Categoria: Doenças & Condições

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  • Câncer ocupacional: o que é e quais as profissões de risco? 

    Câncer ocupacional: o que é e quais as profissões de risco? 

    Todos os dias, ambientes com poeira, fumaça, radiação, solventes e agrotóxicos expõem milhões de pessoas a agentes cancerígenos — muitas vezes sem que elas saibam. E o risco não está apenas em fábricas ou hospitais, mas em locais comuns como oficinas, salões de beleza, fazendas e até escritórios.

    O câncer ocupacional é aquele causado direta ou indiretamente pela exposição a substâncias, partículas ou radiações presentes no ambiente de trabalho. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), pelo menos 19 tipos de tumor estão associados ao trabalho — entre eles os de pulmão, pele, fígado, bexiga, mama e leucemias.

    Mas afinal, como reduzir o risco? Conversamos com o oncologista Thiago Chadid e apontamos as profissões de maior risco para câncer e as medidas de proteção.

    O que é o câncer ocupacional?

    O câncer ocupacional ocorre quando o corpo é exposto repetidamente a agentes cancerígenos (químicos, físicos ou biológicos) presentes no ambiente de trabalho. As substâncias podem entrar no organismo pela inalação, ingestão ou contato com a pele, e ao longo do tempo provocam mutações nas células, levando ao desenvolvimento de tumores.

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe nível seguro de exposição a agentes cancerígenos. Mesmo pequenas doses, acumuladas durante anos, podem ser suficientes para causar danos. O problema é que o efeito costuma ser silencioso: muitas vezes, o câncer só aparece 10 a 20 anos depois da exposição.

    Quais agentes podem causar câncer no trabalho?

    Segundo a OMS e o INCA, os principais grupos de agentes relacionados ao câncer ocupacional incluem:

    • Metais pesados: chumbo, cádmio, arsênico, níquel, mercúrio;
    • Amianto (asbesto): usado em telhas, caixas d’água e isolantes térmicos, associado ao mesotelioma e ao câncer de pulmão;
    • Agrotóxicos e pesticidas: amplamente utilizados na agricultura;
    • Solventes e derivados do petróleo: como benzeno, tolueno e formaldeído;
    • Radiações: ionizante (raios X, gama) e não ionizante (UV solar);
    • Poeiras minerais: sílica e carvão;
    • Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos: presentes na fumaça de combustão e no asfalto.

    Câncer ocupacional: quais profissões apresentam maior risco?

    Construção civil

    Pedreiros, carpinteiros, soldadores e pintores enfrentam grande vulnerabilidade devido ao contato com sílica, cimento, poeira de amianto (asbesto) e solventes químicos. Inclusive, antigamente, o amianto era amplamente utilizado em construções, mas foi proibido no Brasil desde 2017 por ser altamente tóxico.

    De acordo com o oncologista Thiago Chadid, quando inalado, o amianto se deposita nos pulmões e pode causar mesotelioma, um câncer agressivo da pleura, além de tumores pulmonares.

    Na construção civil, além do amianto, há poeiras com sílica e outros componentes presentes no cimento. É um ambiente muito carregado de partículas, e por isso essa é uma das principais áreas de risco, complementa Thiago.

    Indústria química e petroquímica

    Os profissionais de refinarias e indústrias de tinta, borracha e plásticos estão frequentemente expostos a benzeno, tolueno e formaldeído. Os compostos elevam o risco de leucemia, linfoma não Hodgkin e câncer de bexiga. O benzeno, em especial, é um dos carcinogênicos mais conhecidos, capaz de afetar a medula óssea e provocar cânceres hematológicos.

    Agricultura e pecuária

    O uso de agrotóxicos e pesticidas representa uma das maiores ameaças à saúde no ambiente rural. Muitos dos produtos contêm compostos orgânicos persistentes, como o DDT, que permanecem por longos períodos no organismo e se acumulam nos tecidos.

    A exposição contínua pode causar alterações genéticas e favorecer o desenvolvimento de câncer de pulmão, fígado, intestino e do sistema linfático.

    Ah, e a contaminação não ocorre apenas por contato direto! Ela pode acontecer pela inalação de partículas suspensas no ar, pela absorção através da pele durante a manipulação dos produtos, ou ainda pela ingestão de água e alimentos contaminados.

    Trabalhadores rurais, aplicadores de pesticidas e até populações vizinhas a áreas agrícolas estão entre os grupos mais vulneráveis, especialmente quando há falhas no uso de equipamentos de proteção e na fiscalização ambiental.

    Profissionais da saúde e de laboratório

    Profissionais como enfermeiros, farmacêuticos, patologistas e técnicos de laboratório lidam com formol e medicamentos quimioterápicos (antineoplásicos), substâncias reconhecidas como carcinogênicas. A exposição constante pode levar ao surgimento de câncer de bexiga, leucemia e linfoma — especialmente em locais sem ventilação adequada ou sem uso de equipamentos de proteção individual (EPIs).

    Setor de transporte

    A fumaça do diesel, que contém hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, partículas metálicas e óxidos tóxicos, coloca os motoristas de caminhão, ônibus e ambulâncias como um dos grupos de risco para o desenvolvimento de tumores malignos.

    De acordo com o INCA, a inalação crônica dos gases emitidos pelos motores a diesel aumenta o risco de câncer de pulmão, leucemia e doenças cardiovasculares

    Aviação

    Na aviação, pilotos e comissários de bordo enfrentam maior risco de câncer devido à exposição contínua à radiação cósmica, que é mais intensa em grandes altitudes por causa da menor filtragem solar, conforme explica Thiago Chadid. A radiação penetra a cabine das aeronaves e, com o tempo, pode provocar danos celulares.

    Estudos científicos apontam maior incidência de câncer de pele, tanto melanoma quanto não melanoma, e de câncer de mama entre tripulantes, além de possíveis impactos no sistema imunológico e reprodutivo. Outros cânceres, como o gastrointestinal, também são associados a essa profissão.

    Beleza e estética

    De acordo com o INCA, cabeleireiros, manicures e profissionais de estética lidam diariamente com tintas, alisantes, solventes, formol e aminas aromáticas, produtos ricos em compostos químicos potencialmente cancerígenos. A manipulação frequente dessas substâncias, muitas vezes em ambientes pouco ventilados, eleva o risco de câncer de bexiga, linfoma e tumores mamários.

    Além da exposição respiratória, o contato direto com a pele e o couro cabeludo pode facilitar a absorção de agentes tóxicos. Por isso, durante os procedimentos, é fundamental o uso de luvas, máscaras e ventilação adequada, para evitar o impacto acumulativo ao longo dos anos.

    Profissionais expostos ao sol

    A exposição prolongada à radiação ultravioleta (UV), principalmente sem o uso de protetor solar, chapéus ou roupas de mangas compridas, aumenta significativamente a probabilidade de alterações celulares na pele.

    Assim, trabalhadores rurais, carteiros, pescadores, guardas de trânsito e salva-vidas compõem um grupo de risco elevado para câncer de pele, o tipo de tumor mais comum no Brasil e no mundo.

    Operadores de pavimentadora

    Os trabalhadores que lidam com asfalto também estão expostos a produtos petroquímicos tóxicos, o que eleva o risco de câncer de bexiga e outros tumores, explica Thiago. Durante o aquecimento e manuseio do material, o asfalto libera compostos voláteis como benzeno e formaldeído, substâncias reconhecidamente cancerígenas.

    Os vapores são absorvidos principalmente por inalação, mas também podem entrar no organismo por meio da deglutição de partículas contaminadas. No corpo, sofrem metabolização e geram subprodutos irritantes que são eliminados pela urina, o que explica a associação direta com tumores do trato urinário.

    Quais tipos de câncer estão ligados ao trabalho?

    De acordo com a Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho e ao Ambiente, do INCA, pelo menos 19 tipos de câncer possuem ligação comprovada com a ocupação profissional:

    Tipo de câncer Agentes relacionados Profissões de risco
    Pulmão Amianto, sílica, benzeno, diesel Pedreiros, soldadores, motoristas
    Pele Radiação solar, óleos minerais, arsênico Trabalhadores rurais, carteiros, salva-vidas
    Fígado Cloreto de vinila, agrotóxicos Mecânicos, trabalhadores rurais
    Bexiga Aminas aromáticas, solventes, formaldeído Cabeleireiros, pintores, tecelões
    Mama Trabalho noturno, agrotóxicos, radiação cósmica Enfermeiros, comissários de bordo
    Leucemia Benzeno, solventes, radiação Profissionais da indústria química, laboratoristas
    Linfoma Agrotóxicos, solventes orgânicos Agricultores, motoristas
    Laringe Poeira de madeira, formaldeído Carpinteiros, mecânicos
    Mesotelioma Amianto Trabalhadores de construção e indústria nadal

    Como identificar o câncer ocupacional?

    A identificação do câncer ocupacional exige uma avaliação médica completa, que inclui histórico clínico e ocupacional detalhado, análise das possíveis exposições a agentes cancerígenos, exame físico e testes complementares, como exames de imagem e laboratoriais.

    O médico deve investigar a trajetória profissional do paciente (como função exercida, tempo de exposição e produtos manuseados) para estabelecer a relação entre o trabalho e o tipo de tumor. Em alguns casos, o processo também envolve estudo das condições do local de trabalho para confirmar a origem do contato com substâncias nocivas.

    O médico também pode realizar exames físicos e solicitar testes, como exames de sangue para verificar alterações em células de defesa e exames de imagem (radiografia, tomografia, ressonância magnética) para identificar tumores.

    Leia mais: Recidiva do câncer: por que ele pode voltar após o tratamento?

    Como prevenir o câncer ocupacional?

    Quanto às medidas de prevenção, deve-se avaliar o risco ocupacional de cada ambiente de trabalho e adotar equipamentos de proteção compatíveis com a exposição, de acordo com Thiago. O ideal seria eliminar substâncias perigosas dos processos produtivos, substituindo-as por alternativas menos tóxicas.

