Categoria: Doenças & Condições

isParent

  • Corrimento com cheiro forte? Pode ser vaginose bacteriana 

    Corrimento com cheiro forte? Pode ser vaginose bacteriana 

    O corrimento vaginal com odor forte é uma das queixas mais frequentes nos consultórios ginecológicos. Embora muitas mulheres associem imediatamente esse sintoma a infecção sexualmente transmissível, na maioria dos casos, trata-se de vaginose bacteriana, uma condição comum causada por um desequilíbrio da flora vaginal.

    Mesmo sendo um problema simples de tratar, a vaginose pode causar desconforto, afetar a vida sexual e, quando não tratada, trazer complicações importantes, especialmente durante a gravidez. Por isso, entender o que é, como surge e como se prevenir é essencial para manter a saúde íntima em dia.

    O que é a vaginose bacteriana?

    A vaginose bacteriana ocorre quando há um desequilíbrio na flora vaginal.

    Em condições normais, a vagina é protegida por Lactobacillus, bactérias que:

    • Mantêm o pH vaginal ácido;
    • Produzem substâncias que impedem o crescimento de micro-organismos nocivos.

    Quando esses lactobacilos diminuem, bactérias como Gardnerella vaginalis e outras anaeróbias passam a se multiplicar. O resultado é um corrimento alterado com odor característico.

    É importante dizer que a vaginose não é uma IST, embora a atividade sexual possa favorecer o desequilíbrio do pH vaginal.

    Causas e fatores de risco

    A vaginose acontece quando o pH vaginal aumenta e os lactobacilos diminuem.

    Os principais fatores de risco são:

    • Duchas vaginais;
    • Fumo;
    • Uso recente de antibióticos;
    • Uso de produtos de higiene íntima sem orientação;
    • Alterações hormonais;
    • Contato com sêmen (que aumenta o pH).

    Essas situações tornam a flora vaginal mais vulnerável ao crescimento das bactérias que causam a vaginose.

    Sintomas

    O sintoma mais característico é o corrimento com odor forte, descrito como “cheiro de peixe”.

    Outros sinais são:

    • Corrimento branco, acinzentado ou amarelado;
    • Odor mais intenso após a relação sexual;
    • Aumento da secreção vaginal.

    A vaginose não costuma causar coceira, ardor ou dor, o que ajuda a diferenciá-la de candidíase e tricomoníase.

    Cerca de 50% das mulheres são assintomáticas, o que reforça a importância da avaliação ginecológica.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico é clínico, baseado nos critérios de Amsel, que são:

    • Corrimento branco-acinzentado e homogêneo;
    • pH vaginal > 4,5;
    • Odor de peixe ao misturar o corrimento com substâncias alcalinas (teste das aminas);
    • Presença de “células-guia” ao microscópio.

    Quando necessário, o ginecologista pode solicitar o teste de Nugent, exame laboratorial que analisa a flora vaginal pela coloração de Gram.

    Possíveis complicações

    Quando não tratada, a vaginose pode aumentar o risco de outras infecções, incluindo:

    • HIV e HPV;
    • Clamídia e gonorreia;
    • Doença inflamatória pélvica;
    • Infertilidade tubária.

    Complicações na gravidez

    Em gestantes, a vaginose pode estar associada a:

    • Parto prematuro;
    • Ruptura precoce da bolsa;
    • Infecção uterina após o parto;
    • Baixo peso ao nascer.

    Tratamento

    O objetivo é restaurar o equilíbrio da flora vaginal.

    Medicamentos

    Os antibióticos mais usados são:

    • Metronidazol (oral ou gel vaginal);
    • Clindamicina (oral ou creme vaginal).

    Durante o tratamento:

    • Evite álcool (especialmente com Metronidazol, pelo risco de reação adversa);
    • Evite relações sexuais desprotegidas;
    • Siga a orientação médica até o fim.

    Efeitos colaterais comuns

    • Náuseas;
    • Gosto metálico;
    • Dor de cabeça;
    • Tontura.

    O tratamento é seguro na gestação, desde que prescrito pelo ginecologista.

    E quando a vaginose volta?

    A recorrência é comum: até 80% das mulheres podem ter novos episódios em um ano.

    Nesses casos, pode ser necessário:

    • Tratamento prolongado com gel vaginal;
    • Restauração gradual da flora vaginal;
    • Acompanhamento mais regular com o ginecologista.

    Veja também: Candidíase vaginal: o que é, causas, sintomas e como tratar

    Como prevenir a vaginose bacteriana

    Alguns hábitos reduzem o risco de novos episódios:

    • Evite duchas vaginais;
    • Não use produtos íntimos perfumados;
    • Use camisinha;
    • Evite fumar;
    • Prefira roupas íntimas de algodão;
    • Faça higiene íntima suave, sem exageros;
    • Visite o ginecologista regularmente.

    Perguntas frequentes sobre vaginose bacteriana

    1. Vaginose é a mesma coisa que candidíase?

    Não. A vaginose tem odor forte e pH elevado; a candidíase causa coceira, vermelhidão e corrimento esbranquiçado.

    2. Vaginose pega do parceiro?

    Não é considerada uma IST, mas a atividade sexual pode modificar o pH vaginal.

    3. Homens precisam tratar?

    Não. O parceiro não precisa de tratamento, pois não há transmissão direta.

    4. Posso ter vaginose mesmo sem ter vida sexual ativa?

    Sim. Duchas vaginais, antibióticos e alterações hormonais também podem causar desequilíbrio.

    5. Probióticos ajudam?

    Podem ser úteis em alguns casos, mas devem ser usados sob orientação do ginecologista.

    6. A vaginose interfere na fertilidade?

    Pode interferir, pois aumenta o risco de doença inflamatória pélvica.

    7. Posso prevenir apenas com higiene?

    Higiene excessiva pode piorar. O ideal é limpar sem agredir a flora natural.

    Veja mais: Odor vaginal: quando é normal, sinais de alerta e cuidados

  • Síndrome metabólica: o que é, sintomas e como controlar 

    Síndrome metabólica: o que é, sintomas e como controlar 

    A síndrome metabólica é cada vez mais comum e silenciosa. Muitas pessoas só descobrem a condição após anos convivendo com pressão alta, açúcar elevado no sangue ou aumento da circunferência abdominal. O problema é que, quando esses fatores se somam, o impacto sobre o coração, vasos sanguíneos e metabolismo é muito maior do que cada um isoladamente.

    Hoje sabe-se que o estilo de vida é determinante para o surgimento e a evolução da síndrome metabólica, mas, mesmo sendo uma condição séria, ela é totalmente controlável e, em alguns casos, reversível, desde que feito um acompanhamento adequado.

    O que é a síndrome metabólica?

    A síndrome metabólica é a combinação de pelo menos três dos seguintes fatores:

    • Aumento da circunferência abdominal;
    • Pressão arterial elevada;
    • Glicose alta no sangue;
    • HDL baixo (colesterol “bom”);
    • Triglicerídeos elevados.

    Esses sinais mostram que o corpo está com dificuldade de controlar açúcar, gorduras e pressão arterial, e isso aumenta de forma significativa o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC.

    Por que ela é perigosa?

    A síndrome metabólica atua de forma silenciosa. Na maior parte do tempo, a pessoa não sente nada, mas o corpo já está sofrendo:

    • Excesso de açúcar circulando;
    • Inflamação crônica;
    • Sobrecarga dos vasos sanguíneos;
    • Aumento do estresse oxidativo.

    Com o tempo, essas alterações podem levar a:

    • Doenças cardíacas;
    • AVC;
    • Doença renal;
    • Esteatose hepática;
    • Diabetes tipo 2.

    O que causa a síndrome metabólica?

    O principal fator é o estilo de vida, mas a genética também tem peso.

    Entre as causas mais comuns estão:

    • Alimentação rica em gorduras ruins, açúcar e ultraprocessados;
    • Sedentarismo;
    • Sobrepeso e obesidade (especialmente gordura abdominal);
    • Histórico familiar;
    • Idade avançada.

    Como é feito o diagnóstico

    Avaliação clínica

    • História detalhada;
    • Exame físico;
    • Medida da pressão arterial;
    • Circunferência abdominal (alerta acima de 88 cm em mulheres e 102 cm em homens).

    Exames laboratoriais

    • Glicemia;
    • Colesterol;
    • Triglicerídeos.

    O médico reúne os resultados e confirma o diagnóstico quando há três ou mais fatores alterados.

    Tem cura? Como é o tratamento

    Sim, a síndrome metabólica pode ser revertida com mudanças consistentes no estilo de vida.

    As principais medidas incluem:

    • Alimentação equilibrada, rica em fibras e pobre em ultraprocessados;
    • Prática regular de exercícios físicos;
    • Perda de peso saudável;
    • Redução do consumo de álcool;
    • Abandono do tabagismo;
    • Acompanhamento médico periódico.

    Em alguns casos, o médico pode prescrever medicamentos para controlar:

    • Pressão arterial;
    • Colesterol;
    • Triglicerídeos;
    • Glicemia.

    Manifestações associadas

    Por estar relacionada à resistência à insulina e à hiperinsulinemia, outras condições podem aparecer junto com a síndrome metabólica:

    Acantose nigricans

    Manchas escurecidas, aveludadas e endurecidas, especialmente em axilas, virilhas e pescoço.

    Esteatose hepática

    Acúmulo de gordura nas células do fígado, que pode evoluir para inflamação e fibrose hepática.

    Hiperandrogenismo

    Em algumas pessoas, especialmente mulheres, pode causar hirsutismo (excesso de pelos), acne e irregularidade menstrual.

    Veja mais: 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta

    Perguntas frequentes sobre síndrome metabólica

    1. A síndrome metabólica é o mesmo que diabetes?

    Não. Mas ela aumenta muito o risco de desenvolver diabetes tipo 2.

    2. É possível reverter totalmente a síndrome metabólica?

    Sim, especialmente quando o diagnóstico é precoce e o estilo de vida é corrigido.

    3. Só pessoas acima do peso têm síndrome metabólica?

    Não. Pessoas magras com acúmulo de gordura abdominal também podem desenvolver.

    4. Quais exercícios ajudam mais?

    O ideal é combinar aeróbico (como caminhada) com musculação para aumentar a sensibilidade à insulina.

    5. Preciso tomar remédios?

    Nem sempre. Mas quando os valores estão muito altos, o uso de medicamentos pode ser necessário.

