Categoria: Doenças & Condições

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  • Doenças autoimunes: 10 sinais para você ficar atento

    Doenças autoimunes: 10 sinais para você ficar atento

    No Brasil, cerca de 15 milhões de pessoas convivem com doenças autoimunes, sendo a maioria mulheres. A condição pode afetar articulações, pele, glândulas, intestino, rins, pulmões, nervos e praticamente qualquer órgão, e costuma causar sintomas que variam conforme o sistema atingido.

    Eles tendem a aparecer aos poucos, com fases de melhora e piora, e muitas pessoas passam muito tempo acreditando que sinais como cansaço extremo, dores no corpo e queda de cabelo são apenas situações passageiras. Na verdade, tudo isso pode indicar que o sistema imunológico está desregulado e atacando estruturas do próprio corpo.

    Conversamos com o cardiologista Giovanni Henrique Pinto para entender como as doenças autoimunes se manifestam, quais as mais comuns e como é feito o diagnóstico.

    O que são doenças autoimunes?

    As doenças autoimunes são condições em que o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo de vírus, bactérias e outros agentes agressivos, começa a agir de forma confusa e passa a atacar células, tecidos e órgãos saudáveis. A reação provoca uma inflamação contínua, que pode atingir articulações, pele, intestino, glândulas, rins, pulmões, nervos e praticamente qualquer parte do organismo.

    A causa ainda não é totalmente conhecida, mas estudos mostram que fatores genéticos, hormonais, infecções, estresse e ambiente podem influenciar no desenvolvimento das doenças autoimunes.

    “O clínico geral costuma ser o primeiro a levantar essa suspeita porque a consulta inicial geralmente acontece com ele. E como essas doenças costumam começar com sintomas vagos e variados, é o clínico quem faz a triagem dos sinais e decide se é necessário encaminhar ao reumatologista ou outro especialista”, explica Giovanni.

    Quais as doenças autoimunes mais comuns?

    Existem mais de 80 doenças autoimunes conhecidas, e cada uma afeta o corpo de um jeito diferente. As mais comuns incluem:

    • Artrite reumatoide, que provoca inflamação contínua nas articulações, causando dor, rigidez ao acordar e, com o tempo, limitação de movimento;
    • Lúpus, que pode atingir pele, rins, articulações, sangue e outros órgãos, causando manchas, dores, inchaços e períodos de forte inflamação;
    • Doença celíaca, que causa reação ao glúten e altera o funcionamento do intestino, levando a diarreia, dor abdominal, anemia e perda de nutrientes;
    • Tireoidite de Hashimoto, que reduz a função da tireoide e pode causar cansaço, ganho de peso, queda de cabelo e sensação de frio;
    • Psoríase, que produz placas vermelhas e descamação na pele, podendo estar associada a dor nas articulações;
    • Vitiligo, que provoca perda de pigmento em áreas da pele, formando manchas claras que podem surgir em diferentes partes do corpo;
    • Doença de Graves, que acelera o funcionamento da tireoide, causando perda de peso, ansiedade, palpitações e intolerância ao calor;
    • Esclerose múltipla, que interfere na comunicação entre cérebro e corpo, gerando sintomas como formigamentos, fraqueza e dificuldade para manter equilíbrio;
    • Síndrome de Sjögren, que reduz a produção de lágrimas e saliva, levando a olhos secos, boca seca e maior risco de cáries;
    • Doença de Crohn, que inflama o trato digestivo e pode causar dor abdominal, diarreia crônica, perda de peso e anemia;
    • Retocolite ulcerativa, que afeta o intestino grosso e provoca diarreia com sangue, urgência para evacuar e cólicas abdominais.

    ‘Cada uma tem manifestações específicas, mas todas compartilham a ideia de ‘auto ataque’ do sistema imune”, aponta Giovanni.

    Quais os principais sinais que podem indicar uma doença autoimune?

    Apesar de cada doença ter características próprias, alguns sinais chamam a atenção pela combinação, persistência e padrão de aparecimento, segundo Giovanni. Alguns deles incluem:

    • Dores articulares persistentes, principalmente em mãos, punhos, joelhos ou pés;
    • Manchas ou alterações na pele, especialmente se pioram com sol;
    • Fadiga intensa, desproporcional ao esforço;
    • Sensação de fraqueza ou febre baixa recorrente;
    • Queda de cabelo acentuada, fora do padrão habitual;
    • Inchaço articular ou rigidez matinal prolongada;
    • Boca e olhos muito secos;
    • Formigamentos e dormências sem causa aparente;
    • Alterações no intestino, como diarreia crônica;
    • Aftas ou feridas que não cicatrizam facilmente.

    O cardiologista ressalta que sintomas como fadiga, queda de cabelo, alterações no humor e dores articulares podem acontecer em diversas situações — desde estresse e deficiência de vitaminas até problemas hormonais.

    “Por isso o diagnóstico nunca é feito apenas pelo sintoma. O médico avalia o contexto, o tempo de evolução, o padrão das queixas, fatores familiares e exames laboratoriais”, complementa.

    Como as doenças autoimunes evoluem ao longo do tempo

    A maioria das doenças autoimunes apresenta ciclos, porque o sistema imunológico não se mantém estável o tempo todo e reage de maneiras diferentes conforme estímulos internos e externos:

    • Fase de atividade, chamada de crise ou surto, quando os sintomas aumentam;
    • Fase de remissão, quando há melhora parcial ou total.

    A variação ocorre porque o organismo alterna períodos de maior inflamação com períodos de descanso, criando um padrão que pode durar semanas ou meses. Por causa disso, muitas pessoas relatam dias muito difíceis, seguidos de fases mais tranquilas, o que às vezes dificulta o reconhecimento do problema no início.

    “As oscilações podem ser influenciadas por infecções, estresse, exposição solar, alterações hormonais e até fatores emocionais. Por isso, o acompanhamento regular é fundamental”, explica Giovanni.

    Como é feito o diagnóstico das doenças autoimunes?

    O diagnóstico das doenças autoimunes começa com uma avaliação clínica detalhada, porque não existe um único exame capaz de confirmar todas as condições. A investigação se baseia na combinação de sintomas, histórico do paciente e sinais encontrados no exame físico.

    Segundo Giovanni, o clínico costuma iniciar a suspeita quando os sintomas persistem por semanas ou meses e mostram padrão inflamatório, como rigidez matinal prolongada. A presença de vários sintomas ao mesmo tempo também é sinal de alerta, como dor articular com aftas, queda de cabelo e fadiga intensa, assim como um histórico familiar de doenças autoimunes.

    Durante o exame físico, o médico observa sinais como articulações quentes, manchas na pele, mudanças nas unhas ou inchaços, que ajudam a direcionar a avaliação. Nessa fase, podem ser solicitados exames como hemograma, VHS, PCR, FAN e fatores reumatológicos, que mostram se há inflamação ativa ou alterações no sistema imunológico.

    Quando necessário, o clínico encaminha para o reumatologia, endocrinologia, dermatologia ou gastroenterologia, conforme o órgão mais afetado, permitindo um diagnóstico mais preciso e um tratamento adequado.

    Quando ir ao médico?

    A busca por atendimento é importante quando os sintomas duram semanas ou meses e mostram padrão de inflamação contínua. Os principais sinais de alerta incluem:

    • Dor que piora ao acordar;
    • Fadiga intensa;
    • Queda de cabelo;
    • Aftas frequentes;
    • Dor nas articulações;
    • Alterações no intestino;
    • Articulações quentes ou inchadas;
    • Manchas na pele;
    • Febre baixa persistente;
    • Sensação constante de adoecimento.

    A presença de vários sintomas ao mesmo tempo indica que o organismo pode estar reagindo de maneira incomum. A avaliação também é importante quando há histórico familiar de doenças autoimunes, pois o risco pode ser maior.

    Doenças autoimunes têm cura?

    A maioria das doenças autoimunes não tem cura definitiva, mas pode ser controlada com tratamento médico, que contribui para reduzir a inflamação, aliviar sintomas e impedir danos aos órgãos ao longo do tempo. A evolução varia muito entre pacientes, e algumas condições apresentam longos períodos de remissão, nos quais os sintomas diminuem bastante.

    A combinação de acompanhamento médico, uso correto das medicações, ajustes no estilo de vida e vigilância para evitar gatilhos ajuda a manter qualidade de vida da pessoa.

    Confira: Boca seca, olho seco: entenda mais sobre a síndrome de Sjögren

    Perguntas frequentes

    Por que as doenças autoimunes aparecem?

    A origem das doenças autoimunes envolve vários fatores que se somam ao longo da vida, como genética, hormônios, infecções, estresse e ambiente. Tudo isso pode modificar a forma como o sistema imunológico reconhece as células do próprio corpo.

    Ter familiares com a condição aumenta o risco, e algumas infecções virais podem funcionar como gatilho para os primeiros sintomas.

    Os hormônios também têm um papel importante, porque momentos como gravidez, pós-parto e menopausa podem mudar o equilíbrio do sistema imunológico e facilitar o aparecimento da doença.

    Como os sintomas começam?

    Os primeiros sintomas costumam aparecer de forma discreta e gradual, o que faz muitas pessoas demorarem para perceber que algo está errado. A pessoa pode sentir cansaço profundo que não melhora com descanso, dor nas articulações que vai e volta, mudanças no intestino sem motivo claro, queda de cabelo, sensibilidade maior ao frio ou febre baixa repetida.

    Em vários casos, também surgem aftas frequentes, dores musculares leves ou uma sensação constante de mal-estar difícil de explicar.

    O padrão pode causar a impressão de que a situação está normalizando quando, na verdade, existe um processo inflamatório se instalando aos poucos. A irregularidade dos sintomas acaba confundindo a pessoa e atrasando a busca por atendimento, permitindo que a inflamação avance de maneira silenciosa.

    Como saber se os sintomas são sinais de doença autoimune?

    A persistência é o principal sinal de alerta: quando o corpo apresenta dor prolongada, fadiga intensa, mudanças digestivas, perda de peso involuntária, inchaço persistente ou manchas na pele que não desaparecem, é importante procurar um médico.

    A presença de vários sintomas ao mesmo tempo indica que o sistema imunológico pode estar reagindo de maneira inadequada.

    Como funciona o tratamento de doenças autoimunes?

    O tratamento das doenças autoimunes varia de acordo com o órgão afetado, mas normalmente inclui medicamentos que reduzem inflamação, protegem tecidos e equilibram o sistema imunológico.

    A rotina também envolve ajustes de sono, alimentação, atividade física e controle do estresse, já que pequenos hábitos do dia a dia influenciam diretamente a intensidade dos sintomas.

