Categoria: Doenças & Condições

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  • Ciática: o que é e como aliviar a dor no nervo ciático

    Ciática: o que é e como aliviar a dor no nervo ciático

    A dor no nervo ciático, também conhecida como dor ciática ou ciatalgia, é uma das dores mais comuns que afetam a coluna e os membros inferiores. Ela pode surgir de repente, irradiando da lombar até a perna — e, devido a intensidade, pode interferir em atividades simples, como caminhar, sentar ou dormir.

    Para esclarecer dúvidas sobre a ciática, as causas, sintomas e tratamentos, conversamos com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, da Escola Paulista de Medicina.

    O que é nervo ciático?

    O nervo ciático é o maior e mais espesso nervo do corpo humano. Ele começa na parte inferior da coluna vertebral, passa pelas nádegas e desce pela parte de trás de cada perna até os pés. Ele é responsável por grande parte dos membros inferiores, transmitindo informações sensoriais e motoras entre a medula e as pernas e pés.

    Por ser tão longo e desempenhar várias funções importantes, o nervo ciático está sujeito a diferentes formas de alteração, compressão ou inflamação, que podem provocar desde sinais leves até crises intensas e incapacitantes.

    O nervo ciático é fundamental para os movimentos do dia a dia, como levantar da cadeira, agachar, subir escadas, caminhar e manter o equilíbrio. Por isso, qualquer problema nele afeta diretamente a rotina e a qualidade de vida.

    O que causa dor no nervo ciático?

    A causa mais comum da dor no nervo ciático é a compressão de suas raízes na coluna lombar, que pode ser provocada pelos seguintes fatores:

    • Hérnia de disco: é a causa mais frequente da dor no nervo ciático, e ocorre quando o material gelatinoso dentro de um disco que fica entre as vértebras da coluna (que funciona como um amortecedor) se desgasta ou se rompe, fazendo com que seu material interno pressione a raiz do nervo ciático;
    • Estenose espinhal: é o estreitamento do canal espinhal na região lombar, que pode comprimir os nervos, incluindo o ciático. Isso geralmente ocorre em pessoas mais velhas;
    • Síndrome do piriforme: o músculo piriforme, localizado nas nádegas, pode ter espasmos e pressionar o nervo ciático, que passa por baixo ou através dele;
    • Lesões ou fraturas: traumas na coluna ou na pelve podem danificar ou comprimir o nervo;
    • Tumores: embora menos comum, um tumor na coluna vertebral pode crescer e exercer pressão sobre o nervo ciático.

    Além dessas condições, a neurocirurgiã Ana Gandolfi aponta que pessoas com fraqueza muscular, especialmente na região glútea, ou algumas condições — como gestantes ou pacientes que perderam peso muito rápido — tendem a desenvolver um processo inflamatório no nervo ciático, o que aumenta a dor.

    “Qualquer dor que seja decorrente de um processo inflamatório próximo ao nervo é muito intensa”, complementa a especialista.

    Quais os sintomas de ciática?

    O principal sintoma da ciática é a dor que irradia da região lombar ou glútea para a parte de trás da perna, podendo chegar até o pé. Ela apresenta algumas características típicas, como:

    • Pode ser em choque, fisgada ou queimação;
    • Muitas vezes piora ao permanecer sentado por muito tempo;
    • Aumenta ao espirrar, tossir ou fazer esforço;
    • Em alguns casos, vem acompanhada de formigamento, dormência ou fraqueza muscular.

    É importante destacar que nem toda dor na lombar é ciática. A ciática é um tipo específico de dor, que segue o trajeto do nervo ciático. Por isso, a avaliação médica é fundamental para diferenciar de outras dores lombares comuns.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da dor no nervo ciático é feito por um médico, geralmente um ortopedista ou neurocirurgião, e envolve inicialmente uma avaliação médica – para entender sobre os sintomas, os fatores de risco e o histórico médico do paciente.

    Depois, o especialista realiza o exame físico, verificando reflexos, força muscular, sensibilidade e movimentos que desencadeiam dor.

    Em muitos casos, só a avaliação clínica já é suficiente para direcionar o tratamento. Mas exames de imagem podem ser necessários para confirmar a causa, como:

    • Ressonância magnética: é o exame mais eficaz para visualizar a compressão do nervo ciático, pois oferece imagens detalhadas dos tecidos moles, como discos intervertebrais, músculos e o próprio nervo;
    • Tomografia computadorizada: útil em casos de suspeita de fraturas ou alterações ósseas;
    • Raio-X: geralmente não é suficiente para diagnosticar a causa da dor ciática, mas pode ajudar a identificar problemas ósseos, como osteófitos (bicos de papagaio).

    Vale ressaltar que a escolha do exame depende da suspeita clínica. Só pedir uma ressonância da coluna, sem analisar o paciente como um todo, pode mostrar alterações que não explicam a dor. Por isso, o diagnóstico correto precisa juntar o exame físico detalhado com os exames de imagem certos.

    Como é feito o tratamento de dor ciática?

    O tratamento da dor ciática depende da gravidade e da causa dos sintomas. Mas, na maioria dos casos, um tratamento conservador é suficiente para aliviar a dor, reduzir a inflamação e fortalecer a musculatura para prevenir novas crises.

    Entre algumas das abordagens, é possível apontar:

    • Remédios, como analgésicos e anti-inflamatórios, para aliviar a dor e a inflamação. Em casos mais graves, pode ser usadas injeções de analgésicos ou corticosteroides para reduzir a dor e o inchaço ao redor do nervo;
    • Fisioterapia, que ajuda a fortalecer os músculos que dão suporte à coluna, melhoram a flexibilidade e corrigem a postura, o que alivia a pressão sobre o nervo;
    • Compressas frias nas primeiras 48 horas podem ajudar a diminuir a inflamação. Depois disso, compressas quentes podem relaxar os músculos e aumentar o fluxo sanguíneo na área, aliviando a dor;
    • Exercícios leves, como caminhada e natação, podem ser benéficos. Alongamentos suaves, como os de yoga, também ajudam a manter a flexibilidade e a mobilidade.

    Quando a cirurgia é necessária?

    De acordo com Ana, a indicação de cirurgia geralmente surge quando a dor não melhora, mesmo com o uso adequado da medicação em dose máxima e sob acompanhamento médico, ou quando o paciente apresenta perda de força, especialmente no pé.

    Contudo, a especialista reforça que é fundamental identificar com precisão a origem do problema para definir o tratamento correto.

    Confira: 8 dicas para prevenir a dor nas costas no dia a dia

    Como aliviar a dor no nervo ciático?

    Além do tratamento médico, alguns hábitos ajudam a aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida, como:

    • Fortalecer a musculatura glútea e abdominal: exercícios de baixo impacto, como pilates, yoga e caminhadas leves, reduzem a sobrecarga da coluna e mantêm o nervo protegido;
    • Adotar boa postura: evite permanecer muitas horas na mesma posição. Ao sentar, mantenha a coluna ereta, e ao levantar peso, faça movimentos corretos para não sobrecarregar a lombar;
    • Controlar o peso corporal: o excesso de peso aumenta a pressão sobre a coluna, mas perder peso muito rápido também prejudica, pois enfraquece a sustentação muscular;
    • Investir em hábitos de vida saudáveis: dormir bem, manter uma alimentação equilibrada e reduzir o estresse ajudam a diminuir processos inflamatórios e a prevenir crises de dor.

    É possível prevenir a dor no nervo ciático?

    Nem sempre é possível prevenir totalmente a ciática, mas adotar alguns cuidados reduz bastante o risco de desenvolver o problema. Entre eles:

    • Praticar atividade física regularmente, com foco no fortalecimento muscular;
    • Cuidar da postura ao sentar, levantar e carregar peso;
    • Manter um peso saudável, evitando tanto o excesso quanto a perda muito rápida;
    • Investir em ergonomia, especialmente para quem trabalha muitas horas sentado;
    • Consultar um médico ao perceber sinais persistentes, como dor irradiada, formigamento ou fraqueza nas pernas.

    Segundo Ana, a prevenção também envolve olhar para grupos de risco, como gestantes, pacientes que perderam peso rápido ou têm fraqueza muscular — e investir em fortalecimento e avaliação médica.

    Perguntas frequentes sobre dor ciática

    1. A dor ciática é considerada uma doença?

    Não. É importante deixar claro que a dor ciática é um sintoma de outra condição, como hérnia de disco, síndrome do piriforme, alterações musculares, inflamações ou até processos infecciosos. Por isso, o tratamento não deve focar apenas em aliviar a dor, mas em investigar a causa do problema.

    2. Onde dói quando o nervo ciático está inflamado?

    A dor geralmente começa na lombar ou no glúteo e segue o trajeto do nervo, descendo pela parte de trás da coxa e podendo chegar até a panturrilha, tornozelo e planta do pé.

    A dor pode ser sentida como choque, fisgada, queimação ou até sensação de facada. Muitas vezes piora quando a pessoa está sentada por muito tempo, tosse ou faz esforço.

