Categoria: Doenças & Condições

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  • Bexiga hiperativa: entenda mais sobre quando o controle da urina fica difícil 

    Bexiga hiperativa: entenda mais sobre quando o controle da urina fica difícil 

    Sentir vontade de fazer xixi várias vezes ao dia, inclusive durante a noite, pode parecer algo banal, mas nem sempre é. A bexiga hiperativa é uma condição que provoca urgência urinária, às vezes tão intensa que a pessoa não consegue chegar ao banheiro a tempo.

    Embora não seja uma doença grave, o problema interfere na rotina, no sono e na autoestima, e afeta milhões de pessoas, especialmente mulheres e idosos. Com diagnóstico correto e tratamento adequado, é possível recuperar o controle e a tranquilidade no dia a dia.

    O que é bexiga hiperativa

    A bexiga hiperativa é uma síndrome caracterizada pela vontade súbita e frequente de urinar, mesmo quando a bexiga ainda não está cheia. Em alguns casos, essa urgência vem acompanhada de perda involuntária de urina, o que pode causar desconforto e constrangimento.

    A condição ocorre quando o músculo da bexiga (detrusor) se contrai de forma descontrolada e envia sinais errados ao cérebro, provocando a sensação de urgência.

    Embora seja mais comum em mulheres e pessoas mais velhas, também pode afetar homens de diferentes idades.

    Por que isso acontece

    A bexiga funciona como um reservatório natural, armazenando a urina até o momento certo para eliminá-la. Na bexiga hiperativa, o músculo detrusor se contrai involuntariamente, mesmo quando a bexiga ainda está parcialmente vazia.

    Essas contrações indevidas podem acontecer por diversos motivos:

    • Alterações nos nervos que controlam a bexiga, como em doenças neurológicas ou traumas na medula;
    • Mudanças no funcionamento muscular, tornando a bexiga mais sensível;
    • Defeitos anatômicos que afetam o suporte da bexiga e da uretra;
    • Alterações no microbioma, que é o desequilíbrio das bactérias naturais da bexiga;
    • Ou ainda sem causa identificável, o que é bastante comum.

    Fatores de risco

    Diversos fatores podem aumentar a chance de desenvolver bexiga hiperativa:

    • Doenças neurológicas, como AVC, Parkinson e esclerose múltipla;
    • Infecções urinárias de repetição;
    • Alterações hormonais, especialmente após a menopausa;
    • Uso de medicamentos diuréticos;
    • Consumo excessivo de café, chá, álcool e refrigerantes;
    • Estresse e fatores emocionais;
    • Obesidade e envelhecimento.

    Principais sintomas

    Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas geralmente são:

    • Vontade súbita e intensa de urinar;
    • Urinar muitas vezes ao dia (aumento da frequência urinária);
    • Levantar várias vezes à noite para urinar (noctúria);
    • Perda involuntária de urina antes de chegar ao banheiro;
    • Sensação de bexiga cheia o tempo todo, mesmo após urinar.

    Nem todas as pessoas apresentam incontinência — em muitos casos, há apenas a urgência e o aumento da frequência urinária.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito a partir da avaliação clínica e dos sintomas relatados pelo paciente. O médico costuma perguntar sobre a frequência urinária, a presença de escapes e os hábitos diários.

    Exames complementares que podem ser solicitados:

    • Exame de urina e urocultura: para descartar infecção urinária;
    • Ultrassonografia das vias urinárias: para avaliar bexiga, rins e uretra;
    • Exame urodinâmico: mede o funcionamento da bexiga durante o enchimento e o esvaziamento;
    • Avaliação ginecológica ou urológica, conforme o caso.

    Tratamento

    O tratamento busca controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Ele costuma ser feito em etapas, começando por medidas simples e evoluindo conforme a necessidade.

    1. Mudanças de hábitos e fisioterapia

    É o primeiro passo do tratamento e traz ótimos resultados. Ele pode ser feito da seguinte forma:

    • Reduzir o consumo de café, refrigerantes, bebidas alcoólicas e frutas cítricas;
    • Evitar líquidos à noite para diminuir as idas ao banheiro;
    • Treinar a bexiga, espaçando o tempo entre as micções;
    • Fazer exercícios do assoalho pélvico (fisioterapia pélvica) para fortalecer os músculos que controlam a urina;
    • Manter o peso saudável e praticar atividade física regularmente.

    2. Medicamentos

    Se as mudanças de comportamento não forem suficientes, o médico pode indicar remédios que relaxam a bexiga e reduzem as contrações involuntárias. Em alguns casos, dois tipos de medicamento podem ser combinados para potencializar o efeito.

    3. Tratamentos complementares

    Quando os sintomas persistem, existem alternativas eficazes:

    • Toxina botulínica: aplicada na parede da bexiga para reduzir as contrações;
    • Neuromodulação: estimulação elétrica dos nervos que controlam a bexiga, feita com impulsos leves;
    • Cirurgia: em casos muito graves e raros, pode ser indicada para aumentar a capacidade da bexiga.

    Viver bem com bexiga hiperativa

    Mesmo sendo uma condição crônica e sem cura definitiva, a bexiga hiperativa pode ser controlada. Com acompanhamento médico e adesão ao tratamento, a maioria das pessoas recupera o conforto e a autoconfiança.

    Buscar ajuda é fundamental: sentir urgência urinária frequente não é normal e merece atenção. O diagnóstico precoce faz toda a diferença para preservar o bem-estar e evitar constrangimentos.

    Leia também: Infecção urinária: sintomas, causas e tratamento

    Perguntas frequentes sobre bexiga hiperativa

    1. O que é bexiga hiperativa?

    É uma condição em que o músculo da bexiga se contrai de forma involuntária, provocando vontade súbita e frequente de urinar.

    2. Quem pode ter bexiga hiperativa?

    É mais comum em mulheres e idosos, mas também pode afetar homens e pessoas mais jovens.

    3. A bexiga hiperativa tem cura?

    Não há cura definitiva, mas os sintomas podem ser controlados com tratamento e mudanças de hábitos.

    4. Beber menos água ajuda a melhorar?

    Não. O ideal é ajustar a ingestão, evitando excessos à noite, mas sem restringir líquidos de forma exagerada.

    5. Quais bebidas pioram os sintomas?

    Café, chá preto, refrigerantes, álcool e sucos cítricos estimulam a bexiga e devem ser evitados.

    6. A fisioterapia pélvica realmente ajuda?

    Sim. Os exercícios fortalecem os músculos que controlam a urina e melhoram o controle da bexiga.

    7. Quando procurar um médico?

    Se houver urgência urinária frequente, noctúria ou perda involuntária de urina, é importante consultar um urologista ou ginecologista.

    Leia também: 5 hábitos diários que ajudam a prevenir doenças urológicas

  • Tremores, lentidão e rigidez: o que é e como tratar o Parkinson 

    Tremores, lentidão e rigidez: o que é e como tratar o Parkinson 

    A Doença de Parkinson é uma das condições neurológicas mais conhecidas, especialmente por afetar os movimentos do corpo. Ela provoca tremores, rigidez e lentidão, mas também pode causar sintomas menos lembrados, como alterações de sono, humor e memória.

    Embora ainda não tenha cura, o Parkinson conta hoje com tratamentos que ajudam a manter uma vida ativa e independente por muitos anos, desde que acompanhados por equipe médica especializada.

    O que é a Doença de Parkinson

    A Doença de Parkinson é crônica e progressiva, ou seja, evolui ao longo do tempo e exige acompanhamento constante. Ela afeta o sistema nervoso central, especialmente as áreas do cérebro responsáveis pelo controle dos movimentos.