    Como isso nem sempre é viável, é fundamental adotar alguns cuidados no dia a dia, como:

    • Usar sempre os equipamentos de proteção individual (EPIs) indicados para cada função, como máscaras, luvas, óculos e vestimentas adequadas;
    • Garantir ventilação adequada nos ambientes de trabalho fechados, especialmente onde há manipulação de produtos químicos;
    • Aplicar protetor solar e reforçar a hidratação em atividades ao ar livre;
    • Evitar a exposição prolongada: quando a substituição não é viável, é necessário limitar o tempo de contato, melhorar a ventilação dos ambientes, monitorar a qualidade do ar e utilizar EPIs adequados, como máscaras, luvas e aventais;
    • Participar de treinamentos de segurança e campanhas de conscientização oferecidas pelas empresas;
    • Realizar exames médicos periódicos para detectar precocemente alterações respiratórias, dermatológicas ou neurológicas.

    Sobre o tabagismo passivo, Thiago explica que as leis antifumo reduziram de forma significativa a exposição em locais fechados, o que diminuiu o número de casos de câncer relacionados à fumaça de cigarro.

    Antes, era comum fumar em restaurantes, escritórios e até aviões. Hoje, o hábito é restrito a áreas específicas, representando um grande avanço na prevenção de doenças ocupacionais e na proteção coletiva da saúde.

    Confira: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

    Perguntas frequentes sobre câncer ocupacional

    1. O câncer ocupacional tem sintomas diferentes dos outros tipos?

    Os sintomas são semelhantes aos de qualquer outro câncer, mas podem aparecer de forma mais lenta. O que muda é o fator de origem, ligado à atividade profissional.

    Sintomas como tosse crônica, falta de ar, manchas ou feridas na pele, perda de peso, fadiga e sangramentos anormais exigem atenção médica, especialmente em quem atua em ambientes com exposição química ou física constante.

    2. Por que é tão difícil reconhecer o câncer como ocupacional?

    Porque os sintomas podem aparecer muitos anos depois da exposição. Além disso, a maioria dos pacientes não informa sua ocupação durante o atendimento, e muitos médicos não fazem essa pergunta. Sem o histórico profissional, o câncer acaba sendo classificado apenas como “espontâneo” e não relacionado ao trabalho.

    3. O câncer ocupacional é reconhecido pela Previdência Social?

    Sim, o câncer pode ser classificado como doença ocupacional quando comprovada a relação entre o tumor e a exposição a agentes carcinogênicos no trabalho. Nesses casos, o trabalhador tem direito a benefícios previdenciários, como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.

    4. O câncer ocupacional é contagioso?

    Não, o câncer ocupacional, assim como os demais tipos, não é transmissível. Ele ocorre por alterações genéticas nas células causadas por substâncias químicas, físicas ou biológicas às quais o indivíduo foi exposto no ambiente de trabalho.

    5. É possível se curar do câncer ocupacional?

    Sim, especialmente quando o diagnóstico é precoce. As opções de tratamento são as mesmas utilizadas para outros tipos de câncer — cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. A diferença está na necessidade de afastamento do ambiente contaminado e na vigilância contínua para evitar nova exposição.

    6. Existe risco de câncer ocupacional em quem trabalha em escritório?

    Mesmo quem trabalha em escritório pode estar exposto a fatores de risco indiretos, como radiação de equipamentos eletrônicos antigos, limpeza com produtos tóxicos, ventilação inadequada e tabagismo passivo em locais sem fiscalização. Apesar do risco ser menor, ambientes fechados e mal ventilados favorecem o acúmulo de substâncias químicas no ar.

    Leia também: 7 sintomas iniciais de câncer que não devem ser ignorados

  • Pancreatite aguda: quando o pâncreas inflama e exige atenção imediata

    Pancreatite aguda: quando o pâncreas inflama e exige atenção imediata

    A dor começa de repente, geralmente forte, na parte superior do abdome. Muitas vezes, irradia para as costas e vem acompanhada de enjoo e vômitos. Esses podem ser os primeiros sinais de uma pancreatite aguda, uma inflamação no pâncreas que exige atendimento médico imediato.

    Apesar de parecer um problema raro, a doença é mais comum do que se imagina e pode ter causas simples, como o consumo de álcool em excesso ou pedras na vesícula. Quando identificada logo no início, costuma ter boa recuperação. Mas se o diagnóstico demora, pode evoluir para quadros graves e até colocar a vida em risco.

    O que é pancreatite aguda

    A pancreatite aguda é uma inflamação repentina do pâncreas, uma glândula que fica atrás do estômago e tem duas funções essenciais: produzir enzimas que ajudam na digestão e hormônios como a insulina, que controlam o açúcar no sangue.

    Quando o pâncreas inflama, ele pode afetar outros órgãos e causar sintomas intensos. A doença pode surgir de forma leve e se resolver em poucos dias com repouso e tratamento, mas pode evoluir para quadros graves, que exigem internação em UTI e, em alguns casos, cirurgia.

    Causas mais comuns da pancreatite aguda

    A inflamação pode ter várias origens, mas as causas mais frequentes são:

    • Pedras na vesícula: quando pequenos cálculos saem da vesícula e bloqueiam o canal por onde passam as enzimas do pâncreas;
    • Consumo excessivo de álcool: muito comum em homens jovens, o álcool pode agredir as células pancreáticas;
    • Triglicérides muito altos: quando os níveis passam de 1.000 mg/dL, aumentam o risco de inflamação;
    • Certos medicamentos: alguns remédios podem causar irritação no pâncreas como efeito colateral;
    • Cálcio elevado no sangue: em casos raros, o excesso de cálcio pode causar depósitos no pâncreas;
    • Infecções virais ou bacterianas;
    • Exames endoscópicos (como a CPRE): usados para examinar a bile e o pâncreas, podem causar pancreatite em até 7% dos casos;
    • Tumores, especialmente em pessoas com mais de 40 anos;
    • Doenças autoimunes: quando o sistema de defesa do corpo ataca as células do pâncreas.

    Como acontece a inflamação

    Em condições normais, o pâncreas produz enzimas digestivas que só são ativadas quando chegam ao intestino. Na pancreatite, essas enzimas se ativam dentro do próprio pâncreas, o que faz com que o órgão comece a se “auto-digerir”.

    Essa agressão provoca dor e inflamação local e, em casos mais graves, as substâncias inflamatórias podem se espalhar pelo corpo e atingir outros órgãos como pulmões, rins e coração, o que torna o quadro mais perigoso.

    Sintomas da pancreatite aguda

    Os sintomas costumam aparecer de forma repentina e podem variar em intensidade:

    • Dor forte na parte superior do abdome, que pode irradiar para as costas;
    • Náuseas e vômitos;
    • Abdome inchado e sensível;
    • Febre e fraqueza;
    • Em casos graves: queda de pressão, falta de ar, confusão mental e pele amarelada (icterícia).

    A dor costuma melhorar um pouco quando a pessoa se inclina para frente. Mesmo assim, é um sinal de alerta que precisa de avaliação médica imediata.

    Como é feito o diagnóstico

    O médico faz uma avaliação completa que inclui:

    • Histórico clínico e exame físico, em que o especialista observa o abdome e outros sinais no corpo;
    • Exames de sangue, como amilase e lipase, que ficam muito elevadas na pancreatite;
    • Exames de imagem, como ultrassonografia ou tomografia, que ajudam a confirmar a inflamação e identificar a causa;
    • Outros exames específicos, quando é necessário descobrir o que provocou a doença.

    Pancreatite leve ou grave: qual a diferença?

    • Forma leve: representa cerca de 85% dos casos. Melhora com repouso, hidratação e analgésicos em até 7 dias. O risco de morte é baixo (em torno de 3%).
    • Forma grave: é mais rara, mas pode causar complicações como insuficiência pulmonar, falência dos rins, necrose do pâncreas ou infecções graves. Esses casos precisam de internação e acompanhamento intensivo.

    Tratamento da pancreatite aguda

    O tratamento depende da gravidade do quadro e deve ser feito sempre em ambiente hospitalar.

    As medidas mais comuns incluem:

    • Repouso e observação médica, com internação em enfermaria ou UTI, conforme a necessidade;
    • Hidratação intensa na veia, principalmente nas primeiras horas;
    • Controle da dor, com analgésicos potentes;
    • Jejum temporário, para “descansar” o pâncreas até a melhora;
    • Antibióticos, apenas se houver infecção confirmada.

    Além disso, o tratamento precisa corrigir a causa do problema, que pode incluir:

    • Retirada da vesícula, quando há pedras;
    • Parar o consumo de álcool;
    • Controlar triglicérides e colesterol;
    • Ajustar medicamentos que possam estar relacionados.

    Em alguns casos, podem ser necessários procedimentos endoscópicos ou cirúrgicos para retirar cálculos, drenar líquidos ou tratar complicações.

    Quando procurar ajuda médica

    Qualquer dor abdominal forte e persistente deve ser avaliada o quanto antes. Procurar atendimento rápido aumenta muito as chances de recuperação completa e evita complicações graves.

    Leia também: Dor abdominal: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum?

    Perguntas frequentes sobre pancreatite aguda

    1. A pancreatite aguda tem cura?

    Sim. Na maioria dos casos, com diagnóstico rápido e tratamento adequado, a recuperação é total.

    2. Beber álcool uma vez ou outra pode causar pancreatite?

    O risco é maior em quem consome bebidas alcoólicas com frequência e em grande quantidade, mas até pequenas doses podem causar crises em pessoas predispostas.

    3. Pedras na vesícula sempre causam pancreatite?

    Não. Mas quando uma pedra bloqueia o canal do pâncreas, pode sim desencadear a inflamação. Por isso, muitas vezes é recomendada a retirada da vesícula.

    4. A pancreatite pode voltar?

    Sim. Quando a causa (como o álcool ou as pedras) não é tratada, a doença pode recidivar, ou seja, reaparecer.