    3. A dor ciática pode afetar as duas pernas ao mesmo tempo?

    Na maioria das vezes, a ciática afeta apenas uma perna. Isso acontece porque a compressão geralmente ocorre em apenas uma raiz nervosa da coluna lombar.

    No entanto, em casos mais raros, como em estenose de canal lombar avançada ou grandes hérnias de disco centrais, a dor pode se manifestar nos dois lados, causando desconforto bilateral.

    4. Dor ciática e dor lombar são a mesma coisa?

    Não. A dor lombar é um termo genérico para qualquer dor na região baixa das costas. Já a dor ciática é uma dor que pode se iniciar na região lombar, mas que segue o trajeto do nervo ciático.

    5. A ciática pode surgir em pessoas jovens?

    É mais comum a partir dos 30 ou 40 anos, mas jovens também podem ter crises de ciática, principalmente atletas ou pessoas que treinam sem orientação, gestantes ou quem passa muitas horas sentado em má postura.

    6. O que posso fazer em casa para aliviar a dor ciática?

    Algumas medidas podem ajudar a aliviar a dor enquanto a pessoa aguarda a consulta médica:

    • Aplicar calor local (bolsa de água morna);
    • Alongamentos leves da lombar e glúteos;
    • Evitar longos períodos sentado;
    • Dormir em colchão firme, de lado, com travesseiro entre os joelhos.

    Mas é fundamental procurar atendimento médico se a dor persistir por mais de alguns dias.

    Leia também: Hérnia de disco: o que é, causas, sintomas e como tratar

  • Hérnia de disco: o que é, causas, sintomas e como tratar 

    Hérnia de disco: o que é, causas, sintomas e como tratar 

    A hérnia de disco é um dos problemas mais comuns da coluna, e está entre as principais causas de afastamento do trabalho, já que provoca dores incapacitantes e limitações físicas que afetam desde tarefas simples, como se abaixar, até atividades profissionais.

    A condição preocupa porque, além de frequente, pode comprometer a qualidade de vida se não for diagnosticada e tratada de forma adequada. Pensando nisso, conversamos com a neurocirurgiã Ana Camila Gandolfi para esclarecer as principais dúvidas sobre a condição e como tratá-la.

    O que é hérnia de disco?

    Para entender a hérnia de disco, é importante compreender como funciona a coluna vertebral. Ela é formada por várias vértebras (os ossos da coluna) empilhadas uma sobre a outra. Entre elas existe o disco intervertebral, que funciona como um amortecedor. Ele é composto por um anel fibroso, mais resistente, e um núcleo interno mais gelatinoso, justamente para absorver impactos.

    Quando esse anel sofre desgaste ou se rompe, o núcleo pode se deslocar ou extravasar, comprimindo estruturas próximas, como nervos e raízes nervosas. É aí que surge a hérnia de disco, que provoca sintomas como dor, formigamento, fraqueza e limitação de movimentos.

    Segundo Ana Camila Gandolfi, a hérnia pode aparecer por sobrecarga (excesso de exercícios ou levantamento de peso), após um trauma na coluna, ou até de forma espontânea em pessoas com alterações no colágeno, já que o anel fibroso do disco é formado por essa proteína.

    Em alguns casos, há ainda uma predisposição genética, ou seja, pessoas com histórico familiar de hérnia de disco têm mais chances de desenvolver o problema.

    Causas da hérnia de disco

    Normalmente, a hérnia de disco é resultado de um processo de desgaste natural, associado a fatores de risco que aceleram ou intensificam esse processo, como:

    • Envelhecimento natural: com o passar dos anos, os discos intervertebrais perdem água e elasticidade, ficando mais suscetíveis a fissuras e deslocamentos;
    • Movimentos repetitivos e esforços físicos: profissões que exigem levantar peso, carregar cargas ou movimentos repetitivos de torção da coluna aumentam a chance de lesão;
    • Postura inadequada: passar horas sentado de maneira incorreta, dormir de mal jeito ou permanecer muito tempo em pé sem apoio adequado pode sobrecarregar a coluna;
    • Sedentarismo: a falta de exercícios enfraquece a musculatura que dá suporte à coluna, aumentando o risco de problemas nos discos;
    • Excesso de peso: o sobrepeso e a obesidade aumentam a pressão sobre toda a coluna, especialmente na região lombar, que já suporta naturalmente a maior parte do peso do corpo;
    • Fatores genéticos: alterações no colágeno, na estrutura dos discos ou até no formato da coluna podem ser herdadas, tornando algumas pessoas mais vulneráveis, mesmo com hábitos de vida saudáveis;
    • Traumas e acidentes: quedas, pancadas diretas ou impactos fortes, como os que ocorrem em esportes de contato ou em acidentes automobilísticos, podem provocar lesões na coluna e levar ao surgimento de hérnias.

    Quais os sintomas de hérnia de disco?

    Os sintomas de hérnia de disco variam conforme a região afetada e o grau da compressão nervosa. Algumas pessoas, por exemplo, sequer apresentam sintomas. O problema só existe se a hérnia provoca sinais clínicos, como:

    • Dor lombar que irradia para a perna (ciatalgia);
    • Dor cervical que se espalha para o braço;
    • Dor intensa e incapacitante;
    • Formigamento ou dormência em faixa (na perna ou no braço, dependendo da raiz nervosa atingida);
    • Perda de força, que é o sinal mais grave, pois indica comprometimento neurológico.

    Normalmente, a perda de força na hérnia cervical afeta mãos e dedos; já na hérnia lombar, pode atingir o pé.

    É importante observar a intensidade e a persistência dos sintomas. Uma dor nas costas passageira não significa hérnia de disco, mas se os sinais se mantêm por semanas ou pioram com o tempo, é fundamental buscar avaliação médica.

    Diagnóstico de hérnia de disco

    O diagnóstico de hérnia de disco é feito, inicialmente, com avaliação clínica, em que o médico estuda a história do paciente e examina força, sensibilidade e reflexos.

    De acordo com Ana Camila Gandolfi, é importante ter uma hipótese diagnóstica primeiro, pois atualmente, estudos mostram que boa parte das pessoas acima de 40 anos apresentará alguma hérnia de disco nos exames — mas sem sintomas. Nesses casos, não é necessário tratamento.

    Se realmente houver suspeita clínica de hérnia de disco, podem ser solicitados dois exames principais:

    • Tomografia computadorizada: mostra melhor a parte óssea e pode evidenciar redução do espaço entre vértebras e calcificações próximas à hérnia;
    • Ressonância magnética: é o exame mais completo, pois mostra em detalhe as estruturas moles, como o próprio disco e os nervos. Ela permite identificar se há compressão nervosa associada.

    Como é feito o tratamento de hérnia de disco?

    Na maioria dos casos, a hérnia de disco pode ser tratada de forma conservadora, ou seja, não é preciso fazer cirurgia — e o quadro pode ser revertido com algumas abordagens, como:

    • Remédios: o uso de analgésicos e anti-inflamatórios pode ajudar a reduzir a dor e a inflamação. Dependendo do quadro, corticoides orais ou injetáveis podem ser indicados;
    • Fisioterapia: os exercícios fortalecem a musculatura de suporte da coluna, melhoram a postura e aumentam a flexibilidade. Técnicas de acupuntura, pilates e hidroterapia também podem ajudar, com orientação médica;
    • Mudanças de hábito: além de manter o peso adequado, alguns hábitos, como corrigir a postura no trabalho, usar cadeira ergonômica e evitar levantar peso de forma incorreta ajudam no dia a dia.

    O tempo de recuperação varia de pessoa para pessoa. Algumas melhoram em semanas, enquanto outras precisam de meses para se sentirem completamente bem.

    Quando a cirurgia é necessária?

    A cirurgia para hérnia de disco é indicada em casos específicos, quando o tratamento conservador não traz resultados ou quando há risco de danos neurológicos. As principais situações, segundo Ana, incluem:

    • Perda de força: é uma urgência médica e, nesses casos, o paciente precisa operar rapidamente, em até 24 horas, para evitar sequelas permanentes;
    • Perda de sensibilidade: não é sempre indicação imediata, mas exige acompanhamento de perto, já que pode evoluir para perda de força. Além disso, a sensibilidade pode demorar meses para voltar ao normal;
    • Dor intratável: quando o paciente já tentou várias medicações de uso contínuo, associadas ou não, e mesmo assim não consegue controlar a dor.

    É possível prevenir a hérnia de disco?

    Qualquer pessoa pode desenvolver hérnia de disco em algum momento da vida. Embora fatores como idade e genética não possam ser controlados, adotar hábitos de vida saudáveis faz diferença e pode ajudar a proteger a coluna, reduzindo o risco de desgaste precoce.

