Categoria: Doenças & Condições

isParent

  • Hepatite A: o que é, como se transmite e como prevenir 

    Hepatite A: o que é, como se transmite e como prevenir 

    A hepatite A é uma infecção causada pelo vírus HAV, também chamado de hepatite infecciosa. A doença afeta principalmente o fígado e, na maioria dos casos, tem curso leve e com recuperação completa, especialmente em crianças.

    Em adultos e idosos, porém, os sintomas podem ser mais intensos e, raramente, causar complicações graves, especialmente em pessoas que já têm doenças hepáticas.

    Por ser altamente transmissível e bastante presente em regiões com saneamento inadequado, entender como a infecção acontece e como preveni-la é importante para proteger a saúde individual e coletiva.

    Como acontece a transmissão

    A hepatite A é transmitida principalmente pela via fecal-oral, ou seja, quando o vírus presente nas fezes de uma pessoa infectada entra em contato com a boca de outra. Isso pode ocorrer por:

    • Água ou alimentos contaminados;
    • Má higiene das mãos;
    • Falta de saneamento básico;
    • Contato direto entre pessoas (casas, creches, escolas, instituições);
    • Práticas sexuais com contato oral-anal ou uso de acessórios contaminados.

    A transmissão por sangue é rara, pois o vírus prefere o trato digestivo. O vírus HAV é muito resistente no ambiente e pode sobreviver por longos períodos fora do corpo.

    Outro ponto importante: crianças podem eliminar o vírus nas fezes por até 5 meses, mesmo após estarem recuperadas.

    Sinais e sintomas

    Muitas pessoas, sobretudo crianças, não apresentam sintomas. Quando surgem, geralmente entre 15 e 50 dias após o contágio, eles incluem:

    • Cansaço e mal-estar;
    • Febre baixa;
    • Dores musculares;
    • Enjoo, vômitos e dor abdominal;
    • Prisão de ventre ou diarreia.

    Sinais característicos

    • Urina escura, muitas vezes o primeiro sinal visível;
    • Icterícia, quando pele e olhos ficam amarelados.

    Gravidade por faixa etária

    • Crianças menores de 6 anos: quadros leves e assintomáticos.
    • Adultos e idosos: maior chance de sintomas intensos.
    • Casos raros: hepatite fulminante (falência do fígado).

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por exame de sangue, que identifica anticorpos específicos:

    Exames de sangue (marcadores sorológicos)

    • Anti-HAV IgM: indica infecção recente ou atual.
    • Anti-HAV IgG: indica proteção; aparece após a infecção ou após vacina.

    Quem já teve hepatite A ou já foi vacinado não pega a doença novamente, pois adquire imunidade duradoura.

    Tratamento

    Não existe tratamento antiviral específico para hepatite A. A recuperação ocorre naturalmente, e o manejo é baseado em cuidados gerais:

    • Repouso adequado;
    • Alimentação equilibrada;
    • Hidratação abundante;
    • Evitar automedicação, especialmente analgésicos e remédios que sobrecarregam o fígado.

    Casos graves com sinais de insuficiência hepática podem exigir internação.

    Como prevenir

    A prevenção da hepatite A está diretamente ligada à higiene e ao saneamento.

    Cuidados diários essenciais

    • Lavar as mãos após usar o banheiro e antes de preparar ou consumir alimentos;
    • Higienizar frutas, verduras e legumes com água corrente e solução de água sanitária (10 ml por litro);
    • Cozinhar bem carnes, peixes, frutos do mar e mariscos;
    • Lavar mamadeiras, utensílios e louças com atenção;
    • Evitar contato com água de enchentes, valas e locais próximos a esgoto;
    • Evitar fossas próximas a poços ou nascentes;
    • Usar preservativo e higienizar mãos, genitália e região anal antes e depois do sexo.

    Vacina: a principal forma de proteção

    A vacina contra hepatite A é segura, eficaz e altamente recomendada. Ela faz parte do calendário nacional de vacinação.

    Esquema vacinal

    • Crianças: 1 dose aos 15 meses (pode ser aplicada dos 12 meses a 4 anos e 11 meses).
    • Grupos especiais: pessoas com doenças hepáticas, HIV, imunossupressão, uso de PrEP, fibrose cística, trissomias, coagulopatias e outras condições podem receber 2 doses com intervalo mínimo de 6 meses, nos CRIE.

    Prognóstico

    A hepatite A costuma ter evolução benigna e não se torna crônica. A maioria das pessoas se recupera totalmente.

    Complicações graves, embora raras, são mais frequentes em:

    • Adultos;
    • Idosos;
    • Pessoas com doenças no fígado.

    Leia também: Exames no pré-natal: entenda quais são e quando fazer

    Perguntas frequentes sobre Hepatite A

    1. A hepatite A pode virar hepatite crônica?

    Não. Diferente das hepatites B e C, ela não se torna crônica.

    2. Quem já teve hepatite A pode pegar de novo?

    Não. A pessoa adquire imunidade permanente.

    3. Hepatite A pega pelo ar?

    Não. A transmissão é fecal-oral.

    4. Posso pegar hepatite A em um restaurante?

    Sim, se alimentos forem manipulados sem higiene adequada.

    5. Crianças podem ter hepatite A grave?

    É raro. Normalmente, apresentam sintomas leves ou nenhum.

    6. A vacina é realmente eficaz?

    Sim. É a forma mais segura e efetiva de prevenção.

    7. Quanto tempo o vírus fica no corpo?

    A eliminação total costuma ocorrer em semanas, mas a recuperação clínica pode levar meses.

    Veja mais: Hepatite B: o que é, como pega e como se proteger

  • Doença de Crohn: entenda de forma simples 

    Doença de Crohn: entenda de forma simples 

    A Doença de Crohn faz parte do grupo das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), condições crônicas que provocam inflamação contínua no sistema digestivo. Embora seja frequentemente confundida com a retocolite ulcerativa, essas doenças têm comportamentos diferentes: enquanto a retocolite afeta apenas o intestino grosso, a Doença de Crohn pode comprometer qualquer trecho do tubo digestivo, da boca ao ânus.

    Por ser crônica, ter sintomas variáveis e, muitas vezes, silenciosos nos estágios iniciais, a Doença de Crohn ainda gera muitas dúvidas e pode demorar a ser diagnosticada. Hoje você vai entender o que é a doença, por que acontece, os sinais de alerta e como é feito o tratamento.

    O que é a Doença de Crohn?

    A Doença de Crohn é uma inflamação profunda e persistente nas paredes intestinais. Ela pode causar:

    • Feridas (úlceras);
    • Estreitamentos (estenoses);
    • Fístulas (comunicações anormais entre partes do intestino ou entre intestino e outros órgãos).

    A causa exata ainda não é totalmente conhecida, mas a ciência aponta para uma combinação de fatores:

    Fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença

    • Genética: polimorfismos específicos e associação com síndromes como Turner e Hermansky-Pudlak;
    • História familiar: parentes com DII aumentam o risco;
    • Disfunção imunológica: resposta inflamatória exagerada ou desregulada;
    • Ambiente: tabagismo, dieta industrializada e estresse agravam o quadro;
    • Microbiota desequilibrada: alterações na flora intestinal favorecem inflamação.

    Sintomas mais comuns

    Os sintomas variam conforme a área inflamada. Entre os mais frequentes:

    • Dor abdominal tipo cólica, principalmente no lado direito;
    • Diarreia persistente (às vezes com muco ou sangue);
    • Perda de peso;
    • Falta de apetite;
    • Cansaço intenso;
    • Febre baixa e mal-estar.

    Complicações possíveis

    Em crises mais intensas, podem surgir:

    • Abscessos;
    • Fístulas;
    • Estenoses (estreitamento do intestino).

    Esses quadros exigem acompanhamento médico intensivo.

    Outros sintomas além do intestino

    A Doença de Crohn é sistêmica e pode afetar outras partes do corpo:

    • Articulações: artrite;
    • Pele: eritema nodoso;
    • Olhos: uveíte;
    • Fígado e vias biliares: inflamações diversas.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico combina sinais clínicos, exames laboratoriais e exames de imagem. O médico pode solicitar:

    Exames laboratoriais

    • Hemograma e marcadores de inflamação;
    • Exames de fezes para descartar infecções;
    • Sorologia: cerca de 60 a 70% dos pacientes têm positividade para ASCA.

    Exames endoscópicos

    Colonoscopia e endoscopia: observam lesões e coletam biópsias.

    Avaliação do intestino delgado

    Enteroscopia ou cápsula endoscópica.

    Exames de imagem

    Tomografia ou ressonância de abdome, úteis para detectar inflamações e complicações.

    O diagnóstico pode levar tempo porque os sintomas se assemelham aos de outras doenças gastrointestinais.

    Tratamento

    A Doença de Crohn não tem cura, mas é possível controlá-la e reduzir crises.

    Opções de tratamento incluem

    • Anti-inflamatórios e imunossupressores: reduzem a inflamação.
    • Medicamentos biológicos: indicados nos casos moderados a graves.
    • Antibióticos: quando há infecções ou fístulas.
    • Cirurgia: necessária em casos de obstrução, estenose severa ou partes muito danificadas.

    Cuidados complementares

    • Alimentação equilibrada;
    • Controle do estresse;
    • Parar de fumar;
    • Acompanhamento regular com gastroenterologista.

    Vivendo com a doença

    Embora seja crônica, muitas pessoas com Doença de Crohn vivem normalmente com o tratamento certo. Apoio psicológico, grupos de pacientes e acompanhamento contínuo ajudam a lidar com o impacto físico e emocional da condição.

    Leia mais: Dor abdominal: quais podem ser as causas desse sintoma tão frequente?

    Perguntas frequentes sobre Doença de Crohn

    1. A Doença de Crohn tem cura?

    Não, mas pode ser controlada com tratamento contínuo.

    2. Crohn e retocolite são a mesma coisa?

    Não. São doenças diferentes dentro das DII.

    3. A alimentação causa a doença?

    Não causa, mas pode piorar crises se não for equilibrada.

    4. Estresse desencadeia Crohn?

    Não é causa direta, mas pode agravar os sintomas.

    5. Qual médico trata a Doença de Crohn?

    O gastroenterologista.

    6. É possível ter longos períodos sem sintomas?

    Sim. Com tratamento, muitas pessoas ficam em remissão.