    5. O que comer depois de uma crise de pancreatite?

    Depois da melhora, a alimentação deve ser leve e com pouca gordura. Evite bebidas alcoólicas e frituras, e siga sempre a orientação do médico ou nutricionista.

    6. Quem tem pancreatite aguda pode morrer?

    Nos casos leves, o risco é muito baixo. Mas nas formas graves, especialmente com infecções ou falência de órgãos, a doença pode ser fatal — daí a importância do tratamento imediato.

    7. Pancreatite e câncer de pâncreas são a mesma coisa?

    Não. A pancreatite é uma inflamação, enquanto o câncer é um tumor. Porém, em pessoas acima de 40 anos, a pancreatite sem causa aparente pode ser um sinal precoce de tumor e deve ser investigada.

    Leia mais: Doenças da vesícula biliar: quando os cálculos viram problema

  • Catapora: tudo o que você precisa saber sobre sintomas e prevenção

    Catapora: tudo o que você precisa saber sobre sintomas e prevenção

    A catapora é uma daquelas doenças que quase todo mundo já ouviu falar e muitos já tiveram na infância. Causada por um vírus altamente contagioso, ela provoca febre, cansaço e pequenas bolhas que se espalham pelo corpo, causando coceira e desconforto. Apesar de parecer simples, a infecção pode trazer complicações em alguns casos.

    Embora a maioria das crianças se recupere sem grandes problemas, a catapora pode ser perigosa para adultos, gestantes e pessoas com imunidade baixa. Por isso, saber como identificar os primeiros sinais e entender a importância da vacinação é fundamental para evitar complicações e interromper a transmissão do vírus.

    O que é catapora

    A catapora, também conhecida como varicela, é uma infecção causada por um vírus chamado Varicela-Zóster, do grupo dos herpesvírus. Ela faz parte das chamadas doenças exantemáticas, que são aquelas que causam manchas e bolhas na pele, como o sarampo e a rubéola.

    Embora a catapora seja mais comum em crianças, ela pode afetar pessoas de qualquer idade. Na maioria dos casos, é uma doença leve e passageira, mas em adultos, gestantes ou pessoas com baixa imunidade, pode ser mais grave e exigir acompanhamento médico.

    Como se pega catapora

    A catapora é muito contagiosa e pode ser transmitida de várias formas:

    • Pelo ar, ao falar, tossir ou espirrar;
    • Pelo contato direto com as bolhas da pele;
    • Por objetos contaminados, como roupas, toalhas ou lençóis;
    • Durante a gravidez, da mãe para o bebê, no útero ou no parto.

    O vírus pode demorar de 10 a 21 dias para causar os primeiros sintomas. A pessoa transmite a doença um ou dois dias antes das manchas aparecerem e continua transmitindo até que todas as bolhas sequem e formem crostas, o que leva de 7 a 10 dias.

    Sintomas da catapora

    Os sintomas geralmente começam leves, com febre, mal-estar, dor de cabeça e falta de apetite. Em seguida, aparecem as lesões na pele, que passam por várias fases:

    • Manchas vermelhas, pequenas e espalhadas;
    • Bolhas com líquido, que causam coceira intensa;
    • Feridinhas com pus;
    • Crostas, que se formam quando as bolhas secam.

    As manchas surgem primeiro no rosto, no tronco e no couro cabeludo, e depois se espalham. Elas aparecem em diferentes estágios, o que dá à catapora o aspecto “misto”, com manchas, bolhas e crostas ao mesmo tempo.

    Após cerca de uma semana, as crostas caem e deixam manchas claras temporárias, que não costumam deixar cicatriz, a não ser se houver infecção ao coçar.

    Quem deve ter cuidado especial

    A catapora costuma ser leve em crianças saudáveis, mas pode ser mais perigosa para:

    • Gestantes, pois o vírus pode causar complicações para a mãe e o bebê;
    • Recém-nascidos, se a mãe tiver catapora próximo ao parto;
    • Prematuros;
    • Pessoas com imunidade baixa, como quem faz quimioterapia, transplantados ou portadores de HIV;
    • Adultos, que tendem a ter sintomas mais intensos e risco de pneumonia.

    Complicações possíveis

    Mesmo sendo uma doença geralmente benigna, a catapora pode causar complicações, como:

    • Infecções de pele, quando as feridas infeccionam ao coçar;
    • Pneumonia, especialmente em adultos e pessoas imunodeprimidas;
    • Meningite ou encefalite, inflamações raras, mas graves no cérebro;
    • Manifestações hemorrágicas, em casos muito graves;
    • Síndrome de Reye, que pode afetar o fígado e o cérebro — principalmente se a pessoa usar ácido acetilsalicílico durante a doença;
    • Problemas na gravidez, como malformações, aborto ou varicela congênita no bebê.

    Como é feito o diagnóstico

    Na maioria dos casos, o diagnóstico é clínico, ou seja, o médico identifica a doença pelo aspecto das lesões e pela história do paciente sem precisar de exames. Em situações graves ou duvidosas, podem ser feitos exames de sangue ou testes específicos para confirmar o vírus.

    Tratamento da catapora

    Não existe um remédio que elimine o vírus, então o tratamento é feito para aliviar os sintomas:

    • Repouso e boa hidratação;
    • Antitérmicos e analgésicos, exceto o ácido acetilsalicílico, que é proibido;
    • Antialérgicos para diminuir a coceira;
    • Banhos mornos e roupas leves;
    • Manter as unhas curtas e evitar coçar, para não infectar as feridas.

    Na maioria dos casos, a recuperação é completa em poucos dias. Em situações mais graves, como em gestantes, adultos ou pessoas com imunidade baixa, o médico pode indicar o uso de antivirais (como o aciclovir).

    Isolamento e prevenção

    Quem está com catapora deve ficar em casa até que todas as feridas estejam secas, pois ainda pode transmitir o vírus. Roupas, toalhas e lençóis devem ser lavados separadamente e não compartilhados.

    Em hospitais, recomenda-se isolamento respiratório e de contato para evitar a transmissão.

    Vacinação: a melhor forma de prevenção

    A vacina contra catapora é a forma mais eficaz de se proteger.

    • Está disponível na rede pública, com a vacina tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela);
    • Também pode ser feita em clínicas particulares;
    • Em situações de exposição (como surtos em escolas ou hospitais), pode ser indicada a vacinação de emergência.

    Pessoas com risco elevado, como gestantes suscetíveis, recém-nascidos e imunodeprimidos, podem receber a imunoglobulina específica (VZIG) até 96 horas após o contato com o vírus, para tentar evitar a infecção.

    Catapora e imunidade futura

    Quem teve catapora normalmente fica imune pelo resto da vida. O vírus, porém, permanece “adormecido” no corpo e pode se reativar anos depois, causando o herpes-zóster, conhecido popularmente como “cobreiro”.

    Leia mais: Pneumonia em crianças: o que causa, sintomas e como tratar

    Perguntas frequentes sobre catapora

    1. Catapora e varicela são a mesma coisa?

    Sim. “Catapora” é o nome popular da varicela, causada pelo mesmo vírus.

    2. Quanto tempo dura a catapora?

    Geralmente, entre 7 e 10 dias, até que todas as bolhas sequem e formem crostas.

    3. Quem já teve catapora pode pegar de novo?

    Não. A pessoa normalmente fica imune para o resto da vida.

    4. A catapora pode deixar cicatrizes?

    Só se a pessoa coçar as feridas e causar infecção na pele.

    5. A catapora pode ser perigosa em adultos?

    Sim. Nos adultos, os sintomas costumam ser mais fortes e há maior risco de pneumonia e complicações graves.

    6. É preciso tomar vacina mesmo já tendo tido catapora?

    Não. Quem já teve a doença não precisa se vacinar, pois já tem imunidade natural.

    7. Posso tomar vacina se tiver tido contato com alguém doente?

    Sim. A vacina pode proteger mesmo após o contato, se aplicada em até 3 a 5 dias depois da exposição.

    Leia também: 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

  • Escarlatina: uma infecção antiga que ainda exige atenção hoje

    Escarlatina: uma infecção antiga que ainda exige atenção hoje

    Doença muito conhecida no passado, a escarlatina volta à atenção da medicina moderna como uma infecção que, apesar de antiga, ainda exige vigilância. Quando não tratada corretamente, pode evoluir para problemas que afetam o coração, os rins e até causar infecções graves secundárias.

    Nos últimos anos, a conscientização sobre seu diagnóstico rápido e tratamento adequado ganhou espaço, especialmente em ambientes pediátricos. Entender como reconhecer os sinais, como ela se espalha e quais medidas adotar pode fazer toda a diferença para proteger crianças e adultos.

    O que é a escarlatina

    A escarlatina é uma doença infecciosa causada pela bactéria Streptococcus pyogenes — a mesma que provoca amigdalite. Embora seja mais comum em crianças, ela também pode afetar adultos. O nome “escarlatina” deve-se ao exantema vermelho característico que surge na pele: uma erupção cutânea avermelhada e com textura típica, que confere à doença seu apelido visual.

    Transmissão e período de incubação

    A transmissão ocorre por contato direto com saliva ou secreções de pessoas infectadas. O período de incubação — ou seja, entre a exposição ao bacilo e o surgimento dos primeiros sintomas — varia de 2 a 5 dias.

    Sinais e sintomas

    A escarlatina frequentemente começa como uma gripe forte ou amigdalite, evoluindo com manifestações na pele mais específicas após 2 dias. Depois de 3 a 4 dias, pode ocorrer descamação da pele.

    Principais sintomas:

    • Febre alta súbita;
    • Dor de garganta intensa (às vezes com pus nas amígdalas);
    • Mal-estar geral: cansaço, dor de cabeça, falta de apetite;

    Exantema cutâneo (erupção vermelha):

    • Surge entre 12 e 48 horas após o início da febre;
    • Começa no pescoço e tronco e se alastra para braços, pernas e rosto;
    • Geralmente poupa palmas, plantas dos pés e região ao redor da boca;
    • A pele fica avermelhada e áspera, como “lixa”;
    • Algumas áreas próximas à boca ficam mais pálidas.