    6. A circunferência abdominal é mesmo tão importante?

    Sim. A gordura abdominal é metabolicamente ativa e libera substâncias inflamatórias.

    7. A síndrome metabólica dá sintomas?

    Quase nunca no início, por isso é tão perigosa.

    Veja também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos

  • Pressão alta: quando ir ao pronto-socorro?

    Pressão alta: quando ir ao pronto-socorro?

    No Brasil, a estimativa é que 388 pessoas morrem diariamente por problemas decorrentes da hipertensão, uma condição crônica em que a força do sangue contra as paredes das artérias fica constantemente acima do nível considerado normal.

    Ela faz com que o coração tenha que trabalhar mais para empurrar o sangue pelo corpo — aumentando o risco de doenças graves, como AVC, infarto e aneurisma. Por isso, é ainda mais importante manter o acompanhamento médico regular para controlar a pressão e cuidar da saúde do coração.

    Mas você sabe quando é hora de ir ao pronto-socorro? A pressão alta costuma ser silenciosa, mas, quando os níveis sobem demais, o corpo geralmente emite sinais de alerta que podem indicar uma crise hipertensiva. Entenda melhor a seguir.

    A partir de qual valor a pressão é considerada perigosa?

    A pressão arterial é considerada alta quando está igual ou acima de 140/90 mmHg (14 por 9), e normalmente não manifesta sintomas importantes, o que faz com que muitas pessoas convivam com a condição sem perceber.

    Contudo, ela se torna perigosa quando ultrapassa 180/120 mmHg (18 por 12), especialmente se acompanhada de sintomas, conforme explica o cardiologista e cardio-oncologista Giovanni Henrique Pinto.

    Os níveis elevados podem indicar uma crise hipertensiva, situação em que a pressão sobe a ponto de ameaçar a integridade de órgãos vitais, como o cérebro, o coração e os rins. O quadro exige atenção médica imediata, sendo recomendado procurar o pronto-socorro para avaliação e tratamento rápido — o que pode reduzir o risco de complicações graves.

    A pressão está alta, o que fazer antes de ir ao hospital?

    Quando a pressão arterial fica muito alta, antes de ir ao hospital, existem alguns passos simples que podem ajudar a conferir se o valor está realmente elevado e se existe risco imediato, sendo eles:

    • Refaça a medida após 5 a 10 minutos de repouso, sentado, em um ambiente calmo e sem falar durante a aferição;
    • Evite entrar em pânico, pois o nervosismo pode, por si só, elevar ainda mais a pressão, piorando a situação. Respire fundo e tente manter a calma;
    • Não repita a medição várias vezes seguidas. Medir a pressão repetidamente em poucos minutos aumenta a ansiedade, pode gerar leituras erradas e não ajuda a controlar o quadro;
    • Se, mesmo após o repouso, os valores continuarem acima de 180/120 mmHg (18 por 12) ou se surgirem sintomas de alerta, procure imediatamente um pronto-socorro.

    Importante: se você já usa remédios para o controle da pressão arterial, não aumente a dosagem sem orientação médica. “Alguns medicamentos (como captopril, losartana ou clonidina) até podem reduzir a pressão rapidamente, mas o uso inadequado pode causar queda brusca da pressão, tontura, desmaio ou até redução da perfusão cerebral e renal”, explica Giovanni.

    O cardiologista esclarece que o ideal é seguir o plano indicado pelo médico para situações de elevação da pressão, pois muitos pacientes recebem um “plano de ação” personalizado, que orienta quando e como usar um medicamento de resgate.

    Leia também: Pressão alta e rins: como proteger a saúde renal

    Quando ir ao pronto-socorro por conta de pressão alta?

    É importante procurar atendimento médico quando a pressão continuar acima de 180/120 mmHg (18 por 12) e se vier acompanhada de sinais de alerta, como:

    • Dor no peito ou sensação de aperto;
    • Falta de ar;
    • Dor de cabeça intensa e súbita;
    • Visão borrada, turvação visual ou perda de visão;
    • Tontura, confusão mental, desmaio ou fala arrastada;
    • Fraqueza ou dormência em um lado do corpo;
    • Náuseas e vômitos intensos.

    “Mesmo sem sintomas, uma pressão acima de 180/120 mmHg deve ser reavaliada rapidamente — se não baixar após alguns minutos de repouso, é motivo para procurar o pronto-socorro”, explica Giovanni.

    Como é feito o atendimento de pressão alta?

    No pronto-socorro, o atendimento em casos de crise hipertensiva é focado em identificar rapidamente se a pressão elevada já causou danos em órgãos importantes.

    Primeiro, o médico irá aferir a pressão diversas vezes e avaliar a presença de sintomas, como dor no peito e falta de ar. Depois, podem ser solicitados exames para entender se existe comprometimento de órgãos como cérebro, coração ou rins, como:

    • Eletrocardiograma;
    • Dosagem de creatinina;
    • Eletrólitos;
    • Exame de urina;
    • Raio-X do tórax;
    • Se necessário, tomografia.

    O tratamento costuma começar com medicamentos via oral ou intravenosa, de forma gradual. “A meta é reduzir a pressão sem quedas abruptas, que poderiam agravar o quadro”, complementa Giovanni.

    Como evitar uma crise de pressão alta?

    Para evitar uma crise hipertensiva, é importante controlar a pressão no dia a dia e reduzir os fatores que fazem esses números subirem. Algumas medidas simples ajudam muito, como:

    • Tomar os remédios exatamente como o médico orientou, sem pular doses;
    • Reduzir o consumo de sal na alimentação;
    • Evitar excesso de álcool e de alimentos ultraprocessados;
    • Manter o peso adequado e praticar atividade física regular;
    • Dormir bem e tentar reduzir o estresse diário;
    • Evitar uso de anti-inflamatórios e descongestionantes nasais sem orientação médica;
    • Medir a pressão com certa frequência e acompanhar os valores.

    “Com tratamento contínuo e hábitos saudáveis, é possível manter a pressão sob controle e evitar novas emergências”, finaliza o cardiologista.

    Confira: 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta

    Perguntas frequentes sobre pressão alta

    Pressão alta tem cura?

    A hipertensão é uma doença crônica, o que significa que ela não tem cura. Contudo, é totalmente possível controlar os números com acompanhamento médico regular e hábitos saudáveis.

    Quando a pessoa segue o tratamento, faz consultas de rotina, tem uma alimentação equilibrada, reduz o consumo de sal e pratica atividade física, a pressão pode ficar estável por longos períodos. Com o tempo, isso evita complicações graves e melhora a qualidade de vida.

    É verdade que o sal aumenta a pressão?

    O excesso de sal está diretamente ligado ao aumento da pressão arterial porque interfere na retenção de líquidos e no equilíbrio do organismo. Nesse sentido, reduzir o sal é uma das estratégias mais importantes para controlar a hipertensão, especialmente em quem já tem tendência ou histórico familiar.

    Quem tem pressão alta precisa medir a pressão em casa?

    Sim! Medir a pressão em casa faz parte do tratamento e ajuda a acompanhar se o remédio está funcionando e se as mudanças na rotina estão dando resultado. Além disso, a monitorização caseira ajuda a identificar oscilações e perceber quando algo não vai bem, antes de surgir uma emergência.

    O ideal é medir a pressão com aparelhos digitais validados e, de preferência, de braço, pois são mais confiáveis do que os de pulso.

    É normal a pressão subir quando estou nervoso ou ansioso?

    Sim! Em momentos de estresse emocional, o corpo libera substâncias que aumentam os batimentos cardíacos e elevam a pressão temporariamente — o que pode acontecer em qualquer pessoa. Porém, valores muito altos não devem ser ignorados, mesmo se o motivo for ansiedade.

    Se a pressão sobe com frequência em momentos de estresse, isso deve ser avaliado com o médico para ajustar o tratamento e evitar crises.

    Posso parar o remédio se a pressão estiver controlada?

    Não, pois a pressão controlada significa que o tratamento está funcionando. Parar o remédio por conta própria pode fazer a pressão subir novamente e colocar a saúde em risco, aumentando chances de AVC e infarto. Qualquer ajuste de dose, troca de medicação ou suspensão precisa ser orientado pelo médico.

    É possível controlar a pressão apenas com alimentação e exercícios?

    Em alguns casos mais leves, principalmente quando o diagnóstico é recente e não há outras doenças associadas (como diabetes), as mudanças de hábitos podem ajudar muito e até permitir controle sem remédios — mas isso não se aplica a todo mundo.

    Em muitas pessoas, mesmo com alimentação adequada e atividade física regular, o uso de medicamentos continua sendo necessário. A melhor forma de saber é com acompanhamento médico, análises periódicas e monitorização da pressão ao longo do tempo.

    Leia mais: Potássio ajuda a reduzir a pressão alta? Cardiologista explica

  • Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo: a doença autoimune que aumenta o risco de trombose

    Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo: a doença autoimune que aumenta o risco de trombose

    A formação de coágulos dentro das veias ou artérias geralmente é vista como um evento agudo e imprevisível, mas, para algumas pessoas, esse risco está ligado a uma condição autoimune chamada Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo (SAF).

    Também conhecida como Síndrome de Hughes, ela faz com que o próprio sistema imunológico produza anticorpos que atrapalham a coagulação sanguínea, facilitando o surgimento de tromboses.

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo pode afetar homens e mulheres de qualquer idade, é uma das causas mais importantes de trombofilia adquirida e está associada a perdas gestacionais e complicações na gravidez.

    O que é a síndrome do anticorpo antifosfolipídeo?

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo é uma doença autoimune crônica em que o corpo produz anticorpos antifosfolipídeos, capazes de interferir no sistema de coagulação. Isso aumenta o risco de formação de trombos que podem:

    • Dificultar a passagem do sangue;
    • Bloquear veias ou artérias;
    • Causar complicações graves, como AVC, embolia pulmonar ou trombose venosa profunda.

    A doença é uma das causas mais comuns de trombofilia adquirida e também está associada a abortos repetidos e complicações obstétricas.

    Por que isso acontece?

    A causa exata ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que alguns fatores desencadeantes podem funcionar como gatilho em pessoas que já têm anticorpos circulantes.

    Entre os principais gatilhos estão:

    • Cirurgias ou procedimentos invasivos;
    • Infecções graves;
    • Gravidez;
    • Interrupção de anticoagulantes em quem já faz tratamento.

    Nem todos que têm os anticorpos desenvolvem tromboses; é a combinação entre predisposição e gatilho que costuma precipitar as manifestações.