    7. Fumantes têm mais risco?

    Sim. O tabagismo é um dos fatores mais fortemente associados à piora da doença.

    Confira: Colonoscopia: o exame que avalia o intestino

  • Câncer agressivo: o que significa e quais fatores determinam

    Câncer agressivo: o que significa e quais fatores determinam

    Quando o assunto é câncer agressivo, é comum associar o termo a uma sentença definitiva — algo que não pode ser controlado. No entanto, na medicina, a expressão tem um significado mais técnico e precisa ser entendida com calma.

    O termo “agressivo” não quer dizer, necessariamente, que o câncer não tem tratamento, mas sim que apresenta um comportamento biológico mais rápido e imprevisível do que outros tipos.

    Para entender como ele é caracterizado e quais fatores determinam esse perfil, conversamos com o oncologista Thiago Chadid. Confira!

    O que define um “câncer agressivo”?

    Na oncologia, dizer que um câncer é “agressivo” significa que o tumor cresce rápido e se espalha com facilidade, de acordo com Thiago. Em termos simples, as células cancerígenas se dividem e se espalham rapidamente, invadindo tecidos vizinhos e, em alguns casos, alcançando outras partes do corpo (metástase) em menos tempo do que o esperado.

    A agressividade está relacionada à biologia do tumor, que pode variar bastante de um paciente para outro. Alguns tumores crescem de forma lenta, permanecendo localizados por meses ou anos, enquanto outros apresentam comportamento acelerado, mesmo em estágios iniciais.

    A análise da agressividade é feita por meio de exames histopatológicos e moleculares, que permitem observar características como:

    • Taxa de proliferação celular (Índice Ki-67): o Ki-67 é uma proteína presente em células de divisão. Um índice Ki-67 elevado indica que as células estão se multiplicando rapidamente, o que normalmente está associado a tumores mais agressivos;
    • Grau histológico: avalia o quanto as células cancerosas se diferenciam das células normais do tecido de origem. Um grau baixo (bem diferenciado) aponta que as células se parecem mais com as normais e o tumor tende a ser menos agressivo. Já um grau alto (pouco ou indiferenciado) indica que células são muito anormais e o tumor tende a ser mais agressivo;
    • Presença de mutações genéticas: análises moleculares identificam alterações no DNA que podem conferir ao tumor características de maior agressividade, como um crescimento acelerado ou resistência a certos tratamentos;
    • Marcadores tumorais específicos: incluem proteínas ou outras substâncias que podem ser medidas e que fornecem informações prognósticas (como o futuro da doença) e preditivas (como o tumor responderá a um tratamento específico). Exemplos incluem os receptores hormonais (como estrogênio e progesterona) e o HER2 no câncer de mama, que influenciam diretamente o plano de tratamento.

    Thiago ainda ressalta que agressividade é diferente de estágio. Um tumor pode ser biologicamente agressivo e, mesmo assim, ter ótimo prognóstico se for diagnosticado em fase inicial. Por outro lado, um tumor com baixo grau de agressividade pode ter prognóstico ruim caso seja diagnosticado em estágio avançado, com metástase ou invasão extensa.

    A agressividade está ligada ao tamanho do tumor?

    A agressividade nem sempre está associada ao tamanho do tumor, afinal um pequeno pode ser altamente agressivo, enquanto outro, grande, pode crescer lentamente e não apresentar risco imediato de metástase.

    O tamanho do tumor é apenas um dos critérios avaliados no estadiamento do câncer. O que realmente define a agressividade é o comportamento biológico — isto é, como as células se multiplicam, interagem e resistem ao tratamento.

    Vamos a um exemplo:

    • Um câncer de mama triplo negativo tende a ser mais agressivo, mesmo que detectado em tamanho reduzido;
    • Já alguns cânceres de próstata podem permanecer indolentes (sem sintomas e com crescimento lento) por anos, sem necessidade de intervenção imediata.

    Portanto, a avaliação da agressividade depende de uma combinação de fatores clínicos, laboratoriais e genéticos, e não apenas das dimensões do tumor.

    Quais tipos de câncer são considerados mais agressivos?

    Cada tipo de câncer tem suas particularidades, e até dentro de uma mesma categoria há variações no comportamento. Alguns evoluem devagar e permanecem controlados por muito tempo, enquanto outros se desenvolvem de forma acelerada e tendem a se espalhar com mais facilidade.

    Entre os que costumam ter uma progressão mais rápida e maior risco de metástase, é possível apontar:

    • Câncer de pâncreas: costuma ser diagnosticado tardiamente, pois no início provoca poucos sintomas. É um dos tumores com maior capacidade de invadir tecidos vizinhos e de formar metástases precoces;
    • Câncer de pulmão de pequenas células: apresenta multiplicação acelerada das células e alto risco de se espalhar para outros órgãos logo nas fases iniciais, exigindo tratamento intensivo;
    • Câncer de fígado (hepatocarcinoma): tende a evoluir de forma rápida, especialmente em pessoas com doenças hepáticas crônicas, como cirrose ou hepatite viral;
    • Câncer de mama triplo negativo: por não ter receptores hormonais nem a proteína HER2, responde menos a terapias específicas e costuma crescer de forma mais veloz, exigindo quimioterapia como base do tratamento;
    • Leucemias agudas: provocam uma produção descontrolada de células imaturas na medula óssea, comprometendo rapidamente a formação normal do sangue e exigindo início imediato do tratamento;
    • Glioblastoma multiforme: é um tumor cerebral de crescimento rápido, com alto risco de reaparecimento mesmo após cirurgia e tratamento complementar.

    Um câncer agressivo é sinônimo de incurável?

    O diagnóstico de um câncer agressivo não significa ausência de cura. Na prática, ele indica apenas que o tumor cresce e se espalha mais rápido, exigindo um tratamento ágil e bem direcionado. Isso não elimina as chances de controle ou cura, apenas torna o acompanhamento mais intenso.

    Com o avanço da medicina oncológica, existem diversas formas eficazes de combater tumores agressivos, de acordo com o tipo e o estágio da doença, como:

    • Quimioterapia combinada: utiliza diferentes medicamentos para atingir as células cancerígenas em várias fases do ciclo celular, ajudando a desacelerar ou interromper sua multiplicação. É uma das principais estratégias para tumores de crescimento rápido;
    • Terapias-alvo: agem de forma precisa sobre mutações específicas que alimentam o crescimento do tumor, bloqueando os mecanismos que permitem que ele se desenvolva e se espalhe;
    • Imunoterapia: estimula e fortalece o sistema imunológico do paciente, permitindo que o próprio corpo reconheça e destrua as células cancerígenas de forma mais eficiente;
    • Radioterapia: utiliza doses controladas de radiação para destruir células tumorais em áreas localizadas, reduzindo o risco de recidiva. Pode ser usada antes ou depois da cirurgia, ou associada a outros tratamentos;
    • Cirurgia oncológica: busca remover completamente o tumor e os tecidos afetados, quando isso é possível e seguro. Ela costuma ser combinada a outras terapias para garantir melhor resultado e prevenir o retorno da doença.

    Com diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento contínuo, mesmo um câncer classificado como agressivo pode ser controlado e ter um bom prognóstico.

    Como saber se o câncer está avançando rapidamente?

    Os sintomas variam conforme o tipo de câncer, mas alguns sinais podem indicar avanço rápido:

    • Crescimento visível de nódulos ou massas;
    • Dor persistente e de difícil controle;
    • Perda de peso involuntária;
    • Cansaço extremo;
    • Febre sem causa aparente;
    • Alterações em exames de sangue ou imagem em curto intervalo.

    Os indícios não confirmam sozinhos a agressividade, mas exigem avaliação médica imediata.

    O papel do diagnóstico precoce

    Independentemente do tipo ou da agressividade do câncer, o diagnóstico precoce é o fator que mais influencia no sucesso do tratamento. Quanto mais cedo a doença é identificada, maiores são as chances de controle e de cura.

    Manter os exames em dia, observar sintomas que persistem e conhecer o histórico familiar são atitudes que fazem diferença. Programas de rastreamento, como mamografia, exame de próstata, colonoscopia e Papanicolau, permitem detectar alterações ainda no início, antes que se tornem invasivas ou causem sintomas.

    Por isso, mantenha sempre os exames de rotina em dia e procure atendimento médico ao notar qualquer alteração no corpo que persista por mais de algumas semanas. Pequenas mudanças, como um nódulo, sangramento inesperado, perda de peso sem explicação ou dor contínua, devem ser investigadas.

    Leia também: Quais os principais fatores de risco para câncer?

    Perguntas frequentes

    Câncer agressivo é o mesmo que câncer avançado?

    Não! O termo “agressivo” se refere à velocidade com que o tumor cresce e se multiplica, enquanto “avançado” indica o estágio da doença, ou seja, o quanto ela se espalhou.

    Um câncer pode ser agressivo, mas estar em fase inicial, da mesma forma que um câncer de crescimento lento pode ser descoberto em estágio avançado. Assim, os dois conceitos são diferentes e exigem abordagens distintas.

    Todo câncer agressivo forma metástase?

    Nem sempre. Na verdade, apesar do câncer agressivo ter maior potencial para se espalhar, nem todos desenvolvem metástases — e isso depende da biologia do tumor, do tempo até o diagnóstico e da resposta ao tratamento.

    Quando a doença é identificada precocemente, é possível conter o avanço e evitar que as células afetem outros órgãos.

    Qual é a diferença entre prevenção e rastreamento do câncer?

    A prevenção significa adotar medidas para reduzir o risco de desenvolver a doença, como não fumar, manter uma alimentação equilibrada e praticar atividades físicas regularmente. Já o rastreamento consiste em realizar exames regulares em pessoas sem sintomas, com o objetivo de detectar o câncer em fases iniciais.

    Enquanto a prevenção atua para evitar o aparecimento da doença, o rastreamento possibilita o diagnóstico precoce, quando as chances de cura são muito maiores.

    É verdade que o câncer pode voltar depois de tratado?

    Sim, e isso é chamado de recidiva. Pode acontecer meses ou anos após o tratamento, dependendo do tipo de câncer, do estágio inicial e da resposta ao tratamento. Essa é uma das razões de que, mesmo após o fim do tratamento, o paciente deve manter um acompanhamento regular com um especialista.

    O que posso fazer hoje para reduzir meu risco de câncer no futuro?