    Língua característica: inicialmente esbranquiçada com pontinhos vermelhos, depois torna-se vermelha intensa (“língua de morango”).

    Descamação: após alguns dias, ocorre principalmente em mãos e pés.

    Diagnóstico

    O diagnóstico da escarlatina costuma ser feito no consultório, baseado nos sintomas e no exame físico. Em casos duvidosos, pode-se pedir cultura de garganta para detectar a presença de Streptococcus pyogenes.

    Exames de sangue geralmente não são necessários, mas podem ser úteis para avaliar complicações.

    Tratamento e cuidados

    Quando bem tratado, o prognóstico da escarlatina é geralmente bom e a recuperação costuma ser rápida.

    • Antibióticos: devem ser usados exatamente pelo tempo indicado, mesmo que os sintomas melhorem antes do fim. Parar prematuramente pode aumentar o risco de complicações;
    • Repouso e hidratação: beber bastante líquido e repousar auxiliam na recuperação;
    • Medicamentos para alívio dos sintomas: antitérmicos (para febre) e analgésicos (para dor) podem ser usados conforme orientação médica.

    Possíveis complicações

    Se não tratada corretamente, a escarlatina pode levar a:

    • Febre reumática: inflamação que pode afetar coração e articulações;
    • Glomerulonefrite: inflamação dos rins;
    • Infecções secundárias: como em ouvido, pulmões ou pele.

    Com tratamento adequado e precoce, essas complicações são menos frequentes.

    Como prevenir

    Algumas medidas simples ajudam a reduzir o risco de escarlatina:

    • Tratar rapidamente infecções de garganta causadas por estreptococo;
    • Evitar contato próximo com pessoas infectadas enquanto não estiverem em antibiótico por pelo menos 24 horas;
    • Lavar as mãos com frequência e não compartilhar copos, talheres ou toalhas;
    • Manter a vacinação em dia. Embora não exista vacina específica para escarlatina, proteger-se contra outras infecções reforça a saúde como um todo.

    Confira: Anemia carencial: o que acontece quando faltam nutrientes no sangue

    Perguntas frequentes sobre escarlatina

    1. A escarlatina só afeta crianças?

    Não. Embora seja mais comum em crianças, adultos também podem contrair a doença.

    2. Escarlatina é uma forma grave de gripe?

    Não exatamente. Apesar de começar parecido com gripe ou amigdalite, trata-se de uma infecção bacteriana que exige tratamento com antibiótico.

    3. Quanto tempo dura a escarlatina?

    Com tratamento, muitos casos melhoram dentro de poucos dias, mas o antibiótico deve ser mantido por todo o período prescrito.

    4. Posso voltar à escola ou trabalho logo após iniciar o antibiótico?

    Após 24 horas de uso contínuo do antibiótico, a pessoa costuma deixar de ser contagiosa, mas a retomada das atividades depende de avaliação médica.

    5. Há vacina contra escarlatina?

    Não existe vacina específica para escarlatina. A prevenção se baseia no tratamento de infecções por estreptococo e em medidas de higiene.

    6. Qual a diferença entre escarlatina e sarampo?

    Ambas têm exantema (erupção), mas causas diferentes: escarlatina é bacteriana (Streptococcus); sarampo é viral. Sintomas iniciais e história clínica ajudam a diferenciar.

    7. Posso ter escarlatina várias vezes?

    Sim, é possível. A imunidade não é necessariamente permanente, e reinfecções podem ocorrer, embora sejam menos frequentes.

    Leia também: Dor abdominal: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum?

  • Rabdomiólise: saiba mais sobre a doença que deixa o xixi preto

    Rabdomiólise: saiba mais sobre a doença que deixa o xixi preto

    A rabdomiólise é uma condição médica que pode surgir de forma inesperada e causar sérios danos ao organismo. Ela ocorre quando há destruição das fibras musculares, liberando substâncias como mioglobina e enzimas na corrente sanguínea. Esse processo sobrecarrega principalmente os rins e pode levá-los à falência se o tratamento não for iniciado rapidamente.

    Embora possa ter várias causas — de acidentes e esforço físico intenso a reações a medicamentos ou infecções — a rabdomiólise também aparece em situações raras, como na doença de Haff, relacionada ao consumo de certos tipos de peixe. Reconhecer os sintomas precocemente é essencial para evitar complicações graves.

    O que é a rabdomiólise

    É uma condição caracterizada pela destruição das fibras musculares esqueléticas, responsáveis pelos movimentos. Quando isso ocorre, o conteúdo celular (mioglobina, enzimas e eletrólitos) é liberado no sangue, podendo causar:

    • Sobrecarga dos rins;
    • Alterações cardíacas;
    • Complicações potencialmente fatais, se não tratada rapidamente.

    Causas mais comuns

    A rabdomiólise pode ter causas traumáticas (físicas) ou não traumáticas.

    Traumáticas ou físicas

    • Lesões graves (acidentes, quedas);
    • Imobilização prolongada (coma, uso de drogas ou álcool);
    • Queimaduras extensas, choques elétricos ou raio;
    • Exercícios físicos intensos, principalmente em pessoas não acostumadas.

    Não traumáticas ou não físicas

    • Uso de certos medicamentos;
    • Infecções virais ou bacterianas;
    • Distúrbios metabólicos e hormonais (diabetes descompensado, alterações de cálcio e potássio);
    • Toxinas (picadas de cobras, insetos, cogumelos ou álcool em excesso);
    • Doenças musculares genéticas, como distrofias.

    Sinais e sintomas da rabdomiólise

    • Fraqueza muscular;
    • Dor nos músculos;
    • Inchaço localizado na região afetada;
    • Urina escura, semelhante à cor de “coca-cola” (pela presença de mioglobina).

    Em casos graves, podem surgir:

    • Insuficiência renal aguda;
    • Arritmias cardíacas;
    • Distúrbios de coagulação.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por avaliação clínica e exames laboratoriais.

    Exames laboratoriais

    • CPK (creatinofosfoquinase): principal marcador de destruição muscular. Níveis acima de 5x o normal indicam suspeita;
    • Mioglobina na urina: confirma liberação da proteína muscular;
    • Função renal: creatinina e ureia avaliam o comprometimento dos rins;
    • Eletrocardiograma: detecta arritmias causadas por desequilíbrios de eletrólitos.

    Possíveis complicações

    • Lesão renal aguda: mioglobina danifica os túbulos renais;
    • Alterações de cálcio e potássio: causam arritmias e risco de parada cardíaca;
    • Síndrome compartimental: aumento da pressão dentro do músculo, reduzindo a circulação;
    • Distúrbios de coagulação: em casos graves, o sangue pode perder a capacidade de coagular.

    Tratamento da rabdomiólise

    O tratamento deve começar o mais rápido possível, preferencialmente em ambiente hospitalar.

    Medidas principais

    • Hidratação venosa intensa (soro fisiológico) para ajudar os rins a eliminar a mioglobina;
    • Monitoramento constante de urina e exames de sangue;
    • Correção de alterações eletrolíticas (como excesso de potássio);
    • Suspensão de medicamentos causadores, se houver.

    Em casos graves

    • Hemodiálise: quando há insuficiência renal aguda;
    • Fasciotomia: cirurgia emergencial usada na síndrome compartimental para aliviar a pressão muscular.

    Doença de Haff — quando o peixe pode causar rabdomiólise

    A doença de Haff é uma forma rara de rabdomiólise que aparece até 24h após o consumo de peixe ou crustáceos, mesmo que estejam bem cozidos e aparentemente frescos.

    Acredita-se que esteja ligada a toxinas naturais presentes em certos pescados, ainda não totalmente identificadas.

    Sintomas da doença de Haff

    • Dor e fraqueza muscular intensa;
    • Urina escura;
    • Mal-estar geral.

    Diagnóstico e tratamento da doença de Haff

    O diagnóstico baseia-se no consumo recente de pescado (até 24h antes) e no aumento da CPK. O tratamento segue o mesmo protocolo da rabdomiólise: hidratação venosa vigorosa, monitoramento renal e controle das complicações.

    Leia também: Intoxicação por metanol: saiba mais sobre os antídotos

    Perguntas frequentes sobre rabdomiólise

    1. A rabdomiólise pode acontecer após exercício físico?

    Sim. Esforços intensos, especialmente em pessoas sem preparo, estão entre as causas mais frequentes.

    2. Urina escura sempre indica rabdomiólise?

    Nem sempre, mas é um sinal de alerta importante. A presença de mioglobina na urina deve ser investigada imediatamente.

    3. A rabdomiólise tem cura?

    Sim. Com diagnóstico e tratamento precoces, a recuperação costuma ser completa.

    4. Todo caso precisa de internação?

    Não necessariamente. Casos leves podem ser acompanhados com hidratação e monitoramento médico, mas os graves exigem internação.

    5. O que acontece se a rabdomiólise não for tratada?

    Pode causar falência renal, arritmias cardíacas e até morte.

    6. O peixe causa rabdomiólise sempre que está estragado?

    Não. Na doença de Haff, o peixe pode parecer normal. O problema está em toxinas naturais ainda não totalmente identificadas.

    7. Como evitar a doença de Haff?

    Compre peixes e crustáceos de origem confiável e mantenha-os sempre sob refrigeração adequada antes do consumo.

    Confira: Intoxicação alimentar por alimentos crus: como se proteger

  • Apneia do sono: quando o ronco é sinal de algo mais sério

    Apneia do sono: quando o ronco é sinal de algo mais sério

    Roncar alto pode parecer apenas um incômodo para quem dorme ao lado, mas, em muitos casos, é sinal de um problema que vai muito além do barulho. A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio que interrompe a respiração diversas vezes durante a noite, fragmentando o descanso e sobrecarregando o coração e o cérebro.

    Embora comum, a apneia ainda é pouco diagnosticada. Identificar os sintomas, buscar avaliação médica e iniciar o tratamento correto podem reduzir o risco de doenças graves e melhorar radicalmente a qualidade de vida.

