Categoria: Doenças & Condições

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  • Botulismo: o que é e por que é uma emergência médica

    Botulismo: o que é e por que é uma emergência médica

    O botulismo é uma doença rara, grave e não contagiosa, causada por uma substância chamada toxina botulínica, produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Essa toxina é extremamente potente e, mesmo em quantidades pequenas, pode causar paralisia muscular e até morte se o tratamento não for feito rapidamente.

    Por isso, o botulismo é considerado uma emergência médica e deve ser tratado de forma imediata em ambiente hospitalar.

    Como a doença pode ser adquirida

    Existem diferentes tipos de botulismo, de acordo com a forma como ocorre o contato com a toxina.

    1. Botulismo alimentar

    Acontece quando a pessoa consome alimentos contaminados com a toxina, geralmente mal conservados ou armazenados sem higiene adequada. Entre os alimentos mais envolvidos estão vegetais em conserva, carnes curadas, pescados defumados e produtos enlatados.

    O período de incubação varia de poucas horas a alguns dias, dependendo da quantidade de toxina ingerida.

    2. Botulismo infantil

    Acontece em bebês, geralmente entre 3 e 26 semanas de vida, quando os esporos da bactéria se multiplicam no intestino e produzem a toxina. Está frequentemente associado ao consumo de mel, por isso não se deve oferecer mel a bebês menores de 1 ano.

    3. Botulismo intestinal (em adultos)

    Ocorre quando os esporos da bactéria se instalam no intestino e passam a produzir a toxina dentro do corpo. Fatores de risco incluem o uso prolongado de antibióticos, cirurgias intestinais e doenças como Crohn.

    4. Botulismo de ferida

    Surge quando a bactéria entra em uma ferida aberta e começa a produzir a toxina. É mais comum em pessoas que usam drogas injetáveis.

    5. Botulismo inalatório

    É extremamente raro e ocorre apenas em situações muito específicas, como acidentes laboratoriais ou bioterrorismo.

    6. Botulismo iatrogênico

    Pode ocorrer, de forma excepcional, após erros na aplicação da toxina botulínica em doses muito altas em tratamentos estéticos ou médicos (como o Botox).

    Por que o botulismo é tão perigoso

    A toxina botulínica impede que os sinais nervosos cheguem aos músculos, causando uma paralisia progressiva. Os sintomas costumam começar na face e podem se espalhar para o corpo todo, inclusive para os músculos da respiração.

    Se o paciente não for tratado a tempo, pode parar de respirar e precisar de aparelhos para sobreviver. Além disso, cada caso exige internação e suporte intensivo, o que faz do botulismo uma emergência de saúde pública, mesmo em pequenos surtos.

    Sintomas do botulismo

    Os sintomas geralmente aparecem de algumas horas a poucos dias após a exposição à toxina e podem ser:

    • Visão dupla ou embaçada;
    • Pálpebras caídas;
    • Dificuldade para falar ou engolir;
    • Boca seca;
    • Voz fraca ou rouca;
    • Náuseas, vômitos e dor abdominal (mais comuns no botulismo alimentar);
    • Fraqueza muscular que começa na cabeça e desce para o corpo.

    Nos casos graves, a pessoa pode desenvolver paralisia dos braços, pernas e músculos respiratórios, exigindo internação imediata e suporte ventilatório.

    Diagnóstico do botulismo

    O diagnóstico é feito com base nos sintomas clínicos e em um exame neurológico detalhado. Como o botulismo é uma doença rara e pode se confundir com outras condições neurológicas, o médico precisa estar atento aos sinais característicos.

    Podem ser solicitados exames laboratoriais e de imagem para confirmar a presença da toxina e descartar outras doenças.

    Tratamento do botulismo

    O tratamento deve começar o mais rápido possível, preferencialmente em um hospital com UTI. O principal recurso terapêutico é a antitoxina botulínica, que bloqueia a ação da toxina ainda presente no corpo.

    Mesmo após o tratamento, a recuperação pode ser lenta, pois os nervos precisam se regenerar gradualmente, o que pode levar semanas ou meses.

    Durante a recuperação, o paciente pode precisar de:

    • Ventilação mecânica (suporte respiratório);
    • Fisioterapia respiratória e motora;
    • Acompanhamento multiprofissional, com nutricionista e fisioterapeuta.

    Como prevenir o botulismo

    A prevenção depende principalmente de cuidados com a manipulação e conservação dos alimentos, além de evitar situações de risco.

    Dicas de prevenção

    • Evite conservas caseiras sem garantia de esterilização adequada;
    • Descarte alimentos com cheiro, aparência alterada ou tampa estufada;
    • Mantenha boa higiene das mãos, utensílios e alimentos;
    • Nunca ofereça mel a bebês menores de 1 ano;
    • Procure atendimento médico em caso de feridas profundas ou se houver uso de drogas injetáveis;
    • Diante de sintomas suspeitos, procure um hospital imediatamente.

    Leia mais: Toxina botulínica: os usos além da estética

    Perguntas frequentes sobre botulismo

    1. O que é o botulismo?

    É uma doença rara e grave causada pela toxina botulínica, produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Essa toxina bloqueia a comunicação entre os nervos e os músculos, provocando fraqueza e paralisia.

    2. O botulismo é contagioso?

    Não. O botulismo não passa de pessoa para pessoa. Ele ocorre apenas quando alguém entra em contato direto com a toxina, seja por ingestão, ferimento ou, em casos raros, inalação.

    3. Quais são os primeiros sintomas do botulismo?

    Os sintomas surgem de algumas horas a poucos dias após a exposição e incluem visão dupla, dificuldade para engolir, fala enrolada, boca seca e fraqueza que começa na face e desce pelo corpo.

    4. O botulismo pode causar paralisia?

    Sim. A toxina impede a contração dos músculos, podendo causar paralisia progressiva, inclusive dos músculos responsáveis pela respiração, o que torna a doença uma emergência médica.

    5. O que causa o botulismo alimentar?

    O tipo mais comum é o botulismo alimentar, causado pelo consumo de alimentos contaminados com a toxina, especialmente conservas, enlatados e carnes mal armazenadas.

    6. É verdade que o mel pode causar botulismo em bebês?

    Sim. O mel pode conter esporos da bactéria, por isso não deve ser oferecido a crianças menores de 1 ano.

    7. Como o botulismo é tratado?

    O tratamento é feito com antitoxina botulínica, que bloqueia a ação da toxina ainda circulante, além de suporte respiratório e fisioterapia durante a recuperação. O atendimento deve ser imediato.

    8. O que fazer para prevenir o botulismo?

    Evite conservas caseiras sem esterilização adequada, não consuma alimentos com tampas estufadas ou cheiro alterado, mantenha a higiene no preparo dos alimentos e nunca ofereça mel a bebês.

    Veja também: Insuficiência cardíaca: o que é, sintomas, causas e tratamento

  • Linfedema: o que é, sintomas, causas e tratamento

    Linfedema: o que é, sintomas, causas e tratamento

    Um inchaço persistente, que causa sensação de peso, rigidez e até dor leve, pode ser mais do que uma simples retenção de líquidos. Quando piora ao longo do dia, especialmente após longos períodos em pé ou sentado, pode indicar um quadro de linfedema — uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de líquido linfático nos tecidos do corpo.

    Normalmente, ela surge após algum tipo de dano ou obstrução no sistema linfático, que pode ocorrer depois de cirurgias, radioterapia, infecções ou traumas. Sendo um quadro crônico, que não tem cura, o linfedema exige cuidados contínuos mesmo após o tratamento para evitar que o líquido volte a se acumular e cause novas complicações. Vamos entender os detalhes, a seguir!

    O que é linfedema?

    O linfedema é um inchaço crônico que acontece quando o sistema linfático não consegue drenar o líquido linfático de forma adequada. A linfa começa a se acumular nos tecidos, principalmente em braços ou pernas, levando a aumento de volume, sensação de peso, desconforto e até alterações na pele — que pode ficar mais grossa e endurecida com o tempo.

    Mas afinal, o que é linfa? De forma geral, é um líquido claro que circula pelo sistema linfático, formado principalmente por água, proteínas, gorduras, células de defesa e resíduos metabólicos. Ela funciona como um filtro interno do corpo, recolhendo substâncias que não podem voltar diretamente para o sangue e levando para os gânglios linfáticos. Lá, o líquido é filtrado, removendo impurezas e ajudando no combate a infecções, antes de retornar ao sistema circulatório.

    O acúmulo pode acontecer por uma série de fatores, que impedem o fluxo normal do líquido. O corpo continua produzindo linfa, mas a via de drenagem não dá conta de transportar tudo, de modo que o excedente fica retido nos tecidos e provoca inchaço. Quanto mais tempo o líquido fica parado, maior o risco de inflamação local, endurecimento da pele e infecção.

    Causas de linfedema

    As causas do linfedema variam de acordo com o tipo da doença. No linfedema primário, o problema está no desenvolvimento insuficiente ou anômalo do sistema linfático. Ele pode aparecer na infância, adolescência ou na vida adulta sem causa aparente.

    O linfedema secundário, por outro lado, é o mais frequente e surge quando há uma lesão ou obstrução dos vasos linfáticos, o que pode ocorrer nas seguintes situações:

    • Cirurgias oncológicas, como retirada de linfonodos na mama, pelve ou abdômen;
    • Radioterapia, que pode causar fibrose e prejudicar os canais linfáticos;
    • Infecções, especialmente erisipela e celulite, que inflamam e danificam os vasos;
    • Traumas, queimaduras ou ferimentos que comprometem a drenagem linfática;
    • Doenças venosas, como insuficiência venosa crônica, que dificultam o retorno da linfa;
    • Obesidade e sedentarismo, que aumentam a sobrecarga no sistema linfático.

    Em regiões tropicais, há ainda a filariose linfática, uma infecção parasitária que pode causar linfedema grave. O Brasil foi certificado como livre da doença como problema de saúde pública em 2024, embora a transmissão ainda possa ser observada em áreas endêmicas restritas do país, como na Região Metropolitana do Recife.

    Qual a diferença entre linfedema e lipedema?