    O que acontece no cérebro

    No Parkinson, ocorre uma degeneração das células nervosas localizadas em uma região chamada substância negra. Essas células produzem dopamina, neurotransmissor essencial para a coordenação, o equilíbrio e a fluidez dos movimentos.

    Quando há perda dessa dopamina, o cérebro perde a capacidade de enviar sinais adequados aos músculos, gerando os sintomas motores característicos da doença.

    Principais sintomas

    Os sintomas do Parkinson se desenvolvem de forma lenta e progressiva, e a intensidade varia de pessoa para pessoa.

    Sintomas motores

    • Tremor em repouso: movimento involuntário, geralmente nas mãos ou braços, que diminui durante a ação;
    • Rigidez muscular: sensação de enrijecimento, dificultando gestos simples;
    • Bradicinesia: lentidão para iniciar e realizar movimentos;
    • Instabilidade postural: dificuldade de equilíbrio e tendência a quedas.

    Sintomas não motores

    • Alterações do sono;
    • Perda do olfato;
    • Constipação intestinal;
    • Depressão, ansiedade e apatia;
    • Dificuldade de concentração e lentidão no raciocínio;
    • Alterações na fala e na escrita (a letra tende a ficar menor e trêmula).

    Causas e fatores de risco

    A causa exata da Doença de Parkinson ainda não é totalmente conhecida. Acredita-se que resulte da combinação de fatores genéticos e ambientais. Alguns casos estão ligados a mutações genéticas, mas a maioria ocorre de forma esporádica, sem histórico familiar.

    Os principais fatores de risco são:

    • Idade avançada;
    • Histórico familiar da doença;
    • Uso prolongado de certos medicamentos;
    • Exposição a toxinas ambientais.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é clínico, feito com base na observação dos sintomas e no exame neurológico. Não existe um teste único que confirme a doença, mas exames complementares, como ressonância magnética, tomografia e análises laboratoriais, ajudam a descartar outras condições com sintomas semelhantes.

    Diagnósticos diferenciais

    Algumas doenças podem causar sintomas parecidos com o Parkinson, o que torna o diagnóstico diferencial essencial.

    Parkinsonismo secundário

    Apresenta sintomas semelhantes, mas é causado por outro fator externo. Pode ocorrer por:

    • Uso prolongado de medicamentos (como antipsicóticos e antieméticos);
    • Traumatismos cranianos repetidos;
    • Acidentes vasculares cerebrais (AVC) em áreas específicas do cérebro.

    Tremor essencial

    Apesar de se parecer com o Parkinson, o tremor essencial ocorre durante o movimento, e não em repouso.

    Tratamento

    Ainda não existe cura para a Doença de Parkinson, mas os tratamentos atuais controlam os sintomas e proporcionam boa qualidade de vida.

    As principais abordagens são:

    1. Medicamentos

    Os fármacos usados têm como objetivo aumentar ou substituir a dopamina, ou ainda reduzir sua degradação. Eles ajudam a melhorar a rigidez, o tremor e a lentidão dos movimentos.

    2. Fisioterapia e atividade física

    Essenciais para manter a mobilidade, a força e o equilíbrio. Exercícios como caminhadas, alongamentos e pilates são altamente benéficos.

    3. Fonoaudiologia

    Ajuda na fala e na deglutição, comuns de serem afetadas pela doença.

    4. Terapia ocupacional

    Auxilia o paciente a adaptar rotinas, preservar a autonomia e facilitar as atividades diárias.

    5. Psicologia

    Fundamental para lidar com o impacto emocional da doença.

    6. Cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS)

    Indicada em casos em que os medicamentos deixam de surtir efeito. O procedimento implanta eletrodos em áreas específicas do cérebro para regular os impulsos nervosos e melhorar os sintomas motores.

    Evolução e qualidade de vida

    O Parkinson tem progressão lenta, e o ritmo varia entre as pessoas. Com tratamento adequado e acompanhamento neurológico regular, é possível controlar os sintomas por muitos anos.

    Além da adesão medicamentosa, o apoio familiar e o acompanhamento multidisciplinar com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos são fundamentais para manter a autonomia e o bem-estar.

    Há como prevenir?

    Ainda não existe uma forma comprovada de prevenir o Parkinson. Porém, hábitos que favorecem a saúde cerebral e a neuroplasticidade — a capacidade do cérebro de criar e reforçar conexões neuronais — podem ajudar a proteger o sistema nervoso.

    São recomendadas:

    • Atividades físicas regulares;
    • Alimentação equilibrada;
    • Atividades cognitivas e sociais, que estimulam o cérebro.

    Veja mais: Esclerose múltipla: entenda a doença em que o corpo ataca o sistema nervoso

    Perguntas frequentes sobre Doença de Parkinson

    1. O que causa a Doença de Parkinson?

    A causa é multifatorial e envolve fatores genéticos e ambientais. A perda de células que produzem dopamina é o que gera os sintomas.

    2. O Parkinson tem cura?

    Não. Mas há tratamentos eficazes que controlam os sintomas e permitem uma vida ativa.

    3. Quais são os primeiros sinais da doença?

    Tremor em repouso, rigidez, lentidão e mudanças na escrita ou fala costumam ser os primeiros sinais.

    4. Como é feito o diagnóstico?

    Por meio da avaliação clínica e neurológica. Exames de imagem são usados para descartar outras doenças.

    5. O tratamento é apenas com remédios?

    Não. Fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e apoio psicológico são fundamentais.

    6. Quando é indicada a cirurgia cerebral profunda (DBS)?

    Em casos avançados, quando os medicamentos não controlam mais os sintomas.

    7. O Parkinson pode ser evitado?

    Não existe prevenção comprovada, mas atividades físicas, cognitivas e sociais ajudam a preservar a função cerebral.

    Leia também: Demência por corpos de Lewy (DCL): o que é, como reconhecer e tratar

  • Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA): o que é e como afeta a vida 

    Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA): o que é e como afeta a vida 

    A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma das doenças neurológicas mais desafiadoras da medicina moderna. Embora rara, ela impacta profundamente a vida das pessoas diagnosticadas e provoca limitações motoras progressivas que exigem acompanhamento contínuo.

    No Brasil, estima-se que milhares de pessoas convivam com o diagnóstico. O físico Stephen Hawking, por exemplo, foi um dos casos mais conhecidos no mundo. Apesar de ainda não haver cura, avanços na medicina e o apoio de equipes multidisciplinares têm permitido mais tempo e qualidade de vida aos pacientes.

    O que é a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

    A Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta os neurônios motores, responsáveis por enviar comandos do cérebro e da medula espinhal para os músculos.

    Com o tempo, esses neurônios se deterioram e morrem, fazendo com que os músculos percam a capacidade de se mover. Isso causa fraqueza muscular, dificuldade para andar, falar, engolir e respirar.

    Apesar do comprometimento motor, a doença não afeta a memória nem a sensibilidade da pele, ou seja, a pessoa sente tudo normalmente, mas não consegue mover o corpo como antes.

    Como a ELA se manifesta

    Os sintomas iniciais variam de pessoa para pessoa, mas geralmente começam de forma discreta e vão piorando com o tempo.

    Sinais mais comuns:

    • Fraqueza em braços ou pernas (dificuldade para segurar objetos, caminhar ou subir escadas);
    • Dificuldade para falar claramente (disartria);
    • Engasgos e dificuldade para engolir (disfagia);
    • Mudanças emocionais, como choro ou riso fora de hora (afeto pseudobulbar).

    Com a progressão, a fraqueza se espalha pelo corpo, comprometendo fala, deglutição e respiração.