    Adotar hábitos saudáveis no dia a dia é uma das melhores maneiras de prevenir o câncer e outras condições crônicas. Isso envolve medidas como:

    • Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool;
    • Manter uma alimentação rica em frutas, legumes e grãos integrais;
    • Praticar atividade física regularmente;
    • Proteger-se do sol e usar sempre filtro solar;
    • Manter o peso adequado;
    • Realizar exames preventivos de acordo com a idade e o histórico de saúde, como mamografia e papanicolau;
    • Evitar a exposição a agentes cancerígenos no trabalho;
    • Manter o calendário vacinal atualizado.

    Os cuidados ajudam a reduzir significativamente o risco de desenvolver câncer, fortalecem o organismo e contribuem para uma vida mais saudável e equilibrada.

    Confira: Câncer de próstata: veja por que você precisa ficar de olho

  • Gota: quando o ácido úrico causa inflamação nas articulações

    Gota: quando o ácido úrico causa inflamação nas articulações

    A gota é uma das doenças reumatológicas mais antigas descritas pela medicina, e ainda assim continua muito comum. Ela aparece quando o ácido úrico se acumula no sangue e forma cristais dentro das articulações, provocando crises de dor intensa, inchaço e vermelhidão. Em muitos casos, a dor surge de forma súbita e chega a ser tão forte que encostar um lençol sobre a articulação se torna difícil.

    Apesar de ser uma doença conhecida e ter tratamento eficaz, a gota ainda é subdiagnosticada. Muitas pessoas convivem por anos com crises que vão e voltam sem entender a causa. Com acompanhamento adequado, porém, é possível controlar a dor, prevenir novas crises e evitar complicações articulares e renais.

    O que é a gota?

    A gota é uma artropatia inflamatória, causada pelo acúmulo de cristais de ácido úrico (urato monossódico) dentro das articulações. Esses cristais aparecem quando há hiperuricemia, ou seja, excesso de ácido úrico no sangue.

    O ácido úrico é produzido naturalmente pelo organismo ao metabolizar purinas, presentes em alimentos como:

    • Carnes vermelhas;
    • Vísceras;
    • Frutos do mar;
    • Bebidas alcoólicas.

    Em condições normais, ele é eliminado pelos rins. Mas, se o corpo produz mais do que consegue eliminar, ou se o rim passa a excretar menos, o excesso começa a se acumular e se cristalizar.

    Quem tem mais risco de desenvolver gota?

    A gota é mais comum em:

    • Homens entre 40 e 60 anos;
    • Mulheres após a menopausa.

    O risco aumenta em pessoas que têm:

    • Obesidade ou síndrome metabólica;
    • Pressão alta, colesterol ou triglicerídeos elevados;
    • Diabetes tipo 2;
    • Consumo elevado de álcool;
    • Uso de diuréticos;
    • Doença renal crônica.

    A prevalência global da doença vem aumentando, especialmente por conta de mudanças alimentares e do crescimento das doenças metabólicas.

    Como a gota se manifesta?

    A doença geralmente evolui em etapas:

    1. Estágio pré-clínico (sem sintomas)

    O ácido úrico está alto, mas ainda não há dor. Cristais podem estar se formando sem causar inflamação evidente.

    2. Crises agudas de gota

    São episódios súbitos de:

    • Dor intensa;
    • Vermelhidão;
    • Inchaço;
    • Calor na articulação afetada.

    O local mais clássico é o dedão do pé (podagra), mas também podem afetar joelhos, tornozelos, punhos e cotovelos.

    A crise:

    • Piora rapidamente;
    • Dura de 5 a 10 dias;
    • Responde bem a anti-inflamatórios;
    • Pode voltar se o ácido úrico não for controlado.

    3. Gota crônica

    Após anos sem tratamento adequado, podem surgir:

    • Tofos, que são nódulos duros sob a pele;
    • Deformidades articulares;
    • Lesão renal por ácido úrico.

    Diagnóstico

    O diagnóstico combina avaliação clínica e exames.

    O médico pode solicitar:

    • Análise do líquido articular (padrão-ouro): identifica os cristais no microscópio;
    • Exame de sangue para medir ácido úrico;
    • Ultrassonografia para detectar depósitos de urato.

    Importante: o ácido úrico alto não confirma gota sozinho, e crises podem ocorrer mesmo com valores normais.

    Tratamento

    O tratamento envolve duas frentes:

    1. Tratar a crise aguda

    Objetivo: reduzir a dor e a inflamação. Isso inclui:

    • Medicamentos anti-inflamatórios;
    • Repouso da articulação;
    • Compressas frias.

    2. Prevenir novas crises

    O objetivo é manter o ácido úrico sob controle. Envolve:

    • Mudanças no estilo de vida;
    • Controle de doenças associadas;
    • Medicamentos que reduzem o ácido úrico (quando indicados).

    Sem essa etapa, as crises se tornam mais frequentes e o risco de dano articular aumenta.

    Cuidados e prevenção

    Medidas que ajudam no controle da gota:

    • Beber 2 a 3 litros de água por dia;
    • Reduzir ou evitar álcool;
    • Diminuir o consumo de carnes vermelhas, vísceras e frutos do mar;
    • Manter peso saudável;
    • Fazer atividade física regularmente;
    • Tratar doenças associadas;
    • Usar medicamentos apenas com orientação médica.

    Confira: Artrite ou artrose? Conheça as diferenças entre as doenças

    Perguntas frequentes sobre gota

    1. Gota tem cura?

    A doença pode ser controlada com tratamento, mas tende a voltar sem acompanhamento adequado.

    2. Toda pessoa com ácido úrico alto tem gota?

    Não. Nem todo hiperuricêmico terá crises, e crises podem ocorrer com níveis normais.

    3. Beber álcool realmente piora a gota?

    Sim. Bebidas alcoólicas aumentam a produção e reduzem a eliminação de ácido úrico.

    4. A crise de gota sempre acontece no dedão do pé?

    Não. É o local mais comum, mas outras articulações podem ser afetadas.

    5. Comer carne causa gota?

    O consumo excessivo de alimentos ricos em purinas aumenta o risco, mas não é o único fator.

    6. Gota pode causar problemas nos rins?

    Sim. Depósitos de urato podem causar cálculos renais e lesões renais crônicas.

    Veja também: Dor e rigidez nas articulações? Pode ser artrite reumatoide

  • Por que a pressão arterial aumenta no frio? Cardiologista explica

    Por que a pressão arterial aumenta no frio? Cardiologista explica

    Não é apenas o aumento das infecções respiratórias que acontece nos dias frios. Quando as temperaturas caem, o corpo precisa trabalhar mais para manter o calor interno, o que faz os vasos sanguíneos se contraírem e o coração trabalhar com mais força para bombear o sangue. Isso pode sobrecarregar o sistema cardiovascular — especialmente em quem já tem hipertensão ou outros problemas cardíacos.

    Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender o que acontece com o coração nos dias frios e quais cuidados é importante adotar nesse período. Confira!

    Por que o frio faz a pressão arterial subir?

    Com a queda nas temperaturas, o corpo ativa um mecanismo natural para manter a temperatura constante, desencadeando um processo chamado vasoconstrição, que consiste no estreitamento dos vasos sanguíneos para reduzir a perda de calor.

    De acordo com Juliana, o processo faz com que o coração precise trabalhar com mais intensidade para bombear o sangue de forma adequada por todo o corpo, o que acaba elevando a pressão arterial.

    Além disso, o frio também estimula a liberação de hormônios como adrenalina e noradrenalina, substâncias associadas à resposta de alerta do organismo. Eles aumentam a frequência dos batimentos cardíacos e intensificam o esforço do coração — contribuindo ainda mais para a elevação da pressão e para uma sobrecarga cardiovascular.

    E para quem tem hipertensão?

    As pessoas que já convivem com hipertensão arterial costumam apresentar uma pressão de base naturalmente mais elevada, o que as torna mais vulneráveis às variações provocadas pelo clima.

    É importante lembrar que elevações súbitas da pressão arterial aumentam significativamente o risco de complicações graves. Por isso, o efeito da vasoconstrição tende a ser potencialmente mais perigoso para quem tem hipertensão — o que aumenta a necessidade de acompanhamento médico e controle da pressão nas épocas mais frias do ano.

    O frio aumenta o risco de infarto?

    Segundo dados do Instituto Nacional de Cardiologia, as baixas temperaturas do inverno (abaixo de 14°C) fazem aumentar em 30% o risco de infarto — além de outras complicações cardiovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC).

    O Ministério da Saúde ainda aponta um aumento de até 5% nos casos de dissecção de aorta, uma emergência médica gravíssima que acontece quando a camada interna da principal artéria, que se ramifica a partir do coração e leva sangue para todo o corpo, acaba se rompendo ou sofrendo um descolamento.

    Além de o frio provocar o processo de constrição das artérias (vasoconstrição), Juliana explica que ocorre um aumento da viscosidade do sangue, que se torna um pouco mais espesso e coagulável. A mudança favorece a formação de coágulos, que podem contribuir para quadros de obstrução arterial e levar a complicações graves, como infarto ou AVC.

    “Além disso, como no frio temos um aumento de alguns hormônios do estresse, como a adrenalina, pode ocorrer aumento da frequência cardíaca e um episódio de taquicardia e arritmia, especialmente em quem já tem problemas cardíacos de base”, complementa a especialista.

    Além das pessoas com hipertensão, os grupos de maior risco incluem idosos, tabagistas e indivíduos com diabetes ou colesterol alto. Pacientes com histórico de doenças cardiovasculares, como infarto, insuficiência cardíaca ou arritmias, também apresentam maior vulnerabilidade durante o frio.

    Quais horários do dia são mais perigosos?

    De modo geral, Juliana aponta que o período da manhã apresenta maior incidência de eventos cardiovasculares, por diversos motivos. Nesse horário, independentemente de qualquer condição, o organismo já tende a elevar naturalmente a pressão arterial para se preparar para as atividades do dia — porém, durante o frio, o aumento se torna mais intenso devido à vasoconstrição.

    Para complementar, nas primeiras horas do dia, a temperatura ambiente costuma ser mais baixa, e muitas pessoas passam bruscamente de ambientes aquecidos para o ar frio da rua a caminho do trabalho, o que pode provocar um choque térmico e aumentar ainda mais a sobrecarga sobre o sistema cardiovascular.