    Entre as medidas preventivas, é possível citar:

    • Praticar atividade física regularmente: manter uma rotina de exercícios ajuda a fortalecer os músculos abdominais, dorsais e das pernas;
    • Manter o peso adequado: controlar o peso corporal diminui a pressão constante sobre os discos intervertebrais, especialmente na região lombar;
    • Cuidar da postura: ao sentar, é importante manter os pés totalmente apoiados no chão e as costas eretas, preferencialmente com apoio lombar;
    • Evitar movimentos bruscos: ao carregar peso, a forma correta é sempre dobrar os joelhos, manter a carga próxima ao corpo e evitar torções repentinas da coluna;
    • Escolher colchão e travesseiro adequados: dormir bem alinhado é fundamental para que a coluna descanse corretamente;
    • Fazer pausas no trabalho: quem fica muito tempo sentado deve se levantar a cada hora, andar um pouco e alongar.

    Vale lembrar que mesmo quem já tem hérnia pode se beneficiar do fortalecimento muscular. Músculos fortes ajudam a reduzir os sintomas e, em muitos casos, evitam a necessidade de cirurgia.

    Perguntas frequentes sobre hérnia de disco

    1. Toda dor nas costas significa hérnia de disco?

    Não. A dor nas costas pode ter muitas causas, desde má postura até contraturas musculares. A hérnia de disco é apenas uma das possibilidades. O diagnóstico correto depende da avaliação médica e de exames de imagem.

    2. Quais são os sintomas mais preocupantes da hérnia de disco?

    Os sinais de alerta incluem: dor que desce para a perna ou braço, perda de sensibilidade em áreas específicas, fraqueza muscular e dificuldade para realizar movimentos simples, como segurar objetos ou andar. Eles indicam compressão nervosa mais importante e exigem atenção médica rápida.

    3. A hérnia de disco pode sumir sozinha?

    Em alguns casos, sim. O organismo consegue reabsorver parte do material que extravasou do disco. Isso não acontece em todos os pacientes, mas pode explicar por que algumas pessoas melhoram apenas com tratamento conservador, sem necessidade de cirurgia.

    4. Quem tem hérnia de disco pode praticar exercícios físicos?

    Sim, e muitas vezes deve! Exercícios de baixo impacto, como caminhada, pilates, natação e fortalecimento muscular orientado, são fundamentais para a recuperação e prevenção do quadro. O importante é evitar exercícios de impacto ou que sobrecarreguem a coluna sem orientação profissional.

    5. Quem faz cirurgia de hérnia de disco pode voltar ao normal?

    Na maioria dos casos, sim. Muitos pacientes voltam a ter qualidade de vida, sem dor e com mobilidade preservada. No entanto, a recuperação depende de fisioterapia, fortalecimento muscular e mudanças de hábitos. Importante lembrar que a cirurgia não impede o surgimento de novas hérnias em outros discos.

    6. A hérnia de disco tem cura?

    A hérnia de disco pode ser controlada na maioria dos casos, especialmente quando o tratamento é iniciado precocemente e de forma adequada. O objetivo do tratamento é eliminar a dor, a inflamação e outros sintomas, permitindo que a pessoa volte à sua rotina.

    7. Quando a hérnia de disco é considerada grave?

    A hérnia é grave quando causa perda de força muscular, dificuldade para andar, alterações na sensibilidade ou problemas para controlar urina e fezes (síndrome da cauda equina). Nesses casos, deve haver atendimento médico imediato, muitas vezes com cirurgia de urgência.

    Leia também: 8 dicas para prevenir a dor nas costas no dia a dia

  • Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa 

    Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa 

    Acordar cansado mesmo depois de uma noite inteira de sono pode ser sinal de algo mais sério do que simplesmente dormir pouco. A apneia do sono é uma condição que interrompe a respiração diversas vezes durante a noite, prejudicando a oxigenação do corpo e roubando a qualidade do descanso.

    Muito além do ronco alto e da sonolência diurna, a apneia tem impactos que preocupam os médicos, afinal, ela pode alterar o funcionamento do coração, elevar a pressão arterial e aumentar as chances de doenças mais sérias, como infarto e AVC.

    Conversamos com a cardiologista Juliana Soares, integrante do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, que explicou como a apneia do sono interfere na saúde do coração e por que merece tanta atenção.

    O que é apneia do sono

    A cardiologista explica que a apneia do sono é uma condição em que a respiração é interrompida durante o sono, o que leva a uma queda na oxigenação do organismo. Essas pausas podem acontecer várias vezes por noite e prejudicam profundamente a qualidade do descanso.

    “A fragmentação do sono também não permite com que os estágios mais profundos do sono sejam atingidos, levando a cansaço excessivo, fadiga e sonolência durante o dia”, conta a médica.

    Segundo a especialista, existem três tipos principais de apneia do sono:

    • Apneia obstrutiva do sono: a mais comum, causada pelo relaxamento dos músculos da garganta, que bloqueiam a passagem do ar.
    • Apneia central do sono: mais rara, ocorre quando o cérebro não envia os sinais corretos para a respiração.
    • Apneia mista do sono: mistura das duas situações.

    “Embora possa atingir qualquer idade, ela é mais frequente em homens acima dos 40 anos, especialmente quando há obesidade”, diz a médica.

    Como a apneia afeta o coração

    A cada pausa na respiração, o corpo entende que está sob estresse. “Essas paradas na respiração promovem liberação dos hormônios do estresse, como a adrenalina e o cortisol, aumentando a pressão arterial e podendo levar a aumento da frequência cardíaca”, detalha a cardiologista.

    Com o tempo e o ciclo se repetindo noite após noite, acontece uma sobrecarga contínua no coração. Isso aumenta o risco de pressão alta, arritmias, aterosclerose (formação de placas de gordura nas artérias), resistência à insulina, diabetes, infarto e AVC.

    “Além disso, as pausas respiratórias demandam um esforço maior do coração podendo levar a ao enfraquecimento do músculo cardíaco e consequentemente a insuficiência cardíaca, condição na qual o coração não consegue bombear sangue suficiente para atender as necessidades do organismo”, detalha a especialista.

    “Como esse processo se repete dezenas de vezes durante a noite em quem tem apneia do sono, isso promove uma sobrecarga contínua no coração”.

    Esse processo ajuda a entender por que a apneia está tão ligada a doenças cardíacas graves.

    Leia também: Trabalha sentado o dia todo? Conheça os riscos para o coração e o que fazer

    Sinais de alerta da apneia do sono

    Como desconfiar, afinal, da apneia do sono? Muitas vezes, quem nota primeiro os sintomas é quem dorme ao lado. “Pausas na respiração durante a noite, ronco alto e frequente, sono agitado e despertar várias vezes são alguns dos sinais”, afirma a especialista.

    Durante o dia, os sintomas também aparecem:

    • Acordar cansado;
    • Sonolência excessiva;
    • Dor de cabeça ao acordar;
    • Irritabilidade;
    • Dificuldade de concentração.

    Diagnóstico de apneia do sono: como fazer

    O diagnóstico começa pela história clínica, associada a relatos de quem convive com a pessoa. O exame principal é a polissonografia, que avalia funções do organismo durante o sono, como atividade cerebral, respiração, nível de oxigênio, batimentos cardíacos e intensidade do ronco.

    “Como na maior parte das condições de saúde, quanto mais precoce o tratamento, melhores os resultados”, reforça a cardiologista.

    “Além do tratamento diminuir o risco de doenças cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida, ele também ajuda na prevenção de acidentes, visto que a sonolência excessiva durante o dia pode aumentar esse risco”.

    Leia também: Palpitações no coração: o que pode ser e quando procurar atendimento médico

    Tratamento de apneia do sono

    Hoje, pode-se usar alguns aparelhos ou dispositivos para tratar a apneia do sono, como o CPAP, que é um aparelho que envia ar sob pressão através de uma máscara nasal e mantém as vias aéreas sempre abertas. Há também outros aparelhos que podem ajudar, mas somente um médico pode indicar para cada caso.

    “Tratar a apneia ajuda a estabilizar a pressão arterial e a frequência cardíaca, diminuindo risco cardiovascular”, afirma a médica.

    Outra forma de tratar apneia é diminuir os fatores de risco para ela. Um dos principais é a obesidade.

    “O excesso de gordura na região do pescoço pode provocar obstrução das vias respiratórias durante o sono”, explica a especialista. Por isso, perder peso ajuda a controlar a apneia e a saúde cardiovascular.

    Além disso, a médica recomenda:

    • Praticar atividade física regularmente;
    • Diminuir o consumo de álcool (que relaxa a garganta e piora a apneia);
    • Parar de fumar, já que o cigarro inflama as vias aéreas.

    Perguntas frequentes sobre apneia do sono e coração

    1. Todo ronco é sinal de apneia?

    Não. Porém, quando o ronco vem acompanhado de pausas respiratórias, merece investigação.

    2. A apneia pode causar pressão alta?

    Sim. As pausas respiratórias ativam hormônios do estresse que elevam a pressão arterial.

    3. Quem tem apneia sempre precisa usar CPAP?

    O CPAP é um dos tratamentos mais comuns, mas a escolha depende de uma avaliação médica. Em alguns casos, mudanças no estilo de vida já ajudam.

    4. Apneia pode levar a insuficiência cardíaca?

    Sim. O esforço extra exigido do coração ao longo do tempo pode enfraquecer o músculo cardíaco.