    É importante esclarecer que linfedema é diferente de lipedema. Enquanto o linfedema é causado por falha do sistema linfático que deixa de drenar o líquido de volta para o corpo, o lipedema está ligado ao acúmulo desproporcional de gordura no tecido, principalmente em coxas e pernas — e costuma provocar dor ao toque, aumento de sensibilidade e facilidade para hematomas.

    De acordo com o cirurgião vascular Marcelo Dalio, a ciência ainda não definiu a origem exata do lipedema, mas a condição, quando causa sintomas no paciente, é tratada a partir de medidas como redução de peso quando há obesidade, fortalecimento, exercício regular, controle de diabetes e tireoide, e compressão graduada em casos selecionados. Em alguns casos específicos, pode ser indicada uma lipoaspiração.

    Quais são os sintomas do linfedema?

    O principal sintoma do linfedema é o inchaço persistente em uma parte do corpo, normalmente em um braço ou perna. Ele pode variar de leve a intenso e tende a piorar ao longo do dia, especialmente após longos períodos em pé ou sentado.

    A condição também pode provocar os seguintes sinais:

    • Sensação de peso ou rigidez no membro afetado;
    • Dificuldade de movimentar a articulação próxima;
    • Pele mais espessa, endurecida ou brilhante;
    • Marcas de roupas ou meias mais visíveis na pele;
    • Maior propensão a infecções de pele, como erisipela;
    • Dor leve, formigamento ou sensação de calor local.

    Um ponto importante, apontado por Marcelo Dalio, é que o edema linfático tende a endurecer porque há acúmulo de proteínas no tecido, o que faz com que ele não deixe aquela marca do dedo após compressão (característica do edema venoso).

    Com o tempo, podem surgir pequenas vesículas na pele, criando um padrão de inchaço muito próprio, que não se confunde com edema provocado por outras condições, como trombose, insuficiência cardíaca, doença renal ou varizes.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico do linfedema é principalmente clínico, em que o médico avalia o padrão do inchaço, a textura da pele, o tempo de evolução e possíveis causas associadas, como cirurgias prévias ou infecções. Marcelo também aponta a verificação de sinais característicos, como o sinal de Stemmer — que é quando não se consegue pinçar a pele do dorso do dedo do pé ou da mão.

    Para confirmar o diagnóstico e descartar causas venosas, podem ser realizados exames complementares, como:

    • Ultrassom venoso: avalia trombose, refluxo e insuficiência venosa, sendo útil para excluir causa venosa, mas não mostra bem o sistema linfático;
    • Linfocintilografia: é o exame funcional mais clássico do sistema linfático, em que o profissional injeta um traçador radioativo no dorso do pé e acompanha sua progressão por horas, comparando um membro com o outro;
    • Ressonância magnética com linfangiografia: disponível em centros especializados, avalia detalhamento anatômico para casos selecionados;
    • Linfografia com verde de indocianina: mapeia trajetos linfáticos superficiais, útil no planejamento pré-operatório.

    De acordo com o cirurgião, a escolha dos exames depende de disponibilidade, indicação clínica e objetivo terapêutico.

    Tratamento de linfedema

    O tratamento do linfedema é contínuo e visa reduzir o inchaço, aliviar os sintomas e prevenir complicações. Ele deve ser individualizado, feito por uma equipe multidisciplinar, que pode incluir médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e terapeutas ocupacionais.

    De acordo com Marcelo Dalio, o padrão-ouro do tratamento conservador é a Terapia Descongestiva Complexa (TDC), composta por várias etapas complementares:

    • Drenagem linfática manual: realizada por profissional especializado, estimula o fluxo da linfa e reduz o inchaço;
    • Compressão: uso de bandagens compressivas multicamadas na fase intensiva, seguidas de meias ou mangas de compressão sob medida na fase de manutenção;
    • Exercícios orientados: movimentos que ativam a bomba músculo-articular e favorecem o retorno linfático;
    • Cuidados com a pele: higiene e hidratação rigorosas para prevenir infecções e evitar portas de entrada de bactérias;
    • Bombas pneumáticas intermitentes: podem ser indicadas como terapia adjuvante em casos selecionados;
    • Controle de peso e atividade física regular: reduzem a sobrecarga linfática e auxiliam no controle do edema;
    • Educação do paciente: inclui orientação para reconhecer sinais precoces de infecção e manter adesão às medidas de manutenção.

    O uso de remédios antibióticos é indicado para tratar episódios de celulite ou erisipela e, em casos de recidivas frequentes, alguns protocolos consideram profilaxia antibiótica.

    Nos casos em que há fibrose e adiposidade secundária importantes, podem ser avaliadas opções cirúrgicas, sempre em centros especializados e com critérios rigorosos de seleção:

    • Anastomoses linfático-venulares (LVA): conectam vasos linfáticos a vênulas para drenar a linfa;
    • Transferência de linfonodos vascularizados (VLNT): transplante de linfonodos saudáveis para restaurar o fluxo linfático;
    • Lipoaspiração específica: indicada para remoção de tecido fibroso e gorduroso em estágios avançados, com compressão rigorosa no pós-operatório.

    Os resultados variam conforme o estágio do linfedema, a localização e a adesão do paciente às medidas de manutenção contínua.

    Cuidados após o tratamento

    Mesmo após o controle do inchaço e melhora dos sintomas, o linfedema exige cuidados contínuos para evitar que o líquido volte a se acumular e cause novas complicações. Algumas das medidas de cuidado incluem:

    Mantenha o uso da compressão elástica

    O uso diário de meias, braçadeiras ou bandagens compressivas contribui para manter o fluxo linfático equilibrado. Elas ajudam a evitar o retorno do inchaço e devem ser trocadas periodicamente, conforme orientação do fisioterapeuta ou médico. Nunca utilize compressão que cause dor, dormência ou marcas profundas na pele.

    Pratique exercícios físicos regularmente

    Só o hábito de movimentar o corpo já estimula a drenagem natural da linfa. Os mais indicados para a rotina são exercícios leves, como caminhada, natação, pilates e alongamentos. Ah, e evite atividades de alto impacto ou levantamento de peso sem orientação, pois podem sobrecarregar o membro afetado.

    Cuide da pele todos os dias

    A pele com linfedema é naturalmente mais sensível, frágil e propensa a infecções como erisipela e celulite bacteriana, já que o acúmulo de linfa compromete as defesas locais. Por isso, é fundamental manter uma rotina de cuidados diários que preserve a integridade da pele.

    Primeiro de tudo, a hidratação deve ser feita com cremes neutros ou hipoalergênicos, aplicados com movimentos suaves, sempre após o banho. Também é importante usar repelente para prevenir picadas de insetos, além de limpar e desinfetar imediatamente qualquer ferimento, corte ou arranhão.

    Controle o peso corporal

    O excesso de peso aumenta a pressão sobre os vasos linfáticos e dificulta o retorno da linfa, favorecendo o acúmulo de líquido e o agravamento do inchaço. Para evitar isso, recomenda-se uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes e proteínas magras, com baixo teor de sal e gordura.

    Beber água em quantidade adequada ao longo do dia também ajuda na eliminação de toxinas e melhora o funcionamento do sistema linfático.

    Evite calor excessivo

    As altas temperaturas dilatam os vasos e pioram o inchaço, então é necessário evitar banhos muito quentes, saunas, exposição prolongada ao sol e o uso de bolsas térmicas quentes na região afetada.

    Sempre que possível, é interessante escolher ambientes ventilados, roupas leves e tecidos naturais, que favorecem a transpiração e mantêm o corpo fresco. Em dias mais quentes, o uso de compressas frias pode trazer alívio e ajudar a reduzir o edema.

    Linfedema tem cura?

    O linfedema não tem cura definitiva, mas é possível viver bem com o diagnóstico e controlar o inchaço. Após a fase intensiva, Marcelo explica que há uma fase de manutenção, para manter o resultado do tratamento.

    Se o cuidado for interrompido, o inchaço tende a voltar, já que o tratamento atual controla os sintomas, mas ainda não consegue restaurar totalmente o sistema linfático.

    Como prevenir o linfedema?

    Nem sempre é possível prevenir o linfedema, especialmente quando ele é resultado de uma cirurgia ou tratamento de radioterapia. No entanto, algumas medidas podem reduzir o risco e evitar o agravamento do problema, como:

    • Evitar traumas, cortes e picadas na área afetada;
    • Não usar roupas ou acessórios apertados;
    • Manter a pele limpa e hidratada;
    • Evitar exposição prolongada ao calor;
    • Controlar o peso corporal;
    • Fazer exercícios regulares com orientação profissional;
    • Procurar atendimento médico diante de qualquer sinal de infecção ou aumento do inchaço.

    Mulheres que passaram por cirurgias de câncer de mama, por exemplo, devem receber orientações específicas sobre cuidados com o braço operado para evitar o desenvolvimento do linfedema.

    Quando procurar atendimento médico?

    Qualquer inchaço que persista por mais de alguns dias ou aumente progressivamente deve ser avaliado por um médico. O linfedema é uma condição crônica e, quanto antes for diagnosticado, melhor será o controle dos sintomas.

    Assim, procure atendimento quando apresentar:

    • Inchaço em um membro que não melhora com o repouso;
    • Sensação de peso, formigamento ou rigidez;
    • Alterações na pele, como vermelhidão, calor ou feridas;
    • Febre ou dor súbita no local afetado.

    O acompanhamento com um cirurgião vascular ou fisioterapeuta especializado em linfoterapia é necessário para definir o tratamento mais adequado e evitar complicações.

    Confira: Trombose do viajante: o que é, sintomas, causas e como evitar

    Perguntas frequentes sobre linfedema

    1. Qual é a diferença entre linfedema e inchaço comum?

    O inchaço comum (edema) costuma ser temporário e melhora com o repouso, a elevação dos membros ou a eliminação da causa, como o calor ou o uso de medicamentos.

    Já o linfedema é persistente e tende a progredir. Com o tempo, o tecido se torna mais endurecido, o inchaço não regride completamente e aparecem alterações na pele. Ainda, o linfedema normalmente começa de forma localizada (como no dorso do pé ou da mão) e pode evoluir para toda a extremidade.