    Sintomas da síndrome do anticorpo antifosfolipídeo

    Os sintomas dependem da região em que o trombo se forma. Algumas pessoas têm sinais leves; outras apresentam manifestações graves.

    Quando a trombose ocorre em veias (Trombose Venosa Profunda)

    • Dor;
    • Inchaço;
    • Vermelhidão;
    • Calor no local.

    Quando ocorre em artérias

    • AVC (pode surgir em pessoas jovens sem fatores de risco);
    • Dor súbita e intensa em membros.

    Outras manifestações

    • Manchas arroxeadas na pele que pioram com frio (livedo);
    • Trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas);
    • Problemas cardíacos;
    • Microtromboses difusas.

    Relação com gravidez

    • Abortos repetidos;
    • Pré-eclâmpsia;
    • Restrição de crescimento fetal.

    Forma rara e grave

    A Síndrome Antifosfolipídica Catastrófica afeta vários órgãos ao mesmo tempo e é uma emergência médica.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico depende de critérios clínicos e laboratoriais.

    É necessário ter:

    1. Critérios clínicos

    • Histórico de trombose ou
    • Complicações obstétricas, como:
      • três ou mais abortos consecutivos;
      • parto prematuro por pré-eclâmpsia grave ou restrição de crescimento;
      • outras complicações típicas da doença.

    2. Critérios laboratoriais

    Exames positivos para anticorpos antifosfolipídeos, confirmados em duas coletas com intervalo mínimo de 12 semanas:

    • Anticardiolipina (IgG ou IgM);
    • Anti-beta-2 glicoproteína I (IgG ou IgM);
    • Anticoagulante lúpico.

    Ter esses anticorpos não significa lúpus, mas algumas pessoas têm síndrome do anticorpo antifosfolipídeo associada ao lúpus eritematoso sistêmico.

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo pode ser evitada?

    Não é possível evitar a doença em si, mas é possível prevenir complicações, especialmente tromboses.

    Principais recomendações:

    • Não fumar;
    • Manter peso saudável;
    • Praticar atividade física regularmente;
    • Controlar colesterol e triglicerídeos;
    • Evitar uso de estrogênio (pílulas combinadas), salvo orientação médica;
    • Evitar medicamentos que alteram a coagulação por conta própria.

    Esses cuidados são ainda mais importantes em quem já tem anticorpos circulantes.

    Tratamento

    A SAF não tem cura, mas é totalmente controlável com tratamento adequado. O objetivo é evitar a formação de novos trombos.

    Tratamento principal: anticoagulantes

    Medicamentos anticoagulantes reduzem a tendência de formação de coágulos. Geralmente, o uso é contínuo e monitorado com exames como o INR, que verifica se o sangue está na faixa terapêutica ideal.

    Durante a gravidez

    O tratamento é diferenciado, para garantir segurança para mãe e bebê. Com acompanhamento adequado, o risco de aborto e complicações é significativamente reduzido.

    Cuidados com medicamentos

    Vários remédios interferem nos anticoagulantes, entre eles anti-inflamatórios e analgésicos comuns.

    Por isso, é essencial:

    • Avisar o médico sobre qualquer novo medicamento;
    • Evitar automedicação;
    • Monitorar regularmente o exame de INR.

    Alimentação: atenção à vitamina K

    A vitamina K (presente em folhas verdes escuras como couve, brócolis e espinafre) interfere na ação dos anticoagulantes.

    Não é necessário cortar esses alimentos. O ideal é manter um consumo regular e estável, sem grandes variações.

    Por que o tratamento é tão importante?

    Sem controle, a síndrome do anticorpo antifosfolipídeo pode levar a complicações graves, como:

    • Trombose venosa profunda;
    • AVC;
    • Embolia pulmonar;
    • Perda gestacional recorrente.

    Com acompanhamento regular, a maioria das pessoas leva uma vida saudável e normal.

    Veja também: 7 cuidados que você deve ter antes de engravidar

    Perguntas frequentes sobre síndrome do anticorpo antifosfolipídeo

    1. A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo é a mesma coisa que trombofilia?

    A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo é um tipo de trombofilia adquirida, ou seja, provoca maior risco de trombose ao longo da vida.

    2. SAF está ligada ao lúpus?

    Pode estar, mas não necessariamente. Muitas pessoas têm síndrome do anticorpo antifosfolipídeo isolada.

    3. A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo tem cura?

    Não, mas é totalmente controlável com acompanhamento médico.

    4. Vou precisar tomar anticoagulante para sempre?

    Na maioria dos casos, sim. A decisão depende da história de trombose e do risco individual.

    5. Posso engravidar com síndrome do anticorpo antifosfolipídeo?

    Sim. Com tratamento adequado durante a gestação, muitas mulheres têm gravidez saudável.

    6. A alimentação interfere no tratamento?

    Sim. Alimentos ricos em vitamina K devem ser consumidos de forma estável.

    7. A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo aumenta risco de AVC?

    Sim, especialmente quando há trombose arterial. O tratamento reduz muito esse risco.

    Veja também: Trombose do viajante: o que é, sintomas, causas e como evitar

  • Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes 

    Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes 

    O diabetes é uma das doenças crônicas mais conhecidas do mundo, mas existe uma forma menos falada que costuma surpreender até quem já convive com o diagnóstico: o LADA, o diabetes autoimune latente do adulto. Ele é chamado informalmente de “diabetes tipo 1,5” porque reúne características do tipo 1 e do tipo 2, e muitas vezes passa despercebido nos primeiros anos.

    Por causa dessa evolução lenta, muitas pessoas recebem tratamento inadequado por meses ou anos. Identificar o LADA precocemente faz toda a diferença para escolher o tratamento correto, preservar a função do pâncreas por mais tempo e evitar complicações a longo prazo.

    O que é o diabetes LADA?

    O diabetes LADA é uma forma de diabetes causada por uma reação autoimune: o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis por produzir insulina. A destruição é lenta, e por isso os sintomas começam como no diabetes tipo 2, mas depois evoluem para a necessidade de insulina, como acontece no diabetes tipo 1.

    Por isso ele é considerado uma condição intermediária entre os dois tipos clássicos.

    Como é feito o diagnóstico

    A Sociedade de Imunologia para Diabetes estabelece três critérios para identificar o diabetes LADA:

    • Diagnóstico após os 30 anos;
    • Presença de anticorpos contra o pâncreas;
    • Não precisar de insulina nos primeiros 6 meses.

    No início, o LADA costuma ser confundido com diabetes tipo 2 porque:

    • A glicose sobe de forma mais leve;
    • Os medicamentos orais funcionam no começo;
    • Os sintomas podem ser discretos.

    Com o tempo, porém, o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina, e o controle da glicose começa a falhar, mesmo com tratamento adequado, um sinal de alerta importante.

    Por que o diabetes LADA acontece?

    O diabetes LADA tem origem genética e autoimune. Alguns genes aumentam o risco da doença, mas ainda não se sabe ao certo o que desencadeia a reação imunológica.

    Os fatores associados são:

    • Excesso de peso;
    • Tabagismo;
    • Sedentarismo;
    • Consumo excessivo de bebidas açucaradas;
    • Baixo peso ao nascer.

    Por outro lado, hábitos como atividade física regular, alimentação equilibrada e consumo de peixes ricos em ômega 3 parecem ter efeito protetor.

    Quão comum é o diabetes LADA?

    Mais do que se imagina: 5% a 15% dos adultos diagnosticados inicialmente com diabetes tipo 2 na verdade têm diabetes LADA.

    Em países como Reino Unido e outros da Europa, cerca de 10% dos adultos com diabetes apresentam essa forma autoimune.

    Como o corpo reage no diabetes LADA

    No LADA, o organismo produz anticorpos que atacam gradualmente as células produtoras de insulina (sem destruí-las tão rapidamente quanto no diabetes tipo 1).

    A doença mistura características dos dois tipos clássicos:

    • Autoimunidade semelhante ao tipo 1;
    • Evolução lenta inicial, semelhante ao tipo 2;
    • Ocorre em adultos, geralmente com peso normal ou levemente acima do ideal.

    Sintomas

    Os sintomas do diabetes LADA são semelhantes aos dos outros tipos de diabetes:

    • Sede excessiva;
    • Urinar com frequência;
    • Cansaço persistente;
    • Perda de peso sem motivo;
    • Visão embaçada;
    • Formigamento nos pés.

    Algumas pessoas podem permanecer sem sintomas por um tempo, descobrindo a doença apenas em exames de rotina.

    Exames para diagnosticar o diabetes LADA

    Além dos exames comuns para diabetes (glicemia, hemoglobina glicada, urina), o médico pode solicitar:

    • Anticorpos específicos, como o GADA (o mais comum);
    • Dosagem de peptídeo C, que mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.

    Pessoas com diabetes LADA costumam ter:

    • Peptídeo C em níveis intermediários;
    • Anticorpos positivos;
    • Pouca ou nenhuma resistência à insulina.

    Esses achados ajudam a diferenciar o diabetes LADA de diabetes tipo 1 e tipo 2.

    Tratamento

    O tratamento é personalizado e depende do estágio da doença.

    Inclui:

    • Alimentação equilibrada;
    • Atividade física regular;
    • Acompanhamento médico frequente.

    Medicamentos

    • Insulina: pode ser necessária logo no início ou apenas após alguns anos;
    • Agonistas de GLP-1 e inibidores de DPP-4: ajudam a preservar a função do pâncreas.

    Importante:

    Sulfonilureias devem ser evitadas, pois aceleram a perda das células produtoras de insulina.

    Por que reconhecer o diabetes LADA é tão importante?

    Um diagnóstico impreciso pode atrasar o tratamento adequado, aumentando o risco de complicações.

    Identificar o diabetes LADA permite:

    • Preservar a função do pâncreas por mais tempo;
    • Melhorar o controle da glicose;
    • Reduzir o risco de danos nos rins, olhos, coração e vasos;
    • Oferecer uma abordagem individualizada.

    Leia também: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Perguntas frequentes sobre LADA

    1. LADA é a mesma coisa que diabetes tipo 1?

    Não. Ambos são autoimunes, mas o LADA se desenvolve lentamente e aparece apenas em adultos.

    2. Quem tem LADA sempre vai precisar de insulina?

    A tendência é que sim, mas o momento varia de pessoa para pessoa.

    3. LADA pode ser confundido com diabetes tipo 2?

    Sim, e isso é muito comum. Por isso o diagnóstico correto é tão importante.