    5. Existe cura para a apneia do sono?

    Não há uma cura definitiva, mas o tratamento controla os sintomas e previne complicações.

    6. Perder peso melhora a apneia do sono?

    De forma geral, sim. O emagrecimento reduz a obstrução das vias aéreas e pode diminuir muito os episódios.

    Confira: Como o estresse afeta o coração e o que fazer para proteger a saúde cardiovascular

  • Saúde do coração após a menopausa: conheça os cuidados nessa fase da vida 

    Saúde do coração após a menopausa: conheça os cuidados nessa fase da vida 

    A menopausa é definida pela ausência de menstruação por 12 meses consecutivos e acontece, normalmente, entre os 45 e 55 anos de idade. Nesse período da vida, o corpo passa por alterações hormonais significativas (em especial, a queda do estrogênio), que afetam o metabolismo, os ossos, o humor e, principalmente, a saúde do coração.

    De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), são a principal causa de morte entre as mulheres após a menopausa. O risco aumenta justamente porque, com a queda hormonal, o organismo perde parte da proteção natural que tinha durante a fase reprodutiva.

    Por isso, especialistas destacam a importância do acompanhamento médico regular, de exames preventivos e da adoção de hábitos saudáveis.

    Por que a menopausa aumenta o risco de doenças do coração?

    A menopausa provoca uma série de mudanças no corpo que impactam diretamente o coração. Primeiramente, o estrogênio, principal hormônio feminino, exerce um efeito protetor sobre o sistema cardiovascular. Ele ajuda a manter as artérias flexíveis, regula o colesterol e contribui para o equilíbrio da pressão arterial. Quando o hormônio diminui, o risco de desenvolver doenças do coração aumenta.

    “Com a queda do estrogênio, há piora do perfil do colesterol (aumento do LDL e redução do HDL), aumentando a aterosclerose, assim como aumento da gordura visceral, ganho de peso, resistência à insulina e rigidez dos vasos. Com isso, o risco para doenças cardiovasculares sobe”, explica Giovanni Henrique Pinto, cardiologista e cardio-oncologista do Hospital Albert Einstein.

    Vale lembrar que, muitas vezes, o impacto não acontece de imediato, mas ao longo de anos, o que torna a prevenção ainda mais importante.

    Sintomas cardíacos que merecem atenção após a menopausa

    Pode ser difícil identificar sinais de alerta para problemas cardiovasculares, uma vez que eles podem ser confundidos com os efeitos comuns da menopausa, como insônia e palpitações.

    Segundo o Giovanni Henrique Pinto, é importante não ignorar manifestações como:

    • Dor ou pressão no peito, podendo aparecer também como queimação ou dor nas costas, nos braços ou na mandíbula;
    • Falta de ar em atividades simples;
    • Palpitações frequentes;
    • Tontura ou desmaios;
    • Inchaço nas pernas;
    • Cansaço desproporcional ao esforço.

    Se os sintomas surgirem, é importante procurar atendimento médico para descartar a possibilidade de doenças cardíacas.

    Quais hábitos podem ajudar a proteger o coração na menopausa?

    O estilo de vida continua sendo a melhor forma de reduzir riscos, e mesmo em rotinas mais agitadas, incluir alguns hábitos é necessário para manter a saúde. Segundo orientações do Ministério da Saúde e do cardiologista Giovanni Henrique Pinto:

    • Praticar atividade física regularmente (150 a 300 minutos por semana de exercícios aeróbicos + treinos de força duas vezes por semana);
    • Adotar alimentação de padrão mediterrâneo ou DASH, priorizando frutas, verduras, grãos integrais, peixes e azeite, além de reduzir o consumo de sal;
    • Dormir de 7 a 9 horas por noite;
    • Controlar o estresse por meio de técnicas de relaxamento, meditação ou hobbies;
    • Não fumar e moderar o consumo de álcool;
    • Seguir corretamente o uso de medicamentos para pressão, colesterol e diabetes, quando indicados.

    Acompanhamento na menopausa é importante para proteger o coração

    Durante a menopausa, manter consultas regulares com o cardiologista permite identificar cedo alterações na pressão, no colesterol, na glicemia e até na rigidez dos vasos. Os exames cardíacos regulares nessa fase incluem:

    • Eletrocardiograma (ECG);
    • Holter (monitoramento do ritmo cardíaco por 24h);
    • Ecocardiograma;
    • MAPA (monitoramento da pressão arterial);
    • Exames laboratoriais de glicemia, hemoglobina glicada e perfil lipídico;
    • Teste ergométrico (de esforço);
    • Escore de cálcio coronário em mulheres de risco intermediário;
    • Cintilografia ou angiotomografia coronária quando há sintomas sugestivos ou risco elevado.

    Além disso, o acompanhamento não serve só para detectar doenças, mas também para discutir formas de prevenção. O médico pode orientar sobre dieta, atividade física, controle de peso e, quando necessário, prescrever medicações para equilibrar colesterol, glicemia ou pressão.

    Leia também: Por que cuidar do coração antes de uma cirurgia

    Reposição hormonal na menopausa protege o coração?

    O tratamento de reposição hormonal (TRH ou MHT) pode ser útil para aliviar sintomas moderados a graves da menopausa, como fogachos e suores noturnos. No entanto, Giovanni Henrique Pinto reforça que não deve ser usado com o objetivo de prevenir doenças cardiovasculares.

    A terapia pode ter perfil de risco mais favorável quando iniciada antes dos 60 anos ou até 10 anos após a última menstruação, especialmente pela via transdérmica (adesivo ou gel), que apresenta menor risco de trombose do que os comprimidos orais.

    Ainda assim, há contraindicações importantes: mulheres com histórico de infarto, AVC, trombose ativa, alguns tipos de câncer ou sangramentos uterinos não esclarecidos devem evitar o tratamento. A decisão deve sempre ser individualizada e tomada em conjunto com o médico.

    Perguntas frequentes sobre saúde do coração na menopausa

    1. A menopausa pode acelerar doenças já existentes?

    Sim. Condições como pressão alta, colesterol alto, diabetes e doença coronária podem se agravar mais rápido depois da menopausa se não fizer um controle rigoroso.

    2. A partir de que idade a menopausa costuma aparecer?

    A menopausa ocorre, em média, aos 51 anos. Ela é confirmada quando a mulher fica 12 meses consecutivos sem menstruar. Porém, pode acontecer mais cedo: entre 40 e 45 anos é chamada de menopausa precoce, e antes dos 40 anos recebe o nome de insuficiência ovariana prematura.

    3. Quais são os sintomas mais comuns da menopausa?

    Os principais sintomas da menopausa são:

    • Ondas de calor;
    • Suores noturnos;
    • Insônia;
    • Irritabilidade;
    • Diminuição da libido;
    • Secura vaginal;
    • Alterações do humor;
    • Dificuldade de concentração e palpitações.

    Os sinais podem começar anos antes da última menstruação e durar até 8 anos.

    4. Quais doenças cardiovasculares são mais comuns após a menopausa?

    Há um risco maior de doenças como:

    • Doença arterial coronariana (angina e infarto);
    • Pressão alta;
    • Acidente vascular cerebral (AVC);
    • Arritmias, como fibrilação atrial;
    • Insuficiência cardíaca.

    5. A menopausa causa aumento de peso? Isso afeta o coração?

    Sim. Na menopausa o metabolismo fica mais lento e o corpo gasta menos energia. Isso facilita o ganho de peso, principalmente na barriga, onde a gordura tende a se acumular.

    E é importante apontar: esse tipo de gordura libera substâncias inflamatórias que aumentam a resistência à insulina, aumentando o risco de desenvolver diabetes tipo 2. Além disso, está diretamente ligada à pressão alta e à aterosclerose — que aumentam o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC.

    6. Quais sinais diferenciam sintomas da menopausa de problemas cardíacos?

    Fogachos e palpitações podem ser sintomas da menopausa, mas quando há dor no peito, falta de ar, inchaço em pernas ou cansaço desproporcional, é preciso investigar problemas cardíacos.

    O acompanhamento médico é fundamental porque apenas exames, como eletrocardiograma e ecocardiograma, conseguem diferenciar com clareza o que é efeito hormonal e o que é sinal de doença cardiovascular.

    7. A menopausa pode causar palpitações?

    Sim. Muitas mulheres sentem o coração acelerar ou bater mais forte durante a menopausa, por causa das mudanças hormonais e das ondas de calor. Mas, se as palpitações forem frequentes e vierem junto com tontura, dor no peito ou falta de ar, é importante procurar um médico para investigar.

    8. Como diferenciar sintomas de ansiedade dos sintomas cardíacos na menopausa?

    A ansiedade pode provocar palpitações, falta de ar, aperto no peito e até sensação de desmaio — sintomas muito semelhantes aos cardíacos. A diferença é que, muitas vezes, a ansiedade aparece em situações de estresse emocional ou crises de pânico, e tende a melhorar com técnicas de respiração e relaxamento.