    Quem pode ter ELA

    A ELA pode afetar qualquer adulto, mas é mais comum após os 50 anos e atinge homens e mulheres.

    A maioria dos casos é esporádica, ou seja, sem histórico familiar. Há, porém, formas hereditárias, ligadas a alterações genéticas.

    Entre os fatores de risco estão:

    • Idade mais avançada;
    • Histórico familiar de ELA;
    • (De forma controversa) tabagismo e exposição a metais pesados.

    Como é feito o diagnóstico

    Não existe um exame único que confirme a doença. O diagnóstico é clínico, feito por um neurologista com base em sinais, sintomas e exames complementares.

    Avaliações mais comuns:

    • História clínica detalhada e exame neurológico;
    • Eletroneuromiografia (ENMG): avalia a atividade elétrica dos músculos;
    • Ressonância magnética do cérebro e da medula: descarta outras doenças semelhantes;
    • Exames de sangue: para investigar causas metabólicas ou autoimunes.

    O diagnóstico pode demorar porque a ELA pode se parecer com outras doenças neurológicas. Quanto antes for feita a confirmação, mais cedo o tratamento pode começar.

    Tratamento e cuidados

    Ainda não há cura para a ELA, mas existem terapias que retardam a progressão e melhoram a qualidade de vida. O tratamento deve ser conduzido por uma equipe multidisciplinar.

    Principais abordagens:

    • Medicamentos: dois remédios aprovados conseguem retardar a evolução da doença por alguns meses; novas terapias estão em estudo;
    • Suporte ventilatório: ajuda na respiração quando os músculos enfraquecem;
    • Nutrição adequada: pode incluir sonda para manter o peso e prevenir desnutrição;
    • Fisioterapia motora e respiratória: mantém a mobilidade e reduz complicações;
    • Fonoaudiologia: melhora fala e deglutição;
    • Terapia ocupacional: adapta o ambiente para atividades do dia a dia;
    • Apoio psicológico: essencial para o paciente e familiares.

    Prognóstico e qualidade de vida

    A ELA não afeta apenas os músculos: também pode causar alterações cognitivas e emocionais, como depressão e apatia.

    O impacto social e emocional é grande, tanto para quem convive com a doença quanto para cuidadores e familiares.

    Por isso, os cuidados paliativos são parte importante do acompanhamento. Eles buscam aliviar sintomas, garantir conforto e apoiar decisões sobre o tratamento nas fases mais avançadas.

    Veja também: Esclerose múltipla: entenda a doença em que o corpo ataca o sistema nervoso

    Perguntas frequentes sobre Esclerose Lateral Amiotrófica

    1. O que causa a Esclerose Lateral Amiotrófica?

    Na maioria dos casos, a causa é desconhecida. Alguns estão ligados a mutações genéticas hereditárias.

    2. A ELA tem cura?

    Ainda não. No entanto, existem medicamentos e terapias que retardam a progressão e melhoram a qualidade de vida.

    3. A doença afeta a memória ou o raciocínio?

    Em geral, não. A ELA compromete os músculos, mas o paciente continua lúcido e consciente.

    4. Como é feito o diagnóstico da ELA?

    O diagnóstico é clínico e envolve exames neurológicos, eletroneuromiografia e ressonância magnética.

    5. A ELA é hereditária?

    Cerca de 5% a 10% dos casos têm origem genética. O restante é considerado esporádico.

    6. O que esperar da evolução da doença?

    A progressão é gradual e varia de pessoa para pessoa. O foco do tratamento é manter a autonomia e o conforto pelo máximo de tempo possível.

    7. O que pode ajudar quem tem ELA a viver melhor?

    Acompanhamento multiprofissional, fisioterapia, nutrição, suporte respiratório e apoio psicológico fazem diferença significativa.

    Leia também: Demência: como reconhecer os sinais e entender os tipos mais comuns

  • Gravidez ectópica: saiba o que é e os sinais da gestação fora do útero 

    Gravidez ectópica: saiba o que é e os sinais da gestação fora do útero 

    Nem toda gravidez se desenvolve onde deveria. Em alguns casos, o embrião se implanta fora do útero — nas trompas, no colo uterino, nos ovários ou até no abdômen — dando origem à gravidez ectópica. Embora rara, essa condição é uma emergência médica que pode causar hemorragia interna e colocar a vida da mulher em risco se não for identificada e tratada rapidamente.

    A gravidez ectópica ocorre em cerca de 1% a 2% das gestações. Quando diagnosticada precocemente e tratada corretamente, a maioria das mulheres se recupera bem e pode engravidar novamente no futuro.

    O que é a gravidez ectópica

    A gravidez ectópica acontece quando o embrião se desenvolve fora do útero — o local natural preparado para a gestação. A forma mais comum é a gestação tubária, quando o embrião se implanta nas trompas de Falópio. Porém, também pode ocorrer no colo do útero, nos ovários, no abdômen ou, mais raramente, em uma cicatriz de cesariana anterior.

    Apesar de rara, é perigosa porque o crescimento do embrião em um local inadequado pode romper vasos sanguíneos e causar hemorragias graves.

    Por que a gravidez ectópica acontece

    Em uma gravidez normal, o óvulo fertilizado percorre as trompas até o útero, onde se fixa. Na gravidez ectópica, algo interrompe esse trajeto, fazendo o embrião se implantar antes de chegar ao útero.

    Principais fatores de risco:

    • Infecções nas trompas (como gonorreia ou clamídia), que causam cicatrizes;
    • Cirurgias prévias nas trompas ou no útero (laqueadura, cesariana);
    • Endometriose, que provoca inflamações e aderências;
    • Tabagismo, que altera o funcionamento das trompas;
    • Tratamentos de fertilização (como FIV);
    • Idade acima dos 35 anos;
    • Uso de DIU — raro, mas aumenta o risco de ser ectópica caso ocorra gravidez;
    • Histórico anterior de gravidez ectópica.

    Mesmo assim, metade dos casos ocorre sem fatores de risco conhecidos.

    Sintomas de gravidez ectópica

    Mulheres em idade fértil com atraso menstrual e dor pélvica devem ser avaliadas para descartar essa condição. Os sintomas mais comuns são:

    • Dor abdominal ou pélvica (geralmente de um lado só);
    • Sangramento vaginal leve ou irregular;
    • Útero menor do que o esperado para a idade gestacional;
    • Mal-estar, tontura ou fraqueza.

    Se houver ruptura da trompa, a dor torna-se intensa e súbita, podendo vir acompanhada de dor no ombro, queda de pressão e desmaio — um quadro de emergência médica que exige atendimento imediato.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico envolve avaliação clínica, exames de sangue e ultrassonografia transvaginal.

    • Exame de β-hCG: confirma a gestação e avalia se o hormônio está subindo de forma adequada. Em gestações normais, o β-hCG dobra a cada dois dias. Se não ocorre esse aumento, há suspeita de anormalidade.
    • Ultrassonografia: se o hormônio estiver alto (acima de 2.000 mUI/mL) e não houver saco gestacional no útero, a suspeita de gravidez ectópica é forte.
    • O exame também pode identificar massas nas trompas ou em outros locais, mostrando onde o embrião está implantado.

    Quando o diagnóstico ainda não é conclusivo, a mulher é acompanhada com exames seriados até a confirmação.

    Tratamento

    A escolha do tratamento depende do estado clínico da paciente, do tamanho do saco gestacional e dos níveis de β-hCG.

    1. Tratamento com medicamentos

    Indicado quando o diagnóstico é precoce e a mulher está estável. Utiliza remédios que interrompem o crescimento do tecido gestacional, permitindo que o corpo o reabsorva naturalmente. É seguro e preserva a fertilidade.