    O que é a apneia obstrutiva do sono

    A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por pausas repetidas na respiração durante o sono, causadas pelo estreitamento ou colapso das vias aéreas superiores.

    • Apneias (completas): o fluxo de ar cessa totalmente;
    • Hipopneias (parciais): o fluxo de ar reduz significativamente.

    Com a queda do oxigênio, o cérebro provoca microdespertares para retomar a respiração, resultando em sono fragmentado e não reparador.

    Principais sintomas

    • Ronco alto e frequente (geralmente notado pelo parceiro);
    • Pausas respiratórias observadas durante o sono;
    • Sonolência excessiva diurna, mesmo após “dormir muitas horas”;
    • Fadiga, cefaleia matinal, irritabilidade e dificuldade de concentração;
    • Engasgos noturnos, despertar com falta de ar, boca seca e/ou nictúria (urinar à noite).

    Por que a apneia é preocupante

    A apneia não causa apenas cansaço: ela está associada a desfechos clínicos relevantes, como:

    • Doenças cardiovasculares: hipertensão, arritmias, insuficiência cardíaca, infarto;
    • Acidente vascular cerebral (AVC);
    • Diabetes e síndrome metabólica;
    • Alterações de humor, memória e atenção;
    • Maior risco de acidentes (especialmente ao volante) por sonolência.

    Fatores de risco

    Fatores anatômicos (estruturais)

    • Retrognatia/micrognatia (queixo pequeno ou recuado);
    • Hipertrofia de amígdalas ou adenóides;
    • Língua volumosa, palato mole alongado;
    • Pescoço grosso/excesso de tecidos na orofaringe.

    Outros fatores

    • Obesidade (principal causa modificável);
    • Idade > 50 anos, sobretudo em homens;
    • Dormir em decúbito dorsal (barriga para cima);
    • Uso de álcool, cigarro e sedativos;
    • Gravidez.

    Doenças associadas

    • Hipotireoidismo, acromegalia;
    • Diabetes;
    • Síndrome de Down, síndrome de Prader–Willi;
    • Insuficiência cardíaca, fibrilação atrial;
    • História de AVC.

    Frequência na população

    Estima-se que cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo tenham algum grau de apneia obstrutiva do sono. A prevalência é maior em homens e aumenta com a idade e com o ganho de peso.

    Diagnóstico

    Etapas da avaliação

    • Histórico e sintomas: ronco, pausas respiratórias, sonolência, fadiga;
    • Exame físico: IMC, circunferência do pescoço, anatomia de face/garganta;
    • STOP-BANG: questionário de triagem que estima risco de AOS.

    Exames confirmatórios

    • Polissonografia em laboratório: padrão-ouro (respiração, oxigenação, batimentos, movimentos);
    • Teste domiciliar do sono: opção com equipamento portátil em casos selecionados.

    A gravidade é definida pelo Índice de Apneia-Hipopneia (IAH) (eventos/hora): leve 5–15; moderada 15–30; grave > 30.

    Tratamento da apneia obstrutiva do sono

    Objetiva melhorar a qualidade do sono e reduzir riscos cardiovasculares e metabólicos.

    Mudanças no estilo de vida

    • Perda de peso (quando indicado);
    • Dormir de lado (terapia posicional);
    • Evitar álcool, tabaco e sedativos;
    • Higiene do sono: horários regulares, ambiente escuro e silencioso.

    Terapias principais

    • CPAP: pressão positiva contínua por máscara; tratamento mais eficaz para casos moderados/graves;
    • Aparelhos orais de avanço mandibular: úteis em casos leves a moderados e em intolerância ao CPAP;
    • Fonoterapia/terapia miofuncional orofacial: exercícios para musculatura da via aérea;
    • Cirurgias (casos selecionados): correção de alterações anatômicas (ex.: amigdalectomia, avanço maxilomandibular) ou neuroestimulador do nervo hipoglosso.

    Por que tratar é importante

    • Reduz risco de infarto e AVC;
    • Diminui acidentes por sonolência e melhora desempenho;
    • Atenua déficits cognitivos, depressão e irritabilidade;
    • Auxilia no controle da pressão arterial e da resistência à insulina;
    • Melhora a qualidade de vida, energia e disposição.

    Leia também: Apneia do sono e a saúde do coração: uma conexão perigosa

    Perguntas frequentes sobre apneia obstrutiva do sono

    1. Roncar sempre significa ter apneia?

    Não. O ronco pode ser apenas ruído respiratório. Porém, se houver pausas na respiração ou sonolência excessiva, é essencial investigar.

    2. A apneia é perigosa?

    Sim. Está associada a doenças cardiovasculares, AVC e a maior risco de acidentes.

    3. Existe cura para a apneia?

    Casos leves podem melhorar com perda de peso e medidas comportamentais. Nos moderados/graves, CPAP e outras terapias controlam a doença de forma eficaz.

    4. CPAP é desconfortável?

    Há estranhamento inicial, mas com ajuste de máscara e acomodação gradual, a maioria se adapta bem.

    5. Crianças também podem ter apneia?

    Sim. Em pediatria, a causa mais comum é a hipertrofia de amígdalas/adenóides; o tratamento precoce previne impactos no crescimento e aprendizado.

    6. Quando devo procurar um especialista?

    Se você ronca alto, tem sono diurno excessivo ou alguém notou pausas respiratórias durante seu sono, procure um otorrinolaringologista ou médico de medicina do sono.

    Confira: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde

  • Será que é urticária? Conheça as características dessa doença

    Será que é urticária? Conheça as características dessa doença

    Você sabia que, ao longo da vida, uma em cada quatro pessoas apresenta pelo menos um episódio de urticária? A condição é relativamente comum e pode surgir em qualquer idade, provocando manchas vermelhas, elevadas e com coceira intensa.

    Em muitos casos, ela dura poucas horas e desaparece sem deixar marcas, mas também pode se tornar crônica, persistindo por semanas ou até anos. Para entender como ela é causada e as medidas de tratamento, conversamos com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti. Confira!

    O que é urticária?

    A urticária é uma condição de pele caracterizada pelo surgimento súbito de lesões chamadas pápulas urticariformes. Elas aparecem como vergões avermelhados, elevados e que coçam bastante. De acordo com Brianna, podem surgir em minutos, mudar de lugar no corpo e desaparecer em até 24 horas, sem deixar marcas ou cicatrizes.

    Em alguns casos, a urticária vem acompanhada de angioedema, que é o inchaço mais profundo da pele e das mucosas — como nos lábios, pálpebras e língua. Ela pode ser mais desconfortável e até assustar, embora nem sempre represente risco grave.

    Quais os tipos de urticária?

    • Urticária aguda: quando os sintomas duram menos de seis semanas. Normalmente, está ligada a alergias alimentares, medicamentos, infecções virais ou picadas de insetos;
    • Urticária crônica: quando persiste por mais de seis semanas, com crises recorrentes. Em boa parte dos casos, não há um gatilho específico identificado.

    O que causa urticária?

    As causas variam conforme o tipo. Segundo Brianna, casos de urticária aguda podem ser desencadeados por:

    • Infecções virais (principal motivo em crianças);
    • Medicamentos, como antibióticos e anti-inflamatórios;
    • Alimentos, incluindo oleaginosas, frutos do mar, leite e ovos;
    • Picadas de insetos;
    • Agentes físicos, como frio, calor ou pressão na pele.

    Já a urticária crônica pode surgir devido a:

    • Mecanismos autoimunes;
    • Doenças da tireoide;
    • Infecções crônicas;
    • Alterações hormonais;
    • Estresse e fatores emocionais;
    • Estímulos físicos, como calor, frio, sol, pressão e exercício.

    Vale apontar que, na maioria dos casos crônicos, não é encontrado um gatilho definido. Ou seja, o organismo reage de forma descontrolada, liberando histamina e causando os sintomas, sem uma causa aparente.

    A urticária é contagiosa?

    Não, a urticária não é uma doença contagiosa. Ela não passa de pessoa para pessoa por contato físico, beijo, abraço ou compartilhamento de objetos.

    Em alguns casos, ela pode estar relacionada a infecções virais — mas nesse caso, o que pode ser transmitido é o vírus (como o de uma gripe), não a urticária em si.

    Sintomas da urticária

    • Manchas vermelhas e elevadas (pápulas) que surgem e desaparecem rapidamente;
    • Coceira intensa, que pode piorar à noite ou em situações de calor;
    • Sensação de ardor ou queimação nas áreas afetadas;
    • Lesões que aparecem em uma região e depois somem, surgindo em outros locais;
    • Inchaço localizado (angioedema), especialmente em pálpebras, lábios, mãos, pés ou genitais.

    Em crises mais graves, a urticária pode vir acompanhada de dificuldade para respirar, dor abdominal ou tontura — sinais que exigem atendimento médico imediato.

    Estresse pode causar urticária?

    Sim, em algumas situações, a tensão emocional pode desencadear ou agravar as crises. “O estresse psicológico aumenta a liberação de neuropeptídeos e histamina pelos mastócitos, podendo precipitar ou intensificar as crises — principalmente na urticária crônica”, explica Brianna.

    Fatores como privação de sono e ansiedade também podem contribuir para o aparecimento ou agravamento do quadro. Mudanças no estilo de vida, incluindo técnicas de controle do estresse, exercícios físicos e boa higiene do sono, ajudam a controlar os sintomas.

    Como é feito o diagnóstico de urticária?

    O diagnóstico é clínico, baseado na observação das lesões e na história do paciente. O médico avalia como e quando as lesões aparecem, se há associação com alimentos, medicamentos ou fatores ambientais e a duração dos sintomas.

    Não é necessário fazer exames laboratoriais, segundo Brianna, a menos que exista suspeita de uma condição de base, como doenças da tireoide ou infecções crônicas.

    Testes alérgicos só costumam ser solicitados se houver forte suspeita de alergia alimentar ou medicamentosa — principalmente nos casos de urticária aguda. Já na crônica, os testes raramente trazem respostas úteis.

