multa, pontos na carteira e possibilidade de retenção do veículo.

    Mas, mais do que uma obrigação legal, a OMS e o Ministério da Saúde reforçam que capacetes seguros e de boa qualidade reduzem o risco de morte em até seis vezes. Ainda assim, em muitos países, especialmente os de baixa e média renda, o uso é baixo — seja por descuido, desinformação ou falta de fiscalização.

    Entre os motivos que dificultam o uso de capacetes estão a baixa qualidade de modelos mais baratos, a falta de opções seguras para crianças e o calor excessivo em algumas regiões.

    Outro problema comum é o uso incorreto do equipamento — muitas pessoas não ajustam o capacete corretamente, e ele pode se soltar no momento de uma queda ou batida.

    Leia também: Cirurgia de coluna: 5 condições em que ela pode ser necessária

    Perguntas frequentes

    1. Existe diferença entre capacete de moto, bicicleta e esportes radicais?

    Sim, existem diferenças importantes. O capacete de moto é projetado para suportar impactos de alta velocidade e cobre toda a cabeça e o rosto. Já os de bicicleta e patinete são mais leves, com ventilação melhor, mas ainda assim precisam ter o selo de segurança do Inmetro ou equivalente. Para esportes radicais como skate, BMX ou snowboard, os capacetes são reforçados nas laterais e na parte de trás, pois as quedas costumam acontecer em ângulos diferentes.

    2. Qual é o tempo de vida útil de um capacete?

    A maioria dos fabricantes recomenda substituir o capacete a cada cinco anos, mesmo que ele pareça em bom estado. Isso porque o material interno perde sua capacidade de absorver impacto com o tempo, especialmente se exposto ao sol, calor ou umidade. E se o capacete sofrer uma queda forte, mesmo que sem rachaduras visíveis, deve ser trocado imediatamente.

    3. Existe diferença entre capacete masculino e feminino?

    Na prática, a diferença está mais no design e nos tamanhos disponíveis, não na proteção. Alguns modelos femininos possuem ajustes que acomodam melhor o formato da cabeça ou o cabelo comprido, mas o que realmente importa é o conforto e a certificação de segurança.

    4. O que devo fazer se sofrer uma queda usando capacete?

    Mesmo que o capacete pareça intacto, ele pode ter perdido parte da sua capacidade de absorção, então é necessário substituí-lo. Observe também se houve sintomas neurológicos, como dor de cabeça, tontura ou confusão mental — nesses casos, procure atendimento médico imediatamente.

    5. Como o capacete age em um acidente de trânsito?

    Durante uma colisão, o capacete absorve parte da energia do impacto por meio de suas duas camadas: a externa, rígida, que espalha a força, e a interna, de espuma (EPS), que se comprime. Isso reduz a desaceleração brusca da cabeça e impede que o cérebro bata com tanta força nas paredes do crânio.

    6. O uso de capacete é obrigatório em bicicletas elétricas?

    No Brasil, quem utiliza bicicletas elétricas é obrigado a usar capacete, conforme determinam as resoluções do Contran. Além do capacete, também são obrigatórios campainha, farol dianteiro, luz traseira e lateral e espelhos retrovisores.

    7. Posso usar um lenço ou touca por baixo do capacete?

    Sim, desde que o tecido seja fino e não comprometa o encaixe. Toucas ou bandanas ajudam na higiene, mas o capacete deve continuar justo e firme. Qualquer material que crie folga pode reduzir a eficácia da proteção.

    Leia também: Dor de cabeça: quando é normal e quando é sinal de alerta

  • Laqueadura tubária: o que você precisa saber antes de optar pelo método definitivo 

    Laqueadura tubária: o que você precisa saber antes de optar pelo método definitivo 

    A laqueadura tubária é um dos métodos contraceptivos mais conhecidos e procurados pelas mulheres. Durante muito tempo foi considerada definitiva, já que o procedimento interrompe a passagem dos óvulos pelas tubas uterinas e impede a fecundação. Apesar da alta eficácia, relatos de falhas e casos de gravidez após a cirurgia ainda levantam dúvidas e geram desconfiança sobre sua real segurança.