    2. O que é o “sinal de Stemmer” e como ele ajuda no diagnóstico de linfedema?

    O sinal de Stemmer é um teste clínico simples usado para ajudar no diagnóstico do linfedema e consiste em tentar pinçar a pele na base do segundo dedo do pé ou da mão. Se for difícil ou impossível levantar uma prega de pele, o teste é considerado positivo, indicando comprometimento linfático.

    O sinal costuma estar presente em casos moderados ou avançados de linfedema e ajuda a diferenciá-lo de outros tipos de edema.

    3. O linfedema pode afetar apenas um lado do corpo?

    O linfedema normalmente é unilateral, afetando apenas um braço ou uma perna, dependendo da área onde houve obstrução linfática. No entanto, pode ocorrer de forma bilateral, principalmente nos casos de linfedema primário, quando há anormalidade genética generalizada do sistema linfático. Mesmo nesses casos, a gravidade costuma ser assimétrica.

    4. O uso de meias de compressão ajuda a aliviar o inchaço do linfedema?

    O uso de meias elásticas ou bandagens compressivas é fundamental no tratamento e manutenção do linfedema. A compressão ajuda a impedir que a linfa volte a se acumular, melhora a circulação e mantém o volume reduzido após a drenagem. As meias devem ser ajustadas sob medida, com orientação de um profissional, e usadas diariamente, principalmente durante o dia.

    5. Existem alimentos que ajudam a controlar o linfedema?

    Não há uma dieta específica para o linfedema, mas o ideal é manter o peso corporal adequado, evitar o consumo excessivo de sal, que retém líquidos, e incluir alimentos como frutas, legumes, verduras e peixes ricos em ômega-3.

    A ingestão adequada de água também é importante para manter o equilíbrio do organismo e facilitar o trabalho do sistema linfático.

    Veja mais: Sente pernas pesadas no fim do dia? Confira dicas para aliviar

  • Insuficiência cardíaca: o que é, sintomas, causas e tratamento

    Insuficiência cardíaca: o que é, sintomas, causas e tratamento

    No Brasil, cerca de dois milhões de pessoas convivem com insuficiência cardíaca — e cerca de 240 mil novos casos surgem a cada ano, segundo o Ministério da Saúde. A condição, que acontece quando o coração perde a capacidade de bombear o sangue de forma eficiente, está entre as principais causas de internações hospitalares em adultos acima de 60 anos.

    Apesar de ser progressiva, com o diagnóstico precoce e um tratamento adequado, é possível controlar os sintomas, reduzir o risco de complicações e ter uma vida com qualidade. Conversamos com um especialista para te explicar os principais detalhes sobre a insuficiência cardíaca.

    O que é insuficiência cardíaca?

    A insuficiência cardíaca, que também pode ser chamada de insuficiência cardíaca congestiva, acontece quando o músculo cardíaco não consegue bombear sangue de maneira adequada para atender à demanda dos tecidos do corpo. Quando isso acontece, há um fluxo sanguíneo insuficiente para levar oxigênio e nutrientes a órgãos e músculos.

    Para entender melhor, o coração é composto por quatro câmaras (dois átrios e dois ventrículos), que trabalham em conjunto para bombear sangue para todo o organismo. Quando existe alguma falha no mecanismo, o sangue pode se acumular nos pulmões, nas pernas e em outras partes do corpo, levando ao surgimento de sintomas como falta de ar, cansaço extremo e inchaço.

    De acordo com o cardiologista Giovanni Henrique Pinto, a condição pode ocorrer porque o músculo cardíaco está enfraquecido, rígido ou lesionado — o que compromete a força e o enchimento do coração a cada batimento.

    Como classificar a insuficiência cardíaca?

    A insuficiência cardíaca pode ser classificada de diferentes formas, de acordo com a parte do coração afetada e a gravidade da condição:

    Insuficiência cardíaca esquerda: acontece quando o ventrículo esquerdo, que envia sangue para todo o corpo, perde força e não consegue manter o fluxo adequado, provocando acúmulo de líquido nos pulmões e falta de ar;

    Insuficiência cardíaca direita: surge quando o ventrículo direito, responsável por bombear sangue para os pulmões, passa a funcionar com menor eficiência, levando à retenção de líquidos nas pernas, tornozelos e abdômen;

    Insuficiência cardíaca sistólica: ocorre quando o coração perde a capacidade de se contrair com força suficiente, reduzindo a quantidade de sangue que é expulsa a cada batimento;

    Insuficiência cardíaca diastólica: caracteriza-se pela dificuldade do músculo cardíaco em relaxar após a contração, o que impede o enchimento adequado das câmaras e compromete o volume de sangue que será bombeado.

    “Na maioria das vezes, ela se desenvolve lentamente, ao longo de meses ou anos, especialmente em pessoas com pressão alta ou doenças cardíacas prévias. Porém, pode surgir de forma aguda, por exemplo, após um infarto ou infecção grave, quando o coração descompensa rapidamente”, explica Giovanni.

    Causas da insuficiência cardíaca

    Normalmente, a insuficiência cardíaca surge como consequência de outros problemas de saúde que danificam o músculo cardíaco ao longo do tempo, como:

    Infarto do miocárdio: quando ocorre um infarto, parte do músculo cardíaco sofre necrose (morte das células) devido à falta de oxigênio. Isso reduz a força de contração do coração e pode gerar falhas permanentes;

    Hipertensão arterial não controlada: a pressão alta força o coração a trabalhar com mais intensidade, o que provoca espessamento e rigidez das paredes cardíacas. Com o tempo, o músculo enfraquece e perde a capacidade de bombear sangue com eficiência;

    Doenças das válvulas cardíacas: as válvulas são responsáveis por regular o fluxo de sangue dentro do coração. Quando estão danificadas, o sangue pode voltar para câmaras anteriores (refluxo) ou encontrar dificuldade para avançar (estenose);

    Miocardites: são inflamações do músculo cardíaco que podem surgir após infecções virais, bacterianas ou reações autoimunes. A inflamação compromete a força de contração do coração, reduzindo sua capacidade de bombear sangue adequadamente;

    Miocardiopatias genéticas ou tóxicas: incluem alterações hereditárias que afetam diretamente a estrutura e o funcionamento do músculo cardíaco, bem como danos causados por substâncias tóxicas, como o álcool e alguns medicamentos quimioterápicos.

    Segundo Giovanni, o envelhecimento e a presença de algumas condições metabólicas, como diabetes e obesidade, também aumentam o risco de insuficiência cardíaca.

    Quais os sintomas de insuficiência cardíaca?

    Os sintomas da insuficiência cardíaca podem variar de acordo com o grau de comprometimento do coração e a velocidade de evolução da doença. No início, eles são discretos e facilmente confundidos com sinais de cansaço ou estresse, mas tendem a piorar com o tempo. Entre os mais comuns, é possível destacar:

    Falta de ar;

    Fadiga e fraqueza;

    Inchaço nas pernas, tornozelos e pés;

    Batimento cardíaco rápido ou irregular;

    Capacidade reduzida de exercício ou atividades regulares;

    Chiado no peito;

    Inchaço na região da barriga;

    Náuseas e falta de apetite;

    Dificuldade de concentração ou diminuição do estado de alerta;

    Dor no peito, se a insuficiência cardíaca for causada por um ataque cardíaco.

    “A falta de ar pode surgir nos esforços e, em casos mais avançados, até em repouso ou ao deitar. O inchaço costuma aparecer no fim do dia, com sensação de peso nas pernas e sapatos apertados. O cansaço vem da menor oxigenação muscular. Também é comum o aumento de peso repentino por acúmulo de líquido e a necessidade de urinar mais à noite”, completa Giovanni.

    Existem fatores de risco?

    Os principais fatores de risco para insuficiência cardíaca são:

    Hipertensão arterial;

    Doenças coronarianas e infarto prévio;

    Diabetes;

    Colesterol alto e obesidade;

    Sedentarismo;

    Tabagismo e consumo frequente de álcool;

    Apneia do sono, que provoca quedas de oxigênio durante o sono, sobrecarregando o coração;

    Histórico familiar de doenças cardíacas;

    Idade avançada, pois o risco aumenta após os 60 anos, pois o músculo cardíaco tende a se tornar mais rígido e menos eficiente.

    Como é feito o diagnóstico de insuficiência cardíaca

    O diagnóstico de insuficiência cardíaca é baseado na avaliação clínica detalhada e em exames complementares que verificam o funcionamento do coração. No exame físico, o especialista pode observar a presença de inchaço, ruídos pulmonares e frequência cardíaca.

    Entre os principais exames solicitados, Giovanni aponta:

    Eletrocardiograma, que avalia o ritmo e a atividade elétrica do coração;

    Ecocardiograma, que permite observar o funcionamento do músculo cardíaco e das válvulas;

    Exames de sangue, como o BNP e o NT-proBNP.

    Em alguns casos, o médico pode solicitar exames complementares, como raio-X de tórax, teste ergométrico, angiotomografia de coronárias e ressonância magnética cardíaca.

    Vale destacar que o diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações graves. Quanto antes a insuficiência é identificada, maiores são as chances de preservar a função cardíaca.

    Quando procurar um médico?

    Procure atendimento médico imediato se você sentir os seguintes sintomas:

    Dor no peito;

    Desmaio ou fraqueza severa;

    Batimento cardíaco rápido ou irregular com falta de ar, dor no peito ou desmaio;

    Falta de ar repentina e grave e tosse com muco espumoso branco ou rosa.

    Tratamento para insuficiência cardíaca

    O tratamento de insuficiência cardíaca envolve diversas abordagens para melhorar os sintomas, retardar a progressão da doença e reduzir o risco de complicações.

    Remédios para insuficiência cardíaca

    Os remédios são prescritos para melhorar o funcionamento do coração, aliviar sintomas e aumentar a qualidade e a expectativa de vida. Eles ajudam o coração a bombear o sangue de forma mais eficiente e reduzem a sobrecarga sobre o órgão.