    Já os sintomas de origem cardíaca podem surgir de forma inesperada, durante esforços leves ou mesmo em repouso, e não desaparecem apenas com controle emocional. Destaca-se que a única forma segura de diferenciar é com avaliação médica e exames específicos.

    Confira: Tosse persistente: quando pode ser problema no coração

  • Vai operar? Veja os cuidados para quem tem pressão alta ou já infartou

    Vai operar? Veja os cuidados para quem tem pressão alta ou já infartou

    Quando surge a necessidade de uma cirurgia, seja ela simples ou complexa, uma das principais preocupações dos médicos é avaliar como está o coração do paciente. Isso acontece porque o sistema cardiovascular é diretamente impactado pelo estresse da anestesia, pelo tempo de internação e pelo processo de recuperação.

    No caso de pessoas com pressão alta ou que já passaram por um infarto, a avaliação é ainda mais importante para prevenir complicações durante e após o procedimento. Para entender melhor quais são os principais cuidados e como reduzir riscos, reunimos algumas orientações práticas a seguir!

    Por que o coração precisa de avaliação antes da cirurgia?

    Durante um procedimento cirúrgico, o organismo é afetado por algumas alterações importantes: há liberação de hormônios de estresse, variação da pressão arterial, maior demanda de oxigênio e risco de sangramentos.

    Em pacientes saudáveis e sem histórico cardíaco, isso tende a ser bem tolerado. No entanto, para quem tem hipertensão ou já passou por infarto, a situação é mais delicada, uma vez que podem desencadear complicações durante e após a cirurgia, como:

    • Picos de pressão durante o procedimento, que podem sobrecarregar o coração e os vasos sanguíneos;
    • Sangramento ou dificuldade de controle da pressão arterial;
    • Acidente vascular cerebral (AVC);
    • Infarto.

    “O estresse do procedimento cirúrgico e da anestesia pode sobrecarregar o coração, especialmente se a pessoa já tem uma condição prévia. Em um coração já fragilizado, esse aumento de demanda pode ser insuportável, levando a um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio, o que pode causar um infarto ou outras complicações”, explica Edilza Câmara Nóbrega, cardiologista formada pelo InCor-HCFMUSP.

    Já tive um infarto, posso operar?

    Ter um histórico de problemas cardíacos, como infarto, não impede a realização de uma cirurgia. No entanto, segundo Edilza, exige um planejamento mais cuidadoso e uma avaliação rigorosa.

    “Esses pacientes precisam de um acompanhamento cardiológico mais detalhado no pré-operatório. A avaliação é muito importante para entender a condição atual do coração, a gravidade do infarto anterior e o risco de um novo evento”, explica a cardiologista.

    Quem precisa obrigatoriamente passar pelo cardiologista?

    A avaliação cardiológica pré-cirúrgica é importante para todas as pessoas, independentemente do tipo de cirurgia, mas existem situações em que a consulta é ainda mais recomendada:

    • Pessoas com pressão alta diagnosticada;
    • Pacientes que já tiveram infarto ou sofreram angina;
    • Quem possui insuficiência cardíaca ou já colocou stent;
    • Portadores de arritmias ou marcapasso;
    • Pessoas com colesterol alto, diabetes ou histórico familiar forte de doenças cardíacas;
    • Pacientes com mais de 65 anos, mesmo sem diagnóstico prévio, dependendo do tipo de cirurgia.

    Sinais de alerta para ficar de olho

    Mesmo que o paciente não tenha diagnóstico confirmado, existem sintomas que servem como alerta para investigar o coração antes da cirurgia. Entre eles:

    • Dor ou aperto no peito;
    • Falta de ar em atividades leves;
    • Palpitações frequentes;
    • Inchaço nas pernas e tornozelos;
    • Cansaço extremo sem causa aparente;
    • Desmaios ou tonturas recorrentes.

    Se algum desses sinais estiver presente, a recomendação é clara: não marcar cirurgia sem antes passar pelo cardiologista.

    O que fazer se a pressão estiver descontrolada no pré-operatório?

    Se, nos dias que antecedem a cirurgia, a pressão arterial estiver muito alta, o primeiro passo é entrar em contato imediatamente com o médico. A pressão elevada aumenta de forma significativa o risco de complicações durante o procedimento, como sangramentos, arritmias, AVC ou até um novo infarto.

    Na prática, o que pode acontecer é o seguinte: se a alteração for leve, o médico pode apenas ajustar a medicação ou recomendar medidas rápidas de controle, como repouso, redução de sal na dieta e monitoramento mais frequente da pressão.

    Porém, quando os valores estão muito altos e persistem mesmo com os remédios, a recomendação pode ser adiar a cirurgia até que a pressão esteja estabilizada.

    Como controlar a pressão arterial antes da cirurgia?

    Nos dias que antecedem a operação, Edilza ressalta que é fundamental seguir rigorosamente as orientações médicas, como:

    • Não interromper o remédio de pressão alta sem orientação médica;
    • Monitorar a pressão diariamente em casa ou em farmácias;
    • Seguir uma dieta equilibrada, com pouco sal e alimentos leves;
    • Evitar álcool e cigarro;
    • Reduzir o estresse e garantir boas noites de sono.

    Se houver qualquer alteração significativa, como picos de pressão acima do habitual, o médico deve ser avisado imediatamente.

    Perguntas frequentes sobre cuidados antes da cirurgia

    1. Quanto tempo depois de um infarto é seguro fazer uma cirurgia eletiva?

    Não existe um prazo único e fixo para todos os pacientes. O tempo de espera para uma cirurgia eletiva após um infarto depende de uma avaliação médica detalhada, levando em conta diversos fatores, como condição geral do paciente e gravidade do infarto.

    2. Quais exames de coração são feitos antes da cirurgia?

    Os mais comuns são o eletrocardiograma (ECG), que registra a atividade elétrica do coração, o ecocardiograma, que mostra imagens do bombeamento do sangue e da função das válvulas cardíacas, e, em alguns casos, o teste ergométrico, que avalia como o coração responde ao esforço físico.

    Além desses, exames laboratoriais de rotina (como colesterol, glicemia e coagulação) ajudam a identificar fatores de risco que podem impactar a cirurgia. Em pacientes com histórico de infarto ou hipertensão descontrolada, o médico pode solicitar exames complementares.

    3. O que pode acontecer se a pressão estiver alta no dia da cirurgia?

    Se a pressão estiver muito elevada, o procedimento pode ser adiado. Isso acontece porque a pressão muito alta durante a cirurgia pode causar problemas sérios, como derrame ou infarto. Por isso, só o anestesista e o cardiologista podem decidir se é seguro seguir ou adiar o procedimento.

    4. O estresse emocional pode atrapalhar o coração antes da cirurgia?

    Sim, pois o estresse faz com que o corpo libere adrenalina e cortisol, hormônios que aumentam a frequência cardíaca e elevam a pressão arterial. Para quem já tem histórico de hipertensão ou infarto, isso pode ser perigoso. A ansiedade excessiva também pode provocar insônia, dificultar o controle da glicemia em diabéticos e até interferir na recuperação pós-cirúrgica.

    5. O álcool deve ser suspenso antes da cirurgia?

    Sim, especialmente em excesso. O álcool desregula a pressão arterial e interfere no funcionamento do fígado, responsável por metabolizar os anestésicos.

  • Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

    Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada

    A endometriose é uma doença que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva e, muitas vezes, impacta diretamente a qualidade de vida. Dados do Ministério da Saúde mostram que 1 a cada 10 mulheres sofre com a doença, que provoca dor intensa, cólicas que não passam com analgésicos comuns e até mesmo dificuldade para engravidar.

    Embora o tratamento clínico seja a primeira escolha, em alguns casos a cirurgia se torna necessária para aliviar sintomas e preservar a fertilidade.

    O que é a endometriose e quais são os sintomas

    A ginecologista e obstetra Andreia Sapienza explica que a endometriose acontece quando o tecido que normalmente reveste o útero, chamado endométrio, aparece em locais fora dele. Esses focos de tecido continuam respondendo aos hormônios do ciclo menstrual, o que pode gerar inflamação e dor.

    Segundo a médica, os sintomas mais comuns são cólicas menstruais intensas, dor durante a relação sexual, desconforto para urinar ou evacuar e, em alguns casos, dificuldade para engravidar. “Algumas mulheres não sentem dor, mas podem enfrentar infertilidade”, destaca Andreia.

    Quando a cirurgia de endometriose é indicada

    Em um primeiro momento, o tratamento de endometriose pode ser feito com medicamentos que bloqueiam a menstruação e estabilizam os níveis hormonais, além do uso de analgésicos e anti-inflamatórios. Mas, quando os sintomas não são controlados ou há infertilidade, o tratamento cirúrgico para endometriose é considerado.

    “A cirurgia consiste em buscar os focos de endometriose, que muitas vezes causam fibrose. Às vezes, a gente nem enxerga os focos, porque estão escondidos dentro dessas fibroses. Então, precisamos abrir essas fibroses, retirar todos os focos e limpar o local”.