    Como tratar a urticária?

    O tratamento é feito, inicialmente, com o uso diário de anti-histamínicos de segunda geração, que ajudam a controlar a coceira e as manchas na pele sem causar sono. Se a melhora não for suficiente, o médico pode aumentar até quatro vezes a dose padrão, de acordo com Brianna.

    Nos casos em que a urticária não responde ao tratamento, existem opções mais avançadas, como o omalizumabe e outros medicamentos que agem diretamente no sistema imunológico. A ciclosporina também pode ser usada, sempre com acompanhamento médico.

    Além dos remédios, é muito importante identificar e evitar os gatilhos que causam as crises, além de cuidar do estresse e do sono, que influenciam no controle da doença.

    É possível prevenir a urticária?

    Nem sempre é possível prevenir, mas há medidas que ajudam a reduzir o risco de crises ou minimizar sua frequência. O primeiro passo é identificar e evitar os gatilhos. Outras recomendações:

    • Evitar calor excessivo, banhos muito quentes e exposição prolongada ao sol;
    • Reduzir ou suspender o consumo de bebidas alcoólicas;
    • Controlar o estresse com técnicas de relaxamento, atividade física regular e boa higiene do sono;
    • Manter alimentação equilibrada, priorizando alimentos naturais. Considerar reduzir itens que frequentemente pioram as crises, como embutidos, enlatados, corantes artificiais, refrigerantes, sucos artificiais, frutos do mar, ovos e chocolate.

    Urticária é grave?

    Na maioria dos casos, a urticária não é grave e não causa complicações. No entanto, em alguns pacientes — especialmente com urticária crônica — a condição pode estar relacionada a doenças mais sérias, como:

    • Doenças autoimunes (tireoidite de Hashimoto, lúpus, síndrome de Sjögren);
    • Infecções crônicas (Helicobacter pylori, hepatites virais, HIV);
    • Neoplasias hematológicas (linfomas, leucemias, mastocitose sistêmica);
    • Distúrbios da tireoide e mastocitose.

    Além disso, casos em que a urticária vem acompanhada de angioedema na garganta ou dificuldade respiratória são considerados emergências médicas, exigindo atendimento imediato.

    Confira: Entenda como funciona a alergia alimentar e o que fazer

    Perguntas frequentes

    1. A urticária em bebês é comum?

    Sim. A urticária pode afetar pessoas de todas as idades, inclusive bebês e crianças pequenas. Nos primeiros anos de vida, a causa mais comum é a reação a infecções virais, mas também pode estar relacionada a alimentos (como leite e ovo), picadas de insetos e, em casos mais raros, a remédios.

    As lesões são semelhantes às dos adultos: vergões vermelhos, elevados e pruriginosos. Em bebês, a coceira pode causar irritabilidade e choro. Procure atendimento se houver inchaço de boca, língua ou dificuldade respiratória.

    2. A urticária pode aparecer durante a gravidez?

    Sim. A gestação envolve alterações hormonais e imunológicas que podem favorecer o surgimento ou a piora da urticária. Apesar de normalmente benigna, a gestante deve ser acompanhada por médico para ajustar o tratamento com segurança. Anti-histamínicos de segunda geração podem ser usados, sempre com prescrição.

    3. Estou com urticária, quando devo ir ao médico?

    Busque urgência se apresentar:

    • Dificuldade para respirar;
    • Inchaço em boca, língua ou garganta;
    • Dor abdominal intensa, vômitos ou tontura;
    • Lesões que duram mais de 24 horas no mesmo local e deixam manchas residuais (pode indicar vasculite).

    4. A urticária pode deixar cicatrizes?

    Não. Uma característica da urticária é o desaparecimento das lesões em até 24 horas, sem marcas. Persistência no mesmo local por mais de um dia, com manchas roxas ou marrons, sugere outro problema e deve ser investigada.

    5. Existe relação entre urticária e alimentação?

    Sim, mas não em todos os casos. Na urticária aguda, alimentos como frutos do mar, leite, ovos, amendoim, nozes e chocolate podem desencadear crises. Na crônica, a relação é menos clara. Algumas pessoas melhoram ao reduzir corantes, conservantes e ultraprocessados. Observe relações diretas e converse com o médico.

    6. Quem tem urticária pode beber álcool?

    O álcool pode agravar os sintomas por aumentar a vasodilatação e potencializar a liberação de histamina, além de interagir com medicamentos. Prefira moderação ou evite.

    7. Existe risco de urticária virar câncer?

    Não. A urticária não evolui para câncer. Raramente, pode ser manifestação secundária de doenças hematológicas, mas isso é incomum e corresponde a uma minoria dos casos de urticária crônica.

    Veja também: Alergia à poeira doméstica: por que acontece e como aliviar os sintomas?

  • Dengue: o que você precisa saber para se proteger

    Dengue: o que você precisa saber para se proteger

    Com o aumento das temperaturas e das chuvas, cresce também o alerta para uma das doenças mais conhecidas e perigosas do Brasil: a dengue. Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a infecção pode parecer uma simples febre no início, mas em poucos dias evoluir para formas graves que exigem acompanhamento médico.

    Nos últimos anos, o país vem enfrentando surtos recorrentes, o que levou à ampliação da vacinação e a campanhas mais intensas de combate ao mosquito. Saber identificar os sintomas e agir cedo pode salvar vidas.

    O que é a dengue

    A dengue é uma doença viral, causada por quatro sorotipos diferentes do vírus (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4), transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.

    Ela pode atingir pessoas de qualquer faixa etária e, em alguns casos, se tornar grave. Por isso, é considerada um dos principais problemas de saúde pública no Brasil.

    Como ocorre a transmissão

    A dengue faz parte das arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos por artrópodes. No caso da dengue, o vetor é o mosquito Aedes aegypti.

    A transmissão acontece quando o mosquito pica uma pessoa infectada e depois transmite o vírus a uma pessoa saudável. O contágio é mais comum em áreas urbanas, principalmente onde há acúmulo de água parada — em pneus, garrafas, vasos de plantas, calhas e caixas-d’água destampadas.

    Sintomas da dengue

    A doença pode variar de assintomática (sem sintomas) até casos graves. Os sintomas costumam surgir de 4 a 7 dias após a picada e durar de 3 a 10 dias.

    • Febre alta (até 40 °C);
    • Dor de cabeça;
    • Dor atrás dos olhos;
    • Dores no corpo e nas articulações;
    • Manchas vermelhas na pele;
    • Náuseas e vômitos.

    Fases da dengue

    1. Fase febril (início)

    • Febre alta, dor de cabeça, dores musculares e atrás dos olhos;
    • Manchas avermelhadas na pele;
    • Náuseas e vômitos.

    2. Fase crítica

    • A febre pode diminuir, mas o risco aumenta;
    • Queda nas plaquetas do sangue;
    • Sangramentos (nariz, gengivas, manchas roxas na pele);
    • Dor abdominal intensa e sinais de desidratação.

    Essa é a fase em que pode evoluir para dengue grave.

    3. Fase de recuperação

    • Os sintomas começam a melhorar;
    • Mesmo assim, é essencial manter o acompanhamento médico.

    O que é a dengue grave

    Em alguns casos, a doença evolui para formas graves, como dengue hemorrágica ou síndrome do choque da dengue. Essas formas provocam sangramentos, queda de pressão, dificuldade respiratória e podem levar à morte.

    Por isso, qualquer sinal de alarme deve ser avaliado imediatamente por um profissional de saúde.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito com base nos sintomas clínicos e pode ser confirmado com exames laboratoriais.

    • Hemograma: avalia plaquetas e hematócrito;
    • Testes para o vírus: teste rápido (até o 5º dia) ou sorologia (a partir do 6º dia);
    • Exames diferenciais: ajudam a descartar chikungunya, Zika, febre amarela, gripe e malária.

    Tratamento da dengue

    Não existe medicamento específico para eliminar o vírus da dengue. O tratamento é de suporte, com o objetivo de aliviar sintomas e prevenir complicações.

    • Beber bastante líquido, incluindo soluções de reidratação oral;
    • Usar apenas medicamentos indicados pelo médico para febre e dor;
    • Evitar aspirina e anti-inflamatórios, que aumentam o risco de sangramento;
    • Fazer repouso.

    Em casos graves, pode ser necessária internação hospitalar, hidratação venosa e, em situações específicas, transfusão de sangue ou plaquetas.

    Como prevenir a dengue

    A prevenção é o ponto mais importante no combate à dengue. O foco deve estar no controle do mosquito e na eliminação de criadouros.

    • Não deixar água parada em recipientes;
    • Manter caixas-d’água fechadas;
    • Limpar calhas e vasos de plantas regularmente;
    • Usar repelente e roupas que cubram braços e pernas em áreas de risco.

    Vacinação contra dengue

    A vacinação reduz o risco de infecções sintomáticas, casos graves e hospitalizações.

    Vacinas disponíveis no Brasil

    Qdenga® (Takeda):

    • Aprovada e utilizada no SUS;
    • Tetravalente, protege contra os quatro sorotipos do vírus;
    • Pode ser aplicada em quem já teve dengue ou nunca teve.

    Dengvaxia® (Sanofi Pasteur):

    • Indicada apenas para quem já teve dengue (soropositivos);
    • Requer confirmação prévia de infecção anterior.

    Desde 2024, o SUS incorporou a vacina Qdenga®, voltada a crianças de 10 a 14 anos que vivem em áreas prioritárias, definidas conforme o cenário epidemiológico da doença no país.

    Confira: Dor abdominal: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum?

    Perguntas frequentes sobre dengue

    1. Qual é o primeiro sintoma da dengue?

    Geralmente, febre alta acompanhada de dor de cabeça e dor atrás dos olhos.

    2. Quando devo procurar o médico?

    Procure atendimento se houver sangramento, dor abdominal forte, tontura, vômitos persistentes ou sinais de desidratação.