    De acordo com Giovanni, são combinadas medicações específicas, como:

    Betabloqueadores;

    Inibidores da ECA (como Enalapril);

    Bloqueadores dos receptores de angiotensina – BRA (como Losartana);

    ARNI (como Sacubitril-valsartana);

    Antagonistas da aldosterona (como Espironolactona);

    Inibidores de SGLT2 (como Dapagliflozina).

    Somente um médico pode indicar o uso desses medicamentos. A automedicação é perigosa e pode agravar o quadro cardíaco, por isso, antes de iniciar qualquer tratamento, consulte um especialista.

    Mudanças no estilo de vida

    Como a insuficiência cardíaca muitas vezes está relacionada a fatores como pressão alta, diabetes e sedentarismo, adotar hábitos saudáveis no dia a dia é necessário para reduzir o risco de agravamento do quadro e controlar a doença, como:

    Reduzir o consumo de sal nas refeições;

    Manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e grãos integrais;

    Praticar atividade física, com orientação médica;

    Evitar o cigarro e o consumo de bebidas alcoólicas;

    Controlar o peso corporal e o índice de massa corporal (IMC);

    Monitorar a pressão arterial e o nível de glicose com regularidade;

    Dormir bem e respeitar os horários de descanso;

    Tomar corretamente os medicamentos prescritos;

    Fazer acompanhamento médico periódico.

    Cirurgias e outros procedimentos

    Em alguns casos, o tratamento da insuficiência cardíaca pode incluir cirurgias ou dispositivos que ajudam o coração a funcionar melhor — e as opções são indicadas pelo cardiologista de acordo com a causa e a gravidade da doença.

    Cirurgia de revascularização do miocárdio (ponte de safena): indicada quando há artérias coronárias bloqueadas. O procedimento cria um novo caminho para o sangue fluir até o coração, melhorando o aporte de oxigênio ao músculo cardíaco;

    Reparo ou substituição de válvula cardíaca: recomendada quando uma válvula danificada está prejudicando o fluxo de sangue. Pode ser feita por cirurgia aberta ou técnica minimamente invasiva;

    Cardiodesfibrilador implantável (CDI): dispositivo colocado sob a pele que monitora os batimentos e aplica choques elétricos quando o coração entra em ritmo perigoso, prevenindo paradas cardíacas;

    Terapia de ressincronização cardíaca (TRC): é usado um aparelho que envia impulsos elétricos para sincronizar as contrações das câmaras inferiores do coração, melhorando o bombeamento do sangue;

    Dispositivo de assistência ventricular (DAV): consiste em um equipamento mecânico que ajuda o coração a bombear o sangue, usado enquanto o paciente aguarda um transplante ou como tratamento definitivo em casos graves;

    Transplante cardíaco: indicado quando o coração está muito enfraquecido e não responde mais a medicamentos ou outros tratamentos. O procedimento substitui o órgão por um coração saudável de doador.

    Os procedimentos são indicados apenas após uma avaliação criteriosa, e a escolha depende do estado clínico e das necessidades de cada paciente.

    Insuficiência cardíaca tem cura?

    A insuficiência cardíaca, na maioria das vezes, é uma condição crônica e não tem uma cura definitiva, mas é possível controlar o quadro e levar uma vida com qualidade.

    “Quando o paciente segue o tratamento e mantém acompanhamento regular com o cardiologista, é possível ter boa qualidade de vida e controle dos sintomas. Hoje, com as novas terapias e dispositivos (como ressincronizadores e desfibriladores), muitos pacientes vivem por muitos anos de forma estável”, esclarece Giovanni.

    Como prevenir a insuficiência cardíaca?

    A prevenção está diretamente relacionada à adoção de um estilo de vida saudável e ao controle das doenças que prejudicam o coração. Algumas medidas importantes incluem:

    Controlar a pressão arterial;

    Manter níveis adequados de colesterol e glicose;

    Evitar o tabagismo e reduzir o consumo de álcool;

    Adotar uma alimentação equilibrada, rica em frutas, legumes, verduras, grãos integrais e proteínas magras;

    Praticar atividade física regularmente;

    Controlar o peso corporal;

    Realizar consultas médicas periódicas;

    Evitar automedicação.

    “Em quem já tem o diagnóstico, essas medidas — somadas ao uso correto dos remédios — são essenciais para evitar descompensações e hospitalizações”, finaliza Giovanni.

    Veja mais: Síndrome do coração partido: o que é, sintomas, riscos e como diferenciar do infarto

    Perguntas frequentes

    A insuficiência cardíaca é a mesma coisa que ataque cardíaco?

    Não! O ataque cardíaco, também conhecido como infarto do miocárdio, acontece quando o fluxo de sangue que chega a uma parte do músculo cardíaco é interrompido, geralmente por um coágulo que obstrui uma artéria coronária. Quando isso ocorre, as células cardíacas daquela região começam a morrer por falta de oxigênio.

    Já a insuficiência cardíaca é o resultado da incapacidade do coração de bombear sangue de maneira eficiente para o resto do corpo. Em alguns casos, um infarto pode causar danos permanentes ao músculo cardíaco e evoluir para um quadro de insuficiência, mas são eventos diferentes.

    Enquanto o infarto é um episódio agudo, a insuficiência é uma condição crônica que precisa de acompanhamento prolongado.

    Quais os primeiros sinais de insuficiência cardíaca que devem gerar preocupação?

    Os sintomas iniciais de insuficiência cardíaca costumam ser discretos e passam despercebidos por muito tempo. O sintoma mais comum é a falta de ar, principalmente ao subir escadas ou realizar pequenas atividades — além de inchaço nos pés e tornozelos, resultado da retenção de líquidos.

    Também é importante observar cansaço excessivo, ganho de peso rápido (devido à retenção de líquidos), dificuldade para dormir deitado e batimentos acelerados. Quando esses sintomas aparecem juntos e persistem, é necessário procurar um cardiologista o quanto antes.

    O estresse pode causar insuficiência cardíaca?

    O estresse, por si só, não costuma causar insuficiência cardíaca, mas é um fator que contribui para o surgimento de doenças cardíacas. Em situações de tensão prolongada, o corpo libera hormônios como a adrenalina e o cortisol, que aumentam a pressão arterial e aceleram o ritmo cardíaco.

    Quando o estresse se torna crônico, ele prejudica a saúde do coração, favorecendo hipertensão, inflamações e até o estreitamento das artérias. Além disso, pessoas estressadas tendem a adotar hábitos que fazem mal à saúde, como fumar, ingerir álcool ou exagerar em alimentos ultraprocessados — fatores que, combinados, aumentam o risco de insuficiência cardíaca.

    Pessoas com insuficiência cardíaca podem engravidar?

    A gravidez em mulheres com insuficiência cardíaca exige avaliação médica rigorosa. Durante a gestação, o corpo precisa de mais sangue e oxigênio para nutrir o bebê, o que aumenta o esforço do coração.

    Nos casos leves e bem controlados, é possível ter uma gestação segura com acompanhamento conjunto de cardiologista e obstetra especializado em gravidez de alto risco. Quando a insuficiência cardíaca é mais grave, a gestação pode representar riscos significativos para a mãe e para o bebê, por isso é importante avaliar cuidadosamente cada situação.

    O planejamento familiar, feito com orientação médica e acolhimento, ajuda o casal a tomar decisões com segurança.

    Existe alguma dieta recomendada para quem tem insuficiência cardíaca?

    Sim! A dieta de pessoas com insuficiência cardíaca deve ser rica em frutas, verduras, legumes, grãos integrais, peixes e carnes magras, priorizando alimentos frescos e naturais. O consumo de sal também deve ser reduzido ao mínimo possível.

    Por fim, é importante limitar alimentos ultraprocessados, enlatados, refrigerantes e doces, que favorecem a retenção de líquidos e aumento de peso. A ingestão de líquidos pode precisar ser controlada, dependendo do grau da insuficiência — sempre sob orientação médica e nutricional.

    Quem tem insuficiência cardíaca pode beber álcool?

    O consumo de álcool deve ser evitado por pessoas que têm insuficiência cardíaca, pois o álcool sobrecarrega o músculo cardíaco, interfere na ação dos medicamentos e favorece a retenção de líquidos. Além disso, ele pode provocar arritmias e aumentar a pressão arterial, o que agrava o quadro.

    Quem tem insuficiência pode trabalhar?

    Sim, é possível trabalhar tendo insuficiência cardíaca, mas isso varia conforme o estágio da doença e o tipo de atividade exercida. Quando o quadro está controlado e os sintomas são leves, o trabalho pode ser mantido, desde que haja acompanhamento médico regular e, se necessário, pequenas adaptações na rotina.

    Porém, em casos em que a limitação física é maior e o esforço causa fadiga, falta de ar ou inchaço, pode ser indicado o afastamento temporário. Se a condição evoluir e impedir definitivamente o desempenho das funções, o trabalhador pode ter direito a benefícios previdenciários, como auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez concedida pelo INSS.

    Veja mais: 7 erros comuns que atrapalham a saúde do coração

  • Acalasia: o distúrbio que dificulta a passagem dos alimentos ao engolir

    Acalasia: o distúrbio que dificulta a passagem dos alimentos ao engolir

    Engolir um alimento parece simples, mas depende de um delicado mecanismo entre o esôfago e o estômago. Quando esse sistema falha, comer pode se tornar uma tarefa difícil. É o que acontece na acalasia, um distúrbio que impede o relaxamento adequado do esfíncter esofágico inferior, o “anel” que permite a passagem do alimento ao estômago.

    O resultado é a sensação de entalo, dor no peito, tosse e até regurgitação. Embora seja uma doença pouco conhecida, o diagnóstico e o tratamento corretos fazem toda a diferença para aliviar os sintomas e prevenir complicações.

    O que é acalasia?

    A acalasia é uma doença que afeta o esôfago, o tubo que transporta o alimento da boca até o estômago. Ela ocorre quando o músculo do esôfago e o esfíncter esofágico inferior (anel que liga o esôfago ao estômago) não funcionam corretamente, o que dificulta a passagem dos alimentos.

    Com isso, o alimento não consegue descer normalmente, e isso se reflete em uma dificuldade para engolir, sensação de entalo e até dor no peito.