    4. LADA tem cura?

    Não, mas pode ser controlado com tratamento adequado.

    5. Exercícios ajudam no LADA?

    Sim. Atividade física melhora sensibilidade à insulina e ajuda no controle glicêmico.

    6. O que o peptídeo C indica?

    Ele mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.

    7. Alimentação pode substituir o tratamento medicamentoso?

    Não. É complementar, mas não substitui medicamentos quando o pâncreas já está comprometido.

    Leia mais: Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar

  • Dor e rigidez nas articulações? Pode ser artrite reumatoide 

    Dor e rigidez nas articulações? Pode ser artrite reumatoide 

    A artrite reumatoide (AR) é uma doença que vai muito além das dores nas articulações. Trata-se de uma condição autoimune crônica que, se não for identificada e tratada cedo, pode comprometer a mobilidade, causar deformidades e afetar até órgãos internos.

    É uma doença que mexe com a rotina e a qualidade de vida, mas que hoje conta com tratamentos eficazes e capazes de controlar a inflamação e evitar danos permanentes.

    Por ser uma doença silenciosa nas fases iniciais, com sintomas que podem ser confundidos com cansaço ou estresse, o diagnóstico precoce faz toda a diferença. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maiores as chances de impedir a progressão e preservar a função das articulações.

    O que é a artrite reumatoide (AR)?

    A artrite reumatoide é uma doença autoimune crônica. Isso significa que o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo, passa a atacar equivocadamente as articulações.

    Esse ataque provoca:

    • Inflamação persistente;
    • Dor;
    • Rigidez;
    • Inchaço.

    A doença costuma afetar as articulações de forma simétrica, como os dois joelhos, os dois punhos ou as duas mãos. Com o tempo, a inflamação contínua pode levar à destruição da cartilagem e do osso, causando deformidades e perda de movimento.

    Quem pode ter artrite reumatoide?

    Algumas características aumentam as chances de desenvolver a doença:

    • É 2 a 3 vezes mais comum em mulheres;
    • Mais frequente entre 40 e 60 anos, embora possa surgir em outras idades;
    • Mais comum em áreas urbanas do que em regiões rurais.

    Sintomas principais

    No início

    • Cansaço e fraqueza;
    • Rigidez matinal (dificuldade de movimentar as articulações pela manhã);
    • Articulações inchadas, sensíveis e doloridas.

    Com avanço sem tratamento

    • Deformidades articulares;
    • Limitação importante dos movimentos;
    • Dor intensa;
    • Inflamação em outros órgãos, como:
      • Pulmões;
      • Olhos;
      • Coração;
      • Pele;
      • Nervos.

    Causas e fatores de risco

    A causa exata da artrite reumatoide ainda não é conhecida, mas os estudos mostram que ela surge da combinação entre genética e ambiente.

    Principais fatores associados

    • Dereditariedade: ter familiares com artrite reumatoide aumenta o risco;
    • Tabagismo: é o fator de risco mais forte e bem documentado;
    • Infecções: alguns vírus e bactérias podem funcionar como gatilho;
    • Estilo de vida: obesidade e dieta pobre em fibras aumentam as chances.

    Como é feito o diagnóstico

    Não existe um único exame que confirme a doença. O diagnóstico é feito a partir da combinação de:

    1. Avaliação clínica

    Análise dos sintomas, histórico e exame físico das articulações.

    2. Exames de imagem

    • Ultrassom;
    • Ressonância magnética;
    • Raio-X.

    Esses exames permitem detectar inflamação e alterações articulares.

    3. Exames de sangue

    • Marcadores inflamatórios (PCR e VHS);
    • Anticorpos específicos (fator reumatoide e anti-CCP/ACPA);

    A identificação precoce é fundamental: o tratamento iniciado cedo consegue impedir a progressão e evitar deformidades.

    Tratamento da artrite reumatoide

    O objetivo do tratamento é alcançar remissão (ausência de sintomas) ou reduzir de forma significativa a atividade da doença.

    As principais estratégias são as abaixo.

    1. Remédios

    Eles aliviam sintomas e controlam a inflamação. Entre eles:

    • Anti-inflamatórios não esteroidais;
    • Corticóides;
    • Medicamentos antirreumáticos modificadores da doença (DMARDs), sintéticos ou biológicos.

    2. Fisioterapia e exercícios

    Movimentos leves e orientados ajudam a preservar a mobilidade e manter força muscular.

    3. Acompanhamento multiprofissional

    Inclui reumatologista, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo.

    4. Mudanças de hábitos

    • Parar de fumar;
    • Manter peso saudável;
    • Adotar alimentação equilibrada.

    Importância do diagnóstico e do tratamento precoce

    Sem tratamento adequado, a artrite reumatoide pode causar danos permanentes às articulações e comprometer atividades simples do dia a dia. Além disso, a doença pode afetar órgãos internos e aumentar o risco de complicações graves.

    Por isso, reconhecer os sintomas cedo e iniciar acompanhamento com reumatologista são passos essenciais para manter qualidade de vida.

    Leia também: Miastenia gravis: conheça a doença que causa fraqueza muscular

    Perguntas frequentes sobre artrite reumatoide

    1. Artrite reumatoide tem cura?

    Não, mas pode ser controlada. Muitos pacientes atingem remissão com o tratamento adequado.

    2. Artrite reumatoide é a mesma coisa que artrose?

    Não. A artrite reumatoide é autoimune; a artrose é desgaste da cartilagem.

    3. Exercício piora a artrite?

    Não. Atividades leves ajudam na mobilidade e reduzem dor, desde que bem orientadas.

    4. A doença pode causar deformidades?

    Sim, quando não tratada precocemente.

    5. O estresse influencia a artrite reumatoide?

    Sim, o estresse pode piorar crises inflamatórias.

    6. A artrite reumatoide atinge apenas articulações?

    Não. Pode afetar pulmões, olhos, coração, pele e outros órgãos.

    7. Quem tem artrite reumatoide precisa de acompanhamento contínuo

    Sim. O acompanhamento com reumatologista é essencial para ajustar o tratamento e prevenir danos.

    Veja mais: Artrite reumatoide: o que é, diagnóstico e tratamento

  • Próstata aumentada: o que você precisa saber 

    Próstata aumentada: o que você precisa saber 

    Com o passar dos anos, o corpo passa por diversas transformações e, para muitos homens, uma delas envolve o aumento da próstata. Essa condição, conhecida como Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), é extremamente comum depois dos 50 anos e pode provocar sintomas urinários que impactam a rotina, o sono e a qualidade de vida.

    Embora não esteja relacionada ao câncer de próstata, a próstata aumentada merece atenção. Quando não acompanhada, pode trazer desconforto e algumas complicações. Hoje já há tratamentos eficazes e a maioria dos homens consegue controlar bem os sintomas com o cuidado adequado.

    O que é a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB)

    A Hiperplasia Prostática Benigna é o crescimento benigno (não cancerígeno) da próstata, uma glândula localizada logo abaixo da bexiga e responsável por produzir parte do líquido seminal.

    O aumento costuma ocorrer progressivamente ao longo da vida. Em muitos homens, ele é silencioso; em outros, causa sintomas urinários que podem ser leves, moderados ou intensos.

    Por que a próstata aumenta?

    O crescimento da próstata acontece principalmente por influência hormonal. A testosterona, hormônio masculino, é convertida dentro da glândula em di-hidrotestosterona (DHT), substância que estimula as células da próstata a se multiplicarem.

    Com o tempo:

    • O volume da próstata aumenta gradualmente;
    • Esse aumento pode começar por volta dos 30 anos;
    • Torna-se mais evidente após os 50;
    • Aos 70 anos, a próstata pode até dobrar de tamanho.

    Trata-se de um processo natural, ligado ao envelhecimento e ao equilíbrio hormonal.

    Sintomas da próstata aumentada

    A Hiperplasia Prostática Benigna pode gerar sintomas de dois tipos: obstrutivos e irritativos.

    Sintomas obstrutivos (dificuldade para urinar)

    • Jato urinário fraco;
    • Dificuldade para iniciar a micção (hesitação);
    • Jato que interrompe e volta;
    • Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
    • Gotejamento após urinar.

    Sintomas irritativos (urgência e frequência)

    • Vontade de urinar muitas vezes ao dia (polaciúria);
    • Acordar várias vezes à noite para urinar (nictúria);
    • Urgência urinária, às vezes com escape;
    • Desconforto no baixo ventre.

    É importante reforçar: o tamanho da próstata não determina a intensidade dos sintomas. Homens com próstata grande podem ter poucos incômodos, e outros, com aumento discreto, podem sentir bastante desconforto.

    Possíveis complicações da próstata aumentada

    Sem acompanhamento adequado, a Hiperplasia Prostática Benigna pode evoluir para:

    • Retenção urinária (incapacidade de urinar);
    • Infecção urinária;
    • Cálculo (pedra) na bexiga;
    • Sangue na urina;
    • Sobrecarga ou prejuízo dos rins.

    Por isso, mesmo sintomas leves devem ser avaliados.

    Como é feito o diagnóstico

    1. História clínica e exame físico

    Conhecer os sintomas e seu impacto na rotina é importante para o diagnóstico de próstata aumentada.

    2. Toque retal

    Permite avaliar tamanho, formato e consistência da próstata.

    3. Exames laboratoriais

    • Exame de urina para descartar infecções;
    • Dosagem do PSA, que não diagnostica HPB, mas ajuda a avaliar o risco de câncer de próstata.

    4. Exames de imagem

    • Ultrassonografia do aparelho urinário;
    • Medida do resíduo urinário pós-micção;
    • Urofluxometria (avalia o fluxo da urina).

    Esses exames ajudam a entender o quadro e definir o tratamento ideal.

    Tratamento da próstata aumentada

    O objetivo é aliviar sintomas e evitar complicações. As opções incluem:

    1. Remédios

    Podem agir de duas formas:

    • Relaxando a musculatura da próstata e da bexiga, facilitando a saída da urina;
    • Reduzindo o estímulo hormonal, diminuindo gradualmente o tamanho da próstata.

    O urologista avalia a combinação mais eficaz em cada caso.

    2. Técnicas minimamente invasivas

    Indicadas para quadros moderados ou quando os medicamentos não funcionam bem:

    • Ablação;
    • Laserterapia;
    • Eletrovaporização da próstata.

    Esses procedimentos preservam tecido e costumam ter recuperação mais rápida.

    3. Cirurgia

    Recomendada quando:

    • Os sintomas são intensos;
    • Há complicações (como retenção urinária ou infecções recorrentes).