    Durante o tratamento, deve-se evitar álcool, anti-inflamatórios e relações sexuais até a recuperação completa.

    2. Tratamento cirúrgico

    Necessário quando há risco de ruptura ou o tratamento medicamentoso não é viável. Pode ser feito por laparoscopia (minimamente invasiva) ou por cirurgia aberta em emergências.

    Opções cirúrgicas:

    • Salpingostomia: retirada apenas do tecido gestacional, preservando a trompa;
    • Salpingectomia: remoção total da trompa, se estiver muito danificada.

    3. Observação

    Em casos muito iniciais e estáveis, o médico pode apenas monitorar com exames, permitindo que o corpo elimine o tecido gestacional naturalmente.

    Prognóstico e prevenção

    Com o tratamento adequado, a maioria das mulheres se recupera completamente e pode engravidar novamente.

    Para reduzir o risco de recorrência:

    • Trate infecções ginecológicas precocemente;
    • Evite o cigarro;
    • Mantenha acompanhamento regular com o ginecologista;
    • Aguarde o período recomendado pelo médico antes de tentar nova gestação.

    Veja também: Ecocardiograma na gestação: por que é essencial para cuidar do coração da mãe e do bebê

    Perguntas frequentes sobre gravidez ectópica

    1. O que é uma gravidez ectópica?

    É uma gestação em que o embrião se desenvolve fora do útero, geralmente nas trompas de Falópio.

    2. Quais são os sintomas?

    Dor abdominal, sangramento leve, tontura e fraqueza. Se houver ruptura da trompa, a dor é intensa e pode causar desmaio.

    3. Como é feito o diagnóstico?

    Com o exame de β-hCG e o ultrassom transvaginal, que mostram a ausência de saco gestacional no útero e possíveis massas nas trompas.

    4. É possível tratar sem cirurgia?

    Sim, se o diagnóstico for precoce e a mulher estiver estável, o tratamento pode ser feito com medicamentos.

    5. A gravidez ectópica pode acontecer mais de uma vez?

    Sim, especialmente em mulheres com histórico anterior ou alterações nas trompas.

    6. Dá para engravidar novamente após uma gravidez ectópica?

    Na maioria dos casos, sim — principalmente quando o tratamento é feito cedo e há preservação das trompas.

    7. Como prevenir?

    Tratando infecções ginecológicas, evitando o cigarro e fazendo acompanhamento médico antes de tentar engravidar.

    Leia também: Gravidez e coração: o que muda e quais são os riscos

  • Quando a alergia vira emergência: entenda a anafilaxia 

    Quando a alergia vira emergência: entenda a anafilaxia 

    Coceira, inchaço, falta de ar e tontura podem parecer sintomas isolados, mas juntos podem indicar uma das emergências médicas mais graves: a anafilaxia. Essa reação alérgica intensa se manifesta rapidamente, pode comprometer vários órgãos ao mesmo tempo e exige atendimento imediato.

    A anafilaxia ocorre quando o sistema imunológico reage de forma exagerada a substâncias normalmente inofensivas — como alimentos, medicamentos ou picadas de insetos. Reconhecer os sinais e agir rápido pode salvar vidas.

    O que acontece no corpo durante uma anafilaxia

    Durante a crise, o corpo libera substâncias químicas (como a histamina) que dilatam os vasos e aumentam sua permeabilidade. Isso causa inchaço, vermelhidão, queda de pressão, falta de ar e urticária.

    A anafilaxia pode surgir em minutos após o contato com o agente causador — e quanto mais rápida a reação, maior o risco. Mesmo após o tratamento, os sintomas podem voltar horas depois (reação bifásica).

    Causas mais comuns de anafilaxia

    Diversas substâncias podem causar crises. As mais frequentes incluem:

    Alimentos

    Amendoim, castanhas, nozes, peixes, camarão, frutos do mar, leite, ovos, soja, trigo e gergelim. Em casos graves, até o cheiro ou pequenas partículas podem provocar reação.

    Picadas de insetos

    Abelhas, vespas e formigas são as principais causas.

    Medicamentos

    Antibióticos (penicilina, cefalosporinas), anti-inflamatórios (aspirina, ibuprofeno), anestésicos e relaxantes musculares usados em cirurgias.

    Látex

    Presente em luvas, balões, preservativos e materiais hospitalares.

    Contrastes usados em exames

    Produtos com iodo podem causar reação em pessoas sensíveis.

    Pólen

    Mais raro, mas pode causar anafilaxia em indivíduos com alergia severa.

    Sintomas: como reconhecer

    Os sintomas aparecem rapidamente — geralmente em minutos — e afetam várias partes do corpo simultaneamente.

    Pele e mucosas

    • Coceira e vermelhidão;
    • Urticária (vergões avermelhados);
    • Inchaço em lábios, olhos, língua ou garganta (angioedema).

    Sistema respiratório

    • Nariz entupido, espirros, tosse;
    • Rouquidão e sensação de nó na garganta;
    • Falta de ar, chiado, aperto no peito e dificuldade para respirar.

    Coração e circulação

    • Queda de pressão;
    • Tontura e fraqueza;
    • Batimentos acelerados ou irregulares;
    • Desmaio.

    Trato digestivo

    • Dor abdominal e cólicas;
    • Náuseas, vômitos ou diarreia.

    Outros sinais

    • Visão turva;
    • Confusão mental;
    • Sensação de desmaio iminente.

    Nos casos mais graves, ocorre o choque anafilático, com queda brusca da pressão e falha na oxigenação dos órgãos — situação potencialmente fatal em minutos.

    Diagnóstico da anafilaxia

    O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas e no histórico de exposição a um alérgeno. Exames como dosagem de triptase podem confirmar o quadro posteriormente, mas o tratamento deve começar imediatamente, sem esperar resultados laboratoriais.

    Tratamento

    A epinefrina (adrenalina) é o tratamento de primeira escolha e deve ser aplicada o quanto antes, preferencialmente na coxa, por injeção intramuscular.

    A adrenalina:

    • Relaxará os músculos das vias aéreas;
    • Aumentará a pressão arterial;
    • Reduzirá o inchaço e os sintomas da reação.

    Após a aplicação, outros medicamentos podem ser usados para controlar coceira, urticária e prevenir recaídas. O paciente deve permanecer em observação por pelo menos 4 horas, pois os sintomas podem retornar. Casos graves exigem internação em UTI.

    Em alguns países, há o autoaplicador de adrenalina (EpiPen®) para uso emergencial. No Brasil, ele ainda não está disponível.

    Confira: Tem alergia alimentar? Veja como diagnosticar e tratar

    Complicações

    Quando tratada rapidamente, a recuperação é completa. Porém, o atraso na aplicação da adrenalina pode causar:

    • Choque anafilático;
    • Falta de oxigenação cerebral;
    • Parada cardíaca;
    • Morte súbita.

    Prevenção e cuidados

    • Identificar e evitar totalmente o agente causador;
    • Informar familiares e amigos sobre a alergia e os procedimentos de emergência;
    • Carregar identificação médica (pulseira/cartão);
    • Consultar um alergologista para investigação e possível imunoterapia (dessensibilização).

    Veja mais: Janela imunológica: como prevenir alergia alimentar em bebês

    Perguntas frequentes sobre anafilaxia

    1. O que é anafilaxia?

    É uma reação alérgica grave e rápida, que pode afetar vários órgãos e colocar a vida em risco.

    2. Quais são os primeiros sinais?

    Coceira, inchaço no rosto ou garganta, falta de ar, tontura e queda de pressão.

    3. Qual o tratamento imediato?

    A aplicação de adrenalina intramuscular (na coxa). É uma emergência médica e deve ser feita o quanto antes.