    Como o esôfago funciona normalmente

    Em uma pessoa saudável, o esôfago faz movimentos de contração rítmicos (chamados de peristaltismo) que empurram o alimento até o estômago. Quando o alimento chega ao final do esôfago, o esfíncter se abre para permitir a passagem.

    Na acalasia, esses movimentos não ocorrem adequadamente, e o esfíncter não se abre completamente, o que impede a descida do alimento e causa acúmulo dentro do esôfago.

    Sintomas da acalasia

    Os sintomas aparecem gradualmente e tendem a piorar com o tempo. Os mais comuns são:

    Dificuldade para engolir alimentos e líquidos (sensação de que o alimento “para” no meio do peito);

    Regurgitação, especialmente à noite;

    Dor ou pressão no peito;

    Perda de peso sem explicação;

    Tosse e engasgos frequentes;

    Azia ou sensação de queimação (muitas vezes confundida com refluxo).

    Esses sintomas podem variar de intensidade e, em alguns casos, se parecer com os do refluxo gastroesofágico.

    Causas e fatores envolvidos

    A causa exata da acalasia ainda não é totalmente compreendida, mas sabe-se que ocorre degeneração dos nervos responsáveis pelos movimentos do esôfago. Isso faz com que o músculo perca a força de contração e o esfíncter deixe de relaxar corretamente.

    As possíveis origens da condição são:

    Alterações autoimunes, quando o corpo ataca suas próprias células nervosas;

    Causas infecciosas, como na doença de Chagas;

    Fatores genéticos, em casos mais raros.

    Diagnóstico de acalasia

    O diagnóstico é feito por um médico gastroenterologista, com base nos sintomas e em exames específicos:

    Esofagomanometria: mede a pressão e os movimentos do esôfago (é o exame mais importante para confirmar a acalasia);

    Endoscopia digestiva alta: permite visualizar o esôfago e descartar outras causas, como tumores;

    Esofagografia baritada: exame de raio X com contraste que mostra o formato do esôfago e se há retenção de alimentos.

    Esses exames ajudam a classificar a doença em três tipos de acalasia, o que orienta a escolha do tratamento ideal.

    Tratamento da acalasia

    O tratamento tem como objetivo melhorar a passagem dos alimentos e aliviar os sintomas. Embora não exista cura, há diversas opções que ajudam a tratar a doença.

    Medicamentos: podem ser usados em casos leves, ajudando o esfíncter a relaxar;

    Dilatação endoscópica: um balão é introduzido e inflado no esfíncter para alargá-lo e facilitar a passagem do alimento.

    Injeção de toxina botulínica (botox): relaxamento temporário do músculo, indicada para quem não pode realizar procedimentos mais invasivos;

    Cirurgia (miotomia de Heller): corte das fibras musculares do esfíncter para normalizar a passagem dos alimentos;

    Terapia endoscópica POEM (miotomia endoscópica peroral): técnica moderna feita por endoscopia, com recuperação mais rápida e resultados duradouros.

    A escolha do tratamento depende da gravidade do caso, da idade e das condições clínicas do paciente, sempre sob avaliação médica.

    Cuidados e acompanhamento

    Após o tratamento, é fundamental:

    Fazer acompanhamento regular com o gastroenterologista;

    Evitar deitar logo após comer;

    Mastigar bem e comer devagar;

    Manter o peso adequado e uma alimentação equilibrada.

    Mesmo com o tratamento, algumas pessoas podem ter sintomas residuais leves e devem fazer controle periódico para evitar complicações, como inflamações ou acúmulo de alimentos no esôfago.

    Quando procurar o médico

    Procure atendimento médico se houver:

    Dificuldade frequente para engolir;

    Perda de peso inexplicada;

    Regurgitação frequente;

    Dor ou pressão no peito.

    O diagnóstico precoce evita desconfortos e melhora muito a qualidade de vida.

    Leia também: Refluxo gastroesofágico: conheça as causas, sintomas e como tratar

    Perguntas frequentes sobre acalasia

    1. A acalasia tem cura?

    Não existe cura definitiva, mas há tratamentos eficazes que controlam os sintomas e devolvem conforto ao paciente.

    2. A acalasia é causada por refluxo?

    Não. Embora os sintomas sejam parecidos, a acalasia é causada por problemas nos nervos e músculos do esôfago, não pelo ácido do estômago.

    3. Como diferenciar acalasia de refluxo?

    Na acalasia, o problema está em empurrar o alimento para o estômago, enquanto no refluxo o problema é o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago.

    4. O que acontece se a acalasia não for tratada?

    Podem ocorrer dilatação do esôfago, perda de peso, infecções e, em casos raros, aumento do risco de câncer de esôfago.

    5. A cirurgia de acalasia é segura?

    Sim. Os procedimentos modernos, como a miotomia endoscópica (POEM), têm altas taxas de sucesso e recuperação rápida.

    Veja mais: Endoscopia: como é o exame que vê o estômago por dentro

  • Psoríase: entenda a doença de pele que vai muito além da aparência

    Psoríase: entenda a doença de pele que vai muito além da aparência

    A psoríase é uma das doenças de pele mais comuns e, ao mesmo tempo, uma das mais mal compreendidas. Apesar das manchas vermelhas e da descamação visível, o problema vai muito além da aparência, pois trata-se de uma condição inflamatória crônica ligada ao sistema imunológico, que pode afetar o corpo inteiro e causar impacto na qualidade de vida.

    Ainda hoje, muitas pessoas enfrentam preconceito e desinformação, e tudo isso atrasa o diagnóstico e dificulta o tratamento.

    Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença grave e não contagiosa, a psoríase pode ser controlada com acompanhamento médico, novos medicamentos e mudanças no estilo de vida.

    O que é a psoríase?

    A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele, causada por alterações no sistema imunológico, com influência genética. Ela pode variar de casos leves a graves e afetar não apenas a pele, mas também as articulações e outros órgãos. Embora não tenha cura, é uma condição que pode ser controlada com tratamento e hábitos saudáveis.

    É importante reforçar: a psoríase não é contagiosa. O contato direto com a pele de uma pessoa com psoríase não transmite a doença.

    Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a psoríase como uma doença crônica grave e não transmissível, chamando atenção para os impactos emocionais, diagnósticos incorretos e o preconceito que muitos pacientes enfrentam.

    Quem pode ter psoríase?

    A psoríase pode atingir homens e mulheres de qualquer idade, mas costuma aparecer mais cedo nas mulheres e em quem tem histórico familiar da doença. Os primeiros sinais costumam surgir em duas faixas etárias: entre 20 e 39 anos e novamente entre 50 e 69 anos.

    Por que a psoríase acontece?

    A psoríase surge por uma combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais.

    Fatores genéticos

    Pessoas com parentes de primeiro grau com psoríase têm maior risco de desenvolver a doença. A herança genética pode explicar até 90% da predisposição em alguns casos.

    Alterações imunológicas

    O sistema de defesa do corpo ataca, por engano, as próprias células da pele. Isso libera substâncias inflamatórias que aceleram a renovação celular, e isso faz com que a pele descame e forme placas avermelhadas.

    Gatilhos da psoríase

    Estresse;

    Infecções;

    Tabagismo e consumo de álcool;

    Alguns medicamentos (como betabloqueadores, lítio e antimaláricos);

    Obesidade;

    Clima frio e seco (que resseca a pele).

    Sintomas mais comuns

    Os sintomas da psoríase variam conforme o tipo e a gravidade. Os mais comuns são:

    Manchas vermelhas com descamação branca ou prateada;

    Pele ressecada e rachada (às vezes com sangramento);

    Coceira, dor ou sensação de queimação;

    Unhas grossas, deformadas ou descoladas;

    Dor, rigidez ou inchaço nas articulações.

    Tipos de psoríase e como se manifestam

    Psoríase em placas (vulgar)

    É a forma mais comum (90% dos casos). Aparecem placas vermelhas com escamas esbranquiçadas ou prateadas, principalmente nos joelhos, cotovelos, couro cabeludo e região lombar.

    Psoríase do couro cabeludo

    Provoca descamação intensa e coceira, semelhante à caspa, mas mais espessa e inflamada.

    Psoríase ungueal

    Afeta as unhas, deixando-as grossas, amareladas e deformadas, podendo até se soltar.

    Psoríase gutata

    Mais comum em crianças e jovens, geralmente após infecções bacterianas, com pequenas manchas em forma de gota espalhadas pelo corpo.

    Psoríase invertida (ou flexural)

    Surge em áreas de dobras (axilas, virilhas, sob as mamas), com lesões mais vermelhas e úmidas, sem escamas grossas.

    Psoríase pustulosa

    Forma grave, com lesões vermelhas cobertas por pequenas bolhas de pus. Pode ser localizada (mãos e pés) ou generalizada, com febre e mal-estar.

    Psoríase eritrodérmica

    A mais rara e grave, afeta quase todo o corpo com manchas vermelhas e quentes, coceira e febre. Pode exigir internação hospitalar.

    Psoríase artropática

    Envolve inflamação nas articulações, com dor, rigidez, inchaço e até deformidades.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico é geralmente clínico, com base na aparência e na distribuição das lesões. Em alguns casos, o dermatologista pode solicitar uma biópsia de pele para confirmar o diagnóstico.

    Para avaliar a gravidade, utiliza-se o índice PASI, que mede a vermelhidão, a espessura das placas e a área afetada.

    Até 10 pontos: psoríase leve

    Acima de 10: psoríase moderada a grave

    Tratamentos disponíveis

    O tratamento é individualizado e definido pelo dermatologista conforme o tipo e a gravidade da doença.

    Casos leves

    Cremes e pomadas com corticoides ou derivados da vitamina D;

    Hidratação da pele;

    Exposição solar moderada e orientada.

    Casos moderados

    Fototerapia (luz ultravioleta controlada);

    Casos graves ou resistentes

    Medicamentos orais ou injetáveis;

    Terapias biológicas (injeções sob supervisão médica);

    Novas terapias orais que modulam a inflamação.

