Categoria: Mães, pais & bebês

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  • ‘Bebês Ozempic’: como os análogos do GLP-1 impactam a fertilidade?

    ‘Bebês Ozempic’: como os análogos do GLP-1 impactam a fertilidade?

    Inicialmente criados para o tratamento de diabetes tipo 2, os remédios análogos do GLP-1, como o Ozempic, também se tornaram populares para a perda de peso. Eles funcionam imitando a ação de um hormônio produzido no intestino, responsável por controlar a glicose no sangue e aumentar a sensação de saciedade.

    Mas, nos últimos anos, com o crescimento acelerado do uso dos medicamentos, começaram a surgir relatos curiosos sobre outros possíveis efeitos: mulheres que antes enfrentavam dificuldades para engravidar acabaram gestando após o início do tratamento. Nas redes sociais, o fenômeno ganhou um apelido que rapidamente viralizou — os chamados “bebês Ozempic”.

    Mas, afinal, existe relação entre os agonistas de GLP-1 e a fertilidade? Para esclarecer as principais dúvidas (e trazer orientações), conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza.

    O que são os agonistas do GLP-1 e como eles funcionam?

    O GLP-1 (glucagon-like peptide-1) é um hormônio produzido pelo intestino logo após as refeições. Ele ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue ao estimular a liberação de insulina, reduzir a secreção de glucagon e retardar o esvaziamento gástrico. Também aumenta a sensação de saciedade, favorecendo a redução natural da ingestão de calorias.

    Como o GLP-1 é rapidamente degradado pelo organismo, surgiram os agonistas do GLP-1 (GLP-1 RAs), medicamentos que imitam sua ação, mas permanecem ativos por mais tempo, trazendo efeitos prolongados no controle metabólico e no auxílio ao emagrecimento.

    Um dos mais conhecidos é a semaglutida (Ozempic). Além do efeito metabólico, ela atravessa a barreira hematoencefálica e age em áreas do cérebro relacionadas ao craving (compulsão por comida), reduzindo o apetite e o comportamento compulsivo.

    Como resultado, a pessoa tende a comer menos, perder peso e melhorar condições associadas, como resistência à insulina e síndrome metabólica — fatores que impactam diretamente a saúde reprodutiva e a fertilidade feminina.

    Como a obesidade e o metabolismo influenciam a fertilidade feminina?

    A obesidade é um dos principais fatores que afetam a fertilidade. O excesso de gordura corporal contribui para o desequilíbrio hormonal, pois o tecido adiposo também produz hormônios. Isso pode levar a ciclos irregulares, ausência de ovulação e dificuldade para engravidar.

    Outro ponto é a resistência à insulina, comum em mulheres com sobrepeso/obesidade. Quando o corpo não responde bem à insulina, ele produz mais hormônio, o que aumenta a produção de androgênios (hormônios masculinos). Esse desequilíbrio atrapalha o amadurecimento e a liberação do óvulo.

    Exemplo frequente é a síndrome dos ovários policísticos (SOP), que afeta cerca de 6% a 10% das mulheres em idade reprodutiva: ciclos irregulares, anovulação e impacto na fertilidade.

    Nesse cenário, os análogos de GLP-1 podem auxiliar ao:

    • Reduzir o peso corporal;
    • Melhorar a sensibilidade à insulina;
    • Reequilibrar os hormônios sexuais;
    • Favorecer o retorno da ovulação.

    Segundo Andreia, mulheres com SOP que emagrecem (especialmente com obesidade) muitas vezes restabelecem o equilíbrio hormonal apenas com a perda de peso, voltando a menstruar regularmente após meses de amenorreia. Por isso, a perda de peso é parte fundamental do tratamento, e o uso de GLP-1 pode ser uma abordagem útil — sempre com orientação profissional.

    Os agonistas do GLP-1 podem interferir no anticoncepcional?

    Até o momento, não há evidências robustas de redução da eficácia da pílula anticoncepcional em usuárias de agonistas do GLP-1.

    No entanto, esses fármacos alteram a motilidade gastrointestinal e podem retardar a absorção de medicamentos orais, inclusive contraceptivos. Na prática, as pílulas costumam ter dose suficiente para manter a eficácia, mesmo com absorção mais lenta.

    Ainda assim, recomenda-se considerar métodos que não dependam da via oral (DIU, implantes, adesivos, anéis, injetáveis) durante o uso de GLP-1, sobretudo em quem não deseja engravidar.

    Existe risco para o bebê ao engravidar durante o uso de GLP-1?

    Faltam dados de segurança na gestação; portanto, não se recomenda o uso de agonistas do GLP-1 durante a gravidez.

    Se a mulher descobrir que está grávida enquanto usa Ozempic ou similares, deve interromper imediatamente e procurar orientação médica. O mesmo cuidado vale para a lactação, pois não se sabe se o medicamento é excretado no leite materno.

    Em gestação planejada, recomenda-se suspender com antecedência:

    • Versões diárias: alguns dias podem bastar;
    • Versões semanais (ex.: semaglutida): cerca de duas semanas para eliminação;
    • Ainda assim, prefere-se suspender 1 a 2 meses antes de tentar engravidar.

    Engravidei tomando Ozempic. E agora?

    Interrompa o uso imediatamente e procure seu médico. Não há estudos controlados em gestantes, e os efeitos sobre o desenvolvimento fetal são incertos.

    Para gestantes com diabetes tipo 2, uma alternativa é a metformina, medicamento amplamente estudado e considerado seguro na gestação. Ela não promove perda de peso, mas auxilia no controle da resistência insulínica.

    Veja também: Wegovy e Ozempic: como funcionam para perda de peso

    Perguntas frequentes

    Tomar Ozempic pode atrapalhar quem já está tentando engravidar?

    De forma direta, não. Porém, o medicamento não deve ser usado na gravidez pela falta de dados de segurança. Se estiver em fase ativa de tentativas, suspenda o uso 1–2 meses antes de buscar a concepção.

    Os agonistas do GLP-1 são indicados como tratamento para infertilidade?

    Não. Eles não são indutores de fertilidade. Foram desenvolvidos para diabetes tipo 2 e aprovados para obesidade. O benefício na fertilidade é indireto: melhora metabólica, menor resistência insulínica e perda de peso tendem a favorecer a ovulação.

    Existe diferença entre o efeito do Ozempic e de outros agonistas do GLP-1 na fertilidade?

    Os efeitos de classe são semelhantes (controle glicêmico, menor apetite, perda de peso). A semaglutida (Ozempic/Wegovy) costuma ser mais potente para emagrecimento do que a liraglutida, o que pode trazer impacto indireto maior na ovulação devido à maior redução ponderal.

    Quero engravidar, mas tenho diabetes tipo 2. O que fazer?

    Converse com seu ginecologista/endócrino. Em geral, substitui-se GLP-1 por fármacos com segurança estabelecida na gestação, como metformina ou, em alguns casos, insulina, antes de tentar engravidar.

    Resistência à insulina sem SOP também afeta a fertilidade?

    Sim. Mesmo sem SOP, a hiperinsulinemia pode elevar andrógenos ovarianos e prejudicar a ovulação. O manejo do peso, da resistência insulínica e do estilo de vida ajuda a restabelecer ciclos ovulatórios.

    Leia também: Ozempic na gravidez: por que não é seguro usar

  • Por que o bebê fica amarelinho? Entenda tudo sobre a icterícia neonatal 

    Por que o bebê fica amarelinho? Entenda tudo sobre a icterícia neonatal 

    Nos primeiros dias de vida, é comum que o bebê apresente uma coloração amarelada na pele e nos olhos. Na maioria das vezes, trata-se de um quadro passageiro e inofensivo de icterícia neonatal, causado pela imaturidade natural do fígado. Com o tempo e o acompanhamento adequado, a coloração costuma voltar ao normal sem deixar sequelas.

    Em alguns casos, porém, esse amarelado pode indicar problemas de saúde que exigem atenção médica — como doenças metabólicas, incompatibilidade sanguínea ou dificuldade na eliminação da bilirrubina. Por isso, é importante que os pais saibam identificar os sinais e mantenham o acompanhamento pediátrico após o nascimento.

    O que é a icterícia

    A icterícia acontece quando há acúmulo de bilirrubina no sangue. A bilirrubina é uma substância produzida naturalmente durante a renovação dos glóbulos vermelhos. O fígado transforma e elimina essa substância pelas fezes e pela urina.

    Nos primeiros dias de vida, o fígado do bebê ainda está amadurecendo, o que pode causar um leve aumento da bilirrubina e resultar na coloração amarelada da pele e dos olhos.

    Quando a icterícia pode ser preocupante

    Na maioria dos casos, a icterícia é fisiológica, ou seja, normal e temporária. No entanto, há situações em que ela pode indicar um problema de saúde, como:

    • Alterações metabólicas, como o hipotireoidismo;
    • Aumento da destruição dos glóbulos vermelhos, comum em casos de incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê ou deficiência de G6PD;
    • Dificuldade na eliminação da bilirrubina, causada por obstrução das vias biliares ou doenças hepáticas.

    Em qualquer uma dessas situações, a avaliação médica é indispensável para identificar a causa e iniciar o tratamento adequado.

    Risco para o cérebro

    Em casos raros, a bilirrubina pode atravessar a barreira natural do cérebro e causar neurotoxicidade. Nos estágios iniciais, o bebê pode apresentar:

    • Sonolência excessiva;
    • Moleza ou, ao contrário, rigidez muscular;
    • Irritação e choro agudo.

    Sem tratamento, o quadro pode evoluir para kernicterus — uma forma grave e crônica de icterícia que pode causar dificuldades motoras, perda auditiva e atraso no desenvolvimento. Embora seja raro, o kernicterus é uma complicação grave e irreversível, por isso a observação cuidadosa é fundamental.

    Fatores de risco para icterícia grave

    Alguns bebês exigem vigilância maior, como:

    • Prematuros;
    • Bebês com doença hemolítica do recém-nascido, que ocorre quando os anticorpos da mãe atacam os glóbulos vermelhos do bebê;
    • Histórico familiar de icterícia grave em irmãos;
    • Baixa ingestão de leite materno, que dificulta a eliminação da bilirrubina.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico começa com o exame visual, observando a pele, os olhos e as mucosas. Em bebês de pele mais escura, o amarelado costuma ser mais evidente na parte branca dos olhos e embaixo da língua.