    4. A anafilaxia pode acontecer novamente?

    Sim. Mesmo após o tratamento, os sintomas podem reaparecer horas depois (reação bifásica).

    5. Quem tem alergia grave deve fazer o quê?

    Consultar um alergologista, identificar o agente causador e evitar totalmente o contato.

    6. A anafilaxia pode matar?

    Sim. Sem tratamento imediato, pode evoluir para choque anafilático e parada cardíaca.

    Leia mais: Entenda como funciona a alergia alimentar e o que fazer

  • Alergia à tatuagem existe? Saiba mais sobre sintomas e tratamentos

    Alergia à tatuagem existe? Saiba mais sobre sintomas e tratamentos

    Vermelhidão, maior sensibilidade e leve inchaço são comuns após fazer uma tatuagem — afinal, trata-se de uma lesão cutânea em cicatrização. Esses sinais tendem a melhorar em poucos dias e fazem parte da resposta natural do organismo.

    Em algumas situações, porém — especialmente em pessoas com histórico de dermatite, alergias ou outras condições de pele —, pode ocorrer hipersensibilidade (alergia à tatuagem). Como a tatuagem introduz pigmentos na derme, uma resposta imunológica exagerada pode surgir, causando coceira intensa, descamação, bolhas e até secreção.

    Para entender como reconhecer os sinais e tratar a alergia à tatuagem, conversamos com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti. Veja as orientações a seguir.

    Por que a alergia à tatuagem acontece?

    A alergia surge quando o sistema imunológico reage de forma exagerada a substâncias presentes nas tintas, aditivos ou materiais usados no procedimento, desencadeando inflamação local. É uma hipersensibilidade de contato, geralmente do tipo tardio — podendo aparecer dias, semanas ou meses após a tatuagem.

    De acordo com Brianna, os possíveis desencadeantes incluem:

    • Tinta vermelha: sulfeto de mercúrio/óxidos de ferro (maior taxa de alergia).
    • Tinta amarela: pode conter cádmio, reativo ao sol.
    • Tinta verde: sais de cromo (forte sensibilizante).
    • Tinta azul: cobalto e níquel (alérgenos frequentes).
    • Tinta preta: geralmente mais segura, mas algumas fórmulas têm PPD (parafenilenodiamina).
    • Aditivos: glicerina, propilenoglicol, álcool, parabenos, liberadores de formaldeído.
    • Luvas de látex, antissépticos (iodo, clorexidina, álcool) e pomadas com antibióticos (neomicina, bacitracina).

    A lesão costuma respeitar o traçado/cor usada, o que ajuda na identificação.

    Quais os sintomas de alergia à tatuagem?

    • Coceira persistente e intensa;
    • Eritema (vermelhidão) prolongado;
    • Edema (inchaço) local;
    • Pápulas/placas elevadas sobre o traço;
    • Vesículas/bolhas;
    • Descamação, crostas e secreção;
    • Dor e sensibilidade aumentada.

    Em quadros mais severos, podem surgir nódulos endurecidos e lesões de longa duração. “As reações podem surgir logo após a aplicação ou meses/anos depois. Reativações após sol intenso, ressonância magnética e até vacinação já foram descritas”, comenta Brianna.

    Como diferenciar irritação comum de reação alérgica?

    • Irritação comum: aparece nos primeiros dias (cicatrização). Vermelhidão, leve inchaço e dor local que melhoram espontaneamente.
    • Alergia: coceira forte e contínua, inchaço que não passa, manchas/bolhas no desenho e cicatrização lenta. Febre, linfonodos aumentados, dor intensa ou vermelhidão em expansão sugerem infecção — procure atendimento.

    Existem fatores de risco?

    Histórico de dermatite de contato, dermatite atópica, alergia a metais ou tendência a queloides aumenta o risco de reações. Em alguns casos, pode-se considerar patch test com pigmentos (quando disponível) e optar por estúdios com tintas certificadas/descartáveis e rigor higiênico.

    Como é feito o diagnóstico?

    Baseia-se na história clínica e exame dermatológico (padrão das lesões).

    • Histopatologia (biópsia): define o tipo de inflamação e afasta diagnósticos diferenciais (ex.: infecção, sarcoidose).
    • Teste de contato: útil em alguns casos, mas pode ter limitações (alérgenos se formam na pele ao longo do tempo).
    • Métodos avançados: ultrassom de alta frequência e análise química (uso pontual).

    Como é o tratamento da alergia à tatuagem?

    Primeiro passo: suspender produtos não prescritos e procurar atendimento.

    • Quadros leves: corticoides tópicos e anti-histamínicos.
    • Moderados: corticoide oral e/ou infiltrações locais.
    • Graves/infecção associada: antibióticos; considerar remoção a laser (com cautela, pois pode reativar inflamação). Acompanhe com dermatologista.

    Confira: Alergia à poeira doméstica: por que acontece e como aliviar os sintomas?

    Perguntas frequentes sobre alergia à tatuagem

    1. A alergia pode desaparecer sozinha?

    Em casos leves, pode haver melhora espontânea. Porém, é comum a reação persistir sem tratamento — o acompanhamento especializado evita cronicidade e cicatrizes.

    2. Alergia à tatuagem pode matar?

    Geralmente é local e tratável. Raramente, pode ocorrer anafilaxia (reação sistêmica grave) — especialmente em pessoas com alergias severas. Sintomas respiratórios ou queda de pressão exigem socorro imediato.

    3. Pode aparecer em tatuagens antigas?

    Sim. O corpo pode demorar a reconhecer o alérgeno. Sol intenso, vacinação ou RM podem reativar a inflamação em tatuagens antigas.

    4. Tenho pele sensível. Posso tatuar?

    Pode — mas com avaliação dermatológica prévia, escolha de tintas confiáveis e consciência de maior risco de reação.

    5. Quais cuidados após tatuar?

    • Lavar com água e sabonete neutro, sem esfregar;
    • Secar com toalha limpa, em batidinhas;
    • Usar pomada cicatrizante indicada;
    • Não coçar nem arrancar casquinhas;
    • Evitar sol nos primeiros meses; protetor apenas após cicatrização;
    • Não mergulhar (piscina/mar/banheira) até cicatrizar;
    • Roupas leves e limpas; seguir as orientações do profissional.

    6. Posso usar protetor solar na tatuagem nova?

    Não enquanto for ferida aberta. Use protetor somente após cicatrização.

    7. Quais cores dão mais alergia?

    • Vermelho: sais de mercúrio (cinábrio) — alto potencial alergênico.
    • Amarelo: cádmio — fotossensibilização/dermatite.
    • Verde/azul: cromo, níquel e cobalto (metais sensibilizantes).
    • Preto: menos reações, mas algumas tintas contêm PPD.

    Veja mais: Vacina para alergia: entenda como funciona a imunoterapia

  • Dengue hemorrágica: quando os sintomas indicam alerta máximo 

    Dengue hemorrágica: quando os sintomas indicam alerta máximo 

    Com a chegada de mais um período de aumento dos casos de dengue, cresce também a preocupação com a forma mais perigosa da doença: a dengue hemorrágica, também chamada de dengue grave. Embora a maioria das pessoas infectadas apresente sintomas leves e se recupere em poucos dias, uma parte dos pacientes pode evoluir para esse quadro, que traz complicações sérias e exige atendimento médico imediato.

    Segundo o Ministério da Saúde, quase todas as mortes por dengue poderiam ser evitadas com diagnóstico e tratamento rápidos. O problema é que a dengue hemorrágica pode apresentar sintomas enganosos — muitas vezes o paciente acredita que melhorou, mas a doença retorna com força logo depois. Reconhecer os sinais de alerta e buscar ajuda o quanto antes é fundamental para evitar o agravamento.