    Além do tratamento médico, hábitos saudáveis são bem importantes, como:

    Alimentação equilibrada;

    Controle do peso;

    Atividade física regular;

    Manejo do estresse;

    Apoio psicológico, quando necessário.

    Convivendo com a psoríase

    O diagnóstico precoce e o tratamento adequado ajudam a reduzir os sintomas e prevenir complicações. Com os avanços da medicina, é possível que muitas pessoas vivam com a pele praticamente sem lesões, mesmo nos casos graves.

    É fundamental não interromper o tratamento por conta própria, pois isso pode agravar a doença. Além disso, o cuidado com o estilo de vida, como dormir bem, praticar exercícios e controlar o estresse ajuda no controle da doença.

    Confira: Alergia a níquel de bijuterias: por que acontece, como tratar e se tem cura

    Perguntas frequentes sobre psoríase

    1. Psoríase é contagiosa?

    Não. O contato com a pele de uma pessoa com psoríase não transmite a doença.

    2. A psoríase tem cura?

    Não existe cura definitiva, mas a doença pode ser controlada com tratamento médico e hábitos saudáveis.

    3. O que piora a psoríase?

    Estresse, frio, consumo de álcool, tabagismo, obesidade e certos medicamentos podem agravar as crises.

    4. Qual médico trata a psoríase?

    O dermatologista é o profissional indicado para diagnóstico e tratamento. Em casos com comprometimento das articulações, o reumatologista também pode acompanhar.

    5. Psoríase pode causar dor nas articulações?

    Sim. A psoríase artropática (artrite psoriásica) pode afetar as articulações e causar dor e rigidez.

    6. A exposição ao sol ajuda?

    Sim, em quantidades moderadas e com orientação médica, o sol pode ajudar a controlar a inflamação.

    7. Alimentação influencia na psoríase?

    Sim. Uma dieta equilibrada, rica em frutas, legumes e grãos integrais, e o controle do peso podem ajudar a reduzir as crises.

    Veja também: Dermatite atópica: o que é, sintomas e cuidados

  • Por que não pode tomar AAS com dengue? 

    Por que não pode tomar AAS com dengue? 

    Com a chegada das épocas de maior transmissão da dengue, uma das dúvidas mais comuns nos consultórios e farmácias se pode tomar AAS com dengue. A resposta é não, e o motivo é mais sério do que parece.

    Embora o AAS (ácido acetilsalicílico) seja usado para dor, febre e até para proteger o coração, ele aumenta o risco de sangramentos, o que pode ser extremamente perigoso durante a infecção pelo vírus da dengue.

    A dengue é uma doença que afeta diretamente os vasos sanguíneos e as plaquetas, células que ajudam a estancar sangramentos. Por isso, qualquer substância que interfira na coagulação do sangue pode transformar um quadro leve em uma situação de risco.

    O que o AAS faz no organismo

    O AAS é antitérmico, analgésico e anti-inflamatório, mas também age como antiplaquetário. Com isso, ele inibe a agregação das plaquetas, ou seja, faz com que o sangue demore mais para coagular.

    Essa ação é muito boa para quem precisa prevenir infarto ou AVC, mas é perigosa quando há uma infecção como a dengue, pois provoca fragilidade nos vasos sanguíneos e redução das plaquetas.

    O que acontece se tomar AAS com dengue

    Durante a dengue, o vírus pode causar queda no número de plaquetas e aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, o que já predispõe a sangramentos. Quando a pessoa toma AAS, o risco aumenta ainda mais, porque:

    • As plaquetas perdem a capacidade de “grudar” umas nas outras;
    • Pequenos vasos podem se romper com facilidade;
    • Há maior chance de hemorragias internas, como no trato gastrointestinal ou em órgãos vitais, e isso é muito perigoso.

    Esses sangramentos podem se manifestar como manchas roxas pelo corpo, sangramento nasal, gengival ou nas fezes, que são sinais de alerta que precisam de atendimento médico imediato.

    Outros remédios que também devem ser evitados

    Além do AAS, outros remédios com efeito semelhante sobre as plaquetas ou a coagulação também são contraindicados, como:

    • Anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco);
    • Medicamentos combinados que contenham AAS;
    • Anticoagulantes (como varfarina ou rivaroxabana).

    Esses medicamentos podem agravar a dengue e dificultar o controle de sangramentos.

    Veja mais: Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    O que é seguro usar na dengue

    Para aliviar os sintomas, a recomendação médica é simples:

    • Paracetamol ou dipirona são considerados seguros para controlar febre e dor;
    • Muita hidratação é essencial, tanto por via oral, como água, soro e sucos, como, em alguns casos, com soro na veia;
    • Repouso, pois ele ajuda o corpo a se recuperar.

    Qualquer outro medicamento deve ser prescrito e acompanhado por um profissional de saúde, especialmente se o paciente já usa remédios contínuos.

    Quando o AAS pode voltar a ser usado

    Quem toma AAS diariamente por prescrição (por exemplo, após infarto ou AVC) deve consultar o médico assim que houver suspeita de dengue. O profissional avaliará o risco de interromper o uso temporariamente e o melhor momento para retomar o tratamento, sempre com segurança e acompanhamento.

    Confira: Dentro de casa e no quintal: os 7 esconderijos mais comuns do mosquito da dengue

    Perguntas frequentes sobre tomar AAS com dengue

    1. Por que tomar AAS com dengue é perigoso?

    Porque ele inibe a ação das plaquetas e aumenta o risco de sangramentos, que já é alto na doença.

    2. Posso tomar AAS se ainda não tiver certeza de que é dengue?

    Não. Em caso de febre alta e suspeita de dengue, evite AAS e anti-inflamatórios até que o médico confirme ou descarte o diagnóstico.

    3. Quais remédios posso tomar para aliviar a febre?

    Paracetamol ou dipirona são as opções mais seguras, desde que usados nas doses recomendadas.

    4. E se eu já uso AAS por causa do coração?

    Procure o médico imediatamente. Em alguns casos, o uso pode ser suspenso temporariamente durante a infecção.

    5. Como saber se estou tendo sangramento pela dengue?

    Manchas roxas, sangramento nasal, gengival, vômitos com sangue ou fezes escuras são sinais de alerta para procurar atendimento médico imediatamente.

    Veja também: Veja por que você pode pegar dengue até quatro vezes

  • Meningite bacteriana: veja tipos, sintomas e como se prevenir 

    Meningite bacteriana: veja tipos, sintomas e como se prevenir 

    A meningite bacteriana é uma das infecções mais temidas na medicina, e com toda a razão. Ela afeta as meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, e pode agravar de forma muito rápida, levando a sequelas neurológicas ou até à morte em poucas horas se não for tratada a tempo.

    Apesar da gravidade, a boa notícia é que grande parte dos casos pode ser prevenida por meio da vacinação. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece vacinas gratuitas contra os principais tipos de bactérias que causam a doença, incluindo a meningite meningocócica e a meningite pneumocócica, duas das formas mais agressivas.

    O que é meningite bacteriana

    A meningite bacteriana é uma infecção causada por bactérias que invadem o líquido que circula entre as meninges, as membranas que protegem o cérebro e a medula espinhal. Essa invasão desencadeia uma inflamação intensa, que pode comprometer o funcionamento do sistema nervoso central.

    Ela é considerada uma emergência médica, já que pode progredir rapidamente e causar complicações como convulsões, surdez, sequelas neurológicas e até óbito.

    As principais bactérias responsáveis são:

    • Neisseria meningitidis (meningococo);
    • Streptococcus pneumoniae (pneumococo);
    • Haemophilus influenzae tipo b (Hib).

    Entre elas, a meningite meningocócica é a mais comum e a que preocupa mais os especialistas devido ao potencial de surtos e à evolução rápida.

    O Haemophilus influenzae tipo b (Hib) era uma causa importante, mas os casos foram drasticamente reduzidos após a vacinação em massa no país

    Meningite meningocócica causada por Neisseria meningitidis

    A meningite meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis e pode se espalhar por gotículas de saliva e secreções respiratórias, como, por exemplo, ao tossir, espirrar ou compartilhar copos e talheres.

    Existem diferentes tipos da bactéria, sendo os principais os identificados pelas letras A, B, C, W e Y. Cada um deles pode circular de forma diferente em cada região do mundo, e a vacinação é direcionada para os mais frequentes:

    • Meningococo C: foi o tipo mais comum no Brasil nas últimas décadas;
    • Meningococo B: vem crescendo em alguns estados, especialmente em crianças pequenas;
    • Meningococos W e Y: têm aumentado entre adolescentes e adultos jovens;
    • Meningococo A: mais frequente na África e em surtos internacionais.

    A forma meningocócica é extremamente grave e pode causar, além da meningite, uma infecção generalizada chamada meningococcemia, que compromete a circulação sanguínea e pode levar à falência múltipla de órgãos.

    Meningite pneumocócica causada por Streptococcus pneumoniae

    Outro tipo importante é a meningite pneumocócica, causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae, também chamada de pneumococo. Ela pode afetar pessoas de todas as idades, mas é mais comum em crianças pequenas, idosos e pessoas com imunidade baixa, como aquelas portadoras de doenças crônicas ou imunossuprimidas.

    O pneumococo é uma bactéria versátil, pois além da meningite também pode causar pneumonia, sinusite e otite média, e em alguns casos leva a quadros graves de infecção generalizada, também conhecida como sepse.

    Os sintomas são semelhantes aos da meningite meningocócica, ou seja, febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca e sonolência, mas a evolução pode ser ainda mais rápida e deixar sequelas como perda auditiva, convulsões e déficits neurológicos.

    Sintomas da meningite bacteriana

    Os sintomas costumam aparecer de forma súbita, nas primeiras 24 a 48 horas da infecção. Os mais comuns são:

    • Febre alta;
    • Dor de cabeça intensa;
    • Rigidez no pescoço (dificuldade de encostar o queixo no peito);
    • Náuseas e vômitos;
    • Sensibilidade à luz;
    • Sonolência ou confusão mental;
    • Manchas roxas pelo corpo (em casos de meningococcemia).

    Em bebês e crianças pequenas, os sinais podem ser diferentes, como choro inconsolável, irritabilidade, recusa alimentar, moleira abaulada e sonolência excessiva.