    Os focos podem atingir diferentes órgãos. “Às vezes, a endometriose está no ovário, formando endometriomas (cistos com conteúdo sanguinolento), às vezes em ligamentos atrás do útero, às vezes no intestino ou na bexiga. Quando acomete o intestino, pode ser necessário operar em conjunto com o cirurgião coloproctologista para retirar o pedaço afetado”.

    Como a cirurgia de endometriose é feita

    A videolaparoscopia, método menos invasivo, é a mais utilizada. “A maioria das cirurgias de endometriose é feita por videolaparoscopia. Ela é muito mais vantajosa porque a câmera amplia o campo de visão do cirurgião, permitindo ver focos escondidos em lugares difíceis de acessar”, detalha a médica.

    “Com os instrumentos da laparoscopia, conseguimos chegar atrás do útero, perto dos ligamentos – locais comuns de lesão – com muito mais precisão do que na cirurgia aberta. Por isso, para endometriose, a cirurgia é sempre laparoscópica”.

    Em alguns casos, após a cirurgia, a menstruação pode ser bloqueada temporariamente com medicamentos que simulam uma menopausa induzida, geralmente por seis meses, para reduzir o risco de recorrência da doença.

    Recuperação e cuidados após a cirurgia de endometriose

    O pós-operatório é um momento de dúvidas para muitas pacientes, mas tende a ser bem mais simples do que em procedimentos abertos. “A recuperação da laparoscopia é sempre mais tranquila do que a da cirurgia aberta, porque não há necessidade de cicatrizar todas as camadas da parede abdominal”.

    O tempo de internação é curto. “Em geral, a alta acontece entre 24 e 48 horas. A paciente precisa manter repouso relativo por até 14 dias, não dirigir, não pegar peso, não fazer exercício físico. Depois disso, é liberada gradualmente para as atividades diárias. Normalmente, entre 7 e 14 dias já está retomando as tarefas mais simples”, conta a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza.

    Endometriose e infertilidade: por que a cirurgia pode ajudar

    Além do controle da dor, uma das razões para operar é a preservação da fertilidade. A médica explica que a endometriose pode comprometer diferentes partes do sistema reprodutor da mulher.

    “A infertilidade pode acontecer porque o foco de endometriose na tuba uterina obstrui a passagem do espermatozoide ou do óvulo, porque o ovário altera a ovulação ou porque o útero distorce o endométrio e atrapalha a implantação. Também pode ser pelo processo inflamatório crônico que altera a qualidade do ambiente reprodutivo”, detalha a especialista.

    Por isso, a cirurgia é, em muitos casos, importante para mulheres que desejam engravidar e não conseguem. A médica lembra, porém, que a busca pelas causas da infertilidade devem ir além da endometriose.

    “A investigação de infertilidade deve sempre incluir o casal, porque podem existir fatores masculinos também”.

    Perguntas frequentes sobre cirurgia de endometriose

    1. Quando a cirurgia de endometriose é indicada?

    A cirurgia é indicada quando os sintomas são intensos, não melhoram com medicamentos ou quando há comprometimento da fertilidade. Também pode ser recomendada em casos de endometriose profunda, que atinge órgãos como intestino e bexiga.

    2. Qual a diferença entre cirurgia aberta e videolaparoscopia para endometriose?

    A cirurgia aberta é mais invasiva, com cortes maiores e recuperação mais lenta. Já a videolaparoscopia é feita com pequenas incisões e câmera, e isso permite que o médico consiga visualizar melhor o local de cirurgia, uma recuperação mais rápida e um risco menor de complicações.

    3. Quanto tempo dura a recuperação da cirurgia de endometriose?

    Depende da técnica utilizada e da gravidade dos focos de endometriose retirados. Em geral, na videolaparoscopia a recuperação inicial leva de 2 a 4 semanas.

    4. A cirurgia de endometriose cura a doença definitivamente?

    Não. A cirurgia ajuda a remover os focos da endometriose e aliviar os sintomas, mas a doença pode voltar. Por isso, em muitos casos é necessário tratamento complementar com acompanhamento médico.

    5. É possível engravidar após a cirurgia de endometriose?

    Sim. Muitas mulheres conseguem engravidar após a cirurgia, especialmente quando era a endometriose que estava dificultando a fertilidade. No entanto, cada caso deve ser avaliado individualmente pelo ginecologista.

    6. Quais cuidados devo ter após a cirurgia de endometriose?

    É importante seguir as orientações médicas, evitar esforços físicos nas primeiras semanas e fazer as consultas médicas de acompanhamento. Em alguns casos, pode ser indicado tratamento hormonal para reduzir as chances de retorno da doença.

  • Tratamento para mioma uterino: opções não cirúrgicas

    Tratamento para mioma uterino: opções não cirúrgicas

    A mulher que descobre um mioma uterino em algum exame de rotina e não sabe bem o que é pode imaginar algo assustador. Mas calma: eles são tumores benignos que podem ser tratados de várias formas, e nem sempre a cirurgia é necessária.

    Para entender melhor o assunto, conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, que explicou como funcionam os tratamentos clínicos e quais as opções para quem quer evitar o centro cirúrgico.

    O que são miomas e quais sintomas causam?

    Os miomas são tumorações benignas, nódulos bem enrijecidos que são compostos de células musculares da camada muscular do útero, explica a ginecologista. “Ninguém sabe muito bem por que eles se formam, mas existe uma tendência genética, e a prevalência é maior em mulheres negras”.

    Eles podem crescer em ritmos diferentes, e isso depende da presença de receptores hormonais no mioma. “Quando têm menos receptores, costumam ficar menores”, explica a médica.

    Principais sintomas de miomas

    • Sangramento uterino anormal: fluxo menstrual mais intenso, cólicas fortes e menstruação prolongada.
    • Compressão pélvica: quando o útero cresce e pressiona órgãos vizinhos, como bexiga e intestino. Isso pode causar dor e desconforto.

    “Em casos raros, os miomas degeneram ou crescem a ponto de causar necrose. A necrose é caracterizada por muita dor, sendo uma urgência ginecológica que precisa ser resolvida rápido. Mas isso é bem menos comum”, diz a médica.

    Quando é preciso tratar?

    Apesar de serem benignos, os miomas precisam de acompanhamento médico. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo do caso.

    A cirurgia é indicada quando:

    • O sangramento é tão intenso que não melhora com tratamentos clínicos;
    • O útero está muito aumentado e comprimindo outros órgãos;
    • A dor é constante e limitante.

    Antes disso, porém, há várias formas de controle sem precisar encarar o bisturi.

    Tratamentos clínicos para miomas

    Quando a escolha é pelo tratamento não cirúrgico, o objetivo principal costuma ser controlar o sangramento.

    “A grande maioria vai ter como sintoma o aumento do sangramento genital. Então, temos algumas opções. Podemos bloquear o sangramento com contraceptivos hormonais, e há várias opções de pílulas”, explica a médica.

    • Pílula só de progesterona;
    • Pílula combinada de estrogênio e progesterona;
    • Implantes hormonais.

    O DIU hormonal nem sempre funciona bem. “O DIU é menos indicado, porque muitas vezes o mioma altera a cavidade interna do útero, e o dispositivo pode não ficar bem colocado”, comenta a especialista.

    Outro ponto é tratar a anemia causada pelo excesso de sangramento. Mas isso só resolve se o fluxo for controlado. “É preciso ‘fechar a torneirinha’. Nunca vamos conseguir manter a hemoglobina e o ferro bons se a mulher não parar de sangrar”.

    Além disso, quando há dor associada, entram em cena analgésicos e estratégias de controle. Se o quadro avança, a cirurgia passa a ser discutida.

    Embolização: uma alternativa menos invasiva

    Existe também a chamada embolização dos miomas, um procedimento realizado por um radiologista intervencionista.

    “O médico entra por um vaso da perna (artéria femoral) e vai até a artéria uterina e faz a embolização, ou seja, fecha o vaso que nutre o mioma”, explica a ginecologista.

    Sem sangue, o mioma tende a reduzir ou até desaparecer. É uma boa opção para quem não quer cirurgia, mas há ressalvas:

    • Nem todos os miomas respondem bem;
    • Existe risco de necrose uterina, o que pode levar à necessidade de retirar o útero, ou seja, não é uma opção boa para quem quer engravidar.

    E a fertilidade de quem tem mioma, como fica?

    Miomas podem ou não atrapalhar uma gravidez, e isso depende do tamanho e da localização deles. “Se distorcem internamente o endométrio, atrapalham a implantação do embrião. Alguns ficam perto das tubas uterinas e podem obstruir a passagem do espermatozoide”, explica a médica.

    Há três tipos de miomas, sendo que cada um pode causar um impacto:

    • Submucosos: mais problemáticos, aumentam o sangramento e podem dificultar a gravidez. Eles ficam na parte interna do útero;
    • Intramurais: o impacto varia conforme o tamanho. Miomas muito grandes podem causar problemas. Eles se localizam na parede muscular do útero;
    • Subserosos: crescem para fora do útero, costumam dar menos sintomas e raramente prejudicam a fertilidade.

