Categoria: Doenças & Condições

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  • Dor abdominal do lado esquerdo? Veja se pode ser diverticulite 

    Dor abdominal do lado esquerdo? Veja se pode ser diverticulite 

    A diverticulite aguda é uma condição relativamente comum e que costuma gerar muita preocupação quando aparece. Ela envolve a inflamação de pequenos “sacos” que se formam nas paredes do intestino grosso, os divertículos.

    Embora muitas vezes seja leve, pode se tornar séria quando surgem complicações. Por isso, reconhecer os sintomas e procurar atendimento médico rápido é essencial.

    Nos últimos anos, estudos mostraram que alimentação pobre em fibras, constipação crônica e hábitos de vida pouco saudáveis aumentam o risco da doença. A boa notícia é que muitas dessas causas podem ser prevenidas com mudanças simples no dia a dia, especialmente na dieta e nos hábitos de vida.

    O que é a diverticulite aguda?

    A diverticulite aguda é a inflamação de um ou mais divertículos, estruturas em forma de pequenos sacos que se formam em áreas mais frágeis da parede do intestino grosso.

    É importante diferenciar:

    • Diverticulose: presença dos divertículos, sem inflamação.
    • Diverticulite: quando esses divertículos inflamam.

    Os divertículos surgem principalmente pelo aumento da pressão dentro do intestino, muito associado a dietas pobres em fibras e à constipação crônica.

    Principais sintomas

    • Dor abdominal aguda, mais frequente no lado inferior esquerdo
    • Febre
    • Massa palpável no abdômen, percebida no exame físico
    • Constipação ou diarreia, que podem variar conforme a área inflamada

    Complicações possíveis

    A diverticulite pode evoluir para complicações, principalmente quando não tratada.

    Obstrução intestinal

    Acontece pela inflamação ou compressão causada por um abscesso, dificultando a passagem das fezes. Sintomas: dor intensa, náuseas, vômitos, distensão abdominal e constipação.

    Abscesso

    É uma coleção de pus ao redor do divertículo inflamado. A suspeita aumenta quando não há melhora da dor após 3 dias de antibióticos.

    Perfuração

    Acontece quando o divertículo se rompe, permitindo vazamento de conteúdo intestinal para o abdômen. É uma complicação grave, com risco de morte. Sinais importantes: abdômen rígido, distendido e sem ruídos intestinais.

    Fístula

    Comunicação anormal entre o intestino e outros órgãos — mais comum com a bexiga. Pode causar saída de ar ou fezes pela urina e dor ao urinar.

    Causas e fatores de risco

    A diverticulite não tem uma causa única, mas vários fatores contribuem:

    • Dieta rica em carne vermelha e pobre em fibras
    • Sedentarismo
    • Obesidade
    • Tabagismo
    • Consumo excessivo de álcool
    • Uso de medicamentos como corticoides, anti-inflamatórios e opioides
    • Histórico familiar de diverticulite
    • Doenças associadas, como diabetes e doenças cardiovasculares

    Esses fatores favorecem um ambiente inflamatório crônico e mudanças na microbiota intestinal, que aumentam o risco de inflamação dos divertículos.

    Diagnóstico

    O diagnóstico envolve:

    • Avaliação clínica dos sintomas e exame físico
    • Exames laboratoriais, que podem mostrar infecção ou inflamação
    • Exames de imagem, como ultrassom, tomografia ou ressonância, que confirmam a inflamação e identificam complicações

    Outros exames podem ser realizados para descartar outras causas de dor abdominal.

    Tratamento

    O tratamento depende da gravidade:

    Casos leves

    Podem ser tratados em casa com:

    • Dieta líquida ou pastosa temporariamente
    • Analgésicos
    • Antibióticos (decisão individualizada pelo médico)

    Casos moderados a graves

    Requerem internação com:

    • Antibióticos endovenosos
    • Hidratação venosa
    • Jejum inicial, com retorno gradual da dieta
    • Reavaliação por exames caso não haja melhora após 2 a 3 dias

    Complicações

    Na maioria dos casos complicados, o tratamento cirúrgico é indicado.

    Prevenção

    A prevenção passa principalmente por mudanças no estilo de vida:

    • Dieta rica em fibras (frutas, verduras, legumes, grãos)
    • Beber água regularmente
    • Praticar atividade física
    • Perder peso, se necessário
    • Cessar tabagismo
    • Evitar uso frequente de anti-inflamatórios

    Essas medidas ajudam a reduzir a pressão no intestino e a manter o trânsito intestinal regular.

    Confira: Dor abdominal: quais podem ser as causas desse sintoma tão frequente?

    Perguntas frequentes sobre diverticulite aguda

    1. Diverticulite sempre precisa de antibiótico?

    Não. O uso é individualizado e depende da avaliação médica.

    2. É preciso fazer cirurgia sempre que tenho diverticulite?

    Não. A maioria dos casos melhora com tratamento clínico. A cirurgia é reservada para complicações.

    3. A dor da diverticulite é sempre no lado esquerdo?

    Geralmente sim, mas pode variar conforme a área do intestino afetada.

    4. Quem já teve diverticulite pode ter de novo?

    Sim, especialmente se não fizer mudanças no estilo de vida.

    5. A diverticulose vira diverticulite?

    Pode virar, mas nem sempre. Muitas pessoas têm divertículos sem inflamação ao longo da vida.

    6. Como saber se meu caso é grave?

    Febre alta, dor intensa e piora progressiva são sinais de alerta — procure atendimento imediatamente.

    Veja mais: Apendicite aguda: como reconhecer os sintomas e quando correr para o hospital

  • Alergia a ovo: sintomas, como descobrir e o que não pode comer

    Alergia a ovo: sintomas, como descobrir e o que não pode comer

    Sendo a segunda causa mais comum de alergia alimentar em crianças e bebês, a alergia a ovo costuma surgir ainda nos primeiros anos de vida, quando o sistema imunológico reage de forma exagerada às proteínas presentes na clara ou na gema do alimento.

    Os sintomas podem variar de acordo com o nível de sensibilidade do organismo, o que torna importante a atenção cuidadosa da família e acompanhamento médico regular

    Para te ajudar a entender como a alergia se manifesta, o que o pequeno deve evitar comer e como descobrir o quadro, conversamos com a alergologista e imunologista Brianna Nicoletti. Confira!

    Afinal, por que a alergia a ovo acontece?

    A alergia do ovo ocorre devido a uma reação do sistema imunológico diante das proteínas presentes na clara ou na gema, como ovalbumina e ovomucoide, produzindo uma resposta desproporcional que leva ao surgimento de sintomas gastrointestinais, na pele ou respiratórios.

    De forma geral, o organismo interpreta componentes inofensivos do alimento como ameaças e desencadeia liberação de substâncias inflamatórias, como histamina, provocando reações que podem surgir poucos minutos após o contato com o ovo.

    “Alergia ao ovo é uma das alergias alimentares mais comuns em bebês e crianças pequenas. Isso ocorre porque o sistema imunológico infantil ainda está em maturação”, explica Brianna.

    A introdução alimentar muito tardia, especialmente quando o ovo só é oferecido depois dos 12 meses, aumenta o risco de alergia. Crianças com dermatite atópica grave têm chance ainda maior de desenvolver o problema, porque a pele inflamada facilita o contato do organismo com proteínas do alimento.

    Vale destacar que alergia não é o mesmo que intolerância. Quadros de intolerância não envolvem o sistema imunológico, de acordo com Brianna, e ocorrem devido a dificuldade do organismo que processar algum componente do alimento — o que causa alguns desconfortos digestivos, como gases, dor de barriga ou inchaço.

    Quais os sintomas de alergia a ovo?

    Os sintomas de alergia a ovo podem envolver vários sistemas ao mesmo tempo, e variam de leves a potencialmente graves. Normalmente, eles surgem entre 5 a 30 minutos após o contato com o alimento, de acordo com Brianna. Em casos mais raros, podem aparecer em até duas horas.

    A alergista aponta alguns dos principais sintomas:

    Pele

    • Urticária (placas vermelhas que coçam);
    • Angioedema (inchaço de olhos, lábios, rosto);
    • Dermatite ou piora do eczema.

    Respiratórios

    • Coriza, espirros;
    • Tosse, chiado no peito;
    • Fechamento de glote (sinal de gravidade).

    Gastrointestinais

    • Vômitos imediatos (muito característico de alergia alimentar);
    • Dor abdominal;
    • Diarreia.

    A intensidade varia muito, porque algumas crianças apresentam sintomas leves na pele, enquanto outras podem ter desconfortos no estômago ou sinais respiratórios que precisam de avaliação médica rápida.

    Assim, os pais devem ficar atentos a sintomas de anafilaxia, como queda da pressão, dificuldade para respirar, sonolência excessiva e palidez intensa.

    Como saber se a criança tem alergia a ovo?

    O diagnóstico de alergia a ovo é feito por um alergologista, que avalia a história clínica da criança, observa como e quando os sintomas aparecem e decide quais testes serão necessários para identificar a reação do organismo ao alimento. De acordo com Brianna, os principais testes envolvem:

    • Teste cutâneo (prick test), no qual uma pequena gota contendo proteína do ovo é colocada na pele e levemente pressionada para verificar se ocorre vermelhidão ou inchaço;
    • Exame de sangue para IgE específica, que mede anticorpos que aumentam quando há alergia;
    • Teste de provocação oral, realizado em ambiente controlado, onde pequenas quantidades de ovo são oferecidas para confirmar a sensibilidade com segurança.

    Importante: os testes para confirmar alergia a ovo nunca devem ser feitos em casa, porque a exposição ao alimento pode provocar reações rápidas e intensas na criança.

    Alergia a ovo pode desaparecer sozinha?

    A alergia a ovo pode desaparecer sozinha ao longo da infância, porque o sistema imunológico amadurece e passa a tolerar as proteínas presentes na clara e na gema com mais facilidade. De acordo com estudos, metade das crianças deixam de apresentar sintomas até os 5 anos de idade, enquanto 70 a 80% dos casos se resolvem até a adolescência.

    “O tipo de proteína sensibilizada também importa: a alergia à ovalbumina tende a desaparecer mais cedo. A sensibilização à ovomucoide pode demorar mais, porque é uma proteína mais estável ao calor. A introdução progressiva de ovo assado/cozido, quando liberada pelo alergista, acelera a tolerância”, complementa Brianna.

    Quais alimentos devem ser evitados?

    Além do ovo, existem alguns alimentos, em especial os industrializados, que costumam usar proteínas do alimento como parte da receita, o que exige atenção constante na leitura de rótulos e na escolha das preparações.

    A legislação brasileira obriga que derivados do ovo estejam destacados, mas alguns termos podem confundir. Brianna chama atenção para alguns nomes:

    • Albumina;
    • Lecitina E322 (geralmente derivada de soja, mas pode vir do ovo; é importante confirmar);
    • Globulina;
    • Lisozima (comum em alguns queijos);
    • Emulsificante de origem animal;
    • Clara, gema, ovo desidratado, proteína de ovo.