    Vale apontar que é importante ter a orientação de um médico, que permite adaptar doses, escolher terapias mais seguras e acompanhar a resposta do organismo ao longo do tempo, evitando que a inflamação cause danos permanentes e garantindo uma vida mais estável.

    Pessoas com doença autoimune podem fazer exercícios físicos?

    A atividade física orientada melhora a função muscular, controla a inflamação, aumenta a disposição e reduz dores. O tipo de exercício deve ser escolhido conforme a condição individual, respeitando limites e o grau de inflamação. A regularidade é importante, mas o corpo precisa de descanso nos dias em que a crise está ativa.

    A doença autoimune aumenta o risco de outras condições?

    A inflamação contínua deixa o organismo mais vulnerável a alterações hormonais, problemas cardiovasculares, anemia, alterações na tireoide e distúrbios intestinais, já que o corpo passa longos períodos tentando lidar com um sistema imunológico desregulado.

    A presença de inflamação prolongada também pode afetar humor, energia, qualidade do sono e capacidade de manter uma rotina estável.

    Com o acompanhamento médico regular, é possível detectar mudanças rapidamente e iniciar tratamento adequado, evitando complicações e preservando a saúde dos órgãos ao longo do tempo.

    Leia também: Artrite reumatoide: o que é, sintomas, diagnóstico e tratamento

  • Gastrite: o que é, tipos, sintomas e como aliviar o desconforto

    Gastrite: o que é, tipos, sintomas e como aliviar o desconforto

    Mais comum em adultos, a gastrite é uma condição que afeta cerca de 70% da população, segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Ela está associada especialmente à circulação da bactéria Helicobacter pylori no país, ao uso frequente de anti-inflamatórios, ao consumo de álcool e ao ritmo de vida acelerado — que favorece o estresse e hábitos alimentares irregulares.

    Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e, em muitos casos, a inflamação pode permanecer silenciosa por longos períodos, sendo identificada apenas durante uma endoscopia. Quando aparecem, os sinais costumam envolver desconforto abdominal, queimação, náuseas e sensação de estufamento após as refeições, mas nem sempre surgem de forma intensa ou contínua.

    Para entender quais sinais merecem atenção e quando buscar avaliação médica, conversamos com a gastroenterologista Eleonora Gomes. Confira!

    O que é gastrite?

    A gastrite é uma inflamação da camada interna do estômago, chamada mucosa. Quando a região fica irritada, pode aparecer vermelhidão, inchaço e até pequenas feridas, que muitas vezes só são vistas na endoscopia.

    De acordo com Eleonora, quando são feitas biópsias do estômago, é possível observar células inflamatórias, como neutrófilos e linfócitos, que confirmam a presença de inflamação na mucosa e ajudam a definir o diagnóstico de gastrite.

    Quais os tipos de gastrite?

    Os tipos de gastrite são variados, porque qualquer fator capaz de causar inflamação no estômago pode gerar um quadro agudo ou crônico, segundo Eleonora.

    É importante notar que os termos usados para classificar a gastrite são frequentemente sobrepostos e não excludentes, pois eles descrevem diferentes aspectos da doença. A classificação pode ser feita pela duração, pela causa ou pelo aspecto visual da lesão.

    Gastrite aguda

    A gastrite aguda costuma aparecer de repente e vem acompanhada de sintomas mais intensos, que costumam surgir logo após o fator agressor, como:

    • Excesso de álcool;
    • Uso de anti-inflamatórios, como ibuprofeno e diclofenaco;
    • Intoxicação alimentar;
    • Infecções virais e bacterianas.

    A dor pode ser forte, muitas vezes localizada na parte superior do abdômen, e pode vir junto de enjoo, vômitos, queimação e sensação de estufamento logo após as refeições. A inflamação aparece porque a mucosa fica irritada de forma rápida, perdendo parte da proteção natural contra o ácido do estômago. Quando a causa é tratada, o quadro costuma melhorar em poucos dias.

    Gastrite crônica

    A gastrite crônica é aquela inflamação que permanece por bastante tempo no estômago e, em alguns casos, a pessoa sequer apresenta sintomas, segundo Eleonora.

    A causa mais frequente é a infecção pela bactéria Helicobacter pylori, mas também pode estar associada ao cigarro, ao consumo regular de álcool, ao uso prolongado de medicamentos ou a doenças autoimunes.

    Gastrite por Helicobacter pylori

    A gastrite causada pela H. pylori é uma das formas mais comuns da doença e acontece quando a bactéria se instala na mucosa do estômago, provocando uma inflamação contínua. A infecção costuma ocorrer ainda na infância e pode permanecer silenciosa por muitos anos, sem causar sintomas aparentes.

    Com o tempo, porém, a presença constante da bactéria enfraquece a proteção natural da mucosa e facilita o surgimento de irritações e feridas.

    Quando não tratada, a inflamação persistente pode evoluir para quadros mais sérios, como úlcera gástrica ou duodenal, já que a mucosa fica mais vulnerável ao ácido produzido pelo próprio estômago. Em uma parcela menor de pessoas, especialmente aquelas com histórico familiar de câncer gástrico ou com inflamação prolongada, a infecção pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de estômago.

    Gastrite autoimune

    A gastrite autoimune acontece quando o sistema imunológico passa a atacar as células da mucosa gástrica, causando inflamação contínua, afinamento progressivo da camada interna e dificuldade de absorção de nutrientes, especialmente vitamina B12. Com o tempo, a deficiência pode levar à anemia, cansaço intenso e outros sintomas relacionados à baixa produção de glóbulos vermelhos.

    O processo inflamatório prolongado também altera o ambiente do estômago, reduzindo a produção de ácido e deixando a mucosa mais vulnerável a mudanças estruturais. Quando não tratada, a gastrite autoimune aumenta o risco de alterações mais graves, como atrofia gástrica e até lesões pré-malignas, o que torna importante o acompanhamento médico.

    Gastrite erosiva

    A gastrite erosiva caracteriza-se pela presença de pequenas feridas ou erosões na mucosa do estômago, que deixam a superfície mais sensível e vulnerável. Pode ser causada por álcool, uso frequente de anti-inflamatórios, estresse físico intenso (como grandes cirurgias, queimaduras e traumas) ou por doenças graves que comprometem o fluxo sanguíneo para o estômago.

    Os sintomas costumam incluir dor, sensação de queimação e, em alguns casos, sangramento digestivo, que pode se manifestar como vômitos escuros ou fezes muito escuras. A evolução pode ser aguda, quando ocorre de forma súbita, ou crônica, quando as erosões persistem por mais tempo e surgem de maneira repetida.

    Gastrite enantematosa

    A gastrite enantematosa é uma inflamação da mucosa do estômago que aparece como uma vermelhidão e um leve inchaço, visíveis durante a endoscopia. O termo “enantematosa” descreve justamente essa cor mais avermelhada da mucosa. A inflamação pode estar em apenas uma região do estômago ou se espalhar por toda a superfície interna.

    Ela pode ter várias causas, como uso de medicamentos que irritam o estômago, consumo de álcool, refluxo biliar, infecção pela H. pylori ou até quadros de estresse prolongado, que deixam o estômago mais sensível. Em muitos casos, provoca sintomas como desconforto na parte superior do abdômen, queimação e sensação de estufamento após as refeições.

    Quais os sintomas da gastrite?

    Os sintomas de gastrite podem variar bastante de pessoa para pessoa, indo de desconforto leve até dor intensa:

    • Dor na parte superior do abdômen;
    • Enjoo após as refeições ou ao acordar;
    • Sensação de estufamento;
    • Queimação no estômago;
    • Arroto frequente;
    • Perda de apetite;
    • Vômito em casos mais intensos;
    • Mal-estar após refeições maiores.

    Se a dor na região do estômago irradiar para outras partes do abdômen, é bom investigar outras causas, pois o padrão da gastrite normalmente é mais localizado, segundo Eleonora.

    Em alguns tipos de gastrite, como a erosiva, pode ocorrer sangramento, que aparece como fezes muito escuras ou vômito com coloração semelhante a borra de café.

    Por fim, Eleonora lembra que algumas pessoas, especialmente em quadros crônicos, podem não apresentar sintomas — o que torna importante uma avaliação individualizada.

    Como é feito o diagnóstico de gastrite?

    O diagnóstico de gastrite é feito a partir dos sintomas relatados pela pessoa, como dor ou desconforto na parte superior do abdômen, náusea, sensação de estufamento e queimação. Na maioria dos casos, o médico consegue suspeitar do quadro apenas pela conversa e pelo exame físico, sem necessidade de exames adicionais.

    Segundo Eleonora, em pacientes jovens, quando já se suspeita fortemente de uma causa para os sintomas, como consumo elevado de álcool ou uso de anti-inflamatório, muitas vezes basta suspender o agente agressor e usar uma medicação para reduzir a acidez.

    Mas, quando há dúvida, o paciente é mais velho, os sintomas não melhoram com o tratamento inicial ou quando existe algum sinal de alerta, o médico pode solicitar uma endoscopia digestiva alta.

    O exame permite observar diretamente a mucosa do estômago, identificar inflamações, erosões, úlceras e, se necessário, coletar biópsias para confirmar a causa da gastrite, como infecção por Helicobacter pylori ou alterações autoimunes.

    Tratamento de gastrite

    O tratamento de gastrite pode variar de acordo com a causa da inflamação, mas, em todos os cenários, é fundamental interromper o fator agressor, como consumo excessivo de bebidas alcoólicas ou anti-inflamatórios. Também é necessário controlar o tabagismo, uma vez que o cigarro irrita a mucosa do estômago, dificulta a cicatrização e aumenta o desconforto após as refeições.

    Mudanças no estilo de vida também fazem parte do tratamento, o que inclui uma alimentação leve, controle do estresse, intervalos regulares entre as refeições e escolha de porções menores ajudam a diminuir a irritação e prevenir crises de dor.

    Remédios para gastrite

    Quando há infecção por H. pylori, o médico costuma indicar uma combinação de antibióticos junto de um medicamento que reduz a acidez, permitindo que a mucosa se recupere, segundo Eleonora.

    Em muitos casos, remédios como omeprazol e pantoprazol são usados por algumas semanas para diminuir a produção de ácido e acelerar a cicatrização. Após o período indicado, o remédio é suspenso para que o estômago volte a funcionar normalmente. O uso prolongado sem orientação médica não é indicado.

    Quais alimentos devem ser evitados na gastrite?

    Enquanto o paciente está com sintomas, é importante evitar alimentos e bebidas que irritam o estômago e aumentam o desconforto. Os principais são:

    • Frituras e preparações ricas em gordura;
    • Bebidas alcoólicas;
    • Bebidas com gás, como refrigerantes e água com gás;
    • Alimentos muito temperados, com pimenta ou temperos fortes;
    • Alimentos ácidos, como alguns frutos cítricos e molhos mais ácidos.