    Qualquer suspeita de meningite deve ser tratada como urgência. O diagnóstico é feito por punção lombar (coleta do líquor) e exames laboratoriais, e o tratamento deve começar o mais rápido possível com antibióticos.

    Transmissão da meningite bacteriana

    A meningite bacteriana se transmite de pessoa para pessoa por gotículas respiratórias, especialmente em locais fechados ou com aglomeração, como escolas, creches, universidades e alojamentos.

    O período de incubação varia de 2 a 10 dias, e a pessoa pode transmitir a bactéria mesmo antes de apresentar sintomas. Por isso, familiares e pessoas que tiveram contato próximo com o doente podem precisar receber antibióticos preventivos.

    Tipos de vacinas que protegem contra meningite

    O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece vacinas específicas contra as principais bactérias causadoras da meningite:

    • Meningocócica C (conjugada): protege contra o meningococo tipo C. Disponível no SUS;
    • Meningocócica ACWY (conjugada): protege contra os tipos A, C, W e Y. Disponível no SUS;
    • Meningocócica B: disponível na rede privada, indicada a partir dos 2 meses de idade;
    • Pneumocócicas 10, 13 e 20-valentes: protegem contra o Streptococcus pneumoniae. A vacina pneumocócica 10-valente está disponível no SUS. As vacinas 13 e 20-valentes, que protegem contra mais sorotipos, estão disponíveis na rede privada e em Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), em casos específicos;
    • Haemophilus influenzae tipo b (Hib): incluída na pentavalente infantil. Disponível no SUS.

    Essas vacinas são seguras e reduzem drasticamente os casos e as complicações da meningite bacteriana.

    Complicações e sequelas

    Mesmo com tratamento, cerca de 10% dos casos de meningite bacteriana podem evoluir para óbito, e até 20% dos sobreviventes podem ter sequelas, como:

    • Perda auditiva;
    • Dificuldades de aprendizagem;
    • Convulsões;
    • Problemas motores;
    • Déficits cognitivos.

    Por isso, o diagnóstico e o início precoce do tratamento são extremamente importantes para aumentar as chances de recuperação completa.

    Veja também: Coqueluche: a ‘tosse comprida’ que pode ser perigosa para bebês

    Perguntas frequentes sobre meningite bacteriana

    1. Meningite bacteriana é contagiosa?

    Sim. Ela pode ser transmitida por gotículas de saliva e secreções respiratórias.

    2. Qual é o tipo mais grave de meningite?

    A meningite meningocócica, causada pela Neisseria meningitidis, é uma das mais graves e pode evoluir rapidamente.

    3. Quais vacinas protegem contra meningite?

    As principais são as vacinas meningocócicas C e ACWY, além das que protegem contra Haemophilus influenzae tipo b e pneumococos, como as vacinas pneumocócicas 10, 13 e 20-valentes.

    4. Qual a diferença entre meningite bacteriana e viral?

    A bacteriana é mais grave e requer antibióticos. A viral costuma ser mais leve e se resolve sozinha, mas com suporte e acompanhamento médico.

    5. Crianças e adolescentes precisam de reforço da vacina?

    Sim. O reforço da vacina meningocócica ACWY é essencial na adolescência, quando o risco de transmissão aumenta.

    6. Como saber se é meningite?

    Febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez no pescoço e manchas roxas na pele são sinais de alerta. Procure atendimento imediato.

    Leia também: Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer

  • Melatonina causa insuficiência cardíaca? Saiba por que ainda é cedo para afirmar 

    Melatonina causa insuficiência cardíaca? Saiba por que ainda é cedo para afirmar 

    A melatonina se tornou uma das substâncias mais populares entre quem busca uma noite de sono melhor. Vendida como suplemento em diversos países, inclusive no Brasil, é vista como uma alternativa natural para lidar com a insônia e o jet lag. Um novo estudo, porém, associou o uso prolongado de melatonina a um risco maior de insuficiência cardíaca, o que gerou preocupação e manchetes em todo o mundo.

    Apesar do impacto dos resultados, ainda não é possível afirmar que a melatonina cause problemas cardíacos. O estudo é observacional, ou seja, mostra uma correlação, mas não prova causa e efeito. Além disso, pessoas que usam melatonina com frequência geralmente apresentam insônia mais grave — e a própria insônia, quando persistente, já é conhecida por aumentar o risco de doenças cardiovasculares.

    O que o estudo realmente descobriu

    Pesquisadores acompanharam mais de 130 mil adultos com histórico de insônia. Parte deles fazia uso regular de melatonina por pelo menos um ano. Após cerca de cinco anos de acompanhamento, os resultados mostraram que os usuários frequentes apresentaram maior incidência de insuficiência cardíaca e hospitalizações relacionadas ao coração.

    No entanto, os autores do estudo destacaram que essa relação não comprova que a melatonina seja a causa direta. Outros fatores, como o grau da insônia, a presença de doenças pré-existentes, uso de medicamentos ou hábitos de vida, podem ter influenciado os resultados.

    Por que a insônia merece atenção

    A insônia é um distúrbio do sono que afeta todo o corpo. Dormir mal de forma crônica está associado a aumento da pressão arterial, alterações hormonais, ganho de peso, diabetes, depressão e maior risco de infarto e insuficiência cardíaca.

    Quando uma pessoa tem insônia grave e não tratada, o coração trabalha sob estresse constante, o que ajuda a explicar por que dormir pouco ou dormir mal pode causar tantos problemas de saúde.

    Por isso, mesmo que a melatonina não seja isenta de riscos, o foco principal deve continuar sendo o tratamento adequado da insônia, com orientação médica e acompanhamento de um especialista em sono.

    O que fazer na prática

    • Não interrompa o uso por conta própria: se você toma melatonina regularmente e ela foi prescrita por um médico, converse com ele antes de parar.
    • Evite o uso prolongado sem orientação: mesmo suplementos naturais podem ter efeitos adversos e interações medicamentosas.
    • Avalie sua rotina de sono: manter horários regulares, evitar telas antes de dormir e cuidar da alimentação ajudam mais do que muitos imaginam.
    • Procure ajuda especializada: um médico pode indicar terapias comportamentais, ajustes no estilo de vida e, se necessário, outros medicamentos para tratar a insônia.

    Veja mais: Insônia na menopausa: 4 medidas para melhorar o sono

    Quando a melatonina pode ser útil

    A melatonina pode ser útil em situações específicas, como:

    • Distúrbios do ritmo circadiano, como jet lag ou trabalho noturno;
    • Idosos com produção natural reduzida do hormônio;
    • Pessoas com autismo ou TDAH, sob supervisão médica.

    O uso contínuo deve ser avaliado individualmente, considerando histórico clínico, dose e tempo de uso.

    Portanto, o novo estudo não prova que a melatonina cause insuficiência cardíaca, mas reforça a importância de usar o suplemento com cautela e orientação médica. Mais do que culpar a melatonina, o recado é claro: tratar a insônia é também cuidar do coração.

    Confira: Insônia: por que dormir mal afeta corpo e mente

    Perguntas frequentes sobre melatonina e insuficiência cardíaca

    1. O estudo prova que a melatonina causa insuficiência cardíaca?

    Não. O estudo é observacional e mostra apenas uma associação, sem comprovar relação de causa e efeito.

    2. Então, posso continuar tomando melatonina?

    Sim, se for sob orientação médica. O risco maior está no uso prolongado, em altas doses e sem acompanhamento.

    3. E se eu usar melatonina só de vez em quando?

    O uso ocasional e em doses baixas é considerado seguro para a maioria das pessoas.

    4. A insônia é perigosa para o coração?

    Sim. Dormir mal de forma crônica pode aumentar o risco de hipertensão, infarto e insuficiência cardíaca.

    5. O que devo fazer se tenho insônia?

    Procure um médico para investigar a causa. Pode ser necessário ajustar hábitos, tratar ansiedade ou iniciar terapia do sono.

    Leia também: Tem insônia? Veja o que fazer para voltar a dormir bem

  • Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa 

    Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa 

    A tirzepatida, medicamento originalmente desenvolvido para o tratamento do diabetes tipo 2 e do controle da obesidade, recebeu também aprovação para tratar a apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade. A decisão, validada por agências internacionais e reconhecida pela Anvisa, representa um avanço no manejo de um dos distúrbios do sono mais comuns e potencialmente perigosos.

    Até pouco tempo, o tratamento da apneia se baseava principalmente em aparelhos como o CPAP, usados para manter as vias respiratórias abertas durante o sono. Agora, com a nova indicação da tirzepatida, a medicina ganha uma abordagem medicamentosa capaz de atuar na raiz do problema em muitos pacientes — o excesso de peso.

    O que é a tirzepatida?

    A tirzepatida é um medicamento injetável que atua como agonista duplo: dos receptores de GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1) e de GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose). Em termos simples, ela ajuda a controlar o açúcar no sangue, reduzir o apetite e promover perda de peso.

    O que é apneia obstrutiva do sono (AOS)?

    A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por pausas repetidas ou reduções do fluxo de oxigênio durante o sono, causadas por uma obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores.

    Essas interrupções provocam quedas na oxigenação do sangue, despertares frequentes, sono fragmentado, sonolência diurna e aumento do risco de pressão alta, doenças cardiovasculares, derrame e outras complicações. Um dos principais fatores de risco é a obesidade, já que o acúmulo de gordura na região do pescoço e das vias aéreas pode agravar a obstrução.

    Por que a tirzepatida agora é utilizada para apneia obstrutiva do sono?

    Pesquisas recentes demonstraram que a tirzepatida reduz significativamente os episódios de apneia durante o sono em pessoas com obesidade e apneia moderada a grave. Nos estudos clínicos, os participantes que usaram o medicamento tiveram menos pausas respiratórias por hora do que aqueles que receberam placebo.

    Além disso, os pacientes tratados apresentaram melhora na perda de peso, melhor oxigenação durante o sono, redução da pressão arterial e melhora da qualidade de vida, com relatos de noites mais tranquilas e menos cansaço durante o dia.