    Entre alguns dos produtos que frequentemente contêm ovo, estão:

    • Bolos, cookies e massas de padaria;
    • Pães de forma;
    • Massas frescas, como macarrão e nhoque;
    • Empanados prontos;
    • Maionese;
    • Alguns chocolates e sorvetes;
    • Hambúrgueres, almôndegas e embutidos.

    Orientação prática para pais: a leitura do rótulo deve ser cuidadosa e sempre até o final, incluindo a linha “ALÉRGICOS: CONTÉM OVO”.

    Quem tem alergia a ovo pode tomar vacina?

    A maior parte das pessoas com alergia ao ovo pode tomar todas as vacinas, de acordo com Brianna.

    A vacina de febre amarela contém pequenas quantidades de proteína do ovo, mas a orientação atual diz que até crianças com alergia podem tomar a dose, desde que passem antes por avaliação do alergologista. A maioria recebe a vacina sem ter reação importante, e a decisão só é mais cuidadosa para quem já teve um quadro grave.

    No caso da vacina da gripe (influenza), ela pode ser usada com segurança em todas as pessoas alérgicas ao ovo, até mesmo em casos graves. Não é mais necessário teste prévio, dose fracionada ou preparo especial, porque as vacinas atuais têm quantidade mínima de proteína residual.

    A única situação que exige mais cuidado envolve pessoas que já tiveram anafilaxia por ovo. Elas continuam podendo tomar a vacina, mas precisam ser imunizadas em um serviço preparado e com orientação individualizada.

    A orientação final deve ser feita pelo alergologista ou pelo pediatra, que avalia a história clínica e indica o cuidado mais seguro, garantindo proteção completa sem risco desnecessário.

    Confira: Quando a alergia vira emergência: entenda a anafilaxia

    Perguntas frequentes

    A alergia a ovo é comum em bebês?

    A alergia a ovo aparece com frequência na infância porque o sistema imunológico ainda está amadurecendo e tende a reagir de forma exagerada às proteínas presentes na clara e na gema.

    Muitas vezes, ela aparece nos primeiros meses após a introdução alimentar, quando o organismo entra em contato pela primeira vez com proteínas que ainda não reconhece como seguras, causando uma reação que pode afetar a pele, intestino ou respiração do bebê — o que precisa de orientação médica contínua.

    A alergia a ovo tem cura?

    A alergia tende a desaparecer ao longo da infância porque o sistema imunológico fica mais maduro e aprende a tolerar proteínas que antes eram identificadas como perigosas, permitindo que grande parte das crianças supere a sensibilidade entre os 3 e 6 anos.

    Contudo, algumas podem precisar de mais tempo e de acompanhamento médico para avaliar a evolução e decidir quando o alimento poderá ser reintroduzido com segurança.

    A alergia a ovo aparece mais com a clara ou com a gema?

    A alergia costuma estar ligada principalmente à clara, porque ela concentra proteínas mais alergênicas, como ovalbumina e ovomucoide, responsáveis por grande parte das reações.

    Porém, a gema também pode causar sensibilidade em alguns casos, razão pela qual o alimento deve ser totalmente evitado durante o período de exclusão orientado pelo alergologista.

    A alergia a ovo pode afetar o ganho de peso da criança?

    A alergia pode afetar o ganho de peso quando não existe substituição adequada, pois o ovo é fonte de proteínas e nutrientes importantes, tornando fundamental o acompanhamento com nutricionista para planejar alternativas nutritivas e manter o crescimento adequado do pequeno.

    A introdução precoce do ovo ajuda a prevenir alergia?

    A introdução alimentar precoce, realizada por volta dos 6 meses conforme orientação pediátrica, pode ajudar a reduzir o risco de alergia porque o contato regular e controlado com pequenas quantidades de alimento favorece o desenvolvimento da tolerância.

    Isso permite que o sistema imunológico aprenda a reconhecer proteínas da clara e da gema como seguras, motivo pelo qual é recomendado evitar atrasos, principalmente em crianças com pele muito sensível ou dermatite atópica.

    A alergia a ovo interfere na amamentação?

    A alergia não interfere diretamente na amamentação, pois a criança não reage ao leite materno, porém pequenas quantidades de proteína do ovo podem passar para o leite quando a mãe consome o alimento, criando uma situação rara mas possível de irritação na pele ou desconforto digestivo.

    Nesses casos, o pediatra pode orientar ajustes na alimentação materna quando existe suspeita de reação relacionada.

    Veja mais: Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

  • Cura ou remissão do câncer? Entenda a diferença entre os termos

    Cura ou remissão do câncer? Entenda a diferença entre os termos

    Quando uma pessoa recebe o diagnóstico de câncer, é normal que alguns termos médicos passem a fazer parte do dia a dia, mesmo que nunca tenham feito sentido antes. A cura certamente é uma das palavras que mais despertam expectativas e ansiedade, mas você sabe o que significa remissão do câncer?

    As dúvidas costumam aparecer ao longo do processo, mas saber o significado de cura ou remissão do câncer ajuda a compreender melhor cada etapa do tratamento e tornar a sua jornada menos assustadora. Conversamos com o oncologista Thiago Chadid para esclarecer as principais dúvidas, a seguir.

    Afinal, cura e remissão do câncer são a mesma coisa?

    Antes de detalhar cada definição, vale esclarecer que a distinção não é apenas semântica. Na oncologia, cura e remissão não significam a mesma coisa quando se fala em câncer — e cada termo descreve um estágio diferente do controle da doença e indica níveis distintos de segurança em relação ao futuro.

    Eles devem ser usados com cuidado, uma vez que influenciam a forma como o paciente entende o tratamento, o que esperar dos próximos meses e como será o acompanhamento médico.

    O que significa remissão do câncer?

    A remissão do câncer significa que não há sinais detectáveis da doença no momento, embora não seja possível afirmar que o tumor está definitivamente curado.

    De acordo com Thiago, durante o acompanhamento, o paciente realiza exames como tomografia, PET-CT, ressonância ou marcadores sanguíneos, e todos mostram ausência de atividade tumoral.

    A doença não está mais visível, não está crescendo e não provoca sintomas, mas ainda existe a possibilidade de que células remanescentes, invisíveis aos métodos de diagnóstico, possam voltar a se multiplicar.

    De maneira geral, existem dois tipos principais de remissão no câncer, definidos de acordo com o quanto a doença diminuiu ou desapareceu nos exames:

    • Remissão parcial ocorre quando o tumor reduz de tamanho ou quando há diminuição importante da atividade da doença, mas ainda restam sinais detectáveis nos exames. Pode representar uma queda de 30%, 50% ou mais no volume tumoral, dependendo do protocolo usado para avaliar cada caso. Ela indica resposta significativa ao tratamento, mas não completa;
    • Remissão completa acontece quando não há sinais detectáveis do câncer nos exames de imagem, exames laboratoriais ou avaliação clínica. Mesmo assim, não se usa o termo “cura” de imediato, porque ainda pode existir risco de retorno, especialmente nos primeiros anos. Por isso, o acompanhamento continua de forma rigorosa.

    Por que remissão não significa ausência total de risco?

    A remissão não significa ausência total de risco porque o organismo pode ainda abrigar células tumorais microscópicas que não aparecem em exames de imagem ou de sangue.

    Mesmo quando o tratamento elimina toda a doença visível, ainda pode haver células dispersas, adormecidas ou em quantidade tão pequena que nenhum método atual consegue detectar. A ciência não possui marcadores capazes de garantir que todo vestígio celular foi eliminado.

    Segundo Thiago, tumores agressivos podem recidivar nos primeiros anos após o tratamento, por isso, se o paciente permanece sem doença por cerca de cinco anos, considera-se que o risco de retorno se tornou muito baixo — podendo, em alguns casos, usar o termo “cura”.

    Já tumores indolentes, de crescimento lento, podem recidivar após 10, 15 ou até 20 anos, motivo pelo qual não existe um marco claro de cura. Nesses casos, mesmo após anos sem sinais da doença, o paciente permanece em remissão e segue em acompanhamento periódico com o médico.

    O que significa cura do câncer?

    A cura do câncer significa que não há sinais da doença no organismo após um longo período de acompanhamento médico. De forma geral, ela indica que o tratamento funcionou e que o risco do tumor voltar se tornou muito baixo, quase nulo, de acordo com o padrão de cada tipo de câncer.

    É um termo usado com cuidado porque alguns tumores (especialmente indolentes) podem demorar anos para mostrar recidiva, por isso o paciente continua em vigilância e acompanhamento mesmo depois de bons resultados.

    De acordo com Thiago Chadid, os oncologistas consideram que um paciente está curado se ele permanecer em remissão completa por um período de cinco anos ou mais após o término do tratamento. Após esse tempo, o risco de o câncer retornar (recidiva) diminui consideravelmente, embora não seja totalmente eliminado.

    A possibilidade de cura varia muito dependendo do tipo de câncer, do estágio em que foi diagnosticado (diagnósticos precoces têm chances significativamente maiores) e das características individuais do paciente e do tumor.

    Por que a cura depende do tipo de câncer?

    Primeiro, é importante entender que o termo “câncer” é um nome usado para mais de 200 doenças diferentes. A cura depende do tipo de tumor porque eles possuem um comportamento próprio. Alguns crescem rápido, outros evoluem de forma lenta, e cada um responde ao tratamento de um jeito.

    A agressividade também se relaciona com o grau de diferenciação celular: quanto mais as células se parecem com as normais, maior a chance de tratamento eficaz.

    Alguns pontos ajudam a entender por que isso varia tanto:

    • Biologia e velocidade de crescimento: tumores agressivos têm alta taxa de mutação, invadem outros órgãos cedo e dificultam a cura, enquanto tumores lentos permitem intervenções efetivas;
    • Localização: quando o tumor está em áreas acessíveis, como pele, a remoção é mais simples; quando está em regiões delicadas, como cérebro, a cirurgia completa se torna mais difícil;
    • Resposta ao tratamento: certos cânceres, como alguns linfomas e leucemias, respondem muito bem à quimioterapia; outros, como alguns sarcomas, apresentam maior resistência;
    • Existência de alvos moleculares: terapias modernas funcionam melhor quando o tumor tem mutações específicas que podem ser bloqueadas por medicamentos;
    • Diagnóstico precoce: quando detectado cedo por exames de rastreamento, o tumor costuma estar limitado ao local de origem, aumentando muito as chances de cura.

    Como saber se há cura ou remissão do câncer?

    A diferença entre cura e remissão é identificada principalmente por meio de acompanhamento contínuo, exames de imagem e exames laboratoriais, como:

    • Tomografia computadorizada;
    • Ressonância magnética;
    • PET-CT, que identifica áreas com maior atividade metabólica;
    • Ultrassom, quando indicado;
    • Exames de sangue, como marcadores tumorais, quando fazem sentido para aquele tipo de tumor;
    • Biópsias de controle, em contextos específicos.