    Eleonora ressalta que é importante mastigar bem os alimentos para facilitar a digestão, ingerir porções menores e fazer refeições mais frequentes, evitando encher demais o estômago.

    Gastrite tem cura?

    Depende da causa. Quando o fator desencadeante é identificado e tratado, como a infecção por H. pylori, o uso de anti-inflamatórios ou o consumo de álcool, a inflamação costuma regredir.

    Nos casos em que não é possível definir exatamente o motivo, a orientação é adotar um estilo de vida mais saudável, com alimentação equilibrada, redução do consumo de álcool, abandono do tabagismo e controle adequado do estresse.

    Leia também: Gastrite nervosa: o que é, sintomas e como aliviar

    Perguntas frequentes

    Quem tem gastrite pode comer cuscuz?

    A maioria das pessoas com gastrite pode comer cuscuz sem problemas, porque o alimento é leve, tem boa digestibilidade e não costuma irritar a mucosa do estômago. O cuscuz de milho, em especial, é uma opção interessante para quem está com sensibilidade gástrica, já que não contém gordura e pode ser preparado apenas no vapor.

    Os cuidados devem ser com os acompanhamentos, como manteiga em excesso, queijo muito gorduroso ou carne pesada podem causar desconforto. Preparar o cuscuz com pouco óleo, evitar temperos fortes e consumir em pequenas porções ajuda a tornar a refeição mais segura.

    Em fases de dor intensa, vale observar a reação individual e ajustar a dieta conforme orientação médica ou nutricional.

    Quem tem gastrite pode tomar leite?

    O leite pode aliviar temporariamente a queimação porque neutraliza parte da acidez do estômago, mas o efeito é passageiro. Logo depois, ele estimula nova produção de ácido, o que pode piorar os sintomas em algumas pessoas.

    Por isso, quem tem gastrite deve ter cautela: pequenas quantidades podem ser toleradas, mas há casos em que o leite provoca dor, estufamento ou enjoo. Os derivados gordurosos, como queijos amarelos e creme de leite, são mais irritantes para o estômago.

    O ideal é observar a resposta individual e, quando necessário, optar por versões com menor teor de gordura. Em gastrites mais graves ou durante crises, muitos médicos recomendam limitar o consumo de leite até que os sintomas melhorem.

    Como aliviar a gastrite imediatamente?

    O alívio imediato pode ocorrer com medidas simples, como:

    • Comer uma pequena porção de alimento leve, como arroz, batata ou uma fruta menos ácida, reduz o contato do ácido com a mucosa irritada;
    • Sentar com o tronco mais ereto e evitar deitar logo após comer também diminui a queimação;
    • Tomar água em goles suaves ajuda a diluir a acidez;
    • Algumas pessoas sentem conforto com chás mornos de camomila ou erva-doce.

    Já os antiácidos são úteis para crises pontuais, mas não resolvem a causa da gastrite. Caso a dor seja muito forte, persista por horas ou venha acompanhada de vômito com sangue, fezes escuras ou perda de peso, é fundamental buscar atendimento médico rapidamente.

    Quem tem gastrite pode beber café?

    O café é um dos itens mais relacionados ao aumento de desconforto gástrico. A bebida estimula a produção de ácido e pode piorar a queimação, especialmente quando consumida em jejum ou em grande quantidade.

    Os cafés muito fortes, coados lentamente ou feitos com grãos mais escuros têm maior potencial de irritação. Algumas pessoas conseguem tolerar pequenas quantidades após as refeições, enquanto outras sentem dor mesmo com poucos goles. Em períodos de crise, o ideal é reduzir ou suspender temporariamente, substituindo por chás suaves.

    Água com gás piora a gastrite?

    Sim, porque o gás distende o estômago, aumentando a pressão interna e agravando a sensação de dor e queimação. Em muitos casos, a bebida também provoca arrotos repetidos, o que reforça a irritação. Durante crises, o ideal é evitar qualquer bebida gaseificada e optar por água natural.

    A gastrite pode causar dor no peito?

    Sim, embora não seja o sintoma mais típico. A dor no estômago pode subir para a região torácica e gerar sensação de aperto ou queimação, confundindo-se com problemas cardíacos. Sempre que houver dor no peito intensa, persistente ou associada a falta de ar, sudorese ou mal-estar, é fundamental descartar problemas cardiovasculares antes de atribuir o sintoma à gastrite.

    Veja também: Dor de cabeça: quando é normal e quando é sinal de alerta 

  • Gastrite nervosa: o que é, sintomas e como aliviar

    Gastrite nervosa: o que é, sintomas e como aliviar

    Você já ouviu falar em gastrite nervosa? Diferente da gastrite tradicional, ela costuma causar azia, má digestão e desconforto durante períodos de ansiedade e estresse intenso — sem que exista qualquer sinal de inflamação ou alterações no estômago.

    A condição, conhecida como dispepsia funcional, não indica um quadro de gastrite de fato. Ela recebeu esse nome porque apresenta sintomas semelhantes, mas sem nenhuma lesão visível nos exames, como a endoscopia.

    O que acontece é uma alteração na forma como o estômago funciona e reage durante momentos de tensão, o que faz com que os sinais se manifestem mesmo em situações simples do dia a dia.

    O que é gastrite nervosa e por que ela acontece?

    A gastrite nervosa, ou dispepsia funcional, é um quadro que provoca sintomas gastrointestinais durante períodos de estresse, ansiedade ou tensão emocional.

    Diferente da gastrite tradicional, que pode ser confirmada por exames como a endoscopia, a gastrite nervosa não mostra feridas, irritações ou alterações na mucosa gástrica. O estômago está estruturalmente normal, mas funciona de um jeito mais sensível, reagindo de forma exagerada a situações do cotidiano.

    Quando uma pessoa passa por situações de nervosismo, o corpo libera hormônios do estresse que alteram o ritmo da digestão, deixam o estômago mais lento para esvaziar e aumentam a sensibilidade aos estímulos.

    Isso faz com que alimentos comuns, quantidades pequenas de comida ou até o ácido normal do estômago provoquem desconforto, dor, azia, sensação de peso e até náuseas.

    Basicamente, a condição acontece porque o estômago reage de forma mais intensa aos momentos de tensão, funcionando de maneira diferente e percebendo sinais normais como se fossem irritantes ou dolorosos.

    Quando o estresse diminui e os hábitos diários melhoram, como sono, alimentação e rotina, os sintomas tendem a reduzir de forma significativa.

    Quais os sintomas de gastrite nervosa?

    Os sintomas da dispepsia funcional são os mesmos da gastrite, só que eles são provocados por situações de ansiedade e estresse. Os principais incluem:

    • Dor ou queimação na parte alta da barriga;
    • Sensação de estômago pesado, mesmo após pequenas refeições;
    • Azia ou acidez aumentada;
    • Náuseas leves;
    • Estufamento e gases;
    • Sensação de comida “parada” no estômago;
    • Arrotos frequentes;
    • Desconforto que piora em dias de estresse, ansiedade ou sono ruim.

    “Às vezes, o paciente precisa interromper até a refeição no meio, não consegue terminar de comer ou, logo que termina, sente aquele estômago pesado, muito cheio. Às vezes nem comeu muito, mas tem essa sensação de estômago mais pesado. Pode ter uma hipersensibilidade ao ácido, às vezes até a sensação de refluxo”, explica a gastroenterologista Eleonora Gomes.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da chamada gastrite nervosa é feito principalmente pela combinação dos sintomas com a avaliação clínica do médico. Normalmente, é realizada uma endoscopia digestiva alta para verificar se existe inflamação, úlcera ou qualquer alteração na mucosa do estômago.

    Quando a endoscopia e outros exames aparecem normais e os sintomas combinam com o quadro, o diagnóstico é confirmado por exclusão. A ideia é entender como o estômago está funcionando e identificar fatores emocionais e comportamentais que possam estar desencadeando o desconforto.

    Como tratar a gastrite nervosa?

    O tratamento da gastrite nervosa envolve principalmente mudanças de hábitos e controle do estresse, já que o problema não é causado por uma inflamação no estômago.

    De acordo com Eleonora, podem ser utilizados medicamentos que diminuem a secreção gástrica ou aceleram o esvaziamento gástrico, mas eles não resolvem a causa do quadro, apenas reduzem o desconforto causado pelos sintomas.

    A gastroenterologista aponta algumas mudanças de hábitos que podem ajudar:

    • Manter sono regular e reparador;
    • Reduzir o estresse e aprender técnicas de manejo emocional;
    • Praticar técnicas de respiração e mindfulness;
    • Realizar atividade física regular;
    • Entender a doença e identificar gatilhos emocionais e comportamentais;
    • Fazer alimentação equilibrada e em horários regulares;
    • Comer em ambiente tranquilo e com tempo para mastigar;
    • Evitar chegar com muita fome às refeições ou passar muitas horas sem comer;
    • Comer devagar e com atenção para evitar piora dos sintomas.

    Para diminuir os sintomas, Eleanora também recomenda distribuir as refeições ao longo do dia, nos mesmos horários e em quantidades menores, de preferência sem líquidos. Organizar as refeições com tranquilidade permite que elas caiam melhor no estômago.

    Remédios para gastrite nervosa

    Os remédios para gastrite nervosa mais usados são aqueles que reduzem a produção de ácido, como inibidores de bomba de prótons e antiácidos, além de remédios que aceleram o trânsito do estômago para evitar a sensação de alimento parado.

    Eles atuam apenas como apoio temporário para aliviar o desconforto, mas não tratam a causa principal dos sintomas, que está ligada ao estresse, à ansiedade e ao ritmo de vida. O uso de medicamentos deve ser feito apenas com a orientação de um médico. Não se automedique!

    Gastrite nervosa pode evoluir para um câncer?

    A gastrite nervosa não evolui para um câncer. Apesar dos sintomas intensos e incômodos, como dor, queimação, azia e sensação de estômago pesado, ela não provoca inflamação, feridas ou danos reais na mucosa do estômago.

    Nos exames, o órgão aparece normal, o que confirma que não existe uma lesão que possa se transformar em algo mais grave.

    Quando procurar um gastroenterologista?

    A consulta é indicada sempre que os sintomas forem frequentes, persistirem por semanas ou atrapalharem a rotina. Não é necessário buscar ajuda apenas para investigar uma gastrite tradicional. O gastroenterologista é o profissional mais preparado para avaliar e acompanhar casos de dispepsia funcional.