    Quando procurar um médico?

    É recomendado procurar um médico sempre que houver alterações persistentes na pressão arterial, mesmo com o uso regular de remédios. Também é importante buscar atendimento imediato em caso de sintomas como:

    • Dor ou pressão no peito;
    • Falta de ar;
    • Palpitações ou batimentos acelerados;
    • Tontura ou desmaios;
    • Visão embaçada;
    • Dor de cabeça intensa e repentina;
    • Inchaço nas pernas, tornozelos ou pés.

    Vale complementar que pessoas com hipertensão, diabetes, colesterol alto ou histórico de doenças cardíacas devem manter o acompanhamento médico regular durante o inverno. O frio pode alterar a resposta do organismo e, em alguns casos, exigir os ajustes na medicação, conforme a orientação do médico.

    Cuidados para proteger o coração no inverno

    É fundamental que as pessoas com doenças cardiovasculares, como hipertensão, insuficiência cardíaca, histórico de infarto ou arritmias, redobrem os cuidados durante os períodos de frio. Juliana dá algumas orientações:

    • Evitar choques térmicos e mudanças bruscas de temperatura;
    • Manter-se bem agasalhado, principalmente nas extremidades (pés e mãos), para reduzir a vasoconstrição;
    • Continuar praticando atividade física, adaptando os exercícios para ambientes fechados e seguros;
    • Monitorar regularmente a pressão arterial, especialmente em dias de frio intenso;
    • Seguir corretamente o tratamento médico e não interromper o uso dos medicamentos sem orientação.

    Por fim, Juliana reforça a importância de manter o calendário vacinal em dia, já que, nas épocas frias, há uma maior incidência de infecções respiratórias, que podem agravar o quadro de pacientes com doenças cardiovasculares.

    Para se ter uma ideia, estudos mostram que, nas semanas seguintes a uma infecção viral (como gripe), a chance de um ataque cardíaco pode ser até seis vezes maior — principalmente em adultos mais velhos. A vacinação é segura e recomendada para praticamente todas as pessoas com doenças cardiovasculares.

    Veja também: Pressão alta e rins: como proteger a saúde renal

    Perguntas frequentes

    O que acontece com o corpo no frio?

    Quando o frio chega, o corpo humano precisa se adaptar para manter a temperatura interna constante, então ele ativa um mecanismo chamado vasoconstrição, que consiste no estreitamento dos vasos sanguíneos. O processo ajuda a evitar a perda de calor, mas, ao mesmo tempo, faz com que o coração precise trabalhar com mais força para bombear o sangue.

    O resultado é um aumento natural da pressão arterial, mesmo em pessoas saudáveis, o que é normal de acontecer, mas pode se tornar perigoso para quem já tem doenças cardiovasculares.

    Por que o sangue fica mais espesso no frio?

    Durante o inverno, o corpo perde mais água e tende a ficar levemente desidratado, já que sentimos menos sede. Isso aumenta a concentração de células e proteínas no sangue, deixando-o mais viscoso. A densidade maior favorece a formação de coágulos, que podem obstruir as artérias e causar infarto ou AVC. Assim, mesmo que o frio desestimule o consumo de água, é fundamental manter uma boa hidratação.

    O que a vacinação tem a ver com a saúde do coração?

    As infecções respiratórias, como a gripe e a pneumonia, colocam o corpo sob forte estresse inflamatório, o que pode desestabilizar as placas de gordura nas artérias e causar eventos graves, como o infarto e o AVC. A vacinação reduz a chance de o organismo enfrentar inflamações intensas e evita a sobrecarga sobre o coração.

    As pessoas com hipertensão, diabetes ou histórico de doenças cardíacas devem manter o calendário vacinal atualizado, incluindo as vacinas contra a gripe (Influenza), a pneumonia e a Covid-19. A prevenção de infecções é uma das formas mais eficazes de reduzir o risco de complicações cardiovasculares durante o frio.

    Como medir a pressão arterial em casa?

    Para medir a pressão arterial em casa, é importante o uso de aparelhos digitais automáticos de braço, que são mais confiáveis e oferecem resultados precisos. A pessoa deve estar sentada, com as costas apoiadas e os pés no chão, em ambiente calmo e silencioso. O braço deve estar na altura do coração, e o manguito precisa envolver corretamente o braço, sem apertar demais.

    A medição deve ser feita sempre no mesmo horário, de preferência pela manhã e à noite, evitando conversar durante o processo. A anotação dos resultados e a observação de variações pode ajudar o médico a avaliar a necessidade de ajustes no tratamento e a entender como o organismo reage às mudanças de temperatura.

    O consumo de café e bebidas estimulantes interfere na pressão no frio?

    O consumo excessivo de café, energéticos e bebidas estimulantes pode interferir na pressão arterial, aumentando a liberação de adrenalina, acelerando os batimentos cardíacos e elevando temporariamente a pressão. O efeito é mais perceptível em pessoas sensíveis ou que já têm hipertensão.

    A recomendação médica é limitar o consumo diário a quantidades moderadas e evitar o uso combinado de bebidas estimulantes, principalmente em dias de baixa temperatura, quando o coração já está sob maior esforço.

    Veja mais: Pressão alta: quando ir ao pronto-socorro?

  • Obesidade: por que é considerada uma doença crônica?

    Obesidade: por que é considerada uma doença crônica?

    Em um ritmo acelerado, o Brasil caminha para se tornar um país em que o excesso de peso será a realidade da maior parte da população. Em vinte anos, se a tendência permanecer, dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que 48% dos brasileiros serão obesos e outros 27% estarão com sobrepeso.

    Hoje, o Ministério da Saúde indica que um em cada três brasileiros vive com obesidade — e que mais da metade dos moradores das capitais apresenta excesso de peso. Apesar dos números elevados, ainda há grande dificuldade em entender o problema com a seriedade necessária.

    “Durante décadas, o excesso de peso foi explicado apenas como um problema de escolhas pessoais, ignorando a biologia e o ambiente. Essa visão simplista reforça o estigma e faz com que muitas pessoas com obesidade sofram culpa e discriminação, inclusive no sistema de saúde”, aponta a médica de família e comunidade, Fernanda Tasso Borges Fernandes.

    Segundo a especialista, existem evidências sólidas de que, isoladamente, a força de vontade não é capaz de superar os mecanismos biológicos que tendem a levar o corpo de volta ao peso anterior. A obesidade é uma doença em que fatores hormonais, genéticos e ambientais trabalham para manter o organismo em um patamar elevado de peso, mesmo quando a pessoa tenta mudar hábitos. É o que nós vamos entender mais, a seguir.

    Por que a obesidade é considerada uma doença crônica?

    A obesidade, que passou a ser considerada uma doença crônica pela American Medical Association em 2013, envolve alterações biológicas, genéticas, hormonais, ambientais e comportamentais que fazem o corpo defender um peso mais alto, mesmo quando a pessoa tenta emagrecer.

    Para se ter uma ideia, dados da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostram que cerca de 90% das pessoas que perdem peso acabam recuperando grande parte do que foi eliminado. O organismo passa a funcionar em um padrão que favorece acúmulo de gordura e torna o tratamento contínuo, assim como acontece em casos de hipertensão ou diabetes.

    “O excesso de peso não é apenas resultado de ‘comer demais’: há mudanças na regulação do apetite, no gasto energético e nos hormônios que controlam fome e saciedade. Assim como a hipertensão ou o diabetes, a obesidade não tem cura definitiva, mas pode ser controlada com acompanhamento médico, hábitos saudáveis e, em alguns casos, medicações”, explica Fernanda.

    Segundo o Ministério da Saúde, a obesidade é um importante fator de risco para diversas doenças, porque o acúmulo excessivo de gordura altera o funcionamento do organismo e favorece processos inflamatórios, resistência à insulina, aumento da pressão arterial e desequilíbrios hormonais.

    Isso aumenta a probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares, apneia do sono, alguns tipos de câncer e problemas articulares. Quanto maior o tempo de exposição ao excesso de peso, maior tende a ser o impacto sobre a saúde, o que reforça a necessidade de acompanhamento contínuo e intervenções precoces.

    Quais fatores influenciam na obesidade?

    Existem diversos fatores que influenciam o desenvolvimento da obesidade, e a maioria deles atua de forma combinada ao longo do tempo.

    Segundo Fernanda, o peso corporal é regulado por um sistema biológico complexo que envolve o cérebro, principalmente estruturas como o hipotálamo, e uma rede de hormônios responsável por informar ao corpo quando há energia suficiente ou quando é necessário comer. A médica cita alguns exemplos:

    • Leptina: produzida pelo tecido adiposo, normalmente reduz o apetite, mas em pessoas com obesidade o organismo pode se tornar resistente à sua ação;
    • Grelina: conhecida como o “hormônio da fome”, aumenta antes das refeições e diminui após comer, porém, em quem emagrece, tende a permanecer elevada, estimulando o apetite;
    • Insulina: além de controlar a glicose, exerce papel importante no armazenamento de gordura;
    • Cortisol e hormônios sexuais: modulam a distribuição e o acúmulo de gordura no corpo.

    Em pessoas com tendência à obesidade, esses sinais podem funcionar de modo alterado, dificultando o controle natural do apetite e do gasto energético. Ao mesmo tempo, os fatores externos têm influência tão importante quanto a genética — e acabam definindo se uma predisposição biológica vai, de fato, se tornar uma doença.

    “Pesquisas indicam que fatores genéticos podem explicar até 70% da tendência individual ao ganho de peso, influenciando desde o apetite e o gasto calórico até a forma como o corpo armazena gordura. No entanto, essa predisposição só se transforma em doença quando o corpo é exposto a um ambiente que favorece o ganho de peso — com alimentos ultraprocessados, sono insuficiente, estresse crônico e pouca atividade física”, aponta Fernanda.

    E qual o papel do cérebro?

    O cérebro participa de maneira direta na regulação do peso corporal, controlando fome, saciedade e prazer relacionado à comida. O hipotálamo funciona como centro de comando, ajustando apetite e gasto energético a partir de sinais enviados por hormônios como leptina e grelina — que, como já explicado, informam se há energia suficiente ou se é hora de buscar alimento.

    Além disso, as áreas ligadas ao sistema de recompensa influenciam o prazer e a motivação para comer, principalmente quando o ambiente oferece alimentos ricos em gordura, açúcar e sal.