    Mas apenas observar não é suficiente. Sempre que houver suspeita, o médico deve solicitar a dosagem da bilirrubina, que pode ser feita por:

    • Exame de sangue;
    • Teste transcutâneo, realizado com um aparelho que mede os níveis de bilirrubina pela pele.

    Em alguns casos, podem ser necessários exames complementares de sangue ou imagem para investigar a causa do aumento da bilirrubina.

    Prevenção e triagem

    • Todos os recém-nascidos devem ser avaliados entre 24 e 48 horas após o parto;
    • Durante a gestação, exames de sangue da mãe ajudam a identificar riscos, como incompatibilidade do fator Rh;
    • O início precoce da amamentação — ainda na sala de parto — auxilia o bebê a eliminar a bilirrubina pelas fezes;
    • O acompanhamento pediátrico deve continuar após a alta hospitalar, pois a icterícia pode piorar quando o bebê já está em casa.

    Leia mais: Teste da orelhinha: para que serve e como é feito

    Tratamento da icterícia em recém-nascidos

    Fototerapia

    É o tratamento mais comum e eficaz. O bebê fica exposto a uma luz especial (diferente da solar), que transforma a bilirrubina em uma forma mais fácil de eliminar. O tempo de tratamento varia conforme os níveis de bilirrubina e a resposta do bebê.

    Casos graves

    Em situações raras, pode ser necessária a exsanguineotransfusão — procedimento em que parte do sangue do bebê é trocada para remover rapidamente o excesso de bilirrubina.

    Perguntas frequentes sobre icterícia em recém-nascidos

    1. É normal o bebê ficar amarelinho depois que nasce?

    Sim. A maioria dos bebês tem icterícia leve nos primeiros dias de vida, que desaparece sozinha conforme o fígado amadurece.

    2. Quando a icterícia precisa de tratamento?

    Quando os níveis de bilirrubina estão altos ou o bebê apresenta sinais como sonolência excessiva, dificuldade para mamar ou fraqueza.

    3. A icterícia pode causar sequelas?

    Somente nos casos graves e sem tratamento. Quando acompanhada adequadamente, a icterícia não deixa sequelas.

    4. Posso colocar o bebê no sol para tratar a icterícia?

    Não. A fototerapia médica é feita com luz específica e segura. A exposição solar não substitui o tratamento.

    5. A amamentação influencia a icterícia?

    Sim. Amamentar com frequência ajuda o bebê a eliminar a bilirrubina mais rapidamente.

    6. Quando devo procurar o médico com urgência?

    Se o bebê estiver muito sonolento, com choro agudo, dificuldade para mamar ou se a cor amarelada piorar após a alta hospitalar, procure atendimento médico imediatamente.

    Leia também: 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

  • Pneumonia silenciosa em crianças: conheça as características da doença

    Pneumonia silenciosa em crianças: conheça as características da doença

    A pneumonia é uma infecção nos pulmões que causa inflamação nos alvéolos, que podem se encher de líquido ou pus e dificultar a respiração. Ela costuma causar sintomas clássicos, como tosse intensa, febre alta, calafrios e dor no peito — sendo a maior causa infecciosa de morte em crianças em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

    No entanto, existem algumas situações em que a doença evolui de forma mais discreta, sem febre ou tosse evidente. Conhecida como pneumonia silenciosa, ela pode passar despercebida, principalmente em crianças, que aparentam apenas um resfriado leve, ficam mais cansadas, sonolentas e com pouco apetite.

    Apesar dos sintomas iniciais leves, a evolução clínica da doença pode ser rápida, levando à piora do quadro em pouco tempo. Por isso, é fundamental que os pais fiquem atentos a qualquer mudança na respiração, no sono ou no comportamento da criança, buscando avaliação médica diante de qualquer sinal de alerta.

    O que é pneumonia silenciosa e por que acontece

    De acordo com a pneumologista pediátrica Juliana Sencini, o termo costuma se referir a casos de pneumonia atípica, normalmente causados por agentes como Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae, que provocam sintomas mais brandos e de início gradual. Por isso, é comum que a doença passe despercebida, atrasando o diagnóstico e o tratamento.

    Ela ocorre quando bactérias, vírus ou fungos atingem os pulmões e causam inflamação nos alvéolos — pequenas bolsas de ar responsáveis pela troca de oxigênio. Quando isso acontece, o ar tem dificuldade de circular, prejudicando a respiração e a oxigenação do sangue.

    Crianças pequenas, especialmente as menores de 5 anos, são mais vulneráveis porque o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento. Além disso, nessa faixa etária, elas nem sempre conseguem expressar o que estão sentindo, o que torna o quadro ainda mais difícil de ser notado pelos pais.

    Causas de pneumonia em crianças

    A pneumonia infantil pode ser causada por diferentes agentes infecciosos, como:

    • Bactérias: como Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae e Haemophilus influenzae;
    • Vírus: como o vírus sincicial respiratório (VSR), influenza (gripe) e adenovírus;
    • Fungos: em casos mais raros, especialmente em crianças com imunidade comprometida.

    Outros fatores também aumentam o risco da doença, como baixa imunidade, falta de vacinação, ambientes pouco ventilados e doenças respiratórias prévias — como bronquite e asma.

    Sintomas de pneumonia silenciosa infantil

    Diferente da pneumonia comum, a versão silenciosa não costuma apresentar febre alta nem tosse persistente. Em muitos casos, os pais acreditam que a criança está apenas gripada ou cansada e não procuram um médico.

    Nesse contexto, Juliana aponta alguns sinais para os pais ficarem atentos. Em crianças pequenas, podem surgir sintomas inespecíficos, como:

    • Prostração;
    • Irritabilidade;
    • Choro constante;
    • Vômitos;
    • Diarreia;
    • Lesões de pele, em alguns casos.

    Em crianças mais velhas, pode surgir febre baixa, tosse esporádica, dor de cabeça e mal-estar. Inclusive, a criança ainda pode estar ativa e sem grande comprometimento no estado geral.

    Pneumonia silenciosa é contagiosa?

    Sim. A pneumonia pode ser contagiosa, principalmente quando causada por vírus ou bactérias que se espalham pelo ar. A transmissão ocorre por meio de gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou falar.

    Mesmo que a criança apresente sintomas leves, ela pode transmitir a infecção a outros pequenos, familiares e colegas de escola. A melhor forma de reduzir o contágio é manter a vacinação em dia, incentivar a lavagem frequente das mãos e evitar aglomerações em períodos de surtos respiratórios.

    Quando os pais devem suspeitar de pneumonia silenciosa?

    Segundo Juliana, é necessário observar a evolução da criança. Quando os sintomas mencionados anteriormente não melhoram ou demoram muito para regredir, o ideal é procurar avaliação com um pediatra ou pneumologista pediátrico.

    Se houver qualquer sinal de gravidade, procure atendimento de emergência o mais rápido possível. Entre os sintomas, destacam-se:

    • Respiração acelerada ou difícil;
    • Sonolência excessiva;
    • Queda na saturação de oxigênio;
    • Recusa alimentar;
    • Lábios ou unhas arroxeados;
    • Vômitos frequentes;
    • Irritação e choro constante sem motivo aparente.

    Em muitos casos, os sintomas iniciais são leves, mas a evolução pode ser rápida, resultando em piora significativa em pouco tempo.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da pneumonia atípica envolve avaliação clínica e exames complementares. O pediatra escuta o pulmão da criança com o estetoscópio, em busca de ruídos típicos da infecção, como chiados e crepitações.

    Entre os exames mais utilizados, Juliana Sencini destaca a radiografia de tórax, o hemograma e a proteína C reativa, que ajudam a identificar sinais de inflamação e alterações pulmonares. Para uma avaliação mais detalhada, podem ser usados a ultrassonografia ou a tomografia computadorizada, que oferecem imagens mais precisas das estruturas pulmonares.

    Quando há necessidade de identificar o agente causador da infecção, podem ser solicitados exames como cultura de microrganismos, painel de PCR respiratório e sorologias.

    Nem todos os exames precisam ser realizados em todos os casos; a escolha depende da avaliação médica, da gravidade e dos recursos disponíveis.

    Como tratar a pneumonia em crianças?

    O tratamento da pneumonia infantil varia conforme a causa e a gravidade do quadro. Quando a infecção é provocada por bactérias, o médico indica antibióticos específicos, escolhidos de acordo com o agente e a idade da criança.

    Já as pneumonias virais costumam ser tratadas com medidas de suporte, como hidratação adequada, repouso e alimentação leve. Em alguns casos, o médico pode prescrever analgésicos ou antitérmicos para aliviar os sintomas.

    Outros cuidados importantes incluem:

    • Garantir descanso completo para recuperação do corpo;
    • Oferecer bastante líquido para manter a hidratação e eliminar secreções;
    • Priorizar refeições leves e nutritivas;
    • Seguir corretamente as doses e horários dos medicamentos;
    • Manter o ambiente limpo, ventilado e livre de fumaça ou mofo.

    Nos casos mais graves, pode ser necessária internação hospitalar para oxigenoterapia e administração de medicamentos intravenosos.

    Vale ressaltar que mesmo com melhora dos sintomas, o tratamento deve ser seguido até o fim. Interromper o uso de antibióticos antes do prazo indicado pode favorecer a resistência bacteriana e a recorrência da infecção.

    Confira: Pneumonia em crianças: o que causa, sintomas e como tratar

    Existe uma forma de prevenir a pneumonia silenciosa?

    Nas pneumonias atípicas, a transmissão entre pessoas próximas pode acontecer com facilidade. Por isso, observar se alguém do convívio apresentou sintomas respiratórios semelhantes ajuda o pediatra a identificar a origem da infecção e orientar medidas de prevenção.

    A vacinação é o método mais eficaz para prevenir doenças infecciosas, especialmente em crianças. As principais vacinas são a pneumocócica conjugada (VPC) e a Haemophilus influenzae tipo b (Hib), aplicada na vacina Pentavalente, indicadas para menores de 5 anos. No Brasil, o calendário do PNI prevê a aplicação da VPC10 a partir dos 2 meses de idade.

    Além da vacinação, alguns hábitos ajudam a proteger as vias respiratórias e fortalecer o sistema imunológico:

    • Lavar as mãos com frequência;
    • Usar máscara em locais de maior risco, como hospitais;
    • Evitar o tabagismo e a exposição à fumaça;
    • Manter alimentação equilibrada e rica em frutas e vegetais;
    • Garantir ambientes bem ventilados e sem mofo.

    Durante o outono e o inverno, os cuidados devem ser redobrados, pois a circulação de vírus respiratórios aumenta. O acompanhamento pediátrico regular é essencial para detectar precocemente qualquer alteração respiratória.