    Quanto à terapia ou ao apoio psicológico no tratamento, Eleonora explica que eles não são obrigatórios, mas, se o estresse ou a situação emocional estiver interferindo muito nos sintomas e na rotina, técnicas como terapia cognitivo-comportamental, manejo de estresse ou mindfulness podem reduzir a ansiedade e diminuir os gatilhos.

    Leia também: Crise de ansiedade: o que fazer e como controlar os sintomas

    Perguntas frequentes

    O que causa a gastrite nervosa?

    A gastrite nervosa acontece por causa da ligação direta entre mente e sistema digestivo, porque o estresse altera a liberação de hormônios e deixa o estômago mais lento, mais sensível e mais reativo. A digestão, que normalmente ocorre sem incômodo, passa a ser percebida como dor, peso ou acidez forte, já que o corpo fica em alerta durante os períodos de tensão.

    A pessoa pode sentir desconforto após pequenas refeições, perceber o ácido normal como algo agressivo ou ter a sensação de comida parada, mesmo sem alterações nos exames.

    A rotina também influencia: uma noite mal dormida ou um dia mais agitado, por exemplo, pode intensificar bastante o desconforto, porque o sistema nervoso está trabalhando de forma acelerada e interfere diretamente na forma como o estômago reage.

    A gastrite nervosa pode virar uma gastrite verdadeira?

    A dispepsia funcional não evolui para gastrite tradicional, porque não há inflamação da mucosa, e a sensibilidade exagerada se deve a fatores emocionais e comportamentais, o que afasta qualquer risco de transformação em outro tipo de doença gástrica.

    Qual é a diferença entre gastrite nervosa e refluxo?

    O refluxo envolve o retorno do ácido para o esôfago, irritando a mucosa e provocando queimação típica, algo que costuma ser confirmado por exames.

    A gastrite nervosa, por outro lado, surge de uma sensibilidade aumentada do estômago e do esôfago durante períodos de tensão, o que faz o corpo interpretar estímulos comuns, como o ácido normal ou o simples processo de digestão, como sinais de dor ou queimação — mesmo que nada esteja voltando para o esôfago.

    O álcool pode piorar os sintomas de gastrite nervosa?

    O álcool pode intensificar o desconforto gástrico, porque estimula a secreção ácida e interfere na motilidade do estômago, além de ser mais mal tolerado em períodos de estresse. A recomendação geral é evitar ou reduzir a ingestão durante as fases de sintomas mais fortes.

    Posso tomar café tendo gastrite nervosa?

    O café pode piorar os sintomas em algumas pessoas por aumentar a acidez ou acelerar o funcionamento do sistema digestivo. Porém, a sensibilidade varia muito, e o mais importante é observar como o corpo reage, reduzindo ou ajustando o consumo apenas quando houver piora clara do desconforto.

    A gastrite nervosa pode causar arrotos?

    O excesso de arrotos é comum durante os quadros porque o estômago fica mais lento e a pessoa pode engolir mais ar durante momentos de ansiedade, o que aumenta a sensação de pressão interna. O ar precisa ser liberado, o que provoca arrotos frequentes ao longo do dia.

    A ansiedade também deixa a respiração mais rápida e superficial, favorecendo ainda mais a entrada de ar no trato digestivo, o que reforça a impressão de estufamento e desconforto. Quando o corpo volta a um estado mais calmo e o estômago retoma seu ritmo natural, a tendência é que os arrotos diminuam de forma gradual.

    Como aliviar a gastrite nervosa?

    A forma de aliviar a gastrite nervosa envolve cuidados simples no dia a dia, todos voltados para acalmar o sistema digestivo e diminuir a sensibilidade que surge em períodos de tensão:

    • Reduzir o estresse diário com pausas, respiração lenta, relaxamento e mindfulness;
    • Comer devagar, mastigando bem e evitando refeições em ambientes tensos ou com pressa;
    • Fazer refeições menores ao longo do dia, sem longos intervalos sem comer;
    • Evitar grandes volumes de comida de uma só vez, especialmente à noite;
    • Priorizar horários regulares para as refeições, criando previsibilidade para o estômago;
    • Evitar líquidos em excesso durante as refeições, para não aumentar o desconforto;
    • Praticar atividade física regular, mesmo que leve, para melhorar a ansiedade e a digestão;
    • Buscar orientação médica para avaliar a necessidade de medicamentos de alívio temporário.

    Confira: Endoscopia: como é o exame que vê o estômago por dentro

  • Quando o alimento vai pelo caminho errado: entenda a pneumonia aspirativa 

    Quando o alimento vai pelo caminho errado: entenda a pneumonia aspirativa 

    A pneumonia aspirativa é uma das complicações respiratórias mais comuns em pacientes vulneráveis, especialmente idosos, pessoas com dificuldade para engolir ou indivíduos que usam sedativos. Ela acontece quando alimentos, saliva, secreções ou até conteúdo do estômago descem pelo caminho errado e chegam aos pulmões.

    Dependendo do material aspirado, o pulmão pode reagir com inflamação imediata ou desenvolver uma infecção mais lenta e persistente.

    Apesar de soar assustadora, a pneumonia aspirativa tem sinais bem característicos e diversas formas de prevenção, principalmente para quem já tem risco aumentado de broncoaspiração.

    O que é pneumonia aspirativa?

    A pneumonia aspirativa ocorre quando substâncias da boca ou do estômago entram nas vias aéreas inferiores, carregando:

    • Bactérias
    • Ácidos estomacais
    • Partículas alimentares
    • Óleos laxantes ou outros líquidos

    Ela pode se manifestar de duas formas, que às vezes acontecem juntas:

    Pneumonite química

    Reação inflamatória causada pela aspiração de substâncias irritantes, mesmo sem infecção bacteriana.

    Pneumonia bacteriana por aspiração

    Infecção pulmonar causada pela entrada de bactérias presentes na saliva ou no conteúdo gástrico.

    Causas

    A pneumonia aspirativa geralmente é consequência da entrada de saliva, secreções ou conteúdo gástrico nos pulmões. Isso é mais comum em pessoas com condições que dificultam a deglutição ou diminuem o nível de consciência.

    Principais fatores de risco:

    • Redução do nível de consciência (anestesia, sedativos, convulsões, parada cardíaca)
    • Doenças neurológicas (como sequelas de AVC)
    • Refluxo gastroesofágico
    • Dificuldade no fechamento da glote ou esfíncter esofagiano (intubação, endoscopia, câncer de cabeça e pescoço, uso de sonda)
    • Má higiene bucal
    • Idade avançada
    • Parada cardíaca

    Principais sintomas

    Os sintomas variam conforme o tipo de aspiração:

    Pneumonite química

    • Início súbito
    • Falta de ar
    • Tosse
    • Queda da saturação
    • Aumento da frequência cardíaca
    • Possível febre baixa

    Pneumonia bacteriana por aspiração

    • Evolução mais lenta
    • Falta de ar
    • Tosse com catarro de odor forte
    • Febre
    • Sintomas semelhantes aos de uma pneumonia comum
    • Pode evoluir para abscessos, pneumonia necrotizante e empiema

    Diagnóstico

    O diagnóstico começa pela avaliação clínica, considerando:

    • Sintomas respiratórios
    • Histórico de broncoaspiração
    • Condições de risco

    Exames de imagem

    Radiografias ou tomografias de tórax ajudam a identificar:

    • Áreas de consolidação (manchas no pulmão)
    • Sinais de inflamação ou infecção

    Esses achados, associados ao histórico, ajudam a confirmar o diagnóstico.

    Tratamento

    O tratamento depende da gravidade e do tipo de aspiração.

    Medidas iniciais

    • Oxigenoterapia quando há queda de saturação
    • Aspiração de secreções das vias aéreas
    • Hidratação e suporte respiratório

    Antibióticos

    São usados devido à frequente presença de bactérias na aspiração, principalmente quando há suspeita de pneumonia bacteriana.

    Casos graves

    • Intubação orotraqueal
    • Ventilação mecânica

    Essas medidas ajudam a proteger a via aérea e garantir oxigenação adequada.

    Prevenção

    A prevenção é fundamental, especialmente para pacientes acamados ou com dificuldade de engolir.

    Medidas recomendadas:

    • Manter a cabeceira elevada
    • Reduzir o uso de sedativos
    • Ajustar a consistência alimentar com apoio da fonoaudiologia
    • Avaliar risco de engasgos e broncoaspiração
    • Usar sonda nasoenteral em casos de grande dificuldade para engolir
    • Garantir boa higiene oral para reduzir bactérias na saliva

    Veja também: Refluxo silencioso: o que é, principais sintomas e como identificar

    Perguntas frequentes sobre pneumonia aspirativa

    1. Pneumonia aspirativa é grave?

    Pode ser. Dependendo do material aspirado e da condição do paciente, pode evoluir rapidamente e exigir internação.

    2. Todo engasgo causa pneumonia aspirativa?

    Não. Pequenos engasgos são comuns. A pneumonia ocorre quando o material aspirado alcança o pulmão e causa inflamação ou infecção.

    3. Quais pacientes têm mais risco?

    Idosos, pessoas com doenças neurológicas, usuários de sedativos e quem tem refluxo severo.

    4. Pneumonite química precisa de antibiótico?

    Nem sempre, mas o médico avalia caso a caso, porque a aspiração pode ter componentes bacterianos.

    5. Má higiene bucal aumenta o risco?

    Sim. O acúmulo de bactérias na boca aumenta a chance de infecção ao aspirar secreções.

    6. A pneumonia aspirativa é contagiosa?

    Não. Ela não é transmitida entre pessoas.

    7. Pode acontecer durante o sono?

    Sim, especialmente em pessoas com refluxo, uso de sedativos ou dificuldade para engolir.

    Veja mais: Pneumonia em crianças: o que causa, sintomas e como tratar

  • Boca seca, olho seco: entenda mais sobre a síndrome de Sjögren

    Boca seca, olho seco: entenda mais sobre a síndrome de Sjögren

    A síndrome de Sjögren é uma das doenças autoimunes mais frequentes entre adultos, especialmente mulheres na meia-idade, e costuma ser lembrada pelos sintomas de olhos e boca secos. Embora esses sinais pareçam simples, o impacto no dia a dia pode ser significativo, desde dificuldade para engolir alimentos secos até irritação persistente nos olhos. Em alguns casos, a doença vai além das glândulas e afeta pulmões, rins, pele e articulações.

    Com o avanço da reumatologia, essa síndrome passou a ser melhor compreendida — tanto na sua origem quanto no tratamento. Hoje, é possível aliviar os sintomas, prevenir complicações e melhorar muito a qualidade de vida do paciente, principalmente quando o diagnóstico é feito cedo.

    O que é a síndrome de Sjögren?