    Aprovações regulatórias

    Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou a tirzepatida em 20 de dezembro de 2024 para o tratamento de adultos com apneia obstrutiva do sono moderada a grave associada à obesidade, em conjunto com dieta de baixa caloria e aumento da atividade física.

    No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também aprovou a nova indicação do Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da apneia do sono em adultos com obesidade.

    Até então, o tratamento era baseado principalmente em medidas mecânicas, como o uso do CPAP, ou cirúrgicas. A introdução de uma terapia medicamentosa representa um avanço importante na abordagem integrada da doença.

    Veja mais: Wegovy e Ozempic: como funcionam para perda de peso

    Benefícios e cuidados

    Quem pode se beneficiar

    • Adultos com apneia obstrutiva do sono moderada a grave e obesidade (IMC elevado) ou sobrepeso com comorbidades;
    • Pessoas com dificuldade em usar ou tolerar o CPAP, ou que desejam uma estratégia combinada de perda de peso e melhora respiratória.

    Quem deve ter cuidado

    • A eficácia depende de adesão à dieta e atividade física, que fazem parte da recomendação oficial;
    • Podem ocorrer efeitos adversos gastrointestinais, como náuseas, vômitos, diarreia ou constipação;
    • Pessoas sem obesidade ou cuja apneia tenha causas anatômicas podem não ter o mesmo benefício;
    • É necessária avaliação médica especializada em sono, obesidade e endocrinologia.

    O que muda no tratamento da apneia obstrutiva do sono com essa nova opção

    • Surge a primeira alternativa medicamentosa aprovada para apneia associada à obesidade, além dos aparelhos tradicionais como o CPAP;
    • Permite uma abordagem mais abrangente, tratando simultaneamente obesidade e apneia, com impacto positivo na saúde cardiovascular e metabólica;
    • Reflete a importância do acompanhamento multidisciplinar — com especialistas em pneumologia, sono, endocrinologia e nutrição;
    • Não substitui totalmente o CPAP, mas pode atuar de forma complementar ou alternativa em casos selecionados.

    Confira: Ozempic protege o coração? Veja como a semaglutida age

    Perguntas frequentes sobre tirzepatida e apneia obstrutiva do sono

    1. Tirzepatida já está disponível para apneia no Brasil?

    Sim. A Anvisa aprovou a indicação de Mounjaro (tirzepatida) para apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade.

    2. Significa que posso parar de usar CPAP se começar tirzepatida?

    Não necessariamente. O CPAP continua sendo o tratamento padrão para muitos casos. A tirzepatida pode ser usada de forma complementar ou alternativa, com supervisão médica.

    3. Como a tirzepatida melhora a apneia do sono?

    Principalmente por induzir perda de peso e reduzir o acúmulo de gordura corporal, que é um dos principais fatores da apneia obstrutiva do sono.

    4. Quais são os efeitos colaterais mais comuns?

    Os mais frequentes são náuseas, vômitos, diarreia e constipação. É essencial usar o medicamento com prescrição e acompanhamento médico.

    5. Todos os pacientes com apneia obstrutiva do sono podem usar tirzepatida?

    Não. A indicação é para adultos com obesidade e apneia moderada a grave. Pacientes com apneia leve, sem obesidade ou com causas anatômicas específicas devem discutir o caso com um especialista.

    6. A tirzepatida cura a apneia obstrutiva do sono?

    Não cura de forma definitiva, mas pode reduzir significativamente os eventos de apneia-hipopneia. A condição ainda precisa de acompanhamento e controle dos fatores de risco.

    7. Preciso perder peso para que o medicamento funcione?

    Sim. A perda de peso faz parte do mecanismo de ação da tirzepatida e foi uma das condições de aprovação. O tratamento deve ser associado a dieta balanceada e atividade física regular.

    Veja mais: Ozempic e similares podem reduzir risco de câncer ligado à obesidade?

  • Veja por que você pode pegar dengue até quatro vezes 

    Veja por que você pode pegar dengue até quatro vezes 

    No Brasil, os quatro tipos do vírus já foram detectados em circulação. Isso significa que uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes na vida, uma para cada tipo. E há um agravante: a reinfecção por um sorotipo diferente aumenta o risco de formas graves, como a dengue hemorrágica ou o choque da dengue. Entender isso ajuda a explicar por que a prevenção e a vacinação são tão importantes.

    Você já ouviu alguém dizer que pegou dengue e agora está imune? Esse é um dos mitos mais comuns sobre a doença. A dengue não é causada por um único vírus, mas por quatro sorotipos diferentes — DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Cada um deles é capaz de causar infecção completa e, infelizmente, ter tido um não protege contra os outros.

    O que são os sorotipos da dengue?

    “Sorotipo” se refere a variações do mesmo vírus. Eles compartilham semelhanças genéticas, mas pequenas diferenças fazem o sistema imunológico reagir de forma distinta a cada um.

    • DENV-1: um dos mais antigos em circulação no Brasil.
    • DENV-2: frequentemente associado a surtos com casos graves.
    • DENV-3: tem alta capacidade de causar epidemias quando retorna após longos períodos.
    • DENV-4: raramente circula sozinho; quando reaparece, tende a provocar novas ondas.

    Por que já ter tido dengue não protege contra todas as formas

    O sistema imunológico aprende com aquilo em que já teve contato. Se você teve dengue por DENV-2, o corpo cria defesa eficiente contra esse tipo. Mas, ao se infectar depois por um outro sorotipo (ex.: DENV-3), os anticorpos anteriores podem reconhecer parcialmente o vírus sem neutralizá-lo com a mesma eficácia.

    Nesse cenário pode ocorrer a amplificação dependente de anticorpos (ADE): os anticorpos da primeira infecção acabam facilitando a entrada do novo vírus nas células de defesa, levando a uma resposta inflamatória exagerada e elevando o risco de dengue grave (hemorrágica). Por isso alguém pode ter até quatro episódios, com reações distintas do organismo em cada um.

    Qual é a relação entre os sorotipos e os casos mais graves

    As segundas infecções costumam ser as mais perigosas. Com anticorpos de um sorotipo prévio em circulação, a resposta ao novo sorotipo pode ser descontrolada, aumentando a inflamação e o risco de:

    • Vazamento de plasma, com desidratação e queda de pressão;
    • Hemorragias (de leves a graves);
    • Comprometimento de órgãos como fígado e coração.

    Quando um sorotipo pouco comum volta a circular em uma região onde a população já teve contato com outro tipo, cresce o risco de surtos e epidemias. O Brasil já viveu períodos com predominância de DENV-1 e DENV-2 (anos 1990), grandes epidemias com DENV-3 (anos 2000) e, mais recentemente, preocupação com o DENV-4.

    Leia também: Dengue no Brasil: por que a doença volta todo ano

    Os quatro sorotipos no Brasil

    Desde 2024, há circulação simultânea dos quatro tipos do vírus no país. Essa situação rara aumenta o risco de reinfecções e formas graves e explica por que a dengue pode atingir a mesma pessoa várias vezes, mesmo com intervalos longos.

    Além disso, fatores ambientais como calor, chuva e água parada favorecem a reprodução do Aedes aegypti, o mosquito transmissor. Onde há mosquito, há risco de dengue — independentemente do sorotipo.

    Vacina contra a dengue: o que muda com os quatro sorotipos

    Com todos os tipos em circulação, a vacinação ganhou ainda mais relevância. O Brasil conta com duas vacinas licenciadas:

    • Qdenga® (Takeda): disponível na rede pública em várias cidades; protege contra os quatro sorotipos e pode ser aplicada em quem já teve ou nunca teve dengue.
    • Dengvaxia® (Sanofi Pasteur): indicada apenas para pessoas com infecção prévia confirmada.

    A Qdenga passou a ser oferecida pelo SUS em 2024 para faixas etárias específicas. Vacina não substitui prevenção: é essencial eliminar criadouros semanalmente e evitar picadas (roupas compridas, repelente). Quem está com dengue deve usar repelente para evitar que mosquitos se infectem e transmitam a outras pessoas.

    Veja também: Dengue hemorrágica: quando os sintomas indicam alerta máximo

    Perguntas frequentes sobre sorotipos da dengue

    1. Posso pegar dengue mais de uma vez?

    Sim. Como existem quatro sorotipos diferentes, é possível contrair dengue até quatro vezes na vida.

    2. Ter tido dengue uma vez protege contra as outras?

    Não completamente. A imunidade é permanente apenas contra o sorotipo original e parcial contra os demais.

    3. Por que a segunda dengue costuma ser mais grave?

    Pelo fenômeno de ADE, no qual anticorpos anteriores podem facilitar a entrada do novo vírus nas células, amplificando a resposta inflamatória e o risco de sangramentos.

    4. Qual sorotipo é mais perigoso?

    Todos podem causar formas graves. Em alguns contextos, o DENV-3 é frequentemente associado a surtos com casos mais severos, mas a gravidade depende de múltiplos fatores.

    5. O que significa amplificação dependente de anticorpos (ADE)?

    É quando anticorpos de uma infecção anterior, em vez de neutralizar, facilitam a entrada de um novo sorotipo nas células de defesa, agravando o quadro.

    6. Se todos os tipos circulam, como posso me proteger?

    Prevenção diária: elimine água parada, use repelente, instale telas nas janelas e mantenha caixas d’água bem fechadas. A vacinação, quando indicada, complementa essas medidas.

    7. A vacina resolve o problema dos quatro tipos?

    Ajuda muito, pois oferece proteção contra os quatro sorotipos, mas não substitui o controle do mosquito nem as ações de prevenção ambiental.

    8. E quem já teve dengue deve tomar a vacina?

    Depende da vacina. A Qdenga pode ser aplicada em quem já teve ou não; a Dengvaxia é indicada apenas para quem tiver comprovação laboratorial de dengue prévia.

    9. O que fazer se surgirem sintomas de dengue?

    Procure atendimento médico imediato, principalmente se você já teve dengue antes. Febre alta, dor abdominal, vômitos e sangramentos são sinais de alerta.

    Veja mais: Dentro de casa e no quintal: os 7 esconderijos mais comuns do mosquito da dengue