    A cirurgia mais comum é a Ressecção Transuretral da Próstata (RTU). Para próstatas muito grandes, pode ser necessária cirurgia aberta.

    Veja mais: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

    Perguntas frequentes sobre próstata aumentada

    1. A Hiperplasia Prostática Benigna é câncer?

    Não. É um crescimento benigno da próstata, sem relação direta com câncer.

    2. Toda próstata aumentada precisa de cirurgia?

    Não. Muitos casos respondem bem a medicamentos.

    3. A próstata aumentada causa impotência?

    Os sintomas em si não. Alguns medicamentos podem interferir, mas isso varia por paciente.

    4. Próstata aumentada sempre causa sintomas?

    Não. Parte dos homens tem próstata aumentada sem qualquer incômodo.

    5. O PSA serve para diagnosticar Hiperplasia Prostática Benigna?

    Não. Ele avalia risco de câncer, mas ajuda no acompanhamento.

    6. Beber muita água piora a próstata aumentada?

    Não. Mas tomar muito líquido à noite pode aumentar a nictúria.

    7. Preciso tratar mesmo que os sintomas sejam leves?

    É importante acompanhar para evitar complicações, mesmo que não haja necessidade de intervenção imediata.

    Confira: Hiperplasia prostática benigna (HPB): quando o aumento da próstata deixa de ser normal e exige atenção médica

  • Câncer de próstata: veja por que você precisa ficar de olho

    Câncer de próstata: veja por que você precisa ficar de olho

    Sendo o segundo tumor mais comum em homens no Brasil, atrás somente do câncer de pele não melanoma, o câncer de próstata costuma surgir de forma silenciosa, sem causar sintomas nas fases iniciais. Por crescer mais lentamente, ele tende a passar despercebido ao longos dos anos — e, em muitos casos, o diagnóstico só é feito durante exames de rotina

    Quando é identificado ainda no início, o tratamento tende a ser menos agressivo e apresenta altas taxas de sucesso, evitando complicações e preservando a qualidade de vida. Entenda mais, a seguir.

    O que é câncer de próstata e como se desenvolve?

    O câncer de próstata é um tumor maligno que se origina nas células da glândula prostática, situada logo abaixo da bexiga e responsável por produzir parte do fluido seminal. A doença costuma surgir a partir de alterações genéticas que fazem as células prostáticas perderem o controle sobre o próprio ciclo de vida: deixam de morrer no ritmo esperado, passam a se multiplicar sem limite e formam um tumor.

    Na maior parte dos casos, o crescimento acontece de forma lenta e silenciosa, e muitos homens sequer apresentam sintomas ao longo dos anos.

    O processo normalmente começa com lesões microscópicas, chamadas de neoplasias intraepiteliais, que podem evoluir ao longo de anos até virar um tumor detectável. Durante a progressão, alterações no DNA das células vão se acumulando, favorecendo a expansão do tecido doente.

    O que causa câncer na próstata?

    As causas do câncer de próstata não são únicas ou conhecidas, mas a doença apresenta alguns fatores de risco importantes, como:

    • Idade: com o passar do tempo, o organismo acumula mutações naturais, e a capacidade de reparar danos no DNA diminui, favorecendo o surgimento de células malignas. Por isso, o risco de câncer de próstata cresce de maneira expressiva após os 50 anos;
    • Histórico familiar: homens com parentes de primeiro grau que tiveram a doença, como pai ou irmão, apresentam risco maior de desenvolver câncer de próstata
    • Sobrepeso e obesidade: o excesso de gordura corporal favorece inflamação crônica e alterações metabólicas que podem aumentar a probabilidade de tumores mais agressivos, além de dificultar a detecção em fases iniciais;
    • Tabagismo: substâncias tóxicas presentes no cigarro estão associadas a maior risco de neoplasias em geral, incluindo tumores prostáticos mais avançados;
    • Alimentação rica em gorduras saturadas: consumo frequente de carnes gordurosas, frituras e ultraprocessados pode contribuir para inflamação sistêmica e acúmulo de danos celulares;
    • Exposição ocupacional a substâncias químicas: contato prolongado com derivados do petróleo, pesticidas e compostos industriais pode elevar o risco em alguns grupos profissionais.

    Segundo o oncologista Thiago Chadid, com o passar dos anos, com a queda progressiva da testosterona e o envelhecimento natural do organismo, a próstata costuma aumentar de tamanho, o que é algo normal.

    As células podem apenas aumentar e se multiplicar sem mutações (quadro de hiperplasia benigna) ou podem sofrer mutações durante o envelhecimento, originando o adenocarcinoma (câncer de próstata).

    Sintomas de câncer de próstata

    Na fase inicial, o câncer de próstata tem uma evolução silenciosa e, na maioria dos casos, não apresenta sintomas. Quando isso acontece, o Ministério da Saúde aponta que podem surgir sinais semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (hiperplasia benigna prostática), como:

    • Dificuldade de urinar;
    • Demora em começar e terminar de urinar;
    • Sangue na urina;
    • Diminuição do jato de urina;
    • Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.

    Na fase avançada, o tumor pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.

    Como é feito o diagnóstico de câncer de próstata?

    O diagnóstico é feito por um médico urologista a partir de uma avaliação clínica e exames clínicos, laboratoriais e de imagem. O médico inicia pela análise de sintomas, histórico familiar, idade e fatores de risco. A partir daí, ele solicita exames capazes de identificar alterações na glândula mesmo antes do aparecimento de sinais clínicos, como:

    • PSA: exame de sangue que mede o antígeno prostático específico, proteína produzida pela próstata que pode subir diante de inflamação, hiperplasia benigna ou tumor;
    • Ultrassom de próstata: exame utilizado para avaliar tamanho, textura e possíveis áreas suspeitas, além de servir como guia para procedimentos complementares;
    • Toque retal: exame clínico que permite avaliar consistência, presença de nódulos ou regiões endurecidas incompatíveis com padrão normal.

    Para confirmar o câncer de próstata é preciso fazer uma biópsia prostática, em que pequenos fragmentos de tecido são retirados da glândula com auxílio de agulhas finas guiadas por ultrassom ou ressonância magnética, para serem analisados em laboratório. A biópsia é indicada caso seja encontrada alguma alteração no exame de PSA ou no toque retal.

    A partir de que idade os exames de rastreamento são indicados?

    O acompanhamento preventivo normalmente começa entre 50 e 55 anos, período em que o risco de alterações prostáticas aumenta de forma significativa. Contudo, homens com maior vulnerabilidade, como aqueles com histórico familiar de câncer de próstata ou homens negros, devem iniciar a avaliação mais cedo, por volta dos 45 anos, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Urologia.

    Em situações específicas, quando o histórico familiar é muito forte ou há suspeita de predisposição genética, o urologista pode sugerir início ainda mais precoce, próximo dos 40 anos, sempre após avaliação individualizada.

    O rastreamento costuma envolver PSA e, quando indicado, ultrassonografia de próstata ou toque retal, mas a decisão final sobre quais exames realizar e com que frequência deve ser tomada em conjunto com o médico, considerando riscos, benefícios e perfil clínico de cada paciente.

    Importante: o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomendam o rastreamento do câncer de próstata em homens sem sinais ou sintomas. A decisão sobre investigar ou não deve ser tomada após compreender riscos e benefícios, sempre em diálogo com um profissional de saúde de confiança.

    O rastreamento é anual?

    De acordo com Thiago, o intervalo anual costuma ser suficiente para identificar alterações, porque mais de 90% dos tumores crescem de forma lenta. Existem exceções, pois tumores muito agressivos podem evoluir mais rápido, mas são raros.

    Mesmo assim, o homem deve ficar atento a sinais como sangue na urina, jato fraco, esforço para iniciar a micção, sensação de bexiga cheia após urinar e dor ao urinar ou evacuar. Quando os sintomas aparecem, é importante procurar o médico logo.

    Grau de agressividade: como funciona a escala de Gleason?

    A escala de Gleason é um sistema usado para medir a agressividade do câncer de próstata. O patologista analisa o tumor no microscópio, identifica dois padrões de crescimento celular e atribui notas de 1 a 5 para cada padrão. A soma gera o escore final, que varia de 2 a 10: quanto maior o valor, mais agressivo costuma ser o tumor.

    De acordo com Thiago Chadid, o câncer de próstata tem diferentes graus de agressividade — e a escala de Gleason é fundamental para distinguir esses padrões. Quando o tumor é bem diferenciado, as células ainda se parecem com o tecido normal, então ele recebe notas mais baixas na escala de Gleason, geralmente até 6 ou 7, e tende a crescer mais devagar.

    Quando é pouco diferenciado ou indiferenciado, as células perdem quase totalmente o padrão normal, crescem mais rápido e costumam ter Gleason 9 ou 10. Notas 7 e 8 representam uma faixa intermediária.

    A classificação importa porque se relaciona ao comportamento do PSA. A hiperplasia prostática benigna, por exemplo, costuma elevar bastante o PSA, que normalmente fica entre 2 e 4 ng/mL. Assim, quando um homem de 60 ou 70 anos apresenta PSA de 6, 8 ou 10, é preciso investigar se o motivo é benigno ou maligno. Tumores bem diferenciados (que costumam ser menos agressivos) podem produzir bastante PSA, o que ajuda a diferenciar alterações benignas de malignas.

    Já os tumores mais agressivos, os indiferenciados, muitas vezes não produzem PSA e podem aparecer com valores muito baixos, até próximos de zero. Nesses casos, o exame de toque retal é fundamental e permite detectar tumores agressivos que não elevam PSA e crescem de forma silenciosa.

    Como é feito o tratamento de câncer de próstata?

    O tratamento do câncer de próstata é definido de acordo com o tipo de tumor, o estágio da doença, o grau de agressividade pela escala de Gleason e o estado geral de saúde do paciente. A idade também pesa na escolha, segundo Thiago, porque o câncer se comporta de formas diferentes ao longo da vida, assim como a expectativa de vida e a capacidade de lidar com efeitos colaterais.