    O tratamento para mioma uterino vai muito além da cirurgia. Há opções de medicamentos, implantes hormonais, embolização e até estratégias combinadas para controlar sangramento e dor. O mais importante é conversar com um ginecologista e avaliar qual é a melhor alternativa para cada caso.

    Perguntas Frequentes sobre mioma uterino e tratamentos

    1. Mioma sempre precisa de cirurgia?

    Não. Muitos casos podem ser controlados com tratamento clínico, como anticoncepcionais hormonais ou embolização.

    2. O DIU pode ser usado em quem tem mioma?

    Depende. Se o mioma alterar muito a cavidade uterina, o DIU pode não se fixar corretamente.

    3. Miomas podem virar câncer?

    Não. São tumores benignos. Em raríssimos casos, podem sofrer degeneração, mas não se transformam em câncer.

    4. A embolização substitui a cirurgia?

    Para algumas mulheres, sim. Mas há risco de complicações e não é indicada para quem deseja engravidar.

    5. O mioma sempre causa sintomas?

    Não. Alguns passam despercebidos e só são descobertos em exames de rotina.

    6. Quem tem mioma pode engravidar?

    Pode, apenas em alguns casos os miomas podem dificultar a gestação, dependendo do tamanho e da localização.

    7. O mioma pode voltar depois do tratamento clínico?

    Sim. Enquanto o útero for preservado, novos miomas podem aparecer.

  • Reposição hormonal na menopausa: benefícios e riscos

    Reposição hormonal na menopausa: benefícios e riscos

    A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, mas que pode causar desconfortos como ondas de calor, insônia e alterações de humor. Para aliviar esses sintomas, muitas mulheres consideram a terapia de reposição hormonal. Mas será que toda mulher pode fazer?

    Neste artigo, você vai entender o que realmente acontece no corpo durante a menopausa, os principais sintomas, os riscos e benefícios da reposição hormonal e os cuidados necessários para tomar uma decisão segura.

    O que é reposição hormonal na menopausa

    A reposição hormonal é um tratamento indicado para aliviar os sintomas da menopausa, fase marcada pela queda na produção dos hormônios femininos, principalmente o estrogênio. Essa redução pode trazer sintomas físicos e emocionais que afetam profundamente a qualidade de vida de cada mulher.

    De acordo com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, o tratamento deve sempre ser tratado caso a caso. “A reposição não é para todas as mulheres. É preciso avaliar os riscos, os benefícios e o histórico de saúde de cada paciente antes de indicar o uso dos hormônios”, explica.

    A mulher que está com sintomas pode, inclusive, começar a reposição hormonal na perimenopausa, período antes da menopausa. “O ideal é iniciar até 10 anos depois da menopausa, o que chamamos de janela de oportunidade”.

    E não há idade fixa para parar o tratamento. “Avaliamos ano a ano. Se a mulher não sente mais sintomas ou deseja parar, pode testar. Se ela ainda se beneficia, por exemplo, no controle da osteoporose, pode continuar sem data limite”, diz a médica.

    Sintomas da menopausa que podem indicar reposição hormonal

    Os sintomas da menopausa vão muito além das famosas ondas de calor, que atingem até 80% das mulheres. É comum que elas também apresentem alterações no sono, irritabilidade, fadiga, palpitações e mudanças no metabolismo.

    A ginecologista explica que as mulheres têm receptores de estrogênio no corpo todo, mas principalmente no cérebro, e é lá que estarão os maiores efeitos da queda hormonal.

    “As ondas de calor, por exemplo, acontecem porque o ‘termostato’ cerebral perde a regulação normal, e pequenas variações de temperatura, que não deveriam ser sentidas, são interpretadas como se fossem grandes mudanças, causando suor e sensação de calor intenso”, explica.

    Outro sintoma importante é a chamada síndrome geniturinária da menopausa. “Muitas mulheres relatam ressecamento vaginal, dor nas relações sexuais, infecções urinárias de repetição e urgência para urinar. Esses sintomas podem ser bastante incapacitantes e, muitas vezes, são subestimados”, reforça a especialista.

    Como funciona a reposição hormonal

    A reposição hormonal pode ser feita de diferentes maneiras, e a escolha depende tanto dos sintomas quanto do perfil de saúde da mulher.

    “Se a mulher tem útero, não posso dar o hormônio estradiol sozinho, porque ele estimula o endométrio e pode levar a hiperplasia ou até câncer. Por isso, junto com o estrogênio, é necessário repor também progesterona, que protege o endométrio”, conta a médica. Já mulheres sem útero precisam apenas do estrogênio.

    A via oral é prática, mas pode causar efeitos colaterais por passar pelo fígado. Já a via transdérmica (adesivos, géis, sprays) é considerada mais segura. Para sintomas genitais e urinários, pode-se usar estradiol local (via vaginal).

    Benefícios da reposição hormonal

    • Redução das ondas de calor e suor noturno;
    • Melhora do sono e da disposição;
    • Redução da irritabilidade e melhora do humor;
    • Prevenção e tratamento da síndrome geniturinária;
    • Risco menor de osteoporose.

    Riscos da reposição hormonal

    Apesar dos benefícios, a reposição não é indicada para todas. É contraindicada em casos de:

    • Histórico de trombose;
    • Hipertensão ou diabetes descontrolados;
    • Câncer de mama ou histórico familiar de primeiro grau.

    Acompanhamento e individualização do tratamento

    Não existe uma fórmula única. O acompanhamento médico anual é essencial, com exames como a mamografia, para garantir a segurança do tratamento.

    Perguntas frequentes sobre reposição hormonal na menopausa

    1. Toda mulher na menopausa precisa fazer reposição hormonal?

    Não. A indicação depende dos sintomas, do histórico de saúde e da avaliação médica individual.

    2. A reposição engorda?

    Não. O ganho de peso está mais ligado à menopausa em si, que reduz o metabolismo e altera a distribuição de gordura.

    3. Quem já teve câncer de mama pode fazer reposição?

    Geralmente, não. Nestes casos, médicos buscam alternativas não hormonais.

    4. A reposição hormonal ajuda a prevenir osteoporose?

    Sim. O estrogênio protege os ossos e reduz o risco de fraturas.

    5. Existe tempo limite para usar a reposição?

    Não há prazo fixo, mas deve ser reavaliado anualmente.

    6. A reposição pode melhorar sintomas emocionais?

    Sim. Muitas mulheres relatam melhora no sono, no humor e na disposição.

  • Wegovy e Ozempic: como funcionam para perda de peso

    Wegovy e Ozempic: como funcionam para perda de peso

    Nos últimos anos, os remédios Ozempic e Wegovy ganharam as manchetes e as redes sociais por um motivo: a promessa de ajudar na perda de peso. Desenvolvidos originalmente para tratar diabetes tipo 2, esses remédios à base de semaglutida vêm sendo cada vez mais usados por quem busca emagrecer com apoio médico.

    Mas, afinal, o que eles têm de tão especial? Qual a diferença entre Ozempic e Wegovy? Funcionam mesmo? E será que todo mundo pode usar?

    O que são Wegovy e Ozempic

    Tanto Wegovy quanto Ozempic têm como princípio ativo a semaglutida, um medicamento que imita o hormônio GLP-1, naturalmente produzido pelo nosso corpo. “Essa substância atua regulando os níveis de açúcar no sangue e também o apetite”, explica a cardiologista Juliana Soares, que integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein.

    Quando a glicose (açúcar) no sangue está alta, a semaglutida estimula a liberação de insulina (hormônio que ajuda a reduzir a glicose) e inibe a produção de glucagon (hormônio que aumenta a glicose). Além disso, ela age em áreas do cérebro que controlam fome e saciedade, fazendo com que a pessoa se sinta satisfeita com pequenas porções. Também retarda o esvaziamento do estômago, prolongando a saciedade.

    A diferença entre eles está na indicação:

    • Ozempic: aprovado para tratar diabetes tipo 2.
    • Wegovy: aprovado para tratar sobrepeso e obesidade, junto com dieta e exercícios.

    Como esses medicamentos ajudam a emagrecer

    Agem no cérebro e no apetite

    Segundo a cardiologista, a semaglutida atua no cérebro, especialmente no hipotálamo e no tronco cerebral, que controlam a fome e a saciedade. Isso reduz a vontade de comer, especialmente alimentos ricos em gordura e açúcar.

    Têm efeito no esvaziamento do estômago

    Ela também retarda o esvaziamento do estômago, o que prolonga a sensação de saciedade após as refeições.

    Qual a diferença entre Wegovy e Ozempic

    Embora tenham o mesmo princípio ativo, as dosagens são diferentes. Wegovy contém doses maiores de semaglutida e é aprovado especificamente para o tratamento da obesidade.

    Já Ozempic, mesmo sendo usado por muitos para emagrecer, ainda é aprovado apenas para o tratamento do diabetes tipo 2 no Brasil.