    Perguntas frequentes sobre pneumonia silenciosa

    1. O que diferencia a pneumonia silenciosa da pneumonia comum?

    A pneumonia silenciosa, ou atípica, tem evolução mais discreta e pode não apresentar febre alta ou tosse intensa. Já a pneumonia comum causa sintomas mais evidentes, como febre, dor no peito, falta de ar e tosse produtiva. Por ser mais sutil, a forma silenciosa tende a ser diagnosticada mais tardiamente, o que pode atrasar o tratamento.

    2. Quando é hora de levar a criança ao hospital?

    Se houver respiração acelerada, dificuldade para respirar, sonolência excessiva, recusa alimentar ou coloração arroxeada nos lábios e unhas, é preciso buscar atendimento imediatamente. Crianças pequenas desidratam rápido e podem piorar em poucas horas.

    3. Quanto tempo dura o tratamento?

    Depende do agente causador e da resposta da criança, mas em geral o uso de antibióticos dura de 7 a 14 dias, enquanto a recuperação completa pode levar até 3 semanas. Nunca interrompa o tratamento antes do tempo indicado.

    4. Como identificar pneumonia silenciosa em bebês?

    Em bebês, a pneumonia silenciosa é difícil de perceber. Os principais sinais são respiração rápida, curta, com o peito afundando entre as costelas ou as narinas abrindo a cada inspiração. Outros sinais incluem recusa alimentar, choro fraco, sonolência e coloração arroxeada nos lábios ou dedos.

    5. O que fazer se a criança piorar durante o tratamento?

    Se houver piora dos sintomas — como respiração mais acelerada, sonolência, febre persistente ou recusa alimentar — procure o hospital imediatamente. Isso pode indicar resistência ao antibiótico, infecção secundária ou acúmulo de secreção. Nunca altere o tratamento sem orientação médica.

    Leia também: 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

  • 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

    5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

    Logo após o nascimento, uma das primeiras medidas de cuidado com o bebê é garantir que ele passe pelos testes do recém-nascido, ou testes de triagem neonatal. Simples e rápidos, esses exames são fundamentais para detectar de maneira precoce doenças ou alterações que ainda não apresentam sintomas, mas que podem comprometer o desenvolvimento da criança se não forem tratadas a tempo.

    Realizados gratuitamente nas maternidades e postos de saúde, os testes ajudam a identificar condições que envolvem audição, visão, coração, metabolismo e fala. Quanto antes o diagnóstico é feito, maiores são as chances de o bebê crescer saudável e se desenvolver plenamente.

    Veja quais exames de triagem neonatal são obrigatórios por lei e devem ser feitos em todos os recém-nascidos. Eles têm como objetivo identificar precocemente doenças ou condições que, se tratadas logo no início da vida, podem garantir melhor desenvolvimento da criança.

    De acordo com o Ministério da Saúde, os principais são:

    Teste do pezinho

    O teste do pezinho é feito com algumas gotinhas de sangue retiradas do calcanhar do bebê, geralmente entre o 3º e o 5º dia de vida. Ele tem a função de rastrear doenças que não apresentam sinais logo após o nascimento, mas que podem trazer complicações sérias se não forem tratadas cedo.

    Hoje, o teste consegue identificar condições como:

    • Fenilcetonúria;
    • Hipotireoidismo congênito;
    • Fibrose cística;
    • Doenças falciformes;
    • Hiperplasia adrenal congênita;
    • Deficiência de biotinidase.

    Teste do olhinho

    O teste do olhinho serve para avaliar a saúde ocular logo no início da vida. O pediatra projeta uma luz nos olhos do bebê por meio de um aparelho específico. Se o reflexo for avermelhado ou alaranjado, é sinal de que a visão está normal. Caso o reflexo apareça esbranquiçado ou com alterações, a criança deve ser encaminhada ao oftalmologista para investigação.

    Teste do coraçãozinho

    O teste do coraçãozinho é feito com um oxímetro de pulso, um aparelhinho que mede a oxigenação do sangue e os batimentos cardíacos. Ele pode identificar, de forma precoce, problemas cardíacos congênitos.

    O exame deve ser realizado entre 24 e 48 horas após o nascimento, antes de o bebê receber alta da maternidade.

    Teste da linguinha

    O teste da linguinha observa o frênulo da língua — aquela pequena membrana que fica embaixo dela e conecta à boca. Alterações nessa estrutura podem limitar os movimentos da língua e atrapalhar a pega correta durante a amamentação. A detecção precoce permite tratar e evitar dificuldades futuras na fala e na alimentação.

    Teste da orelhinha

    O teste da orelhinha verifica se o bebê ouve normalmente desde os primeiros dias de vida. Feito com um pequeno fone colocado no ouvido do recém-nascido, o exame é rápido, indolor e seguro. Ele permite detectar qualquer grau de perda auditiva ainda no início do desenvolvimento.

    Se alguma alteração for identificada, a equipe de saúde inicia o acompanhamento e o tratamento precoce, aproveitando a fase em que o cérebro do bebê está mais receptivo aos sons e à formação da fala.

    Quando a deficiência auditiva não é diagnosticada cedo, a criança pode ter atraso na fala, dificuldade de aprendizagem e até impactos sociais e emocionais. Por isso, o teste é obrigatório e essencial para garantir um bom desenvolvimento auditivo e linguístico.

    Leia também: Criptorquidia: o que é, causas, fatores de risco e cirurgia

    Perguntas frequentes sobre os testes do recém-nascido

    1. Todos os testes do recém-nascido são obrigatórios por lei?

    Sim. Os testes do pezinho, olhinho, coraçãozinho, linguinha e orelhinha são obrigatórios em todo o Brasil, conforme o Ministério da Saúde.

    2. Quando esses exames devem ser feitos?

    Eles são realizados ainda nos primeiros dias de vida. O teste do pezinho, entre o 3º e o 5º dia, e os demais, antes da alta da maternidade.

    3. O bebê sente dor durante os testes?

    Apenas o teste do pezinho envolve uma pequena picada no calcanhar. Os outros são indolores, rápidos e seguros.

    4. E se algum teste apontar alteração?

    O bebê será encaminhado para avaliação médica e acompanhamento especializado. A detecção precoce permite que o tratamento seja feito mais rápido.

    5. O teste do pezinho do SUS é o mesmo da rede particular?

    O teste ampliado oferecido por laboratórios particulares pode incluir mais doenças, mas o teste básico do SUS já rastreia as principais condições previstas em lei.

    6. É possível fazer os testes em casa?

    Não. Todos devem ser realizados por profissionais de saúde qualificados, em maternidades, postos de saúde ou laboratórios credenciados.

    7. O que acontece se os testes não forem feitos?

    A falta dessa triagem pode atrasar o diagnóstico de doenças graves, e isso pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento do bebê.

    Veja mais: Teste da orelhinha: para que serve e como é feito

  • Teste da orelhinha: para que serve e como é feito

    Teste da orelhinha: para que serve e como é feito

    Com a chegada de um recém-nascido, há uma série de exames que devem ser realizados nos primeiros dias de vida para garantir que o bebê esteja saudável. Um deles é o teste da orelhinha, também conhecido como triagem auditiva neonatal (TAN), que ajuda a identificar precocemente possíveis alterações na audição.

    Segundo a Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, cerca de 1 em cada 1.000 crianças já nasce com surdez ou com algum grau severo de perda auditiva, caracterizada como congênita. O número pode ser ainda maior em crianças prematuras ou que apresentaram complicações durante a gestação ou o parto.

    Com a orientação de um especialista, reunimos as principais informações sobre o exame e como ele é feito, além de outros testes obrigatórios para recém-nascidos no Brasil.

    Para que serve o teste da orelhinha?

    O teste da orelhinha serve para verificar se o bebê apresenta algum grau de perda auditiva já nos primeiros dias de vida, o que permite identificar possíveis alterações de forma precoce.

    Quando isso acontece, os profissionais de saúde podem iniciar o acompanhamento e, se necessário, o tratamento ainda nos primeiros meses, fase em que o desenvolvimento da audição e da fala é mais intenso.

    Quando a deficiência auditiva não é diagnosticada logo cedo, a criança pode apresentar atrasos no desenvolvimento da fala, dificuldades de aprendizagem e até impacto na vida social e emocional.

    Afinal, o bebê começa a ouvir ainda na barriga da mãe, por volta do quinto mês de gestação. Desde cedo, os sons ajudam no seu desenvolvimento, especialmente na construção da linguagem.

    Quando existe alguma perda auditiva, mesmo que pequena, o bebê deixa de receber estímulos sonoros importantes — o que pode atrapalhar o aprendizado da fala e da comunicação.

    Como é feito o teste da orelhinha?

    O teste da orelhinha é feito por profissionais capacitados, geralmente fonoaudiólogos, ainda na maternidade. De acordo com o otorrinolaringologista Giuliano Bongiovanni, é um exame indolor, rápido, a criança mal percebe que está sendo feito e não depende da colaboração dela.

    No teste, uma pequena sonda, que parece um fone de ouvido macio, é colocada delicadamente na entrada do canal auditivo do recém-nascido — e é conectada a um aparelho que emite sons de baixa intensidade.

    O aparelho emite sons suaves e a sonda capta a resposta do ouvido interno do bebê (a cóclea). O ouvido de uma criança com audição normal, ao receber esses sons, produz um eco que o aparelho consegue registrar. Se a resposta for captada pelo aparelho, indica que a audição do pequeno está funcionando bem.

    E quando o teste apresenta alteração?

    Quando o teste aponta alguma alteração, Giuliano aponta que pode ser necessário a realização do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE), também conhecido como BERA, um exame complementar que verifica como o nervo auditivo e o cérebro respondem a estímulos sonoros, fornecendo dados mais precisos sobre o tipo e o grau da perda.

    Nessa etapa, também é feita a diferenciação entre crianças de baixo e alto risco. Nos bebês de baixo risco, em geral, Giuliano explica que as emissões otoacústicas (teste da orelhinha) já são suficientes.

    Já em crianças consideradas de alto risco (como as que tiveram complicações perinatais ou precisaram de internação em UTI), o BERA deve ser realizado desde o início, independentemente do resultado da triagem inicial.

    Uma vez identificado o tipo e o grau da perda, a criança é direcionada para um programa de intervenção precoce. O acompanhamento inclui a orientação da família, a adaptação ao uso de aparelhos auditivos ou implante coclear, quando indicado, e o início da terapia fonoaudiológica.