    É justamente nesse ponto que a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza faz um alerta: “Nenhum método é 100% eficaz. Nem a laqueadura, nem a vasectomia”. Nesta reportagem, a especialista esclarece os principais pontos sobre o tema, explicando quais são as técnicas mais usadas, as diferenças em relação ao passado e os riscos associados.

    Laqueadura é 100% eficaz?

    Segundo a ginecologista, é importante desfazer um mito bastante difundido: nenhum método contraceptivo é absolutamente infalível. “Existem casos que são raros, anedóticos, mas acontecem. É a mesma coisa que engravidar com o DIU bem colocado: é incomum, mas não impossível”, explica.

    Na prática, isso significa que, embora a laqueadura apresente uma eficácia muito alta, ainda há pequenas chances de falha. Esses casos estão geralmente associados ao fenômeno da recanalização espontânea das tubas uterinas, quando, após o procedimento, o organismo cria uma nova passagem que permite a comunicação entre os óvulos e o útero. Esse processo é raro, mas documentado em diferentes estudos.

    Além da recanalização, falhas também podem ocorrer quando a técnica não é executada de forma adequada, reforçando a importância de que o procedimento seja feito por profissionais experientes e com técnicas seguras. Ainda assim, o consenso médico é claro: a laqueadura continua sendo uma das opções mais eficazes entre os métodos contraceptivos disponíveis.

    Técnicas mais comuns de laqueadura

    A laqueadura pode ser feita em diferentes momentos: isoladamente, como uma cirurgia eletiva, ou em associação ao parto, seja cesariana, seja logo após um parto normal. Nesses casos, aproveita-se a condição em que o útero ainda está aumentado para facilitar o acesso às tubas.

    Entre as principais técnicas, estão:

    • Pomeroy (clássica): corte, amarração e cauterização da tuba uterina. É altamente eficaz, mas pode comprometer um pequeno vaso sanguíneo próximo, alterando a irrigação do ovário;
    • Técnicas que preservam a irrigação: em vez de cortar junto com o vaso, isolam apenas a tuba uterina. Têm ligeiramente maior chance de recanalização, mas menor impacto hormonal;
    • Periumbilical: indicada para pacientes que tiveram parto normal. É feita por uma pequena incisão no umbigo, para acessar e interromper as tubas;
    • Vaginal (fimbrectomia): realizada cerca de 45 dias após o parto vaginal, quando o útero já voltou ao tamanho normal. A ponta final da tuba é cortada e amarrada.

    Nas diferentes técnicas de laqueadura, a escolha do método está diretamente ligada ao tipo de parto realizado e ao momento em que a cirurgia será feita. “Em termos de eficácia, todas são muito parecidas”, explica Andreia.

    Impacto no ciclo menstrual

    Um ponto importante levantado pela médica é que a técnica clássica, ao cortar o vaso sanguíneo que acompanha a tuba, pode alterar a irrigação do ovário. Isso não compromete totalmente o fornecimento de sangue, já que há outro vaso responsável, mas pode modificar a produção hormonal.

    “É frequente em mulheres que fizeram laqueadura ter um certo aumento do fluxo menstrual ou irregularidade do ciclo. Isso acontece por conta da alteração na irrigação do ovário”, destaca. Esse efeito, no entanto, não é regra e pode variar bastante de paciente para paciente.

    Gravidez após laqueadura: por que acontece?

    Apesar de ser um método altamente eficaz, com taxa de falha estimada em menos de 1%, a gravidez após laqueadura é possível. O principal motivo é a recanalização tubária, quando os fragmentos da tuba encontram uma forma de se reconectar.

    Essa possibilidade é rara, mas explica casos de mulheres que engravidam anos após o procedimento. Além disso, se a técnica for mal executada ou se a paciente tiver condições anatômicas específicas, o risco pode aumentar.

    Quando a laqueadura é indicada

    A laqueadura é considerada uma forma de contracepção definitiva e, por isso, só deve ser indicada em situações bem avaliadas. No Brasil, a legislação estabelece critérios:

    • A idade mínima para laqueadura voluntária passou de 25 para 21 anos;
    • Pessoas com capacidade civil plena precisam ter pelo menos 21 anos, ou então pelo menos 2 filhos vivos, para poderem solicitar o procedimento;
    • Não é mais exigido o consentimento do cônjuge, algo que era necessário antes da lei ser alterada;
    • No caso de laqueadura no momento do parto, é necessário manifestar a vontade com antecedência mínima de 60 dias.