    Quando acontece a dengue hemorrágica

    A fase crítica da dengue costuma ocorrer entre o terceiro e o sétimo dia após o início dos primeiros sintomas. É justamente nesse momento — quando a febre começa a ceder — que podem aparecer os sinais de alerta, indicando que o organismo está reagindo de forma mais intensa ao vírus.

    Esses sinais acontecem quando o sangue começa a extravasar dos vasos para os tecidos (extravasamento de plasma) ou quando surgem pequenos sangramentos internos. É nessa etapa que a doença se torna perigosa e pode evoluir para choque, falência de órgãos ou hemorragias graves, exigindo atendimento médico de urgência.

    Importante: o desaparecimento da febre não significa melhora. O paciente deve continuar em observação até a recuperação completa.

    O que caracteriza a dengue hemorrágica

    A dengue hemorrágica ocorre quando o corpo perde o equilíbrio na resposta inflamatória. O Ministério da Saúde descreve três principais características:

    • Perda de plasma — o sangue perde líquido para os tecidos, o que causa inchaço ou acúmulo de fluido na barriga e nos pulmões;
    • Sangramentos importantes — o corpo não consegue conter hemorragias internas ou externas;
    • Comprometimento de órgãos — o vírus pode afetar fígado, rins, coração e outros sistemas vitais.

    Quem tem mais risco de complicações

    Qualquer pessoa pode desenvolver a forma grave da dengue, mas alguns grupos exigem atenção redobrada:

    • Gestantes;
    • Crianças pequenas e idosos;
    • Pessoas com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, asma ou anemia;
    • Quem já teve dengue anteriormente, causada por outro sorotipo do vírus, também tem mais risco de complicações.

    Principais sinais de alerta da dengue hemorrágica

    Os seguintes sintomas exigem atenção e devem motivar procura imediata por atendimento médico:

    • Dor abdominal forte e contínua ou dor ao tocar o abdômen;
    • Vômitos persistentes ou com sangue;
    • Inchaço abdominal ou acúmulo de líquido no tórax;
    • Sangramentos no nariz, gengivas ou fezes;
    • Irritabilidade, sonolência excessiva ou confusão mental;
    • Tontura, desmaio ou queda de pressão;
    • Exames laboratoriais com plaquetas muito baixas ou hematócrito elevado, indicando risco de choque.

    O que fazer se esses sintomas aparecerem

    Ao perceber qualquer um desses sinais, procure imediatamente uma unidade de saúde ou pronto-socorro. Não espere para ver se melhora — a evolução pode ser rápida e grave.

    Na fase hemorrágica, o tratamento é feito com internação hospitalar, hidratação venosa e monitoramento contínuo dos sinais vitais. Em casos mais sérios, o paciente pode precisar de suporte para os órgãos e cuidados intensivos.

    Veja mais: Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano?

    A importância da prevenção e do diagnóstico precoce

    Evitar a dengue hemorrágica começa antes do agravamento: é preciso impedir a transmissão do vírus. O combate ao mosquito Aedes aegypti continua sendo a principal forma de prevenção, mas há outras estratégias importantes.

    • Vacinação: já disponível em parte da rede pública, reduz as formas graves da doença;
    • Manter boa hidratação e repouso durante o quadro febril;
    • Evitar automedicação, especialmente com anti-inflamatórios e aspirina, que aumentam o risco de sangramento;
    • Buscar atendimento médico ao primeiro sinal de febre, dor intensa ou mal-estar persistente.

    O diagnóstico precoce é essencial para um tratamento eficaz e para evitar complicações graves.

    Confira: Dengue: o que você precisa saber para se proteger

    Perguntas frequentes sobre dengue hemorrágica

    1. Toda dengue pode virar dengue hemorrágica?

    Não. A maioria das pessoas tem a forma leve e se recupera com repouso e hidratação. No entanto, alguns casos evoluem para formas mais graves, principalmente quando há sinais de alerta. Por isso, é fundamental observar os sintomas e procurar atendimento se houver piora.

    2. Em que momento a dengue pode se agravar?

    Entre o terceiro e o sétimo dia da doença, quando a febre começa a desaparecer. É nessa fase que o corpo pode reagir de forma mais intensa, com dor abdominal, vômitos, tontura ou sangramentos.

    3. O que eu não devo fazer se desconfiar de dengue hemorrágica?

    Evite tomar medicamentos por conta própria, especialmente anti-inflamatórios e aspirina, pois aumentam o risco de sangramento. O ideal é procurar atendimento médico o quanto antes.

    4. Como diferenciar dengue hemorrágica de outras viroses fortes?

    A presença de sinais de alerta é o principal diferencial: dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos, tontura e fraqueza. Em caso de dúvida, busque avaliação médica e realize exames laboratoriais.

    5. Existe um remédio específico para dengue hemorrágica?

    Ainda não. O tratamento é de suporte, baseado em hidratação e acompanhamento clínico para evitar complicações. O que realmente salva vidas é o atendimento rápido e o reconhecimento precoce dos sintomas graves.

    Leia também: Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer

  • Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    Com o avanço das altas temperaturas e o retorno das chuvas, o Brasil revive uma velha conhecida: a dengue. Todos os anos, a doença reaparece com força em praticamente todas as regiões do país, colocando vidas em risco e sobrecarregando o sistema de saúde.

    A reincidência anual da dengue ainda levanta dúvidas: afinal, por que, mesmo com campanhas e ações de prevenção, o país não consegue romper esse ciclo?

    A resposta está na combinação de fatores ambientais, urbanos e biológicos. O mosquito Aedes aegypti encontra nas cidades brasileiras o cenário ideal para se reproduzir — calor, água parada e falhas no saneamento. A presença contínua do vetor, somada à circulação de diferentes sorotipos do vírus e às mudanças climáticas, faz com que a dengue volte a cada ano, em um padrão previsível e difícil de conter.

    Um padrão sazonal claro

    De acordo com o Ministério da Saúde, a dengue segue um padrão sazonal, com aumento de casos e risco de epidemias principalmente entre outubro e maio. Estudos confirmam que variáveis como temperatura e volume de chuvas exercem influência direta na transmissão da doença.

    Na prática, durante o verão e nos meses que o antecedem, há mais água parada, mais calor e maior umidade — condições perfeitas para a reprodução do mosquito transmissor.

    O vetor sempre presente

    O Aedes aegypti é um mosquito altamente adaptado ao ambiente urbano. Ele coloca ovos em pequenos recipientes com água e se desenvolve em casas, quintais e bairros densamente povoados.

    No Brasil, essas condições permanecem durante todo o ano, o que significa que o risco de surto nunca desaparece por completo. Embora a dengue tenha sazonalidade, os cuidados de prevenção devem ser mantidos de forma contínua.

    Além disso, problemas como urbanização acelerada, saneamento insuficiente e crescimento desordenado das cidades tornam o ambiente ainda mais favorável à presença do mosquito.

    Sorotipos, imunidade e ciclos de epidemias

    A dengue é causada por quatro sorotipos do vírus — DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Uma pessoa que teve dengue por um desses tipos pode se infectar novamente por outro, o que gera novos ciclos de transmissão e aumenta o risco de casos graves.

    Mesmo cidades que já enfrentaram epidemias anteriores podem ter novos surtos quando um novo sorotipo volta a circular ou quando as condições ambientais favorecem o mosquito. Esse é um dos principais motivos para que a dengue retorne todos os anos.

    Por que não paramos os surtos?