    Confira: Janela imunológica: como prevenir alergia alimentar em bebês

    Quando fazer o teste da orelhinha?

    O ideal é que o teste da orelhinha seja feito ainda na maternidade, antes da alta hospitalar. Isso costuma acontecer entre as primeiras 24 e 48 horas de vida.

    Se por algum motivo o bebê não fizer o teste ainda na maternidade, os pais ou responsáveis podem e devem procurar um serviço de saúde do SUS ou clínica especializada para realizar o exame gratuitamente até os 30 primeiros dias de vida.

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria reforçam o protocolo conhecido como 1-3-6:

    1. 1 mês: o teste inicial de audição deve ser feito preferencialmente nas primeiras 24 a 48 horas de vida do bebê, ainda na maternidade, ou no máximo até o 1º mês de vida. Isso ajuda a identificar rapidamente se há alguma alteração auditiva;
    2. 3 meses: se houver alteração, um diagnóstico completo e aprofundado deve ser realizado por um fonoaudiólogo até os 3 meses de vida;
    3. 6 meses: se a perda auditiva for confirmada, o processo de intervenção, que pode incluir o uso de aparelhos auditivos ou implante coclear, deve ser iniciado o quanto antes, idealmente até os 6 meses de vida.

    O protocolo garante que, mesmo em casos de perda auditiva, a criança tenha tempo de iniciar a intervenção precoce e desenvolver fala e linguagem sem grandes prejuízos.

    É um teste obrigatório?

    Sim, a triagem auditiva neonatal é considerada um exame obrigatório em todo o Brasil, garantido por lei e pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dessa forma, todos os hospitais e maternidades devem oferecer gratuitamente o exame a todos os recém-nascidos antes da alta hospitalar.

    Perguntas frequentes sobre teste da orelhinha

    1. O que os pais devem fazer se a maternidade não oferecer os testes?

    Se algum dos exames obrigatórios não for realizado na maternidade, os pais devem procurar imediatamente uma unidade de saúde do SUS para agendar.

    O sistema público garante todos esses testes de forma gratuita, e é um direito da criança recebê-los. Caso haja negativa do hospital, os responsáveis podem exigir a realização com base na legislação vigente.

    2. O bebê precisa de algum preparo para fazer os testes obrigatórios?

    Não, nenhum dos testes neonatais exige preparo especial. O bebê pode estar mamando, dormindo ou até mesmo chorando durante a realização. Para o teste do pezinho, a recomendação é apenas que ele seja feito entre o 3º e o 5º dia de vida, porque nesse período as doenças rastreadas ficam mais fáceis de identificar.

    3. O teste da orelhinha dói?

    Não, o exame é completamente indolor, não exige picadas, agulhas ou cortes. O bebê pode até estar dormindo durante o procedimento, que dura em torno de 5 a 10 minutos.

    4. Qual o valor do teste da orelhinha?

    O teste da orelhinha é gratuito em todo o Brasil porque é garantido por lei desde 2010. Todos os hospitais e maternidades, sejam públicos ou privados, devem realizar o exame sem custo para a família.

    5. O teste da orelhinha pode ser feito em crianças maiores?

    Sim, mas nesse caso já não é considerado triagem neonatal e pode exigir outros exames auditivos complementares. O recomendado é que todos os bebês façam até o primeiro mês de vida. Depois disso, existem outros métodos de avaliação da audição infantil, indicados pelo pediatra ou pelo otorrino.

    6. O que é o exame PEATE e quando ele é indicado?

    O Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) é um exame complementar usado quando o teste da orelhinha apresenta alteração ou quando o bebê tem fatores de risco. Ele avalia como o nervo auditivo e o cérebro respondem aos estímulos sonoros, oferecendo informações mais detalhadas sobre o grau e o tipo de perda auditiva. É seguro, indolor e pode ser feito em bebês pequenos.

    Leia mais: Criptorquidia: o que é, causas, fatores de risco e cirurgia

  • Criptorquidia: o que é, causas, fatores de risco e cirurgia

    Criptorquidia: o que é, causas, fatores de risco e cirurgia

    Comum em bebês, especialmente os que nascem prematuros, a criptorquidia é uma condição em que um ou ambos os testículos não descem para a bolsa escrotal. Ela pode se resolver espontaneamente, ocorrendo a decida testicular até o 6º mês após o nascimento. Se a partir dessa data não se confirmar a decida testicular, há a indicação de tratamento cirúrgico.

    “É uma das mais comuns alterações da genitália masculinas identificadas, acometendo cerca de 1 a 4% dos meninos nascidos de gestação a termo e até 40% dos meninos nascidos prematuros”, explica a urologista pediátrica Veridiana Andrioli.

    Esclarecemos, a seguir, as principais dúvidas sobre a condição, como ela é identificada e as medidas de tratamento.

    O que é criptorquidia?

    A criptorquidia, também chamada de criptorquidismo, é uma condição em que um ou ambos os testículos não descem para a bolsa escrotal (saco onde deveriam estar) durante o desenvolvimento do bebê.

    Normalmente, os testículos se formam dentro do abdômen e descem para a bolsa escrotal ainda na gestação. Quando isso não acontece, o menino nasce com o testículo “fora do lugar”, que pode estar na virilha, no abdômen ou em outra posição anormal.

    É um problema relativamente comum em recém-nascidos — especialmente em prematuros, e precisa ser acompanhado de perto por um médico, pois pode afetar a fertilidade no futuro e aumentar o risco de câncer de testículo se não for tratado.

    A criptorquidia pode afetar os dois testículos?

    Sim, a criptorquidia pode afetar os dois testículos. O tipo mais comum é o unilateral, em que apenas um testículo não desce para a bolsa escrotal — e representa de 75% a 90% dos casos. Já a bilateral, quando os dois testículos ficam fora da bolsa, é menos frequente, mas pode acontecer em até 25% dos meninos diagnosticados.

    Quais são as causas da criptorquidia?

    Não existe uma única causa para a descida dos testículos, que pode ser influenciada por fatores hormonais, anatômicos e genéticos. A Sociedade Brasileira de Pediatria aponta alguns fatores:

    • Alterações anatômicas: como ausência de musculatura abdominal ou defeitos no canal inguinal;
    • Deficiência hormonal: falhas na produção ou resposta a hormônios que estimulam a descida do testículo;
    • Fatores genéticos: mutações ou síndromes específicas que afetam o desenvolvimento reprodutivo.

    A criança pode desenvolver criptorquidia depois de nascer?

    Sim, a condição também pode surgir após o nascimento. Nesse caso, é chamado de testículo ascendente, em que o testículo estava normalmente na bolsa escrotal, mas “sobe” com o crescimento da criança.

    Ela acontece porque o cordão espermático não cresce na mesma proporção do corpo, puxando o testículo para cima ou mesmo por ficar limitado por uma cicatriz, como por exemplo uma hérnia corrigida precocemente.

    Quais são os fatores de risco para a criptorquidia?

    Algumas condições aumentam as chances de um bebê nascer com criptorquidia, como:

    • Histórico familiar de criptorquidismo;
    • Idade materna avançada;
    • Exposição a substâncias químicas na gravidez (como pesticidas, por exemplo);
    • Diabetes ou obesidade materna;
    • Apresentação pélvica no parto;
    • Síndromes genéticas e alterações cromossômicas;
    • Prematuridade ou baixo peso ao nascer;
    • Doenças hormonais;
    • Paralisia cerebral.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico de criptorquidia é clínico, feito durante o exame físico, em que o pediatra ou urologista verifica a presença dos testículos na bolsa escrotal. Quando apenas um testículo não é palpável, pode ser sinal de que ele não desceu ou de que se atrofiou.

    “Se a partir do 6º mês de vida após o nascimento (idade que deve ser corrigida para quem nasceu prematuro) o testículo não estiver localizado na bolsa, já está indicada a cirurgia”, conta a médica.

    “No caso de testículos não palpáveis, realiza-se a cirurgia por videolaparoscopia, buscando uma localização inguinal alta ou mesmo intra abdominal desse testículo. Por vezes, há a identificação de um cordão testicular pouco desenvolvido, o que pode corresponder a um testículo que atrofiou ou não se formou durante a gestação”, diz.

    Se nenhum dos dois testículos for palpável, a avaliação deve ser feita logo após o nascimento, para descartar alterações no desenvolvimento sexual. Se não houver problema hormonal ou genético, a laparoscopia também ajuda a localizar os testículos no abdômen e permite a correção cirúrgica.

    De acordo com Veridiana, não há indicação de exames de imagem como ultrassonografia ou ressonância, já que eles não conseguem confirmar a posição do testículo nem mudam a conduta médica.

    Quais são as opções de tratamento da criptorquidia?

    O tratamento da criptorquidia geralmente é feito com uma cirurgia chamada orquidopexia, que reposiciona o testículo dentro da bolsa escrotal. O ideal é que ela seja realizada ainda no primeiro ano de vida, a partir do 6º mês de vida depois do nascimento para aumentar as chances de preservação da fertilidade e reduzir riscos futuros, como câncer de testículo.

    Quando o testículo não é palpável, o médico pode usar a laparoscopia, uma técnica minimamente invasiva que ajuda a localizar e corrigir o problema.

    O uso de hormônios (como hCG ou análogos de LHRH) foi uma prática do passado, mas a urologista pediátrica Veridiana Andrioli aponta que não é recomendado, pois apresenta baixa eficácia e não há comprovação de benefícios futuros para a fertilidade.

    Com qual idade a cirurgia deve ser feita?

    A cirurgia geralmente é indicada a partir do sexto mês, preferencialmente ainda no primeiro ano de vida, e não deve ser postergada além dos 18 meses. Quanto mais cedo for feita, maiores as chances de preservar a fertilidade e reduzir riscos futuros para a criança.

    Quando procurar um urologista pediátrico?

    Os pais devem procurar um urologista pediátrico sempre que houver dúvidas no exame físico, se o testículo não puder ser sentido ou se houver alterações no saco escrotal. Quando o bebê nasce sem o testículo na bolsa, a recomendação é marcar a consulta por volta dos 6 meses de idade para definir o tratamento.

    Criptorquidia pode se resolver sozinha?

    Sim! De acordo com Veridiana, em muitos casos, o testículo pode descer sozinho até o sexto mês de vida, considerando a idade corrigida em bebês prematuros. Se após esse período o testículo ainda não estiver na bolsa escrotal, a criança já tem indicação para avaliação cirúrgica.