    Quem pode usar Wegovy ou Ozempic para emagrecer

    Esses medicamentos não são para todo mundo. São indicados principalmente para:

    • Pessoas com IMC acima de 30, que indica obesidade;
    • Ou com IMC acima de 27 e doenças associadas (como pressão alta, apneia do sono ou colesterol alto)

    É sempre o médico quem deve avaliar os riscos e benefícios antes de indicar o uso.

    Apesar de o princípio ativo ser o mesmo para Ozempic e Wegovy, os critérios estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são diferentes.

    “O Ozempic é aprovado para o tratamento do diabetes tipo 2, indicado nos casos em que não é possível controlar os níveis de açúcar no sangue apenas com dieta e atividade física, quando o uso de outros remédios para diabetes não estão sendo suficientes para o controle a doença ou quando outras medicações para o diabetes são mal toleradas ou contraindicadas”, detalha a médica.

    “O emagrecimento, com o uso do Ozempic é um efeito adicional, não o objetivo principal”.

    No caso do Wegovy, explica ela, os critérios para indicação são o sobrepeso, quando o índice de massa corpórea (IMC) está entre 27 kg/m² e 30 kg/m² e o paciente apresenta pelo menos uma outra doença relacionada ao excesso de peso. “Diabetes, pressão alta, alteração de colesterol, apneia do sono, doenças cardiovasculares, ou adultos com obesidade (IMC acima de 30 kg/m²), por exemplo”, explica a especialista. “A perda de peso é a principal indicação do Wegovy e ele deve ser usado juntamente com dieta e prática regular de atividade física”.

    Efeitos colaterais mais comuns

    Como qualquer medicamento, Ozempic e Wegovy podem causar efeitos colaterais. Por conta do mecanismo de ação, a maioria desses efeitos atinge o sistema digestivo, especialmente no início ou quando a dose aumenta. Os mais comuns são:

    • Enjoos;
    • Vômitos;
    • Diarreia;
    • Prisão de ventre;
    • Dor de cabeça.

    A médica recomenda refeições menores e mais frequentes, mastigar bem, evitar comidas gordurosas e manter boa hidratação. “Outro ponto importante é evitar perda excessiva de massa muscular com a ingestão adequada de proteínas, além de treino de força, como musculação, e exercícios de resistência, como pilates e calistenia”.

    Resultados: quanto peso é possível perder?

    “A perda de peso vai variar conforme cada pessoa e também vai estar relacionada com o estilo de vida adotado com alimentação adequada e prática regular de atividade física”, diz a médica.

    Ela conta que os estudos mostram que o Wegovy pode levar à perda média de 15% do peso inicial, enquanto o Ozempic costuma gerar cerca de 7%.

    Wegovy e Ozempic substituem dieta e exercício?

    Não. Esses medicamentos são uma ferramenta a mais no tratamento da obesidade. Sem mudanças no estilo de vida, os resultados são limitados.

    A boa notícia é que, ao controlar o apetite, eles podem ajudar as pessoas a adotarem uma rotina mais saudável com mais facilidade.

    Posso usar Ozempic ou Wegovy por conta própria?

    A resposta é não. “A semaglutida exige supervisão rigorosa para que o tratamento seja seguro e eficaz”, afirma Juliana Soares.

    Os riscos incluem pancreatite, pedras na vesícula, complicações em cirurgias (por retardar o esvaziamento do estômago) e contraindicações específicas, como histórico de carcinoma medular de tireoide ou síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2.

    Por isso, é muito importante só usar o remédio com indicação médica.

    Perguntas frequentes sobre Wegovy e Ozempic

    1. Ozempic e Wegovy são a mesma coisa?

    Não exatamente. Os dois são feitos com semaglutida, mas Wegovy tem doses maiores e é aprovado para emagrecimento.

    2. Posso usar Ozempic para emagrecer mesmo sem diabetes?

    Somente com prescrição médica e se houver indicação clínica, como obesidade ou sobrepeso com doenças associadas.

    3. Quanto tempo leva para começar a emagrecer com Ozempic?

    Muitas pessoas notam perda de peso nas primeiras semanas, mas os resultados variam de pessoa para pessoa.

    4. O uso desses remédios é para sempre?

    Não necessariamente. O tempo de uso depende da resposta da pessoa ao remédio e da orientação médica.

    5. Os efeitos colaterais desaparecem?

    Na maioria dos casos, sim. O corpo costuma se adaptar ao Ozempic ou Wegovy após algumas semanas.

    6. É verdade que o medicamento pode causar flacidez?

    A flacidez é consequência comum de perda de peso rápida, não do remédio em si. Pode acontecer com ou sem semaglutida.

    7. Pode causar perda de massa muscular?

    Sim, se a pessoa não ingerir proteínas e fizer exercícios de força adequadamente.

  • Ozempic protege o coração? Veja como a semaglutida age

    Ozempic protege o coração? Veja como a semaglutida age

    Remédio da moda, o Ozempic (semaglutida) foi originalmente desenvolvido para tratar diabetes tipo 2 e atualmente é muito prescrito pelos médicos para ajudar as pessoas a perderem peso. Além da fama de emagrecedor, porém, há um detalhe que merece atenção: esse remédio também pode também proteger o coração.

    O que é o Ozempic (semaglutida)

    O Ozempic e o Wegovy são remédios que têm como princípio ativo a semaglutida, e fazem parte de um grupo chamado agonistas do GLP-1. O GLP-1 é um hormônio que nosso corpo produz naturalmente e que ajuda a controlar o açúcar no sangue.

    Quando os níveis de açúcar estão altos, ele manda um recado para o pâncreas liberar insulina, aquele hormônio que coloca a glicose dentro das células para virar energia.

    Ao mesmo tempo, reduz a ação do glucagon, um hormônio que libera glicose do fígado para o sangue. Como se não bastasse, o GLP-1 também ajuda no cérebro para diminuir o apetite e retardar o esvaziamento do estômago, evitando picos de glicose.

    Como o Ozempic pode proteger o coração

    Segundo a cardiologista Juliana Soares, que integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein, os agonistas do GLP-1 podem reduzir o risco de eventos cardiovasculares como infarto e AVC e até morte por causas cardiovasculares.

    “A ação no controle dos níveis de açúcar e no peso são, por si, fatores protetores e que reduzem o risco cardiovascular”, conta a médica.

    “Isso acontece por meio da melhora metabólica, da diminuição dos níveis de colesterol e do controle mais efetivo da pressão arterial. Além disso, os estudos mostram que essas medicações melhoram a função da camada interna dos vasos sanguíneos (conhecida por endotélio) e podem diminuir a inflamação vascular, tendo um efeito protetor no sistema cardiovascular”.

    Diabetes e risco cardíaco: qual a relação?

    Infelizmente, quem tem diabetes carrega um risco maior de desenvolver doenças do coração. “Os níveis de açúcar elevados promovem danos ao organismo, como acúmulo de gordura e formação de placas nas artérias”, explica a médica.

    Além disso, o diabetes altera os vasos sanguíneos, piora a pressão arterial e pode desregular o colesterol. “Essas alterações contribuem para o aumento do risco de condições como infarto e AVC”, conta a especialista.

    Semaglutida é para todo tipo de problema do coração?

    Não. “A semaglutida não foi desenvolvida para tratar doenças cardíacas diretamente”, lembra Juliana Soares. O principal alvo sempre foi o controle do diabetes tipo 2 e, posteriormente, a perda de peso.

    Saiba Mais: Wegovy e Ozempic: como funcionam para perda de peso

    Ela explica, porém, que os estudos mostram benefícios importantes em quem tem insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada, uma condição em que o coração até contrai normalmente, mas não consegue bombear o sangue de forma eficiente.

    “O impacto nesta condição vem da perda de peso, do aumento da capacidade física e de exercícios e reduçao nos sintomas”.

    Perguntas frequentes sobre Ozempic e o coração

    1. O Ozempic é só para diabetes?

    Não. Ele foi criado para tratar o diabetes tipo 2, depois foi aprovado também para perda de peso (Wegovy) e descobriu-se que a melhora metabólica causada pelo remédio pode trazer benefícios cardiovasculares.

    2. Posso usar Ozempic só para proteger o coração?

    Não, ele não é indicado como tratamento exclusivo para o coração.

    3. O Ozempic ajuda a prevenir infarto?

    Estudos mostram redução no risco de infarto e AVC em pessoas com diabetes tipo 2 e alto risco cardiovascular.

    4. O Ozempic ajuda na pressão alta?

    Indiretamente, sim. Ao melhorar o peso e o metabolismo, também pode contribuir para o controle da pressão.

    5. O Ozempic emagrece mesmo?

    Sim, um dos efeitos é a redução do apetite e, consequentemente, da ingestão calórica.

    6. A semaglutida tem efeitos colaterais?

    Sim. Náuseas, vômitos e diarreia são os efeitos colaterais mais comuns, principalmente quando se começa a usar o remédio.

    7. Existe diferença entre Ozempic e Wegovy em relação ao coração?

    Os dois têm o mesmo princípio ativo (semaglutida), mas indicações diferentes. Ozempic é indicado para diabetes tipo 2, e Wegovy para perda de peso. A ação cardiovascular está sendo estudada nos dois.