    Mesmo conhecendo bem o comportamento da dengue, há vários fatores que dificultam o controle dos surtos:

    • As ações preventivas muitas vezes são reativas, intensificadas apenas após o aumento de casos;
    • A eliminação completa do mosquito é muito difícil em áreas urbanas complexas;
    • As mudanças climáticas, com aumento da temperatura e eventos extremos, ampliam as zonas de risco da Aedes aegypti;
    • A mobilidade urbana e as falhas no saneamento facilitam a dispersão do vírus;
    • A população tende a negligenciar a prevenção e não eliminar focos de água parada.

    O que isso significa para a população

    Para o cidadão, o fato de a dengue voltar todo ano mostra que não dá para baixar a guarda. A prevenção precisa ser constante, não apenas em períodos de alerta.

    Medidas individuais importantes:

    • Eliminar criadouros de água parada dentro e fora de casa;
    • Usar repelente e roupas que cubram o corpo, especialmente em horários de maior atividade do mosquito (manhã e fim da tarde);
    • Verificar semanalmente o ambiente e conversar com vizinhos sobre o controle da dengue.

    Também é fundamental que os programas públicos de saúde ajam de forma antecipada — com campanhas educativas, mutirões de limpeza e monitoramento constante antes do aumento dos casos.

    Veja mais: Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer

    Perguntas frequentes sobre dengue no Brasil

    1. Por que a dengue aparece todo ano no Brasil?

    Porque os fatores que favorecem a transmissão — clima quente, chuvas, água parada e presença do Aedes aegypti — se repetem anualmente. Além disso, há vários sorotipos do vírus em circulação e condições urbanas que favorecem criadouros.

    2. Existe um “período seguro” sem risco de dengue?

    Não completamente. Embora os casos sejam mais frequentes entre outubro e maio, o risco de transmissão nunca é zero. O combate ao mosquito deve ocorrer durante o ano todo.

    3. Se limparmos bem os quintais, a epidemia não vem?

    Eliminar criadouros é essencial, mas não basta. O mosquito se reproduz em diversos locais e o vírus pode circular entre municípios, o que mantém o risco mesmo em áreas que adotam boas práticas.

    4. As mudanças climáticas aumentam o risco de dengue?

    Sim. O aquecimento global e a alteração dos padrões de chuva favorecem a proliferação do mosquito. Fenômenos como o El Niño também elevam as temperaturas e a umidade, criando condições ideais para o aumento de casos.

    5. O que posso fazer para me proteger durante o período crítico?

    • Reserve 10 minutos por semana para eliminar água parada (vasos, calhas, caixas d’água);
    • Use repelente e roupas compridas ao amanhecer e entardecer;
    • Fique atento a sintomas como febre alta, dor atrás dos olhos e manchas no corpo;
    • Procure atendimento médico ao menor sinal de suspeita;
    • Continue usando repelente mesmo após o diagnóstico, para evitar que o mosquito transmita o vírus a outras pessoas;
    • Participe das campanhas de prevenção na sua comunidade.

    Leia mais: Dengue: o que você precisa saber para se proteger

  • Demência: como reconhecer os sinais e entender os tipos mais comuns 

    Demência: como reconhecer os sinais e entender os tipos mais comuns 

    Esquecer compromissos, repetir perguntas, perder objetos e se desorientar em lugares familiares podem parecer distrações do dia a dia. No entanto, esses sinais podem indicar demência, um conjunto de síndromes que comprometem funções cerebrais como memória, linguagem, raciocínio e comportamento.

    A demência não é uma doença única, mas um grupo de condições neurológicas que afetam o funcionamento do cérebro. As mais conhecidas são Alzheimer, demência vascular, demência com corpos de Lewy e demência frontotemporal. Embora o avanço seja gradual, o diagnóstico precoce e o suporte adequado fazem grande diferença na qualidade de vida do paciente e da família.

    O que é a demência

    A demência é caracterizada pela perda progressiva das funções cognitivas — como memória, atenção, raciocínio, linguagem e habilidades motoras. Essas alterações interferem no desempenho profissional, social e nas tarefas simples do cotidiano, comprometendo a autonomia e a convivência social.

    Com o tempo, a perda cognitiva se agrava, e o paciente passa a depender de cuidados contínuos e apoio constante de familiares e cuidadores.

    Sintomas da demência

    Os sintomas variam de acordo com o tipo e a região do cérebro afetada, mas os sinais mais comuns incluem:

    • Perda de memória e esquecimentos frequentes;
    • Dificuldade em realizar tarefas conhecidas;
    • Problemas de raciocínio e orientação espacial;
    • Alterações de comportamento e humor;
    • Confusão mental e desorientação;
    • Agressividade ou apatia;
    • Dificuldade de linguagem e atenção.

    Esses sintomas pioram progressivamente, passando de pequenas falhas de memória a comprometimentos severos das funções básicas.

    Tipos mais comuns de demência

    Existem várias formas de demência, mas quatro tipos se destacam pela frequência e impacto clínico.

    Doença de Alzheimer

    É a forma mais comum, responsável por mais da metade dos casos. Ocorre devido ao acúmulo anormal de proteínas no cérebro, que formam placas e causam atrofia cerebral, prejudicando a comunicação entre os neurônios.

    Principais sintomas:

    • Perda de memória recente;
    • Dificuldade de orientação em tempo e espaço;
    • Alterações de linguagem;
    • Mudanças de comportamento e equilíbrio;
    • Evolução lenta e progressiva.

    Demência Vascular

    É a segunda mais frequente e ocorre devido a problemas nos vasos sanguíneos cerebrais, como AVC, que reduzem o fluxo de oxigênio no cérebro.

    Sintomas principais:

    • Início súbito após um evento vascular;
    • Alterações de memória;
    • Dificuldades de movimento, fala ou visão;
    • Alterações de humor e raciocínio.

    Fatores de risco: hipertensão, diabetes, colesterol alto e tabagismo.

    Demência com Corpos de Lewy

    Provocada pelo acúmulo de proteínas anormais (corpos de Lewy) nas células nervosas. Combina sintomas cognitivos e motores.

    Sintomas característicos:

    • Rigidez e lentidão dos movimentos (semelhante ao Parkinson);
    • Alucinações visuais vívidas (ver pessoas ou animais que não existem);
    • Oscilações no estado de atenção e alerta.

    Demência Frontotemporal

    Decorre da degeneração dos lobos frontal e temporal do cérebro, responsáveis por comportamento, linguagem e tomada de decisões.

    Sinais iniciais:

    • Mudanças de personalidade e comportamento (impulsividade, perda de crítica, isolamento);
    • Dificuldade de linguagem (repetição de palavras, fala reduzida, dificuldade para nomear objetos);
    • A memória tende a se manter preservada nas fases iniciais.

    É o tipo de demência que pode surgir mais cedo, muitas vezes antes dos 65 anos.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico exige avaliação clínica detalhada e exames complementares.

    Avaliação médica

    • Histórico dos sintomas e sua evolução;
    • Testes cognitivos (memória, atenção, nomeação e desenho de relógio);
    • Análise da capacidade de realizar atividades diárias.

    Exames complementares

    • Exames de sangue para descartar outras doenças;
    • Tomografia ou ressonância magnética para avaliar alterações cerebrais;
    • Testes neuropsicológicos para medir funções cognitivas.

    O diagnóstico precoce é essencial para definir o tratamento e planejar os cuidados de longo prazo.

    Tratamento

    Embora não exista cura, o tratamento ajuda a controlar os sintomas, retardar a progressão e melhorar a qualidade de vida.

    Tratamento medicamentoso

    • Medicamentos específicos para cada tipo de demência, que estabilizam as funções cognitivas;
    • Controle de doenças associadas como hipertensão, diabetes e colesterol alto.