    A síndrome de Sjögren é uma doença autoimune crônica em que o sistema imunológico passa a atacar as glândulas lacrimais e salivares, provocando olhos e boca secos. Ela pode ser:

    • Primária: ocorre isoladamente
    • Secundária: aparece junto de outras doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide

    É mais comum entre 45 e 55 anos e afeta muito mais mulheres do que homens.

    Principais sintomas

    A síndrome de Sjögren se manifesta de duas formas principais:

    Doença exócrina (mais comum)

    Afeta diretamente olhos e boca.

    Sintomas oculares:

    • Sensação de areia nos olhos
    • Coceira e vermelhidão
    • Visão embaçada
    • Sensibilidade à luz (fotofobia)

    Sintomas bucais:

    • Dificuldade para engolir alimentos secos
    • Alterações no paladar
    • Maior risco de cáries e infecções
    • Aumento das glândulas salivares

    Mais de 85% dos pacientes têm esses sintomas.

    Doença extraglandular (menos comum)

    Pode afetar vários órgãos e sistemas.

    Sintomas dermatológicos:

    • Pele seca
    • Fenômeno de Raynaud
    • Vasculite cutânea

    Sintomas musculoesqueléticos:

    • Dores articulares
    • Fadiga
    • Miosite leve

    Sintomas pulmonares:

    • Tosse seca
    • Irritação das vias aéreas
    • Redução da função pulmonar

    Sintomas gastrointestinais:

    • Dificuldade para engolir
    • Refluxo
    • Hepatite autoimune

    Sintomas renais:

    • Nefrite intersticial
    • Distúrbios urinários

    Sintomas ginecológicos:

    • Secura vaginal
    • Dor nas relações sexuais
    • Coceira

    Pessoas com Sjögren têm risco aproximadamente 9 vezes maior de desenvolver linfoma do que a população geral.

    Causas

    A causa exata ainda não é totalmente compreendida, mas a doença parece resultar de uma combinação de:

    • Predisposição genética
    • Possíveis gatilhos, como infecções virais ou exposição a substâncias químicas

    Esses fatores podem levar a um ataque do sistema imune às glândulas lacrimais e salivares, causando inflamação, infiltração de linfócitos e redução da produção de lágrimas e saliva.

    Diagnóstico

    O diagnóstico se baseia em:

    • Avaliação dos sintomas
    • Exames de sangue com autoanticorpos
    • Exames de urina para avaliar função renal
    • Exames de imagem das glândulas salivares (ultrassom, ressonância)

    Em alguns casos, pode ser necessária biópsia das glândulas salivares para confirmação.

    Alterações hematológicas, como anemia ou baixa contagem de plaquetas e leucócitos, podem estar presentes.

    Tratamento

    O tratamento depende da gravidade e dos órgãos afetados.

    Para sintomas exócrinos (olhos e boca secos)

    • Saliva artificial
    • Colírios lubrificantes
    • Medidas de hidratação e proteção ocular

    Para sintomas sistêmicos

    Usa-se medicação imunossupressora, como:

    • Hidroxicloroquina
    • Azatioprina
    • Metotrexato
    • Corticoides

    Esses medicamentos são reservados para casos moderados a graves, quando outros órgãos estão envolvidos.

    Veja também: Quando o corpo ataca a própria tireoide: entenda a síndrome de Hashimoto

    Perguntas frequentes sobre síndrome de Sjögren

    1. A Síndrome de Sjögren tem cura?

    Não, mas os sintomas podem ser controlados com tratamento adequado.

    2. Toda pessoa com síndrome de Sjögren terá olhos e boca extremamente secos?

    A secura é comum, mas a intensidade varia bastante entre os pacientes.

    3. A doença sempre afeta outros órgãos além das glândulas?

    Não. A maioria tem apenas sintomas exócrinos, mas casos sistêmicos podem ocorrer.

    4. Existe relação com artrite reumatoide?

    Sim. O Sjögren pode ser secundário a outras doenças autoimunes, incluindo artrite e lúpus.

    5. O tratamento é para a vida toda?

    Como é uma doença crônica, o acompanhamento contínuo é necessário.

    6. O risco de linfoma é realmente maior?

    Sim, embora ainda seja um desfecho incomum, o risco é cerca de 9 vezes maior.

    7. Mudanças no dia a dia ajudam?

    Sim. Hidratação adequada, uso regular de lubrificantes oculares e evitar ambientes muito secos podem aliviar bastante os sintomas.

    Confira: Dor e rigidez nas articulações? Pode ser artrite reumatoide

  • Claudicação intermitente: por que a dor nas pernas ao caminhar merece atenção 

    Claudicação intermitente: por que a dor nas pernas ao caminhar merece atenção 

    Aquela dor nas pernas que aparece quando você caminha e melhora depois de alguns minutos parado pode não ser cansaço ou falta de preparo físico. Em alguns casos, esse desconforto é um sinal de que o sangue não está chegando bem aos músculos, um alerta importante de que algo pode estar acontecendo com a circulação das pernas.

    A claudicação intermitente é justamente esse sintoma: uma dor que vai e volta conforme o esforço. Ela costuma ser consequência da doença arterial obstrutiva periférica, um problema relacionado ao acúmulo de placas nas artérias, muito comum em fumantes, pessoas com diabetes ou colesterol elevado.

    O que é a claudicação intermitente?

    A claudicação intermitente é caracterizada por dor ou desconforto muscular durante a caminhada ou atividade física, que melhora com o repouso. Ela está frequentemente associada à doença arterial obstrutiva periférica, causada pelo acúmulo de placas de aterosclerose nas artérias das pernas.

    Quando fazemos exercício, os músculos precisam de mais oxigênio. Se o fluxo de sangue está reduzido, surge a dor, um dos sinais clássicos da má circulação.

    Diabetes e tabagismo são dois dos fatores que mais aumentam o risco desse problema.

    Principais sintomas

    O sintoma mais conhecido é: dor nas pernas ao caminhar, que melhora com descanso. Essa dor costuma piorar progressivamente conforme o esforço.

    Durante o exame físico, o médico pode observar:

    • Pés mais frios
    • Pulsos fracos nas pernas
    • Coloração pálida ou arroxeada

    Em casos avançados, pode haver:

    • Dor mesmo em repouso
    • Úlceras de difícil cicatrização
    • Gangrena

    Nem sempre a presença de placas nas artérias gera sintomas visíveis — muitas pessoas só descobrem a doença ao realizar exames.

    Causas e fatores de risco

    A claudicação intermitente surge principalmente devido à doença arterial obstrutiva periférica, cuja origem está na formação de placas ateroscleróticas que estreitam as artérias.

    Os fatores de risco incluem:

    • Idade avançada
    • Histórico familiar
    • Tabagismo
    • Diabetes
    • Pressão alta
    • Colesterol alto
    • Obesidade
    • Sedentarismo
    • Dieta inadequada
    • Consumo excessivo de álcool

    Esses fatores contribuem para lesões na parede arterial que levam à inflamação e ao acúmulo de placas, dificultando a passagem do sangue.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é baseado em:

    • Queixa típica de dor durante o esforço
    • Melhora com repouso
    • Exame físico com pulsos diminuídos e alterações na cor ou temperatura dos pés

    Exames complementares podem ser usados quando há dúvida ou para descartar outras causas.

    Doppler arterial

    Avalia o fluxo sanguíneo nas artérias.

    Arteriografia

    Mostra com detalhes onde há estreitamento ou obstrução.

    Úlceras e gangrena também podem aparecer como sinal de doença arterial obstrutiva periférica avançada.

    Tratamento

    O tratamento envolve controlar fatores de risco e melhorar a circulação.

    Estilo de vida e medidas iniciais

    • Parar de fumar (a mais importante de todas as medidas)
    • Caminhadas regulares, idealmente supervisionadas
    • Controle do diabetes e pressão arterial
    • Redução de peso
    • Alimentação equilibrada

    Medicações

    Para estabilizar as placas ateromatosas e reduzir complicações:

    • Ácido acetilsalicílico (AAS)
    • Estatinas

    Intervenções médicas

    Indicadas para casos mais graves:

    • Colocação de stent para abrir a artéria
    • Endarterectomia, cirurgia para remover placas

    Quando o fluxo sanguíneo está muito comprometido, essas medidas podem ser essenciais para salvar o membro.

    O que esperar da doença

    O prognóstico costuma ser bom quando o tratamento é seguido corretamente. A maioria dos pacientes:

    • Melhora com exercícios
    • Reduz sintomas com mudanças de hábito
    • Controla a progressão da doença

    Nos casos graves, ou quando não há adesão ao tratamento, pode ocorrer piora da circulação, aumentando o risco de amputação.

    Confira:
    Trombose do viajante: o que é, sintomas, causas e como evitar

    Perguntas frequentes sobre claudicação intermitente

    1. Claudicação intermitente é uma doença?

    Não. É um sintoma da doença arterial obstrutiva periférica.

    2. A dor sempre aparece na panturrilha?

    É mais comum nessa região, mas pode ocorrer nas coxas ou nádegas, dependendo da artéria afetada.

    3. Parar de fumar ajuda mesmo?

    Ajuda muito. É a medida mais eficaz para evitar a progressão da doença.

    4. Exercícios pioram a condição?

    Não. Caminhadas supervisionadas fazem parte do tratamento.

    5. A condição tem cura?

    Não exatamente, mas o tratamento controla bem os sintomas e evita complicações.

    Veja mais:
    Trombose Venosa Profunda (TVP): entenda mais sobre a condição

  • Tempo seco pode piorar as alergias? Saiba o que fazer para se proteger

    Tempo seco pode piorar as alergias? Saiba o que fazer para se proteger

    Em determinadas épocas do ano, o tempo seco e a baixa umidade do ar podem ser um grande problema para a saúde respiratória — ainda mais para pessoas com quadros de alergia, asma ou rinite.

    Isso acontece porque o ar seco resseca as vias respiratórias, reduz a produção de muco e facilita a entrada de vírus, bactérias e partículas de poeira. Como consequência, aumenta o risco de crises alérgicas, tosses persistentes e infecções respiratórias.

    Para diminuir os efeitos do clima seco, existem algumas recomendações que podem contribuir no dia a dia, desde medidas de limpeza até hábitos simples de autocuidado que ajudam a manter o corpo hidratado e as vias respiratórias protegidas. Confira!

    Afinal, por que o tempo seco costuma piorar as alergias?

    O ar seco reduz a umidade das mucosas nasais, oculares e orais, comprometendo a barreira natural de proteção do organismo. Quando as mucosas ficam ressecadas, perdem parte da capacidade de filtrar partículas, vírus e bactérias presentes no ambiente.