    Por esse motivo, o tratamento da obesidade também envolve estratégias que ajudam o cérebro a desenvolver novas respostas — percebendo melhor os sinais de saciedade, reconhecendo os gatilhos emocionais e reduzindo a busca automática por comida.

    Obesidade tem cura?

    A obesidade é uma doença crônica, então não tem uma cura definitiva, mas pode ser controlada a partir de acompanhamento contínuo. O tratamento, além de reduzir o peso, também visa manter os resultados a longo prazo.

    Quando o peso diminui, o corpo reduz o gasto energético e aumenta o apetite para tentar recuperar o que perdeu. Por isso, Fernanda ressalta que interromper o tratamento pode levar à recidiva em grande parte dos casos.

    “Com seguimento médico, alimentação adequada, atividade física e, quando indicado, uso de medicamentos, é possível controlar a doença, reduzir riscos e melhorar a qualidade de vida de forma sustentável”, finaliza a médica de família.

    Confira: Canetas emagrecedoras: como evitar deficiências nutricionais?

    Perguntas frequentes sobre obesidade

    Qual é a diferença entre obesidade e sobrepeso?

    A diferença entre obesidade e sobrepeso está principalmente na quantidade de gordura acumulada e no impacto que isso causa na saúde.

    Sobrepeso é quando a pessoa apresenta acúmulo de gordura maior do que o considerado ideal, mas ainda sem ultrapassar limites que elevem de forma marcante o risco de doenças. Para o sobrepeso, o IMC fica entre 25 e 29,99;

    Obesidade corresponde a um aumento mais significativo desse acúmulo, a ponto de alterar o funcionamento do organismo, favorecer inflamação crônica, desequilibrar hormônios ligados ao apetite e elevar de maneira importante a probabilidade de desenvolver problemas de saúde. Para a obesidade, o IMC é a partir de 30.

    Apesar do IMC ser uma ferramenta bastante usada para distinguir ambas as condições, outros fatores (como composição corporal, distribuição de gordura e histórico clínico) também entram no diagnóstico. A diferença fundamental é que obesidade é considerada uma doença crônica que exige acompanhamento contínuo, enquanto sobrepeso é um estágio que pode evoluir ou ser revertido com tratamento adequado.

    Quais doenças podem estar associadas à obesidade?

    A obesidade aumenta o risco de várias condições, especialmente quando o corpo permanece por anos em estado de inflamação crônica causada pelo excesso de gordura. Entre elas, é possível destacar:

    • Diabetes tipo 2;
    • Hipertensão;
    • Doenças cardiovasculares;
    • Apneia do sono;
    • Gordura no fígado;
    • Refluxo;
    • Problemas articulares;
    • Infertilidade;
    • Irregularidade menstrual;
    • Determinados tipos de câncer.

    Por que é tão difícil manter o peso perdido?

    Quando alguém emagrece, o corpo interpreta o processo como ameaça à sobrevivência e aciona mecanismos de defesa. Então, o gasto energético diminui, a fome aumenta, a grelina permanece elevada e a leptina perde eficiência.

    Além disso, os músculos passam a usar energia de forma mais econômica, dificultando a manutenção do novo peso. Tudo isso faz com que a pessoa precise de acompanhamento contínuo para manter resultados.

    O que causa o efeito sanfona em quem tem obesidade?

    O efeito sanfona ocorre quando a pessoa perde peso rapidamente e recupera logo em seguida, repetindo esse ciclo várias vezes. Isso acontece porque dietas rígidas e de baixa caloria fazem o corpo interpretar a perda de peso como ameaça, reduzindo metabolismo, aumentando fome e estimulando mecanismos naturais de economia de energia.

    Quando a alimentação volta ao normal, o corpo repõe o peso perdido com rapidez, muitas vezes ultrapassando o valor inicial. Em pessoas com obesidade, o efeito sanfona é ainda mais intenso porque o organismo já opera com hormônios desregulados e maior tendência ao acúmulo de gordura. O ciclo repetido compromete o metabolismo, aumenta inflamação e dificulta a manutenção do peso no longo prazo.

    Obesidade pode causar problemas no coração?

    Sim, pois o acúmulo de gordura aumenta a inflamação, eleva pressão arterial e o colesterol, favorece resistência à insulina e sobrecarrega o sistema cardiovascular. O coração precisa trabalhar mais para bombear sangue, o que contribui para insuficiência cardíaca, arritmias e doença arterial coronariana.

    Confira: Obesidade infantil: o que é, causas e como prevenir

  • Pedra nos rins: descubra como é feito o tratamento 

    Pedra nos rins: descubra como é feito o tratamento 

    Dor intensa na lateral do corpo, cólicas, náuseas e ardor para urinar são alguns dos sintomas que podem surgir num quadro de cálculo renal, também conhecido como pedra nos rins. A condição, que surge quando ocorre acúmulo de sais minerais dentro do sistema urinário, provoca cristalização e formação de pequenos fragmentos duros, que podem ficar presos no rim ou migrar pelo ureter.

    Quando uma pedra se desloca, o corpo reage com uma dor muito forte, porque o canal é estreito e fica inflamado. A dor pode surgir de forma súbita, com picos que aumentam e diminuem ao longo de minutos ou horas — e costuma ser tão intensa que o paciente perde a capacidade de ficar parado.

    Em alguns casos, fragmentos muito pequenos podem passar despercebidos sem sintomas importantes, mas o quadro ainda merece atenção e avaliação médica. O tratamento pode variar de acordo com o tamanho do cálculo, localização e intensidade dos sintomas, podendo envolver o uso de medicamentos, hidratação rigorosa ou até a necessidade de intervenção para retirada do cálculo.

    Para entender os tipos de tratamento disponíveis, conversamos com o urologista Luciano Teixeira e esclarecemos os principais detalhes, a seguir.

    O que pode causar pedra nos rins?

    As pedras nos rins se formam quando há excesso de sais e minerais na urina, combinado com baixa ingestão de líquidos, o que pode acontecer por aspectos tanto genéticos quanto por hábitos de vida, de acordo com Luciano.

    Entre os fatores mais comuns que contribuem para a formação de cálculos renais, é possível destacar:

    • Baixa ingestão de água, que concentra a urina e favorece a cristalização de sais;
    • Alimentação rica em sal e proteínas animais, que altera o equilíbrio químico urinário;
    • Fatores hereditários, com maior predisposição em pessoas com familiares que já tiveram cálculos;
    • Doenças metabólicas, como gota, obesidade, hipercalciúria, hiperoxalúria, hipocitratúria, diabetes e hiperparatireoidismo;
    • Clima quente, que aumenta o risco de desidratação.

    “Em resumo, o cálculo renal é resultado de um desequilíbrio: quando o organismo elimina mais sais do que a urina consegue diluir, os cristais se unem e formam as pedras”, complementa Luciano.

    Como é feito o tratamento de pedra nos rins?

    O tratamento depende do tamanho, localização e tipo do cálculo renal, além da intensidade dos sintomas. Mas, segundo o urologista Luciano Teixeira, atualmente a maioria dos casos pode ser resolvida com técnicas minimamente invasivas, sem necessidade de cirurgias grandes, longas cicatrizes ou internações prolongadas.

    Tratamento clínico

    O tratamento clínico costuma ser indicado quando o cálculo tem menos de 5mm, pois há alta probabilidade de eliminação espontânea. Ela envolve as seguintes medidas:

    • Aumento da ingestão de água;
    • Uso de analgésicos e anti-inflamatórios;
    • Bloqueadores alfa, como tansulosina, para relaxar o ureter e facilitar a passagem do cálculo.

    Quando exames metabólicos detectam alterações como hipercalciúria (excesso de cálcio na urina), hiperoxalúria (excreção excessiva de oxalato na urina) ou hipocitratúria (baixos níveis de nitrato na urina), Luciano explica que podem ser prescritos remédios específicos para corrigir os desequilíbrios químicos e diminuir o risco de recidiva futura.

    Litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO)

    A litotripsia extracorpórea é um tipo de tratamento que utiliza ondas de energia direcionadas ao cálculo no rim para fragmentá-lo. Após o procedimento, os pequenos pedaços formados passam pelo trato urinário ao longo de dias ou semanas, sem necessidade de cortes ou instrumentação interna.

    É uma alternativa não invasiva, eficaz em muitos casos, principalmente quando o cálculo tem até 2 cm e está localizado no rim.

    Ureterorrenolitotripsia endoscópica a laser

    A ureterorrenolitotripsia é realizada utilizando um endoscópio fino introduzido pela uretra, avançando até o ureter ou até o rim. O médico visualiza o cálculo diretamente e o fragmenta com laser, podendo retirar os pedaços no mesmo procedimento.

    Ela é indicada quando o cálculo não é eliminado espontaneamente, quando há sintomas persistentes ou para cálculos de médio porte (entre 6 mm e 2 cm), especialmente os que estão no ureter ou nos cálices renais. “É o método mais usado atualmente, com excelente taxa de sucesso e rápida recuperação”, explica Luciano.

    Nefrolitotripsia percutânea

    Quando os cálculos são grandes, acima de 2 cm, ou quando há vários fragmentos ocupando o rim, a nefrolitotripsia percutânea costuma ser a melhor alternativa de tratamento. Uma pequena incisão nas costas permite acesso direto ao rim, possibilitando fragmentação e remoção em um único procedimento, com controle visual preciso.

    Quando a cirurgia para pedra nos rins é necessária?

    De acordo com Luciano, a cirurgia é uma opção reservada para casos muito específicos, como anomalias anatômicas, cálculos gigantes ou quando é necessário tratar outro problema renal simultaneamente. A preferência atual é sempre preservar a integridade dos tecidos e priorizar alternativas que reduzam dor, sangramento e tempo de internação.

    Em situações graves, como quando o cálculo bloqueia totalmente a saída de urina ou está associado a infecção urinária significativa, a prioridade não é remover imediatamente a pedra, mas salvar o rim e controlar a infecção. Nesses casos, o procedimento indicado é o implante de um cateter duplo J, um tubo fino inserido dentro do ureter que conecta o rim à bexiga.

    “Esse cateter permite a drenagem da urina represada, alivia a pressão sobre o rim e ajuda a eliminar a infecção, evitando complicações potencialmente graves, como a sepse urinária. Somente após a estabilização clínica e o controle da infecção é que se realiza o tratamento definitivo do cálculo, que pode ser feito por litotripsia a laser ou outro método minimamente invasivo”, explica o urologista.

    O tratamento é uma abordagem em dois tempos, na qual primeiro se desobstrui o sistema urinário e depois se trata o cálculo — sendo considerada a forma mais segura de preservar a função renal e reduzir o risco de complicações sistêmicas.

    A pedra no rim pode ser eliminada sozinha?

    Pedras renais pequenas, principalmente abaixo de 5 mm e que estão localizadas no ureter inferior, têm grande chance de serem eliminadas espontaneamente pela urina. Nesses casos, o urologista costuma indicar hidratação intensa, analgésicos e anti-inflamatórios para controlar a dor e, em algumas situações, medicamentos que relaxam o ureter, facilitando a passagem do cálculo.

    Quando o cálculo é maior, ou quando os sintomas são fortes e persistentes, a eliminação espontânea se torna menos provável. O paciente pode precisar de procedimentos específicos para fragmentar ou retirar o cálculo. Por isso, mesmo quando o desconforto é suportável, a avaliação médica é recomendada para definir a estratégia de tratamento mais segura.

    Quando a intervenção médica é necessária?

    A intervenção médica deve ser considerada quando:

    • O cálculo é maior que 6mm, porque a chance de eliminação espontânea cai de forma significativa;
    • Há infecção associada, o que aumenta o risco de sepse;
    • Ocorre obstrução completa do ureter por mais de 30 dias, independente do tamanho do cálculo, devido ao risco de dano renal;
    • A dor é intensa e persistente, sem resposta adequada ao tratamento clínico.

    “Nessas situações, é fundamental agir rapidamente. O objetivo não é apenas aliviar o sofrimento, mas também proteger a função renal, que pode ser comprometida se a obstrução for prolongada”, complementa Luciano.

    Quando procurar atendimento médico?

    A recomendação é procurar atendimento quando a dor for intensa e houver febre, vômitos persistentes, ou quando a urina apresentar alteração de cor.

    Situações como dor que não melhora com analgésicos comuns, presença de sangue visível na urina, dor que impede o paciente de andar ou de permanecer sentado, além de sinais de infecção, exigem avaliação imediata.

    Quando o cálculo obstrui totalmente o ureter, a função renal pode estar ameaçada, e a demora para intervir aumenta o risco de sequelas. Portanto, diante de sintomas intensos ou persistentes, o mais seguro é buscar atendimento para confirmação diagnóstica e definição do melhor plano de tratamento.

    Como prevenir pedra nos rins após o tratamento?

    Com o fim do tratamento de pedra nos rins, alguns cuidados preventivos são importantes para prevenir a formação de novos cálculos — o que pode acontecer quando não há acompanhamento adequado. As principais medidas para reduzir o risco de novos episódios incluem:

    • Beber mais água, para manter a urina clara e produzir pelo menos dois litros de urina por dia;
    • Diminuir o consumo de sal, que, em excesso, aumenta a eliminação de cálcio pela urina, favorecendo a formação de cálculos;
    • Controlar distúrbios metabólicos com dieta e medicações quando indicado;
    • Controlar o peso e tratar doenças associadas, como diabetes, gota e hipertensão;
    • Moderar alimentos ricos em oxalato (espinafre, beterraba, nozes, chocolates) quando houver hiperoxalúria;
    • Moderar o consumo de carnes vermelhas e proteínas animais, que ajudam a reduzir o ácido úrico e a acidez da urina;
    • Realizar atividades físicas regularmente;
    • Manter consumo alimentar adequado de cálcio, sem cortes extremos;
    • Fazer acompanhamento periódico com urologista, com exames de imagem e avaliação metabólica regular.

    “Essas medidas, associadas ao acompanhamento periódico com o urologista e à correção de distúrbios metabólicos como hipocitratúria, hipercalciúria e hiperoxalúria, são a base para evitar novas crises”, finaliza Rafael.

    Confira: Por que beber água é tão importante para os rins e a bexiga?

    Perguntas frequentes

    Pedra no rim dói sempre?

    A pedra no rim (cálculo renal) nem sempre causa dor, principalmente quando é pequena e permanece parada dentro do rim. Muitas vezes, ela é descoberta por acaso em exames de imagem feitos por outro motivo.

    A dor aparece quando o cálculo se desloca do rim para o ureter, canal que leva a urina até a bexiga. Nesse momento, o trajeto é estreito, e a pedra pode obstruir a passagem da urina, provocando uma pressão interna intensa. A dor, chamada de cólica renal, costuma surgir de forma súbita e pode irradiar da região lombar até o abdome inferior ou virilha.

    Quais são os sintomas mais comuns de pedra nos rins?

    A pedra no rim pode causar sintomas como dor lombar intensa, que surge de forma súbita e irradia para o abdome inferior, náuseas, vômitos, ardor ao urinar e alteração na coloração da urina. A dor costuma vir em ondas, com períodos de alívio parcial que duram minutos, seguidos por nova piora.

    Algumas pessoas também podem ter sudorese (suor em excesso), inquietação constante, incapacidade de ficar parados e sensação de pressão na região genital. Quando há sangue microscópico na urina, a coloração pode ficar mais escura ou avermelhada.

    Como a pedra no rim se forma?

    A formação de pedra no rim acontece quando a urina fica concentrada e determinadas substâncias, como cálcio, oxalato, ácido úrico e fosfato, atingem níveis elevados. A concentração favorece a cristalização, gerando minúsculos cristais que se juntam ao longo do tempo e se transformam em cálculos.

    Alguns fatores também aumentam o risco, como alterações metabólicas, baixo consumo de água, alimentação rica em sal e proteína animal, doenças como gota ou diabetes e fatores genéticos.

    Quais os tipos de pedra nos rins?

    Os cálculos renais variam conforme a substância que os compõem, sendo eles:

    • Cálculo de oxalato de cálcio: é o mais comum e se forma quando há excesso de cálcio e oxalato na urina. Fatores como pouca ingestão de água, dieta rica em sal e proteínas animais favorecem a formação;
    • Cálculo de ácido úrico: surge em pessoas com dieta rica em carnes vermelhas, frutos do mar ou bebidas alcoólicas. O pH urinário ácido facilita a cristalização do ácido úrico;
    • Cálculo de estruvita (fosfato de amônio e magnésio): normalmente aparece após infecções urinárias recorrentes, sendo mais comum em mulheres;
    • Cálculo de cistina: causado por uma alteração genética rara (cistinúria) que leva ao acúmulo de cistina nos rins;
    • Cálculo de fosfato de cálcio: menos frequente, ocorre quando a urina está excessivamente alcalina e pode estar ligado a distúrbios hormonais ou renais.

    Como é feito o diagnóstico de cálculo renal?

    O diagnóstico de pedra nos rins é feito por nefrologista, urologista ou clínico geral, a partir da análise detalhada dos sintomas e da realização de exames laboratoriais e de imagem. A ultrassonografia e a tomografia do abdômen são os métodos mais utilizados, pois permitem visualizar os cálculos com precisão e avaliar possíveis obstruções nas vias urinárias.

    Além de confirmar a presença das pedras, os exames ajudam a determinar o tamanho, a quantidade e a localização exata de cada uma, informações que orientam a escolha do tratamento mais adequado. Em alguns casos, o médico também solicita exames de urina e sangue para identificar alterações metabólicas que possam ter contribuído para a formação dos cálculos.

    Chá ajuda a eliminar pedra nos rins?

    Os chás podem ajudar a aliviar sintomas leves e favorecer a hidratação, mas não eliminam pedras nos rins por si só. O que realmente auxilia na eliminação natural dos cálculos pequenos é o aumento da ingestão de líquidos, que estimula a produção de urina e facilita a saída das pedras.

    Alguns chás com leve ação diurética, como o de quebra-pedra, cavalinha, hibisco e dente-de-leão, podem ser usados como complemento, desde que haja orientação médica. No entanto, eles não substituem o tratamento clínico nem os procedimentos indicados pelo médico.

    Veja mais: Pedra nos rins (cálculo renal): quando os sintomas preocupam e como se prevenir

  • Hepatite B: o que é, como pega e como se proteger 

    Hepatite B: o que é, como pega e como se proteger 

    A hepatite B é uma das infecções virais mais importantes para a saúde pública mundial porque atinge diretamente o fígado, um órgão essencial para a digestão, o metabolismo e a filtragem de toxinas. Apesar da gravidade, ela costuma ser silenciosa.

    Muitas pessoas convivem com o vírus por anos sem perceber e descobrem a infecção apenas quando já há danos avançados, como cirrose, insuficiência hepática ou até câncer de fígado.

    Hoje, porém, existe vacina eficaz, tratamento disponível no SUS e exames simples que permitem diagnóstico precoce. Quanto mais cedo a hepatite B é detectada, maiores as chances de evitar complicações e proteger o fígado.

    O que é a hepatite B?

    A hepatite B é uma infecção causada pelo vírus VHB, que provoca inflamação no fígado e, dependendo da evolução, pode causar danos graves ao órgão. A doença pode ser:

    • Aguda: infecção recente e de curta duração;
    • Crônica: quando o vírus permanece no organismo por mais de 6 meses.

    A hepatite B crônica é a forma que mais preocupa, pois está associada a cirrose, falência hepática e câncer de fígado.

    Como a hepatite B é transmitida

    O vírus é transmitido principalmente pelo contato com sangue e fluidos corporais, como sêmen e secreções vaginais.

    Principais formas de transmissão

    • Relações sexuais desprotegidas;
    • Compartilhamento de agulhas, seringas, alicates, lâminas e escovas de dente;
    • Tatuagens e piercings sem esterilização adequada;
    • Procedimentos de saúde sem material devidamente esterilizado;
    • Da mãe para o bebê durante a gestação ou o parto (transmissão vertical).

    A transmissão vertical merece atenção especial. Bebês infectados ao nascer têm grande risco de desenvolver hepatite B crônica. Por isso:

    • Toda gestante deve fazer o teste no início do pré-natal;
    • Se o teste for positivo, recebe acompanhamento específico;
    • Após o nascimento, o bebê deve receber vacina + imunoglobulina nas primeiras 24h.

    Sintomas da hepatite B

    A maioria das pessoas não apresenta sintomas no início, por isso a doença é considerada silenciosa.

    Quando aparecem, podem ser:

    • Cansaço e mal-estar;
    • Enjoo, vômitos e tontura;
    • Dor abdominal;
    • Urina escura e fezes claras;
    • Pele e olhos amarelados (icterícia).

    Sintomas tardios geralmente indicam maior comprometimento do fígado.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por exame de sangue, que identifica antígenos e anticorpos do vírus.

    Marcador principal

    HBsAg: indica infecção ativa pelo vírus

    Se o teste for positivo, exames adicionais avaliam:

    • Carga viral;
    • Função hepática;
    • Grau de inflamação;
    • Riscos de complicações.

    Nas unidades básicas de saúde (UBS), é possível fazer testes rápidos, especialmente recomendados após situações de risco.

    Também podem ser solicitados:

    • Ultrassom do abdome;
    • Tomografia ou outros exames para avaliar possíveis danos ao fígado.

    Tratamento

    O tratamento da hepatite B está disponível no SUS. Ele tem como objetivo:

    • Controlar a replicação do vírus;
    • Evitar a progressão para cirrose ou câncer;
    • Preservar a função do fígado.

    Ainda não existe cura, mas muitas pessoas levam vida normal com acompanhamento e medicamentos adequados.

    A ciência avança rapidamente: pesquisas investigam formas de modular o sistema imunológico, bloquear a replicação viral e até eliminar o vírus do organismo no futuro.

    Prevenção

    A vacina é a principal forma de prevenção e está disponível gratuitamente no SUS.

    Esquema vacinal

    • Crianças: quatro doses (ao nascer e aos 2, 4 e 6 meses — com a pentavalente);
    • Adultos não vacinados: três doses;
    • Imunodeprimidos: podem precisar de esquema especial.

    Outras formas de prevenção

    • Usar preservativo em todas as relações sexuais;
    • Não compartilhar objetos pessoais que possam ter contato com sangue;
    • Garantir esterilização adequada em tatuagens, piercings e procedimentos estéticos ou médicos.

    A vacinação é indicada para todas as idades, inclusive adultos.

    Leia também: Quando o fígado dá sinais: entenda a cirrose e seus riscos

    Perguntas frequentes sobre hepatite B

    1. Hepatite B tem cura?

    Ainda não existe cura, mas o tratamento controla o vírus e evita danos graves.

    2. Como saber se tenho hepatite B se não tenho sintomas?

    A única forma é fazer exames de sangue, disponíveis gratuitamente no SUS.

    3. A vacina realmente protege?

    Sim. A vacina é altamente eficaz e segura.

    4. Quem teve hepatite B pode ter complicações no futuro?

    Sim, especialmente quem desenvolve a forma crônica. Por isso, o acompanhamento médico é essencial.

    5. Posso pegar hepatite B em beijos ou abraços?

    Não. O vírus não é transmitido por contato casual.

    6. Grávidas podem ter hepatite B?

    Sim. E precisam de acompanhamento específico para evitar transmissão ao bebê.

    7. Quem deve se vacinar?

    Todas as pessoas não vacinadas: crianças, adolescentes e adultos.

    Veja mais: Exames no pré-natal: entenda quais são e quando fazer

  • Pé diabético: o que é, sintomas e como tratar

    Pé diabético: o que é, sintomas e como tratar

    Pessoas que convivem com o diabetes sabem da necessidade de manter alguns cuidados diários. O controle inadequado da glicose no sangue ao longo dos anos pode causar complicações em diferentes partes do corpo — especialmente nos membros inferiores.

    Uma das consequências mais conhecidas é o pé diabético, uma condição que deforma, altera a circulação e também a sensibilidade do pé. Isso favorece infecções e aumenta o risco de amputação, de acordo com o cirurgião vascular Marcelo Dalio. Vamos entender mais a fundo, a seguir!

    O que é pé diabético?

    O pé diabético é uma complicação que pode acontecer quando os níveis elevados de glicose no sangue afetam os nervos e os vasos sanguíneos dos pés, comprometendo a sensibilidade e a circulação. Com o tempo, pequenos machucados que passariam despercebidos em uma pessoa sem diabetes podem evoluir para feridas graves e até infecções.

    A condição é considerada uma das principais causas de amputação não traumática no mundo. Para se ter uma ideia, o Ministério da Saúde aponta que aproximadamente um quarto dos pacientes com diabetes desenvolvem úlceras nos pés e 85% das amputações de membros inferiores ocorrem em pacientes com diabetes.

    Vale apontar que pé diabético não se manifesta de um dia para o outro, sendo resultado de anos de glicemia alta, maus hábitos e falta de acompanhamento médico adequado. Isso reforça a importância do controle rigoroso do diabetes, o cuidado diário com os pés e o acompanhamento médico regular para prevenir complicações.

    Quais são as causas do pé diabético?

    O pé diabético é causado pela combinação de dois fatores principais, sendo eles:

    Neuropatia periférica

    A neuropatia periférica é o nome dado ao dano nos nervos que ligam o cérebro e a medula espinhal ao resto do corpo. Eles são responsáveis por controlar a sensibilidade, os movimentos e as funções automáticas, como a circulação e a digestão.

    No diabetes, o excesso de glicose no sangue agride os nervos com o tempo, principalmente os dos pés e das pernas — o que causa sintomas como formigamento, dormência, queimação, dor em pontadas e perda de sensibilidade.

    Quando a pessoa deixa de sentir dor nos pés, pequenos ferimentos passam despercebidos e podem evoluir para feridas graves e infecções.

    Má circulação (doença arterial obstrutiva)

    O diabetes favorece o acúmulo de gordura e inflamação nas paredes das artérias, formando placas que podem estreitar ou bloquear os vasos sanguíneos. Quando isso acontece, o sangue circula com dificuldade, especialmente nas pernas, no coração e no cérebro.

    Nos pés, a má circulação causa dor, feridas que demoram a cicatrizar e, em casos mais graves, pode levar à perda do membro — risco que aumenta ainda mais se houver infecção.

    Outros fatores

    O risco também pode ser maior devido a fatores como:

    • Uso de calçados inadequados, que causam atrito e pressionam áreas sensíveis dos pés;
    • Cortes malfeitos nas unhas, que podem gerar pequenas lesões e infecções;
    • Ressecamento da pele, que favorece rachaduras e feridas;
    • Tabagismo, que compromete a circulação e dificulta a cicatrização.

    Quais são os sintomas do pé diabético?

    Os sintomas de pé diabético variam conforme a gravidade, mas normalmente se desenvolvem de forma lenta e silenciosa. De acordo com Marcelo Dalio, o primeiro sintoma é a sensação de formigamento, que diminui conforme a pessoa perde a sensibilidade dos dedos dos pés — o que aumenta o risco de calos, deformidades e feridas.

    Outros sinais de alerta também podem ocorrer, como:

    • Pele seca, rachada ou com fissuras;
    • Feridas que demoram a cicatrizar, uma vez que a circulação sanguínea está prejudicada;
    • Inchaço e vermelhidão local;
    • Alterações na forma dos dedos ou no arco do pé;
    • Odor forte, secreção ou coloração escurecida na pele (sinais de infecção).

    Em casos mais graves, podem surgir úlceras abertas, infecções profundas e necrose. Nesses estágios, o risco de amputação é elevado.

    O pé diabético causa dor?

    Muitas pessoas costumam perder a sensibilidade, mas a dor pode aparecer em estágios iniciais da neuropatia ou quando há inflamação e infecção. Ela tende a surgir em forma de queimação, pontadas ou choques elétricos, principalmente à noite.

    A dor neuropática é causada por nervos lesionados e costuma ser persistente. Já a dor associada a feridas e infecções indica agravamento e exige tratamento médico urgente.

    Como é feito o diagnóstico do pé diabético?

    O diagnóstico é clínico e deve ser feito por um profissional de saúde, normalmente um endocrinologista, angiologista ou cirurgião vascular. O médico examina os pés em busca de feridas, calos, alterações de sensibilidade e sinais de má circulação.

    Em alguns casos, a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) aponta que podem ser realizados exames complementares, como:

    • Exames laboratoriais: avaliam os níveis de glicemia, identificam possíveis infecções associadas e investigam doenças correlacionadas, como insuficiência renal;
    • Índice tornozelo-braço (ITB): mede a gravidade da obstrução arterial, embora possa ser impreciso em pessoas com diabetes devido à calcificação (endurecimento) das paredes arteriais;
    • Radiografia simples: auxilia na detecção de deformidades ósseas e sinais de osteomielite (infecção óssea);
    • Tomografia computadorizada e ressonância magnética: permitem diagnóstico mais detalhado das alterações ósseas e dos tecidos moles;
    • Angiotomografia computadorizada: fornece uma avaliação precisa da circulação sanguínea, sendo especialmente útil em casos de obstrução arterial.

    Tratamento de pé diabetico

    Nos casos em que já existem feridas, deformidades ou alterações estruturais nos pés, o tratamento de pé diabetico envolve medidas como:

    • Manter as feridas sempre limpas e cobertas, com curativos trocados diariamente para evitar contaminações. As lesões nunca devem ficar expostas;
    • Usar antibióticos conforme prescrição médica, em caso de infecção;
    • Evitar apoiar o pé lesionado no chão, reduzindo o risco de piora e facilitando a cicatrização;
    • Manter acompanhamento médico rigoroso, com equipe multidisciplinar (endocrinologista, angiologista, podólogo e enfermeiro).

    Quando o tratamento clínico não é suficiente ou a ferida apresenta maior gravidade, pode ser necessária intervenção cirúrgica, apontada pela SBACV:

    • Revascularização do membro, indicada quando há obstrução arterial. Pode ser realizada por meio de pontes arteriais (cirurgia aberta) ou técnicas endovasculares, como angioplastia (dilatação da artéria com balão), com ou sem colocação de stent;
    • Remoção de tecido necrosado, eliminando partes mortas ou infeccionadas para permitir a recuperação dos tecidos saudáveis;
    • Correção cirúrgica de deformidades ósseas, em casos sem infecção ativa, para estabilizar o pé e prevenir novas lesões;
    • Amputação, indicada apenas em situações extremas, como infecção óssea grave (osteomielite) ou necrose extensa. Pode envolver desde a retirada de um único dedo até a amputação parcial do pé ou abaixo do joelho, dependendo da gravidade do quadro.

    Quando procurar atendimento médico?

    Pessoas com diabetes devem procurar atendimento médico ao primeiro sinal de alteração nos pés, mesmo que pareça algo simples, como bolhas ou calos que não cicatrizam. A avaliação precoce evita complicações graves e pode impedir a evolução para infecções profundas ou amputações.

    Pessoas com histórico de úlceras, infecções anteriores ou má circulação também devem manter acompanhamento periódico com o médico.

    Convivendo com o pé diabético

    Além do acompanhamento médico, existem alguns cuidados diários que ajudam a proteger os pés e evitar complicações, como:

    • Realizar avaliações periódicas dos pés, observando a presença de feridas, rachaduras, calos, mudanças de cor ou temperatura;
    • Utilizar sapatos adequados, confortáveis e sem costuras internas, que protejam o pé contra atritos e machucados;
    • Adotar uma alimentação equilibrada, rica em fibras, vegetais e proteínas magras, ajudando no controle da glicemia e do peso corporal;
    • Praticar atividade física regular, sempre com liberação médica, para melhorar a circulação e reduzir a resistência à insulina;
    • Controlar a pressão arterial e o colesterol, fatores que influenciam diretamente a saúde vascular;
    • Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, que prejudicam a circulação e retardam a cicatrização.

    Marcelo ainda ressalta que quem já apresenta complicações, perda de sensibilidade, calos ou feridas precisa de acompanhamento mais próximo, preferencialmente com profissional especializado em pé diabético ou cirurgião vascular.

    Atualmente, nesses casos, existem palmilhas e calçados adaptados que redistribuem a pressão e ajudam a reduzir o atrito, prevenindo novas lesões. Alguns cuidados diários de higiene também fazem diferença, como secar muito bem os espaços entre os dedos após o banho, evitar micoses e inspecionar os pés regularmente para identificar qualquer alteração de pele, calo ou início de ferida antes que evolua.

    Vale lembrar que pessoas com diabetes precisam ser orientadas sobre como cuidar dos pés diariamente, identificar feridas ou alterações logo no início e reconhecer sinais de alerta que exigem avaliação médica. A educação em saúde é a principal aliada na prevenção de complicações do diabetes.

    Veja mais: Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes

    Perguntas frequentes

    O pé diabético tem cura?

    O pé diabético não tem cura definitiva, mas pode ser controlado e tratado. Com o controle rigoroso da glicemia, cuidados diários com os pés e acompanhamento médico multidisciplinar, é possível evitar novas feridas e impedir a progressão da doença.

    O tratamento adequado permite viver com segurança e conforto, reduzindo significativamente o risco de infecções e amputações.

    Por que pessoas com diabetes perdem a sensibilidade nos pés?

    A perda de sensibilidade ocorre por causa da neuropatia periférica diabética, resultado de danos aos nervos causados pelo excesso de glicose no sangue. Com o tempo, os nervos deixam de transmitir corretamente os estímulos de dor, calor e pressão.

    Assim, o paciente pode se machucar sem perceber — por exemplo, com um sapato apertado ou um corte ao aparar as unhas, e o ferimento evoluir para uma infecção grave.

    Tenho diabetes e surgiu uma ferida no pé, o que devo fazer?

    Qualquer ferida, por menor que pareça, deve ser tratada imediatamente por um profissional de saúde. É necessário manter a lesão limpa, coberta e trocada diariamente, além de evitar apoiar o pé machucado no chão. O uso de pomadas ou curativos caseiros sem orientação médica pode piorar o quadro, então não se automedique!

    Qual é o melhor sapato para quem tem pé diabético?

    O calçado ideal deve ser macio, sem costuras internas, com solado firme e bico arredondado. O objetivo é proteger o pé de traumas e evitar pontos de pressão.

    Sapatos ortopédicos sob medida, palmilhas anatômicas e meias de algodão sem costura também ajudam. Vale evitar o uso de saltos altos, sandálias abertas e chinelos, pois eles aumentam o risco de lesões.

    Quando é necessária a amputação no pé diabético?

    A amputação é indicada apenas em casos graves, quando há necrose extensa, infecção óssea irreversível (osteomielite) ou obstrução arterial severa sem possibilidade de revascularização, a fim de evitar que a infecção se espalhe para outras partes do corpo.

    Apesar de ser uma medida extrema, muitas amputações poderiam ser evitadas com diagnóstico precoce, tratamento adequado e controle do diabetes.

    Leia também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos

  • Síndrome dos Ovários Policísticos: o que é e sintomas que você não deve ignorar

    Síndrome dos Ovários Policísticos: o que é e sintomas que você não deve ignorar

    A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das condições hormonais mais frequentes no consultório ginecológico e uma das principais causas de irregularidade menstrual e dificuldade para engravidar. Embora seja comum, ainda é cercada por dúvidas, afinal, muitas mulheres convivem com sintomas por anos até obter o diagnóstico correto.

    A Síndrome dos Ovários Policísticos envolve um desequilíbrio hormonal que altera o funcionamento dos ovários. Isso favorece a produção aumentada de hormônios masculinos (andrógenos), interferindo na ovulação. Por isso, pode afetar o ciclo menstrual, a pele, o peso e até a saúde metabólica da mulher.

    Principais causas e fatores de risco

    A Síndrome dos Ovários Policísticos é uma condição complexa e multifatorial. Não existe uma única causa, mas sim uma interação entre genética, hormônios e fatores ambientais.

    Herança genética

    É comum encontrar várias mulheres na mesma família com Síndrome dos Ovários Policísticos. A síndrome resulta da ação de múltiplos genes, que se expressam de maneiras diferentes em cada pessoa.

    Desequilíbrio hormonal

    Na Síndrome dos Ovários Policísticos, há aumento de LH e redução de FSH, alteração que estimula os ovários a produzirem mais andrógenos, como a testosterona. Isso explica sintomas como acne, aumento de pelos e dificuldade para ovular.

    Resistência à insulina

    Bastante frequente na SOP, a resistência à insulina faz o corpo produzir níveis maiores desse hormônio — que, por sua vez, também estimulam a produção de andrógenos.

    Fatores ambientais e estilo de vida

    Sedentarismo, obesidade e exposição a substâncias químicas podem aumentar o risco ou agravar os sintomas.

    Sintomas mais comuns

    A SOP pode se manifestar de formas bastante diferentes entre as mulheres. Entre os sintomas mais frequentes estão:

    • Irregularidade menstrual (ciclos longos ou ausência de menstruação);
    • Dificuldade para engravidar, devido à falta de ovulação regular;
    • Hirsutismo (pelos aumentados no rosto, seios e abdômen);
    • Acne persistente e pele oleosa;
    • Queda de cabelo e afinamento dos fios;
    • Ganho de peso, especialmente na região abdominal.

    Não é necessário ter todos os sintomas para ser diagnosticada, e muitas mulheres com peso normal também podem ter Síndrome dos Ovários Policísticos.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito pelo ginecologista ou endocrinologista, combinando dados clínicos, exames laboratoriais e ultrassom.

    Segundo os critérios de Roterdã, o diagnóstico é confirmado quando a mulher apresenta dois dos três:

    • Irregularidade menstrual ou ausência de ovulação;
    • Excesso de andrógenos (clínico ou laboratorial);
    • Ovário com aspecto policístico no ultrassom.

    Antes disso, é essencial descartar outras doenças que podem causar sintomas parecidos, como:

    • Alterações da tireoide;
    • Hiperprolactinemia;
    • Hiperplasia adrenal congênita.

    Complicações e comorbidades associadas

    A Síndrome dos Ovários Policísticos vai muito além de alterações menstruais. É uma condição crônica e metabólica, associada a:

    • Síndrome metabólica;
    • Obesidade;
    • Diabetes tipo 2;
    • Resistência à insulina;
    • Alterações do colesterol;
    • Risco cardiovascular aumentado;
    • Ansiedade e depressão.

    Isso reforça a importância do acompanhamento regular.

    Tratamento e controle

    O tratamento é individualizado, levando em conta os sintomas e objetivos da paciente (regular ciclo, tratar acne, perder peso ou engravidar).

    Mudanças no estilo de vida

    São fundamentais. A perda de apenas 5% do peso corporal já melhora ciclos, ovulação e sintomas metabólicos.

    Tratamento medicamentoso (quando indicado)

    • Metformina: ajuda na resistência à insulina e pode auxiliar na ovulação;
    • Anticoncepcionais hormonais combinados: regulam o ciclo e reduzem o excesso de andrógenos;
    • Indutores de ovulação: indicados para quem deseja engravidar;
    • Tratamentos dermatológicos: para acne, hirsutismo e queda de cabelo.

    Abordagem multidisciplinar

    Pode incluir ginecologista, endocrinologista, nutricionista e dermatologista, dependendo dos sintomas.

    Importância do acompanhamento

    A Síndrome dos Ovários Policísticos não tem cura, mas tem controle. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível recuperar a regularidade menstrual, melhorar a fertilidade e reduzir riscos metabólicos a longo prazo.

    O cuidado contínuo faz diferença significativa para a saúde e a qualidade de vida da mulher.

    Veja mais: Dor pélvica forte? Pode ser endometriose

    Perguntas frequentes sobre Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)

    1. É possível ter SOP mesmo com peso normal?

    Sim. O peso influencia, mas não determina o diagnóstico.

    2. A SOP causa infertilidade?

    Ela pode dificultar a ovulação, mas muitas mulheres conseguem engravidar com tratamento.

    3. Toda mulher com ovário policístico tem Síndrome dos Ovários Policísticos?

    Não. O aspecto policístico pode aparecer mesmo sem a síndrome.

    4. Síndrome dos Ovários Policísticos engorda?

    O ganho de peso é comum, especialmente na região abdominal, mas não ocorre em todas as mulheres.

    5. Quem tem SOP deve evitar anticoncepcionais?

    Pelo contrário: em muitos casos, eles fazem parte do tratamento.

    6. A SOP aumenta o risco de diabetes?

    Sim. A resistência à insulina é uma das características da síndrome.

    7. A Síndrome dos Ovários Policísticos tem cura?

    Não, mas pode ser controlada com acompanhamento e mudanças no estilo de vida.

    Leia mais: Insuficiência istmocervical: o que é e por que merece atenção na gravidez