    Terapias complementares

    • Fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional para estimular corpo e mente;
    • Atividades cognitivas: leitura, jogos de memória, música e artes;
    • Apoio psicológico ao paciente e à família;
    • Alimentação saudável e atividade física regular.

    O cuidado com o ambiente e o suporte emocional são fundamentais para garantir segurança e bem-estar.

    Impactos da demência

    A demência afeta não apenas o paciente, mas toda a rede de apoio familiar e social.

    • Perda progressiva da independência;
    • Sobrecarga física e emocional dos cuidadores;
    • Impactos financeiros e sociais, com necessidade de cuidados contínuos.

    O acompanhamento por uma equipe multiprofissional é essencial para oferecer suporte integral ao paciente e à família.

    Confira: Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas

    Perguntas frequentes sobre demência

    1. Demência e Alzheimer são a mesma coisa?

    Não. O Alzheimer é apenas um dos tipos de demência, embora seja o mais comum.

    2. A demência tem cura?

    Não, mas o tratamento pode retardar a progressão e melhorar a qualidade de vida.

    3. Como diferenciar esquecimento comum de demência?

    Esquecimentos ocasionais são normais. Na demência, há comprometimento das atividades diárias e confusão frequente.

    4. A demência é hereditária?

    Alguns tipos, como a demência frontotemporal, podem ter influência genética, mas a maioria dos casos não é hereditária.

    5. É possível prevenir a demência?

    Sim. Manter o cérebro ativo, controlar pressão, diabetes e colesterol, praticar exercícios e ter uma alimentação equilibrada ajudam na prevenção.

    6. Como é o tratamento da demência?

    Combina medicamentos, terapias de estimulação cognitiva, fisioterapia, acompanhamento psicológico e suporte familiar.

    7. Quando procurar ajuda médica?

    Procure avaliação médica sempre que houver esquecimentos frequentes, confusão, dificuldade em realizar tarefas simples ou mudanças de comportamento.

    Leia também: Demência por corpos de Lewy (DCL): o que é, como reconhecer e tratar

  • Quando o corpo produz muco demais: entenda a fibrose cística 

    Quando o corpo produz muco demais: entenda a fibrose cística 

    A fibrose cística (FC) é uma doença genética rara que afeta principalmente pulmões e sistema digestivo. Ela aparece quando a criança herda do pai e da mãe mutações no gene CFTR, responsável por regular a passagem de sal e água nas células.

    Quando esse gene não funciona corretamente, o organismo produz um muco espesso e pegajoso que obstrui brônquios, pâncreas e outros órgãos. Isso leva a tosse persistente, infecções pulmonares, dificuldade para ganhar peso e problemas de digestão. Embora não tenha cura, os avanços terapêuticos vêm melhorando a qualidade e a expectativa de vida das pessoas com a doença.

    O que é a fibrose cística

    A FC é uma doença genética, crônica e hereditária. Resulta de mutações no gene CFTR (cromossomo 7) que prejudicam a proteína reguladora do transporte de sal e água nas células.

    Como consequência, forma-se muco espesso que bloqueia vias respiratórias e digestivas, afetando pulmões, pâncreas, fígado e outros órgãos.

    Quem pode ter fibrose cística

    • Condição rara, possível em qualquer grupo étnico (inclui populações miscigenadas como a brasileira);
    • Afeta homens e mulheres na mesma proporção;
    • Costuma ser detectada na infância, pela triagem neonatal (teste do pezinho).

    Sintomas e manifestações clínicas

    • Pele e suor salgados;
    • Tosse persistente com catarro;
    • Chiado e falta de ar;
    • Sinusites e pólipos nasais;
    • Infecções pulmonares frequentes;
    • Distúrbios digestivos (dor abdominal, diarreia, obstrução intestinal);
    • Crescimento abaixo do esperado;
    • Dedos em “baqueta de tambor” (hipocratismo digital).

    Problemas respiratórios

    O muco espesso dificulta a ventilação e favorece bactérias como Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Com o tempo, podem ocorrer bronquiectasias, deformidades torácicas e queda progressiva da função pulmonar.

    Problemas digestivos e nutricionais

    • Recém-nascidos: atraso na eliminação do mecônio e icterícia prolongada;
    • Crianças/adultos: obstruções intestinais, refluxo, diarreia crônica, prolapso retal;
    • Fígado: doença hepática crônica, esteatose e obstruções biliares;
    • Insuficiência pancreática em maioria dos pacientes (má digestão/absorção);
    • Deficiências nutricionais e baixo ganho de peso;
    • Maior risco de diabetes relacionado à FC, especialmente após a adolescência.

    Outros sintomas importantes

    • Osteopenia/osteoporose e risco de fraturas;
    • Infertilidade masculina (azoospermia por ausência dos deferentes);
    • Dificuldade para engravidar em mulheres (alteração do muco cervical).

    Diagnóstico da fibrose cística

    O diagnóstico precoce é essencial para iniciar o tratamento rapidamente.

    Teste do pezinho

    Triagem neonatal que identifica a maioria dos casos. Resultados positivos requerem confirmação com novo teste ou teste do suor.

    Teste do suor

    Padrão-ouro. Mede o cloro no suor> 60 mmol/L confirma FC.

    Teste genético

    Identifica mutações no CFTR e confirma a forma hereditária.

    Tratamento e cuidados

    Não há cura, mas terapias reduzem sintomas, previnem infecções e prolongam a vida. O cuidado é multidisciplinar (medicina, fisioterapia, nutrição, enfermagem, psicologia).

    Limpeza das vias respiratórias

    • Fisioterapia respiratória diária (técnicas de desobstrução);
    • Máscaras de pressão expiratória e coletes vibratórios;
    • Atividade física regular (natação, caminhada, ciclismo).

    Remédios

    • Nebulizações com soro hipertônico e fluidificantes de muco;
    • Antibióticos para infecções pulmonares;
    • Anti-inflamatórios/corticoides quando indicados;
    • Moduladores de CFTR (disponíveis em alguns países) para melhorar a função da proteína.

    Suporte nutricional

    • Dieta hipercalórica e hiperproteica;
    • Suplementação de vitaminas A, D, E e K;
    • Enzimas pancreáticas em cápsulas para digestão;
    • Tratamento do diabetes, quando necessário.

    Transplante pulmonar

    Indicado em casos avançados, com comprometimento respiratório grave.

    Prognóstico e qualidade de vida

    Com diagnóstico precoce e tratamento contínuo, pessoas com FC podem ter vida ativa, estudar, trabalhar e praticar esportes. Suporte emocional e acompanhamento regular ajudam a lidar com os desafios de uma doença crônica.

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    Perguntas frequentes sobre fibrose cística

    1. O que causa a fibrose cística?

    Mutações no gene CFTR que alteram o transporte de sal/água e tornam o muco mais espesso.

    2. A fibrose cística tem cura?

    Não. Porém, o tratamento contínuo melhora sintomas, reduz infecções e aumenta a expectativa de vida.

    3. Como é feito o diagnóstico?

    Pelo teste do pezinho, teste do suor e, quando necessário, teste genético.

    4. Quais são os primeiros sinais?

    Tosse persistente, infecções respiratórias de repetição, baixo ganho de peso e suor salgado.

    5. Pessoas com FC podem ter filhos?

    Homens geralmente são inférteis; mulheres podem engravidar com acompanhamento especializado.

    6. A doença é contagiosa?

    Não. É uma condição genética e hereditária, não transmitida por contato.

    7. Como melhorar a qualidade de vida?

    Seguir o tratamento, praticar exercícios, manter alimentação adequada e prevenir infecções respiratórias.

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