    Como consequência, ocorre irritação local, coceira, sensação de ardor e aumento dos espirros. A mucosa nasal inflamada tende a inchar, dificultando a passagem do ar e provocando congestão. Nos olhos, o ressecamento pode causar vermelhidão, sensação de areia e lacrimejamento excessivo; já na boca, favorece o mau hálito e o desconforto ao engolir.

    Na pele, a alergologista Brianna Nicoletti explica que o ressecamento quebra a barreira lipídica, favorecendo a penetração de alérgenos e o surgimento de dermatite. “Essa combinação torna o organismo mais suscetível a crises de rinite, asma e dermatite atópica”, complementa.

    Quais as alergias mais afetadas pelo tempo seco?

    As alergias mais afetadas pelo tempo seco são aquelas que atingem as vias respiratórias e as mucosas, pois dependem de umidade adequada para manter a defesa natural do organismo. Entre as principais, é possível destacar:

    • Rinite alérgica: o ressecamento das mucosas facilita a entrada de poeira, ácaros e poluentes, provocando espirros, coceira e congestão nasal;
    • Asma: o ar seco irrita os brônquios e pode desencadear crises, especialmente quando há exposição a poeira e poluição;
    • Sinusite alérgica: a falta de umidade dificulta a drenagem do muco, levando ao acúmulo de secreção e inflamação nos seios da face;
    • Conjuntivite alérgica: o ressecamento ocular aumenta a sensibilidade a poeira, fumaça e poluentes, causando vermelhidão, coceira e lacrimejamento nos olhos.

    Segundo Brianna, o ar seco tem relação especialmente com a poeira e a poluição acumulada em casa, pois durante períodos de baixa umidade, a poluição atmosférica se concentra e as partículas permanecem suspensas por mais tempo.

    “Em ambientes internos, o acúmulo de poeira doméstica e resíduos de ácaros e fungos aumenta a exposição a alérgenos, agravando sintomas respiratórios. Por isso, é essencial manter janelas abertas, realizar limpeza úmida e evitar o uso de espanadores”, explica a alergologista.

    Como evitar alergias em tempo seco?

    Algumas mudanças de hábito ajudam a proteger as vias respiratórias e manter a pele saudável, como:

    Uso correto de umidificadores de ar

    Os umidificadores de ar podem ajudar quando a umidade relativa do ar está abaixo de 40%, de acordo com Brianna. No entanto, o uso inadequado pode causar efeitos contrários. “O aparelho deve ser higienizado diariamente, utilizando água filtrada e evitando o funcionamento contínuo por muitas horas”, complementa.

    O excesso de umidade favorece o crescimento de fungos e ácaros, que agravam as alergias. A faixa ideal para o conforto respiratório e da pele situa-se entre 45% e 60% de umidade.

    Hidratação adequada

    A ingestão adequada de água contribui para manter a viscosidade das secreções respiratórias, facilitando a eliminação de impurezas e protegendo as mucosas.

    Na pele, a hidratação deve ser feita logo após o banho, enquanto ela ainda estiver levemente úmida, com cremes e loções que ajudam a restaurar a barreira lipídica, reduzindo a coceira e o ressecamento.

    Pessoas com dermatite devem priorizar produtos hipoalergênicos e com ativos como ceramidas, glicerina e ureia em baixa concentração, que promovem hidratação profunda sem irritar a pele.

    Cuidados com o ambiente doméstico

    O ambiente de casa tem um papel importante na prevenção de alergias em períodos de clima seco. Quando o ar está com pouca umidade, a poeira, os ácaros e os poluentes se acumulam com mais facilidade, piorando sintomas respiratórios e irritações na pele.

    • Permitir circulação de ar: ajuda a reduzir acúmulo de poeira e poluentes. Mantenha janelas abertas sempre que possível;
    • Trocar roupas de cama semanalmente: lave com água quente e seque bem;
    • Evitar cortinas e tapetes: prefira superfícies fáceis de limpar;
    • Usar aspirador com filtro HEPA: reduz partículas finas no ambiente;
    • Trocar vassouras por panos úmidos: evita dispersão de poeira;
    • Evitar fragrâncias e fumaça: prefira produtos neutros e mantenha ventilação adequada;
    • Fazer lavagem nasal: duas vezes ao dia para manter as mucosas hidratadas.

    Quando procurar atendimento médico?

    Alguns sinais indicam que a alergia requer avaliação médica, como:

    • Falta de ar ou dificuldade para respirar;
    • Chiado no peito;
    • Tosse persistente;
    • Febre inexplicada;
    • Sangramento nasal;
    • Lesões de pele com secreção;
    • Vermelhidão intensa ou coceira persistente.

    Se um ou mais desses sintomas estiverem presentes, é importante procurar atendimento médico. O profissional poderá ajustar o tratamento e indicar o uso de medicamentos específicos.

    Leia também: Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

    Perguntas frequentes

    Qual é o índice ideal de umidade do ar para a saúde?

    A faixa ideal fica entre 40% e 60%. Abaixo de 40%, o ar é considerado seco.

    Quais são as alergias mais afetadas pelo tempo seco?

    Rinite, asma, sinusite alérgica e conjuntivite alérgica.

    Qual é o tempo ideal de uso do umidificador de ar?

    De 2 a 3 horas seguidas, apenas nos períodos mais secos do dia.

    Como o ar-condicionado afeta as alergias?

    Ele reduz ainda mais a umidade e pode acumular fungos nos filtros.

    O tempo seco pode causar dor de cabeça?

    Sim, pela desidratação e irritação das vias respiratórias.

    Como o tempo seco afeta pessoas com doenças cardíacas ou crônicas?

    A desidratação pode alterar pressão arterial e sobrecarregar o coração.

    O que fazer em dias de alerta de baixa umidade do ar?

    Evitar exercícios intensos ao ar livre, hidratar-se bem e manter o ambiente ventilado.

    Confira: Asma alérgica: o que é, sintomas, tratamentos e remédios

  • Úlcera no estômago: quando é grave e como é tratada 

    Úlcera no estômago: quando é grave e como é tratada 

    As úlceras pépticas (no estômago ou no duodeno) são mais comuns do que muita gente imagina e, apesar de parecerem algo distante do dia a dia, podem surgir silenciosamente e só dar sinais quando já estão causando desconforto.

    A úlcera péptica ocorre quando o ácido do estômago agride a parede interna do órgão ou do duodeno, formando pequenas feridas que nem sempre doem, e é justamente isso que torna importante entender como elas acontecem e quais sinais devem chamar atenção.

    Com o avanço dos estudos sobre a bactéria Helicobacter pylori e o impacto dos anti-inflamatórios no sistema digestivo, ficou mais fácil identificar as causas das úlceras e tratá-las de forma eficaz.

    Hoje, a maior parte dos casos tem bom prognóstico quando o tratamento é iniciado rapidamente, mas reconhecer sintomas, fatores de risco e possíveis complicações ainda é essencial para evitar problemas mais sérios.

    O que são úlceras pépticas?

    As úlceras pépticas são feridas que se formam na parede do estômago ou do duodeno devido à ação do ácido gástrico sobre uma mucosa fragilizada. Elas podem cicatrizar sozinhas, mas quando não tratadas, aumentam o risco de complicações como sangramentos e perfuração intestinal.

    Principais sintomas

    Cerca de 70% dos casos não apresentam sintomas. Quando os sintomas surgem, o mais comum é a dor abdominal na região do epigástrio (boca do estômago).

    O padrão da dor ajuda a diferenciar os tipos de úlcera:

    • Úlcera gástrica: piora com a alimentação e melhora em jejum.
    • Úlcera duodenal: dor costuma surgir 2 a 5 horas após comer.

    Outros sintomas são:

    • Inchaço abdominal
    • Empachamento
    • Enjoos
    • Sensação de saciedade precoce

    Complicações possíveis

    Sangramento (mais comum)

    Pode aparecer como:

    • Enjoo
    • Vômito com sangue (hematêmese)
    • Fezes escuras com odor forte (melena)

    Obstrução da saída gástrica

    Úlceras próximas ao piloro podem bloquear a passagem dos alimentos. Os sintomas são saciedade precoce, náuseas, vômitos, dor após comer e perda de peso.

    Penetração ou fistulização

    A úlcera pode atingir outros órgãos, formando fístulas ou abscessos. O sinal mais marcante é mudança brusca no padrão de sintomas.

    Perfuração

    Complicação grave marcada por:

    • Dor abdominal súbita e intensa
    • Aumento da frequência cardíaca
    • Abdome rígido (“abdome em tábua”)

    Requer atendimento emergencial.

    Causas

    As principais causas são:

    Infecção por H. pylori

    A bactéria Helicobacter pylori altera a produção de ácido e diminui a defesa natural da mucosa, favorecendo o aparecimento da úlcera.

    Uso de anti-inflamatórios (AINEs)

    Medicamentos como aspirina e ibuprofeno aumentam em até quatro vezes o risco de úlceras e complicações.

    Outros fatores de risco

    • Tabagismo
    • Consumo de álcool
    • Estresse crônico
    • Dieta inadequada
    • Fatores genéticos
    • Apneia do sono

    Diagnóstico

    O diagnóstico é suspeitado em pacientes com indigestão e dor abdominal superior, especialmente quando há histórico de:

    • H. pylori
    • Uso de AINEs

    Endoscopia digestiva alta

    É o exame mais eficaz, pois permite:

    • Visualizar a úlcera
    • Realizar biópsia

    O diagnóstico também pode ser confirmado quando os sintomas desaparecem após tratamento empírico (início do tratamento sem endoscopia prévia).

    Tratamento

    O tratamento depende da causa e da gravidade.

    Mudanças de hábitos

    • Parar de fumar
    • Reduzir ou evitar álcool
    • Ajustar dieta

    Tratamento para H. pylori

    Quando a infecção é confirmada, utiliza-se combinação de antibióticos, geralmente:

    • Amoxicilina
    • Claritromicina

    A erradicação cura mais de 90% das úlceras relacionadas à bactéria.

    Suspensão de AINEs

    Se possível, o paciente deve interromper o uso desses medicamentos.

    Redução da acidez

    Todos os pacientes precisam de terapia com inibidores da bomba de prótons (IBP), como omeprazol. A duração varia conforme a causa e a presença de complicações.

    Antiácidos

    Podem aliviar sintomas, mas não tratam a úlcera.

    Tratamento cirúrgico

    Reservado para complicações graves, como perfuração e obstrução.