    Entre as abordagens utilizadas, orientadas pelo médico, é possível destacar:

    • Cirurgia (prostatectomia radical): é indicada principalmente para pacientes jovens ou para tumores de alto risco. É um procedimento eficaz, mas pode deixar sequelas como disfunção erétil e incontinência urinária, ainda mais quando o tumor já ocupa área extensa da glândula;
    • Radioterapia: funciona como alternativa menos invasiva, mas pode causar inflamações crônicas da bexiga e do reto. Após radioterapia, não é possível operar a região, pois os tecidos ficam endurecidos e perdem elasticidade, dificultando intervenções no futuro;
    • Bloqueio hormonal (castração química): é o tratamento inicial padrão para tumores avançados, e reduz drasticamente a testosterona, o que desacelera o tumor. A queda hormonal provoca sintomas semelhantes aos da menopausa: calor (fogachos), pele seca, instabilidade de humor, alterações intestinais e boca seca. Há também a opção de orquiectomia, retirada cirúrgica dos testículos, mais comum no SUS;
    • Quimioterapia: é usada apenas nas linhas mais avançadas, quando a doença já ultrapassou limites locais ou não responde ao bloqueio hormonal. É uma etapa mais intensa, reservada para situações de progressão;
    • Imunoterapia: utilizada em casos selecionados, principalmente quando há alterações genéticas específicas ou quando o tumor não responde às terapias convencionais. Ela estimula o sistema imunológico a reconhecer e atacar células malignas, podendo ser combinada a outros tratamentos conforme avaliação médica.

    Vale lembrar que a decisão é individualizada e leva em conta vários fatores que o urologista analisa para escolher o tratamento mais seguro e adequado para cada pessoa, sempre buscando controlar a doença sem prejudicar a qualidade de vida.

    Câncer de próstata tem cura?

    Quando diagnosticado ainda no início, o câncer de próstata pode chegar a 90% de chance de cura, segundo estudos. Thiago explica que é considerado cura quando, após o tratamento, o paciente passa 5 anos sem qualquer evidência da doença. O conceito vale principalmente para tumores mais agressivos e de evolução rápida.

    Já tumores indolentes, como alguns de mama e próstata, podem voltar após 10, 15 ou até 20 anos. Por isso, nesses casos, é mais usado o termo remissão: ausência de doença ativa, mas sem tempo suficiente para afirmar cura definitiva.

    Quando procurar ajuda médica?

    Alguns sintomas exigem avaliação urgente, pois podem indicar complicações graves:

    • Febre ou sinais de infecção;
    • Tosse com secreção espessa;
    • Diarreia com sangue;
    • Vômitos com sangue;
    • Sangramento nasal ou retal em volume significativo (mais que uma colher de sopa);
    • Inchaço repentino em pernas, braços, rosto ou peito, que pode indicar trombose;
    • Dor intensa em membro inchado;
    • Palidez extrema, tontura, desmaios;
    • Boca seca e sinais de desidratação;
    • Diarreia intensa (mais de cinco episódios ao dia).

    É possível prevenir o câncer de próstata?

    A melhor forma de reduzir o risco de câncer de próstata é adotar hábitos mais saudáveis ao longo da vida, como:

    • Alimentação equilibrada: uma dieta rica em verduras, legumes, frutas, grãos integrais e peixes ajuda a reduzir inflamações e proteger as células da próstata. O consumo de carnes vermelhas gordurosas, frituras e ultraprocessados deve ser limitado, pois favorecem ganho de peso e piora metabólica;
    • Manutenção do peso adequado: o sobrepeso e obesidade aumentam o risco de tumores mais agressivos. Controlar peso por meio de alimentação balanceada e atividade física regular, além de reduzir o risco, também contribui para melhorar a saúde em geral;
    • Atividade física regular: praticar exercícios ao menos 150 minutos por semana melhora a imunidade, reduz inflamação, ajuda no controle hormonal e contribui para o equilíbrio metabólico, fatores que influenciam diretamente o risco de câncer;
    • Evitar tabagismo: o cigarro está associado a tumores mais agressivos e maior mortalidade. Parar de fumar reduz risco de várias doenças e melhora o prognóstico mesmo em quem já recebeu diagnóstico de câncer;
    • Redução de álcool em excesso: consumo exagerado pode aumentar inflamação e favorecer alterações celulares;
    • Atenção ao histórico familiar: homens com familiares de primeiro grau diagnosticados devem iniciar acompanhamento mais cedo, por volta dos 45 anos, ou ainda antes em situações específicas;
    • Controle de comorbidades: hipertensão, diabetes e colesterol elevado contribuem para inflamação crônica, que pode influenciar a saúde da próstata. Tratar essas condições ajuda a reduzir riscos.

    Acompanhamento médico individualizado: a avaliação com o médico de confiança é importante para decidir quando e como investigar, considerando idade, histórico familiar e fatores de risco. Em alguns casos, PSA e toque retal são indicados após decisão compartilhada;

    Evitar sedentarismo e rotina estressante sem controle: o estresse crônico pode impactar hormônios e sistema imunológico. Técnicas de relaxamento, sono adequado e equilíbrio entre trabalho e descanso contribuem para saúde global.

    Leia também: Câncer: quais os principais fatores de risco?

    Perguntas frequentes

    1. Homens com câncer de próstata podem ter relações sexuais?

    Homens com câncer de próstata podem ter relações sexuais, pois a próstata não é responsável pela ereção. Contudo, durante o tratamento, dependendo da resposta de cada pessoa, ele pode apresentar alguns problemas, como na ereção ou na libido.

    Por isso, é importante que o paciente converse abortamento com o médico para encontrar maneiras de lidar com a situação e adaptar a vida sexual — o que inclui focar em mais intimidade e comunicação, e explorar tratamentos auxiliares para a disfunção erétil. Em alguns casos, o homem recupera a função sexual ao longo do tempo.

    2. A atividade física reduz a chance de desenvolver câncer de próstata?

    A prática regular de exercícios fortalece o sistema imune, melhora a circulação, reduz a inflamação e ajuda no equilíbrio hormonal, aspectos importantes para manter a próstata saudável.

    Além disso, ela previne obesidade e melhora a composição corporal, fatores ligados a tumores mais agressivos. Atividades como caminhadas, musculação, natação, ciclismo e pilates já trazem benefícios quando realizados ao menos 150 minutos por semana.

    3. Beber álcool em excesso prejudica a próstata?

    O consumo excessivo de álcool está ligado a inflamação crônica e pior funcionamento do sistema imune. As bebidas alcoólicas também favorecem ganho de peso, piora metabólica e aumento de gordura abdominal, fatores que agravam risco de alterações prostáticas.

    4. O que é próstata?

    A próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga e à frente do reto. Ela tem tamanho semelhante ao de uma noz e produz parte do líquido que compõe o sêmen, ajudando na proteção e no transporte dos espermatozoides. Com o avanço da idade, tende a aumentar de volume, o que pode causar sintomas urinários.

    5. O câncer de próstata é comum?

    O câncer de próstata é um dos tumores mais frequentes em homens, sobretudo após os 50 anos, sendo o segundo mais comum em homens no Brasil. O risco aumenta com o envelhecimento, histórico familiar e algumas condições metabólicas. A maioria cresce de forma lenta, mas há tumores agressivos que exigem diagnóstico precoce.

    6. Além do câncer de próstata, quais outros problemas podem acometer a próstata?

    A próstata pode apresentar diversos problemas ao longo da vida. A hiperplasia prostática benigna, por exemplo, causa aumento da glândula e sintomas como jato fraco, dificuldade para urinar e sensação de esvaziamento incompleto.

    Também podem ocorrer inflamações, como prostatites bacterianas ou não bacterianas, que provocam dor pélvica, desconforto ao urinar e febre em alguns casos.

    7. Quando a avaliação com urologista deve começar?

    Para homens sem fatores de risco, a discussão sobre exames costuma começar entre 50 e 55 anos. Para quem tem histórico familiar de primeiro grau ou pertence a grupos com maior risco, o acompanhamento inicia por volta de 45 anos. A decisão de realizar PSA ou toque retal é tomada após conversa sobre riscos e benefícios, sempre de forma individualizada.

    Veja mais: Vacinas contra o câncer: o que está sendo testado (e o que esperar)

  • Barriguinha que não vai embora? Pode ser diástase abdominal 

    Barriguinha que não vai embora? Pode ser diástase abdominal 

    A diástase abdominal é uma condição muito comum, especialmente no período pós-parto, mas ainda pouco compreendida por grande parte das pessoas. Ela ocorre quando os músculos da parte da frente do abdômen se afastam além do normal, criando um espaço entre eles. Esse afastamento pode gerar alterações estéticas, desconforto e até impactar a postura e o equilíbrio corporal.

    Apesar de ser frequentemente associada à maternidade, a diástase também pode aparecer em homens e mulheres que nunca engravidaram. Saber identificar os sinais, entender por que ela acontece e buscar ajuda profissional são passos importantes para evitar complicações e recuperar a força do core de forma segura.

    O que é a diástase abdominal?

    A diástase dos músculos retos abdominais é o afastamento anormal das duas bandas musculares que formam a parede frontal do abdômen. Esse afastamento acontece quando a linha alba, uma faixa de tecido conjuntivo que une esses músculos, fica enfraquecida e alongada.

    Por que isso acontece?

    A causa mais comum é a gravidez. Conforme o útero cresce, a parede abdominal precisa se alongar para acomodar o bebê, o que pode afinar e fragilizar a linha alba. Depois do parto, esses músculos nem sempre voltam totalmente à posição original.

    Outros fatores também contribuem:

    • Obesidade;
    • Perda rápida de peso;
    • Fraqueza natural dos tecidos;
    • Postura inadequada ou esforço excessivo;
    • Pode ocorrer em homens, embora seja mais comum em mulheres.

    Como identificar

    O sinal mais comum é um abaulamento no centro da barriga, especialmente quando ocorre aumento da pressão abdominal, como ao tossir, levantar da cama ou durante alguns exercícios.

    A aparência pode ser de uma “barriguinha” persistente, mesmo em pessoas magras ou fisicamente ativas. A diástase em si não costuma gerar dor, mas pode contribuir para:

    • Desconforto abdominal;
    • Dores lombares;
    • Sensação de instabilidade no tronco.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito com exame físico, avaliando a distância entre os músculos retos. Considera-se diástase quando:

    • A separação é maior que 2 cm, ou
    • Há abaulamento evidente à contração abdominal.

    Para confirmar o quadro e avaliar melhor a parede abdominal, o médico pode solicitar:

    • Ultrassom de parede abdominal;
    • Tomografia (quando necessário)

    Esses exames também ajudam a identificar a presença de hérnias associadas.

    Tratamento

    A boa notícia: a maior parte dos casos melhora sem cirurgia.