    Quais os riscos da criptorquidia se não for tratada?

    • Infertilidade futura, devido ao comprometimento da função testicular;
    • Aumento do risco de câncer de testículo (mesmo após a cirurgia, o risco continua maior do que na população em geral);
    • Maior chance de torção ou trauma testicular;
    • Associação com hérnia inguinal;
    • Impactos psicológicos e de imagem corporal na adolescência.

    Confira: Fimose em crianças: quando é normal e quando a cirurgia é necessária

    Perguntas frequentes sobre criptorquidia

    1. A criptorquidia pode voltar depois do tratamento?

    Em alguns casos, pode acontecer de o testículo “subir” novamente após a cirurgia ou mesmo após ter descido sozinho nos primeiros meses de vida — e isso é chamado de testículo ascendente.

    Quando isso ocorre, a criança deve ser reavaliada pelo especialista, pois pode haver necessidade de uma nova cirurgia. Por isso, o acompanhamento médico ao longo da infância é tão importante, mesmo depois de a cirurgia já ter sido feita.

    2. Após a cirurgia, é preciso acompanhamento a longo prazo?

    Sim, o acompanhamento deve continuar mesmo após a correção. Durante a infância, o pediatra deve examinar regularmente os testículos e orientar os pais sobre sinais de alerta.

    Na adolescência, o jovem deve aprender a fazer o autoexame testicular para perceber nódulos ou mudanças cedo. Também é importante manter as consultas de rotina com o médico, pois quem teve criptorquidia tem mais risco de problemas no futuro.

    3. Crianças que tiveram criptorquidia têm mais risco de câncer de testículo?

    Sim, mesmo após a correção cirúrgica, homens que tiveram criptorquidia apresentam um risco maior de desenvolver câncer de testículo em comparação à população geral.

    No entanto, a cirurgia precoce reduz o risco e facilita a detecção de qualquer alteração, já que o testículo passa a estar em uma posição acessível para o autoexame. Por isso, o acompanhamento ao longo da vida é tão importante.

    4. Qual a diferença entre criptorquidia e anorquia?

    A criptorquidia é quando o testículo existe, mas não desceu para a bolsa escrotal. Já a anorquia é a ausência completa do testículo, ou seja, ele não chegou a se formar.

    O diagnóstico é importante porque, no caso da anorquia, não há como reposicionar o testículo por cirurgia. Em algumas situações, pode ser necessária a colocação de uma prótese testicular para fins estéticos e psicológicos na adolescência ou vida adulta.

    5. A criptorquidia pode causar dor?

    Na maior parte do tempo, a criptorquidia não causa dor e o bebê não sente desconforto por ter o testículo fora da bolsa.

    No entanto, a condição aumenta o risco de problemas dolorosos, como a torção testicular, quando o testículo se enrola no cordão espermático e causa dor forte, o que exige uma cirurgia imediata.

    6. Quais médicos tratam a criptorquidia?

    O diagnóstico inicial geralmente é feito pelo pediatra, que examina o bebê logo após o nascimento e durante as consultas de rotina. Caso haja suspeita de criptorquidia, a criança deve ser encaminhada ao urologista pediátrico ou ao cirurgião pediátrico, profissionais especializados no tratamento dessa condição.

    Em alguns casos, também pode ser necessária a avaliação de um endocrinologista pediátrico, especialmente se houver suspeita de alterações hormonais associadas.

    Leia também: Desfralde diurno: saiba a idade ideal para a criança controlar o xixi e quando procurar ajuda

  • Torção testicular: o que é, sintomas, tratamentos e como evitar

    Torção testicular: o que é, sintomas, tratamentos e como evitar

    Dor intensa e súbita na região genital ou abdominal, inchaço, vermelhidão escrotal e náuseas são alguns dos principais sinais que podem indicar uma torção testicular, uma emergência médica que afeta especialmente crianças e adolescentes.

    O quadro ocorre quando o testículo gira em torno do próprio eixo, interrompendo o fluxo de sangue. A obstrução rápida pode comprometer o tecido testicular em poucas horas — trazendo risco de perda permanente do órgão caso o atendimento médico não seja imediato.

    Mas afinal, por que a torção acontece e o que fazer? Consultamos a urologista pediatra Veridiana Andrioli para esclarecer as principais dúvidas sobre o quadro.

    O que é torção testicular?

    A torção testicular acontece quando o cordão espermático, que é o conjunto de vasos sanguíneos, nervos e canais que nutrem e sustentam o testículo, gira sobre o próprio eixo. O movimento interrompe o fluxo sanguíneo para o testículo, causando um quadro chamado isquemia.

    Quando o testículo não recebe sangue suficiente, ele começa a sofrer danos em poucos minutos. Se não houver tratamento rápido, ele pode necrosar e precisar ser removido.

    Por isso, a torção é considerada uma emergência médica, uma vez que o tempo é o fator mais determinante para a preservação do órgão. Quanto mais cedo o paciente receber atendimento, maiores as chances de salvar o testículo.

    Quais os sintomas da torção testicular?

    Os sintomas da torção testicular podem variar conforme a idade, mas normalmente surgem de forma intensa e súbita. Os principais sinais incluem:

    • Dor forte e repentina no testículo ou na bolsa escrotal;
    • Inchaço e vermelhidão na região;
    • Náuseas e vômitos; especialmente em crianças menores, onde os sintomas podem ser menos específicos;
    • Testículo em posição mais alta ou horizontal em relação ao outro.

    “Na criança pequena, os sintomas podem ser menos específicos, como a criança ficar chorosa, dizer que está com dor na barriga, náuseas, vômitos. Por isso, se o menino estiver muito choroso e reclamar de dor, sempre é prudente olhar a região genital e procurar por alterações”, explica Veridiana.

    É importante que os pais observem atentamente pois, muitas vezes, a criança ou o adolescente pode se sentir constrangido em relatar desconforto na região genital, o que atrasa o diagnóstico.

    Existe uma faixa etária em que o risco é maior?

    De acordo com Veridiana, a torção testicular pode acontecer em qualquer momento da vida, inclusive ainda no útero materno (torção intrauterina) ou em idosos. No entanto, existe um pico de incidência entre os 12 e 25 anos de idade, período em que há maior estímulo hormonal e desenvolvimento.

    Mesmo assim, vale ressaltar que todo menino, em qualquer idade, pode ter torção testicular. Pais de crianças pequenas devem ficar atentos a sinais inespecíficos, enquanto adolescentes precisam ser orientados sobre a importância de relatar imediatamente qualquer dor ou alteração na região íntima.

    Quando procurar ajuda médica?

    Ao notar os sintomas de torção testicular, é importante levar a criança ou adolescente o mais rápido possível ao hospital.

    “A torção de testículo é uma urgência, e o principal fator de prognóstico, ou seja, que traz melhores chances de preservarmos o testículo, é o tempo. Quanto mais rápido for diagnosticado e mais rápido operado, maiores as chances de recuperação e preservação”, aponta Veridiana.

    Diagnóstico de torção testicular

    O diagnóstico geralmente é clínico, ou seja, baseado nos sintomas relatados e no exame físico realizado pelo médico. Na avaliação, o médico observa:

    • Alterações na posição do testículo;
    • Sensibilidade intensa ao toque;
    • Inchaço e coloração da bolsa escrotal.

    Em casos de dúvida, pode ser solicitado um ultrassom Doppler testicular, exame que avalia o fluxo sanguíneo. No entanto, o mais importante é que o exame não atrase a cirurgia caso a suspeita de torção seja alta.

    Como é feito o tratamento de torção testicular?

    O tratamento da torção testicular é cirúrgico e deve ser feito o mais rápido possível. Na cirurgia, o médico abre a bolsa escrotal, distorce o cordão espermático e avalia se o testículo voltou a receber sangue.

    • Se o testículo estiver viável, ele é fixado à parede interna da bolsa (orquidopexia) para evitar novas torções;
    • Se não houver recuperação da circulação, é necessário removê-lo (orquiectomia).

    Em alguns casos, o especialista pode tentar a distorção manual ainda no pronto-socorro, mas mesmo quando funciona, a cirurgia é sempre indicada imediatamente depois.

    Além disso, os médicos costumam fixar também o outro testículo durante a mesma cirurgia. Isso acontece porque a anatomia que favorece a torção costuma estar presente em ambos os lados, aumentando o risco de novos episódios. Dessa forma, a cirurgia atua não apenas como tratamento, mas também como prevenção de futuras torções.

    A torção testicular pode trazer consequências para a fertilidade no futuro?

    A perda de um testículo não irá interferir na produção de hormônios ou no desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, como pelos, barba e desenvolvimento dos órgãos.

    No entanto, Veridiana explica que a ausência de um dos testículos pode reduzir a produção total de espermatozoides. Se associada a outros fatores, pode dificultar a paternidade no futuro — então a preservação do testículo sempre é prioridade na cirurgia.

    Como prevenir a torção testicular?

    Não existem medidas preventivas absolutas, já que a torção testicular pode ocorrer de forma espontânea. Porém, algumas ações podem reduzir riscos e melhorar a chance de diagnóstico precoce, como:

    • Educar adolescentes para não ignorarem dores testiculares;
    • Estimular a comunicação aberta sobre saúde íntima entre pais e filhos;
    • Explicar sinais de alerta: dor intensa, inchaço, náuseas;
    • Levar imediatamente ao pronto-socorro diante de qualquer suspeita.

    A torção testicular pode matar?

    A torção testicular em si não leva à morte, mas é uma emergência médica grave porque pode causar a perda do testículo em poucas horas. O risco maior está na necrose do tecido por falta de sangue, o que pode exigir a retirada do testículo.

    Veja mais: Desfralde diurno: saiba a idade ideal para a criança controlar o xixi e quando procurar ajuda

    Perguntas frequentes sobre torção testicular

    A torção testicular pode acontecer em qualquer idade?

    Sim. Apesar de ser mais comum em adolescentes e jovens adultos, entre 12 e 25 anos, a torção pode ocorrer em qualquer fase da vida — inclusive em bebês ainda no útero ou em homens mais velhos. O risco maior nessa faixa etária está relacionado ao crescimento rápido e a algumas características anatômicas.

    Como é feita a cirurgia para tratar a torção testicular?

    A cirurgia para tratar a torção testicular é chamada orquidopexia e deve ser realizada com urgência para preservar o testículo. O procedimento é feito sob anestesia, geralmente geral ou regional, e consiste em realizar uma pequena incisão na bolsa escrotal para desenrolar o testículo torcido — restabelecendo o fluxo sanguíneo.