    Prevenção

    Para prevenir úlceras pépticas:

    • Evite uso abusivo de anti-inflamatórios
    • Trate H. pylori quando detectado
    • Siga corretamente o uso de medicamentos inibidores da bomba de prótons (como omeprazol) quando indicados pelo médico
    • Mantenha hábitos saudáveis de alimentação e rotina

    O que esperar

    O prognóstico é geralmente positivo:

    • Cerca de 60% das úlceras cicatrizam espontaneamente
    • Com tratamento para H. pylori, a taxa de cura ultrapassa 90%

    Entre 5% e 10% das úlceras não respondem ao tratamento, geralmente associadas a:

    • Uso contínuo de anti-inflamatórios
    • Falha no tratamento para H. pylori
    • Outras causas mais raras

    Confira: Azia constante: o que pode ser e como melhorar

    Perguntas frequentes sobre úlcera péptica

    1. Úlcera e gastrite são a mesma coisa?

    Não. Gastrite é inflamação da mucosa; úlcera é uma ferida mais profunda.

    2. Estresse causa úlcera?

    O estresse crônico pode contribuir, mas geralmente há outros fatores associados, como H. pylori ou uso de AINEs.

    3. Posso continuar tomando anti-inflamatório se tiver úlcera?

    Não é recomendado. Eles aumentam o risco de sangramento e piora da lesão.

    4. H. pylori sempre causa úlcera?

    Não. Muitas pessoas têm a bactéria sem desenvolver lesões.

    5. Alimentação influencia nas úlceras?

    Sim. Dietas irritativas e consumo excessivo de álcool podem agravar os sintomas.

    6. Antiácidos resolvem a úlcera?

    Não. Eles aliviam desconforto, mas não tratam a causa.

    7. Preciso de cirurgia se tiver úlcera?

    Raramente. A cirurgia é indicada apenas para complicações graves.

    Leia também: Endoscopia: como é o exame que vê o estômago por dentro

  • Vomitou sangue? Pode ser hemorragia digestiva alta 

    Vomitou sangue? Pode ser hemorragia digestiva alta 

    A hemorragia digestiva alta é uma das principais emergências gastrointestinais e pode se manifestar de maneiras muito diferentes, desde um sangramento discreto até quadros mais intensos, que exigem atendimento médico imediato. Ela acontece quando há sangramento na parte superior do sistema digestivo, região que inclui o esôfago, o estômago e o duodeno.

    Embora assuste, especialmente quando o sangue aparece no vômito ou nas fezes, a hemorragia digestiva alta tem causas bem estabelecidas e formas eficazes de diagnóstico e tratamento. Reconhecer os sintomas e procurar ajuda rápida é essencial para evitar complicações.

    O que é hemorragia digestiva alta?

    A hemorragia digestiva alta é qualquer sangramento que ocorre acima do ângulo de Treitz, que abrange:

    • Esôfago
    • Estômago
    • Primeira parte do intestino delgado (duodeno)

    É considerada uma condição potencialmente grave, pois pode evoluir rapidamente dependendo da causa e da intensidade do sangramento, e exige avaliação médica imediata.

    Principais sintomas

    Hematêmese

    Vômito com sangue, que pode ser vermelho vivo ou ter aparência de borra de café. O sangue irrita o estômago, provocando náuseas e vômitos.

    Melena

    Fezes escuras, quase pretas e com odor mais forte, resultado da digestão do sangue ao longo do trato gastrointestinal.

    Hematoquezia

    Saída de sangue vermelho vivo nas fezes. Embora mais comum em sangramentos do intestino grosso, pode ocorrer na hemorragia digestiva alta quando o sangramento é muito intenso e rápido.

    Sinais de anemia

    • Fraqueza
    • Tonturas
    • Palidez
    • Cansaço extremo

    Em sangramentos pequenos, porém contínuos, a anemia se instala de forma lenta e silenciosa.

    Principais causas

    Úlcera péptica

    Lesão no estômago ou duodeno, geralmente associada ao H. pylori ou ao uso de anti-inflamatórios. Quando atinge vasos mais profundos, pode causar sangramento.

    Esofagite

    Inflamação do esôfago, que deixa a mucosa mais frágil e suscetível a sangramentos. É uma das causas mais comuns de hematêmese.

    Gastrite e duodenite

    Inflamações do estômago e do duodeno. Costumam causar sangramento discreto, mas podem ser graves em pessoas com distúrbios de coagulação ou uso de anticoagulantes.

    Varizes esofágicas ou gástricas

    Dilatações dos vasos do esôfago ou estômago, geralmente associadas à cirrose. Têm alto risco de ruptura e sangramento volumoso.

    Tumores

    Lesões benignas ou malignas podem causar sangramentos pequenos e repetitivos.

    Como é feito o diagnóstico

    A avaliação inicial inclui:

    • Histórico de sintomas
    • Características do sangramento
    • Uso de medicamentos
    • Presença de doenças associadas

    Exames laboratoriais

    Geralmente mostram anemia e alterações compatíveis com inflamação ou perda sanguínea.

    Endoscopia digestiva alta

    É o exame mais importante. Permite:

    • Identificar a fonte do sangramento
    • Classificar a gravidade
    • Realizar tratamento durante o mesmo procedimento

    A endoscopia costuma ser feita nas primeiras 24 horas, após estabilização clínica.

    Colonoscopia

    Indicada quando a endoscopia não encontra a origem do sangramento.

    Tratamento

    Inibidores de bomba de prótons (IBPs)

    Como omeprazol, utilizados em doses altas para reduzir a acidez e proteger áreas com sangramento.

    Estabilização hemodinâmica

    Em casos de pressão baixa ou alta frequência cardíaca, é necessária hidratação intravenosa.

    Transfusão de sangue

    Indicada quando há anemia severa ou queda importante da hemoglobina.

    Tratamento endoscópico

    Realizado durante a endoscopia, com técnicas que podem:

    • Coagular o vaso sangrante
    • Aplicar medicamentos locais
    • Colocar dispositivos para controle do sangramento

    Colonoscopia

    Usada quando a endoscopia não identifica a causa.

    Confira: Pedra nos rins: descubra como é feito o tratamento

    Perguntas frequentes sobre hemorragia digestiva alta

    1. Vomitar sangue significa sempre hemorragia digestiva alta?

    Não sempre, mas é um dos sinais mais típicos e requer avaliação imediata.

    2. Fezes escuras sempre indicam sangramento?

    Nem sempre. Alguns alimentos e remédios escurecem as fezes, mas a melena deve ser investigada.

    3. Hemorragia digestiva alta pode ser fatal?

    Sim, especialmente quando há sangramento volumoso ou quando o tratamento é tardio.

    4. Anti-inflamatórios aumentam o risco?

    Sim. Eles podem causar gastrite, úlceras e sangramentos.

    5. A endoscopia dói?

    Não. O exame é feito com sedação.

    6. O sangramento pode voltar?

    Pode, especialmente se a causa não for tratada adequadamente.

    7. Hematoquezia sempre indica sangramento do intestino grosso?

    Não. Sangramentos muito intensos no trato superior também podem se manifestar assim.

    Veja mais: Dor abdominal: quais podem ser as causas desse sintoma tão frequente?

  • Alergia ocupacional tem cura? Conheça os sintomas e quando procurar um médico

    Alergia ocupacional tem cura? Conheça os sintomas e quando procurar um médico

    Você já ouviu falar em alergia ocupacional? Representando cerca de 15% das condições desencadeadas pelo trabalho, ela surge quando o organismo reage de forma exagerada a partículas, substâncias ou agentes presentes no ambiente profissional, provocando sintomas respiratórios, na pele ou oculares que podem comprometer o bem-estar e a qualidade de vida.

    Os sintomas podem surgir de forma imediata ou tardia, dependendo da intensidade da exposição, da sensibilidade de cada pessoa e do tipo de agente envolvido — o que pode dificultar o reconhecimento do quadro no início.

    Pensando nisso, conversamos com uma especialista e apontamos, a seguir, as principais profissões de risco e quando você deve procurar um médico. Confira!

    Quais trabalhos mais associados a alergia ocupacional?

    A relação entre o ambiente profissional e alergias é bastante comum porque vários setores expõem trabalhadores a substâncias que irritam pele, olhos e vias respiratórias. De acordo com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti, a divisão dos agentes considera duas categorias:

    • Alto peso molecular, formada por proteínas como alérgenos de animais, farinha, látex e enzimas;
    • Baixo peso molecular, formada por produtos químicos como isocianatos, anidridos ácidos, persulfatos, acrilatos e resinas epóxi.

    Entre os principais ramos ocupacionais com maior risco e tipos de alergias envolvidos, a alergista destaca:

    • Área da saúde costuma apresentar rinite e asma relacionadas ao látex natural, dermatite de contato por luvas e irritação causada por desinfetantes, principalmente compostos quaternários de amônio. A odontologia também apresenta casos de sensibilização a acrilatos;
    • Manipulação de animais de laboratório, em biotérios e clínicas veterinárias, pode causar rinite e asma por alérgenos de roedores, gatos e outros animais, principalmente substâncias presentes em urina, saliva e caspa;
    • Panificação e indústrias de alimentos apresentam rinite e asma causadas por farinhas, enzimas como alfa-amilase e ácaros de armazenamento, além de urticária de contato durante o manuseio de frutos do mar;
    • Atividade de cabeleireiros envolve risco de asma e rinite provocadas por persulfatos presentes em descolorantes, fragrâncias e outros produtos, além de dermatite de contato por tinturas contendo parafenilenodiamina;
    • Pintura automotiva e industrial, assim como a aplicação de espumas, costuma desencadear asma por isocianatos como MDI e TDI;
    • Marcenaria e a construção civil podem causar rinite, asma e rinossinusite devido a poeiras de madeira como cedro vermelho, resinas epóxi e formaldeído;
    • Soldagem e a eletrônica expõem trabalhadores a fumaça metálica e vapores irritantes, além de partículas de colofônia usadas em fluxos de solda, capazes de provocar sensibilização respiratória;
    • Agricultura e o trabalho em silos estão associados a poeiras orgânicas de grãos, fungos e endotoxinas, que levam a rinite, asma e pneumonite por hipersensibilidade, também chamada de alveolite alérgica extrínseca.

    Quais os sintomas da alergia ocupacional?

    Os sintomas da alergia ocupacional variam conforme a exposição e podem atingir nariz, olhos, pele e pulmões. Os mais comuns incluem:

    • Congestão nasal, espirros e coriza;
    • Coceira nos olhos, vermelhidão e lacrimejamento;
    • Tosse persistente, sensação de aperto no peito e dificuldade para respirar;
    • Chiado no peito, típico de asma ocupacional;
    • Irritação na pele, com vermelhidão, coceira ou descamação;
    • Urticária de contato após tocar na substância que provoca a reação;
    • Piora dos sintomas durante o expediente, com melhora parcial nos dias de descanso.