    Tratamento conservador (primeira escolha)

    • Fisioterapia especializada;
    • Exercícios específicos para fortalecimento profundo do core;
    • Reeducação postural;
    • Movimentos que não aumentem a pressão abdominal (evitar abdominais tradicionais).

    Nos casos leves, a melhora pode acontecer com o tempo, o fortalecimento adequado ou até de forma espontânea.

    Quando a cirurgia é indicada

    • Há separação muito grande;
    • Existe dor importante ou limitação funcional;
    • Há hérnia associada;
    • Não há melhora após tratamento conservador.

    O procedimento reconstrói a parede abdominal e aproxima novamente os músculos.

    Pode voltar ao normal?

    Sim. A recuperação depende:

    • Do tamanho da separação;
    • Do tempo desde o início da diástase;
    • Da adesão ao tratamento.

    Mas é importante lembrar que a diástase pode retornar com futuras gestações ou esforço excessivo que aumente a pressão abdominal.

    Como prevenir

    Algumas medidas ajudam a reduzir o risco:

    • Controlar o ganho de peso na gravidez;
    • Manter postura adequada;
    • Fortalecer o core antes e depois da gestação;
    • Evitar levantar peso de forma incorreta;
    • Praticar exercícios orientados por profissionais capacitados

    Quando procurar um profissional

    Consulte um médico ou fisioterapeuta se você notar:

    • Abaulamento persistente na barriga;
    • Sensação de fraqueza no core;
    • Dificuldade de estabilizar o tronco;
    • Dor lombar associada;
    • Suspeita de hérnia.

    O diagnóstico precoce facilita o tratamento e melhora a função abdominal.

    Veja mais: Exercícios para fortalecer a coluna: o guia completo para proteger sua postura e prevenir dores

    Perguntas frequentes sobre diástase abdominal

    1. Toda gestante terá diástase?

    Não. É comum, mas não acontece com todas as mulheres.

    2. A diástase causa dor?

    Ela não causa dor diretamente, mas pode contribuir para desconforto, dor lombar e instabilidade.

    3. Posso treinar normalmente com diástase?

    Pode, mas com adaptações. Alguns exercícios pioram o quadro, e a orientação de um profissional é essencial.

    4. Só cirurgia resolve a diástase?

    Na maioria dos casos, não. A fisioterapia é eficaz para muitos pacientes.

    5. Homens podem ter diástase?

    Sim. Embora mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver o problema.

    6. Diástase e hérnia são a mesma coisa?

    Não. Mas podem ocorrer juntas.

    7. Quanto tempo leva para melhorar?

    Depende do caso. Com tratamento adequado, muitas pessoas veem melhora em semanas a meses.

    Leia mais: Quando a dor nas costas pode ser preocupante? Entenda os sinais de alerta

  • Obesidade infantil: o que é, causas e como prevenir

    Obesidade infantil: o que é, causas e como prevenir

    Você sabia que a obesidade infantil é um fator de risco importante para doenças crônicas na vida adulta, como diabetes tipo 2 e hipertensão? No Brasil, uma em cada três crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos está acima do peso, segundo levantamento nacional com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS). A taxa de sobrepeso nessa faixa etária cresceu quase 9% em dez anos.

    A exposição prolongada ao excesso de gordura corporal na infância pode desencadear uma série de problemas de saúde mais cedo, além de causar outras complicações a curto e longo prazo — afetando o desenvolvimento físico e psicológico da criança. Vamos entender mais, a seguir!

    O que é obesidade infantil?

    A obesidade infantil é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, acima do recomendado para a idade e altura, em crianças de até 12 anos de idade.

    A condição acontece quando o corpo recebe mais calorias do que gasta, o que pode ocorrer em uma alimentação rica em ultraprocessados e aliada ao pouco movimento no dia a dia, o grande tempo sentado e o uso excessivo de telas — que fazem o corpo armazenar gordura com facilidade.

    Quais os tipos de obesidade infantil?

    A obesidade infantil pode ser classificada de duas formas principais pela causa:

    Exógena: é causada pela soma de ambiente alimentar desregulado, consumo alto de ultraprocessados, bebidas açucaradas e rotina com pouco movimento. A criança vive em um ambiente que facilita comer muito e gastar pouco;

    Endógena: é provocada por alterações internas do organismo. A criança pode ter distúrbios hormonais (como problemas de tireoide ou síndrome de Cushing) ou usar remédios que favorecem ganho de peso, como corticoides.

    A obesidade infantil também pode ser dividida pela gravidade, medida pelo IMC para idade e sexo:

    • Sobrepeso, aparece quando o IMC está acima do percentil 85 e abaixo do percentil 95;
    • Obesidade, aparece quando o IMC está acima do percentil 95;
    • Obesidade grave (ou obesidade mórbida) costuma ser usada quando o IMC está em 40 kg/m² ou mais, refletindo acúmulo muito elevado de gordura corporal.

    O que causa a obesidade em crianças?

    A obesidade é uma doença multifatorial, o que significa que ela é influenciada por uma série de fatores biológicos, comportamentais e sociais, como:

    Alimentação inadequada

    O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados é uma das principais causas do acúmulo excessivo de gordura corporal em crianças.

    Refrigerantes, biscoitos, salgadinhos e fast food, por exemplo, são ricos em calorias, gorduras saturadas, açúcar e sódio — mas pobres em nutrientes, como fibras, vitaminas e minerais. Com o tempo, o desequilíbrio favorece o ganho de peso e prejudica o desenvolvimento adequado do organismo.

    Além disso, o consumo frequente desses produtos altera o paladar infantil, fazendo com que a criança prefira alimentos muito doces, salgados ou gordurosos, e rejeite opções mais naturais, como frutas, verduras e legumes.

    Sedentarismo

    O sedentarismo em crianças é caracterizado por longos períodos de inatividade, como assistir televisão, jogar videogame ou usar o celular. O comportamento ficou cada vez mais comum nos últimos anos, com o avanço da tecnologia e a redução das brincadeiras ao ar livre, o que faz com que as crianças gastem menos energia do que consomem.

    Quando a baixa movimentação é somada com uma alimentação rica em ultraprocessados e pobre em nutrientes, o resultado é o acúmulo de gordura corporal e o aumento do peso. O sedentarismo também interfere no desenvolvimento muscular, na coordenação motora e na saúde emocional, podendo causar irritabilidade, ansiedade e dificuldade de concentração.

    A Organização Mundial da Saúde recomenda que crianças e adolescentes realizem pelo menos 60 minutos de atividade física por dia, incluindo brincadeiras, esportes e jogos.

    Fatores genéticos e hormonais

    As crianças filhas de pais com obesidade têm maior predisposição genética a desenvolver o mesmo quadro, já que herdam genes que influenciam o metabolismo, o apetite e a forma como o corpo armazena gordura.

    Além da herança genética, o ambiente familiar também tem grande impacto: hábitos alimentares inadequados, pouca prática de atividade física e rotina sedentária tendem a ser reproduzidos pelas crianças.

    Para complementar, distúrbios hormonais, como hipotireoidismo, síndrome de Cushing e resistência à insulina podem interferir no metabolismo, diminuindo o gasto energético e favorecendo o ganho de peso.

    Fatores emocionais

    Não é incomum que algumas crianças utilizem a comida como uma forma de compensar sentimentos de tristeza, ansiedade, solidão ou até tédio. O comportamento, conhecido como “fome emocional”, faz com que o alimento se torne uma válvula de escape para lidar com emoções difíceis.

    Com o tempo, isso pode gerar um ciclo de dependência: a criança come para se sentir melhor, mas logo sente culpa ou desconforto, o que leva a novos episódios de compulsão alimentar.

    Sono inadequado

    O sono inadequado na infância altera o equilíbrio hormonal e o funcionamento do metabolismo, aumentando o risco de obesidade. Durante o sono, o corpo regula hormônios importantes relacionados ao apetite, como a leptina (que sinaliza saciedade) e a grelina (que estimula a fome).

    Quando a criança dorme pouco, há uma redução da leptina e um aumento da grelina, o que faz com que ela sinta mais fome e tenha maior tendência a consumir alimentos calóricos e ultraprocessados.

    Crianças que dormem mal também tendem a ficar mais irritadas, dispersas e cansadas durante o dia, o que reduz a disposição para se movimentar, praticar esportes ou brincar, aumentando o comportamento sedentário e, consequentemente, o risco de obesidade.

    Por que a obesidade infantil tem crescido tanto nos últimos anos?

    A obesidade infantil no Brasil é um problema de saúde pública crescente, com cerca de um em cada três crianças entre 5 e 9 anos estando acima do peso. Para se ter uma ideia, pela primeira vez na história, o excesso de peso grave superou a desnutrição como a maior forma de má nutrição infantil, de acordo com dados do Fundo das Nações Unidas.

    Mas afinal, por que isso está acontecendo? De acordo com a nutricionista Mariana Del Bosco, o país vive uma realidade com ambientes cada vez mais obesogênicos. As crianças estão mais sedentárias, a questão da segurança tende a impedir atividade física e há uma enorme oferta de alimentos de alta densidade energética.

    O consumo de ultraprocessados cresceu, e os produtos têm alto teor de açúcar e gordura que aumentam a ingestão calórica e o risco de a obesidade aparecer.

    “Todas as esferas da sociedade têm o seu papel. O governo, por exemplo, com políticas que poderiam proteger as crianças, com regulamentação de rotulagem e de publicidade para produtos de criança; a escola, promovendo uma cantina mais saudável, podendo ser um ambiente de educação alimentar e nutricional; as indústrias fazendo uma comunicação clara, melhorando a qualidade de produtos, e a família com uma parcela dessa responsabilização”, explica a nutricionista.

    Sintomas de obesidade infantil

    A obesidade infantil pode se desenvolver de forma gradual, e nem sempre o quadro é percebido de imediato pelos pais. O principal sintoma é o acúmulo excessivo de gordura corporal, além de sinais como:

    • Aumento rápido de peso desproporcional ao crescimento da altura;
    • Acúmulo de gordura em regiões como abdômen, braços, coxas e rosto;
    • Roupas apertando com frequência ou necessidade de trocar de tamanho fora do padrão esperado para a idade;
    • Falta de fôlego ou cansaço durante atividades simples, como subir escadas ou correr;
    • Dores nas articulações, especialmente joelhos e tornozelos, devido à sobrecarga do peso.