    3. Posso tomar qualquer remédio para a febre?

    Não. Evite aspirina e anti-inflamatórios. Use apenas medicamentos indicados por um médico.

    4. Quanto tempo dura a dengue?

    A fase aguda costuma durar de 7 a 10 dias, mas o cansaço pode persistir por mais tempo.

    5. Quem teve dengue pode ter de novo?

    Sim. Existem quatro tipos de vírus e é possível se infectar com mais de um ao longo da vida.

    6. A vacina é segura para quem nunca teve dengue?

    Sim, há uma vacina indicada tanto para quem já teve quanto para quem nunca teve a doença.

    7. Como posso ajudar a combater o mosquito?

    Elimine qualquer local com água parada, limpe calhas, caixas-d’água e tampe recipientes. A prevenção é responsabilidade de todos.

    Leia também: Calendário de vacinas para adultos: quais doses você não pode esquecer

  • Câncer de mama: o que é, sintomas, causa e como identificar

    Câncer de mama: o que é, sintomas, causa e como identificar

    No Brasil, o câncer de mama é o tipo de tumor maligno mais comum em mulheres, depois do não-melanoma — e responde por aproximadamente 28% de todos os novos casos de câncer entre elas. Ele também pode ocorrer em homens, mas é bastante raro e representa menos de 1% dos casos totais da doença.

    Ele pode ser descoberto ainda no começo, na maioria dos casos, o que aumenta as chances de fazer um tratamento mais leve e com bons resultados. Logo, compreender como a doença se manifesta e os principais sintomas é importante para o diagnóstico precoce. Vamos entender mais, a seguir.

    O que é câncer de mama?

    O câncer de mama é uma doença que resulta da multiplicação anormal e descontrolada das células da mama, que formam um tumor capaz de invadir tecidos vizinhos e, em casos mais graves, se espalhar para outros órgãos.

    De acordo com o oncologista Thiago Chadid, a glândula mamária pode ser comparada a uma árvore: os dutos lactíferos seriam os “troncos”, e os lóbulos, onde o leite é produzido, seriam as “copas”. As alterações genéticas podem surgir em qualquer parte desta estrutura, dando origem a diferentes tipos de tumores.

    Nesse sentido, nem todos os tumores mamários são iguais! Existem tumores que crescem de forma lenta e localizada, com bom prognóstico, e outros que evoluem rapidamente e exigem tratamento mais intenso. Por isso, cada paciente tem um tipo de câncer de mama com características próprias — o que justifica a importância de uma avaliação individualizada.

    Tipos de câncer de mama

    Existem diversos tipos e subtipos de câncer de mama, e cada um apresenta características próprias, como local de origem, velocidade de crescimento e resposta ao tratamento.

    A principal divisão é entre os tumores invasivos (ou infiltrantes), que se espalham para tecidos próximos, e os não invasivos (ou in situ), que permanecem restritos ao local de origem.

    A diferenciação é importante porque influencia diretamente a escolha do tratamento e o prognóstico.

    Carcinoma ductal

    O carcinoma ductal é o tipo mais comum, representando cerca de 80% dos casos de câncer de mama. Ele se origina nos dutos mamários, canais que conduzem o leite até o mamilo.

    Quando está em fase inicial, ainda restrito ao ducto, recebe o nome de carcinoma ductal in situ (CDIS). Nessa fase, o tumor ainda não invadiu tecidos vizinhos e tem altas chances de cura.

    Já o carcinoma ductal invasivo ocorre quando as células anormais rompem as paredes do ducto e começam a infiltrar o tecido mamário. Ele costuma ser mais agressivo e requer tratamento combinado, com cirurgia, quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, hormonioterapia.

    Carcinoma lobular

    O carcinoma lobular representa cerca de 10% dos casos, e surge nos lóbulos, pequenas glândulas produtoras de leite.

    O carcinoma lobular in situ (CLIS), apesar do nome, não é considerado propriamente um câncer, e sim um marcador de risco aumentado. Ele indica que há maior probabilidade de desenvolver câncer em uma ou ambas as mamas no futuro.

    Já o carcinoma lobular invasivo tende a ser mais discreto nas imagens e, por isso, pode ser diagnosticado um pouco mais tarde. Em compensação, tem comportamento mais lento e costuma responder bem à hormonioterapia, quando há receptores hormonais positivos.

    Câncer de mama triplo negativo

    O câncer de mama triplo negativo é aquele que não apresenta receptores de estrogênio, progesterona nem da proteína HER2. Ele corresponde a 10% a 15% dos casos e tende a ser mais agressivo e de crescimento rápido.

    Também afeta com maior frequência mulheres mais jovens e, em alguns casos, está associado a mutações hereditárias, como as do gene BRCA1.

    Câncer de mama inflamatório

    O câncer de mama inflamatório é um tipo raro e agressivo de câncer invasivo. Ele acontece quando as células cancerígenas bloqueiam os vasos linfáticos da pele, fazendo com que a mama fique vermelha, inchada e quente, como se estivesse inflamada. A pele pode ficar mais grossa e com aparência de casca de laranja.

    Esse tipo de câncer costuma crescer rápido e pode ser confundido com uma infecção na mama, o que atrasa o diagnóstico. Ele representa de 1% a 5% dos casos e precisa de tratamento rápido, normalmente com quimioterapia, cirurgia e radioterapia.

    Tipos menos incidentes de câncer de mama

    • Doença de Paget: começa nos ductos mamários e se espalha para a pele do mamilo e da aréola. É rara, representando entre 1% e 3% dos casos;
    • Angiossarcoma: representa menos de 1% dos casos de câncer de mama, e surge nas células que revestem os vasos sanguíneos ou linfáticos. Em alguns casos, aparece após radioterapia nessa região;
    • Tumor filoide: muito raro, desenvolve-se no estroma (tecido conjuntivo) da mama. A maioria é benigna, mas alguns podem se tornar malignos.

    Sintomas do câncer de mama

    O sintoma mais comum do câncer de mama é o aparecimento de um nódulo (caroço) na mama, geralmente duro, irregular e indolor. Mas nem sempre o tumor provoca dor — por isso, a ausência dela não significa que está tudo bem.

    Outros sinais para ficar atenta(o):

    • Alterações na pele da mama, que pode ficar vermelha, inchada ou com aspecto de casca de laranja;
    • Retração ou inversão do mamilo;
    • Secreção espontânea pelo mamilo (transparente, rosada ou com sangue);
    • Feridas, descamações ou úlceras no mamilo;
    • Dor local persistente;
    • Inchaço ou caroços nas axilas;
    • Diferença no tamanho ou formato das mamas.

    Os sinais nem sempre indicam câncer, pois existem doenças benignas que causam sintomas semelhantes. No entanto, qualquer alteração suspeita deve ser avaliada por um médico o quanto antes.

    Quais os fatores de risco para o câncer de mama?

    O desenvolvimento do câncer de mama envolve uma combinação de fatores genéticos, hormonais, ambientais e comportamentais. Segundo o INCA, os principais fatores de risco são:

    Comportamentais e ambientais

    • Obesidade e sobrepeso após a menopausa;
    • Sedentarismo;
    • Consumo regular de bebidas alcoólicas;
    • Exposição frequente a radiações ionizantes (raios X e tomografias).

    Reprodutivos e hormonais

    • Primeira menstruação antes dos 12 anos;
    • Não ter tido filhos;
    • Primeira gravidez após os 30 anos;
    • Menopausa após os 55 anos;
    • Uso prolongado de anticoncepcionais orais;
    • Terapia de reposição hormonal por mais de cinco anos.

    Genéticos e hereditários

    • Histórico de câncer de mama ou de ovário em familiares de primeiro grau (mãe, irmã, filha), principalmente antes dos 50 anos;
    • Alterações herdadas nos genes BRCA1 e BRCA2, que aumentam o risco da doença.

    Ter um ou mais fatores de risco não significa que a pessoa terá câncer de mama, mas indica que ela deve redobrar o cuidado com os exames preventivos e manter hábitos saudáveis.

    Diagnóstico de câncer de mama

    O diagnóstico começa com avaliação clínica. Ao identificar um nódulo ou alteração suspeita, o médico solicita exames de imagem — como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética.

    A confirmação se faz por biópsia, com análise microscópica do tecido suspeito. O patologista identifica tipo tumoral e características como receptores hormonais e HER2. Quando necessário, exames como FISH e painéis genéticos ajudam a definir a melhor terapia.

    Diagnóstico precoce é determinante: quanto mais cedo o tumor é descoberto, maiores as chances de cura e menor a necessidade de tratamentos agressivos.

    Para quem a mamografia é indicada?

    A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda exame anual a partir de 40 anos. Já o SUS orienta:

    • 40 a 49 anos: disponível, fora do rastreamento populacional. Realiza-se por solicitação médica ou iniciativa da paciente;
    • 50 a 74 anos: rastreamento bienal (a cada dois anos), mesmo sem sintomas;
    • Acima de 74 anos: decisão individualizada conforme saúde e expectativa de vida.

    Quem tem familiar de primeiro grau com câncer de mama deve iniciar o rastreamento 10 anos antes da idade do diagnóstico desse familiar.

    Como é feito o tratamento de câncer de mama?

    O tratamento é individualizado, considerando tipo/estágio do tumor, receptores hormonais, risco de metástase e condições clínicas.

    • Tratamento local: cirurgia (parcial ou total) e, muitas vezes, radioterapia;
    • Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia, terapias-alvo e imunoterapia.

    Quando o tumor é grande, pode-se iniciar com terapia sistêmica (neoadjuvante) para reduzir o tamanho e permitir cirurgia mais conservadora. Em doença metastática, o tratamento sistêmico é essencial para controle e alívio de sintomas.

    Nem todas as pacientes precisam de quimioterapia. Testes genômicos (como Oncotype DX e MammaPrint) ajudam a selecionar quem realmente se beneficiará, evitando toxicidades desnecessárias.