    Segundo Andreia, o ideal é que a laqueadura seja feita quando há clareza na decisão, afinal, com tantas opções de métodos de longa duração e reversíveis, como DIU e implantes, a laqueadura é menos usada atualmente.

    Alternativas à laqueadura

    Antes de optar pela cirurgia, é fundamental conhecer outros métodos contraceptivos eficazes e de longa duração:

    • DIU de cobre ou hormonal: podem durar de 5 a 10 anos;
    • Implantes subcutâneos: liberam hormônio e funcionam por até 3 anos;
    • Injetáveis ou anticoncepcionais orais: opções reversíveis, embora dependam de uso contínuo.

    Essas alternativas oferecem alta eficácia e a vantagem da reversibilidade, o que pode ser importante caso a paciente mude de ideia sobre ter filhos no futuro.

    Leia também: DIU hormonal: o que é, tipos, vantagens e desvantagens

    Perguntas e respostas sobre laqueadura tubária

    1. A laqueadura é 100% eficaz?

    Não. Apesar de ser altamente eficaz, existe uma pequena chance de falha, principalmente devido à recanalização espontânea das tubas uterinas ou a erros técnicos durante a cirurgia.

    2. Quais são as técnicas mais comuns de laqueadura?

    As principais são a técnica de Pomeroy (corte, amarração e cauterização da tuba), técnicas que preservam a irrigação, a periumbilical (pelo umbigo) e a vaginal (fimbrectomia). Todas têm eficácia semelhante, e a escolha depende do momento e do tipo de parto.

    3. A laqueadura pode alterar o ciclo menstrual?

    Sim. Em alguns casos, pode haver aumento do fluxo ou irregularidade do ciclo, geralmente associada à alteração da irrigação do ovário. Porém, isso não acontece em todas as mulheres.

    4. É possível engravidar após a laqueadura?

    Sim, embora seja raro. Isso pode ocorrer por recanalização das tubas ou se a técnica não tiver sido bem executada. A taxa de falha é estimada em menos de 1%.

    5. Quem pode fazer laqueadura no Brasil hoje?

    Desde 2023, mulheres com 21 anos ou mais, ou aquelas que têm pelo menos dois filhos vivos, podem solicitar a cirurgia. Não é mais necessário o consentimento do cônjuge, mas a paciente deve assinar um termo de consentimento reconhecendo que se trata de um método definitivo.

    6. A laqueadura pode ser feita junto com o parto?

    Sim, mas a paciente deve manifestar sua vontade com pelo menos 60 dias de antecedência da data provável do parto. Essa exigência existe para garantir reflexão e segurança na decisão.

    7. Existem alternativas à laqueadura?

    Sim. Métodos reversíveis e de longa duração, como DIU (cobre ou hormonal), implantes subcutâneos e anticoncepcionais injetáveis ou orais, podem ser opções eficazes e permitem reconsiderar a decisão sobre ter filhos no futuro.

    Veja mais: Métodos contraceptivos: existe um mais eficaz? Saiba os riscos de falha em cada opção

  • Espirometria: para que serve esse exame dos pulmões 

    Espirometria: para que serve esse exame dos pulmões 

    A espirometria é um exame simples, rápido e importante para avaliar como os pulmões estão funcionando. Ele mede o volume de ar que entra e sai dos pulmões e a velocidade dessa respiração e ajuda o médico a entender se há alguma alteração na função respiratória.

    Por ser não invasivo e indolor, é considerado um dos principais testes para investigar e acompanhar doenças pulmonares, como asma, bronquite crônica e enfisema. Entenda mais.

    O que é a espirometria e para que serve

    A espirometria é um teste que registra a capacidade pulmonar e o fluxo de ar durante a respiração. Durante o exame, a pessoa sopra com força em um aparelho chamado espirômetro, que analisa a quantidade e a velocidade do ar.

    Com esses dados, o médico consegue avaliar se os pulmões estão funcionando dentro do esperado ou se há redução na capacidade respiratória.