    A criança também pode apresentar sinais comportamentais e emocionais, como:

    • Preferência por alimentos ultraprocessados e rejeição a frutas, verduras e refeições caseiras;
    • Sedentarismo e desinteresse por atividades físicas;
    • Uso excessivo de telas (celular, TV, videogame);
    • Baixa autoestima e isolamento social, muitas vezes por causa de bullying;
    • Alterações de humor, ansiedade e compulsão alimentar.

    Riscos da obesidade infantil

    O excesso de gordura corporal na infância pode causar diversos problemas de saúde ainda nessa fase e aumentar o risco de doenças graves na vida adulta. Entre os principais riscos, é possível destacar:

    • Diabetes tipo 2;
    • Colesterol e triglicerídeos elevados;
    • Hipertensão arterial;
    • Doenças cardiovasculares precoces;
    • Problemas respiratórios, como apneia do sono;
    • Alterações hormonais e puberdade precoce;
    • Dores nas articulações e deformidades ósseas;
    • Esteatose hepática (gordura no fígado);
    • Dificuldades de locomoção e baixa resistência física;
    • Transtornos alimentares e ansiedade;
    • Baixa autoestima e isolamento social;
    • Maior probabilidade de obesidade na vida adulta.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da obesidade infantil é feito pelos pediatras através da avaliação do peso, da altura e outros fatores ligados ao crescimento e à composição corporal da criança. O principal parâmetro utilizado é o Índice de Massa Corporal (IMC), cujo valor é comparado com curvas de crescimento específicas para idade e sexo, de acordo com Mariana.

    Além do IMC, a avaliação pode incluir também composição corporal, percentual de gordura, circunferências e análise do padrão alimentar. Em muitos casos, são solicitados exames complementares, como:

    • Glicemia e insulina;
    • Colesterol total e frações (HDL, LDL);
    • Triglicerídeos;
    • Função hepática (TGO, TGP);
    • Função tireoidiana.

    Vale ressaltar que o diagnóstico não se baseia apenas em números e é fundamental compreender o contexto alimentar, o nível de atividade física e fatores emocionais e sociais que podem estar contribuindo para o ganho de peso.

    Nesse contexto, Mariana explica que o pediatra está na linha de frente dessa triagem, porque acompanha peso e estatura pelo menos uma vez por ano. A observação da curva de crescimento é um dos sinais mais precoces: mesmo antes de cruzar as linhas de sobrepeso ou obesidade, a tendência de subida já é alerta de risco e já justifica avaliação mais detalhada.

    Tratamento de obesidade infantil

    O tratamento da obesidade infantil deve ser sempre individualizado e supervisionado por profissionais de saúde, envolvendo médico, nutricionista, educador físico e, quando necessário, psicólogo. O objetivo principal não é apenas a perda de peso, mas a mudança de hábitos e a promoção de um estilo de vida saudável que possa ser mantido a longo prazo.

    Ele envolve uma série de medidas, como:

    Alimentação equilibrada: basear as refeições em alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, grãos integrais e proteínas magras. Deve-se reduzir o consumo de ultraprocessados, refrigerantes, doces e fast-food;

    Rotina alimentar estruturada: manter horários regulares para as refeições e evitar “beliscar” o tempo todo. Fazer as refeições à mesa, sem distrações como TV ou celular, ajuda a reconhecer quando está satisfeito;

    Atividade física diária: incentivar pelo menos 60 minutos de movimento por dia, incluindo brincadeiras, esportes e atividades ao ar livre. O objetivo é aumentar o gasto energético e fortalecer músculos e ossos;

    Uso de medicamentos (em casos específicos): indicado apenas sob orientação médica, quando há doenças associadas ou obesidade grave que não responde a outras medidas;

    Sono adequado: a privação de sono desequilibra os hormônios da fome (grelina e leptina) e favorece o ganho de peso;

    Redução do tempo de tela: limitar o uso de televisão, celular e videogame a no máximo duas horas por dia, conforme recomendação da OMS;

    Apoio psicológico: ajudar a criança a lidar com sentimentos de ansiedade, frustração e baixa autoestima que podem levar à compulsão alimentar.

    Segundo Mariana, se a criança entra na puberdade com peso adequado, o risco de manter obesidade na vida adulta diminui de forma significativa. Por isso, o cuidado precisa começar assim que o risco aparece, e não apenas quando o problema já está instalado.

    Dieta restritiva é necessária no tratamento de obesidade infantil?

    A dieta restritiva não é indicada no tratamento da obesidade infantil. A criança precisa comer bem para crescer, se desenvolver e construir relação saudável com o alimento. De acordo com Mariana, o foco não é cortar alimentos de forma rígida, mas melhorar a qualidade do que está na rotina da família.

    A orientação nutricional busca organizar o entorno: o que entra no carrinho de supermercado, o que está disponível em casa, como a família faz as refeições e como o alimento aparece no dia a dia.

    Assim, a rotina será mais equilibrada, com mais alimentos nutritivos e menos ultraprocessados, sem comprometer o desenvolvimento do pequeno. A inclusão de indulgências eventuais, como um sorvete no fim de semana ou uma festinha, faz parte do plano. O resultado vem da mudança sustentada de comportamento, e não de restrição radical.

    Quanto de atividade física para crianças é recomendado?

    De acordo com o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, as recomendações variam conforme a idade e o estágio de desenvolvimento da criança:

    • Crianças de até 1 ano: pelo menos 30 minutos por dia em posição de bruços (“de barriga para baixo”), distribuídos ao longo do dia, em diferentes momentos;
    • Crianças de 1 a 2 anos: pelo menos 3 horas por dia de atividades físicas de qualquer intensidade, divididas ao longo do dia;
    • Crianças de 3 a 5 anos: pelo menos 3 horas por dia de atividades físicas de qualquer intensidade, sendo no mínimo 1 hora de intensidade moderada a vigorosa.

    A atividade física para crianças pode acontecer principalmente por meio de jogos, brincadeiras e movimentos espontâneos, mas também pode envolver atividades mais estruturadas, como aulas de educação física, escolinhas de esportes e natação — sempre supervisionadas por pais, responsáveis ou professores.

    Alguns exemplos de atividades por faixa etária:

    • Até 1 ano: brincadeiras que estimulem movimentos como rolar, engatinhar, sentar, puxar, empurrar, equilibrar-se e alcançar objetos;
    • De 1 a 2 anos: atividades que envolvam andar, correr, pular, escalar, lançar e segurar bolas, girar e equilibrar-se;
    • De 3 a 5 anos: jogos e brincadeiras como caminhar, correr, chutar, saltar, arremessar e atravessar obstáculos. Nessa fase, a criança também pode participar de esportes, danças, ginástica, lutas e deslocamentos ativos (a pé ou de bicicleta, sempre acompanhada por um adulto).

    Confira: Como montar um prato saudável em buffets? Veja algumas dicas

    É possível prevenir a obesidade infantil?

    A obesidade infantil pode ser prevenida, principalmente com hábitos saudáveis adotados desde os primeiros anos de vida. A prevenção começa em casa, com o exemplo dos pais, e deve envolver alimentação equilibrada, prática de atividade física e um ambiente emocional saudável. Veja alguns cuidados:

    • Oferecer frutas, verduras, legumes, grãos integrais e alimentos naturais no dia a dia, evitando ultraprocessados, refrigerantes, doces e fast-food;
    • Manter horários regulares, comer à mesa e evitar distrações como TV e celular durante as refeições.
    • Manter a amamentação exclusiva e em livre demanda até os 6 meses, o que ajuda a regular o apetite e reduzir o risco de obesidade futura;
    • Crianças maiores de 6 meses devem beber água antes, durante e após a atividade física.
    • Estimular brincadeiras ativas, esportes e atividades ao ar livre diariamente, como caminhadas, corridas, danças e ginásticas;
    • Reduzir o tempo em frente à televisão, computador e celular a no máximo duas horas por dia.

    Quanto mais cedo os hábitos forem incorporados à rotina familiar, maiores serão as chances de a criança crescer saudável e manter um peso adequado na vida adulta.

    Leia também: Delivery saudável: nutricionista dá dicas para escolher bem

    Perguntas frequentes

    Como saber se meu filho está acima do peso?

    O peso isolado não é suficiente para avaliar a obesidade infantil. O pediatra utiliza o IMC (peso dividido pela altura ao quadrado) e compara com curvas de crescimento específicas para cada faixa etária. Quando o valor ultrapassa o percentil 97, a criança é considerada obesa.

    O acúmulo de gordura no abdômen, os hábitos alimentares, o nível de atividade física e o histórico familiar também entram na avaliação. Por isso, manter acompanhamento regular com o especialista é importante para identificar fatores de risco de forma precoce.

    A obesidade infantil tem cura?

    Sim, é possível reverter o quadro de obesidade infantil com mudanças de estilo de vida. Na infância, o organismo ainda está em formação, o que facilita o controle do peso quando há intervenção precoce.

    O tratamento envolve alimentação equilibrada, estímulo à atividade física e acompanhamento médico e nutricional. O foco não é apenas emagrecer, mas adotar hábitos que possam ser mantidos por toda a vida.

    Quando procurar ajuda profissional?

    Os pais devem procurar um pediatra ou nutricionista quando perceberem ganho de peso acelerado, cansaço, falta de disposição para brincar ou sinais de baixa autoestima.

    Mesmo em casos leves, o acompanhamento profissional é importante para evitar que o quadro se agrave. Quanto mais cedo o diagnóstico e a orientação, maiores as chances de sucesso.

    A obesidade infantil pode continuar na vida adulta?

    Sim! Pesquisas mostram que cerca de 70% das crianças com obesidade se tornam adultos obesos, principalmente quando o problema não é tratado precocemente. Isso aumenta o risco de desenvolver doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Assim, a infância é a fase mais importante para agir e tratar a condição.

    A amamentação ajuda a prevenir a obesidade infantil?

    Sim, pois o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade ajuda a regular o apetite da criança e favorece o desenvolvimento de um metabolismo saudável. O leite materno contém todos os nutrientes necessários e estimula o bebê a reconhecer os sinais de fome e saciedade, o que reduz o risco de obesidade no futuro.

    Crianças obesas podem praticar qualquer tipo de esporte?

    Sim, desde que respeitadas suas condições físicas e sob orientação de um profissional. Esportes como natação, caminhada, ciclismo e dança são boas opções, pois reduzem o impacto nas articulações e estimulam o prazer pelo movimento.

    O mais importante é que a criança se divirta e mantenha a regularidade, sem sentir que o exercício é uma punição.

    Veja mais: Fome emocional: o que é, sintomas e como controlar