    Após isso, o cirurgião fixa o testículo na parede interna do escroto com pontos, evitando que novas torções aconteçam. Na maioria dos casos, o outro testículo também é fixado preventivamente.

    A torção testicular pode acontecer de novo?

    Pode acontecer mesmo após correções cirúrgicas. A fixação testicular diminui o risco de uma outra torção, mas ainda assim ela pode ocorrer. A orquidopexia reduz significativamente a chance de recorrência.

    Como diferenciar a torção testicular de outras dores nos testículos?

    A dor da torção é súbita, intensa e geralmente acompanhada de inchaço e náuseas. Outras condições, como infecções (orquite ou epididimite), traumas ou hérnias, também podem causar dor, mas costumam ter evolução mais lenta. Como só um médico pode diferenciar com segurança, qualquer dor forte no testículo deve ser considerada uma emergência.

    Quem já teve torção testicular pode ter filhos no futuro?

    Sim, na maioria das vezes. Mesmo após a perda de um testículo, o outro geralmente é capaz de produzir espermatozoides suficientes para a fertilização. Em alguns homens, a quantidade de espermatozoides pode ser menor; exames específicos podem ser indicados em casos de dificuldade para engravidar a parceira.

    É possível ter torção nos dois testículos ao mesmo tempo?

    Sim, mas é bastante raro. A torção bilateral é ainda mais grave por colocar em risco a fertilidade. Por isso, durante a cirurgia, os médicos sempre aproveitam para fixar os dois testículos, reduzindo as chances de novos episódios.

    Existe alguma posição ou movimento que favorece a torção testicular?

    A torção pode acontecer durante atividades físicas, movimentos bruscos ou até mesmo durante o sono, sem nenhum esforço específico. Não existe uma posição única que provoque o problema, mas pessoas com predisposição anatômica podem ter maior risco em situações de impacto ou movimento intenso da região.

    Leia também: Fimose em crianças: quando é normal e quando a cirurgia é necessária

  • Tratamento de diabetes gestacional: como é feito?

    Tratamento de diabetes gestacional: como é feito?

    O diabetes gestacional é uma alteração que acontece durante a gravidez, quando o corpo da mulher não consegue produzir insulina suficiente para controlar os níveis de açúcar no sangue. Ele normalmente aparece no segundo ou terceiro trimestre e, apesar do diagnóstico assustar, a endocrinologista Denise Orlandi aponta que ele é um sinal de alerta para cuidar da saúde da mãe e do bebê e, claro, fazer o tratamento de diabetes gestacional.

    “Após o diagnóstico, a gestante passa a ter um acompanhamento mais próximo com a equipe médica (obstetra e endocrinologista), além de orientações com nutricionista e até educador físico”, aponta a especialista. Isso inclui monitorar os níveis de glicose no sangue, fazer ajustes na alimentação e adotar um estilo de vida mais saudável.

    Com isso, é possível manter a glicemia sob controle e ter uma gestação saudável. Na maioria dos casos, a condição desaparece após o parto, mas exige cuidados durante toda a gravidez para proteger tanto a mãe quanto o bebê. Entenda mais, a seguir.

    O que é o diabetes gestacional e por que precisa de tratamento?

    O diabetes gestacional é definido como uma condição temporária em que a gestante, que não tinha diabetes antes, desenvolve níveis elevados de glicose (açúcar) no sangue durante a gravidez.

    Ela acontece porque os hormônios produzidos pela placenta podem bloquear a ação da insulina, o hormônio que ajuda a glicose a entrar nas células para ser usada como energia. O corpo tenta compensar produzindo mais insulina, mas, se não consegue, o açúcar se acumula no sangue.

    Se não for tratado, a condição pode causar complicações sérias, como:

    • Para o bebê: macrossomia (bebê grande demais), hipoglicemia neonatal, desconforto respiratório e maior risco de obesidade e diabetes no futuro;
    • Para a mãe: risco de pré-eclâmpsia, cesárea, desenvolvimento de diabetes tipo 2 e complicações cardiovasculares a longo prazo.

    O diabetes gestacional pode surgir em qualquer mulher grávida, mas é mais comum em quem já tem fatores de risco como: sobrepeso, obesidade, histórico familiar de diabetes, idade materna acima de 30 anos ou gestações anteriores com complicações.

    Como é feito o tratamento de diabetes gestacional?

    O tratamento para o diabetes gestacional se baseia em quatro abordagens: mudanças no estilo de vida, que incluem alimentação equilibrada, a prática de exercícios, o monitoramento da glicemia e, quando necessário, o uso de medicamentos. O objetivo é manter a glicemia dentro dos níveis considerados seguros, reduzindo complicações para a mãe e o bebê.

    Alimentação saudável

    Manter uma alimentação equilibrada é o primeiro passo no tratamento do diabetes gestacional. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a Sociedade Brasileira de Diabetes, a rotina alimentar deve ser individualizada, respeitando o peso da gestante, o trimestre da gestação e suas necessidades calóricas.

    Por isso, não é necessário realizar uma dieta restritiva, mas priorizar o consumo de alimentos in natura e ricos em fibras, como:

    • Frutas frescas: banana, laranja, pera, maçã, kiwi, morango;
    • Carnes magras: peixes, frango, ovo;
    • Vegetais: alface, tomate, rúcula, brócolis, abobrinha;
    • Leguminosas: feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha;
    • Laticínios: leite semi ou desnatado, iogurte natural, queijo branco;
    • Oleaginosas: castanha de caju, amendoim, avelãs, nozes e amêndoas;
    • Cereais integrais: arroz integral, pão integral, quinoa, aveia.

    Também é importante reduzir ao máximo o consumo de açúcares, doces, refrigerantes e alimentos ultraprocessados, já que eles provocam picos rápidos de glicose no sangue, favorecem o ganho de peso excessivo e não oferecem nutrientes de qualidade para a mãe nem para o bebê.

    “Uma nutricionista pode ajudar a montar um plano alimentar equilibrado, com foco em alimentos que mantenham a glicose estável. Pequenas mudanças já fazem uma grande diferença — como reduzir o açúcar simples, preferir alimentos integrais e fracionar melhor as refeições ao longo do dia”, esclarece Denise.

    Atividades físicas

    O movimento ajuda o corpo a usar a glicose como fonte de energia, reduzindo os níveis de açúcar no sangue e aumentando a sensibilidade à insulina. Além disso, praticar atividades físicas contribui para reduzir o estresse, melhorar a circulação e manter um ganho de peso saudável durante a gestação.

    Entre as atividades mais indicadas para gestantes com diabetes gestacional, é possível destacar:

    • Caminhadas leves;
    • Hidroginástica;
    • Bicicleta ergométrica;
    • Yoga ou pilates adaptado para gestantes;
    • Alongamentos.

    A indicação é realizar as atividades entre 20 a 30 minutos por dia, pelo menos 5 vezes por semana. Também deve-se evitar exercícios de alto impacto, atividades que exigem muito equilíbrio ou posição deitada de barriga para cima.

    A prática deve ser acompanhada por profissionais de saúde e interrompida se houver sinais de alerta, como sangramento vaginal, dor abdominal ou tontura.

    Monitoramento da glicemia

    Acompanhar os níveis de glicose no sangue pode ser feito em casa com o uso de aparelhos portáteis, como os glicosímetros. É recomendado que a gestante meça a glicemia em jejum e após as principais refeições, o que ajuda a identificar como o corpo reage à alimentação e se o tratamento está funcionando.

    Os valores de referência para o acompanhamento do diabetes gestacional são, em geral:

    • Glicemia de jejum abaixo de 95 mg/dL;
    • 1 hora após a refeição: abaixo de 140 mg/dL;
    • 2 horas após a refeição: abaixo de 120 mg/dL.

    Uso de medicamentos

    Quando as mudanças no estilo de vida não são suficientes para controlar a glicemia, pode ser necessário recorrer a medicamentos, que são indicados pelo médico de forma individualizada.

    O mais utilizado é a insulina, aplicada por meio de injeções. As doses são calculadas conforme o peso da gestante, e as aplicações normalmente são feitas 2 a 3 vezes ao dia, antes das refeições e à noite.

    “O uso de insulina é seguro na gestação e não traz riscos para o bebê — pelo contrário, ela ajuda a garantir que o desenvolvimento dele ocorra da melhor forma possível”, explica Denise.

    Em algumas situações específicas, como dificuldade de acesso ou recusa ao uso de insulina, o médico pode avaliar o uso de metformina. Ele é administrado por via oral e tem como vantagem o fato de não causar ganho de peso significativo. No entanto, como atravessa a placenta, os efeitos a longo prazo sobre a criança ainda estão sendo estudados.

    Por isso, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a metformina não deve ser a primeira escolha quando há disponibilidade de insulina.

    Leia também: Bronquiolite em bebês: sintomas e quando procurar o médico

    Cuidados após o parto

    Após o nascimento, na maioria dos casos, os níveis de glicose da mulher voltam ao normal. Porém, ela apresenta risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro, o que torna importante alguns cuidados:

    • Reavaliação da glicemia: semanas após o parto, é importante realizar exames para verificar se os níveis de glicose voltaram ao normal;
    • Prevenção do diabetes tipo 2: mulheres que tiveram diabetes gestacional têm maior risco de desenvolver diabetes no futuro. Por isso, manter hábitos saudáveis de alimentação e atividade física continua sendo importante;
    • Atenção ao bebê: crianças de mães com diabetes gestacional podem nascer com peso maior que o esperado ou apresentar hipoglicemia nos primeiros dias de vida. Por isso, é recomendado manter o acompanhamento pediátrico;
    • Amamentação: além de todos os benefícios já conhecidos para o bebê, o aleitamento materno exclusivo nos primeiros meses ajuda a mãe a reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e contribui para a perda de peso após a gestação;
    • Sono e descanso: sempre que possível, aproveitar os momentos de sono do bebê para descansar ajuda na regulação hormonal, na cicatrização do corpo e também no equilíbrio emocional da mãe.

    O pós-parto também é um momento de adaptação emocional e física para a nova mamãe, então ter apoio familiar e acompanhamento médico contínuo ajuda a mulher a atravessar a fase com mais tranquilidade.

    “Manter hábitos saudáveis após a gestação pode ser uma grande oportunidade de cuidar da saúde para a vida toda”, finaliza Denise.