    Leia também: Metástase: o que é, sintomas, como surge e se tem cura

    Cuidados e acompanhamento do câncer de mama

    Após o tratamento, o seguimento varia conforme o subtipo:

    • HER2 positivo ou triplo negativo: monitorados por ~5 anos; sem recidiva nesse período, considera-se cura;
    • Receptor hormonal positivo: bom prognóstico, porém risco de recidiva tardia — seguimento prolongado com consultas e exames periódicos.

    Fisioterapia e reabilitação

    A cirurgia pode afetar músculos, nervos e mobilidade do ombro/ braço (especialmente com retirada de linfonodos). A fisioterapia oncológica auxilia na recuperação, previne e trata linfedema, melhora circulação e postura e favorece a autonomia no dia a dia.

    Cuidado da autoestima

    Queda de cabelo, cicatrizes e mastectomia impactam a autoimagem. Busque estratégias que tragam conforto (lenços, turbantes, laces ou visual natural), atividades prazerosas e rede de apoio. Se houver tristeza persistente, insônia ou ansiedade, procure suporte psicológico/psiquiátrico.

    Sexualidade durante o tratamento

    Mudanças físicas e emocionais podem reduzir o desejo. Respeite seu tempo, reconecte-se ao corpo de forma gentil e converse com o(a) parceiro(a). A terapia pode ajudar a lidar com fatores emocionais e a redescobrir o prazer.

    Reconstrução mamária e alternativas

    A reconstrução restaura a forma e aparência da mama após mastectomia ou cirurgia conservadora, contribuindo para autoestima e equilíbrio corporal. Onde o acesso cirúrgico é limitado, próteses externas são alternativa segura e confortável até que a reconstrução seja possível.

    Câncer de mama tem cura?

    Sim, especialmente quando diagnosticado precocemente. Mesmo em casos avançados, as terapias atuais permitem controle da doença e anos de vida com qualidade.

    É possível prevenir o câncer de mama?

    Não há prevenção absoluta, mas é possível reduzir o risco. Segundo o INCA, até 28% dos casos poderiam ser evitados com:

    • Manter o peso corporal adequado;
    • Praticar atividades físicas regularmente;
    • Evitar bebidas alcoólicas;
    • Amamentar pelo maior tempo possível;
    • Não fumar e evitar o tabagismo passivo.

    Leia também: Autoexame: como detectar precocemente diferentes tipos de câncer

    Perguntas frequentes sobre câncer de mama

    1. O câncer de mama sempre causa dor?

    Na maioria das vezes, não. O nódulo inicial costuma ser indolor. A ausência de dor não exclui doença; alterações devem ser avaliadas por médico.

    2. O câncer de mama pode aparecer em mulheres jovens?

    Sim. Embora mais comum após os 50 anos, pode ocorrer em jovens, sobretudo com histórico familiar ou mutações genéticas (BRCA1/2). Nesses casos, o rastreamento pode começar antes dos 40.

    3. A reconstrução da mama é obrigatória após a mastectomia?

    Não. É uma decisão pessoal, conforme tipo de cirurgia, condições clínicas e desejo da paciente. Próteses externas são opção segura quando a reconstrução não é imediata.

    4. A reposição hormonal aumenta o risco de câncer de mama?

    Pode aumentar, sobretudo com terapia combinada (estrogênio + progesterona) por períodos prolongados (>5 anos). A decisão deve ser individualizada e acompanhada por ginecologista, com mamografias regulares.

    5. O que é radioterapia?

    Terapia local com radiação para eliminar células remanescentes e reduzir recidiva, frequentemente indicada após cirurgias conservadoras ou em tumores/agressividade maiores. Sessões diárias por algumas semanas, indolor.

    6. Posso fazer atividades físicas durante o tratamento?

    Sim, com orientação médica. Exercícios leves a moderados (caminhada, ioga, alongamento, pilates) melhoram disposição, controlam peso e reduzem efeitos colaterais. Respeite seus limites.

    7. Como lidar com a menopausa induzida pelo tratamento?

    Há estratégias seguras: lubrificantes vaginais, roupas leves, técnicas de relaxamento e acompanhamento médico. Converse com o oncologista sobre opções adequadas para o seu caso.

    8. O que é câncer de mama metastático?

    É quando células do tumor mamário se espalham para outros órgãos (ossos, pulmões, fígado, cérebro). Mesmo à distância, mantém as características do câncer de mama e é tratado como tal.

    Confira: 7 sintomas iniciais de câncer que não devem ser ignorados

  • Quando o corpo ataca a própria tireoide: entenda a síndrome de Hashimoto 

    Quando o corpo ataca a própria tireoide: entenda a síndrome de Hashimoto 

    A síndrome de Hashimoto é uma doença autoimune em que o próprio sistema de defesa do corpo passa a atacar a glândula tireoide, responsável por produzir hormônios que regulam o metabolismo.

    Com o tempo, essa inflamação leva à redução da atividade da tireoide, provocando o chamado hipotireoidismo. É uma condição crônica, mais comum em mulheres entre 30 e 50 anos, mas que pode acontecer em qualquer idade.

    O que é a síndrome de Hashimoto

    Na síndrome de Hashimoto, também chamada de tireoidite de Hashimoto, o sistema imunológico identifica erroneamente as células da tireoide como inimigas e começa a produzir anticorpos que atacam a glândula.

    Essa agressão contínua causa inflamação e, aos poucos, destrói o tecido tireoidiano, o que impacta na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), que são substâncias essenciais para manter o corpo com energia, regular o peso, a temperatura e até o humor.

    Causas e fatores de risco

    As causas exatas ainda não são totalmente compreendidas, mas sabe-se que a síndrome de Hashimoto envolve uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais.

    Entre os principais fatores de risco estão:

    • Predisposição genética: histórico familiar de doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, lúpus ou vitiligo;
    • Sexo feminino: mulheres têm até 10 vezes mais chance de desenvolver a doença;
    • Alterações hormonais: a doença pode aparecer após a gravidez (tireoidite pós-parto);
    • Excesso de iodo: suplementação inadequada pode desencadear ou agravar o quadro;
    • Estresse e infecções virais: podem funcionar como gatilhos em pessoas predispostas a ter a doença.

    Sintomas da síndrome de Hashimoto

    Os sintomas variam conforme o grau de comprometimento da tireoide. No início, podem ser sutis ou até inexistentes, então muita gente nem nota. À medida que a glândula perde sua função, o corpo desacelera e os sintomas aparecem.

    Os sinais mais comuns são:

    • Cansaço constante e sono excessivo;
    • Ganho de peso sem explicação;
    • Queda de cabelo e pele seca;
    • Sensação de frio mesmo em dias quentes;
    • Inchaço no rosto e nas pálpebras;
    • Constipação (intestino preso);
    • Alterações de humor, como tristeza e irritabilidade;
    • Dificuldade de concentração e memória;
    • Menstruação irregular.

    Em alguns casos pode acontecer um aumento do volume da tireoide, conhecido como bócio, que pode ser percebido como um pequeno caroço no pescoço.

    Como é feito o diagnóstico da síndrome de Hashimoto

    O diagnóstico é confirmado por meio de exames de sangue que avaliam os níveis dos hormônios tireoidianos (T3, T4 e TSH) e dos anticorpos antitireoidianos — especialmente o anti-TPO (antiperoxidase tireoidiana), que costuma estar elevado na doença.

    O ultrassom da tireoide também pode ser solicitado pelo médico para observar o tamanho e a textura da glândula.

    Tratamento da síndrome de Hashimoto

    Não existe cura para a síndrome de Hashimoto, mas o tratamento é simples e eficaz. O objetivo é repor os hormônios que a tireoide deixou de produzir.

    O médico endocrinologista prescreve a levotiroxina, uma versão sintética do hormônio T4. A dose é ajustada individualmente, com base nos exames e sintomas.

    Além do remédio, é importante:

    • Fazer acompanhamento periodicamente com o médico;
    • Tomar o hormônio em jejum, sempre no mesmo horário;
    • Evitar automedicação e suplementos sem orientação;
    • Manter alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e proteínas magras.

    Síndrome de Hashimoto tem cura?

    Não. A síndrome de Hashimoto é uma doença crônica, o que significa que o tratamento precisa ser contínuo. Com o uso correto da medicação e acompanhamento médico, porém, a pessoa pode levar uma vida absolutamente normal, com energia e qualidade de vida.

    Quando procurar um médico

    Procure um endocrinologista se você notar sintomas como cansaço persistente, ganho de peso inexplicável, queda de cabelo ou irregularidade menstrual. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, mais simples é o controle e menor o risco de complicações.

    Veja mais: Nódulos na tireoide: quando se preocupar e como diferenciar benignos de malignos

    Perguntas frequentes sobre a síndrome de Hashimoto

    1. A síndrome de Hashimoto é a mesma coisa que hipotireoidismo?

    Não exatamente. O Hashimoto é a causa mais comum de hipotireoidismo, mas nem todo hipotireoidismo é causado por Hashimoto.

    2. Quem tem Hashimoto pode engravidar?

    Sim, mas é importante manter o tratamento e acompanhamento médico. O controle hormonal é essencial para uma gestação saudável.

    3. A alimentação influencia a doença?

    Sim. O excesso de iodo e o consumo exagerado de alimentos ultraprocessados podem prejudicar o controle. É recomendável uma dieta equilibrada.

    4. O glúten deve ser cortado?

    Algumas pessoas relatam melhora dos sintomas sem glúten, especialmente se têm sensibilidade, mas não há consenso científico de que isso seja obrigatório.

    5. O tratamento é para sempre?

    Na maioria dos casos, sim. Como a glândula perde a capacidade de produzir hormônios, é necessário repor continuamente.

    6. Existe risco de complicações?

    Sim, se não for tratada, a doença pode causar hipotireoidismo grave, com risco para coração, metabolismo e fertilidade.

    7. Hashimoto pode causar depressão?

    Sim. A falta dos hormônios tireoidianos atinge o humor e pode contribuir para sintomas de depressão, que costumam melhorar com o tratamento.

    Leia também: Tireoide: a pequena glândula que comanda o corpo inteiro