    Quanto os sintomas surgem?

    Os sintomas podem surgir logo depois da exposição ao alérgeno, mas Brianna explica que, na maioria dos casos, existe um intervalo de semanas a anos até que o organismo fique sensibilizado e comece a demonstrar sinais claros da alergia.

    • Alergia mediada por IgE, ligada a proteínas de alto peso molecular, costuma aparecer depois de um período longo de exposição, que pode durar meses ou anos. Os sintomas mais comuns incluem rinite, coceira nos olhos, urticária de contato e asma, normalmente piorando nos dias de trabalho e melhorando quando o trabalhador se afasta do ambiente;
    • Sensibilização por produtos de baixo peso molecular, como isocianatos, também costuma surgir após um período de latência. A manifestação mais frequente é uma asma de início lento, marcada por irritação constante das vias aéreas e dificuldade respiratória que persiste mesmo fora do trabalho;
    • Asma induzida por irritantes (RADS) aparece de forma súbita, sem período de latência, após um único episódio de exposição intensa a uma substância irritante. Depois da crise inicial, alguns sintomas podem permanecer por muito tempo.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da alergia ocupacional é feito a partir das informações clínicas, detalhes do ambiente de trabalho e exames que ajudam a mostrar se os sintomas realmente estão ligados à rotina profissional.

    O especialista precisa entender sobre as tarefas diárias, substâncias usadas no dia a dia, tempo de exposição, uso de proteção individual e comparação entre sintomas nos dias de expediente e nos períodos de folga. Além disso, ele avalia condições pré-existentes, como rinite, dermatite ou refluxo, porque elas podem interferir no quadro.

    De acordo com Brianna, podem ser feitos os seguintes exames:

    • Exame físico e testes de função respiratória, como espirometria com broncodilatador. Quando o resultado é normal, podem ser feitos testes de hiper-responsividade, como metacolina ou manitol;
    • Monitorização do pico de fluxo expiratório (PEF) por duas a três semanas, registrando valores em dias de trabalho e em dias de descanso. Esse método é considerado o melhor exame de triagem para suspeita de asma ocupacional no dia a dia;
    • Avaliação de inflamação respiratória com medidas como FeNO (óxido nítrico exalado) e indução de escarro, quando disponível;
    • Testes alérgicos, incluindo testes cutâneos ou IgE específica para alérgenos do ambiente profissional, como farinha, látex, enzimas ou epitélios de animais;
    • Avaliação de rinite ocupacional com rinoscopia e, quando necessário, citologia nasal ou prova de provocação nasal específica em centros especializados;
    • Prova de inalação específica, considerada o padrão ouro em centros de referência, indicada quando a suspeita de asma ocupacional permanece mesmo após outros testes.

    “O afastamento temporário do agente suspeito (dias a poucas semanas) pode auxiliar no diagnóstico: melhora dos sintomas e da função respiratória fora do ambiente de trabalho é um forte indício de relação causal”, explica a alergista.

    Tratamento de alergia ocupacional

    Depois de identificar o que está causando a alergia, algumas medidas podem ser adotadas para controlar os sintomas do dia a dia. Em casos de rinite, podem ser usados corticoides nasais e anti-histamínicos para aliviar nariz entupido, coceira e espirros, sempre com orientação médica.

    A situação muda um pouco quando há asma, porque o tratamento costuma incluir corticoide inalatório para manter o pulmão controlado e evitar crises durante o expediente. A avaliação para imunoterapia pode ser considerada em alguns casos, principalmente quando é claro o alérgeno responsável pelo quadro.

    Também podem ser feitas adaptações no local de trabalho para diminuir as crises alérgicas, como aponta Brianna:

    Eliminação ou substituição do agente

    • Retirar o agente que causa alergia sempre que possível, é a principal medida de tratamento e prevenção de crises;
    • Substituir luvas de látex com pó por modelos sem pó e com baixo teor de proteínas;
    • Trocar substâncias sensibilizantes, como isocianatos e persulfatos, por alternativas menos irritantes.

    Controles de engenharia no ambiente de trabalho

    • Usar processos fechados ou com barreiras físicas;
    • Instalar exaustores no ponto onde a substância é liberada (exaustão local);
    • Garantir ventilação adequada;
    • Reduzir a formação de aerossóis;
    • Evitar picos de exposição;
    • Realizar limpeza úmida ou com filtro HEPA para diminuir partículas no ar.

    Controles administrativos e organização das atividades

    • Treinar equipes sobre riscos e prevenção;
    • Utilizar sinalização clara em áreas de risco;
    • Revezar tarefas para diminuir tempo direto de exposição;
    • Limitar permanência em áreas de maior risco;
    • Criar protocolos de emergência;
    • Incentivar a notificação rápida de sintomas pelos trabalhadores.

    Equipamentos de proteção individual (EPI)

    • Usar respiradores adequados, como PFF2/N95 ou modelos superiores;
    • Utilizar luvas apropriadas, avental e barreiras de proteção;
    • Proteger os olhos quando houver risco de respingos ou partículas;
    • Lembrar que o EPI é complementar e não substitui melhorias no ambiente de trabalho.

    Quando ir ao médico?

    A busca por atendimento médico deve acontecer quando surgem sinais de alerta que indicam que o problema respiratório pode estar relacionado ao ambiente de trabalho, como:

    • Os sintomas de rinite ou asma pioram durante o expediente ou melhoram nos fins de semana e férias;
    • Há falta de ar, chiado no peito, tosse persistente ou sensação de aperto no tórax;
    • O uso de broncodilatador de alívio se torna frequente;
    • Quando acorda de noite por dificuldade respiratória;
    • Queda na função pulmonar, medida por exames como espirometria ou PEF seriado;
    • O quadro não melhora mesmo após evitar gatilhos conhecidos e seguir o tratamento indicado;
    • Quando há suspeita de exposição a substâncias como farinha, látex, pelos de animais, poeiras químicas, isocianatos ou produtos de limpeza.

    A avaliação precoce com alergologista ou pneumologista do trabalho diminui o risco de que o quadro se agrave, ajudando a melhorar a qualidade de vida do trabalhador.

    Afinal, quando devo considerar mudar de profissão?

    Mudar a profissão ou função pode ser uma decisão difícil de considerar, já que envolve a rotina, estabilidade e anos de dedicação a uma área específica. Ainda assim, existem momentos em que o corpo sinaliza que o ambiente de trabalho realmente deixou de ser seguro, como:

    • Confirmação de asma causada por um sensibilizante específico, como farinha, látex, isocianatos, pelos de animais ou produtos químicos, mesmo após tentativas de reduzir ou evitar a exposição;
    • Impossibilidade de controle adequado do ambiente, seja por falhas de ventilação, falta de barreiras físicas, ausência de exaustão ou inviabilidade de realocação para outra função menos arriscada;
    • Permanência de sintomas intensos, apesar do tratamento correto e da redução de contatos, mostrando que o organismo continua reagindo ao ambiente;
    • Afastamentos frequentes e o impacto na capacidade funcional, deixando claro que trabalhar naquele local já está prejudicando a saúde de forma repetida;
    • Presença de RADS (síndrome de disfunção reativa das vias aéreas) com tosse, chiado e falta de ar persistentes mesmo após diminuição da exposição.

    Em situações como essas, conversar com um pneumologista ou alergologista do trabalho ajuda a avaliar os riscos e a planejar uma mudança que preserve a saúde no longo prazo.

    Confira: Alergia a níquel de bijuterias: por que acontece, como tratar e se tem cura

    Perguntas frequentes

    O que diferencia a rinite ocupacional de rinite alérgica comum?

    A rinite ocupacional surge quando o gatilho alérgico está presente no ambiente de trabalho, enquanto a rinite alérgica comum costuma ser provocada por fatores domésticos, sazonais ou ambientais gerais. A principal diferença está no padrão temporal: a pessoa melhora nos fins de semana e piora durante o expediente.

    O diagnóstico é feito por meio da análise da rotina, testes alérgicos e, muitas vezes, pela comparação direta entre dias de trabalho e períodos de folga. A persistência da exposição aos alérgenos pode intensificar crises e aumentar o risco de progressão para bronquite ou asma.

    Como a asma ocupacional se desenvolve?

    A asma ocupacional se instala depois de repetidas exposições a substâncias inaladas no local de trabalho, que ativam o sistema imunológico e provocam inflamação dos brônquios. A pessoa pode não ter histórico respiratório prévio e, mesmo assim, desenvolver chiado, tosse e falta de ar ao longo de meses ou anos de contato profissional.

    A evolução costuma ocorrer em duas etapas: primeiro vem a fase de sensibilização, quando quase não há sintomas; depois surge a fase de desencadeamento, quando o organismo começa a reagir até a pequenas quantidades do agente. Quanto mais tempo a exposição continua, mais grave e difícil de controlar o quadro se torna.

    O que é RADS e como se diferencia da asma ocupacional comum?

    A síndrome de disfunção reativa das vias aéreas (RADS) surge após uma única exposição intensa a irritantes, como fumaça química, vapores tóxicos ou derramamentos acidentais. A pessoa desenvolve sintomas imediatos e persistentes, mesmo sem histórico alérgico prévio.

    A asma ocupacional comum, por outro lado, ocorre após meses ou anos de exposição repetida. Casos de RADS costumam causar sintomas intensos e precisam de acompanhamento rigoroso.

    Tenho alergia ocupacional, preciso me afastar do trabalho?

    A alergia ocupacional não exige afastamento imediato em todos os casos. A maioria das situações melhora com ajustes ambientais, uso correto de EPIs, trocas de produtos, ventilação adequada e reorganização de tarefas.

    A decisão de afastar depende da gravidade dos sintomas, da identificação do agente e da capacidade da empresa em reduzir a exposição. Uma avaliação médica orienta quando o afastamento é necessário, especialmente em situações de asma causada por sensibilizantes potentes ou quando não existem alternativas seguras de realocação.

    Como aliviar a congestão nasal causada pela alergia ocupacional?

    A congestão nasal pode ser aliviada com lavagem nasal diária usando solução salina, porque a limpeza remove partículas irritantes que ficam presas na mucosa após a exposição ao ambiente de trabalho. A prática reduz a inflamação, melhora a passagem de ar e diminui a necessidade de medicamentos.

    Em alguns casos, o médico pode prescrever o uso de um corticoide nasal para ajudar a controlar o inchaço interno da mucosa.

    Para acelerar a recuperação, a ventilação adequada nos ambientes, aliada ao afastamento temporário do gatilho, também ajuda e aumenta o conforto ao longo do dia.

    Veja mais: Alergias em crianças: como a escola deve lidar?