    Perguntas frequentes sobre tratamento de diabetes gestacional

    1. Quais são os sintomas do diabetes gestacional?

    Na maioria das vezes, o diabetes gestacional não causa sintomas visíveis, o que torna os exames de pré-natal tão necessários. Algumas mulheres podem sentir mais sede, urinar com frequência ou apresentar cansaço excessivo, mas são sinais comuns na gravidez e nem sempre estão ligados ao diabetes. Por isso, apenas os exames de sangue podem confirmar o diagnóstico.

    2. Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico geralmente acontece entre a 24ª e a 28ª semana de gestação, por meio do teste oral de tolerância à glicose (TOTG). No exame, a gestante bebe uma solução açucarada e faz coletas de sangue em diferentes momentos para verificar como o corpo reage à glicose.

    Se os valores estiverem acima do recomendado, o médico confirma o diabetes gestacional. Em alguns casos, a glicemia de jejum já pode indicar a condição.

    3. O bebê pode nascer com diabetes?

    Não, o bebê não nasce com diabetes por causa do diabetes gestacional da mãe. O que pode acontecer é o bebê apresentar hipoglicemia (níveis de açúcar baixos no sangue) logo após o parto, já que durante a gestação ele produziu mais insulina em resposta à glicemia elevada da mãe.

    Mas com acompanhamento adequado, a alteração é temporária e costuma ser corrigida sem maiores complicações.

    4. O diabetes gestacional desaparece depois do parto?

    Na maioria das vezes, sim. Após o nascimento do bebê, os hormônios da gestação diminuem e os níveis de glicose tendem a voltar ao normal.

    No entanto, é fundamental fazer exames algumas semanas depois do parto para confirmar. Mesmo que a glicemia normalize, ainda há um risco maior de diabetes tipo 2 no futuro.

    5. É possível evitar o diabetes gestacional?

    Não existe uma forma totalmente capaz de evitar o diabetes gestacional, já que ele está ligado também a fatores hormonais da gestação, mas adotar hábitos saudáveis antes e durante a gravidez reduz muito o risco, como:

    • Manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, legumes, verduras, grãos integrais e proteínas magras;
    • Evitar o consumo excessivo de açúcares, doces, refrigerantes e ultraprocessados;
    • Praticar atividade física regular antes e durante a gravidez, com exercícios leves e seguros;
    • Manter o peso adequado antes da gestação e controlar o ganho de peso durante os meses de gravidez;
    • Realizar o pré-natal corretamente, seguindo todas as orientações médicas e nutricionais;
    • Dormir bem e controlar o estresse, já que o excesso pode afetar o metabolismo;
    • Evitar o sedentarismo, procurando se movimentar ao longo do dia, mesmo que em pequenas caminhadas.

    6. O que causa diabetes gestacional?

    O diabetes gestacional é causado por uma combinação de fatores hormonais e predisposição individual. Durante a gravidez, a placenta produz hormônios que reduzem a ação da insulina no corpo, o que é chamado de resistência insulínica. Isso é natural e serve para garantir energia suficiente para o bebê em crescimento.

    Porém, em algumas mulheres, o pâncreas não consegue produzir insulina extra suficiente para compensar essa resistência — e, como consequência, os níveis de glicose no sangue aumentam.

    Além disso, fatores como excesso de peso, idade materna acima de 30 anos, histórico familiar de diabetes, síndrome dos ovários policísticos e gestações anteriores com complicações podem aumentar o risco de desenvolver a condição.

    Leia também: Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar

  • Pneumonia em crianças: o que causa, sintomas e como tratar

    Pneumonia em crianças: o que causa, sintomas e como tratar

    A pneumonia é uma infecção que atinge os pulmões e provoca inflamação nos alvéolos, estruturas responsáveis pelas trocas de oxigênio no organismo. Quando inflamados, eles podem se encher de líquido ou pus e dificultam a respiração, o que causa um desconforto intenso.

    Em crianças, a doença merece atenção redobrada: segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pneumonia é uma das principais causas de mortalidade em menores de cinco anos — especialmente em países em desenvolvimento.

    Mas afinal, o que causa a pneumonia em crianças, como identificar os sinais e quais medidas de prevenção realmente funcionam? Conversamos com a pneumopediatria Juliana Sencini para esclarecer as principais dúvidas.

    O que causa pneumonia em crianças?

    A pneumonia em crianças pode ser causada por diferentes agentes infecciosos — vírus, bactérias e, em casos mais raros, fungos.

    • Vírus respiratórios: são os principais responsáveis pela pneumonia, especialmente em menores de 1 ano. O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um dos mais comuns, seguido por influenza, parainfluenza, adenovírus e rinovírus. A forma viral tende a ser mais leve, mas ainda exige acompanhamento médico;
    • Bactérias: o Streptococcus pneumoniae é o agente mais frequente, mas outros, como Staphylococcus aureus e Haemophilus influenzae, também podem estar envolvidos. A infecção costuma ser mais grave e exige tratamento imediato com antibióticos;
    • Aspiração: ocorre quando alimentos, líquidos ou até pequenos corpos estranhos entram nas vias respiratórias, causando inflamação pulmonar.

    Em situações específicas e muito raras, como em crianças com imunidade comprometida, a pneumonia pode ser causada por fungos. É um quadro muito grave e que exige atendimento médico.

    Além dos agentes infecciosos, alguns fatores aumentam o risco da doença:

    • Prematuridade e baixo peso ao nascer;
    • Desnutrição, que compromete a imunidade;
    • Doenças crônicas como asma, cardiopatias ou condições pulmonares;
    • Exposição à poluição, poeira, fumaça de cigarro e ambientes fechados;
    • Falta de vacinação, especialmente contra gripe, pneumococo e coqueluche.

    Sintomas de pneumonia em crianças

    Os sintomas da pneumonia em crianças podem variar de acordo com a gravidade da infecção e o agente causador, mas existem sinais que os pais devem observar com atenção:

    • Febre alta, frequentemente acima de 38°C;
    • Tosse persistente, inicialmente seca, podendo evoluir para produtiva, com catarro amarelado ou esverdeado;
    • Respiração acelerada ou dificuldade para respirar, com chiado ou retração das costelas;
    • Falta de apetite;
    • Letargia e fraqueza, como dificuldade em brincar, andar ou realizar atividades simples;
    • Coloração azulada nos lábios e unhas (cianose) é sinal de baixa oxigenação, e requer atendimento médico imediato.

    De acordo com Juliana, em bebês e crianças pequenas, às vezes os sintomas podem ser mais inespecíficos, como irritabilidade, choro frequente, gemência e dificuldade para mamar.

    Segundo a Fiocruz e a OMS, a identificação rápida dos sintomas e o encaminhamento ao atendimento médico são fundamentais para evitar complicações para a criança, como insuficiência respiratória e até a morte.

    Como diferenciar a pneumonia de outras infecções?

    Segundo Juliana, no quadro gripal, os sintomas costumam ser mais relacionados ao nariz, como espirros, obstrução nasal e dor de garganta. Nos primeiros dias pode ser difícil diferenciar, já que tanto a gripe quanto a pneumonia podem se manifestar de forma parecida.

    A diferença é que, enquanto a gripe tende a melhorar gradualmente com o passar dos dias, a pneumonia normalmente apresenta piora progressiva.

    Já no caso da asma, muitas vezes chamada de bronquite, consiste em uma condição crônica. A especialista explica que a criança costuma ter histórico de crises com episódios de chiado no peito e dificuldade para respirar. Nesses casos, a tosse costuma ser mais seca e, em geral, não há febre significativa, podendo surgir apenas febre baixa.

    Como ocorre a transmissão de pneumonia?

    A pneumonia em crianças pode ser transmitida pelo contato direto com gotículas de saliva ou secreções respiratórias de uma pessoa infectada. Isso acontece quando ela tosse, espirra ou fala muito próximo da criança.

    Além da transmissão direta, também existe a contaminação indireta: quando a criança toca superfícies contaminadas, como brinquedos, maçanetas e utensílios, e depois leva as mãos à boca, nariz ou olhos.

    Alguns fatores aumentam o risco de disseminação dos agentes causadores da pneumonia:

    • Ambientes fechados, pouco ventilados e com aglomeração de pessoas;
    • Contato próximo e frequente em creches, escolas e transportes coletivos;
    • Ausência de hábitos básicos de higiene, como lavar as mãos regularmente.

    É importante destacar que, embora a forma de transmissão seja semelhante à da gripe, a pneumonia não deve ser confundida com resfriados comuns e sua evolução pode ser muito mais grave e rápida.

    Diagnóstico de pneumonia em crianças

    O diagnóstico da pneumonia em crianças é feito principalmente de forma clínica, ou seja, a partir da avaliação do médico com base nos sintomas e no exame físico. No entanto, alguns exames complementares podem ajudar a confirmar a suspeita e guiar o tratamento, como:

    • Raio-X de tórax: é o exame mais utilizado para confirmar a presença da pneumonia. Ele mostra áreas de inflamação nos pulmões e ajuda a diferenciar a doença de outros problemas respiratórios que podem ter sintomas parecidos;
    • Exames de sangue: o hemograma e alguns marcadores inflamatórios ajudam a avaliar a resposta do organismo à infecção e podem indicar se ela tem mais chance de ser viral ou bacteriana.

    Em situações mais graves, persistentes ou quando há suspeita de complicações, o médico pode solicitar exames adicionais, como culturas, ultrassom ou tomografia, mas esses são indicados apenas em casos específicos.

    Quando procurar atendimento médico imediato?

    De acordo com Juliana, é importante procurar atendimento médico na presença dos seguintes sinais de alerta:

    • Respiração muito rápida ou dificuldade para respirar, com evidência das costelas ou uso da barriga para respirar;
    • Lábios ou unhas arroxeados;
    • Sonolência excessiva ou dificuldade para acordar;
    • Recusa em mamar ou beber líquidos.

    Tratamento de pneumonia em crianças

    O tratamento da pneumonia em crianças depende principalmente da causa da infecção e da gravidade do quadro. Quando a origem é viral, não é necessário o uso de antibióticos e o foco está em medidas de suporte, como manter a criança bem hidratada, controlar a febre e, em alguns casos, oferecer oxigênio suplementar.

    Já a pneumonia causada por bactérias exige o uso de antibióticos específicos, definidos pelo médico de acordo com a idade da criança e as características do caso.

    Nos quadros leves, o tratamento pode ser feito em casa, desde que haja acompanhamento próximo e retorno ao médico em caso de piora. Mas quando a criança apresenta dificuldade para respirar, recusa de líquidos, febre persistente ou sinais de maior gravidade, pode ser necessária a internação hospitalar para garantir suporte adequado e monitoramento constante.