    A espirometria é indicada para:

    • Ajudar no diagnóstico de doenças respiratórias (como asma, bronquite crônica e enfisema pulmonar);
    • Avaliar o grau de comprometimento dos pulmões em quem já tem uma doença respiratória;
    • Acompanhar o tratamento e verificar se ele está sendo eficaz;
    • Avaliar o risco pré-operatório antes de cirurgias;
    • Fazer parte de exames ocupacionais, especialmente em profissões com exposição a poeira, gases ou produtos químicos.

    Como o exame de espirometria é feito

    Antes do exame, a pessoa deverá responder a um questionário sobre sintomas e histórico de saúde, o que ajuda na interpretação dos resultados.

    Durante o teste:

    • O paciente geralmente fica sentado, usando um bocal conectado ao espirômetro e um clipe no nariz, para evitar a saída de ar.
    • Ele respira normalmente no início e, depois, realiza inspirações e expirações profundas e rápidas, conforme orientação do profissional.
    • O exame depende da colaboração do paciente, que deve seguir as instruções à risca para que o resultado seja confiável.
    • O procedimento dura poucos minutos e é feito sob supervisão de um técnico treinado.

    Espirometria com prova broncodilatadora

    Em muitos casos, o exame é realizado em duas etapas:

    • Antes do uso de medicamentos broncodilatadores;
    • Depois da inalação do medicamento, com um intervalo para que ele faça efeito.

    Essa comparação ajuda o médico a identificar se há melhora na função pulmonar após o uso do remédio, o que é importante no diagnóstico de doenças como asma e DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica).

    Cuidados e limitações do exame

    A espirometria é segura e bem tolerada, mas pode ser difícil para pessoas que não conseguem colaborar com o teste, como crianças pequenas ou pacientes com problemas cognitivos.

    O exame é contraindicado em algumas situações específicas, como:

    • Infarto do miocárdio recente (até uma semana);
    • Síncope (desmaio) relacionada à expiração forçada;
    • Hipertensão pulmonar não controlada;
    • Cirurgia ocular, cerebral ou torácica recente;
    • Infecções respiratórias em fase transmissível;
    • Cirurgias abdominais recentes, por aumento da pressão dentro do tórax e abdômen.

    Essas condições elevam o risco de complicações e devem ser informadas ao médico antes do exame.

    Resultados da espirometria

    Após o exame, os resultados são analisados por um especialista, geralmente um pneumologista, que interpreta os gráficos e índices obtidos pelo espirômetro.

    Os principais parâmetros avaliados são:

    • CVF (Capacidade Vital Forçada): volume total de ar expirado após uma inspiração profunda;
    • VEF1 (Volume Expiratório Forçado no 1º segundo): quantidade de ar eliminada no primeiro segundo de expiração;
    • Relação VEF1/CVF: ajuda a identificar obstruções nas vias aéreas.

    Essas medidas permitem distinguir se há alteração obstrutiva (como na asma e DPOC) ou restritiva (como em fibrose pulmonar). Os resultados devem sempre ser interpretados pelo médico que solicitou o exame, junto com o histórico clínico e outros testes complementares.

    Leia mais: Asma alérgica: o que é, sintomas, tratamentos e remédios

    Perguntas frequentes sobre espirometria

    1. O que é espirometria?

    É um exame que mede o volume e o fluxo de ar que entra e sai dos pulmões, ajudando a avaliar sua função.

    2. Para que serve o exame de espirometria?

    Serve para diagnosticar e acompanhar doenças respiratórias, como asma, bronquite e enfisema.

    3. A espirometria dói?

    Não. É um exame simples e indolor, que exige apenas esforço respiratório.

    4. É preciso algum preparo antes do exame?

    Evite fumar, praticar exercícios intensos ou usar broncodilatadores antes do exame, a menos que o médico autorize.

    5. Quanto tempo dura o exame?

    Em média, de 15 a 30 minutos, dependendo da colaboração do paciente e da necessidade de fazer a prova broncodilatadora.

    6. Crianças podem fazer espirometria?

    Sim, desde que consigam seguir as orientações do técnico. O exame é seguro, mas pode ser difícil para os menores de 5 anos.

    7. Quem não pode fazer espirometria?

    Pessoas que tiveram infarto, cirurgias recentes ou estão com infecções respiratórias transmissíveis devem evitar o exame até liberação médica.

    Veja também: Câncer: quais os principais fatores de risco?