    Na remissão, os exames mostram redução importante do tumor ou ausência temporária de sinais da doença, mas o período de observação ainda é curto para garantir estabilidade definitiva. O médico avalia o comportamento do tumor ao longo dos meses para confirmar se o controle se mantém.

    A cura só pode ser considerada após muitos anos de exames sem alterações. Cada tipo de câncer tem um intervalo diferente para essa confirmação, porque alguns tumores têm risco de retorno mais tardio do que outros. Durante esse período, o paciente mantém o acompanhamento para verificar se há qualquer sinal mínimo de atividade tumoral.

    Como lidar emocionalmente com a remissão prolongada?

    A remissão é um período que pode durar vários anos, então é normal oscilar entre confiança e insegurança, especialmente antes de consultas e exames de rotina.

    Por isso, cuidar da saúde emocional durante esse período ajuda a recuperar tranquilidade e criar mais segurança no dia a dia, e alguns passos simples podem ajudar:

    • Procurar apoio psicológico para organizar pensamentos, aliviar medo e a insegurança e diminuir preocupações repetitivas;
    • Falar com amigos ou familiares para não carregar tudo sozinha e reduzir a sensação de peso emocional;
    • Manter uma rotina saudável, com momentos de lazer, descanso e atividades que tragam bem-estar;
    • Lembrar que exames de acompanhamento servem para proteção, não para gerar medo;
    • Celebrar cada mês ou ano com bons resultados, entendendo que períodos longos de controle mostram que o tratamento funcionou.

    Confira: Vacinas contra o câncer: o que está sendo testado (e o que esperar)

    Perguntas frequentes

    Quais sinais podem indicar que o câncer voltou?

    Os sintomas variam de acordo com o tipo de tumor, mas alguns sinais exigem atenção, como dores persistentes, alterações respiratórias, perda de peso sem explicação, fadiga extrema, nódulos novos, sangramentos incomuns, mudanças no intestino ou na bexiga e aumento de linfonodos.

    No entanto, muitas recidivas são detectadas apenas em exames de rotina, antes de causar sintomas. Por isso o acompanhamento regular é tão importante.

    O que acontece quando o câncer recidiva? Existe tratamento?

    A recidiva do câncer não significa o fim das possibilidades de tratamento. Na verdade, a oncologia moderna oferece diversas opções, como imunoterapia, terapias-alvo, quimioterapia, radioterapia avançada, novos medicamentos orais e abordagens cirúrgicas.

    O tratamento depende do local da recidiva e do histórico do paciente. Em muitos casos é possível controlar novamente a doença e alcançar outra fase de remissão. O tratamento pode mudar, mas as chances de boas respostas continuam existindo.

    O que significa câncer indolente?

    O termo câncer indolente descreve tumores que evoluem muito lentamente e apresentam baixo risco de crescimento ou disseminação. Eles podem permanecer estáveis por anos, sem causar sintomas ou exigir tratamento imediato.

    Em alguns casos, o médico opta pela “vigilância ativa”, que consiste em acompanhar o paciente com exames regulares, intervindo apenas se houver mudanças significativas.

    Esse tipo de câncer, embora ainda seja câncer, tem comportamento mais previsível e menor potencial de causar complicações rápidas, permitindo que muitas pessoas levem uma vida normal durante a observação.

    O que caracteriza um câncer agressivo?

    Um câncer agressivo é aquele que cresce rapidamente, tende a formar metástases com mais facilidade e exige intervenção imediata. O comportamento está ligado ao tipo de célula tumoral, às mutações presentes e ao nível de divisão celular.

    Contudo, vale destacar que o câncer ser agressivo não significa que ele não é passível de controle e tratamento, mas sim que ele demanda uma abordagem mais intensiva, como combinações de quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou cirurgias amplas. O acompanhamento também é mais rígido e frequente, já que o risco de retorno também pode ser maior.

    Por que alguns cânceres crescem devagar e outros evoluem rapidamente?

    A velocidade de crescimento do câncer depende das características biológicas do tumor, como o tipo de célula envolvida, as mutações genéticas presentes, a capacidade de enganar o sistema imune e a forma como o tumor utiliza nutrientes.

    Os tumores indolentes têm ritmo lento de multiplicação e menor capacidade de invadir tecidos, enquanto tumores agressivos apresentam mecanismos que favorecem replicação rápida e expansão. Alguns fatores hereditários, hormônios, inflamação crônica e características individuais do paciente também influenciam esse comportamento.

    Leia mais: Câncer agressivo: o que significa e quais fatores determinam

  • Carcinoma basocelular: entenda mais sobre o tipo de câncer de pele que mais afeta os brasileiros 

    Carcinoma basocelular: entenda mais sobre o tipo de câncer de pele que mais afeta os brasileiros 

    O diagnóstico de carcinoma basocelular é, infelizmente, algo comum no Brasil. Apesar de muitas vezes parecer inofensivo, é necessário ter atenção e diagnóstico precoce. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele não melanoma, categoria que inclui o carcinoma basocelular (CBC) e o espinocelular, representa aproximadamente 30% de todos os tumores malignos no país, com centenas de milhares de casos por ano. 

    Dentro desse grupo, o carcinoma basocelular é o tipo mais comum e corresponde a cerca de 70% a 80% dos cânceres de pele não melanoma. Ele cresce lentamente e raramente se espalha para outros órgãos, mas pode causar destruição local importante se não tratado. Por isso, reconhecer os sinais e entender como prevenir é bem importante. 

    O que é o carcinoma basocelular? 

    O carcinoma basocelular é um câncer de pele que se origina nas células basais, localizadas na camada mais profunda da epiderme. É um câncer que tem origem na exposição cumulativa (e intermitente) ao sol (ou radiação UV) ao longo da vida, especialmente em pessoas de pele mais clara. 

    Embora seja considerado o tipo menos agressivo de câncer de pele, ele ainda é um tumor maligno e não deve ser ignorado, pois pode crescer e invadir tecidos próximos, como cartilagem, músculos e até ossos, dependendo da localização. 

    Fatores de risco 

    Algumas coisas aumentam o risco de desenvolver carcinoma basocelular: 

    • Exposição solar intensa ou cumulativa, principalmente ao longo da vida; 
    • Pele clara, olhos claros, cabelos claros; 
    • Histórico pessoal ou familiar de câncer de pele; 
    • Uso frequente de câmaras de bronzeamento UV (que hoje são proibidas no Brasil); 
    • Ter muitas pintas, sinais ou sardas; 
    • Estar acima dos 40 anos; 
    • Cicatrizes antigas ou áreas da pele previamente lesionadas. 

    Sinais e sintomas: como identificar 

    O carcinoma basocelular costuma se manifestar como: 

    Lesões típicas 

    • Pérolas na pele: pequenas elevações brilhantes, translúcidas ou rosadas; 
    • Feridas que não cicatrizam, durando mais de 4 semanas; 
    • Lesões que sangram facilmente; 
    • Manchas rosadas ou avermelhadas que descamam; 
    • Pequenos nódulos com vasinhos visíveis (telangiectasias); 
    • Lesões enegrecidas que podem ser confundidas com pintas, mas que mudam com o tempo. 

    O carcinoma basocelular costuma aparecer principalmente em áreas expostas ao sol, como: 

    • Rosto; 
    • Nariz; 
    • Orelhas; 
    • Pescoço; 
    • Couro cabeludo careca; 
    • Ombros; 
    • Dorso das mãos. 

    É comum que a pessoa não sinta dor, por isso muitos adiam a busca por ajuda. 

    Diagnóstico 

    O diagnóstico é feito por avaliação dermatológica e confirmado por biópsia. 

    O dermatoscópio, aparelho usado pelo dermatologista, ajuda a identificar padrões característicos da lesão. Em alguns casos, exames de imagem podem ser usados para lesões maiores ou mais profundas. 

    Tratamento 

    O tratamento depende do tamanho, da localização e do tipo histológico do tumor. As opções são: 

    Cirurgia (a mais comum e eficaz) 

    • Excisão cirúrgica: remove o tumor com margem de segurança. 
    • Cirurgia de Mohs: técnica mais precisa, indicada para áreas nobres do rosto, recidivas ou tumores agressivos. 

    Tratamentos não cirúrgicos 

    • Curetagem e eletrocoagulação (casos pequenos); 
    • Crioterapia (congelamento); 
    • Terapia fotodinâmica; 
    • Cremes imunomoduladores (como imiquimode) em lesões muito superficiais; 
    • Radioterapia para casos específicos. 

    Com diagnóstico precoce, o índice de cura é superior a 95%. 

    Prevenção: o que realmente funciona 

    Proteção solar diária 

    • Use protetor com FPS 30 ou mais; 
    • Reaplique a cada 2 horas; 
    • Evite sol das 10h às 16h. 

    Hábitos que reduzem o risco 

    • Use chapéu, óculos escuros e roupas com proteção UV; 
    • Faça autoexame da pele; 
    • Consulte um dermatologista ao menos 1 vez ao ano. 

    Pessoas com risco elevado 

    Devem ter acompanhamento mais frequente, especialmente quem já teve câncer de pele. 

    Expectativa e qualidade de vida 

    A maior parte das pessoas com carcinoma basocelular tem excelente resultado quando trata precocemente. O risco aumenta apenas quando a lesão é ignorada por meses ou anos. 

    Com seguimento certo, exames regulares e proteção solar contínua, a chance de complicações é mínima. 

    Confira: Vacinas contra o câncer: o que está sendo testado (e o que esperar)

    Perguntas frequentes sobre carcinoma basocelular 

    1. Carcinoma basocelular é câncer? 

    Sim, é um tipo de câncer de pele. É o mais comum e o menos agressivo, mas precisa de tratamento. 

    2. Ele se espalha para outros órgãos? 

    É extremamente raro. O risco maior é destruição local se não for tratado. 

    3. Toda ferida que não cicatriza pode ser câncer? 

    Não sempre, mas é um sinal de alerta. Deve ser avaliada por um dermatologista. 

    4. Protetor solar realmente previne câncer de pele? 

    Sim. Reduz significativamente o risco de carcinoma basocelular e outras lesões causadas pelo sol. 

    5. Quem já teve carcinoma basocelular pode ter de novo? 

    Sim. O risco é maior após o primeiro diagnóstico. Por isso o acompanhamento anual é tão importante. 

    6. É preciso fazer quimioterapia? 

    Quase nunca. O tratamento costuma ser local, principalmente cirúrgico. 

    7. Lesões pequenas podem ser graves? 

    Podem crescer e invadir estruturas vizinhas com o tempo. Mesmo lesões pequenas devem ser tratadas. 

    Veja mais: Câncer agressivo: o que significa e quais fatores determinam

  • Como a doença de Chagas é transmitida e por que ainda preocupa

    Como a doença de Chagas é transmitida e por que ainda preocupa

    A doença de Chagas é uma daquelas condições que muita gente já ouviu falar, mas poucas pessoas realmente entendem como ela funciona. Descoberta há mais de um século, ela continua sendo um desafio de saúde pública em várias regiões das Américas, especialmente onde o inseto transmissor, o famoso barbeiro, ainda encontra condições favoráveis para viver.

    Apesar da imagem tradicional ligada ao inseto, hoje sabemos que a transmissão pode ocorrer de outras formas, como durante a gravidez, por alimentos contaminados (como caldo de cana ou açaí não pasteurizados) ou por transfusões de sangue não testadas.

    Com os avanços na medicina, ficou mais claro como o parasita Trypanosoma cruzi age no corpo e por que ele pode causar problemas tanto logo após a infecção quanto anos depois.

    O que é a doença de Chagas?

    A doença de Chagas, também chamada de tripanossomíase americana, é uma infecção causada pelo parasita Trypanosoma cruzi. A transmissão ocorre principalmente por meio do inseto barbeiro, mas pode acontecer também por alimentos contaminados, transfusão de sangue, transplante de órgãos ou da mãe para o bebê durante a gestação.

    Como a doença é transmitida

    Via tradicional: o barbeiro

    O barbeiro vive em frestas de casas de barro ou madeira, comuns em áreas rurais. Ele se alimenta de sangue, geralmente à noite. Após picar, costuma defecar perto da ferida; as fezes podem conter o parasita. Quando a pessoa coça o local, o T. cruzi entra no corpo pela pele, olhos ou boca.

    Outras formas de transmissão

    • Alimentos contaminados com fezes do barbeiro infectado
    • Transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados
    • Transmissão vertical, da mãe para o bebê durante a gravidez ou parto

    Como o parasita age no corpo

    Depois de entrar no organismo, o Trypanosoma cruzi invade células, multiplica-se e se espalha pelo sangue. Ele pode atingir vários órgãos, principalmente:

    • Coração, causando inflamações e alterações no ritmo cardíaco
    • Sistema digestivo, afetando esôfago e intestino

    Essas alterações explicam as complicações cardíacas e digestivas vistas na fase crônica.

    Fases da doença e sintomas

    A doença de Chagas tem duas fases principais: aguda e crônica.

    Fase aguda

    Dura semanas a alguns meses após a infecção. Em muitos casos passa despercebida, mas pode apresentar:

    • Febre prolongada (mais de 7 dias)
    • Cansaço e fraqueza
    • Dor de cabeça
    • Inchaço no rosto ou pernas
    • Mancha avermelhada no local da picada (chagoma)
    • Sinal de Romaña: inchaço de um dos olhos quando o parasita entra pela mucosa ocular

    Em alguns casos, há miocardite, inflamação no músculo cardíaco, que exige atenção médica imediata.

    Fase crônica

    Após a fase aguda, muitas pessoas entram na fase indeterminada, sem sintomas, que pode durar anos ou a vida toda. Entre 10% e 30% desenvolvem formas graves.

    Forma cardíaca

    • Palpitações
    • Tonturas e desmaios
    • Falta de ar
    • Aumento do coração e insuficiência cardíaca
    • Risco de arritmias e morte súbita

    Forma digestiva

    • Dificuldade para engolir (megaesôfago)
    • Prisão de ventre grave e aumento do intestino grosso (megacólon)
    • Dor abdominal e perda de peso

    Diagnóstico

    O diagnóstico varia conforme a fase:

    • Fase aguda: o parasita pode ser visto no exame de sangue.
    • Fase crônica: exames sorológicos detectam anticorpos anti–T. cruzi.

    Em situações específicas, exames de biologia molecular (PCR) podem ser utilizados para confirmar a infecção.

    Tratamento

    Existem dois medicamentos principais usados para tratar a doença de Chagas. Eles reduzem a duração e a gravidade da doença e aumentam a expectativa de vida.

    Na fase aguda, o tratamento é recomendado para todas as idades.

    Na fase crônica, o benefício varia e deve ser discutido entre médico e paciente, avaliando riscos e efeitos adversos.

    Além disso, complicações cardíacas e digestivas podem exigir:

    • Remédios específicos
    • Cirurgias
    • Transplante cardíaco, em casos graves

    Prevenção

    As principais recomendações incluem:

    • Melhorar condições de moradia, fechando rachaduras
    • Usar inseticidas residuais em áreas de risco
    • Evitar alimentos e bebidas de procedência duvidosa em regiões endêmicas
    • Testar sangue e órgãos doados
    • Fazer acompanhamento pré-natal em mulheres infectadas

    Prognóstico

    A maioria das pessoas se recupera bem na fase aguda, especialmente com tratamento precoce. Na fase crônica, a evolução é lenta e varia caso a caso. Mesmo quem não apresenta sintomas deve manter acompanhamento médico regular para identificar possíveis complicações.

    Veja também: Taquicardia sinusal: o que é, causas e se é perigoso

    Perguntas frequentes sobre Doença de Chagas

    1. Ainda existe doença de Chagas no Brasil?

    Sim. Embora o controle do barbeiro tenha avançado, ainda há transmissão, especialmente por alimentos contaminados, como açaí e caldo de cana.

    2. Posso pegar doença de Chagas ao conviver com alguém infectado?

    Não. A doença não é transmitida por contato pessoal, saliva ou relações cotidianas.

    3. Toda infecção evolui para problemas cardíacos?

    Não. A maioria das pessoas permanece assintomática, mas uma parte desenvolve complicações ao longo dos anos.

    4. Gestantes infectadas sempre passam a doença para o bebê?

    Não. A transmissão vertical pode acontecer, mas o acompanhamento pré-natal reduz o risco.

    5. A doença de Chagas tem cura?

    Os medicamentos podem eliminar o parasita, especialmente quando usados no início da infecção. Nos casos crônicos, o benefício depende de cada situação clínica.

    6. Existe vacina contra a doença de Chagas?

    Ainda não, mas há pesquisas em andamento.

    7. O barbeiro sempre transmite a doença?

    Não. Só os barbeiros infectados pelo T. cruzi transmitem a doença.

    Veja mais: Cardiopatia chagásica: saiba mais sobre a complicação provocada pela doença de chagas

  • Cardiopatia chagásica: como se manifesta a fase crônica da doença de Chagas?

    Cardiopatia chagásica: como se manifesta a fase crônica da doença de Chagas?

    Com um desenvolvimento lento e silencioso, a doença de Chagas pode evoluir por muitos anos sem causar sintomas, enquanto o parasita produz pequenas lesões contínuas no organismo.

    Quando ela não é identificada e tratada na fase aguda, a doença pode avançar lentamente e afetar o coração ao longo dos anos, situação em que surge a cardiopatia chagásica — marcada por arritmias, fraqueza do músculo cardíaco e risco elevado de complicações graves.

    “A cardiopatia chagásica se desenvolve de forma lenta e progressiva após a infecção inicial pelo Trypanosoma cruzi. Após a fase aguda, a maioria entra em fase indeterminada, sem sintomas. Com o passar dos anos, geralmente de 10 a 30 anos, parte dos pacientes evolui para a forma cardíaca”, explica a cardiologista Gisele Bachur.

    O que é cardiopatia chagásica?

    A cardiopatia chagásica, também conhecida como cardiomiopatia crônica da doença de Chagas, é uma lesão progressiva do músculo do coração, provocada pela infecção persistente pelo protozoário Trypanosoma cruzi, que é o agente causador da doença de Chagas.

    A evolução ocorre de maneira lenta, e o parasita mantém uma inflamação contínua no tecido cardíaco, provocando destruição das fibras musculares, alteração da condução elétrica e dilatação das câmaras cardíacas ao longo dos anos.

    A fase sintomática costuma surgir após um período prolongado sem sintomas clínicos, caracterizado por arritmias, palpitações, falta de ar, inchaço nas pernas, risco de insuficiência cardíaca e possibilidade de morte súbita.

    Vale apontar que não são todos os pacientes que vão desenvolver a forma cardíaca, e muitos permanecem assintomáticos por toda a vida, vivendo normalmente sem problemas.

    Apenas 20% a 30% dos pacientes cronicamente infectados (aqueles que estavam na forma indeterminada) irão progredir, anos ou décadas depois, para cardiopatia chagásica ou lesões no esôfago e/ou intestino grosso (megaesôfago e megacólon).

    Como ocorre a cardiopatia chagásica?

    Para entender melhor como a cardiopatia surge, vamos imaginar uma pessoa que foi infectada ainda na infância, durante o contato com o barbeiro em uma área rural.

    Ela passa por uma fase aguda da doença de Chagas, normalmente discreta, com sintomas que podem ser confundidos com uma virose comum, como febre, dor de cabeça e fraqueza. Então, a infecção inicial é controlada pelo organismo, mas o Trypanosoma cruzi permanece dentro das células cardíacas, escondido do sistema imune.

    A partir disso, a pessoa entra em uma fase indeterminada, sem sintomas, de acordo com Gisele. A inflamação, no entanto, continua de forma discreta e constante, produzindo microlesões no músculo cardíaco, pequenas cicatrizes e danos progressivos ao sistema elétrico do coração.

    Com o passar dos anos, normalmente 10 a 30 anos, os danos silenciosos no coração se acumulam e o órgão deixa de compensar a inflamação contínua. Assim, surge a fase crônica cardíaca, marcada por cansaço, palpitações, falta de ar, inchaço nas pernas e risco elevado de arritmias e insuficiência cardíaca.

    Qual é o mecanismo da infecção que leva ao dano no músculo cardíaco?

    De acordo com Gisele, o dano cardíaco decorre de três pilares principais, sendo eles:

      • Inflamação crônica mediada pelo sistema imune: a inflamação prolongada destrói fibras do músculo cardíaco porque o sistema imune, ao tentar controlar o parasita, mantém uma resposta exagerada que acaba atacando estruturas do próprio coração, produzindo lesões contínuas e perda progressiva da capacidade de contração;
      • Lesão direta pelo parasita: o barbeiro invade as células cardíacas e forma agrupamentos dentro do tecido, causando ruptura celular, desencadeando inflamação local e contribuindo para o enfraquecimento do músculo;
      • Fibrose miocárdica difusa e focal: a cicatrização repetida gera áreas de fibrose espalhadas e também pontos de rígida cicatrização localizada, o que altera a arquitetura do órgão, dificulta o fluxo elétrico normal e favorece o surgimento de arritmias, dilatação ventricular e queda da função de bombeamento.

    “O contínuo processo inflamatório cicatricial gera arritmias, disfunção contrátil e aneurismas localizados. O resultado é uma miocardiopatia dilatada peculiar, com regiões de fibrose junto a uma inflamação ativa”, complementa a cardiologista.

    Como a cardiopatia chagásica se manifesta?

    De acordo com Gisele, a forma crônica cardíaca apresenta as seguintes manifestações:

    • Arritmias ventriculares e supraventriculares: alterações no ritmo do coração, com batimentos rápidos, irregulares ou descompassados;
    • Bloqueios de condução: falhas na passagem do estímulo elétrico, que podem deixar o coração muito lento;
    • Insuficiência cardíaca sistólica: o coração fica dilatado e perde força para bombear sangue;
    • Tromboembolismos: formação de coágulos dentro do coração, que podem causar AVC ou embolias;
    • Aneurisma apical de ventrículo esquerdo: dilatação localizada muito típica da doença de Chagas;
    • Síncope ou pré-síncope: tonturas ou desmaios provocados por arritmias graves;
    • Morte súbita: normalmente causada por taquicardia ventricular sustentada.

    A evolução costuma ser lenta, começando com palpitações e cansaço e, ao longo dos anos, levando aos sintomas clássicos de insuficiência cardíaca.

    Sintomas da cardiopatia chagásica

    Quando os sintomas surgem, eles são resultado da falha do músculo cardíaco (insuficiência cardíaca) e dos problemas no sistema elétrico do coração (arritmias). Os principais incluem:

    • Palpitações;
    • Falta de ar;
    • Cansaço fácil;
    • Inchaço nas pernas;
    • Dor ou desconforto no peito;
    • Tonturas ou desmaios;
    • Batimentos muito rápidos ou muito lentos.

    Importante: muitas vezes, a primeira mudança que mostra que a doença está avançando aparece nos exames, como um eletrocardiograma alterado, mesmo antes de qualquer sintoma surgir.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico começa pela confirmação da infecção pelo T. cruzi e segue com exames que avaliam ritmo, força e estrutura do coração. Segundo Gisele, os principais exames incluem:

    • Sorologias: ELISA e imunofluorescência (dois métodos diferentes para confirmar);
    • Eletrocardiograma: mostra alterações do ritmo e da condução elétrica, como bloqueios e batimentos extras.;
    • Holter 24h: monitora o coração por um dia inteiro para detectar arritmias que podem não aparecer no exame rápido;
    • Ecocardiograma: avalia tamanho e força do coração e identifica dilatação, aneurisma apical e coágulos;
    • Ressonância cardíaca: padrão-ouro para avaliar áreas de inflamação e fibrose (cicatrizes) com grande precisão;
    • Teste ergométrico: analisa como o coração se comporta durante exercício;
    • Radiografia de tórax: ajuda a ver aumento do coração e sinais de insuficiência cardíaca.

    Como é feito o tratamento da cardiopatia chagásica?

    O tratamento da cardiopatia chagásica é sempre individualizado, porque cada pessoa apresenta um grau diferente de comprometimento cardíaco, risco de arritmias e sintomas. A escolha dos medicamentos e dos dispositivos depende da avaliação detalhada feita pelo cardiologista, que define o esquema mais seguro e eficaz, então não se automedique!

    No geral, podem ser adotadas duas abordagens:

    Tratamento cardiológico

    Quando a cardiopatia já está instalada, o foco principal passa a ser o tratamento cardiológico, que visa controlar arritmias, reduzir a progressão da insuficiência cardíaca e evitar complicações graves, como tromboembolismos e morte súbita.

    Remédios para cardiopatia chagásica

    A base do tratamento segue a mesma linha usada na insuficiência cardíaca, porque o coração dilatado e enfraquecido demanda de proteção contínua. Alguns dos medicamentos usados incluem:

    • IECA, BRA ou ARNI: ajudam a reduzir a pressão dentro do coração, diminuem a sobrecarga e retardam a progressão da doença;
    • Betabloqueador: controla o ritmo cardíaco, reduz arritmias e melhora a sobrevida;
    • Espironolactona: atua contra a fibrose e melhora o desempenho do músculo cardíaco;
    • Inibidores de SGLT2 (empagliflozina ou dapagliflozina): reduzem sintomas, diminuem hospitalizações e oferecem proteção adicional ao coração;
    • Diuréticos conforme necessidade: aliviam a falta de ar e o inchaço, retirando o excesso de líquido que se acumula quando o coração perde força.

    Cardiodesfibrilador Implantável (CDI)

    A presença de arritmias graves aumenta o risco de morte súbita, e o CDI funciona como um “vigia” permanente do ritmo cardíaco. O dispositivo identifica arritmias perigosas e aplica choques para restabelecer o ritmo normal. Segundo Gisele, ele é indicado nas seguintes situações:

    • Taquicardia ventricular sustentada;
    • Fração de ejeção igual ou menor que 35%;
    • Síncope causada por arritmia documentada.

    Marcapasso

    A falha na condução elétrica deixa o coração muito lento, causando tonturas e risco de desmaio. O marcapasso regula o ritmo e impede quedas bruscas da frequência cardíaca, sendo indicado quando há:

    • Bloqueio atrioventricular avançado (Mobitz II ou total);
    • Disfunção sinusal importante, que provoca bradicardia persistente.

    Transplante cardíaco

    A progressão da cardiopatia pode chegar a um ponto em que o coração não responde mais aos medicamentos nem aos dispositivos, como por exemplo:

    • Insuficiência cardíaca que não melhora mesmo com tratamento completo;
    • Arritmias que não podem ser controladas;
    • Baixa sobrevida estimada, mesmo com todas as terapias disponíveis.

    Nesses casos, o transplante de coração surge como alternativa para restaurar a função cardíaca e prolongar a vida.

    Tratamento etiológico

    O tratamento etiológico, realizado com medicamentos como o Benznidazol, é feito para combater o parasita, reduzindo a carga no organismo. Ele é extremamente eficaz na fase aguda ou na fase indeterminada, quando ainda não há danos estruturais importantes no coração.

    Na fase crônica, ele pode ser indicado para reduzir a replicação residual do parasita, mas a fibrose formada não pode ser revertida, de acordo com Gisele.

    Cardiopatia chagásica tem cura?

    Na fase crônica, com a cardiopatia já estabelecida, a fibrose presente no músculo cardíaco não pode mais ser revertida. O uso do benzonidazol não consegue corrigir o dano estrutural existente, embora possa ser indicado em situações específicas para diminuir a replicação residual do parasita.

    A partir daí, o tratamento foca em controlar arritmias, prevenir coágulos, evitar que a insuficiência cardíaca piore e melhorar a qualidade e o tempo de vida da pessoa. “A cura parasitológica completa é rara quando o coração já está acometido”, finaliza Gisele.

    Confira: Síndrome do coração partido: o que é, sintomas, riscos e como diferenciar do infarto

    Perguntas frequentes

    Como ocorre a transmissão da doença de Chagas?

    A transmissão da doença de Chagas ocorre principalmente pelo contato com fezes do barbeiro durante a picada, quando o protozoário entra pela pele lesionada ou pelas mucosas.

    Ela também pode ocorrer por transfusão de sangue, transplante de órgãos, acidentes laboratoriais, da gestante para o bebê ou pela ingestão de alimentos contaminados com o parasita. A transmissão direta entre pessoas não ocorre no convívio social.

    Quais são os sintomas da fase aguda da doença de Chagas?

    A fase aguda da Doença de Chagas é a fase inicial, logo após a infecção, e é caracterizada pela alta circulação do parasita no sangue. No entanto, o mais importante a saber é que ela é, na maioria das vezes, assintomática ou apresenta sintomas leves e inespecíficos. Quando eles surgem, costumam ser:

    • Febre persistente ou prolongada;
    • Mal-estar e dor de cabeça (cefaléia);
    • Fadiga e cansaço generalizado (astenia);
    • Edema (inchaço) e aumento de gânglios (linfonodopatia);
    • Aumento do fígado e do baço (hepatosplenomegalia).

    Após a fase aguda, caso a pessoa não receba tratamento adequado, ela pode desenvolver a fase crônica da doença.

    Como prevenir a doença de Chagas?

    A prevenção da doença de Chagas exige atenção ao modo como ocorre a transmissão, e o controle começa pela redução da presença do barbeiro no ambiente doméstico. A aplicação de inseticidas de ação prolongada, realizada por equipes treinadas, ajuda a impedir que o inseto se estabeleça em paredes, telhados e locais de abrigo dentro das moradias.

    A proteção das residências em áreas onde o barbeiro pode entrar voando por frestas ou aberturas inclui o uso de telas metálicas e mosquiteiros, criando barreiras físicas eficientes.

    A adoção de cuidados pessoais durante atividades noturnas em regiões de mata, como pesca, acampamentos ou caçadas, inclui o uso de repelentes e roupas de mangas longas, reduzindo o risco de contato com o inseto.

    Qual o período de incubação da doença de Chagas?

    O intervalo entre a infecção pelo Trypanosoma cruzi e o surgimento dos primeiros sinais varia conforme a forma de transmissão:

    • Transmissão pelo barbeiro: sintomas aparecem, em geral, entre 4 e 15 dias após a infecção;
    • Transfusão de sangue ou transplante: o início das manifestações pode ocorrer após 30 a 40 dias, podendo se estender além disso;
    • Transmissão oral: os sinais costumam surgir entre 3 e 22 dias;
    • Acidentes laboratoriais ou exposição direta: sintomas podem se desenvolver em até aproximadamente 20 dias;
    • Transmissão da gestante para o bebê: não existe um período definido, pois a passagem do parasita pode acontecer em qualquer fase da gravidez ou durante o parto.

    O que eu faço se ver um barbeiro na minha casa?

    As principais orientações do Ministério da Saúde se você encontrar um barbeiro em casa é:

    • Evitar esmagar, apertar ou ferir o inseto;
    • Proteger as mãos usando luvas ou um saco plástico;
    • Colocar o barbeiro em um recipiente plástico bem fechado, de preferência mantendo-o vivo para facilitar a análise;
    • Guardar separadamente os insetos coletados em locais distintos da casa ou do ambiente externo, como quarto, sala, cozinha ou áreas de mata.

    Doença de Chagas tem cura?

    A doença de Chagas pode ter cura nas fases iniciais, quando o tratamento com benzonidazol ou nifurtimox é iniciado logo após a infecção, período em que o parasita ainda se multiplica ativamente no organismo.

    A eficácia costuma ser maior em crianças e em adultos tratados precocemente, aumentando a chance de eliminação completa do Trypanosoma cruzi

    Veja mais: Dor no ombro esquerdo pode ser infarto? Saiba como identificar

  • Dor de cabeça tensional: como aliviar o tipo mais comum de dor de cabeça

    Dor de cabeça tensional: como aliviar o tipo mais comum de dor de cabeça

    A dor de cabeça tensional, ou cefaleia tensional, é uma das dores mais comuns na população e uma das principais causas de desconforto no dia a dia. Ela costuma surgir em períodos de estresse, tensão muscular ou cansaço prolongado, e afeta até o humor e a produtividade. Apesar de não estar ligada a doenças graves, quem convive com esse tipo de dor sabe o quanto ela pode ser persistente e incômoda.

    Ao contrário da enxaqueca, a cefaleia tensional tem características próprias e não costuma vir acompanhada de náuseas, vômitos ou grande sensibilidade à luz e ao som.

    O que é a cefaleia tensional?

    A dor de cabeça tensional é uma cefaleia primária, ou seja, não é causada por outra condição médica. Ela surge quando há tensão muscular, estresse emocional ou fadiga, e pode ser episódica ou crônica. Há três subtipos:

    • Episódica infrequente: até 1 dia no mês
    • Episódica frequente: de 1 a 14 dias por mês
    • Crônica: 15 dias ou mais ao mês, por no mínimo 3 meses

    A dor costuma ter as mesmas características, mas a frequência define o impacto no cotidiano e o tipo de manejo indicado pelo médico.

    Como é a dor da cefaleia tensional

    A dor típica é descrita como pressão ou aperto, semelhante à sensação de um “capacete apertado” ao redor da cabeça. Geralmente acontece dos dois lados (bilateral), pode se espalhar ao longo da cabeça e tem intensidade leve a moderada.

    A duração varia de 30 minutos a vários dias. Diferente da enxaqueca, a cefaleia tensional não apresenta aura, que são aqueles sintomas visuais, de formigamento, entre outros.

    Além da dor em pressão, podem surgir sensibilidade no couro cabeludo, dor no pescoço e nos ombros, irritabilidade e dificuldade de concentração.

    Por que ela acontece?

    Os mecanismos exatos da dor de cabeça tensional ainda não são totalmente compreendidos, mas sabe-se que vários fatores contribuem para desencadear a cefaleia tensional.

    Alguns deles são:

    • Estresse emocional;
    • Ansiedade
    • Postura inadequada ao usar computador ou celular;
    • Noites mal dormidas;
    • Tensão nos músculos da mandíbula (como apertar os dentes);
    • Fadiga física ou mental.

    Na maior parte das vezes, há uma combinação de fatores atuando ao mesmo tempo.

    Sintomas mais comuns

    Os sintomas envolvem a dor em pressão, geralmente bilateral, acompanhada ou não de desconforto no pescoço e ombros.

    Ao contrário da enxaqueca, não há náuseas, vômitos ou sensibilidade intensa à luz ou ao som. Muitos pacientes relatam irritabilidade e sensação de peso na cabeça.

    A dor de cabeça tensional é perigosa?

    Na maioria dos casos, não. Trata-se de uma condição benigna, ainda que incômoda.

    Porém, dores de cabeça que mudam de padrão, se tornam muito intensas ou vêm acompanhadas de sinais neurológicos, como dificuldade para falar, fraqueza, febre alta, desmaio ou alteração de comportamento, devem ser avaliadas imediatamente por um médico.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico é clínico, baseado na história da dor e no exame físico. Em geral, não são necessários exames complementares, a não ser que haja sinais de alerta ou suspeita de outra condição associada.

    Tratamento da cefaleia tensional

    O tratamento inclui medidas simples de autocuidado: descanso adequado, relaxamento dos músculos do pescoço e ombros, massagem, compressas mornas, correção da postura, hidratação e sono regular. A prática de atividade física também ajuda no controle das crises.

    Quando necessário, podem ser usados analgésicos simples, como dipirona ou paracetamol, sempre com orientação médica. O uso excessivo deve ser evitado para prevenir a cefaleia por abuso de medicação.

    Nos casos frequentes ou crônicos, o médico pode indicar tratamento preventivo com medicamentos, fisioterapia, técnicas de relaxamento ou manejo do estresse.

    Como prevenir novas crises

    Algumas medidas ajudam bastante a reduzir a frequência das dores: fazer pausas durante o trabalho, ajustar a postura, alongar pescoço e ombros, manter boa hidratação, praticar exercícios físicos e preservar uma rotina de sono estável. Reduzir o estresse cotidiano também é fundamental.

    Confira: Dor latejante e sensibilidade à luz? Pode ser enxaqueca

    Perguntas frequentes sobre dor de cabeça tensional

    1. Dor de cabeça tensional é o mesmo que enxaqueca?

    Não. Elas têm mecanismos diferentes. A cefaleia tensional causa dor em pressão, enquanto a enxaqueca envolve dor pulsátil e sintomas como náuseas e sensibilidade intensa à luz.

    2. Estresse causa dor de cabeça tensional?

    Sim. É um dos principais gatilhos, ao lado de postura inadequada e fadiga.

    3. Preciso fazer exames para confirmar o diagnóstico?

    Na maioria dos casos, não. O diagnóstico é clínico.

    4. A dor de cabeça tensional tem cura?

    Não existe cura definitiva, mas é possível controlar e prevenir as crises com hábitos saudáveis e orientações médicas.

    5. Analgésicos podem piorar a dor?

    Sim. O uso excessivo pode causar cefaleia por abuso de medicação.

    6. Dormir mal piora os episódios?

    Sim. Noites mal dormidas aumentam a tensão muscular e favorecem novas crises.

    7. É uma dor perigosa?

    Não costuma ser. Mas sinais de alerta devem ser avaliados por um médico.

    Leia mais: Dor de cabeça: quando é normal e quando é sinal de alerta

  • Bradicardia: o que é, sintomas, causas e o que fazer

    Bradicardia: o que é, sintomas, causas e o que fazer

    Você já sentiu o coração bater mais devagar? Durante o sono, após um treino intenso ou em momentos de relaxamento profundo, é normal que a frequência cardíaca diminua, uma condição conhecida como bradicardia. O corpo humano tem formas naturais de se adaptar, e o ritmo do coração muda conforme a quantidade de oxigênio e energia que o organismo precisa.

    No entanto, quando a lentidão acontece em situações inadequadas ou vem acompanhada de cansaço, tontura e desmaios, pode indicar alterações no sistema elétrico do coração, desequilíbrios hormonais (como o hipotireoidismo) ou efeitos colaterais de remédios. Nesses casos, ela é conhecida como bradicardia patológica e requer a avaliação de um médico.

    Mas como saber quando ela representa um risco? A seguir, explicamos por que a bradicardia acontece, quais são seus sintomas mais comuns e como é feito o diagnóstico.

    O que é bradicardia?

    O termo bradicardia é usado para descrever uma frequência cardíaca abaixo de 50-60 batimentos por minuto (bpm) em adultos. Em condições normais, o coração mantém um ritmo regular para bombear sangue adequadamente, mas quando o ritmo diminui demais, o fluxo sanguíneo pode ser insuficiente para atender às necessidades do corpo.

    Existem situações em que a bradicardia é considerada fisiológica e não indica qualquer problema de saúde. Ela pode ser comum, por exemplo, durante o sono ou em atletas bem condicionados, cujos corações são mais eficientes e conseguem bombear sangue com menos batimentos.

    Porém, em outras circunstâncias, a desaceleração pode ser patológica, indicando algum distúrbio no sistema elétrico do coração ou o efeito de doenças e medicamentos que interferem na condução dos impulsos elétricos responsáveis por coordenar as batidas cardíacas.

    Nesse caso, o coração pode não ser capaz de manter o fluxo sanguíneo adequado, comprometendo o fornecimento de oxigênio para órgãos vitais, como cérebro, rins e músculos.

    Por que atletas podem ter batimentos lentos sem risco?

    De acordo com a cardiologista Juliana Soares, o treinamento físico intenso e regular aumenta a eficiência do músculo cardíaco, permitindo que ele bombeie uma quantidade maior de sangue a cada batimento. Por conta disso, o coração consegue suprir as necessidades do organismo com um número menor de batimentos por minuto, o que demonstra uma importante adaptação cardiovascular.

    Assim, é comum que atletas, especialmente os de resistência (como maratonistas) e pessoas com excelente condicionamento físico apresentem bradicardia fisiológica, sem apresentar sintomas ou qualquer repercussão no organismo.

    O que causa bradicardia?

    A bradicardia pode ocorrer como uma resposta natural do organismo a determinadas situações, sem representar um problema de saúde. Isso acontece, por exemplo, durante o sono, quando o metabolismo fica mais lento e o corpo entra em estado de repouso, reduzindo naturalmente os batimentos cardíacos.

    Além disso, situações de relaxamento profundo ou exposição ao frio podem diminuir temporariamente a frequência cardíaca, como um mecanismo fisiológico de economia de energia.

    No entanto, em algumas circunstâncias, a bradicardia pode ser causada por doenças ou pelo uso de certos remédios. Entre as causas cardíacas, Juliana destaca:

    • Doenças do nó sinusal, estrutura responsável por gerar e comandar os impulsos elétricos que controlam os batimentos do coração;
    • Bloqueios cardíacos, que são interrupções ou atrasos na condução dos impulsos elétricos entre os átrios e os ventrículos;
    • Infarto prévio e doenças cardíacas congênitas, que podem causar danos ao tecido cardíaco e comprometer o sistema elétrico do coração.

    Entre as condições não cardíacas, também podem provocar bradicardia:

    • Hipotireoidismo, devido à baixa produção dos hormônios da tireoide, que desacelera o metabolismo;
    • Hipoglicemia, quando o nível de açúcar no sangue cai, afetando o funcionamento do sistema nervoso autônomo;
    • Desequilíbrio de eletrólitos, como alterações nos níveis de potássio e magnésio, que interferem na condução elétrica cardíaca;
    • Envelhecimento, que pode degenerar o sistema de condução elétrica natural do coração;
    • Hipotermia, quando a temperatura corporal cai excessivamente, reduzindo o ritmo cardíaco;
    • Miocardite, uma inflamação do músculo cardíaco que compromete a capacidade do coração de gerar impulsos elétricos adequados.

    Entre os medicamentos que podem reduzir o ritmo cardíaco, estão os betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, antiarrítmicos e antidepressivos tricíclicos.

    Quais são os sintomas da bradicardia?

    Os sintomas de bradicardia variam conforme o grau de comprometimento da circulação sanguínea. Algumas pessoas permanecem assintomáticas (sem sintomas), enquanto outras apresentam sinais mais evidentes, como:

    • Cansaço excessivo, mesmo em atividades leves;
    • Tontura ou sensação de cabeça leve;
    • Falta de ar;
    • Dor ou pressão no peito;
    • Desmaios (síncope);
    • Confusão mental ou dificuldade de concentração;
    • Pele fria e pálida.

    Em casos mais graves, a bradicardia pode causar parada cardíaca, especialmente quando há falha total na condução elétrica.

    Como é feito o diagnóstico da bradicardia?

    O diagnóstico da bradicardia é realizado por meio de uma avaliação clínica e exames específicos. Segundo Juliana, o principal é o eletrocardiograma (ECG), que registra a atividade elétrica do coração e permite identificar a frequência e o ritmo dos batimentos.

    O médico também pode solicitar o Holter de 24 horas, que monitora o ritmo cardíaco continuamente ao longo de um dia inteiro, possibilitando detectar episódios de bradicardia que ocorrem durante o sono, o repouso ou as atividades cotidianas.

    Podem ser pedidos ainda o ecocardiograma (ultrassom do coração), que avalia a estrutura e a função cardíaca, e exames de sangue para investigar causas reversíveis, como alterações nos níveis de potássio, magnésio ou hormônios da tireoide.

    Como é feito o tratamento da bradicardia?

    O tratamento da bradicardia depende da causa e da presença de sintomas, pois nem toda frequência cardíaca lenta requer intervenção médica.

    Quando o ritmo reduzido é provocado por medicamentos, o médico pode ajustar a dose, trocar ou suspender o uso, caso seja seguro. Em situações em que a bradicardia está associada a doenças como hipotireodismo, desequilíbrios de eletrólitos ou apneia do sono, o foco é corrigir essas condições — o que normalmente leva à normalização do ritmo cardíaco.

    Além do tratamento médico, para manter o coração saudável e reduzir o risco de complicações relacionadas à bradicardia, alguns cuidados são recomendados:

    • Parar de fumar;
    • Evitar o consumo excessivo de álcool e cafeína;
    • Manter uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes;
    • Controlar o peso corporal;
    • Praticar atividade física regular, sempre com orientação profissional;
    • Realizar consultas periódicas com o cardiologista;
    • Monitorar a frequência cardíaca, especialmente em quem usa remédios que afetam o ritmo do coração;
    • Controlar doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e distúrbios da tireoide.

    Quando o marcapasso é necessário?

    Quando há falhas significativas no sistema de condução elétrica do coração, o tratamento pode exigir o implante de um marcapasso definitivo.

    O dispositivo, de tamanho reduzido, é colocado sob a pele e tem a função de emitir impulsos elétricos regulares que estimulam o coração a bater em uma frequência adequada e estável, prevenindo sintomas como tonturas, desmaios e fraqueza decorrentes da bradicardia.

    De acordo com Juliana, entre as principais indicações estão os bloqueios atrioventriculares avançados, como:

    • Bloqueio atrioventricular de segundo grau tipo Mobitz II, caracterizado por interrupções súbitas e imprevisíveis dos batimentos cardíacos;
    • Bloqueio atrioventricular de terceiro grau (bloqueio total), no qual há interrupção completa da comunicação elétrica entre átrios e ventrículos, fazendo com que o coração dependa de um ritmo de escape, muito lento e instável.

    Os bloqueios podem surgir em decorrência da degeneração natural pelo envelhecimento, doença arterial coronariana, infarto prévio, miocardites, doença de Chagas ou uso prolongado de determinados medicamentos.

    Quando o remédio responsável pela bradicardia é indispensável e não existe outra alternativa segura, o implante de marcapasso também pode ser necessário para garantir a frequência cardíaca adequada.

    Como prevenir a bradicardia patológica?

    O principal meio de reduzir os riscos é controlar os fatores de risco cardiovascular e manter hábitos saudáveis, como aponta Juliana:

    • Manter uma alimentação equilibrada e controlar o peso;
    • Praticar atividade física regularmente;
    • Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool;
    • Controlar doenças crônicas como hipertensão, diabetes e hipotireoidismo;
    • Seguir sempre as orientações médicas e não usar medicamentos sem prescrição.

    Com os cuidados e acompanhamento médico periódico, é possível detectar alterações precocemente e prevenir complicações associadas à bradicardia.

    Confira: Saiba quando os batimentos acelerados estão relacionados a uma arritmia cardíaca

    Perguntas frequentes

    A bradicardia é perigosa?

    A bradicardia nem sempre é sinal de problema, e existem casos em que o coração lento é apenas uma adaptação do organismo — como em atletas, pessoas com excelente condicionamento físico ou durante o sono. Nesses casos, o coração é mais eficiente e consegue bombear sangue suficiente com menos batimentos, sem causar sintomas.

    O problema ocorre quando a lentidão impede o corpo de receber oxigênio adequadamente, levando a tontura, fraqueza, falta de ar ou desmaios. É nessa situação que a bradicardia precisa ser investigada, pois pode indicar doenças cardíacas, distúrbios hormonais ou efeitos colaterais de medicamentos.

    A bradicardia pode causar morte súbita?

    Em situações extremas, sim. Quando o coração bate muito lentamente e o fluxo sanguíneo cai de forma acentuada, pode haver colapso circulatório e parada cardíaca. Isso é mais comum em bloqueios cardíacos graves ou em pacientes com doenças estruturais do coração.

    Porém, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, o risco de morte súbita é bem baixo. O acompanhamento médico regular é muito importante para prevenir complicações!

    Meus batimentos cardíacos estão lentos, quando devo procurar um médico?

    Procure um médico se notar os batimentos muito lentos, tontura, cansaço, falta de ar ou episódios de desmaio deve procurar um cardiologista. Mesmo que os sintomas sejam leves, é importante investigar a causa — e o diagnóstico precoce evita complicações e permite o tratamento adequado.

    Em casos de dor no peito, desmaio súbito ou falta de ar intensa, procure atendimento de emergência imediatamente, pois podem ser sinais de uma bradicardia grave ou de outro problema cardíaco.

    A bradicardia pode causar desmaios?

    A bradicardia pode diminuir o fluxo de sangue e oxigênio para o cérebro, provocando tontura, visão turva e desmaios súbitos (síncopes). Em casos leves, a pessoa apenas sente fraqueza, mas em situações mais graves, pode perder a consciência por alguns segundos. A repetição dos episódios é um sinal de alerta e requer investigação médica imediata, pois pode indicar bloqueio elétrico no coração.

    Quem tem bradicardia pode fazer atividade física?

    Depende! Se a bradicardia for fisiológica e a pessoa estiver sem sintomas, a prática de atividade física regular traz muitos benefícios e é recomendada. Já em casos patológicos, o médico deve avaliar o tipo e a intensidade do exercício mais seguros.

    Em pacientes com marcapasso, por exemplo, o treino deve ser monitorado e adaptado para evitar esforço excessivo. O importante é não se exercitar sem liberação médica quando há diagnóstico de bradicardia.

    Veja também: Arritmia cardíaca: quando os batimentos fora de ritmo merecem atenção

  • Taquicardia sinusal: o que é, causas e se é perigoso 

    Taquicardia sinusal: o que é, causas e se é perigoso 

    Em situações do cotidiano, como durante a prática de atividade física ou em momentos de ansiedade, é normal que a frequência cardíaca aumente como resposta fisiológica do organismo. Esse tipo de aceleração é controlado pelo nó sinusal, o marca-passo natural do coração — sendo conhecido como taquicardia sinusal.

    No entanto, quando os batimentos permanecem acelerados por tempo prolongado, de forma desproporcional ao estímulo ou sem uma causa evidente, o quadro pode indicar uma taquicardia sinusal inapropriada (IST), que requer avaliação médica para investigação e acompanhamento.

    Ela nem sempre está associada a uma doença, mas pode indicar que o organismo está reagindo a algum estímulo interno ou externo, e compreender as causas é o primeiro passo para um diagnóstico adequado. Entenda mais, a seguir!

    O que é taquicardia sinusal?

    A taquicardia sinusal consiste no aumento do número de batimentos cardíacos por minuto, normalmente acima dos 100 batimentos por minuto (bpm), mas mantendo o ritmo normal do coração. O termo sinusal indica que os impulsos elétricos que controlam o batimento continuam partindo do nó sinusal, estrutura responsável por ditar o ritmo cardíaco.

    Em pessoas saudáveis, ela ocorre como uma resposta fisiológica do organismo, um mecanismo de adaptação para aumentar a quantidade de sangue bombeado e atender a uma maior demanda de oxigênio em situações como exercícios físicos, febre, ansiedade, estresse ou consumo de cafeína.

    No entanto, pode ser anormal quando ocorre de forma persistente e frequente, mesmo em repouso, ou quando é causada por outra doença, como anemia ou hipertireoidismo, conforme explica a cardiologista Juliana Soares.

    O que causa a taquicardia sinusal?

    A aceleração dos batimentos cardíacos é controlada pelo sistema nervoso autônomo, responsável por ajustar as funções involuntárias do corpo, como respiração e pressão arterial. Uma série de fatores pode ativar o mecanismo, como:

    • Atividade física;
    • Emoções fortes (medo, raiva, ansiedade);
    • Febre;
    • Uso de cafeína, nicotina ou álcool;
    • Uso de medicamentos como descongestionantes e broncodilatadores;
    • Gravidez;
    • Situações de dor intensa.

    Já a taquicardia sinusal inapropriada pode ter causas mais complexas, incluindo:

    • Alterações hormonais (hipertireoidismo, por exemplo);
    • Desidratação;
    • Anemia;
    • Insuficiência cardíaca;
    • Doenças pulmonares;
    • Distúrbios do sistema nervoso autônomo.

    Juliana Soares ainda aponta que o uso de medicamentos como descongestionantes nasais e substâncias estimulantes como drogas ilícitas (cocaína, por exemplo), também podem provocar taquicardia.

    Taquicardia sinusal pode vir acompanhada de sintomas?

    Além dos batimentos cardíacos acelerados, quadros de taquicardia sinusal inapropriada podem causar:

    • Palpitações;
    • Falta de ar (dispneia);
    • Fadiga e cansaço;
    • Tontura ou sensação de desmaio;
    • Intolerância ao exercício;
    • Desconforto no peito.

    Quando há dor no peito, desmaio ou sensação de descontrole dos batimentos, é importante procurar atendimento médico, pois os sinais podem indicar uma arritmia mais grave.

    Taquicardia sinusal é perigoso?

    Na maioria dos casos, não é uma condição perigosa, especialmente quando está relacionada a estímulos fisiológicos como exercícios ou emoções. O coração acelera para atender à demanda de oxigênio e, depois, retorna ao normal.

    Contudo, o aumento da frequência cardíaca torna-se preocupante quando ocorre de forma persistente e em repouso, com frequência acima de 100 batimentos por minuto. Também é motivo de alerta quando surgem sintomas como falta de ar, dor no peito, tontura ou desmaio, de acordo com Juliana.

    Em pessoas com doenças cardíacas pré-existentes, como insuficiência cardíaca, o aumento da frequência pode sobrecarregar o coração e aumentar o risco de infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).

    Como é feito o diagnóstico da taquicardia sinusal?

    O diagnóstico de taquicardia sinusal é feito a partir de uma avaliação clínica feita pelo cardiologista, e depende da história do paciente e de exames complementares, como:

    • Eletrocardiograma (ECG): registra a atividade elétrica do coração e confirma se o ritmo acelerado tem origem no nó sinusal;
    • Holter 24 horas: monitora o ritmo cardíaco ao longo do dia, permitindo identificar variações e episódios de taquicardia;
    • Ecocardiograma: avalia a estrutura e a função do coração, identificando possíveis alterações anatômicas;
    • Exames laboratoriais: verificam a presença de anemia, hipertireoidismo e alterações nos níveis de potássio e magnésio.

    Em alguns casos, é necessário um teste ergométrico (teste de esforço), para observar como o coração reage durante a atividade física.

    Qual a diferença entre taquicardia sinusal e outros tipos de taquicardia?

    O termo “taquicardia” significa apenas que o coração está batendo rápido, mas existem vários tipos.

    A taquicardia sinusal é regular e com origem no nó sinusal, sendo considerada a forma mais comum e, na maioria das vezes, benigna. Já as taquicardias supraventriculares e ventriculares são mais perigosas, pois se originam em outras partes do coração e podem causar arritmias graves, levando até à parada cardíaca.

    No eletrocardiograma, o médico consegue diferenciar facilmente o tipo de taquicardia e indicar o tratamento adequado.

    É necessário tratar a taquicardia sinusal?

    De acordo com Juliana, o tratamento não é necessário quando a taquicardia sinusal é fisiológica, isto é, uma resposta normal do organismo ao esforço físico ou a emoções intensas. Quando há uma causa secundária, o tratamento deve ser direcionado a ela — tratar infecções em casos de febre, corrigir anemia ou disfunções da tireoide e manejar a ansiedade por meio de terapia ou medicação, por exemplo.

    Em situações raras, como na síndrome da taquicardia sinusal inapropriada, em que ocorre uma resposta exagerada e persistente, pode ser necessário o uso de medicamentos para reduzir a frequência cardíaca e prevenir sobrecarga ou danos ao coração a longo prazo.

    Como controlar a taquicardia sinusal sem remédios?

    Quando o aumento dos batimentos é fisiológico, pequenas mudanças de estilo de vida podem ajudar a controlar a taquicardia sinusal, como:

    • Controlar o estresse e a ansiedade com técnicas de respiração, meditação ou yoga;
    • Evitar o consumo de café, energéticos, nicotina e álcool;
    • Dormir bem todos os dias;
    • Beber bastante água para evitar desidratação;
    • Praticar atividade física leve e regular;
    • Manter uma alimentação equilibrada, com frutas, verduras e alimentos ricos em magnésio e potássio;
    • Fazer pausas durante o dia para respirar fundo e relaxar;
    • Realizar acompanhamento periódico com o cardiologista.

    Quando procurar atendimento médico?

    Procure um cardiologista quando a aceleração dos batimentos ocorrer em repouso, for frequente ou vier acompanhada de:

    • Dor ou aperto no peito;
    • Falta de ar;
    • Tontura ou desmaio;
    • Fadiga extrema;
    • Sensação de descompasso no ritmo cardíaco.

    Em emergências, como dor torácica intensa, falta de ar súbita ou desmaio, procure imediatamente um pronto-socorro.

    Confira: Por que o café acelera o coração? Veja quantas xícaras você pode tomar

    Perguntas frequentes

    Como diferenciar taquicardia sinusal de outras arritmias?

    Isso pode ser feito através de exames solicitados pelo médico, como o eletrocardiograma (ECG). Na taquicardia sinusal, o ritmo é regular e o impulso elétrico parte do nó sinusal, o que a torna mais previsível e geralmente benigna.

    Já em arritmias como a taquicardia supraventricular ou ventricular, o ritmo é desorganizado, podendo gerar palpitações súbitas e perigosas, com risco de desmaios e parada cardíaca. Por isso, o ECG é fundamental para identificar o tipo e a origem da aceleração.

    Taquicardia sinusal pode causar desmaios?

    Sim, embora seja pouco comum. Quando o coração bate rápido demais, pode haver redução do volume de sangue bombeado por batimento, diminuindo a oxigenação cerebral — o que provoca tontura e, em casos extremos, desmaio. Ah, e também pode ocorrer queda de pressão durante crises de taquicardia intensa.

    Qualquer episódio de desmaio associado a palpitações deve ser avaliado com urgência por um cardiologista, pois pode indicar risco de arritmia mais grave.

    Quando o tratamento de taquicardia sinusal com remédios é indicado?

    O uso de medicamentos é indicado em casos de sintomas intensos, taquicardia persistente ou taquicardia sinusal inapropriada (aceleração sem causa aparente). A escolha do tratamento deve ser feita pelo médico cardiologista, conforme o quadro clínico e a tolerância do paciente.

    Como diferenciar taquicardia sinusal inadequada de ansiedade?

    Na ansiedade, a aceleração dos batimentos resulta da descarga de adrenalina e ocorre em situações emocionais específicas, desaparecendo quando a pessoa se acalma. Na síndrome da taquicardia sinusal inadequada, porém, o aumento da frequência cardíaca pode ser contínuo ou ocorrer em repouso, sem necessariamente estar ligado a emoções.

    O diagnóstico é confirmado por avaliação clínica e eletrocardiograma, que mostram se o ritmo é de origem sinusal ou não.

    Quem tem taquicardia sinusal pode praticar esportes?

    Sim, desde que o quadro seja benigno e avaliado por um cardiologista. A prática regular de atividades físicas melhora a capacidade cardiovascular e ajuda a manter o ritmo cardíaco estável.

    O ideal é iniciar com exercícios leves, como caminhadas ou natação, e aumentar a intensidade de forma gradual. Pessoas com taquicardia sinusal inapropriada devem evitar esportes de alta exigência até liberação médica.

    Confira: Acordar com o coração acelerado é normal? Veja o que pode ser

  • Trombose Venosa Profunda (TVP): entenda mais sobre a condição 

    Trombose Venosa Profunda (TVP): entenda mais sobre a condição 

    A trombose venosa profunda (TVP) é uma condição séria, mas muitas vezes silenciosa, em que um coágulo de sangue se forma dentro de uma veia profunda, principalmente nas pernas. Ela preocupa porque pode evoluir para uma embolia pulmonar, complicação grave que acontece quando parte do coágulo se solta e migra para os pulmões.

    Apesar de ser mais frequente em pessoas com fatores de risco específicos, a trombose venosa profunda pode acontecer em qualquer idade e costuma aparecer após períodos prolongados de imobilidade, cirurgias, viagens longas, uso de hormônios ou condições que favorecem a coagulação. Reconhecer os sinais e buscar ajuda rápida reduz o risco de complicações.

    O que é trombose venosa profunda (TVP)?

    A trombose venosa profunda é a formação de um coágulo (trombo) dentro de uma veia profunda. Geralmente afeta:

    • Panturrilha;
    • Coxa;
    • Pelve.

    O trombo dificulta a circulação do sangue e, nos casos mais graves, pode se desprender e causar embolia pulmonar, situação potencialmente fatal.

    Por que a trombose venosa profunda acontece?

    Três mecanismos explicam a formação dos coágulos, conhecidos como Tríade de Virchow:

    1. Estase sanguínea

    Quando o sangue circula muito devagar, como em:

    • Longas viagens sentado;
    • Pós-operatório;
    • Longos períodos acamado.

    2. Lesão na parede do vaso

    Pode acontecer por traumas, cirurgias ou inflamação da veia.

    3. Hipercoagulabilidade

    Quando o sangue coagula com mais facilidade, por motivos como:

    • Trombofilias herdadas;
    • Câncer;
    • Gravidez;
    • Uso de hormônios;
    • Doenças que alteram a coagulação.

    Geralmente, mais de um fator atua ao mesmo tempo.

    Quem tem mais risco de trombose venosa profunda?

    Algumas situações aumentam significativamente o risco:

    • Idade acima dos 40 anos (risco aumenta ainda mais após os 60);
    • Imobilidade prolongada;
    • Cirurgias extensas;
    • Histórico pessoal ou familiar de trombose;
    • Varizes;
    • Obesidade;
    • Câncer e quimioterapia;
    • Gravidez e pós-parto;
    • Uso de anticoncepcionais ou reposição hormonal;
    • Trombofilias;
    • Tabagismo.

    Quais são os sintomas?

    A trombose venosa profunda pode passar despercebida, mas alguns sinais são clássicos:

    • Inchaço em apenas uma perna (edema unilateral);
    • Dor na panturrilha ou coxa;
    • Sensação de endurecimento no músculo;
    • Aumento da temperatura local;
    • Pele arroxeada;
    • Diferença perceptível de tamanho entre as pernas.

    Ao notar esses sinais, procure atendimento imediatamente.

    Como é feito o diagnóstico?

    O médico avalia a história clínica, o exame físico e solicita exames para confirmação. Veja quais.

    Ultrassom com Doppler venoso

    É o exame principal, seguro e não invasivo.

    Exames de sangue

    Podem ajudar a descartar a trombose em casos de baixo risco, mas não confirmam sozinhos.

    Outros exames podem ser feitos em situações específicas.

    Principais complicações da trombose venosa profunda

    1. Embolia pulmonar

    Ocorre quando parte do coágulo se solta e chega aos pulmões. Pode causar:

    • Falta de ar súbita;
    • Dor no peito;
    • Palpitações;
    • Tosse com sangue;
    • Risco de morte.

    2. Síndrome pós-trombótica

    A longo prazo, a circulação fica prejudicada, levando a:

    • Inchaço crônico;
    • Escurecimento da pele;
    • Dor persistente;
    • Feridas de difícil cicatrização.

    Como é o tratamento da trombose venosa profunda?

    O objetivo é evitar que o coágulo cresça ou se desprenda e aliviar os sintomas.

    Anticoagulantes

    São o tratamento principal e mais utilizado. Duram, em média, 3 a 6 meses, podendo ser prolongados ou até contínuos em alguns casos.

    A escolha depende de fatores como:

    • Outras doenças do paciente;
    • Possibilidade de reversão do efeito;
    • Familiaridade com a medicação;
    • Disponibilidade e custo.

    Meias elásticas de compressão

    Ajudam a melhorar a circulação e prevenir complicações.

    Fibrinolíticos

    Usados raramente, apenas em casos graves, pois dissolvem o coágulo.

    Cirurgia ou cateterismo

    Indicados em situações específicas, como trombos muito extensos.

    Como prevenir a trombose venosa profunda?

    • Evite ficar parado muito tempo — movimente-se sempre que possível;
    • Em viagens longas, levante-se e caminhe a cada 1–2 horas;
    • Mantenha as pernas elevadas quando puder;
    • Hidrate-se bem;
    • Use meias elásticas se houver indicação médica;
    • Trate condições associadas (obesidade, varizes, trombofilias);
    • Não fume.

    Leia também: Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo: a doença autoimune que aumenta o risco de trombose

    Perguntas frequentes sobre trombose venosa profunda

    1. A trombose venosa profunda só acontece em pessoas idosas?

    Não. Pode ocorrer em qualquer idade, mas o risco aumenta com o envelhecimento.

    2. Posso ter trombose venosa profunda mesmo sem sintomas?

    Sim. Alguns casos são silenciosos, mas o risco ainda existe.

    3. Anticoncepcional aumenta o risco?

    Sim. Hormônios com estrogênio elevam o risco de trombose em algumas mulheres.

    4. Trombose venosa profunda e varizes são a mesma coisa?

    Não. Varizes aumentam o risco de TVP, mas são condições diferentes.

    5. A trombose volta?

    Pode voltar, especialmente em pessoas com fatores de risco persistentes. Por isso, o acompanhamento médico é essencial.

    6. Quanto tempo dura o tratamento?

    Em média 3 a 6 meses, podendo ser mais longo dependendo do caso.

    7. Caminhar ajuda a prevenir?

    Sim. Movimentar as pernas melhora a circulação e reduz muito o risco.

    Confira: Trombose do viajante: o que é, sintomas, causas e como evitar