    Vacina para pneumonia em crianças

    A vacinação é uma das formas mais eficazes de proteger as crianças contra a pneumonia. Ela ajuda a reduzir não só os casos da doença, mas também as complicações mais graves que podem levar à internação. Entre as vacinas mais importantes, estão:

    • Vacinas pneumocócicas (PCV10, PCV13 e PCV20): protegem contra os principais tipos de bactérias que causam pneumonia, reduzindo casos graves e complicações;
    • Vacina contra influenza (gripe): diminui o risco de infecções respiratórias que podem evoluir para pneumonia, especialmente em crianças menores e grupos vulneráveis;
    • Vacina contra coqueluche (tríplice DTPa): previne uma infecção respiratória altamente contagiosa que compromete os pulmões e pode abrir caminho para o desenvolvimento da pneumonia.

    Todas as vacinas fazem parte do calendário de vacinação infantil e devem ser aplicadas nos prazos corretos para garantir a proteção adequada do pequeno.

    Cuidados durante o tratamento

    Durante a recuperação, é importante ter alguns cuidados para garantir o bem-estar da criança, como:

    • Oferecer líquidos com frequência, como água, sucos naturais e sopas, para manter a hidratação e ajudar a fluidificar secreções;
    • Manter uma alimentação nutritiva, mesmo que em pequenas quantidades, com refeições leves e ricas em vitaminas e proteínas que fortalecem a imunidade;
    • Ter repouso, permitindo bastante descanso, mas sem deixar a criança totalmente inativa;
    • Controlar a febre e o desconforto seguindo a orientação médica para o uso de antitérmicos ou analgésicos quando necessário;
    • Evitar exposição a ambientes frios, com poeira ou fumaça de cigarro, que podem irritar ainda mais as vias respiratórias;
    • Cumprir corretamente a medicação, sem interromper o antibiótico antes do tempo prescrito, mesmo que os sintomas melhorem.

    Saiba mais: Asma infantil: sintomas, diagnóstico e tratamento

    Como prevenir a pneumonia em crianças?

    Além de manter a vacinação em dia, a prevenção da pneumonia envolve diversos cuidados simples no dia a dia da criança, como:

    • Incentivar a criança a lavar as mãos regularmente, reduzindo o risco de contato com vírus e bactérias;
    • Manter os ambientes bem ventilados e evitar aglomerações, principalmente em épocas de maior circulação de doenças respiratórias;
    • Evitar exposição à fumaça de cigarro, que aumenta muito o risco de infecções pulmonares;
    • Garantir uma alimentação equilibrada e sono adequado, fortalecendo o sistema imunológico;
    • Procurar atendimento médico em casos de sintomas persistentes, como tosse forte, febre e dificuldade para respirar, para iniciar o tratamento rapidamente.

    Perguntas frequentes sobre pneumonia em crianças

    H3 – 1. Como diferenciar pneumonia de uma gripe comum em crianças?

    A gripe e a pneumonia podem começar com sintomas semelhantes, como tosse, febre e mal-estar, mas evoluem de formas diferentes. Na gripe, os sintomas costumam ser mais leves, relacionados ao nariz e garganta, como coriza, espirros e dor de garganta, e tendem a melhorar gradualmente em poucos dias.

    Já a pneumonia, ao contrário, piora com o tempo: a febre permanece alta, a tosse se intensifica e podem surgir sinais de dificuldade para respirar, como respiração acelerada e retrações no tórax. A evolução é um dos principais sinais de alerta para os pais procurarem atendimento médico.

    H3 – 2. É normal a criança com pneumonia perder peso?

    Sim. Durante a doença, a febre alta, a dificuldade para se alimentar e o maior gasto de energia do corpo no combate à infecção podem levar à perda de peso temporária.

    Após a recuperação, com a retomada da alimentação e o ganho de apetite, o peso costuma ser recuperado naturalmente. O importante é oferecer refeições leves e nutritivas durante o tratamento.

    H3 – 3. É seguro usar xaropes para tosse em crianças com pneumonia?

    Não é recomendado o uso de xaropes para tosse em crianças com pneumonia sem orientação médica. A tosse é um mecanismo natural do corpo para limpar as vias respiratórias, e suprimir o reflexo pode dificultar a eliminação de secreções. O tratamento deve focar na causa da doença e no alívio da febre ou dor, sempre sob orientação do pediatra.

    H3 – 4. É possível a criança ter pneumonia mais de uma vez no mesmo ano?

    Sim, crianças podem ter episódios de pneumonia recorrentes, especialmente se têm fatores de risco como imunidade baixa, doenças respiratórias crônicas ou exposição frequente a ambientes com vírus e bactérias. Quando os episódios são muito repetitivos, o pediatra pode solicitar exames para investigar causas subjacentes, como alergias, refluxo ou problemas pulmonares.

    H3 – 5. Crianças com pneumonia podem fazer inalação?

    A inalação pode ser indicada em alguns casos para aliviar sintomas como tosse e dificuldade para respirar, especialmente quando há broncoespasmo associado (estreitamento temporário das vias aéreas). O uso de soro fisiológico ajuda a deixar as secreções mais fluidas, facilitando a respiração e proporcionando maior conforto.

    Em alguns casos, o médico pode indicar remédios, como os broncodilatadores, que administrados por inalação chegam mais diretamente aos pulmões e apresentam melhor efeito. Porém, apenas o médico pode indicar o uso quanto a escolha da medicação.

    H3 – 6. A pneumonia em crianças pode ser contagiosa?

    Sim, a pneumonia viral e bacteriana pode ser transmitida de uma criança para outra através de gotículas de saliva ao tossir, espirrar ou falar. Também pode ocorrer transmissão indireta, quando a criança toca em superfícies contaminadas e depois leva a mão à boca ou nariz. Por isso, é fundamental manter medidas de higiene, como lavar as mãos e evitar compartilhar objetos.

    Leia também: Bronquiolite em bebês: sintomas e quando procurar o médico

  • Ecocardiograma na gestação: por que é essencial para cuidar do coração da mãe e do bebê 

    Ecocardiograma na gestação: por que é essencial para cuidar do coração da mãe e do bebê 

    A gravidez é um momento de intensas transformações no corpo da mulher e de grande expectativa para a chegada do bebê. Nesse período, cada exame de pré-natal é essencial para garantir que a gestação siga saudável. Entre eles, o ecocardiograma na gestação ganhou destaque, pois permite avaliar tanto o coração da mãe quanto o do bebê em formação.

    Indolor, seguro e feito por ultrassom, o exame ajuda a identificar alterações cardíacas precocemente, contribuindo para a prevenção de complicações e a escolha do tratamento mais adequado quando necessário.

    O que é o ecocardiograma?

    O ecocardiograma é um exame de imagem que utiliza ondas de ultrassom para mostrar o coração em tempo real. Ele não usa radiação, é indolor e totalmente seguro durante a gestação.

    Com ele, é possível avaliar o tamanho do coração, o movimento das válvulas, a força de bombeamento e o fluxo de sangue. Na gravidez, os principais tipos são:

    • Ecocardiograma transtorácico: feito colocando o aparelho sobre o peito da mãe, avaliando seu coração.
    • Ecocardiograma fetal: semelhante ao ultrassom de rotina, em que um gel é aplicado no abdome da gestante e o transdutor gera imagens detalhadas do coração do bebê.

    Leia também: Gravidez e coração: o que muda e quais são os riscos

    Por que o ecocardiograma na gestação é importante?

    Para a mãe

    Durante a gestação, o coração da mulher trabalha mais, já que precisa bombear sangue para ela e para o bebê. O exame pode ser indicado em casos de:

    • Doença cardíaca já conhecida;
    • Sintomas como falta de ar, palpitações ou inchaço excessivo;
    • Histórico de pressão alta ou sopros no coração.

    O exame avalia válvulas, força do músculo cardíaco e circulação sanguínea, permitindo detectar alterações precocemente e orientar o tratamento adequado.

    Para o bebê

    O coração do bebê começa a se formar muito cedo e passa por várias etapas até estar completo. O ecocardiograma fetal ajuda a identificar malformações antes do nascimento, sendo recomendado especialmente em situações como:

    • Alterações suspeitas nos ultrassons de rotina;
    • Histórico familiar de cardiopatias congênitas;
    • Gestantes com diabetes, pressão alta, lúpus ou uso de certos medicamentos;
    • Gravidez de risco ou idade materna avançada;
    • Infecções virais durante a gestação, como rubéola.

    O exame pode ser feito a partir da 18ª semana, mas as melhores imagens costumam ser obtidas entre a 24ª e a 28ª semana.

    Como é feito o ecocardiograma na gestação?

    O procedimento é simples e semelhante ao ultrassom do pré-natal. A mãe permanece deitada, um gel é aplicado no abdome e o transdutor capta imagens em tempo real do coração do bebê.

    Não há necessidade de jejum e não existem riscos para a mãe ou o bebê.

    Confira: Bronquiolite em bebês: sintomas e quando procurar o médico

    Prevenção e cuidados gerais

    O ecocardiograma é uma parte do pré-natal que pode fazer diferença quando solicitado no momento certo. Algumas orientações incluem:

    • Manter o pré-natal em dia;
    • Relatar sintomas novos, como dor no peito, palpitações ou falta de ar;
    • Realizar todos os exames solicitados;
    • Seguir o tratamento indicado pelo médico para proteger mãe e bebê.

    Perguntas frequentes sobre ecocardiograma na gestação

    1. O ecocardiograma é seguro durante a gravidez?

    Sim. O exame é feito com ultrassom, não utiliza radiação e não traz riscos para a mãe nem para o bebê.

    2. Qual a diferença entre ecocardiograma fetal e transtorácico?

    O transtorácico avalia o coração da mãe, enquanto o fetal analisa o coração do bebê em formação.

    3. Quando o ecocardiograma fetal deve ser feito?

    Pode ser realizado a partir da 18ª semana, mas a janela ideal é entre a 24ª e a 28ª semana, quando as imagens são mais nítidas.

    4. Toda gestante precisa fazer ecocardiograma?

    Não necessariamente. Ele pode ser indicado para todas, mas é especialmente importante em casos de risco, como doenças cardíacas maternas ou suspeita de malformação no bebê.

    5. Preciso de algum preparo para o exame?

    Não. O ecocardiograma não exige jejum nem cuidados prévios.

    Leia também: Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar